Autor do artigo: Vanessa Vallejo

Recentemente, um amigo que trabalha com o governo dos Estados Unidos atendendo emergências de saúde mental, me disse que, dos casos que já tratou, um dos mais comuns é o de mulheres com mais de 40 anos com depressão, porque estão sozinhas e não têm família.

Essa conversa me lembrou os longos papos que tive com um psicólogo colombiano que me disse que chega um momento em que as mulheres começam a privilegiar uma vida familiar mais bem-sucedida do que o sucesso no trabalho, mas que, infelizmente, às vezes esse momento chega tarde demais, quando não há tempo para começar uma família.

Embora as intelectuais do feminismo insistam em dizer que não é necessário ter um homem ou uma família para serem felizes, e as mais radicais inclusive garantem que o ‘casamento e os filhos escravizem as mulheres, impedindo-as de serem livres e alcançar a felicidade, na vida real’, suas teorias não parecem funcionar.

Quanta razão tinha Ludwig von Mises quando falou sobre a importância do casamento e da família para uma mulher:

“Não se pode alterar por decreto as diferenças de caráter e destino de cada sexo, bem como as outras diferenças entre os seres humanos (…) O casamento não priva as mulheres de sua liberdade interior, mas essa característica de seu caráter significa que elas precisam entregar-se a um homem e que o amor pelo marido e pelos filhos consome o melhor de suas energias. (…) Com a supressão do casamento, as mulheres não são mais livres ou felizes, são simplesmente privadas do que é substancial em suas vidas, sem dar-lhes nada em troca.”

Historicamente, as mulheres sempre exerceram o papel de cuidadoras. Ainda hoje, quando uma mulher pode estudar o que quiser e se dedicar à profissão que deseja, continuam decidindo de acordo com sua natureza, preferindo ciências sociais e evitando números. Nada disso é gratuito, somos mais hábeis em comunicar e ouvir, temos mais empatia.

Também o tipo de trabalho que as mulheres decidem ter é fortemente determinado pela biologia e pelo instinto materno. Muitos optam por deixar o emprego por longos períodos, ocupar cargos de meio período ou trabalhar em atividades que possam desenvolver em suas casas, porque seu instinto materno as faz privilegiar estar com seus filhos antes de qualquer outra coisa. Porque elas sabem que ninguém vai cuidar deles melhor do que elas.

Não há mulher que não conheça os sacrifícios de ser mãe; no entanto, mesmo assim, todas as mães preferem deixar suas coisas em segundo lugar para dar vida e formar uma família.

A força biológica que faz as mulheres se comoverem cada vez que veem uma criança na rua, o instinto que as faz se preocuparem em ter certa idade porque ficam sem tempo para ter o bebê com o qual sonhavam desde que eram meninas brincando com bonecas, e que as empurram a deixar de lado suas carreiras, ocupações e outros sonhos, nada mais e nada menos que a força que, ao longo da história da humanidade, influenciou o comportamento das mulheres, é a que quer negar o feminismo.

Esses movimentos, com supostos intelectuais que pretendem libertar as mulheres, as convenceram sobre muitas coisas completamente não naturais. Eles dizem que uma criança não é a maior felicidade da vida, mas um estorvo que impede a autorrealização. Eles transformaram a figura do marido, o ser mais amado, a quem se dedica toda a confiança, que é refúgio e fortaleza, em um inimigo. E sem nenhuma vergonha, eles ousaram afirmar que o lar é o lugar mais perigoso para uma mulher.

Eles até convenceram muitas mulheres de que matar seus próprios filhos é bom, que um aborto é como arrancar um dente.

Hoje, existem muitas mulheres que veem sua vida como uma competição contínua com os homens. O cônjuge deixou de ser um parceiro para o qual são feitos sacrifícios mútuos a fim de alcançar objetivos comuns e tornou-se um ser com o qual se deve ter cuidado porque “todos os homens são potencialmente perigosos” e, no final, esses intelectuais acabam apenas roubando das mulheres seus melhores anos.

Hoje, muitas jovens têm em mente que uma criança é uma desgraça e, na melhor das hipóteses, acreditam que não podem ter uma família até que tenham feito um pós-doutorado e sejam milionárias.

Por que desperdiçar a vida fazendo sacrifícios por outra pessoa e adaptando meus planos aos de um homem? Por que cuidar de crianças quando você pode sair e conquistar o mundo? Por que se esforçar para construir relacionamentos longos, compreendendo o outro, perdoando e cedendo, se existe sexo casual? Essa é a ideia que eles venderam para as jovens hoje.

Só que, inevitavelmente, para a maioria chegará o momento em que necessitará do calor de um lar e da esperança que uma criança traz à vida. Algumas se dão conta a tempo, para outras, será tarde demais quando acordarem das fantasias da suposta libertação que os pós-modernistas lhes venderam.

Pode haver mulheres que conscientemente – por diferentes razões – não querem ter filhos ou formar um lar. Também está claro que existem mulheres que, devido às circunstâncias da vida, não podiam ter filhos ou constituir família, e ainda assim foram felizes. Mas o caso é diferente daquela que, acreditando em histórias feministas, ao longo de sua vida vê os homens como um perigo potencial e a maternidade como um obstáculo.

Essas jovens, envenenadas pelas novas teorias, terão evitado formar uma família, porque lhes disseram que não valia a pena fazer sacrifícios por outra pessoa, que “ceder” em um relacionamento era humilhar-se diante de um homem, acreditando que ser feliz era apenas uma questão de ter um bom trabalho, e um dia, quando a solidão explodir em seus rostos, elas perceberão que mentiram para elas e que passaram anos “se defendendo” de um suposto inimigo que não existia. Que passaram anos evitando a questão mais importante da vida: a família.

Elas nem sequer tentaram – diferente é a situação daquelas que, por razões de vida, falharam em formar uma família. Falamos de mulheres que veem o homem como um inimigo e que acreditaram nessas ideias absurdas de que a liberdade é não se comprometer e não ter filhos.

Intelectuais feministas que afirmam conhecer a fórmula para que as mulheres sejam felizes estão formando gerações de meninas que chegarão aos 40 anos, talvez com uma vida profissional bem-sucedida, mas acordando para a realidade da solidão e percebendo que, por terem acreditado em falsas teorias de libertação e empoderamento, negaram a si mesmas a oportunidade de viver facetas fundamentais na vida de uma mulher: ser esposa e mãe.

Esta matéria foi originalmente publicada em PanAm Post

Asaph, em hebraico, significa “aquele que reúne”. E, não por acaso, foi o nome escolhido para um dos filhos gêmeos da farmacêutica Inara Barcaro, de 42 anos. “O nome foi escolhido pelo meu marido e é bem profético, porque ele reúne todo mundo mesmo. Ele é muito querido, simpático e sorridente. É todo mundo apaixonado por ele”, disse a mãe ao Sempre Família.

O menino de 1 ano e 4 meses tem síndrome de Down. Inara soube da possibilidade ainda durante a gestação. “Com 13 semanas de gravidez fui fazer o exame da translucência nucal e o médico me disse que tinha 25% de chance de um dos bebês ter a síndrome. Foi como uma bomba”, revelou

Nas ecografias seguintes a suspeita só foi se confirmando – Asaph apresentava as características da síndrome, como cardiopatia, e se desenvolvia mais lentamente que a irmã. Nessa época, Inara lembra que sofreu calada. “Eu simplesmente me fechei, não quis procurar psicólogo. Eu não podia falar sobre o assunto, porque meu marido não aceitava, ele achava que não ia acontecer”.

Hoje, aproveitando ao máximo cada minuto ao lado do filho, a farmacêutica avalia que foi bom saber disso tudo antes de o bebê nascer. “É um fator estressante, você não curte a sua gestação, mas você tem um tempo para digerir tudo isso. Eu acho que foi melhor assim”, avalia. Como voluntária em uma associação, Inara acompanha o drama de quem descobre a síndrome só na hora do parto. “A gente vê muito pais chocados e em crise, os homens principalmente”, afirmou.

Tempo para compreender e se adaptar

Geralmente receber a notícia durante a gravidez, de que o filho tem alguma síndrome ou deficiência, não é uma escolha dos pais, os médicos fazem esse papel queiram eles ou não: é um dever alertar. E a neuropsicóloga Samanta Fabrício Blattes da Rocha, do Instituto de Neurologia de Curitiba (INC), atenta para o fato de que a reação muda de pessoa para pessoa.

“São seres humanos lidando com um processo de frustração inicial e diante de um desafio de vida. Desafio que traz implícita uma informação: alguém que vai precisar de mim o resto da vida”, afirmou. Pelo que assegura, “todo mundo quer ter um filho saudável e independente. Então, quando você recebe uma informação como essa, você tem uma parte das suas expectativas e dos seus sonhos – projetados naquela criança – interrompida”.

