Em 1969, o então teólogo Joseph Ratzinger, futuro Papa Bento XVI, escreveu em seu livro “Introdução ao Cristianismo” um pequeno capítulo sobre a Igreja, começando de uma forma que (sempre) parece bem atual:

“(…) Externemos o que hoje nos preocupa neste ponto. Se formos sinceros, seremos tentados a dizer que a Igreja não é nem santa, nem católica: o próprio Concílio Vaticano II venceu a relutância, falando não apenas da Igreja santa, mas também da Igreja pecadora; e se algo existe a lhe censurar, será, no máximo, o fato de ter-se conservado hesitante demais em suas declarações, tão forte é a impressão da pecaminosidade da Igreja na consciência de todos. Naturalmente pode haver aí alguma influência teológica luterana sobre o pecado e, com ela, a agir, uma hipótese gerada de influxo de decisões dogmáticas. Mas o que torna essa ‘dogmática’ tão penetrante é sua concordância com a nossa experiência. Os séculos da história da Igreja estão tão repletos de humano fracasso, que podemos compreender a horrível visão de Dante, ao descrever a prostituta babilônica sentada na carruagem da Igreja, parecendo-nos também plausíveis as terríveis palavras do bispo de Paris, Guillaume d’Auvergne (século XIII) o qual acreditava que qualquer pessoa que visse o embrutecimento da Igreja, deveria ficar tomado de horror: ‘Não é mais esposa, mas um monstro de medonho aspecto e selvageria’…”

Esta percepção está fundamentada não só em razões, mas também em corações que tinham altas expectativas e sofreram terrível decepção. E é deste ponto de partida, deste contraste entre aquilo em que se acredita pela fé e aquilo que se percebe na realidade, que surge a pergunta: “Por que, apesar de tudo, amamos a Igreja?”.

Igreja santa?

Dizer que a Igreja é santa não é afirmar que todos e cada um dos seus membros sejam santos, imaculados. Ratzinger afirma que o sonho de uma Igreja imaculada renasceu em todos os tempos, mas não tem lugar no Credo e que as críticas mais duras à Igreja provêm deste sonho irreal de uma Igreja imaculada.

“(…) A santidade da Igreja consiste naquela força de santificação que Deus exerce nela, apesar da pecaminosidade humana. Deparamos aqui com a precípua característica da ‘nova aliança’: em Cristo o próprio Deus amarrou-se aos homens, deixou-se atar por eles. A nova aliança não se baseia mais – no cumprimento de mútuas estipulações, mas é presente de Deus, como graça que subsiste também contra a infidelidade do homem. É expressão do amor de Deus que não se deixa vencer pela incapacidade do homem, mas, apesar de tudo, sempre volta a mostrar-se-lhe bondoso, a recebê-lo exatamente como pecador, a voltar-se para o homem, a santificá-lo, a amá-lo”.

Como o dom não depende do mérito dos crentes, a santidade que permanece na Igreja é a de Cristo, não a nossa.
Para Ratzinger, a paradoxal justaposição entre a santidade de Cristo e a infidelidade humana é a figura dramática da graça neste mundo, por cujo meio se torna visível o amor livre e incondicional de Deus, que, tanto ontem quanto hoje, se senta à mesma mesa com os pecadores.

O sonho de um mundo incontaminado

A ideia de que a Igreja não se mistura com o pecado é simplista e dualista: ela busca uma imagem ideal, não real. Ratzinger recorda que os contemporâneos de Cristo se escandalizavam porque Ele não era como um fogo que destruísse os pecadores. Ele se mostravam acessível aos pecadores que a Ele recorriam, ressaltando não a separação, mas a purificação; não a condenação, mas o amor redentor.

As questões que surgem desta maneira de ver as coisas são surpreendentes e cheias de esperança: a Igreja não é acaso a continuação dessa entrada de Deus no mundo da miséria humana? Não é a continuação da proximidade de Jesus que se senta à mesa com os pecadores? Não é a continuação do seu contato com os pecadores para chamá-los a outra vida? Não é uma mistura com a imundície do mundo para ajudar a purificá-lo? Acaso a Igreja pode ser outra coisa senão o amparar-se mutuamente, apoiados todos em Cristo?

Amparar-nos uns aos outros em Cristo, que carregou a nós todos

A santidade “quase imperceptível” da Igreja é consoladora: por acaso nos encorajaria mais uma santidade arrebatadora que não abraçasse a fragilidade humana para oferecer o perdão a quem se arrepende de coração? Se a Igreja fosse a comunidade só daqueles que merecem os prêmios pela perfeição, quem poderia permanecer nela?

Quem vive na consciência de que precisa do apoio dos outros não se recusará a prestar-lhes igualmente apoio.Este é o consolo que a comunidade cristã pode oferecer: amparar-nos uns aos outros como nós mesmos somos amparados.

O que realmente importa para os crentes

As visões reducionistas sobre a Igreja não levam em conta o que ela diz de si mesma nem o seu centro, que é Jesus Cristo.

“Os crentes autênticos não dão excessiva importância à luta pela reorganização de formas eclesiásticas. Vivem do que a Igreja sempre é. E querendo saber o que é a Igreja, basta dirigir-se a eles. Porquanto a Igreja geralmente está não onde se organiza, reforma, rege, mas nos que creem singelamente, recebendo dela a dádiva da fé, que se lhes torna fonte de vida. Só quem experimentou de que modo, por cima das vicissitudes dos seus ministros e das suas formas, a Igreja sustenta os homens, lhes dá pátria e esperança, uma pátria que é esperança: caminho para a vida eterna”.

Para Joseph Ratzinger, a Igreja vive na luta entre o pecado de seus membros e a santidade de Cristo que nela habita. Essa luta é frutífera quando por amor real e eficaz. Uma Igreja de portas fechadas destrói quem está dentro.

É ilusão acreditar que, deixando o mundo de fora, a Igreja pode torná-lo melhor. É ilusão acreditar numa “Igreja dos santos” quando o que existe é uma “Igreja santa”: santa porque é de Cristo, não porque nós sejamos santos.

Autor: Miguel Pastorinho

Foi celebrada neste último domingo, 21 de outubro, a 92ª Jornada Missionária Mundial. Nesse contexto, é sempre significativo ter uma visão de como anda a missão católica em meio à humanidade, inclusive no tocante a um aspecto mensurável que não é o mais importante, mas ainda assim é relevante: a quantidade de católicos no planeta.

Os dados são os do último anuário estatístico disponibilizado pela Igreja, cujos números são os atualizados até 31 de dezembro de 2016.

Naquela data, a população mundial total era estimada em 7,35 bilhões de habitantes, com aumento registrado em todos os continentes – inclusive na Europa, que havia sofrido diminuição nos anos anteriores.

