texto de Alex Carvalho.
Sinopse: Jacob Holland (Karl Urban, siim o mesmo de The Boys) é um lendário caçador de monstros do mar e é considerado um herói de sua nação. Maisie Brumble (Zaris-Angel Hator) é uma menina que sonha em ser como ele, mas quando os caminhos dos dois se cruzam, eles entram em uma jornada de aventura e descobertas reveladoras sobre a guerra contra os monstros marinhos.
A Fera do Mar é um filme leve e divertido, mas que ainda assim traz uma mensagem importante sobre conhecer os dois lados de uma história, e como heróis podem nem sempre estar certos. A razão pela qual isso se aplica ao filme é revelada em seu grande mas previsível final.
A história é bem parecida com o clássico Como Treinar o Seu Dragão, e em muitos momentos percebemos as referências a Piratas do Caribe e King Kong, seja nos cenários do longa ou mesmo nas interações dos personagens. É visualmente lindo e bem construído em cada detalhe.
São três gerações de caçadores, com Jason sendo a balança que vai equilibrar o que herdou da figura paterna do Capitão Corvo – sempre resistente às mudanças, com uma sabedoria inusitada mas certeira encontrada no olhar de uma criança que mostra uma incrível força para lutar pelo que acredita estar certo.
O filme poderia explorar mais sobre o passado dos caçadores de monstros, como o Capitão Corvo e sua obsessão pela Bravata, da mesma forma que vemos a relação de ódio entre Ahab e Moby Dick no livro de mesmo nome. Corvo com certeza é um dos personagens mais interessantes e complexos da trama, mas não é tão explorado, uma pena pois o universo do longa permite essa liberdade.
Chegamos então à pergunta central do filme: heróis estão sempre certos? Deveriam, pois o papel do herói é lutar pela justiça e a verdade. O diretor Chris Willians (Moana, Operação Big Hero) coloca Jason numa encruzilhada e o faz duvidar de toda narrativa construída para legitimar as ações dos caçadores por parte dos reis que enriquecem com a matança dos monstros. Masie vai ser a voz da sua consciência que irá mudar tudo isso, a partir do momento que percebe que a história contada pelos poderosos não é a verdade.
“DÁ PRA SER UM HERÓI E ESTAR ERRADO” será então o mantra de A Fera do Mar e tudo bem ser vulnerável, tudo bem mostrar gestos de amor e compaixão, porque é isso que nos faz mais semelhantes ao nosso Criador. “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o medo envolve castigo, e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor.” (1 Jo 4,18). Errar faz parte do nosso caminho de amadurecimento, reconhecer nossas faltas e seguir em frente mudando o que é necessário é bom e nos faz crescer como pessoas e como filhos de Deus. Há tantos heróis na Palavra de Deus que cometeram muitos erros: São Pedro negou o próprio Jesus, Davi mentiu e matou Urias, Abraão mentiu sobre sua esposa duas vezes e tantos outros cometeram erros, mas nem por isso foram rejeitados por Deus.
Um desses casos que se assemelha muito com o filme é a história de Jonas. Um profeta que virou uma espécie de anti-herói, um tipo de protagonista com uma moral e comportamentos falhos. Exatamente por isso ele perturba o espectador com sua fraqueza. Ele foi chamado para pregar a palavra de Deus em Nínive, mas a princípio fugiu. A atitude de Jonas não é diferente da de muitos hoje, que ouvem a voz de Deus e não aceitam seus planos, preferem viver acomodados e mergulhados em uma vida de enganos. Entre Nínive e Társis existe a crise da escolha de Jonas (Jn 1,3). Entre obedecer ao código dos caçadores e perceber a realidade das feras do mar, Jason também entra em conflito consigo mesmo.
Ir para Társis quando Deus já o enviou a Nínive é abraçar uma vocação que se experimenta na contramão. Társis, o lugar dos sonhos, do sucesso sem crise, dos holofotes. Nínive é onde o sonho do profeta vira pesadelo, uma cidade violenta, cheia de maldade. Lugar que nos confronta e desafia. Deus oferece a homens e mulheres uma vocação e os chama para realizarem uma obra, muitas vezes desafiante, mas repleta de felicidade. Nós respondemos a essa iniciativa divina, mas inúmeras vezes em nosso orgulho, decidimos o nosso próprio destino.
Será que o brilho das luzes de Társis está cegando nossos olhos? Deus nos chama às Niníves. Podemos com a coragem recebida do clamor ao Espírito Santo obedecer a escolha de Deus. Jason e Masie são engolidos pela Bravata e a partir daí, vivem uma profunda experiência de conversão pela obediência à verdade, que os levará a construir um novo mundo alicerçado na verdade. Nós também somos chamados a viver na verdade e proclamá-la em voz alta.
Embarque então no Inevitável e aproveite cada frame desse filme lindo e cheio de mensagens para jovens e adultos. Se veja na criança que habita cada um de nós (Masie) em busca de seus sonhos e viva essa grande aventura de descobrir o que Deus tem para você. Quem não se arrisca a morrer não sabe o que é viver!
FICHA TÉCNICA:
Título Original: The Sea Beast
Duração: 119 minutos
Ano produção: 2021
Estreia: 08 de julho de 2022
Distribuidora: Netflix
Dirigido por: Chris Williams
Classificação: Livre
Gênero: Animação, Aventura, Família
Países de Origem: EUA