Segundo Samanta, encarar o diagnóstico precoce depende, também, da capacidade que a pessoa tem ou não, de assumir responsabilidades e compromissos. “Tem pessoas que diante dos problemas aguentam por um tempo, mas não conseguem sustentar e acabam fugindo da situação. Já outras agarram os as grandes epopeias da vida e tocam com bravura até o fim”, elucidou.

A neuropsicóloga ainda orienta que, num momento como esse, o que o casal precisa é de apoio, seja da família, dos amigos, de outras pessoas que passaram (ou passam) pela mesma situação e mesmo de profissionais que os ajude a entender qual é o tamanho desta nova etapa, e considerou: “Hoje percebemos que a sociedade está conseguindo, cada vez mais, abraçar e acolher essas crianças em seu seio. E isso faz com que as ações sociais voltadas a elas sejam mais efetivas e eficientes, o que acaba facilitando a tarefa desses pais”.

Fonte Original: Sempre Família

Atenção, o artigo está escrito em português de Portugal. Alguns termos são Lusitanos.

Quando vem ao mundo o primeiro filho, o amor espontâneo dos pais encontra-se saturado da procura de si mesmo. O primeiro filho é objeto de orgulho, porque ter dado ao mundo um homem é uma obra prodigiosa. Todos os sinais de personalidade humana que sucessivamente vão surgindo, à medida que o filho se desenvolve, são, para os pais, motivo de assombro, de alegria, de novo orgulho.

Isso é natural e continua grandemente saturado de egocentrismo.

Mas à medida que o filho cresce, à medida que os filhos se multiplicam, o amor dos pais deve alargar-se e depurar-se, porque a perfeição do amor paternal cifra-se num amor que, em todos os pormenores, só procura o bem do filho.

E, para começar, os pais devem organizar de algum modo a sua própria retirada, ensinando os seus filhos a viver sem eles.

Baseando-se o amor paterno no vínculo que une os filhos aos pais, estes consideram espontaneamente os filhos como alguma coisa de si próprios, e a tendência natural que se enxerta neste sentimento é a de desejar que os filhos dependam deles e da sua vontade, pouco mais ou menos como se fossem seus membros. Não nos podemos, pois, admirar de uma certa inclinação para a tirania, e de uma tendência – que ainda os melhores pais podem manifestar – de querer que os filhos não possam ter um pensamento, fazer um gesto, tomar uma decisão sem que eles lhos ditem.

É por isso que os pais, ainda os melhores, devem estar de sobreaviso em relação a si mesmos. Somos todos mais ou menos carnais: e o amor carnal absorve em vez de dar, porque não tende para o bem do amado, mas do amante. Procura a dependência do amado, procura cercá-lo por todos os lados, tece os laços de maneira que o amado só o possa ter a ele, na sua vida, só pense nele, só se ocupe dele, atue apenas por sua inspiração.

Mas a arte da educação consiste, primeiramente, em ensinar o filho a conduzir-se por si mesmo. O educador deve, portanto, formar o filho no uso progressivo da liberdade, favorecer nele o desenvolvimento da iniciativa e da decisão.

Desenvolvimento progressivo, evidentemente. O filho nasce inteiramente dependente; compete aos seus educadores libertá-lo pouco a pouco. Mas é preciso que os educadores tenham um raro domínio de si próprios para ministrar a liberdade aos que deles dependem.

Em cada família se reproduz, – ou tende a reproduzir-se em pequena escala – ” o que se passa com os Estados: os governantes começará por recusar aos súditos a liberdade, sob pretexto de que farão mau uso dela, e uma vez que fizeram tudo para que os seus súditos não pudessem aprender a servir-se dela, veem-se, não obstante, obrigados a conceder-lhe, mostrando-se triunfantes ao verificar que, com efeito, o povo faz mau uso da liberdade.

Do mesmo modo, há muitos pais que, sob o pretexto de proteger os filhos contra os perigos, lhes negam toda a oportunidade de experiências progressivas que os formem no sentido da responsabilidade: desde os três ou quatro anos, com efeito, a criança pode decidir em certas coisas – ainda que seja num jogo -, e é necessário habituá-la a fazê-lo.

É igualmente necessário que a criança possa e deva decidir-se em questões indiferentes, nas quais nenhum princípio está em jogo, porque impor-lhe nestes assuntos a vontade dos pais é impor-lhe o seu capricho. E a arbitrariedade sem justificação deforma, quer abafando as veleidades de independência que deveriam desenvolver-se para que pudessem gerar um sentido da responsabilidade e de dignidade ou respeito de si próprio, quer levando este começo de personalidade à revolta. Muitas vezes, as crianças que foram reprimidas na sua juventude acabam por cometer excessos ou erros no dia em que, de boa ou de má vontade, é preciso confiar-lhes o cuidado de si próprio; e muitas vezes também, os pais veem nisso a justificação do seu método de educação, quando, pelo contrário, é precisamente isso o que o torna condenável.

A este respeito, os novos métodos de educação, mais favoráveis ao desenvolvimento da espontaneidade, representam um progresso provavelmente importante sob o ponto de vista geral do desenvolvimento do gênero humano. Não impor à criança uma perfeição irreal que nenhum adulto pratica, não lhe impor que se cale ou que esteja quieta, sempre que nada o exige, a não ser o capricho ou a tranquilidade dos pais – tudo isso coloca a criança num ambiente de vida sã.

Para favorecer a aprendizagem da personalidade, devem, pois, os pais, em primeiro lugar, deixar que a criança corra as aventuras da vida, dentro dos limites que convém à sua idade – que corra as aventuras da vida e sofra as consequências dos seus atos… Correr as aventuras da vida é, para o bebé, explorar o parque infantil a que o levaram; sofrer as consequências dos seus atos, é ter de apanhar o brinquedo que deixou cair, ou fazê-lo perder momentaneamente aquele que deitou fora. As aventuras da vida podem estar limitadas, aos sete anos, pelos muros de um jardim; aos dez, pelos limites do bairro; aos quinze, pelo raio de alcance da bicicleta. Os pais devem mesmo, por vezes, levar o filho a fazer experiências; se é tímido ou de natureza linfática, introduzi-lo, por exemplo, num grupo de rapazes em que possa acamaradar. De uma maneira geral, devem, por outro lado, cuidar de que tenha companheiros da sua idade e intervir discretamente, sem que o filho o note, para o pôr em contato com os bons companheiros ou para o afastar dos maus.

Mas tudo isto exige um amor muito puro, sem egoísmo. Tanto mais que o mundo da criança tem dimensões diferentes do mundo das pessoas crescidas. Os gostos da criança, os seus entusiasmos, a sua escala de valores, são diferentes. É mais espontânea e mais viva, menos susceptível e mais irritável; os seus sentimentos facilmente despertam e facilmente se perdem; a sua atenção é mais fácil de cativar, e mais depressa se fatiga. É indiferente à riqueza e à posição social, à distinção e à vulgaridade, mas ama o pitoresco, o que dá nas vistas, cores berrantes, formas extraordinárias; ama também o barulho. É fundamentalmente caprichosa.

Sendo caprichosa, agrada-lhe aquilo que as pessoas crescidas denominam desordem. Agrada-lhe um quarto, quando pelos quatro cantos espalhou os seus brinquedos e voltou os móveis de pernas para o ar. Gosta mais de uma cadeira com as pernas partidas e senta-se com maior prazer nas costas ou nos braços de um fauteuil do que no assento. Adora o barulho: corre e salta, mas detesta andar. Os pais devem permitir ao filho viver como criança. É certo que há crianças que não são assim. Mas a essas, falta-lhes geralmente alguma coisa – falta de saúde ou defeito de educação. É desses que se diz, quando já são crescidos, que nunca foram crianças; e é uma infelicidade.

A criança, para ser ela mesma, deve viver no seu meio de criança. A que vive com os mais velhos deforma-se e não desabrocha. É o mal dos filhos únicos, se os pais não têm o cuidado de os afastar de si. O filho único converte-se facilmente num pequeno velho. Os pais extasiam-se com a precocidade das suas reflexões, a seriedade das suas palavras: no fundo, trata-se de um mimetismo impessoal. Fala como se fala à sua volta, sem chegar a compreender o que diz, e não se desenvolve progressivamente de acordo com as leis da sua idade e passando pelas etapas normais da formação. Não é para desejar nem para admirar que a criança de dez anos fale como um homem de trinta. Para que aos trinta anos seja um homem completo, é preciso que aos dez anos fale, pense, atue como uma criança de dez anos.

O são desenvolvimento da criança exige que ela cresça entre as outras crianças e tenha no meio destas a aprendizagem da sua vocação de homem. É entre os seus iguais que a criança adquire a sua importância e o seu valor de homem, o seu peso. O miúdo de dez anos, o adolescente, entre os da sua idade, fala com autoridade. Entre pessoas crescidas, particularmente com os pais, deve contentar-se com receber.

