Categoria: Sexualidade
Pais e professores no Reino Unido estão alertando os administradores das escolas de que a política de banheiros transgêneros adotadas deixaram muitas meninas se sentindo inseguras e estão colocando até mesmo sua saúde em risco.
As meninas que estão menstruando estão tão ansiosas em compartilhar as instalações com os meninos que algumas ficam em casa por medo de sentirem ‘vergonha’ em frente aos meninos, de acordo com o Daily Mail.
Um número crescente de escolas primárias e secundárias do Reino Unido está em processo de instalação de banheiros ‘unissex’. Pais e professores disseram ao jornal Daily Mail que as alunas se sentem muito desconfortáveis e até inseguras ao compartilhar banheiros com os estudantes do sexo masculino.
A pressão por banheiros unissex no Reino Unido foi projetada para “incluir mais crianças que se identificam como transgêneros e desejam usar o mesmo banheiro que o sexo oposto”. Mas no último domingo (6), políticos e médicos pediram que as escolas interrompessem a implantação da política de banheiros unissex.
Alerta
A Dra. Tessa Katz disse ao Daily Mail que manter a urina por períodos prolongados regularmente pode aumentar o risco de meninas sofrerem de infecções urinárias e da bexiga.
“Os efeitos psicológicos sobre as meninas que não se sentem seguras o suficiente para usar banheiros mistos também são preocupantes”, disse Katz ao jornal.
Enquanto isso, a implantação dos banheiros unissex nas escolas também provocou reação da maioria dos pais que dizem que não foram informados sobre a mudança na escola de seus filhos. Muitos dizem que não foram consultados antes da escola mudar os banheiros de masculino e feminino para para “gênero neutro”.
A Escola Primária Deanesfield, em South Ruislip, oeste de Londres, foi a escola mais recente a passar pela troca de banheiros. Os pais lançaram uma petição no mês passado contra a instalação dos banheiros unissex.
Uma mãe indignada que tem filhas de quatro e oito anos de idade frequentando a escola disse ao Daily Mail: “Os cubículos estavam abertos na parte inferior e superior, para que os alunos mais velhos possam facilmente subir nos banheiros e espiar”.
Stephanie Davies-Arai, porta-voz do grupo de pais, disse que as escolas foram informadas erroneamente pelas organizações ativistas transgênero de que estariam “violando as leis de igualdade do Reino Unido por não mudarem para banheiros de gênero neutro”. Ela disse que há claras isenções sob as leis de igualdade existentes que tornam perfeitamente legal ter banheiros para pessoas do mesmo sexo.
Fonte Original AQUI
Por Leda Galli Fiorillo
O ser humano é um “corpo espiritualizado” ou um “espírito corporificado”. Essas duas dimensões estão de tal modo entrelaçadas que o homem se exprime justamente na sua unidade, na sua inteireza de corpo e espírito. É por isso que a sexualidade não é apenas uma questão de anatomia ou de genética.
As dimensões do ser humano
“O corpo, se o olhas apenas, é mudo; mas se o olhas e interrogas, é eloqüente”!
Este pensamento exprime bem o critério metodológico com que me proponho refletir sobre o que é o ser humano. Isto é, partir do dado biológico para chegar, através do rigoroso fio condutor da lógica, ao plano ético. Isto porque a ética – quer dizer, os princípios do comportamento que mais se ajusta à natureza do ser humano – já está inscrita, de algum modo, no próprio corpo humano: basta querer lê-la.
O que é, portanto, o ser humano?
Foi definido como “corpo espiritualizado” ou “espírito corporificado”. As duas dimensões estão de tal modo entrelaçadas que o homem se exprime justamente na sua unidade, na sua inteireza de corpo e espírito.
Podemos imaginar o ser humano composto de camadas concêntricas sobrepostas.
Começando pela periferia, encontramos corporeidade, dimensão que está em contato direto com o ambiente externo, com o qual interage, e que chega a conhecer através dos sentidos externos – vista, audição, olfato, paladar e tato –, que são precisamente as “portas” para a realidade circunstante. Nessa mesma dimensão, encontram-se também os instintos, com a finalidade de satisfazer as necessidades primordiais – comer, beber, dormir, reproduzir-se –, sem os quais os indivíduos e a espécie não poderiam subsistir.
