Muitos homens, até mesmo os que buscam viver sob os princípios cristãos, acham aceitável lançar olhares desejosos a outras mulheres. Para os senhores eu digo: ajam como homens!

Contexto

O mundo está em guerra contra a masculinidade. Basta uma simples ida ao shopping center para perceber que a masculinidade está sendo atacada de todos os lados: até mesmo encontrar roupas tipicamente masculinas pode ser uma tarefa hercúlea! Camisas de cores aberrantes, calças coladas e bermudas curtas que mais se parecem calções de banho. Na mídia vemos ataques a uma caricatural sociedade patriarcal e um incentivo a um modelo de homem muito pouco masculino: chorão e hiper-sensível.

Por outro lado, a reação daqueles que percebem tal guerra não pode ser buscar um modelo masculino nos filmes de guerra dos anos 80 quando Rambo e Conan faziam sucesso nas telas! A virtude da temperança pode muito bem ser utilizada neste caso.

Controle estes olhos

Andando nas ruas vemos homens que olham para mulheres como animais olham para suas presas. Nós, católicos, não podemos nos acostumar com tal comportamento pois… quando feito de forma consentida, trata-se de um pecado mortal (CIC 1861). Cabe aqui uma pequena ressalva: como pretendo explicar futuramente, só podemos pecar através de atos de vontade e portanto, algo feito de forma inconsciente não pode consistir em pecado.

É compreensível a dificuldade que nós, homens, passamos para controlar os olhares, vivemos num mundo hiper-sexualizado. Muitos de nós estamos feridos por este mundo: crescemos assistindo baixarias na tv aberta (basta procurar (melhor não) pelos programas que passavam na década de 90).

Nosso Senhor é muito claro sobre este assunto:

“Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher já adulterou com ela em seu coração.”

MT 5, 28.

Dica: quando vier um pensamento destes em sua imaginação, pense em algo bem concreto, nossa mente não é capaz de processar várias coisas ao mesmo tempo. Ex: Ao andar pela rua passa uma mulher mal-vestida e chama sua atenção. Olhe para um carro ou um poste e imagine como ele foi feito, observando detalhes de construção e design e logo o controle de sua imaginação voltará a você!

Sobre amizades entre os sexos

Eu defendo a tese de que um homem compromissado não deve ficar de papo furado com outras mulheres. Com a popularização dos sistemas de mensagens (facebook, whatsapp, instagram…) muitas pessoas ficam horas por dia conversando frivolidades. Surge ali uma familiaridade excessiva que, em momentos de fraqueza, pode levar a situações de pecado. São Tomás de Kempis esclarece:

Não abras teu coração a qualquer homem (Eclo 8,22); mas trata de teus negócios com o sábio e temente a Deus. Com moços e estranhos conversa pouco. IMITAÇÃO DE CRISTO, CAP 8, 1. SÃO TOMÁS DE KEMPIS.

É justamente disfarçando-se sob estas denominações “inofensivas” que a infidelidade se inicia: “simpatia”, “relacionamento cordial” e etc. Pouco a pouco, o sentimento vai crescendo até sair de controle.

Dom Rafael LLano Cifuentes revela que diversas vezes viu, enquanto direcionava alguma alma, bons esposos e honestas mães de família revelarem que estavam apaixonados como adolescentes por outra pessoa mesmo não pensando em abandonar seus cônjuges e filhos. E pensar que esta desenfreada paixão que estava colocando tudo a perder (inclusive o maior importante, sua salvação) havia começado com apenas um sorriso, um olhar, uma palavra meiga.

O homens devem entender que, por vezes, algumas mulheres podem iniciar esta aproximação por vaidade: devido ao pecado original, as mulheres tendem a se objetificar (e os homens a objetificá-las) e, portanto, podem cair na tentação de lançar olhares de sedução para se sentirem atraídas e basta um elogio para se iniciar a “longa marcha da vaca para o brejo”.

Algumas dicas sobre este tema:

  • Mantenha alguma reserva e frieza no trato social e profissional. Sem nunca cair na descortesia, é claro.
  • Evite conversas e contatos desnecessários.
  • Quando alguma mulher vier cumprimentá-lo, trate de esticar a mão direita para logo estabelecer que tipo de cumprimento se espera evitando assim calorosos e perigosos abraços.
  • Nunca dê carona sozinho para mulheres e evite ficar sozinho com elas (atenção professores, isso vale para atendimento aos alunos visto que é dificílimo se desvencilhar de uma acusação de assédio num local sem testemunhas).

Será natural, por outro lado, que se tenha amigas com quem converse na presença de sua esposa (ou namorada/noiva). Seria muito estranho, entretanto, que tratasse com elas no dia-a-dia em privado. Sendo sincero, gostaria que sua mulher conversasse frivolidades com outros homens todos os dias nas redes sociais? Espero que não!