População católica mundial

No mesmo 31 de dezembro de 2016, os católicos somavam 1 bilhão e 299 milhões, aumento de 14,24 milhões em relação às estatísticas anteriores. Veja o aumento por continente:

África = + 6.265.000
América = +6.023.000
Ásia = + 1.956.000
Oceania = + 245.000

Houve uma só exceção no crescimento:

Europa = – 240.000 católicos.

A queda na Europa ocorreu pelo terceiro ano consecutivo.

Sacerdotes

Diferentemente do número total de católicos, o de sacerdotes recuou no mundo no período compreendido pelo relatório do anuário da Igreja: são 414.969, uma diminuição de 687 padres.

A queda mais acentuada ocorreu na Europa (-2.583), seguida pela América (-589), enquanto a Oceania ficou estável e houve crescimento na África (+1.181) e na Ásia (+1.304).

Religiosas e religiosos

Também diminuiu no mundo, pelo quarto ano consecutivo, o número de religiosas e de religiosos que não são sacerdotes.

Eles diminuíram em 1.604 indivíduos, ficando em 52.625 religiosos. Neste caso, todos os continentes registraram decréscimo: África (-50), América (-503), Ásia (-373), Europa (-614) e Oceania (-64).

No caso das freiras, confirmou-se a tendência à diminuição global com 10.885 religiosas a menos neste ano. Elas totalizam atualmente 659.445. O número aumentou na África (+943) e na Ásia (+533), mas caiu na América (-3,775), na Europa (- 8.370) e na Oceania (-216).

Mais informações

Dados adicionais sobre as estatísticas da Igreja no mundo podem ser consultados neste abrangente artigo publicado pelo Vatican News por ocasião do lançamento do anuário mais recente, em junho de 2018.

Aleteia

O fato acontece em uma Igreja evangélica, mas se aplica a nós também.

father-and-son-rise

Uma das causas da crise por que passa o mundo moderno e a Igreja é a quase total ausência de paternidade espiritual que nos assola. Por exemplo, qual foi a última vez que você viu um padre, onde quer que tenha sido, advertir os fiéis de sua paróquia que eles corriam o risco de ir para o inferno caso não confessassem todos e cada um de seus pecados mortais?Nós precisamos de paternidade espiritual! Se os homens que deveriam praticar a paternidade espiritual estão gastando seu tempo praticando “contracepção espiritual”, por assim dizer, eles não poderão e não serão espiritualmente frutuosos. A tão propagada crise de vocações é uma crise de paternidade!Vamos agora voltar nossa atenção para considerar o correlato da falta de paternidade na nossa sociedade. Vejamos algumas estatísticas. Crianças que crescem sem pai possuem:

– 8 vezes mais chance de ir para a prisão;
– 5 vezes mais chance de cometer suicídio;
– 20 vezes mais chance de ter problemas comportamentais;
– 20 vezes mais chances de se tornarem estupradores;
– 32 vezes mais chance de se tornarem fugitivos;
– 10 vezes mais chance de abusar de substâncias químicas;
– 9 vezes mais chance de largar os estudos;
– 10 vezes mais chance de contrair AIDS na escola.

Abaixo temos mais algumas estatísticas, obtidas pelo “National Fatherhood Initiative” em uma pesquisa de âmbito nacional nos Estados Unidos (http://www.fatherhood.org/father_factor.asp):

Crianças sem pai representam:

– 72% de todos os adolescentes que cometeram assassinatos;
– 60 % de todos os estupradores;
– 70% de todas as crianças e adolescentes encarcerados;
– possuem 2 vezes mais chance de largar a escola
– são 11 vezes mais propensas a serem violentas;
– representam 3 em cada 4 suicídios ocorridos na adolescência;
– 80% dos adolescentes em hospitais psiquiátricos;
– 90% dos fugitivos.

Ainda uma última estatística. Um estudo da Universidade Duke mostra que, comparadas com as filhas que cresceram em uma casa com pai e mãe, uma garota que cresceu sem pai tem 5 vezes mais chance de perder a virgindade por volta dos 16 anos, se ela passou a viver sem o pai antes de completar 6 anos, e tem 2 vezes mais chance se tiver deixado de viver com ele aos 6 anos.

Portanto, a questão é que estamos vivendo uma crise de proporções bíblicas no que se refere à paternidade espiritual e natural.

Há vários fatores que contribuíram para que se chegasse a esse ponto, porém um fator que comumente tem sua importância subestimada é a guerra. Nunca, na história da humanidade, se perderam as vidas de tantos homens de uma só vez, como nas duas grandes Guerras Mundiais do século XX. Foram mais de 42 milhões de militares mortos no século passado. Isso significa que mais de 40 milhões de potenciais pais ou jovens pais foram enterrados nos campos de batalha. Não foi o único fator que levou a essa situação, mas teve um profundo impacto.

Uma pequena história basta para ilustrar esse impacto. Na Inglaterra, em uma manhã de 1917, a diretora de um colégio apresentou-se às alunas perfiladas, e anunciou a elas: “Vim lhes dizer sobre um fato terrível. Apenas uma em cada dez de vocês, garotas, pode esperar se casar. Não estou fazendo adivinhações. É um fato estatístico. Quase todos os homens que poderiam se casar com vocês foram mortos. Vocês terão que trilhar seus próprios caminhos no mundo da melhor maneira que puderem”. Sessenta anos depois, uma dessas estudantes escreveu que essa tinha sido uma das coisas mais certas que tinha ouvido na vida. Apenas uma em cada dez de suas amigas tinha se casado, simplesmente porque não havia homens disponíveis. “Nunca teremos um lar alegre como o que fomos criadas, não teremos maridos, nem crianças, nem a ligação natural entre homem e mulher”.

Então, qual a solução? Há um princípio fundamental da vida espiritual que diz que “a graça aperfeiçoa a natureza”. A graça atua naquilo que somos em nossa natureza. Então, se não temos sacerdotes que agem como homens e pais, se os padres não são realmente pais espirituais, uma grande parte do problema reside no nível da natureza, não no nível da graça. O problema está realmente na natureza. Isso significa que, tanto a crise de paternidade espiritual na Igreja quanto a crise de paternidade na sociedade têm suas raízes na família. Delas é que provêm os homens. Colocando sob outra perspectiva: se temos bons padres que agem como pais, e bispos que agem com autoridade, é porque temos bons pais na família. Se temos uma sociedade ordenada, voltada para Deus, um lugar decente para viver, uma esposa relativamente feliz e crianças bem educadas, e um número significativo de pessoas vivendo em estado de graça, é porque temos bons pais. A solução é: bons pais!