A ação dos pais deve, portanto, orientar-se no sentido de que o filho tenha a sua vida autônoma: não o conseguirão sem um rigoroso controle de si próprios. A razão de ser dos filhos não está na satisfação dos pais; o filho é para si mesmo, é para a obra que mais tarde deverá realizar. A educação tem por finalidade prepará-lo para isso. E não tem outra.

Mas se a educação exige que se permita à personalidade do filho manifestar-se, não exige menos uma disciplina, porque a sua segunda exigência fundamental é a formação do domínio de si mesmo. O valor humano pressupõe um equilíbrio entre a espontaneidade e a disciplina. O filho deve poder desenvolver a sua espontaneidade no seu meio de criança. Por outro lado, deve outro tanto poder aceitar as leis das pessoas crescidas.

Em certos lugares e em certas situações, a criança deve respeitar o código das pessoas adultas, com a condição de que, noutros lugares e noutras circunstâncias, lhe permitam que viva segundo a sua lei. Muitas vezes deverá permanecer junto dos pais, mas não sempre.

Sob o pretexto de respeitar a espontaneidade do filho, não devem os pais pôr-se ao seu serviço. A criança deve ter domínios onde possa estabelecer a sua ordem: não é preciso que a imponha em toda a parte. E deve ser formada não só na modéstia, mas também na disciplina; não deve julgar-se pessoa importante; não se lhe deve prestar demasiada atenção. Os pais enganam-se e agem contra o interesse do filho quando se curvam a todos os seus caprichos.

Há famílias em que o filho é uma espécie de rei. Os pais conversam com uma visita, mas, se chega o filho, tudo pára, só a ele se presta atenção, é ele quem dirige a conversa, extasiam-se com tudo o que ele diz ou faz; pode pôr tudo de pernas para o ar, que só haverá gritos de admiração pela sua inteligência e pelo seu espírito inventivo. Essas crianças estão mal educadas e correm o risco de não estarem aptas para enfrentar a vida.

Mas esta disciplina, repetimos, deve ser estabelecida no interesse do filho, não no dos pais; deve exprimir uma lei racional, não o capricho de pessoas adultas. Deve-se fazer calar a criança quando é razoável que ela se cale, ralhar-lhe quando é razoável que se ralhe, não gritar alto para descarregar os nervos para, momentos depois, a sufocar com carícias. A criança não é um brinquedo. Recompensas e castigos devem derivar da sua conduta, não da disposição dos mais velhos. Também nisso precisam os pais de um grande domínio de si mesmos.

Os pais devem, pois, resignar-se com que os filhos perturbem a perfeita ordem da sua vida: uma casa em que crescem algumas crianças não pode estar tão meticulosamente cuidada como uma casa de pessoas velhas e sem filhos. E devem resignar-se também com que os filhos os deixem, e ficar contentes de que os deixem; e isto se deverá acentuar cada vez mais até ao dia em que o filho os deixará para sempre a fim de concentrar a sua vida em alguém que nada fez para ele, a quem não está ligado por nenhuma dívida de reconhecimento, a quem, contudo, vai unir a sua vida e colocar daí por diante acima dos pais – acima dos pais a quem tudo deve!… um estranho, uma estranha! – e também se resignarão de que se consagre de corpo e alma à mulher e aos filhos, quase esquecendo os pais… Quantos dramas porque os pais não querem renunciar aos seus filhos, porque procuram impedi-los de se casarem… O pai que se indigna porque um desconhecido pretende arrebatar-lhe a filha que ele educou, criou e cercou de cuidados e de afectos! A mãe que não pode suportar que a filha pertença toda a quem a desposou, e que se intromete, pretendendo defender a sua filha – a clássica sogra!… E os pais que não querem que os filhos se casem novos, já que, depois de terem sofrido tanto para os criar, deveriam ao menos poder gozar da sua companhia por alguns anos…

Mas este drama, que se descobre frequentemente na altura do casamento, foi precedido de uma série de pequenas tragédias domésticas que tiveram começo logo que o filho, por vezes muito novo ainda, experimentou o desejo de fazer alguma coisa por si mesmo. E ainda o mais trágico são os filhos cuja personalidade está de tal modo abafada pelo amor devorador dos seus pais que se sentem satisfeitos numa atmosfera de estufa, onde nada há que possa robustecer as articulações do seu corpo ou da sua alma.

Além disso, a educação exige dos pais um contínuo esforço de adaptação, ainda que seja apenas para se aperceberem do crescimento dos filhos. Porque estes mudam com uma rapidez que desconcerta as pessoas mais velhas. Uma criança de dez anos já não é bem o mesmo ser que uma criança de cinco. E o adolescente de quinze olha de muito alto o miúdo de dez, enquanto que, no mesmo tempo, o homem de quarenta anos chegado aos quarenta e cinco não mudou praticamente nada.

Como continuam sempre os mesmos, os pais têm dificuldade em compreender que, mais ou menos de dois em dois anos, uma verdadeira revolução se opera na vida do filho, até à adolescência. E tendo adquirido o hábito de o tratar como miúdo no começo da sua vida, eles continuam sempre atrasados perante o facto da sua evolução, a não ser que mantenham uma grande vigilância sobre si mesmos.

Conhecemos pais e mães que falam do seu “menino”, referindo-se a um filho de vinte anos, alto como uma torre… E vêem-se pais ficar estupefactos quando os seus filhos lhes falam em se casar, numa idade… que era a deles próprios, quando se casaram! Mil pequenas coisas como estas explicam os conflitos entre pais e filhos. A missão de pai é uma missão delicada, que exige uma vigilância incessante, Estar de sobreaviso, não somente em relação aos filhos – talvez nem sequer de modo particular em relação aos filhos – mas em relação a si próprio, exigindo renúncia e autodomínio a cada instante. É essa a regra eterna do amor: dar-se e viver para o amado. Os pais que são verdadeiros pais dão-se constantemente e nada recebem nem pedem nada. São esses os pais que recebem de seus filhos atenções, ternura e cuidados.

Os filhos para os quais se constituiu um lar acolhedor e onde ninguém os procura reter, voltam a ele gostosamente. Os que se tentam reter com autoridade procuram meio de se evadir. O apego à família não é proporcional ao número de horas que nela se vive, mas à felicidade que nela se encontra. O rapaz e a moça que sempre voltam ao lar com agrado, mas que raras, vezes aí se encontram, porque mil ocupações os solicitam lá fora, têm frequentemente mais espírito do que aqueles que se vêem obrigados a ficar no lar só para fazer companhia aos pais.

Há lares onde, sob pretexto de espírito de família, os filhos devem passar a noite “em família”, quer dizer num quarto comum, onde o pai fatigado dormita sobre um jornal e proíbe que se faça barulho! Muitas das chamadas boas famílias são simplesmente famílias onde todos se aborrecem. E não é este o verdadeiro meio de despertar nos filhos o amor do lar, nem de lhes deixar uma boa recordação da sua juventude… Mas os pais que sabem aceitar que os filhos os deixem para seguir o seu caminho, que sabem interessar-se por eles, ouvir as suas histórias de meninos e de adolescentes, responder às suas perguntas, que entram na sua vida sem a constranger e aceitando que os filhos sejam primeiramente crianças, e depois adolescentes – com tudo o que isto pressupõe de qualidades e defeitos -, que não lhes exigem uma perfeição que eles próprios não praticaram -, esses pais têm uma alegria profunda, a grande alegria paternal de possuir a confiança de seus filhos, de os ver voltar para junto de si com um prazer sempre renovado e, à medida que crescem, de os ver, cada vez mais, testemunhar, pelo seu afeto e atenções, que os seus pais representam para eles o maior amor que porventura se debruçou sobre as suas vidas.

E se os pais souberem formar os seus filhos, têm a alegria de os ver crescer e dar os frutos que correspondem às suas diferentes personalidades, de os ver, por seu turno, fundar lares e dar-lhes netos, de ver outros elevar até Deus, pela sua vocação religiosa, a oferenda da família, de ver deste modo a sua obra prolongar-se e estender-se e de se encontrarem, na velhice, envolvidos pelo abraço de todos estes afetos.

Afirmou-se mais acima que os filhos deixam os pais para se casar; é verdade, mas deixam-nos para regressar duma outra maneira, graças à qual os pais lhes aparecem como os conselheiros mais seguros e mais desinteressados, como o afeto mais puro. Os pais já não ocupam o mesmo lugar material na vida dos seus filhos adultos, mas conservam um lugar de afeto que ninguém mais pode substituir. Para nenhum de nós, já o disse, o seu pai ou a sua mãe são como um homem qualquer ou como uma mulher qualquer, e este vínculo moral entre pais e filhos, quando purificado pela caridade cristã, é uma das mais altas perfeições humanas e uma das fontes mais doces de alegria.