Portanto, sigamos o conselho de São Josemaria Escrivá e tenhamos a “valentia de sermos covardes” pois, como diz o ditado popular, “a ocasião faz o ladrão”.

Uma amizade indispensável

Termino este texto comentando algo de que muitos se esquecem, amizade é amor mútuo e, portanto, se você é casado, tem uma grande amiga em casa: sua esposa. Os esposos, estes sim, podem (e devem) conversar e abrir os corações um para o outro. Devem tratar de tudo, desde problemas no trabalho e dificuldades com os filhos até, principalmente, questões da vida espiritual e de oração.

Almejemos, a exemplo de São Luís e Santa Zélia Martin, pais de Santa Terezinha, sermos almas que, unidas em matrimônio na terra, caminhem juntos a passos largos para a eternidade!

Esto Vir!

Autor: 


Referências

  • Caminho, São Josemaria Escrivá
  • As Crises Conjugais, Dom Rafael LLano Cifuentes

Vamos falar sobre vícios?

Naturalmente, quando se ouve essa palavra vem na cabeça imediatamente as palavras álcool e drogas. Entretanto, com a evolução cultural e tecnológica novas formas de vícios foram se estabelecendo enquanto outras puderam ser evidenciadas e tratadas em nossa sociedade. O maior exemplo desse fenômeno é a pornografia. Não obstante, o vício em pornografia é apenas uma das formas de um de vício mais abrangente raramente admitido em nossa cultura: os vícios sexuais.

Os vícios sexuais são também chamados de dependência do amor e do sexo. Nome estranho e até engraçado. Mas amor vicia? E sexo causa dependência? Não. Claro que não. O amor verdadeiro, enquanto virtude que se realiza na saída de si para o encontro com as necessidades do outro, não. Mas o amor enquanto sentimento, emoção ou carência comumente propagandeado, sim. Da mesma forma, o sexo como sinal de doação mútua e expressão do amor virtude também não vicia. Já o sexo cujo o fim último e exclusivo é o prazer, sim.

O termo dependência do amor e do sexo é o termo utilizado por grupos de recuperação como o DASA (Dependentes do Amor e do Sexo Anônimos) e o DAS (Dependentes de sexo anônimo). Este termo inclui também sexo anônimo (sexo com desconhecidos em ambientes comumente utilizados para isso), prostituição, masturbação,  pornografia, o voyeurismo (flertar, ou olhar excessivamente com desejos sexuais para o corpo de outra pessoa, espionar pessoas enquanto trocam de roupas, …), e ainda a fantasia sexual (uso incessante da imaginação para a obtenção de prazer sexual e/ou combustível para masturbação). E ainda podemos mencionar as (co)dependências afetivas ou “apaixonamentos”, que poderiam ser traduzidas como relações românticas problemáticas que originam facilmente uma dependência emocional. Como vemos, essas não são substâncias que se compram de traficantes, em bares ou clandestinamente. São comportamentos obsessivos que levam à mesma sensação das drogas convencionais: o prazer, dopamina no cérebro, a fantasia, a usura, a fuga da realidade.

No que diz respeito ao universo masculino, muitos poderiam dizer: “Ah, mas eu não vejo nenhum problema em me masturbar.” “Se a mulher for bonita, não me controlo, tenho que olhar.” “Eu mereço, sou homem, eu preciso.” “Sou solteiro, não tenho outra opção para descarregar os hormônios.” “Ah, mas eu não consigo me controlar.” Podemos muitas vezes utilizar racionalizações para adaptar nosso desequilíbrio aos nossos valores e crenças. Na manutenção de nossos impulsos, podemos ainda “negociar” com nossa consciência dizendo “só hoje… só 15 minuto… essa é a última vez… uma vez não mata ninguém.” Aos poucos e sem se perceber este vai se tornando dependente e prisioneiro dessas práticas. 

O primeiro passo para sair desse emaranhado de correntes é reconhecer a situação em que se encontra. Mas como saber se meus “hábitos”, meus “deslizes” são vícios?  Como saber se sou dependente do amor e do sexo?  Algumas palavras-chave são: autoconhecimento, humildade e honestidade. O questionário de 40 perguntas de autodiagnostico disponibilizado pelo grupo DASA pode dar uma ajuda neste sentido. O auxílio de uma outra pessoa disposta a ajudar também é indispensável: um amigo, psicólogo, padre, pastor do grupo de oração, ou alguém que já passou pela mesma situação.

O problema dos vícios sexuais (assim como todos os outros) é sem dúvida bastante extenso e inabordável em um único artigo. Espero falar mais nos posts que se sucederam sobre os mecanismos que funcionam “por baixo” dos vícios e sobre os caminhos de recuperação.

Deus abençoe.

L. Machado

Dra. Elizabeth Kipman Cerqueira é médica, especialista em logoterapia

Namoro exige maturidade? Por quê?