É fácil constatar que da satisfação das necessidades deriva um tipo de gratificação que é o prazer corpóreo, útil como incentivo para o desenvolvimento das correspondentes funções.
O que dissemos até agora pode parecer perfeitamente aplicável aos animais. No entanto, já aqui se abre um abismo entre nós e eles. Pois, nos animais, os instintos estão programados em função da necessidade; satisfeita esta, o instinto apaga-se. De fato, o animal só come se tiver fome, sé bebe se tiver sede, reproduz-se só em determinados períodos do ano, o suficiente para garantir a preservação da espécie, permanecendo absolutamente tranqüilo fora desses períodos.
O homem não. O homem é capaz de – mesmo depois de satisfeita a fome – degustar, ao final do almoço, uma fatia de doce para comemorar um acontecimento qualquer; o mesmo se passa com a bebida. No plano sexual, o ser humano está sempre fisiologicamente disponível, durante todo o ano, muito além, portanto, do que seria necessário para a manutenção da espécie. Daqui se deduz que, no homem, os instintos têm “trânsito livre”, não estando constitutivamente programados. Veremos daqui a pouco a razão disso.
Debaixo da camada da corporeidade, encontra-se a das paixões, das emoções e dos sentidos internos, isto é, a da memória – que faz reviver o passado – e a da fantasia –que cria no imaginário, no não-vivido. É a rica e envolvente dimensão da afetividade.
Por fim, vem o núcleo mais profundo, aquele que mais caracteriza a espécie humana: o da inteligência e da vontade; ou seja, a dimensão da racionalidade.
A inteligência – do latim intus legere, “ler dentro” – é a faculdade que serve para conhecer, para entender a verdade das coisas e distingui-la do erro. Do exercício dessa função deriva uma gratificação que podemos definir como satisfaças intelectual.
A vontade é a faculdade operativa que permite pôr em prática aquilo que a inteligência entendeu ser justo e, portanto, bom.
Pode-se dizer, portanto, que, se a inteligência tende para a verdade, a vontade tende para o bem. A gratificação que daí se tira é – num crescendo que depende das dimensões do bem – a paz do coração, a felicidade, a alegria.
Entende-se facilmente que satisfação intelectual e alegria não pertencem ao plano da corporeidade – embora se exprimam através dela, revelando a intrínseca unidade do ser humano –, mas sim ao plano do espírito.
De fato, podemos ser intensamente felizes mesmo quando padecemos algumas dores físicas; e vice-versa: podemos estar em perfeita saúde, mas ser infelizes a ponto de desejar a morte…
A esta altura, podemos dar-nos conta da razão pela qual os instintos não terem uma auto-regulação no homem tal como nos animais. Porque o homem, e só ele, tem inteligência para entender se, quando e em que medida deve satisfazer os seus impulsos –, e a vontade para agir em consequência, realizando o seu bem.
Portanto, o homem, se quer ser tal, deve saber regular por si próprio, mediante a inteligência e a vontade, os instintos, que, de outro modo, se desgovernariam; e não só os instintos, mas também as paixões, a memória, a fantasia: em uma palavra, todas as outras faculdades. Caso contrário, será dominado por elas.
Só assim se realizará em plenitude como ser livre, por ser verdadeiramente dono de si em todas as suas dimensões. Desta ordem interior derivarão a autonomia, a unidade e a harmonia de todo o seu ser “corpo espiritualizado” ou “espírito corporificado” que constituem o objetivo de todo o itinerário educativo humano.
A Sexualidade
Mas o ser humano não termina aí. O ser humano é sexuado. Existe, de fato, em duas versões: masculino e feminino. Por quê? O que mudaria se não fosse sexuado? Interroguemos a Biologia.
Como é sabido, no núcleo das células humanas estão presentes 46 cromossomos, os depositários de todos os caracteres genéticos do indivíduo: 23 provenientes do pai e 23 da mãe. Entre eles, há dois cromossomos especiais, os do sexo: XX para a mulher e XY para o homem. Pois bem, estes cromossomos do sexo encontram-se em todas as células – e são 300 trilhões! – do corpo humano: nas da pele, dos músculos, do cérebro, dos olhos, e assim por diante. Em suma, todo o corpo é sexuado. Mas vimos antes que, no homem, corpo e espírito estão indissoluvelmente unidos (não existe ação material, por mais elementar que seja, que não envolva, em alguma medida, também as faculdades superiores; assim como não existe pensamento, por mais elevado que seja, que não se exprima através da corporeidade): portanto, daqui resulta que a sexualidade é uma dimensão do ser humano como um todo.