A ordem na família depende do pai. Jesus Cristo veio dar aos homens a possibilidade da redenção, de contar com a graça divina para renovar todas as coisas, inclusive a graça sacramental específica para o homem viver no estado do matrimônio. Tudo isso para que cada pai em cada família possa se conformar com a imagem e o exemplo do próprio Cristo.

Então, o remédio é: bons pais! Talvez isso possa soar como um exagero. Bem, vejamos uma citação de um livro de Steve Woods:

“Milhões de crianças católicas crescem e deixam de ir regularmente à Igreja. Nos Estados Unidos, estima-se que apenas 13% dos jovens entre 18 e 29 anos acreditam que devem obedecer aos ensinamentos formais do Papa”. Ele escreveu isso em 2005, pode já ter piorado. “Na Inglaterra, 92 % dos jovens católicos deixam de praticar sua religião quando terminam os estudos na escola. Na Austrália, pesquisas oficiais da Igreja reportam que 95% dos adolescentes que freqüentam escolas católicas abandonam a Igreja. A cura para esse abandono em massa da Igreja é a figura do pai. Estudos mostram que, se um pai freqüenta a Igreja regularmente, ele transmite um legado permanente para seus filhos. Um estudo na Suíça fez uma pergunta: ‘O que leva a fé de uma pessoa crescer da infância até uma prática e fé religiosas adultas?’. O estudo descobriu que o fator que, de muito longe, importava mais, era a prática religiosa do pai. O pai determina os hábitos religiosos de seus filhos em um grau significativo. E as mães, também não podem fazer isso? Surpreendentemente, o estudo mostrou que, se o pai não vai à Igreja, não importa quanta fé a mãe tenha, apenas 1 em cada 50 jovens irá se tornar um fiel regular. Por outro lado, se o pai vai à Igreja, não importa a prática da mãe, cerca de dois terços a três quartos dos filhos se tornarão fiéis devotos” (Do livro: “Legacy: A Father’s Handbook for Raising Godly Children”, de Steve Woods).

Mesmo se essas estatísticas não forem conclusivas, ainda assim é um resultado bastante significativo. Alguns conselhos práticos para os pais.

Pais, por favor, começando no nível da natureza, a não ser que seja impossível, tomem ao menos uma refeição em comum com sua família (almoço, janta), todo dia, e sempre que isso for possível. Seja o pai! Imponha disciplina! Abrace suas pequenas filhas, e gaste tempo com seus pequenos filhos, e coloque em sua agenda diária um tempo para fazer algo regularmente com seus filhos, seja fazer uma caminhada, ir pescar, andar de bicicleta, seja o que for. Gaste tempo com a recreação deles. Descubra algum trabalho para fazer com eles aos sábados de tarde, e se você não consegue pensar em nada, invente alguma coisa, como por exemplo, pintar a cerca de casa, pintar a garagem, cuidar do quintal… Não se preocupe se as coisas não saírem perfeitas, quem se importa? Você pode refazer depois. Você pode pintar por cima. É apenas um meio para um fim. Você está atualmente preocupado em educar crianças virtuosas, e não em cuidados da casa.

Coma com seus filhos, brinque com seus filhos, trabalhe com seus filhos. Todas essas três coisas. Isso é muito importante, pais! Além disso, você tem que levar uma vida católica com seriedade. Isso não significa ser a cópia de um padre, mas significa viver em estado de graça, obedecer aos Mandamentos de Deus, aplicando as leis de Deus em sua própria casa, ir regularmente para a confissão, ou seja, ser um exemplo de bom católico. Você é o homem no qual as pessoas da casa se espelham! Se você não vai regularmente à confissão e não vive uma boa vida católica, não espere que seus filhos façam isso, pelo menos não por um bom tempo. E também não espere que seus filhos venham passar a eternidade no céu também. Isso pode soar duro, mas é assim que é.

Volte-se para a oração, reze o terço todos os dias! Assegure-se que o resto da família reze o terço todos os dias. Nossa Senhora não estava entediada no céu, imaginando o que estavam fazendo em Portugal em 1917. A Bem-Aventurada Mãe de Deus desceu dos céus e veio nos dar uma mensagem. Quem somos nós para ignorar essa mensagem? Assegure-se que sua família não ignora essa mensagem. Inicie você orações, ao menos quando seus filhos forem dormir, e antes das refeições. Abençoe seus filhos toda noite, antes deles dormirem. A mãe também pode fazer isso. Não são bênçãos sacerdotais, mas são bênçãos verdadeiras. Abençoe seus filhos, e se tiver, também seus netos.

Então, seja um exemplo para sua casa, com uma vida católica virtuosa, confissões regulares, a oração do terço, liderando as orações em casa. E finalmente, quando seus filhos forem pequenos, você pode estabelecer algo como “a hora do papai”, não precisa ser necessariamente uma hora completa, mas também não precisa ser só um minuto. Aos domingos, sente com seu filho, e mostre para ele livros ilustrados sobre a vida e a história de São José, de Nossa Senhora, ou a vida de algum santo, seja o que for. Nós temos as melhores histórias! E você precisa ser o pai que vai transmitir isso aos filhos.

Pais! Se vocês não fizerem isso, quem fará? É para isso que Deus confiou a VOCÊ seus filhos. E você espera ver todos e cada um deles no paraíso. Essa é a sua missão, é por isso que Deus fez de você o chefe da família, para que você os leve para o céu. Você tem, literalmente, uma missão dada por Deus, e que só você pode cumprir. Você tem que ser o PAI. Ninguém mais pode ser por você. Então, a quem você vai imitar? A Adão ou a Cristo?

Transcrição de trecho de palestra em áudio com o título: “Spiritual Fatherhood: The Solution to the Modern Crisis”. Originalmente disponível em:
http://www.audiosancto.org/categories/marriage-and-family.php

134377316537

Chamou muito a atenção dos meios de comunicação o pensamento conclusivo, nesse domingo, do Papa Francisco sobre a Lua que não brilha com luz própria no seu discurso de boas-vindas a Quito, no Equador.

O papa disse: “Amigos todos, começo com expectativa e esperança os dias que temos pela frente. No Equador, está o ponto mais próximo do espaço exterior: é o Chimborazo, chamado, por isso, como o lugar ‘mais perto do Sol’, da Lua e das estrelas. Nós, os cristãos, identificamos Jesus Cristo com o Sol e a Lua com a Igreja. E a Lua não tem luz própria. E, se a Lua se esconde do Sol, torna-se escura. O Sol é Jesus Cristo. E, se a Igreja se afasta e se esconde de Jesus Cristo, torna-se escura e não dá testemunho. Que nestes dias torne-se mais evidente para todos a proximidade do Sol que nasce do alto” (Lc 1, 78) e que sejamos um reflexo da sua luz, do seu amor”.