– No namoro, estão envolvidos sentimentos, por vezes intensos, ele se inicia motivado por forte atração recíproca envolvendo autoestima, ciúme, desejo de posse, conquista e sedução.É preciso lidar com estas situações e viver o namoro como uma fase de conhecimento interpessoal e descoberta de valores capazes de fundamentar uma convivência de compromisso recíproco. É preciso não girar em torno de si próprio, mas ter capacidade de olhar o outro, respeitá-lo, ajudá-lo a crescer. Isto exige um crescimento por toda a vida, porém um mínimo de maturidade é exigido para iniciar um namoro.

O Adolescente está preparado para exercer essa maturidade?

De modo geral o adolescente não está preparado para assumir o namoro como um compromisso recíproco que exige responsabilidade em relação a si mesmo e ao outro. Sobretudo com a influência da “cultura desencanada” de hoje, o namoro já supõe a livre intimidade física, uma certa indiferença pelo outro, uma vez que o pensamento é centrado em si e em aproveitar os momentos buscando novas experiências. Há a baixa tolerância para adiar satisfações imediatas e a decidir pelo impulso. Ele ainda não teve tempo para o autoconhecimento e terá muita dificuldade para conhecer outra pessoa diferente dele. A tendência será de se fechar num círculo de emoções intensas e frágeis onde o restante do mundo é ignorado.

Como os pais devem proceder para orientar os filhos adolescentes no campo afetivo?

– A orientação para o campo afetivo se encontra dentro do conjunto da formação pessoal. É impossível orientar apenas para o namoro sem orientar para a responsabilidade, discernimento de valores e exercício da vontade. Justamente o oposto de agir apenas pelos impulsos centrados em si mesmo. É preciso que reconheçam a existência de limites. É preciso dizer “não” quando necessário, apresentando os critérios que motivaram a negativa. É preciso confiar que eles têm o potencial para o desenvolvimento pessoal, mas que precisam de tempo, de vivência para atingir uma maturidade mínima que os conduz diante das diferentes motivações afetivas positivas e negativas. É preciso não aderir à superficialidade da afirmativa corrente: “O jovem precisa disto – apenas lhe forneça a camisinha”. Esta afirmativa desvaloriza o jovem, reduzindo-o apenas a um resultado inconsciente de impulsos que usa do outro como objeto. O jovem aspira ao grande, ao belo, ao amor, à honestidade, à sinceridade. Precisa que os pais o auxiliem a exteriorizar estas aspirações em atos pessoais.

Que critérios os pais podem utilizar para estabelecer uma idade a partir da qual possam permitir e orientar os filhos para o namoro?

-A percepção deve vir da própria vida em família e da vida diária: pela participação nas responsabilidades em casa; no esforço para superar as competições com os irmãos; na abertura para colaborar; no respeito às pessoas sobretudo aos próprios pais; na seriedade com o estudo; na sinceridade em reconhecer os erros e em corrigi-los; na capacidade em suportar frustrações inevitáveis, consciência dos próprios atos mesmo sem a vigilância de outrem, etc. Também é necessário o esclarecimento através de diálogo sincero sobre o namoro, relacionamento sexual, relacionamento interpessoal, diferenças do homem e da mulher na cultura atual. Buscar apresentar valores religiosos positivamente fundamentados e não como elementos coercitivos. Não há propriamente uma idade, há sinais de um mínimo de maturidade. Entretanto, dificilmente estes sinais se manifestam antes de 14 a 15 anos. A planta necessita de tempo para sair do solo e a fruta necessita de tempo para amadurecer. Mesmo tomando todo o cuidado, sem uma postura rígida, mas com a exigência firme nascida da ternura, o resultado irá depender da liberdade de escolha do filho. Porém, os pais terão feito a sua parte.

O que a senhora diria para os adolescentes que pensam iniciar um namoro?

-Considerando que já apresentem aquele mínimo de maturidade até para entender as colocações seguintes. Diria: nascemos do Amor que nos amou desde sempre, do centro do Amor maior do que todo o universo que é o coração de nosso Deus Uno e Trino. Vocês são convidados a entrar nesta ciranda de Amor a partir da participação com os que estão mais próximos de vocês: família e amigos. Ao iniciar um namoro, estão optando por iniciar uma vida adulta. É isto mesmo o que desejam? A decisão do namoro não é um jogo de sedução e posse, de autoafirmação. O namoro é tempo de alegrias e tristezas, de provas e de lutas, de ajuda mútua, de conhecimento e de colocação de limites. Os sonhos e fantasias não constroem a felicidade. Antes, a felicidade é o resultado de atitudes conscientes e fortes a partir dos valores que vocês escolhem. E, sobretudo, o namoro é tempo de conhecimento recíproco e não de posse recíproca definitiva. Sobre estas bases, no Deus-Amor, vivam a alegria da ternura, do respeito um pelo outro que faz crescer para a vida!