Assim, ensinar educação sexual não significa só dar informações sobre a anatomia e o uso dos genitais, mas educar o homem na sua integridade, isto é, educar, além da sua corporeidade, também a sua afetividade, inteligência e vontade.
Dimensão individual da sexualidade
A presença dos cromossomos XY no homem e XX na mulher é responsável pela existência, dentro deles, dos caracteres sexuais primários e secundários.
Por caracteres sexuais primários, entendem-se os aparelhos reprodutores masculino e feminino.
Os caracteres sexuais primários são diretamente determinados pelos genes, ou melhor, pelos cromossomos do sexo, e, portanto, estão presentes e evidentes já desde o início, nos primeiros tempos do desenvolvimento embrionário.
Os caracteres secundários, por sua vez, são induzidos pelos hormônios secretados, respectivamente, pelos aparelhos masculino e feminino; e, como os hormônios entram em circulação só a partir da puberdade, só fazem a sua aparição nessa época. Compreendem aquela bagagem de características que contribuem para distinguir de modo especial o homem da mulher: a estatura, o timbre da voz, a constituição óssea (costas largas e quadril estreito, no homem; costas estreitas e quadril largo na mulher), a quantidade e a distribuição da pelugem, o desenvolvimento maior ou menor das glândulas mamárias, a quantidade e a distribuição da gordura subcutânea, da qual deriva a silhueta, mais linear no homem, mais curvilínea na mulher. Mas, como no ser humano corpo e psique são um todo unitário, existem também alguns caracteres sexuais secundários psíquicos que completam a dimensão pessoal da sexualidade.
Sem querer catalogar ninguém de maneira rígida, é, no entanto, bem evidente que há características mais propriamente masculinas e outras mais femininas. Por exemplo, o homem é mais realista e imediato, vai ao essencial (linear!…), é mais empreendedor e toma mais a iniciativa, o que o leva a “ir em direção a” (também fisicamente, na relação sexual); vive melhor a fortaleza como afirmação do positivo e tem um tipo de inteligência mais racional, no sentido de que, se vê um problema, dá pequenos passos lógicos, em rigorosa sucessão, na direção do problema, até que chega à solução.
A mulher, por sua vez, é mais sensível e imaginosa (curvilínea!…), atenta ao detalhe, mais paciente, feita para o “acolhimento” (também fisicamente…); vive melhor a fortaleza como resistência ao negativo e tem um tipo de inteligência predominantemente intuitivo, no sentido que, com uma visão de conjunto, abarca o problema e chega rapidamente à solução, talvez sem a mínima ideia sobre como chegou até ali.
Portanto, o homem e a mulher são diversos não só fisicamente, mas também no modo de ser, de pensar e de relacionar-se com o ambiente circunstante. Mas não se trata de uma diversidade casual.
De fato, salta aos olhos que os dois sexos são complementares, tanto no plano físico como no psicológico: cada um dos dois tem e é o que o outro não tem e não é. Nasce, assim, um impulso recíproco irresistível de ir um ao encontro do outro.Mesmo sendo cada um deles um indivíduo completo, no sentido de que poderia muito bem viver só, é até por demais evidente que, postos juntos, formam uma unidade de ordem superior, o casal, completando-se um ao outro.
Agora, pois, podemos finalmente responder à pergunta que formulávamos no início: o que mudaria se o ser humano não fosse sexuado? Cada um estaria fechado em si mesmo, isolado na sua total autossuficiência, e viria a faltar, portanto, o impulso poderoso ao “relacionamento”.
Descobrimos, assim, que a sexualidade, além da dimensão individual, tem também uma outra dimensão: a conjugal.
O Pudor
Antes de passar ao casal, é preciso tomar em consideração um último componente do ser humano: o pudor.
Na cultura de hoje, parece algo ultrapassado, fora de moda…; basta-nos olhar ao nosso redor! O homem parece ter-se libertado de certos “tabus”, aceitáveis, no melhor dos casos, para as nossas avós… Vamos ver se isto é verdade.