Repropomos um texto do cardeal Jospeh Ratzinger, em que ele reflete sobre essa imagem da Lua e do Sol, a Igreja e Jesus.

O artigo foi publicado no sítio Il Sismografo, 06-07-2015. 

Eis o texto.

Uma Igreja que, contra toda a sua própria história e a sua própria natureza, seja considerada apenas politicamente não tem sentido algum, e a decisão de permanecer nela, se for puramente política, não é leal, mesmo que se apresente como tal.

Mas, diante da situação atual, como se pode justificar a permanência na Igreja? Em outras palavras: a escolha em favor da Igreja, para ter sentido, deve ser espiritual. Mas sobre quais motivos ela pode se assentar hoje?

Gostaria de dar uma primeira resposta recorrendo a uma nova comparação e a uma observação anterior. Dissemos que, nos nossos estudos, já nos aproximamos de tal forma da Igreja que não conseguimos mais discernir as linhas gerais, nem vê-la no seu conjunto. Aprofundemos esse pensamento, remetendo-nos a um exemplo, com o qual os Padres alimentaram a sua meditação sobre o mundo e sobre a Igreja.

Eles explicaram que, no mundo material, a Lua é a imagem daquilo que a Igreja representa para a salvação do mundo espiritual. Aqui, é retomado um antigo simbolismo constantemente presente na história das religiões (os Padres nunca falaram de “teologia das religiões”, mas a implementaram concretamente); nele, a Lua, como símbolo da fecundidade e da fragilidade, da morte e da caducidade das coisas, mas também da esperança no renascimento e na ressurreição, era a imagem, “patética e, ao mesmo tempo, consolante” [1], da existência humana.

O simbolismo lunar e o telúrico muitas vezes se fundem. Na sua fugacidade e no seu renascimento, a Lua representa o mundo terreno dos homens, este mundo que é continuamente condicionado pela necessidade de receber e que obtém a própria fecundidade não de si mesmo, mas do Sol; representa o próprio ser humano, que se expressa na figura da mulher, que concebe e é fecunda por força da semente que recebe.

Os Padres aplicaram o simbolismo da Lua à Igreja sobretudo por duas razões: pela relação Lua-mulher (mãe) e pelo fato de que a Lua não tem luz própria, mas a recebe do Sol, sem o qual ela seria completamente escura.

A Lua resplandece, mas a sua luz não é dela, mas de outro [2]. É trevas e, ao mesmo tempo, luz; mesmo sendo por si só escura, ela dá esplendor em virtude de outro do qual reflete a luz. Precisamente por isso, ela simboliza a Igreja, que também resplandece, embora por si só seja escura; não é luminosa em virtude da própria luz, mas do verdadeiro Sol, Jesus Cristo, de modo que, embora sendo apenas terra (a Lua nada mais é do que outra terra), é igualmente capaz de iluminar a noite da nossa distância de Deus – “A Lua narra o mistério de Cristo” [3].

Os símbolos não devem ser forçados; a sua eficácia está totalmente naquela imediaticidade plástica que não se pode enquadrar em esquemas lógicos. No entanto, nesta nossa época de viagens ao espaço, é espontâneo aprofundar essa comparação, que, confrontando a concepção física com a simbólica, enfatiza melhor a nossa situação específica em relação à realidade da Igreja.

A sonda lunar e o astronauta descobrem a Lua apenas como terra rochosa e desértica, como montanhas e como areia, não como luz. Com efeito, ela é em si mesma apenas deserto, areia e rochas. No entanto, por mérito de outros e em função de outros ainda, ela também é luz e como tal permanece mesmo na era dos voos espaciais. Portanto, ela é aqui que, em si mesma, não é. Embora pertencendo a outros, essa realidade também é sua. Existe uma verdade física e uma simbólico-poética, uma não elimina a outra.

Não seria essa, talvez, uma imagem exata da Igreja? Quem a explora e a escava com a sonda espacial descobre apenas deserto, areia e terra, as fraquezas do homem, a poeira, os desertos e as alturas da história. Tudo isso é seu, mas não representa ainda a sua realidade específica.

O fato decisivo é que ela, mesmo sendo apenas areia e rochas, também é luz por força de outro, do Senhor: aquilo que não é seu é verdadeiramente seu e a qualifica mais do que qualquer outra coisa; ou melhor, a sua característica é justamente a de não valer em si mesma, mas apenas por aquilo que nela não é seu, por existir em algo que está fora dela, de ter uma luz, que, embora sendo sua, constitui toda a sua essência. Ela é “lua” – misterium lunae – e, como tal, interesse às pessoas que creem porque justamente isso exige uma constante escolha espiritual.

Como o significado contido nessa imagem parece-me de importância decisiva, antes de traduzi-lo em afirmações de princípio, prefiro esclarecê-lo melhor com outra observação.

Depois da tradução da liturgia da missa, ocorrida após a última reforma, recitando o texto prescrito, eu encontrava todas as vezes uma dificuldade, me parece esclarecer ainda mais o assunto do qual estamos nos ocupando. Na tradução doSuscipiat, diz-se: “Receba o Senhor por tuas mãos este sacrifício (…) para nosso bem e de toda a santa Igreja”. Eu sempre fui tentado a dizer “e de toda a nossa santa Igreja”.

Reaparece aqui todo o nosso problema e a mudança que foi operada nesse último período. No lugar da sua Igreja, entrou a nossa e, com ela, as muitas Igrejas; cada um tem a sua. As Igrejas se tornaram empresas nossas, das quais nos orgulhamos ou nos envergonhamos, pequenas e inumeráveis propriedades privadas dispostas uma ao lado da outra, Igrejas apenas nossas, nossa obra e propriedade, que nós conservamos ou transformamos à vontade. Por trás da “nossa Igreja” ou até da “vossa Igreja” desapareceu a “sua Igreja”.

Mas é precisamente e apenas esta que interessa; se ela não existe mais, a “nossa” também deve abdicar. Se fosse apenas a nossa, a Igreja seria um supérfluo brinquedo de criança.

Notas:

1. M. Eliade, Die Religionen und das Heilige, Salzburg, 1954, p. 215 [trad. it., Trattato di storia delle religioni, Boringhieri, Torino 1954, p. 192]. Cfr. o capítulo inteiro: Mond und Mondmystik, pp. 180-216 [trad. it cit., pp. 158-192 (La luna e la mistica lunare)].