(Jacques Leclercq)

Em todas as etapas da vida dos filhos os pais têm novos desafios. À medida que eles crescem, algumas adaptações no exercício parental precisam ser feitas, principalmente em relação ao equilíbrio entre autoridade e liberdade. E nessa construção da relação familiar, autoridade nunca pode ser confundida com autoritarismo. E o contrário também exige atenção, já que a liberdade em excesso também é nociva.

Dentro da família todos são convidados a participar e ouvir uns aos outros, mas são os pais que têm a responsabilidade de impor limites aos filhos. Entretanto, não é bem isso que acontece na prática em algumas famílias. Por um lado, existem pais muito severos e por outro há também aqueles que dão liberdade em excesso e erram ao não impor os limites necessários aos filhos, em cada etapa do desenvolvimento da criança.

É que naturalmente os pais exercem autoridade sobre os filhos, mas esse fator na educação de uma criança não pode ser confundido com o autoritarismo – que é um tipo de liderança em que só um fala e que tem razão sobre tudo. “Essa é uma maneira negativa de construção de relacionamentos. Não é desse jeito que se estabelece uma relação de confiança com os filhos”, afirma Maristela Gripp, psicopedagoga e professo do Centro Universitário Internacional Uninter.

Portanto, a autoridade dos pais sobre os filhos não deve ser restritiva, para não cair no autoritarismo. “O autoritarismo não deve ter lugar em nenhuma família, porque todas as pessoas gostam de participar, mesmo as crianças menores. A liberdade na dose certa gera crescimento e confiança”,diz ela. Exercer autoridade é ser influência positiva na vida dos filhos, sendo um modelo a ser seguido por suas ações e palavras.

“O autoritarismo não deve ter lugar em nenhuma família. A liberdade na dose certa gera crescimento e confiança”

O que acontece é que ao tentarem não ser autoritários, alguns pais oferecem liberdade em excesso também.  Para dosar esses limites, antes de mais nada é preciso o diálogo entre pais e filhos, e a liberdade pode ser exercida com limites havendo uma troca. Deixar que as crianças opinem e façam perguntas, não faz dos pais menos do que os filhos. “Tudo isso ajuda na construção dessa liberdade em relação ao indivíduo. E é diferente de deixar que façam tudo o que querem e como querem”, sinaliza Maristela.

“O tiro pode sair pela culatra”

De acordo com a especialista, especialmente quando os filhos chegam à fase adulta, essa autoridade precisa ser trocada pela orientação, se não o exagero pode resultar na rebeldia dos filhos.

“Nessa fase os pais precisam entender que não são mais autoridade e sim ajudadores na vida deles”, diz. Ao serem rígidos demais, o tiro pode sair pela culatra, porque aquele indivíduo é tão exigido que ela desmonta de vez ou parte para o oposto daquilo que é esperado, porque não houve um equilíbrio nessa relação”, alerta a psicopedagoga.

É necessário, portanto, que os pais se lembrem sempre de os filhos não são copias suas, mas, sim, pessoas diferentes em sua personalidade e na maneira de enxergar o mundo.

Claro que o adulto pode contribuir no desenvolvimento do jovem, mas a visão de mundo dele é bastante diferenciada e os pais precisam respeitar isso. “Em muitas vezes os pais são rígidos por uma questão pessoal, porque vieram de um lar que acha que faltava disciplina”, aponta ela.

Fonte: Sempre Família

– Um sacerdote que serviu no Pontifício Conselho para a Família, agora Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida no Vaticano, explicou o que considera o grande erro da ideologia de gênero.

“O grande erro da chamada ideologia de gênero é que se pretende que a identidade pessoal dependa apenas da autopercepção do sujeito (sua psicologia), dos condicionamentos da educação e da cultura ou da escolha do indivíduo emocional. Trata-se de separar radicalmente a identidade de gênero do sexo biológico”, explicou Pe. José Guillermo Gutiérrez Fernández, no dia 14 de agosto, por ocasião da conferência internacional “A ​​família, a vida e o acontecimento de Guadalupe”, que aconteceu na cidade de Piura, no norte do Peru, de 13 a 15 deste mês.

A abordagem de gênero ou ideologia de gênero é uma corrente que considera o sexo como uma construção sociocultural e que atenta contra a natureza humana. Isto foi criticado várias vezes pelo Papa Francisco e por outros membros da Igreja. Nesse sentido, o Vaticano publicou em junho o documento “Homem e mulher os criou. Para uma via de diálogo sobre a questão de gender na educação”.

Em sua conferência “A Sacralidade da Vida e a Ideologia de Gênero”, no Coliseu Dom Bosco, de Piura, diante de mais de cinco mil participantes, o sacerdote destacou que o erro da ideologia de gênero se torna “mais grave quando se pretende chegar a uma ‘neutralidade’, negando a heteronormatividade binária, dizendo que o gênero é algo fluido e não pode ser predeterminado”.

Segundo informa a Arquidiocese de Piura, Pe. Gutiérrez recordou que a Igreja não discrimina os homossexuais, porque “nosso Senhor chama todos os seus filhos para viver a vida cristã e alcançar a santidade. Todo mundo tem que fazer o seu próprio caminho a partir das circunstâncias nas quais se encontra”.

Além disso, o sacerdote afirmou que, “no mundo de hoje, há toda uma propaganda que nos vende a ideia errada de que não se pode ser feliz sem o exercício ativo da nossa genitalidade. Isso nos confunde e nos engana”.

“Parece que quando a Igreja convida os homossexuais ( e Heterossexuais)  a se absterem de ter relacionamentos íntimos ( fora do casamento), convida-os a viverem sem amor”, lamentou.

O sacerdote assinalou que “devemos levar em consideração que todos os seres humanos têm uma vocação ao amor e isso não se vive necessariamente através do exercício ativo da nossa genitalidade”.

“Existem outras maneiras de viver esse amor, como por exemplo: na entrega de si mesmo através do voluntariado, do serviço aos pobres, da amizade sincera e casta, da caridade, etc. É necessário recordar que as pessoas têm apenas uma identidade: a identidade de filhos de Deus, homem ou mulher”, explicou.

Pe. Gutiérrez também alertou para a possibilidade de que, “sob o pretexto de buscar a igualdade entre homens e mulheres, o Estado busque intervir de maneira dissimulada, tentando tirar dos pais a responsabilidade e o direito de serem os primeiros educadores de seus filhos”.

Os pais “são os responsáveis ​​pela educação da afetividade e sexualidade de seus filhos. Uma educação orientada ao amor que respeite a diferença sexual entre homens e mulheres, sua complementaridade e reciprocidade e que seja um chamado à comunhão de pessoas que nos faz imagem de Deus”.

Não ao aborto

O sacerdote também se referiu à importância de defender a vida humana, pois “o ser humano é a única criatura que Deus amou por si mesma, tem uma dignidade excelsa”.

Pe. Gutiérrez também lembrou que “a vida começa desde o momento da concepção” e deve terminar “de maneira natural, por isso a importância de proteger a vida de todo ser humano e ainda mais quando está neste estado precoce e inicial de sua existência”.

“Portanto, não podemos falar em nenhum caso de ‘interrupção da gravidez’, porque a vida não é algo que possamos interromper e depois reiniciar”.

“Todos os que estamos hoje aqui começamos esta maravilhosa aventura de nossa vida sendo um pequeno embrião e, a partir deste momento, fomos amados e protegidos. Por isso, somos chamados a estar sempre contra o aborto, porque se trata de matar um ser humano inocente”, destacou o sacerdote.

Fonte: ACI Digital

Agência RBS por Ticiano Osório

Nossos filhos vão ser felizes? Nossos filhos estarão prontos para encarar o mundo? Estamos sendo bons pais? “A última geração de pais criou uma ideia que é a pior ideia: meus filhos não vão passar pelo que passei”, comenta o psicólogo, escritor e palestrante, Rossandro Klinjey, autor do livro Help! Me Eduque, voltado a pais, mães e responsáveis. “Mesmo com boas intenções, não vão evitar que os filhos tenham frustrações”, reforça ele. E isso – frustrar-se – é bom e importante, como conta ele, no bate-papo feito a seguir:

O título de sua palestra é “Numa era de incertezas, o mais importante é ser feliz”. O senhor acredita que podemos ser felizes? Existe receita?

Bom, receita de felicidade é o primeiro mito a ser desconstruído: não existe. Então a primeira coisa que a gente tem, na tentativa de construir a felicidade, é não querer ver a felicidade como dizem para a gente que ela é: padronizada, estandardizada. Existe um modo particular de viver isso. E uma coisa é essencial: para ser feliz, a gente tem de aprender a ser infeliz também. A gente não consegue mais suportar tédio, pausas, hiatos psicológicos e angústia. Hoje, parte da infelicidade é a busca de felicidade constante. Virou um traço de loucura essa ideia de que a gente tem de escrever um happy end o tempo inteiro. Na verdade, a vida tem alternâncias profundas. A maturidade lhe dá condições de ver que essas alternâncias têm de ser vividas e não devem ser evitadas.