Suponhamos que possuímos no nosso apartamento muitos objetos preciosos de grande valor. Deixaríamos o nosso apartamento desprotegido, de portas e janelas abertas, à mercê de estranhos, de modo que qualquer um que passasse levasse consigo uma parte dos nossos bens? Claro que não! Não só fecharíamos as portas e as janelas, como as dotaríamos de fechaduras e de alarmes. E seríamos nós que decidiríamos livremente que parte das nossas riquezas doadas e, em qualquer caso, só a quem considerássemos digno de recebê-las.
Bem, isso é o pudor: o guardião da nossa preciosa intimidade, isto é, de todo o conjunto de riquezas físicas e espirituais que caracterizam o ser humano e que somente podem ser doadas, nunca furtadas.
Claro, se no apartamento não sobrou nada de precioso porque, negligentemente, permitimos que se esvaziasse, deixando os bens ao alcance da mão de qualquer estranho, é óbvio que nessa situação qualquer proteção se tornaria supérflua e perderia sentido…
Eis por que, hoje, o pudor parece ter decaído e estar ultrapassado, quase como se fosse um fato cultural desligado da natureza do ser humano e conectado unicamente com fatores ambientais – as modas – que mudam com o tempo.
Poder-se-á objetar, neste ponto, que existem culturas em que – talvez justamente devido a fatores ambientais, como a alta temperatura – o sentido do pudor parece não estar muito presente, por exemplo em certas tribos africanas. Errado!
Há tribos em que os indivíduos, embora vivam nus ou quase, manifestam o seu pudor ruborizando-se violentamente e fugindo de ser tocados; e outras em que, se uma mulher é surpreendida nua por quem não tem esse direito, reage imediatamente cobrindo o rosto com as mãos. Sim, porque, se pensarmos bem, todos os corpos se assemelham, mas a parte absolutamente individual e irrepetível, através da qual se pode, portanto, ser reconhecido, é o rosto – e mais ainda os olhos–, que é o que melhor exprime a originalidade do ser de cada um.
Portanto, pode-se concluir daqui que o pudor, longe de ser uma postura acidental ou ultrapassada, é, pelo contrário, uma exigência profunda e universal da natureza humana, e que só o seu modo de se manifestar é que muda com as culturas ou com os fatores ambientais. Mas, para que hoje se recupere esse precioso componente do ser humano, é necessário voltar a tomar posse da própria intimidade, tomar consciência dela e cultivá-la como um bem de inestimável valor.
Dimensão conjugal da sexualidade
Podemos agora abordar o tema conjugal.
Do que acaba de ser exposto acerca da complementaridade dos dois sexos, derivam algumas conseqüências lógicas.
Antes de mais nada, que ao homem e à mulher cabem por natureza papéis diversos, mas complementares, que constituirão a origem e o fundamento dos sucessivos papéis paterno e materno. Tais papéis, enquanto estavelmente radicados na biologia e na psicologia do ser humano, não são um fato cultural, que se prenda com a época, a mentalidade ou os costumes, e, portanto, não são intercambiáveis arbitrariamente, como fruto de uma escolha individual.
O que muda com o tempo são as tarefas que o homem e a mulher são chamados a desempenhar nas diversas épocas históricas e nas diferentes sociedades, isto é, para dizê-lo de modo simples: muda a questão de determinar quem vai às compras ou acompanha as crianças à escola, quem cuida das contas a pagar ou das relações com o médico etc., aspectos todos que dependendo, esses sim, de fatores culturais, econômicos, sociológicos, ambientais, profissionais, organizativos ou, simplesmente, de conveniência individual e familiar, e também das aptidões pessoais.
A outra conseqüência está na absoluta paridade de dignidade do ser masculino e feminino, enquanto depositários, um e outro, de atributos, qualidades e prerrogativas de igual valor e, de qualquer modo, indispensáveis ao complemento do outro sexo. Mas atenção: paridade não significa igualdade. O valor e a dignidade são iguais, não os sexos, que – vale a pena insistir são diversos e complementares.
Então, que dizer de séculos, ou melhor, de milênios de machismo – no mundo ocidental, pelo menos – que mantiveram a mulher em estado de sujeição? Um abuso.