2. Cfr. H. Rahner, Griechische Mythen in christlicher Deutung, Darmstadt, 1957, pp. 200-224 [trad. it., Miti greci nell’interpretazione cristiana, Il Mulino, Bologna 1971, 189-197]; Id., Symbole der Kirche, Salzburg 1964, pp. 89-173 [trad. it., L’ecclesiologia dei Padri. Simboli della Chiesa, Paoline, Roma 1971, pp. 145-229]. É interessante a observação segundo a qual a ciência antiga discutiu longamente sobre a questão se a Lua tinha ou não luz própria. Os Padres da Igreja defenderam a tese negativa, que se tornou comum, enquanto isso, assim como a interpretação em sentido teológico-simbólico (cfr. especialmente p. 100 [trad. it., L’ecclesiologia dei Padri, cit., 161ss.).

3. Ambrosius, Exameron IV 8, 32, CSEL 32, 1, p. 137. Z 27ss. [trad. it, I sei giorni della creazione, in Opera omnia di Sant’Ambrogio 1, Ambroniana – Città Nuova, Milano-Roma 1979, 231], Rahner, Griechische Mythen, cit., p. 201 [trad. it. cit., p. 192].

topic

Quando conto que estou cursando uma licenciatura em Matrimônio e Família, muitas pessoas costumam rir e me perguntam o que nós,padres, sabemos sobre o casamento, se não somos casados. Como um sacerdote ousa falar de uma realidade da qual ele não tem experiência?

Vou começar esclarecendo um primeiro ponto: os padres são celibatários, mas isso não significa que sejam solteiros. De fato, não estão disponíveis nem livres para nenhuma mulher.

Para entender isso, é preciso ter claro que o nosso ministério sacerdotal não é “nosso” ministério sacerdotal: é o ministério de Jesus, Sacerdote eterno, o único e verdadeiro sacerdote da nova aliança.

O que os padres são e fazem não é uma mera representação da sua ação evangelizadora, mas uma participação direta da sua graça santificante, que lhes deu, em nome de Jesus, um nome, a potestade para submeter o Maligno, perdoar pecados, santificar o amor, ungir os enfermos e mostrar a beleza da sua Palavra.

Tudo isso parece muita pretensão, não é mesmo? Mas esta é a beleza e a grandeza do ministério que foi confiado aos sacerdotes. Nós, padres, não nos apropriamos de privilégios nem atributo algum; só temos responsabilidades das quais prestaremos contas diante do Senhor.

Pois bem, o apóstolo Paulo, em Efésios 5, 25-26, nos diz: Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra”. Este texto nos mostra claramente a relação esponsal que Cristo tem com a Igreja, da qual é cabeça e ela, seu corpo, fazendo dos dois uma só unidade pelo amor. Cristo é esposo da Igreja e, por isso, se os padres são presença de Cristo na terra, então são verdadeiros esposos da Igreja.

Não estamos diante de uma simples ficção, mas de uma realidade de cunho teológico que se compreende quando permitimos que entrem no nosso coração aquelas palavras de Jesus: “Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda” (Mt 19, 12).

Partindo desta perspectiva, conseguimos compreender de que maneira um sacerdote é verdadeiro esposo que tem responsabilidades como as de um casal: geram filhos no batistério e sabem perfeitamente o que significa escutar aqueles que “choram” de madrugada pedindo ajuda ao seu pai.

Os padres sabem o que é educar nas diferenças e ter de perdoar os que se afastam de casa. E sabem também de infidelidades, essas que aparecem na mídia de vez em quando, mostrando a miséria de um coração que também tenta amar e que é frágil como os outros.

Como esposos, os sacerdotes conhecem o perigo da rotina no amor e o desejo que o coração tem de buscar aventuras. Sabem o que significa deitar-se bravo com a esposa, a Igreja, e querer mudá-la permanentemente, porque ela nem sempre encanta com a sua presença.

Há dias em que a esposa Igreja parece feia, desalinhada, mas os padres aprendem a amá-la assim como ela é, e buscam apaixonar-se constantemente por ela, para jamais ter de abandoná-la para buscar amantes furtivas.

Quem acha que os padres não têm nada a ensinar sobre o amor conjugal não faz ideia do que significa ser sacerdote. E o padre que se considera solteiro, tampouco. Os padres são “esposos celibatários”, duas palavras que mostram uma aparente contradição, mas que nos permitem entender melhor este mistério de amor.

Além disso, como esposos, os padres têm uma palavra oportuna, de motivação, iluminadora para aqueles outros esposos que precisam enxergar uma luz no fim do túnel, para saber enfrentar o demônio da rotina e do tédio.

Os padres têm uma palavra acertada para aqueles que não veem outra solução para o seu problema a não ser o divórcio, com a enorme frustração e derrota de não ter sabido amar para sempre e a inevitável luta para buscar a justiça, que lhes permita “repartir” os filhos, como se repartem os bens da casa.

Nós, padres, temos experiência no amor matrimonial sim, conhecemos os amores e as infidelidades, sabemos do que estamos falando.

Autor: Padre Juan Ávila Estrada

images
 
A arquidiocese primaz do México rejeitou a legalização do consumo de maconha no país, argumentando que ela acentuaria a dependência química e afetaria principalmente os jovens, criando uma ilusão de evasão da realidade. A Igreja mexicana defende “alternativas preventivas e tratamentos eficazes para os dependentes”.

Em editorial publicado no semanário católico “Desde la Fe”, o arcebispado declara que a medida, a ser aprovada na Assembleia Legislativa do Distrito Federal (ALDF), faz parte de uma corrente de degradação social. A iniciativa prevê aumentar de 5 para 35 gramas a dose da droga permitida para consumo pessoal.

No texto, a publicação oficial da arquidiocese destaca que “a legalização da maconha se aproxima da lógica do poder dos mercadores da morte” e enfatiza que as consequências da maconha na saúde pública são “nefastas”.

“Primeiro, atentaram contra a vida dos não nascidos; depois, arremeteram contra valores e instituições fundamentais do direito civil; agora toleram e promovem uma sociedade drogada e enferma”, denuncia o editorial.

Ao se legalizar o consumo da maconha, os principais beneficiados serão os narcotraficantes e não a população, prossegue o artigo, observando que não há comprovação fidedigna de que a legalização da maconha diminua o consumo de drogas sintéticas.

“Os legisladores do Partido da Revolução Democrática (PRD) ignoram deliberadamente que o seu consumo tem origem em problemas multifatoriais” e fecham os olhos para “a dramática e penosa realidade dos dependentes, que sofrem a limitação da sua qualidade de vida”, diz o texto da arquidiocese. A droga “põe em risco as suas relações familiares e de trabalho e, socialmente, pode incitar à violência e ao delito”.

Neste sentido, o semanário católico reafirma que “só os valores, a educação, a solidariedade e a justiça combatem o uso de drogas”. E enfatiza: “Não se vence a droga com a droga”.

