Caro Filoteu!
À luz do que o papa ensina sobre o perigo de perder de vista o amor eu entendo o sentido da veste da festa. O Evangelho do domingo passado (28º do Tempo Comum: )
“E a sala do banquete encheu-se de convidados.
O rei, quando entrou para ver os convidados,
viu um homem que não estava vestido com o traje nupcial.
E disse-lhe:
‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’.
Mas ele ficou calado.
O rei disse então aos servos:
‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o às trevas exteriores;
aí haverá choro e ranger de dentes’.
Na verdade, muitos são os chamados,
mas poucos os escolhidos”(Mt 22, 12-14)
Não se trata de uma roupa qualquer. Esta veste é um símbolo forte da veste batismal e a veste é não só um meio de se cobrir, mas é também uma espécie de identificação. Como nos vestimos exteriorizamos e comunicamos ao ambiente, certos conceitos, interesses, sensibilidades, mentalidades e também uma identidade. Isso! Uma identidade. Pego esse gancho. Quem somos? Que desejamos construir? Para onde vamos? Que fazemos? O que priorizamos e valorizamos? Vestir-se de cristianismo significa exatamente isso: de um amor que dá valor e sentido a viver o projeto de Jesus. Um projeto que desinstala, desaloja, nos faz ir além. Um amor que rompe as barreiras do egoísmo e sem vitimismos ou senso do heroísmo, segue-se em frente, passos vão sendo dados, rumo à identificação com Cristo. Não trajar a veste branca desses altos ideais, destas sublimes “moradas”, destes avanços vitais, significa estar com os pés e as mãos amarrados e amargar a incapacidade de ver com clareza a felicidade por estar nas trevas exteriores.
Papa Francisco ensina:
“Com efeito, se se perde de vista o amor, a vida cristã torna-se estéril, torna-se um corpo sem alma, uma moral impossível, um conjunto de princípios e leis a respeitar sem um porquê. Ao contrário, o Deus da vida espera uma resposta de vida, o Senhor do amor espera uma resposta de amor”
Pois bem, Filoteu. Que esse amor nos anime.
Abraço para ti.