E que dizer de décadas de feminismo, não desse feminismo justo e sadio que ajudou a mulher a recuperar a consciência da sua dignidade, trazendo-a de volta ao mesmo nível do homem, mas, sim, daquele feminismo que tem pretendido substituir o homem, subjugando-o? Outro abuso.
Os dois sexos não são antagônicos, nem autorizam – não teria sentido – a competição entre eles. E nem mesmo é de pensar que, para realizar em plenitude o próprio sexo, seja necessário imitar o outro. Pelo contrário, podem ser de válida e preciosa ajuda um ao outro, na medida em que cada um continuar a ser ele próprio.
E assim se chega à praia serena da colaboração, onde cada qual, cônscio das suas prerrogativas insubstituíveis, olha o outro com gratidão e respeito, reconhecendo-o depositário de riquezas diversas, mas paritárias às próprias.
Aliás, a sociedade tem necessidade de ambos: são-lhe necessários, de fato, tanto o realismo e a essencialidade masculinos como a sensibilidade e a intuição femininas.
O artigo abaixo explica os mecanismos envolvidos na união sexual humana e não entra no mérito da moralidade dessa união.Trata-se de uma explicação não religiosa ( Nota do Blogueiro)
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Desejo sexual
A atividade sexual pode ser dividida em 3 fases: desejo, excitação e orgasmo. O desejo sexual do ser humano não é uma simples pulsão fisiológica, como é o caso da fome ou da sede ou como funciona nos animais.
O Desejo Sexual é um fenômeno subjetivo e comportamental extremamente complexo. Trata-se de uma atitude psíquica formada por três componentes principais; a biologia, a psicologia e a socialização. Todos três interagindo continuamente uns com os outros.
Desejo, impulso sexual e excitação são coisas distintas
O desejo sexual que se experimenta no corpo e que estimula a atividade sexual é o resultado da ativação das redes neurais do sistema nervoso central e será percebido pela pessoa como Impulso Sexual. (Trata-se de um aspecto predominantemente biológico do desejo sexual. De um modo geral o Impulso Sexual é a resposta corporal, neuro-psico-biológica da Excitação Sexual)
Esse Impulso Sexual corpóreo é fruto de processos neuro-endócrinos envolvendo hormônios e neurotransmissores, o qual permite à pessoa reconhecer essa pulsão.
A força e freqüência das manifestações desse Impulso Sexual aumentam muito após a puberdade e, em muitos casos, surge um certo desconforto na falta de oportunidade de ter a atividade sexual satisfeita. Esse Impulso Sexual tem força de atuação muito pessoal e diferente entre as pessoas.
A fase de excitação sexual é, basicamente, o preparo do organismo para o ato sexual.
Tanto o corpo da mulher, quanto do homem, passam por modificações fisiológicas durante a excitação sexual.
A diminuição ou falta desses fatores fisiológicos pode significar alguma dificuldade para a sexualidade.
Como acontece neurologicamente o Desejo Sexual
O Desejo Sexual é um “apetite” produzido pela estimulação de um sistema neurológico específico, o qual produz sensações específicas e suficientes para levar a pessoa à busca de experiência sexual ou a mostrar-se receptiva a ela. Tudo isso depende da ativação de um centro cerebral específico e constituído por dois setores distintos. Esses dois setores cerebrais são vinculados a dois importantes sistemas de neurotransmissores: um deles ativador do desejo e o outro, inibidor do mesmo.
Essa região sexual cerebral está interconectada a outros múltiplos centros neurais, fazendo com que o impulso sexual se integre à totalidade da experiência vivencial da pessoa. Esta “região sexual” do cérebro se localiza fundamentalmente no hipotálamo e se compõe de 2 grandes subgrupos de centros: os núcleos posteriores, que são os centros ativadores, e os núcleos ventro-mediais, que são os inibidores. Estes últimos teriam a função de frear a ação dos primeiros.
Quando este sistema sexual se ativa, surge na pessoa um estado de tensão que leva à necessidade sexual. Todo esse sistema sexual é de configuração arcaica no mundo animal, existindo também em outros vertebrados, e é responsável por um tipo de comportamento que assegura sobrevivência da espécie.