O órgão legislativo da capital mexicana propõe criar um Comitê de Dissuasão que analisaria os casos das pessoas detidas por portarem mais de 35 gramas de maconha, a fim de determinar se o contexto é de consumo pessoal ou de tráfico.

Por sua vez, o cardeal Norberto Rivera Carrera fez um chamamento para dar fim ao egoísmo, à violência, ao ódio e aos vícios, durante a missa dominical na Catedral Metropolitana da Cidade do México.

“O fogo do amor, o espírito do amor, esse fogo tem que descongelar o nosso mundo aprisionado pelo egoísmo, pela violência, pelo ódio. Para atingirmos essa finalidade, Jesus disse aos seus discípulos: vocês são a luz do mundo”, recordou o cardeal.

Fonte: Zenit

1208845_530416823679746_1167312114_n

Depois que a mega-igreja protestante foi a falência, seu prédio foi comprado pela Diocese Católica do local, que a usará como sua nova catedral. Sem entrar no mérito da feiúra protestante da igreja, isso tem uma forte simbologia por trás. É uma virada da Igreja Católica nos Estados Unidos, que afinal começou muito pequena, e agora já é a maior denominação cristã dos Estados Unidos. Embora as conversões antes do Vaticano II fossem quase dez vezes maiores, ainda assim, muitos americanos estão largando suas seitas e buscando a verdadeira Igreja de Cristo.

O nome que foi dado à nova Catedral, aprovado pela Santa Sé, é Christ Cathedral (antes era chamada de Crystal Cathedral). As motivações são ecumênicas (nem tudo é perfeito); mas há um bom motivo para escolherem essa como sua nova Catedral, que afinal é um ponto turístico e já tinha se tornado referência em igrejas protestantes no país. A Igreja Católica está crescendo nos EUA. Essa é a verdade.

Lá, podemos ver o oposto do Brasil. Aqui o “padrão” é dizer-se católico, então temos muitos “católicos não-praticantes”. Lá, os não-praticantes são em maioria os protestantes, já que eles são a grande maioria da população. Como a grande parte dos protestantes no Brasil, os católicos dos Estados Unidos são ativos em sua Igreja.

Alguém me disse que a tendência é aumentar. Que talvez daqui a vinte anos, metade dos Americanos sejam católicos. Eu espero firmemente que isso seja verdade. Por que, cá entre nós, eles parecem bem mais espertos que os brasileiros, que sempre tiveram Cristo na sua esquina, mas não ligam para isso. A Diocese de Orange County é a 10º maior do país. A Catedral atual não tem capacidade para abrigar os fiéis, já chegaram a ter que distribuir entradas para entrar (como no Vaticano).

Aqui está um vídeo da Catholic News Agency de uma ordenação na Diocese, onde foi apresentado o novo nome da Catedral e foi nomeado o seu vigário episcopal, o Pe. Christopher H. Smith:

 

1689469325-regensburger-bischof-gerhard-ludwig-mueller.9

O prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o arcebispo alemão Gerard Ludwing Muller (foto), afirma, em uma entrevista publicada neste domingo, dia 26, no jornal da Arquidiocese de Valência, o Paraula, que “a Igreja não é uma instituição afastada das pessoas, baseada em teorias e regras”, mas “a família de Deus”

Na entrevista, o cardeal eleito, de 66 anos, afirma que “todos, inclusive os que têm restrições à religião, têm que saber que são amados por Deus”, e precisa que “esta é a razão da alegria cristã”. Por outro lado, assinala que “na era da globalização e dos meios de comunicação social, é mais fácil realizar a colegialidade dos bispos com o Papa”, embora advirta que a Igreja “não é uma sociedade política” e, portanto, “não podemos realizar a colegialidade do ponto de vista de uma sociologia da política ou da democracia”.

Em relação ao processo de unidade dos cristãos, o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé considera que “a unidade da Igreja não é apenas uma unidade ideal, mas real, que se concentra e que se torna visível na pessoa do Papa, que é o sucessor histórico e teológico de Pedro como o primeiro dos apóstolos”.

Perguntado sobre o Papa Francisco, Gerhard Ludwig Müller responde que o que mais lhe chama a atenção é que “não faz distinções e se aproxima de todos os corações por igual, quer sejam pobres, crianças ou chefes de Estado”.

Sobre o Papa Emérito Bento XVI, do qual o cardeal eleito é responsável pela edição de suas obras completas, afirma que mantém contato com ele em seu retiro no mosteiro Mater Ecclesiae do Vaticano. “Está relativamente bem de saúde, tem a cabeça absolutamente clara e pode ser que escreva ainda alguns textos autobiográficos”, assegura Müller.

Igualmente, o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, que foi professor durante 16 anos de Dogmática na Universidade de Munique, mostra-se convencido de que é “absolutamente importante a fundamentação teológica e dogmática do Direito Canônico”. Além disso, garante também que “o Concílio Vaticano II formulou a doutrina sobre a Igreja, e isto vale dogmaticamente para sempre”. De fato, compara o Concílio com o que acontece “em nossa vida cristã: somos batizados, mas necessitamos sempre de uma renovação do nosso estilo de vida cristã para não sermos apenas cristãos ‘no papel’, mas cristãos de corpo e alma”.

Seguem extratos da entrevista.

Antes de mais nada, queremos agradecer-lhe por sua atenção por esta entrevista que concede aos meios de comunicação da Arquidiocese de Valência, cidade que conheceu na época em que foi estudante, e felicitá-lo após o anúncio do Papa de que será criado cardeal pelo Santo Padre no próximo Consistório. O que significa isto para você?

É um grande reconhecimento, mas devo dizer-lhe que é uma nomeação que vai de par com o meu cargo de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. A Congregação é a primeira da cúria romana. Somos a primeira ajuda para o Papa porque ele é o sumo sacerdote da Igreja, o primeiro que ensina o Evangelho…

Você veio para Valência para uma conferência organizada pela Faculdade de Direito Canônico da Universidade Católica de Valência sobre ‘Colegialidade e exercício da potestade suprema da Igreja’, dois aspectos cuja relação o Papa Francisco está apresentando com força. Quais são as linhas fundamentais que quer ressaltar sobre esse assunto?

