Projeções de Fé

Novas séries, vale a pena ver?

É fato que as séries com conteúdos mais adultos, violentos, com cenas de ‘gore’ e não são classificadas como ‘Family friendly’ são vistos com desconfiança por muitos de nós, que fazemos parte do público deste blog: pessoas católicas e com alguma identificação com a vocação Shalom.

Claro que este tipo de conteúdo, de muito longe, não são aqueles que podem te levar a alguma ascese ou a uma experiência de fé. Basicamente são elementos de entretenimento, mas será que não podemos tirar boas lições deste tipo de conteúdo? Será que não podemos aprender algo de bom, alguma lição para nossa vida?

The Boys é uma série muito polêmica, com base nos quadrinhos e que na sua terceira temporada, vem testando os limites do grotesco, e algumas vezes ela consegue vencê-la. E claro que não é um entretenimento para todos, e quando falo dos excludentes, não falo das crianças que a própria classificação indicativa já exclui, mas falo de adultos que não tenham maturidade para ir além das cenas escatológicas da série e como ela, de uma forma tosca e debochada, retrata o mundo que nos rodeia.

Como não imaginar as pessoas de poder, nas diversas esferas, seja política, seja financeira, seja de comunicação, quando o Homelander (Capitão Pátria) diz que ‘Não fale de Deus, o único homem no céu sou eu”. Uma fala que pode até parecer ofensiva para nós, mas que nos lembra como temos a inversão do sentido poder e de que não devemos nos apropriar dele, mas pensar no bem estar de todos.

Quanto a isso o papa Francisco nos ensina na sua primeira Homilia no seu Pontificado: ‘ Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o vértice luminoso na cruz’

E Stranger Things, que na quarta temporada ficou com um tom ainda mais sombrio e com atmosfera de suspense e terror, mas que tem uma narrativa maniqueísta (no bom sentido, tudo bem?) onde está bem definido o que é o bem e o que é o mal, quem são os ‘mocinhos’ e quem são os ‘bandidos’. Além disso uma das coisas mais legais da série é como as amizades são retardadas, com as discussões, com os desentensimentos, mas sempre aquela máxima de que ‘ninguém fica para trás’, de lutar e defender a sua amizade até o fim. Postura que, muitas vezes até mesmo na vida cristã não conseguimos manter.

Outer Range da Amazon Prime também joga com o mistério com o desconhecido e como um homem vai perdendo a confiança em Deus diante de tantos acontecimentos infelizes que acontecem logo após um misterioso buraco aparece na sua propriedade.

Essas séries, assistidas com o devido discernimento, também nos ajudam a refletir sobre o mal, o feio, o injusto no mundo e o quanto ele precisa de paz. Elas também no ajudam a perceber o quanto também em nós todas essas realidades existem e quando “o mal que não queremos”  acaba vencendo o “bem que queremos” (Cf. Rm 7,19). Quantas vezes escutamos da nossa própria boca ao torcer pelo “mocinho”: “mata ele”; esquecendo completamente que se não fosse a graça e a misericórdia de Nosso Senhor seriamos capazes de fazer igual ou pior que aquele vilão nas mesmas circunstancias.

Em posts futuros podemos analisar uma a uma, mas queríamos deixar essa pequena reflexão para demonstrar que sim, com a Graça de Deus é possível achar luzes para nossa vida espiritual em lugares bem inesperados como a cultura pop.

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