Projeções de Fé

Ben-Hur (1959)

Ben-Hur-cartazBen-Hur é uma daquelas grandes preciosidades do cinema e que muitos evitam por se tratar de um filme com mais de 3h. Vale a pena conhecer mais sobre esta grandiosa produção e se apaixonar pela saga de Judah Ben-Hur.

Sinopse: o filme é sobre o rico Judah Ben-Hur que começa a se identificar com seus compatriotas judeus que querem se livrar do domínio de Roma, acabando por entrar em conflito com seu amigo, o romano Messala. Um acidente faz com que Ben-Hur seja condenado a se tornar remador nas galés, mas sua sorte muda quando ele salva a vida de um nobre romano que o adota como filho, possibilitando que pudesse se vingar de Messala.

Para quem fica limitado na sinopse e no “detalhe” das mais de 3 horas do longa, perde o essencial da obra: a conversão. O filme de 1959 é uma adaptação do livro de Lew Wallace, publicado em 1880, com o título “Ben-Hur: Uma História do Cristo”, e a primeira conversão com a obra foi do seu autor, que começou a escrever com o objetivo de provar que Jesus Cristo nunca existiu.

Lew Wallace, então governador do território do Novo México (EUA), era ateu e estava decidido a derrubar o mito, a tanto que por dois anos coletou dados e pesquisou sobre a vida de Cristo em detalhes. No final tudo mudou:

“Comecei a escrever um livro para provar que Jesus Cristo nunca existiu. Agora, tive que encarar o fato de que ele era uma figura histórica como Júlio Cesar, Marco Antonio, Virgílio, Dante e muitos outros homens que viveram em tempos antigos.”

Este foi o primeiro caso de conversão com a obra, e tantos outros tiveram suas vidas mudadas após este livro e filmes (tem duas versões produzidas para o cinema antes de 1959).

Diante da importância da obra literária, se decidiu fazer a maior produção do cinema até aquele momento. Foram investidos 14,7 milhões de dólares (em torno de 123 milhões de dólares em valores atuais) com as locações, atores, além de duzentos camelos, 2,5 mil cavalos e mais de oito mil figurantes que foram usados durante as filmagens. Foi contratado o grande astro Charlton Heston que já havia interpretado Moisés em outro grande épico, “Os Dez Mandamentos”, o que trazia maior atenção do grande público.

Pelos personagens, Charlton Heston e Stephen Boyd (Messala) treinaram a condução dos cavalos na bigas, e o resultado foi uma das mais empolgantes cenas de corrida da história do cinema que é referenciada até hoje. Isso graças a um período em que os recursos visuais eram limitados e os atores muito mais versáteis. Claro que haviam dublês, mas muitos se colocavam em cenas que hoje poucos teriam coragem.

Foi um grande sucesso de bilheteria, ficando atrás apenas de “E o Vento Levou” (1939). Ao mesmo tempo, superou em número de prêmios Oscars: 11 contra 10, incluindo melhor filme, melhor diretor, melhor ator e melhor ator coadjuvante. Um verdadeiro sucesso que até hoje não foi superado em termos de premiação, apenas igualado com os filmes “Titanic” (1997) e “O Retorno do Rei” (2003), também com 11 Oscars.

Ok, foi um grande sucesso de bilheteria e premiação, é um dos maiores épicos do cinema e tem mais de 3 horas de duração. Mas o filme é muito mais que isso.

Como já pudemos notar, o aspecto religioso é fortíssimo na obra, até porque o livro que deu origem ao filme também é assim. Não é à toa que muitos que assistiram foram muito tocados com este filme, em que um homem movido pelo sentimento de vingança tem sua vida transformada por Cristo e sua família curada pelo sangue derramado na Cruz.

O filme inicia com o nascimento de Jesus e encerra com a sua morte. Muito embora nem mesmo o seu rosto apareça, este é um filme sobre Ele. É claro que compramos a briga de Ben-Hur e sua família, chegamos a torcer para que ele complete sua vingança, passamos a desejar a morte de Messala (brilhantemente interpretado por Stephen Boyd). No entanto, mesmo sem notar, os caminhos do Senhor são bem diferentes do que costumamos desejar.

Quando Ben-Hur é preso e está sendo levado para cumprir sua pena nas galés, mesmo contra uma ordem direta de um soldado romano, um homem se aproxima dele e dá água para beber. Não se vê o rosto deste homem, mas Ben-Hur olha em seus olhos e vê algo diferente nele. O soldado tenta afastar este homem e não consegue … também olha em seus olhos, mas fica constrangido, não consegue impedir que seu prisioneiro tome água.

Uma cena rápida no filme, mas marcante. Um momento rápido na vida de Ben-Hur, mas marcante também, a tanto que mais à frente diz:

Judah: Quando os romanos estavam me levando para as galés, a sede que tinha quase me matou. Um homem me deu água para beber, e eu continuei a viver. Eu teria feito melhor se tivesse derramado na areia!
Balthasar: Não.
Judah: Ainda estou com sede.

Esta experiência de Ben-Hur é a mesma que muitos de nós temos. Bebemos da água de Cristo e a sede continua quando nos afastamos. Alguns chegam a preferir não terem tomado dessa água viva para não sentirem sua falta.

Por momentos como este é que o melhor é assistir este filme com o coração aberto, indo além das belas imagens e da música. Há uma clara mensagem no filme: devemos buscar o Cristo para suprir a nossa sede e n’Ele nos manter.

Recomendamos não apenas que o filme seja assistido, mas que seja meditado. É uma grande lição de quem podemos ser sem a presença de Cristo e quem podemos nos tornar se aceitarmos de forma constante o Senhor em nossas vidas.

Um filme magnífico, uma experiência de cinema profunda, uma ajuda em nossa conversão. “Ben-hur” é o típico filme a se ter em casa e ser reassistido de tempos em tempos, assim como “A Paixão de Cristo” (2004). Não é à toa que é um dos filmes indicados pelo Vaticano.

EXCELENTE

Ficha técnica:

Gênero: Drama
Direção: William Wyler
Roteiro: Karl Tunberg, Lew Wallace
Elenco: André Morell, Cathy O’Donnell, Charlton Heston, Finlay Currie, Frank Thring, George Relph, Haya Harareet, Hugh Griffith, Jack Hawkins, Martha Scott, Sam Jaffe, Stephen Boyd, Terence Longdon
Produção: Sam Zimbalist
Fotografia: Robert Surtees
Trilha Sonora: Miklós Rózsa
Duração: 212 min.
Ano: 1959
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)

Trailer

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