Essa valorização da felicidade não pode passar a impressão de que a frustração é um empecilho, e não algo essencial para a maturidade, para o crescimento pessoal?

Parece que frustração não pode existir. Isso tem dado origem a uma geração de pessoas incapazes, que vão se frustrar no futuro porque os pais querem que elas sejam felizes o tempo inteiro. Em geral, a gente cria imunidade a vírus na infância, mas essas pessoas não criaram imunidade psíquica contra as frustrações. Quando chega na fase adulta elas viram autoimunes e então se matam. O indivíduo está tão vulnerável e inapto a viver as experiências comuns da vida, como o fim do namoro, não passar num concurso, não entrar no vestibular que você sonhou. Você cria alternativas, novas possibilidades, a gente adia, mas as pessoas, às vezes, se matam.

As pessoas estão cometendo mais suicídios?

Há um aumento na frequência de suicídios. No ano passado, arredondando, as mortes por violência urbana, ataques terroristas e guerras mataram menos do que o suicídio. É mais fácil morrer em casa do que em Bagdá ou comprando crack na Grande Porto Alegre. Isso significa que a gente teve um abandono da interioridade, começou a ter uma existência externa, plastificada, como a música do Radiohead (Fake Plastic Trees). A gente deixou de buscar essa interioridade, na busca de carpe diem constante e frenesi constante.

Em uma entrevista, o senhor falou que, de 30 anos para cá, uma geração de pais começou a fazer um retrospecto de sua infância, muitas vezes pobre e cheia de privações, e, na crença de que poderia fazer algo melhor para seus filhos, virou o fio, deixando de se preocupar com limites, disciplina, respeito. Qual é o resultado disso?

Existe uma busca infantil desenfreada que é preconizada por uma sociedade que prega sempre o prazer, nunca a dor. A última geração de pais criou uma ideia que é a pior ideia: meus filhos não vão passar pelo que passei. Mesmo com boas intenções, não vão evitar que os filhos tenham frustrações. Eles têm como base o amor, é um sentimento bom o que está por trás, mas o resultado é catastrófico, porque a educação não é só o desejo, mas o que se concretiza. O sofrimento e a frustração têm caráter pedagógico, para que o indivíduo saiba lidar com isso durante a vida.

Ao mesmo tempo em que privamos nossos filhos do não e da frustração, fundamentais para seu desenvolvimento, enchemos suas agendas de tarefas e aulinhas, em um processo que o pediatra Daniel Becker chama de adultização, talvez pensando em prepará-los para as demandas da vida adulta. É um paradoxo, não?

O que a gente deveria cuidar muito, que era o desenvolvimento moral e emocional, a gente abandonou, e o que a gente não deveria encher tanto, que são as atividades, a gente está fazendo. Crianças de seis anos já são educadas pelos pais para serem um PhD em Harvard. Têm de estudar caratê, línguas, balé, xadrez etc. Uma geração sonhou em fazer isso, mas não podia pagar. Agora que podem, pagam para o filho fazer. Isso é um fato. Outro fato é que realmente está muito competitivo o mundo, para passar no Enem, com conteúdo demais e pouca profundidade. Cadernos demais e enormes, aulas no sábado, simulado no domingo de manhã etc. O modelo brasileiro não é funcional. Há um incremento de crianças e adolescentes suicidas porque não vêm suportando essa carga. Os pais têm responsabilidade de deter isso.

Perto de 1 milhão de visualizações, um vídeo seu tem como título “Filhos precisam entender que a casa não é deles”. Pode falar um pouco sobre isso?

Há famílias em que os pais têm a porta trancada e os filhos a porta aberta, e há outras em que os pais têm a porta aberta, e os filhos, a porta trancada. E não está dando certo, porque a privacidade é para quem paga as contas. A regra é essa. Quando digo isso, parece meio duro. Mas a criança tem de ser vigiada, cuidada. Não se pode dar privacidade a uma criança. Ao adolescente, este tem de conquistar aos poucos a privacidade. Você tem de fazer isso porque isso é cuidar.

Enquanto você é politicamente correto e não mexe nas gavetas e no computador do filho, do outro lado do meio social há hackers que conseguem violar computadores até de ministros, imagina o que podem fazer com o computador de um adolescente. Há muitos casos de pedofilia. Hoje, não basta o filho ter chegado em casa, sem riscos, que bom, acabou o perigo. Não: o computador oferece um risco muito maior do que andar na rua à 1h. Os riscos são diferentes, há um leque maior de riscos, o que exige dos pais um repertório de cuidado muito diferente do que os nossos pais tinham para lidar com isso.

Qual é a solução?

A gente não vai colocar uma redoma, mas tem de criar critérios. A princípio, a criança não deve ter celular, mas, se ela tiver, não pode dormir com ele, não pode falar a noite toda, porque não vai dormir bem, não vai acordar bem, não vai aprender etc.

O que podemos fazer em nome de um futuro melhor para nossos filhos?

Primeiro, a gente tem de entender que o mundo mudou e a gente não pode voltar com aquela educação que nossos pais nos deram. Isso é um mito. Mas precisamos entender que há coisas do passado que devem voltar. Temos de manter o que conquistamos, por exemplo, a participação maior do pai na casa, um diálogo entre pais e filhos… Mas, ao mesmo tempo, precisamos recompor o espaço da disciplina, do respeito e da ordem, porque elas são e sempre foram essenciais na formatação do psiquismo humano. Precisamos desses elementos na infância para formar um ego saudável, capaz de suportar o mundo como ele é.

Ao abrir mão disso com o sonho de fazer uma família mais feliz do que fomos quando crianças, o que conseguimos? Temos a geração mais suicida, mais drogada, mais consumista, mais ingrata da história humana. Ou seja: os planos não deram certo. Devemos entrar em processo de culpa? Não. Não adianta. Você precisa fazer o que chamo de reintegração de posse afetiva. Recupere o terreno que você perdeu. Enquanto seu filho está sob sua irradiação psicológica e financeira, você tem poder de determinar, de orientar, de normatizar as coisas. Uma criança quer pegar na mão do pai ou da mãe quando vai atravessar a rua sem se preocupar para onde olha, porque sabe que alguém está levando-a. Deixar seu filho sozinho na internet, deixar ir para o shopping sozinho ainda no início da pré-adolescência é tão arriscado quanto dizer para uma criança de dois anos atravessar sozinha a rua. Durante muito tempo, temos de pegar na mão, até que eles possam caminhar com os próprios passos.

Como equilibrar as coisas? Como evitar a sensação de que estamos podando, tirando autonomia?

Vamos imaginar que eu não consiga o equilíbrio. Bem, entre uma educação mais rígida e uma mais liberal, a mais rígida é mais funcional. Uma educação rígida pode gerar trauma, mas geram pessoas funcionais que pagam terapia para resolver. Uma educação libertária demais pode gerar pessoas inviáveis. Não é uma regra. Mas é muito mais fácil que dê errado porque você deu ao indivíduo escolhas que ele não podia fazer. Tem famílias em que a criança escolhe o carro da casa! Isso gera estresse. Se para a gente já gera estresse, imagina para a criança, que na verdade tem de brincar? Ela é empoderada, o que para o ego dela provoca satisfação, mas por outro lado é esmagador, porque terá de decidir coisas para as quais ela não tem maturidade.

Passando agora para a vida adulta, quais são os temas mais urgentes a serem abordados?

Prioritariamente, perdão. Porque a base dos transtornos dos relacionamentos, de casamento, de trabalho, entre familiares, é a incapacidade que a gente tem de entender que as pessoas não são perfeitas, elas nos machucam e nós também as machucamos. Para poder viver uma vida saudável, a gente precisa estar com disposição emocional para perdoar sempre. O que quer dizer que eu preciso olhar para o outro de forma global, e não apenas a parte do erro. Relacionamento não é fotografia, é um filme que vai andando. Mágoa é a fotografia de um momento. Pessoas maduras veem o filme. Elas ficam chateadas, mas sabem que a coisa continua. Precisamos, também, ter espaço para nossa interioridade. Nós nos abandonamos. Não paramos para refletir porque estou triste, o que aconteceu que estou tão brabo. A gente simplesmente bebe uma, vai para a balada, assiste à Netflix, toma um remédio para dormir, não reflete e tenta mudar condutas e comportamentos. E precisamos nos reconectar como pessoas. As tecnologias estão nos tornando próximos virtuais, mas distantes dos reais. Há pessoas que moram na mesma casa mas estão se abandonando.

