Sinopse: Inspirada nas tradições, culturas e no povo do México, a animação traz Miguel, um menino de 12 anos que sonha em ser um famoso músico, mas, para isso, ele precisa lidar com sua família que não concorda com a ideia. Para virar o jogo, Miguel acaba desencadeando uma série de eventos ligados a um mistério de 100 anos, gerando uma extraordinária reunião familiar.
A animação da Pixar tem emocionado a muitos pelo enredo com forte apelo familiar, falando principalmente da importância da família e de se conhecer a história de seus antepassados. No entanto, no aspecto religioso, os erros são grandes.
O filme toma como base a tradição de alguns países da América Latina em celebrar el dia de los muertos. As origens da celebração do Dia dos Mortos podem ser encontradas nas antigas culturas indígenas dos Astecas, Maias, Purepechas, Nahuas e Totonacas, que durante 3 mil anos fizeram rituais dedicados aos seus antepassados, coincidindo com essas datas.
Não se trata de uma celebração cristã e não deve ser confundida como tal, ainda que existam algumas poucas semelhanças entre a tradição destes povos e a celebração do Dia de Finados.
No filme é possível ver que a tradição de se celebrar aquela data fazendo um altar com a foto de familiares mortos, acreditando que neste dia eles passearão entre os vivos e festejarão com eles. Ainda que se não forem colocadas as fotos dos mortos no altar, eles não poderão passear entre os vivos, e se forem esquecidos terão a morte definitiva.
Estes três aspectos são totalmente contrários ao ensinamento Católico.
O primeiro aspecto é que cremos que as almas dos mortos poderão ter um dos três destinos, conforme o Catecismo da Igreja Católica (grifos nossos):
1023. Os que morrem na graça e na amizade de Deus, e que estão totalmente purificados, vivem para sempre com Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, porque o veem “tal como ele é” (1Jo 3,2), face a face (1Cor 13,12). (CÉU)
1030. Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu. (PURGATÓRIO)
1031. A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório, sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Em referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja fala de um fogo purificador: (…)
1035. O ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente após a morte aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, “o fogo eterno”. A pena principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o Único em quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira.
Já vemos que não há a possibilidade de considerarmos que as almas dos falecidos venham passear entre os vivos.
Da mesma forma, o “esquecimento” sobre o falecido não o faz morrer novamente, pois a alma é imortal, como também nos ensina o Catecismo da Igreja Católica:
366. A Igreja ensina que cada alma espiritual é criada por Deus de modo imediato e não produzida pelos pais; e que é imortal, isto é, não morre quando, na morte, se separa do corpo; e que se unirá de novo ao corpo na ressurreição final.
Neste momento alguém pode perguntar: então não devemos rezar pelos mortos?
Pelo contrário, devemos… e muito! Em especial no Dia de Finados. Para melhores esclarecimentos recomendamos assistirem este vídeo do Padre Paulo Ricardo – Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos.
É muito importante que depois de assistirem o filme, os pais conversem com seus filhos a respeito dos aspectos religiosos, falando sobre a vida, morte, céu, purgatório e inferno, buscando evitar que a ficção possa, aos poucos, se tornar “dogma” na cabeça das crianças.
Aliás, é importante para os pais que conversem com seus filhos sobre todos os filmes que assistem, mostrando erros e acertos, pois se deixarem as crianças apenas grudados na TV para que se entretenham sem se preocupar com o conteúdo, isto será, com toda certeza, um desserviço à formação delas.
Ainda assim, a animação nos faz lembrar da importância de se conhecer a história da nossa família, de valorizar os mais velhos e nos lembrar de rezar pelos nossos defuntos.
Vale conferir pela mensagem sobre a família, mas deve ser visto com moderação em razão dos problemas religiosos.
Ficha técnica:
Gênero: Animação
Direção: Adrian Molina, Lee Unkrich
Roteiro: Adrian Molina, Jason Katz, Lee Unkrich, Matthew Aldrich
Elenco: Alanna Ubach, Alfonso Arau, Ana Ofelia Murguía, Anthony Gonzalez, Benjamin Bratt, Blanca Araceli, Carla Medina, Cheech Marin, Dyana Ortelli, Edward James Olmos, Gabriel Iglesias, Gael García Bernal, Herbert Siguenza, Jaime Camil, John Ratzenberger, Lombardo Boyar, Luis Valdez, Natalia Cordova-Buckley, Octavio Solis, Renee Victor, Salvador Reyes, Selene Luna, Sofía Espinosa
Produção: Darla K. Anderson
Duração: 109 min.
Ano: 2017
País: Estados Unidos
Classificação: livre
Trailer
Para mim, além da questão da família (e família natural, graças a Deus!), foi muito emocionante o fato do poder que o amor tem: ele transcende a morte, e faz vivos amarem quem já se foi, e quem já se foi amar quem ficou.
Há tbm a questão do auto-conhecimento, de que, para entender melhor a si mesmo, o protagonista Miguel teve que ir visitar o passado familiar.
Enfim, é um filme lindo 🙂