Jesus escolheu os doze Apóstolos como um colégio, como um grupo, como uma fraternidade e isto é um exemplo a mais para descrever o modelo da relação do Papa com os bispos. O Concílio Vaticano II diz que todos os bispos devem estar unidos ao Papa considerando-o como o centro, o princípio fundamental da unidade da Igreja. E têm que governar toda a Igreja, as particulares e as dioceses, mas sempre sendo uma unidade, não apenas uma conexão, uma soma de Igrejas locais. Confessamos a Igreja una no Credo e se faz presente nas Igrejas locais, nas dioceses. Todos os bispos têm uma responsabilidade universal para serem guiados pelo Papa, já que ele é o ‘encarnado’ em Jesus Cristo como o princípio central da unidade da Igreja. E tudo isto, hoje, na era da globalização e dos meios de comunicação social, é mais fácil realizar esta colegialidade dos bispos com Pedro. Sob a orientação do Papa, formam uma unidade colegial. Mas o Papa não é o ‘primeiro entre iguais’; ele é o fundamento, a pedra da unidade da Igreja que Cristo fundou sobre Pedro, e seu único sucessor é o Bispo de Roma.

Precisamente, estamos celebrando a Semana de oração pela unidade dos cristãos. De que maneira essa colegialidade e esse exercício da potestade suprema podem ajudam no caminho para essa unidade.

É verdade que muitos cristãos católicos têm restrições, quer sejam históricas ou por más experiências, a uma supercentralização da Igreja na cúria romana. Também existem dentro da concepção protestante algumas acusações contra o Papa assegurando que ele é o anticristo. As relações ortodoxas são completamente diferentes. Elas têm uma concepção sacramental da Igreja, diferentemente dos protestantes, que têm uma eclesiologia também dogmaticamente diversa e diferente da nossa. Mas muitos deles hoje entendem que é bom e necessário ter um centro, um representante da unidade da Igreja. Não é apenas sociologicamente necessário, mas também teologicamente. Todos os cristãos confessam, no Credo, “creio na Igreja, que é una, santa, católica e apostólica”.

A unidade da Igreja não é apenas uma unidade ideal, mas real, que se concentra e que se torna visível na pessoa do Papa, que é o sucessor histórico e teológico de Pedro como o primeiro dos apóstolos.

Certamente, na Faculdade de Direito Canônico da Universidade Católica se insiste muito na vinculação entre Teologia e Direito Canônico, na fundamentação teológica do Direito Canônico. Esta relação é importante?

Absolutamente. Eu ensinei durante 16 anos Dogmática na Universidade de Munique. Esta escola sempre destacou o fundamento teológico, dogmático do Direito Canônico. A Igreja é uma sociedade visível, humana, mas ao mesmo tempo é sacramento e torna presente a comunhão íntima entre Deus e os homens. Quando isto forma uma unidade em nível eclesiológico e das ciências teológicas, não podemos dividir a Bíblia, a exegese, a dogmática, a teologia pastoral… Tudo forma um conjunto. No Direito Canônico temos os elementos teológicos; as leis que regulam a forma de vida da Igreja sempre terão uma dimensão teológica, dogmática. A Escola de Munique desenvolveu esta unidade entre teologia, dogmática e direito. Tem suas raízes no sacro, não apenas na dimensão civil. A reportagem é de Jesús Bastante e publicada no sítio espanhol

Religión Digital, 26-01-2014. A tradução é de André Langer.

8-he-loves-babies

No começo de 2013, ninguém poderia imaginar que o Papa Bento XVI anunciaria sua renúncia, nem que seu sucessor, o Papa Francisco, viria do continente americano, e muito menos que este último seria eleito a “personalidade do ano”  pela revista Time, ou que seria o assunto mais comentado no Facebook.
 
Em pouco mais de nove meses, o cardeal Jorge Bergoglio, que, aos 76 anos, já pensava em sua aposentadoria (lembremos que ele chegou de Buenos Aires para o conclave com passagem de ida e volta), tornou-se o homem mais influente do mundo.
 
Uma pesquisa realizada em inglês e espanhol nos EUA, publicada em 11 de dezembro pelo Washington Post e pela ABC News, constata que a opinião pública do país nunca havia tido uma visão tão positiva da Igreja Católica: 62% dos americanos não católicos têm uma visão favorável do Papa.
 
O que o Papa Francisco fez para conquistar o coração de milhões e milhões de pessoas? Neste final de ano, vale a pena recordar alguns elementos significativos que permitem responder a esta pergunta. Há muitos outros elementos, certamente, e você mesmo poderá acrescentá-los nos comentários ao final do texto.
 
1. A eleição
 
Na noite de 13 de março, a eleição do Papa Francisco foi o evento mais importante do mundo, como documenta o Twitter: o anúncio da sua eleição gerou mais de 130 mil tuítes por minuto, no mundo inteiro.
 
Em poucos segundos, o inesperado Papa conquistou católicos e não católicos com o nome que escolheu (Francisco, como o Pobrezinho de Assis), com a simplicidade das suas palavras (começou cm um “boa tarde”, saudação insólita para um papa) e pela humildade: antes de dar sua bênção, pediu que o povo o abençoasse e orasse por ele em silêncio.
 
2. Estilo
 
O Papa não conquistou os corações com o que ele disse ou fez, e sim pela maneira como disse e fez cada coisa. Seu jeito de ser é que fez a diferença: um estilo carregado de gestos inesperados em um Bispo de Roma, mas profundamente coerentes com a essência do seu ministério.
 
Um dia depois da sua eleição, ele foi pessoalmente pagar a conta do hotel em que esteve hospedado antes do conclave. A decisão de morar na Casa Santa Marta lhe permite manter um contato diário com pastores e fiéis de todos os continentes. Suas ligações a pessoas que lhe escrevem pedindo ajuda criaram uma autêntica relação entre o Bispo de Roma e os fiéis.
 
Ao lavar os pés de uma jovem muçulmana presa, ele mostrou, sem necessidade de palavras, o sentido do diálogo inter-religioso na Quinta-Feira Santa. Sua capacidade de se relacionar, em poucos segundos, com os doentes, crianças, pessoas carentes que participam das audiências gerais faz de cada encontro público uma surpresa.
 
As pessoas ficam tocadas porque, nestes gestos, não veem uma encenação, e sim um homem que vive o que diz e diz o que vive.
 
3. Homem de Deus
 
Precisamente por trás destes gestos, a opinião pública, particularmente os fiéis, descobrem o autêntico segredo de Francisco: ele é um homem de Deus. Um homem de Deus não é alguém que se afasta do mundo ou que o rejeita: pelo contrário, é alguém que vive entre os seus irmãos para se tornar carinho de Deus para cada um deles.
 
Esta dimensão de Francisco nasce da sua vida de oração. Seu espírito místico ficou eloquentemente claro na Sexta-Feira Santa, quando ele se prostrou totalmente no chão para adorar a cruz de Cristo.
 
Os que participam da Missa diária que ele celebra em Santa Marta veem nele um homem de Deus. As homilias que ele dá sem papéis, nessas Missas, são alimento cotidiano para a oração de milhões de pessoas, que leem seus resumos na internet.
 