A maior queixa dos adolescentes hoje é “meus pais não me escutam”. Eles só gritam. A família deve recuperar aquele espaço de sentar sem nada competindo com a atenção. Nem telefone, nem Netflix nem nada, para dialogar, perguntar como foi o dia. Você pode criar isso. Uma amiga minha criou o dia do taco (o prato mexicano), uma vez por semana. Era a única atividade da noite. Ela contou que, na primeira noite, houve um estranhamento, “a gente não sabia o que conversar”. Depois de 15 minutos, nos quais a crise de abstinência de celular passou, eles se reencontraram, porque eram uma família. Havia uma história construída juntos. E terminaram a noite muito mais tarde do que costumavam, brincando. Os filhos que no início reagiam à noite do taco começaram a cobrar: amanhã tem noite do taco! Um dia, sobrou taco e a mãe sugeriu para a filha levar de lanche. “Mãe, eu não gosto de taco”, ela respondeu. Mas então por que você sempre cobra para gente fazer? “Eu cobro o dia de a gente estar junto”, ela respondeu.

Fonte Original: Sempre Família

Após o nosso noivado, uma das melhores coisas que meu marido Joseph e eu fizemos para nos prepararmos para a nossa vida juntos foi o aconselhamento pré-conjugal. Nas sessões, aprendemos sobre diferentes maneiras de abordar os conflitos, bem como as técnicas que podemos usar para melhorar nossa comunicação um com o outro.

Ao longo de aulas de preparação para o casamento, nós trabalhamos com os mitos e mentiras que a cultura de hoje diz que o casamento deve parecer. Através de aconselhamento, aprendemos que o amor não é uma emoção, é uma decisão – e às vezes teremos que decidir nos amar nos dias em que a outra pessoa está de mau humor. Apesar do que os romances tentam nos dizer, o casamento não é um conto de fadas, e desentendimentos e lutas acontecem.

Nos cinco meses do nosso casamento, apesar de Joseph e eu discordarmos sobre as coisas, nunca levantamos a voz, batemos as portas ou deixamos as conversas. De modo algum a nossa falta de brigas explosivas nos torna um casal perfeito – ainda temos nossas falhas (e eu tenho um temperamento horrível!). Mas, de volta aos nossos dias de casamento, nos comprometemos com a luta justa, e porque nos comprometemos com a luta justa em nosso casamento, somos capazes de lutar pelo nosso casamento juntos.

Os desentendimentos são uma parte saudável dos relacionamentos e cada casal os tem – mas, mais importante do que se você luta é como você discute. O conflito é parte de qualquer relacionamento, mas é possível lutar de forma justa e não deixar que os desentendimentos destruam seu amor um pelo outro.

Aqui estão 4 dicas que aprendemos no aconselhamento pré-matrimonial sobre como se comunicar bem, mesmo quando a pessoa que você ama está ficando nervosa…

Não evite conflitos 

Os desentendimentos não são a coisa mais divertida do mundo. Prefiro falar sobre algo que Joseph e eu somos apaixonados. Mas evitar desentendimentos e empurrar conflitos sob o tapete não faz nada além de prejudicar o relacionamento. Ao invés de colocar uma questão em aberto e trabalhá-la com o seu cônjuge, você enche o problema apenas para que ele exploda mais tarde. Mais importante ainda, se você evita constantemente o conflito, você não colherá os benefícios de se tornar um casal mais forte depois de trabalhar com algo difícil juntos.

Use “Eu” não “Você” 

Uma técnica de discussão justa que os nossos conselheiros pré-maritais enfatizaram foi a importância das declarações “eu”. Ao invés de dizer “Você sempre se esquece de ajudar a lavar louça!”, a afirmação pode ser reformulada para “Eu me sinto desrespeitado quando você não ajuda a lavar os pratos após o jantar”. As declarações que começam com “eu” ajudam a evitar reações críticas e defensivas que pode ser iniciado com “você”.

Os desentendimentos são uma parte saudável dos relacionamentos  mostram que as declarações “eu” podem ajudar um casal a trabalhar com desentendimentos agora e no futuro. “Embora isso não resolva completamente o problema, mantém a boa relação de colaboração entre as duas pessoas”, explicam. “É mais provável que seja gerado mais interações cooperativas no futuro do que a abordagem acusatória ‘você’”.

Não traga roupa velha e suja 

Quando frustração, conflito e desacordo surgirem em seu casamento, lembre-se de manter as conversas sobre os problemas específicos. Pode ser fácil culpar o seu cônjuge, dizendo que “ele sempre se esquece de lavar a louça”, ou “nunca se lembra de tirar o lixo”, mas as declarações generalizadas sobre as ações do seu cônjuge podem fazer com que eles se tornem defensivos e encorajar argumentos desnecessários.

Caroline Sweatt-Eldredge é uma conselheira profissional licenciada em Houston, Texas. Ela aconselha que, quando os casais discutem, eles devem manter suas conversas focadas na discussão em questão. “Concentre-se no que acabou de acontecer e não viaje para todos os outros incidentes que apoiem sua reivindicação”, explica ela. “Ao lidar com as coisas que ocorrem, você pode limitar a intensidade em torno do problema e ter uma abordagem mais suave”.

Peça desculpas 

Se você precisa pedir desculpas ao seu cônjuge por perder o seu temperamento, não ouvir bem, ou esquecer de ajudar a lavar louça após o jantar na noite passada, não tenha medo de ser a primeira pessoa a dizer “Sinto muito, você me perdoa por favor?”. Embora essas palavras possam ser difíceis de sair às vezes, no meu casamento, descobri que, às vezes, as palavras mais amorosas em um casamento não são “eu te amo”, mas “me desculpe”.

Um pedido de desculpas nos ajuda a perceber o poder de nossas palavras e ações, e nos permite assumir a responsabilidade pelo fato de nossa raiva ter prejudicado a pessoa que amamos. Ter a humildade de admitir que você estava errado e pedir perdão quebra as barreiras entre você e seu cônjuge e ajuda a reconstruir seu relacionamento, tornando-o mais resistente nos próximos anos.

Fonte original AQUI

O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) entrou com uma ação civil pública requerendo que a Sociedade Inteligência e Coração (SIC), dona do Colégio Santo Agostinho, pague indenização por dano moral coletivo por entender que a instituição expôs os alunos “a situação de risco”, ao abordar a “ideologia de gênero” nas aulas.

A reportagem do jornal O Tempo destaca que “a ação solicita valor correspondente às mensalidades e à matrícula do ano de 2017 de todos os alunos matriculados na 3ª a 6ª série do ensino fundamental, das unidades de Belo Horizonte e Nova Lima e Contagem, na região metropolitana.”

Segundo a matéria, “a polêmica começou em julho de 2017, quando mais de 125 pais de alunos do Colégio Santo Agostinho elaboraram uma notificação extrajudicial exigindo que conteúdos relacionados a gênero e sexualidade fossem proibidos em sala de aula. Em novembro do ano passado, os pais dos alunos fizeram uma representação no Ministério Público, questionando a inclusão de “ideologia de gênero” na proposta pedagógica do colégio.”

Naquela ocasião, “os promotores Celso Penna Fernandes Júnior e Maria de Lurdes Rodrigues Santa Gema consideram que houve ‘ensino de matérias, uso de práticas, de material e de dinâmicas indevidos, inadequados ou incompatíveis com a respectiva idade’.”

O Colégio Santo Agostinho soltou uma nota. Leia a íntegra:

Estimada comunidade escolar,

Em 2017, o Colégio Santo Agostinho recebeu uma notificação extrajudicial de um grupo de pais, questionando uma suposta abordagem de temas relacionados a ideologia de gênero em nossa proposta pedagógica. Concomitantemente, esse grupo fez uma representação no Ministério Público Estadual contra a nossa instituição alegando o mesmo tema. Agora, fomos surpreendidos por uma ação judicial proposta pelo Ministério Público sob a falsa alegação de divulgar a “Ideologia de Gênero”.

Cópia dessa ação civil está circulando em grupos de WhatsApp como se fosse algo novo, com suposta condenação definitiva, o que não é verdade. Em relação a isso gostaríamos de esclarecer, novamente, que não contemplamos, em nosso projeto pedagógico, a “Ideologia de Gênero”. A ação judicial contém alegações absurdas, desconectadas da realidade e sem correspondência com a verdade. O Colégio Santo Agostinho já está tomando as medidas judiciais cabíveis, seja para nos defender contra as falsas alegações a nós atribuídas, seja para responsabilizar as pessoas e os agentes que estão divulgando essas mentiras.