Os centros hipotalâmicos da sexualidade guardam estreita relação com os centros do prazer e da dor. Assim sendo quando o centro do desejo é estimulado, também se ativa o centro do prazer, e a pessoa experimenta sensações prazerosas. De forma contrária, em situações dolorosas, quando estaria ativado o centro da dor, haveria uma inibição do centro do desejo. Tal priorização é fundamental para que o indivíduo concentre toda sua energia para afastar-se da situação dolorosa, ao invés de distrair-se em atitudes sexuais.
Como acontece quimicamente o Desejo Sexual
Nos neurônios do centro do prazer existem receptores (neuroreceptores) específicos para compostos químicos produzidos pelas células cerebrais chamadas de endorfinas. Estas endorfinas têm uma composição química similar à da morfina e provocam, como a morfina, uma sensação de euforia, bem estar e alívio da dor.
Para se ter uma ideia, a ação analgésica das endorfinas é, aproximadamente, 200 vezes mais potente que a ação da própria morfina. Naturalmente, como se deduz, a liberação das endorfinas no Sistema Nervoso Central (SNC) estimula o centro do prazer e, ao mesmo tempo, inibe o centro da dor. Contrariamente, a estimulação do centro da dor inibe a produção de endorfinas.
Além do sistema de endorfinas, os hormônios também estão envolvidos na questão do desejo sexual. Nas mulheres a atração sexual e a receptividade dependem dos estrógenosmas, é a testosterona que estimula desejo sexual, tanto nos homens como nas mulheres. Este hormônio tem um papel fundamental no funcionamento dos centros sexuais. Há também uma substância liberada pelo hipotálamo, denominada “fator de liberação de LH”, (LH = hormônio luteinizante) que estimula o desejo sexual nas mulheres, mesmo na ausência de testosterona.
Além das endorfinas e dos hormônios, também estão envolvidos com o desejo sexual os neurotransmissores. Todos estes hormônios supracitados atuariam sobre substâncias cerebrais que promovem a transmissão dos estímulos nervosos, os chamados neurotransmissores. Entre eles os mais estudados são a dopamina, a qual exerce um efeito estimulante nos centros sexuais do cérebro, e a serotonina, que exerce um efeito contrário, ou seja, inibidor.
Nos homens, há um grande aumento do Desejo Sexual durante a puberdade, conseqüente ao expressivo aumento da concentração de testosterona (hormônio masculino).
Na idade adulta, de forma extremamente variável entre as diferentes pessoas, esse Desejo Sexual começa a declinar.
No amadurecimento do sexo masculino o Desejo Sexual vai, progressivamente, perdendo sua natureza impulsiva e instintiva e adquirindo, também progressivamente, um caráter afetivo, ou seja, vai deixando de ser uma atividade sensitiva para tornar-se uma atividade sentimental.
Essa sexualidade sentimental é, de fato, uma sexualidade diferenciada. Nesta situação o Desejo Sexual passa a ser comandado muito mais pela Motivação Sexual (afetiva) do que pelo Impulso Sexual (biológico) e, sendo assim, as circunstâncias capazes de influir na Motivação Sexual terão uma repercussão muito maior na sexualidade.
Com o envelhecimento há diminuição do Impulso Sexual, através do componente biológico do desejo sexual, mas também pode estar comprometido a Motivação e a Aspiração sexuais. Esta perda pode refletir um processo orgânico geral ou, muito comumente, uma perda na capacidade de sentir prazer (anedonia), sintoma habitual das depressões.
Causas Orgânicas para o Desejo Sexual Hipoativo ou seja, quando a libido diminui ou mesmo desaparece
– Função hipotalâmica-hipofisária anormal. Isso resulta na diminuição do Fator de Liberação de LH (hormônio luteinizante), com conseqüente diminuição de seu nível sérico e simultâneo aumento de prolactina. Este último um hormônio muito relacionado ao desinteresse sexual.
– Anomalias testiculares capazes de produzir uma diminuição de testosterona.
– Diminuição de testosterona ovariana e/ou supra-renal na mulher.
– Enfermidades sistêmicas, tais como a insuficiência renal crônica com conseqüente diminuição de gonadotrofinas, a cirrose hepática com a conseqüente atrofia testicular e transformação de androgênios em estrogênios, a Síndrome de Cushing, com a conseqüente diminuição de testosterona plasmática, a insuficiência supra-renal, o hipotiroidismo e as enfermidades debilitantes.