Dessa maneira, mesmo sem querer, Francisco se tornou um místico do século 21 nas redes sociais: com imagens cheias de vida, como bom argentino, ele consegue explicar as mais profundas verdades de fé e de vida.
 
4. Seu programa
 
O programa pastoral do Papa Francisco fundamenta todos estes gestos e eventos. Isso já ficou claramente sintetizado quando ele escolheu seu nome como pontífice. O cardeal franciscano brasileiro Cláudio Hummes estava ao lado do Papa durante a eleição na Capela Sistina. “Não se esqueça dos pobres”, disse-lhe Dom Cláudio. Jorge Bergoglio então pensou espontaneamente no nome de Francisco como seu melhor programa de pontificado: pobreza evangélica.
 
A humildade o levou a tomar uma decisão insólita: sua primeira encíclica (o documento com o qual os papas costumam apresentar seu programa pastoral) não foi escrita só por ele. Francisco decidiu basear-se na encíclica já redigida por Bento XVI, “Lumen fidei”, que ainda era inédita.
 
E voltou a surpreender ao apresentar, de maneira detalhada, os pontos fundamentais do programa pastoral do seu pontificado, na exortação apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, assinada em 24 de novembro, a “Evangelii gaudium”. Neste documento, Francisco abre a Igreja a uma nova etapa evangelizadora, marcada pela alegria.
 
5. Suas viagens
 
Finalmente, não seria possível explicar o “efeito Francisco” sem suas viagens. Ele está viajando menos que Bento XVI e João Paulo II: até agora, fez apenas três viagens dentro da Itália e uma ao exterior, mas seu impacto foi muito forte.
 
Sua primeira viagem foi a Lampedusa, a ilha italiana que recolhe anualmente centenas de cadáveres de pessoas que se lançaram ao mar, procedentes das costas africanas, fugindo da violência ou simplesmente em busca de um futuro digno.
 
Mas seu estilo pastoral ficou marcado sobretudo pela visita ao Brasil, de 22 a 29 de julho. A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), segundo o Twitter, foi um dos eventos mundiais mais acompanhados naquele mês. Os três milhões de jovens reunidos em Copacabana entenderam que não existe melhor time para se jogar que o de Deus.
 
O encontro do Pontífice com os jornalistas parecia que ia durar, como de costume, uns cem dias. A coletiva de imprensa na volta do Brasil era a grande oportunidade para criar armadilhas para o novo Papa.
 
As respostas de Francisco foram uma avalanche de confidências e verdades vindas espontaneamente do coração. Sua declaração sobre as pessoas homossexuais se tornou uma das frases mais citadas na história da internet: “Se uma pessoa é gay e procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para a julgar?”.
 
Os jornalistas ficaram confusos. Bergoglio superou as armadilhas. Ele mesmo acabou fazendo as perguntas que os comunicadores não se atreviam a formular. Seu estilo levou o Parlamento Europeu a declará-lo “Comunicador do Ano”.
 
Estes são os elementos que, a meu ver, explicam o “efeito Francisco

Fonte: Aleteia

biblias-antigas

As antigas perguntas sobre onde está “a Bíblia original” e “o quanto a Igreja mudou o texto bíblico” ainda persistem para muitos. Agora surge mais uma oportunidade de tentar esclarecer a trajetória que as Escrituras passaram até chegarem ao século 21.

O Museu Terras da Bíblia, localizado em Jerusalém, fará uma exposição a partir de 23 de novembro deste mês, sobre a história da Bíblia. O material mostra as raízes judaicas do cristianismo e a difusão da fé através da palavra escrita. Apresenta o desenvolvimento da Bíblia juntamente com a disseminação do judaísmo e o cristianismo, a partir de Israel.

A mostra “O Livro dos Livros” reúne fragmentos originais das bíblias mais antigas do mundo, alguns de quase 2 mil anos. São manuscritos, objetos e documentos impressos que mostram a importância do texto sagrado no desenvolvimento da civilização ocidental.

Amanda Weiss, diretora do Museu, asseverou: “A exposição é a primeira já feita no mundo que mostra de maneira equilibrada as histórias do Tanach (Bíblia judaica), e do Novo Testamento que compõem a Bíblia cristã. Trata-se de uma combinação incomum de documentos bíblicos e comentários importantes e transcendentais jamais encontrados e reunidos nesta exclusiva exibição”.

Os visitante poderão ver, de forma cronológica, parte dos manuscritos bíblicos mais antigos conhecidos, bem como suas interpretações e representações. São papiros milenares escritos em hebraico e aramaico, e também material em grego, latim e siríaco dos primeiros séculos. Passando por volumes medievais manuscritos, até chegar às primeiras versões impressas.

São mais de 200 obras, incluindo fragmentos da Septuaginta (versão da Bíblia hebraica), as escrituras mais antigas do Novo Testamento, manuscritos raros, fragmentos delicados da Geniza do Cairo e páginas originais da Bíblia de Gutenberg, bem como outra que pertenceu ao rei Henrique VIII da Inglaterra, e vários volumes da versão popular do rei James I.

Um dos mais importantes é parte dos rolos do Mar Morto, as cópias mais antigas dos textos do Antigo Testamento, cujos originais estão em Amã, na Jordânia. Jehuda Kaplan, diretor do Departamento de Educação do museu, explica “Esta é a primeira vez que este texto é apresentado em Israel. Está escrito em hebraico e menciona as regras da comunidade que vivia ali no século I”.

Outra parte importante são os fragmentos da Septuaginta (versão do Velho Testamento para o grego koiné), refletindo o vínculo inegável entre o início do cristianismo e o Judaísmo. A exibição se estenderá até abro de 2014. 

Com informações CBN.


pope-francis_2541160b

O papa Francisco foi a pessoa de quem mais se falou na internet em 2013 nos sites em inglês. O dado foi divulgado pela Global Language Monitor (GLM) nesta semana. Além de ser o nome mais mencionado na rede, a pesquisa destacou que a conta do Papa no Twitter, @Pontifex, foi a quarta mais citada no mundo este ano.

A pesquisa da GLM dividiu sua busca em categorias e rastreou blogs em inglês, redes sociais e 275 mil sites.

Depois do Papa, as palavras em inglês que mais se repetiram na internet este ano foram NSA (a Agência de Segurança Nacional dos EUA) e Obamacare (a reforma no sistema de saúde dos EUA, defendida por Obama).

NOMES MAIS CITADOS NA INTERNET EM 2013
1. Papa Francisco
2. Edward Snowden
3. Kate Middleton
4. Ted Cruz
5. Chris Christie
6. Malala Yousufzai
7.  Xi Jinping
8. Obama
9. Hassan Rouhani

Fonte: El Economista