A SIC – Sociedade Inteligência e Coração, mantenedora do Colégio Santo Agostinho e de Obras Sociais, está há mais de 84 anos em Minas Gerais. Atende a 8.500 alunos nas unidades do Santo Agostinho e 3.500 alunos em escolas 100% gratuitas. Ao longo de sua história, formou milhares de jovens que hoje estão nas universidades ou atuando no mercado de trabalho nas mais diversas profissões. Todos eles carregam, desde a década de 30, a indelével marca de terem sido estudantes agostinianos.

O Colégio viu a cidade se transformar e consolidou-se como uma instituição forte e com excelente reputação na sociedade mineira, além de ser referência no ensino de qualidade. Nossa história é consistente, carrega tradição, é pautada nos valores cristãos e nos grandes referenciais da civilização. Por lidar com tantas crianças e jovens, nossa conduta prima pelo respeito à diversidade e à pluralidade presentes na nação brasileira.

Consideramos a família o núcleo mais importante na formação da identidade de uma criança. O Colégio Santo Agostinho jamais almejou ocupar as responsabilidades que são da alçada dos pais.

Alguns grupos e indivíduos distorcem a proposta da nossa instituição e tentam nos difamar. Então nos perguntamos: a quem isso pode interessar?

Enfatizamos que o Colégio Santo Agostinho não tem projeto algum sistematizado e arquitetado “para confundir a cabeça das crianças e jovens”, como se alega no referido processo. A escola se ocupa em oferecer meios para que cada um que aqui se inscreve se sinta seguro e acolhido em suas realizações, alegrias, mas também nas suas dores. Não negamos a escuta a quem nos procura. Alguns problemas que chegam até nós são complexos: desemprego dos pais, violência doméstica, automutilação, depressão, entre outros dramas presentes em nossa sociedade. Nem tudo são flores para muitos de nossos jovens. Procuramos atuar sempre junto com as famílias, às quais oferecemos estrutura de atendimento individualizado.

O mundo mudou e a sociedade também. A escola não está incólume a tudo isso. Ela interfere e sofre a interferência do seu entorno. No mar agitado, ela busca o farol; no meio dos ruídos, busca os sinais. A experiência e a tradição nos ajudam a lidar com as contradições, as diferenças, os extremos e as incertezas. A escola não é a inimiga, e tampouco os professores; somos parceiros das famílias na formação humana e cidadã de seus filhos, pautada nos valores cristãos, católicos e agostinianos.

Que os estudantes, ex-estudantes, famílias, professores e funcionários do Colégio Santo Agostinho, com suas vidas e valores possam testemunhar a seriedade e idoneidade dos nossos centros educativos.

Fonte: 247

Entre as centenas de campanhas publicitárias natalinas que percorrem a tevê e a internet nesta época do ano, o anúncio de uma marca de licores espanhola está dando o que falar. O vídeo da Ruavieja sublinha, de modo comovente, como a correria com as nossas tarefas e a onipresença das novas tecnologias tomam o lugar da nossa convivência com as pessoas que amamos.

A produção do vídeo reuniu de surpresa sete duplas de amigos e parentes com muita estima uns pelos outros. “Para ser sincero, acho que ele é o único amigo que tenho. Amigo de verdade”, diz no vídeo Juan Pedro, amigo de Juan Luis. Jone, por sua vez, diz ao amigo Raúl: “Dá para dizer que a minha vida mudou graças a você”. “Se você não estivesse por aqui, não sei o que faria sem você”, diz María Jesús ao filho Ramón.

Logo, eles reconhecem que não se veem tanto quanto gostariam. “Sempre houve a incerteza de quando nos veremos de novo”, diz Juan Pedro. “É a distância. Ele mora em Barcelona e eu em Madri”, explica María Jesús. No vídeo, o psicólogo Rafael Santandreu, que conduziu a conversa com as duplas, explica que nosso cérebro está programado para não pensar no tempo que nos resta. “Assim, temos a sensação de que sempre teremos a oportunidade de fazer as coisas que nos fazem felizes”, diz ele.

“O contato com as pessoas com quem nos importamos está se transferindo para as redes sociais. Como consequência, cada vez passamos menos tempo com as pessoas que amamos e mais tempo olhando para telas”, diz o vídeo. Em seguida, Santandreu conta que é possível calcular quanto tempo cada dupla ainda passará junta, com base em dados como a idade de cada um e a frequência com que se veem. Quando ele revela os números, a reação é comovente.

“É muito pouco”, diz, chorando, María Jesús, vendo que lhe restam 81 dias e 6 horas com o filho, que afirma: “Esperava anos, não dias”. “Que terrível, hein?”, exclama Juan Luis ao saber que passará mais 3 dias e 6 horas com o amigo. “Não pode ser verdade”, diz Ana, amiga de Silvia, ao ver que, pelos dados, vão passar juntas apenas mais 44 dias e 15 horas. O vídeo ainda compara esses números com dados levantados por pesquisas segundo as quais passaremos 10 anos dos próximos 40 olhando para telas.

No hotsite criado para a campanha, é possível fazer o cálculo e descobrir quando tempo você ainda vai passar com as pessoas que ama, inserindo a sua idade, a do seu amigo ou parente e a frequência com que se veem. Clique aqui e confira.

Produção

Os realizadores do vídeo, Telmo Pagalday e Kerman Romeo, trabalharam durante dois anos na produção – que teve mais de 6 milhões de visualizações no YouTube em menos de três dias. “O vídeo fala de um tema que todos conhecem. Isso é o que impactou as pessoas”, avaliam eles. Os participantes foram selecionados através das redes sociais e não tinha muita ideia do que aconteceria na produção.

Eles participaram das entrevistas sem saber que era para um anúncio e sem saber que estavam sendo filmados. “Estávamos filmando e – uau! – de repente víamos os câmeras emocionados, a equipe chorando”, contam os realizadores, que também ficaram impactados com as histórias. “Agora Juan Pedro e Juan Luis nos escrevem por Facebook para dizer que estão se vendo mais”, divertem-se.

Fonte: Sempre Família 

Veja o vídeo em espanhol abaixo.

O presidente francês Emmanuel Macron soltou nesta semana uma afirmação que misturou observações corretas com extrapolações preconceituosas e infundadas:

“Eu sempre digo: me apresentem a mulher que tenha recebido uma perfeita educação e que tenha decidido ter 7, 8 ou 9 filhos. Por favor, me apresentem a garota que decidiu abandonar a escola aos 10 anos para se casar aos 12. Isto só acontece porque muitas meninas não foram educadas adequadamente, às vezes porque esses países decidiram que os direitos dessas garotas não eram exatamente os mesmos dos rapazes. Isto não é aceitável”.

A parte desta mistura de afirmações que gerou imediata reação de famílias do mundo todo foi aquela que, a partir de alguma premissa gratuita e sem fundamento real, “concluiu” que a causa da existência de famílias numerosas seria a falta de educação.

As respostas

As respostas vieram acompanhada de fotos autoexplicativas e da hashtag #PostcardsForMacron, ou seja, “cartões postais para Macron”.

Veja algumas abaixo

@EmmanuelMacron Eu tenho diploma de bacharel em comunicação social e pós-graduação em Relações Públicas e Marketing e trabalhei em tempo integral durante 18 anos. Eu tenho seis filhos. #postcardsformacron.

#PostcardsforMacron Advogada, 12 filhos, genro e 2 netos. Tanto AMOR! Tanta ALEGRIA!

#postcardsformacron Mãe e pai médicos obstetras e ginecologista. E sim, são 8 filhos

Formada na Universidade de Seattle, na Universidade Pacific e na Universidade de Syracuse. Eu sou fascinada pelas minhas sete crianças, todas planejadas e bem cuidadas #postcardsforMacron

Aleteia

 

Como ensinar nossos filhos a ter uma visão crítica não é simples. Ao tentar fazer isso, enfrentamos uma missão dupla: criar filhos com critério próprio, mas que ao mesmo tempo sejam obedientes. No entanto, o problema é mais relativo às formas do que ao conteúdo.

Na prática, a autoridade dos pais pode ser um meio para a aprendizagem libertadora. Além disso, existem técnicas que podem ser colocadas em prática para incentivar a formação do critério próprio nas crianças. As conversas, os debates e as experiências cotidianas são indispensáveis.

Treinando a opinião própria

Qualquer espaço em comum é útil para treinar o critério próprio. “O que você achou das torradas?” ou “por que você gostou do filme?” são boas opções para começar. A pergunta é um meio de informação que alimenta quem pergunta e também quem responde.

Cada resposta pode levar a outra pergunta. Esse tipo de conversa pode se concluir em um questionamento que a criança vai fazer a si mesma. A posição do adulto nesse tipo de conversa com a criança é como se fosse um guia.

No entanto, essa condução do pai ou da mãe não deve ser dirigida ao que se espera da criança. O exercício deve ser mais voltado à exploração, a fim de voltar o olhar às preferências e aos comentários da criança.