– Medicamentos e drogas. Nessa categoria dos agravantes da hipofunção sexual está o álcool, em primeiro lugar, os tranqüilizantes, os anti-hipertensivos, tais como a metildopa (Aldomet), reserpina, clortiazidas, clonidina, espironolactona, beta bloqueadores como o propranolol; os anti-depressivos, principalmente os tricíclicos, os inibidores da MAO e o carbonato de lítio, também a cimetidina (Tagamet), sulpirida, metoclopramida (Plasil), metronidazol (Flagil), a maconha, as anfetaminas (anorexígenos usados em regimes alimentares), a cocaína e o craque.
Causas Psicopatológicas para o Desejo Sexual Hipoativo
– Transtornos de Estresse
– Depressão
– Transtornos de Ansiedade (incluindo Pânico, Fobias, etc.)
A relação entre Depressão e alterações sexuais é conhecida há tempos, e entre essas alterações a mais comum é a diminuição do desejo sexual. Essa relação fica clara quando se percebe haver uma melhora do quadro sexual ao se tratar a depressão. Entre os pacientes deprimidos passa de 70% aqueles que se queixam de diminuição da libido.
Causas Psicológicas para o Desejo Sexual Hipoativo
– Valorização dos aspectos negativos da sexualidade
– Temor da intimidade
– Temor do compromisso ou gravidez
– Temor de obter um prazer “proibido e pecaminoso” ( O prazer sexual é uma linguagem, dom de Deus a serviço do fim último da união conjugal, no matrimônio, que aponta para a união do casal e a geração de vida! nota do Blogueiro )
– Temor de alguma represália pelo ato sexual
Causas Psicossociaiss para o Desejo Sexual Hipoativo
– Parceiro sexual insatisfatório
– Atividade sexual insatisfatória
– Excesso de preocupações com a vida em geral
– Excesso de preocupações em proporcionar prazer a(o) companheira(a)
Ballone GJ – Desejo Sexual – in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br
Quantas vezes já ouvimos dizer que é antinatural e inclusive perigoso “reprimir os impulsos sexuais “?
S. Lewis, homem de mente excepcional, esclareceu algo que é importante entender:
Quando você diz “não” e coloca limites a outros e a si mesmo; quando, por um conjunto de princípios, você escolhe rejeitar alguns dos desejos ou impulsos da sua própria natureza, não está em perigo de criar uma repressão, como se você fosse uma panela de pressão que está prestes a explodir.
O autor explica que você está apenas aprendendo a controlar sua “natureza” (no sentido do desejo natural), para poder orientar e dirigir todas as suas forças e energias a um só objetivo: amar e ser amado de verdade e para sempre.
O que Lewis diz sobre essa ideia de “repressão” que as pessoas repetem por aí?
“As pessoas muitas vezes não entendem o que a psicologia quer dizer com ‘repressão’. Ela nos ensinou que o sexo ‘reprimido’ é perigoso. Nesse caso, porém, ‘reprimido’ é um termo técnico: não significa ‘suprimido’ no sentido de ‘negado’ ou ‘proibido’. Um desejo ou pensamento reprimido é o que foi jogado para o fundo do subconsciente (em geral na infância) e só pode surgir na mente de forma disfarçada ou irreconhecível. Ao paciente, a sexualidade reprimida não parece nem mesmo ter relação com a sexualidade.
Quando um adolescente ou um adulto se empenha em resistir a um desejo consciente, não está lidando com a repressão nem corre o risco de a estar criando. Pelo contrário, os que tentam seriamente ser castos têm mais consciência de sua sexualidade e logo passam a conhecê-la melhor que qualquer outra pessoa.
A virtude – mesmo o esforço para alcançá-la – traz a luz; a libertinagem traz apenas brumas.” (“Cristianismo puro e simples”, Livro III, 5)
Dizer “não”, estabelecer limites claros, aprender a dominar seus impulsos, não é repressão, em absoluto.
Um exemplo pode nos ajudar a entender melhor todo este tema.
