Sinopse: Depois de mais de 30 anos de serviço como um dos principais aviadores da Marinha, Pete “Maverick” Mitchell está de volta, rompendo os limites como um piloto de testes corajoso. No mundo contemporâneo das guerras tecnológicas, Maverick enfrenta drones e prova que o fator humano ainda é essencial.
Antes de ingressar na jornada de assistir a continuação, revisitei novamente o original, que data de 1986, no auge dos meus sete anos de idade. Claro que já tinha assistido o longa diversas vezes na sessão da tarde, mas não me recordava da narrativa com a riqueza de detalhes que eu desejava. Não considero essencial, mas recomendo o conhecimento prévio do primeiro filme ao assistir a sequência. Sempre faço isso, especialmente nos cinemas, depois que assisti Matrix Reloaded e não entendi nada por não ter assistido o anterior.
No primeiro filme temos um protagonista querendo testar seus limites, ir além de que qualquer outro piloto já tenha ido, carregado quase que completamente pelo desejo de provar aos seus pares e a si mesmo que é o melhor e mais capaz piloto, mesmo que ele não seja reconhecido formalmente como tal.
Aqui vale uma correção prévia de qualquer tentativa de vincular a insubordinação como a maior característica do personagem. Mesmo que em muitas ocasiões ele descumpra ordens para fazer com que seus superiores enxerguem o que não conseguem ou não querem ver, ele sempre arca com as consequências de seus atos, sempre está em uma sala levando bronca ou recebendo rebaixamento. Ter ousadia também implica em ser responsável para arcar com as consequências de seus atos mesmo que elas não nos sejam favoráveis.
E levando para a nossa vocação, quando falo em ousadia e destemor, não deixo de me recordar do cuidado especial para os jovens:
Nascida no meio dos jovens, a Comunidade tenha para com eles amor e dedicação especiais. Sem descuidar das demais dimensões do apostolado, dedique especial carinho ao acolhimento e apostolado da juventude. Os membros da Comunidade cultivem continuamente seu ardor juvenil e mantenham sempre a juventude espiritual que nos marca.
(Estatutos da Comunidade Católica Shalom, Preâmbulo, III. A obra, p. 15, agosto de 2012.)
E é exatamente neste ponto em que podemos refletir a cerca de nossa vivência vocacional: Ao construir o novo Maverik, 30 anos mais velho, apesar de mantida a ousadia e a disposição de correr riscos, vimos um personagem passou por um processo de maturidade, mantendo o ardor de quando era apenas um tenente mas com a convicção da responsabilidade de ser um capitão.
Seu gosto pelo desafio e por ultrapassar dos limites, que antes pareciam arrogantes e que estavam muito mais envolvidos em uma disputa com seus colegas para provar quem era melhor. Na versão madura todas as ‘transgressões’ foram cuidadosamente colocadas pelo roteiro revestidas de um motivo nobre e altruísta, como por exemplo o teste com o jato supersônico quando o seu objetivo era claramente manter a equipe de teste de jatos e o emprego de seus companheiros de projeto.
Aqui podemos fazer um paralelo entre o Capitão ‘Maverick’ e o Almirante ‘Cyclone’. Este, seu superior na missão, representa o experiente que passou por muitas dificuldades e está disposto a correr menos riscos para o cumprimento da missão mesmo que isso implique numa possibilidade de perdas de seus pilotos.
Já Maverick tinha a visão de que a missão deveria ser cumprida e que todos deveriam voltar em segurança e ele acreditava que isso era possível e que, não só ele, mas todos podiam realizar aquela missão desta maneira. Ele representa aqueles que não perderam o ardor da juventude espiritual ou a tiveram renovada e não sucumbiram ao ‘funcionalismo’ de meramente cumprir a missão sem acreditar que é possível fazer o melhor.
Sobre isso, o Moysés, fundador da comunidade Shalom, nos explica quando falava exatamente sobre a conversão dos jovens:
As novas gerações, os novos, produzem no corpo da comunidade, uma novidade, um frescor. A oferta da nova geração, a oferta desses jovens, que vem enamorados, produz na Comunidade novidade e frescor. Aos antigos, tendo renovado a sua oferta, rejuvenescendo em Cristo, nascendo de novo em Cristo, sua oferta terá uma densidade e qualidade novas.
(Extraído da Revista Escuta, texto “Corações ao Alto” de Moysés Azevedo, p. 56, 1a. Edição, abril de 2018)
Top Gun: Maverick é um ótimo filme que não inova. Caminha no básico, mas entrega um roteiro envolvente que eleva a tensão e nos faz desejar que o próximo passo seja dado. Conta uma história que gera identidade: não somos heróis ou militares de alta patente, mas ela pode ser vivida, dentro do nosso dia a dia, por cada um de nós.
Ficha Técnica:
Título: Top Gun: Maverick (Original)
Ano produção: 2022
Direção: por Josephii Kosinski
Estreia: 27 de Maio de 2022
Duração: 131 minutos
Classificação: 12 – Não recomendado para menores de 12 anos
Gênero: Ação e Drama
Países de Origem: Estados Unidos da América