Pais que escutam

Não se trata apenas de perguntar e argumentar, mas, sim, de saber escutar.  Isso pode ser um problema para alguns pais que querem impor sua opinião ou seu critério. Devemos nos lembrar de que esse tipo de aprendizagem não tem um único caminho. Portanto, a criança deve ter a chance de escolher.

Por isso, o correto é escutar com atenção as opiniões, os gostos e as análises das crianças. E, se a partir de uma exposição ela nos permitir explorar mais, será muito melhor. Depois, haverá mais tempo para conversas sobre valores.

Tudo isso nos leva a uma terceira questão: ter um bom critério e serenidade antes de julgar. Nós, os pais, pensamos que sabemos tudo e que devemos intervir sempre. Às vezes, no exercício desse poder, nos esquecemos de parar por um momento e analisar as coisas.

Ensinar nossos filhos a ter uma visão crítica é dar liberdade

Todos nós nascemos livres, mas as crianças têm guardiões da sua liberdade: os pais. Os pais devem considerar que são guias desse livre arbítrio, não donos dele. Portanto, a liberdade é a base para forjar o caráter próprio das crianças e para ajudá-las a ter sucesso na vida.

Desde a chegada da geração dos millennials, os psicólogos infantis recomendam conceder cotas de liberdade às crianças.  Trata-se de uma margem de participação, um âmbito de recreação livre, espaços para levar em consideração as opiniões das crianças.

 “Coletividade que não sabe pensar não pode viver”
—Concepción Arenal—

No entanto, o compromisso dos pais não para por aí. Esses espaços devem se ampliar com o passar do tempo. Não existe ninguém melhor do que um pai ou uma mãe para conhecer os progressos dos seus filhos. É quase uma fórmula matemática: quanto maior o critério, mais acesso à liberdade.

Há pais que manipulam seus filhos

Autoridade e obediência não devem ser sinônimos de manipulação. Perante uma situação extrema, temos broncas, castigos e outros condicionamentos psicológicos. Mas ser pai e mãe não significa esperar que nossos filhos pensem exatamente como nós pensamos.

Há muitos pais que recorrem à manipulação e ao medo para ensinar seus filhos. Esse tipo de prática é muito comum, por exemplo, em divórcios, separações ou custódias compartilhadas. Frequentemente, a criança é utilizada para atingir o outro.

Com o passar do tempo, as crianças crescem e se dão conta de muitas coisas. Além disso, o hábito de ensinar nossos filhos a ter uma visão crítica implica respeitar a liberdade deles. Com isso, obtemos um desenvolvimento correto da pessoa que está em processo de crescimento.

Permitindo o erro

O erro é aprendizado e isso se aplica também às crianças. O bom senso se constrói na tentativa, no erro e na reaprendizagem. Se não permitimos que uma criança cometa erros com sua forma de pensar, então não vamos favorecer o desenvolvimento de uma visão crítica.

Os gritos e as frases exageradas só vão ferir emocionalmente as crianças. Assim só conseguiremos uma criança egocêntrica, calada e censurada. Por esse motivo, ensinar nossos filhos a ter uma visão crítica implica permitir que se expressem.

Há situações nas quais podemos permitir que nossos filhos tomem suas próprias decisões. Por exemplo, ao comprar um doce, um brinquedo ou até mesmo em algum assunto relativo à própria casa. Permitir essa experiência vai nos ensinar se nossos filhos são bons observadores e como podemos estimular esse espírito crítico tão importante para eles.

(via Sou mamãe)

Minha filha de 12 anos sempre me pergunta se ela pode ter um perfil no Instagram. Eu digo que vou pensar, pois ela nem tem celular. Por isso, qualquer ação neste sentido teria que ser a partir do meu telefone e sob minha supervisão. Seria um bom jeito de introduzi-la no mundo das redes sociais, mas ainda mantendo limites e vigilância. 

Tenho tentado me convencer disso. No entanto, ontem, quando ela se preparava para uma festa do colégio, vi como ela fazia um penteado atrás do outro, examinando criticamente cada um antes de suspirar com reprovação e começar novamente. Naquele precioso momento, decidi que ela não ia ter um perfil no Instagram, embora todos os seus amigos tenham.  

Eu odeio ser aquela mãe que diz não, porque é a minha filha que tem que sofrer as consequências da minha decisão. As amigas dela parecem que a enxergam como um E.T. quando ela diz que não tem celular nem Instagram ou Snapchat. Ela está sempre fora dos jogos e dos grupos de mensagens. Eu odeio isso. Odeio que seja porque eu tenha dito não. 

No site Her View From Home, Whitney Fleming escreveu um post sobre este mesmo sentimento, ou seja, sobre a solidão que acompanha a mãe que diz não:

Você sente solidão quando é uma mãe que diz não em um mundo que sempre parece dizer sim. E não é só com as redes sociais. Pode ser sobre os limites de horários ou sobre as festas de pijama… Ser a única mãe que diz não, independentemente do motivo, pode trazer consequências para seu pré-adolescente ou adolescente.

Uma amiga do bacharelado me chamou para dizer que ela foi a única mãe entre 20 que disse que a filha dela não ficaria em uma festa do pijama unissex. Por isso, o grupo a deixou antes do habitual para que ela não alterasse os seus planos.

Outra amiga também me disse que foi ridicularizada por não permitir que seu filho de 16 anos viajasse de férias ao México sem nenhum adulto.

Criar os filhos mais velhos é um equilíbrio delicado. Você quer que eles sejam independentes, mas um erro pode mudar a trajetória da vida deles. Você quer que seu filho ou filha seja aceito(a) por seus pares, mas não ao preço de colocar a segurança deles em risco. Você quer que eles sejam dignos de confiança, mas sabe que ainda não pode confiar plenamente neles.

Em última instância, minha decisão de não permitir que Sienna tenha uma conta no Instagram foi por dois motivos. Primeiro: quero protegê-la da pressão pela busca de um corpo perfeito, que deriva do fato de todos verem o mundo através de retoques e filtros.

A pressão é muito forte para as adolescentes. Foi forte já na minha adolescência, quando nem existiam as redes sociais… O Instagram funciona como uma panela de pressão, aumentando a intensidade das expectativas sociais e criando uma desconexão muito maior entre a realidade e a perfeição dramatizada que aparecia nas revistas de moda da minha adolescência. 

Segundo: não quero oferecer-lhe as tentações para as quais ela ainda não está pronta. Seja a tentação de olhar as coisas que não deve ou a de se juntar à crueldade das meninas que pressionam outras para se sentirem melhores. É preciso um tempo para que ela desenvolva e fortaleça seu caráter antes de sair enfrentando tentações e pressões. 

Detesto o fato de ela ter que pagar socialmente o preço pelo meu não. Mas, ao mesmo tempo, sei que é um preço menor do que ela pagaria se eu dissesse sim. E este é um equilíbrio que eu estou mais do que disposta assumir, independentemente da solidão que nós duas teremos que sentir. 

Calah Alexander

O Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos (Insee, em francês) publicou nesta semana um estudo que mostra que seis a cada dez crianças nasceram fora do casamento na França em 2017, um recorde europeu. No total, 59,5% dos nascimentos não seguiram a lógica matrimonial

O número de nascimentos fora do casamento se multiplicou por dez desde os anos 1960 – em 1965, eles eram apenas 5,9%. Já em 2007, essa taxa subiu para 50,7%.

Os dados apontam que a frequência é maior nos departamentos e regiões ultra-marítimas (83,6%), no oeste (72,3%) e no centro (75,9%) da França. Já em Paris, apenas 47% dos pais não estavam casados na hora do nascimento.

Esse é o caso de apenas alguns países da União Europeia, como Portugal (52,8%), Espanha (45,9%), Reino Unido (47,7%), Bélgica (49%), ou Alemanha (35%). No extremo oposto estão a Grécia, com apenas 9,4% de casais que não se casaram antes de terem um filho, seguida por Croácia (18,9%), Chipre (19,1%) e Polônia (25%).

A evolução dos costumes foi acompanhada pela legislação francesa, que, desde 2016, não estabelece em seu Código Civil a distinção entre crianças “legítimas” (pais casados) e “naturais” ou “ilegítimas”.

Antes dos anos 1980, os casais também não esperavam o casamento para ter uma criança, mas era frequente a “regularização da situação” ao propor um matrimônio durante a gravidez

Uma parcela da sociedade francesa, que não aprova as profundas mudanças de comportamento no país, pede um retorno dos hábitos tradicionais. Isto é: que somente os casais heterossexuais tenham acesso à troca de alianças e também que ela ocorra antes da concepção dos filhos.

Criada durante o debate da adoção da lei que permitia o matrimônio aos casais homossexuais, o movimento Manif pour tous (“Manifestação para todos”, em oposição a “Casamento para todos”) mobiliza os franceses mais conservadores e também é contra o aborto, prática legal na França.

Fonte G1