Seria “repressão” dominar um cavalo selvagem, colocar-lhe rédeas, para fazer dele um campeão nas corridas, saltos, e um fiel companheiro? Seria repressão colocar rédeas em sua própria natureza quando ela lhe pede para seguir seus impulsos?
Não dominar seus impulsos só o levará a arruinar sua vida e a de outros. O domínio pessoal, no entanto, levará você às grandes vitórias. Não vemos isso em tantos atletas que “se reprimem” para alcançar seus objetivos mais nobres?
Fonte: Opcion V
Não basta ter o sacramento, é preciso vivê-lo e colocá-lo em prática. Homem e mulher se unem sexualmente como uma celebração do amor entre eles, como uma coroação do amor expresso na vida, em companheirismo, em assumir, defender e tomar partido do que a outra pessoa está passando. A primeira palavra a tratarmos é celebração. Sim, o ato sexual dos cônjuges é a hora do júbilo por todo amor experimentado e proporcionado ao amado. Deve ser um momento de contentamento um com o outro, de felicidade, porque se pode contar com alguém que esteve ao seu lado e, principalmente, porque há alguém amado a quem você pode se doar.
A união conjugal tem de ser esse acontecimento de festejo pela amizade – a melhor amizade do mundo, diga-se de passagem – de um para com o outro, e não uma festa exterior, como nos moldes das comemorações visíveis, mas no coração dos esposos, que exultam de alegria, porque estão juntos no que já aconteceu e em tudo o que vier. É uma festa íntima.
Logo em seguida, vem a palavra cumplicidade. Essa palavra se aplica quando decidimos fazer parte da felicidade do outro e fazer de tudo para que ela aconteça. Quando se é mais que parceiro, mas um apoiador, aliado ativo, participante do que é projeto do outro e, porque não dizer, ser o melhor amigo.
E, por último, a palavra é reciprocidade. Ou seja, quando percebemos que o outro também está envolvido da mesma forma com a nossa felicidade. Se somente um dos cônjuges entender e estiver investindo na cumplicidade, em amar seu cônjuge, ainda não haverá tanta reciprocidade. É preciso haver participação mútua na vida do outro.
Na Palavra de Deus, quando Ele criou ambos, homem e mulher, Ele nos fez como um “auxílio” um para o outro. A esse respeito, vai dizer São João Paulo II: “o conceito de ‘auxílio’ exprime, também, essa reciprocidade na existência”
Entendemos, portanto, que, desde as pequenas coisas do dia a dia, como os afazeres do casal, a divisão de tarefas e os papéis de cada um, quando o casal se ajuda, quando ambos são solícitos um ao outro, quando demonstram interesse no par e, principalmente, quando ambos aprendem a encontrar satisfação pessoal em servir o amado, em fazer bem ao outro, a união íntima de marido e mulher se torna muito mais satisfatória. É a festa da amizade recíproca.
Trecho extraído do livro “Ato Conjugal – Beleza e transcendência”
A abordagem não é religiosa no sentido estrito do termo mas antropológica e sociológica.
Essa percepção não prejudica em hipótese nenhuma a reflexão, tem como pano de fundo a visão católica do homem e o questionamento da influência nefasta do feminismo no esvaziamento da virilidade masculina ( Não confundir virilidade com machismo, uma deformação dessa virilidade)
O Assunto é pertinente nestes dias de questionamento por parte de certas ideologias da natureza masculina e feminina e da inaceitável defesa da “ideologia do gênero” cada vez mais presente na sociedade.
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Por Roger Scruton
Traduzido por Andrea Patrícia
As feministas têm batido na mesma tecla em relação à posição das mulheres nas sociedades modernas. Mas e sobre os homens?
As mudanças radicais nos hábitos sexuais, padrões de trabalho e vida doméstica, viraram sua vida de cabeça para baixo. Os homens agora não encontram as mulheres como “sexo frágil”, mas como concorrentes de igualdade na esfera pública, a esfera onde os homens costumavam comandar. E na esfera privada, onde uma antiga divisão do trabalho dava orientação para aqueles que cruzassem seu limite, não há conhecimento sobre qual estratégia será a mais eficaz.
Gestos viris – abrir uma porta para uma mulher, ajudá-la num automóvel, carregar suas malas – podem desencadear rejeição ultrajante; mostra de riqueza, poder ou influência pode parecer ridícula para uma mulher que tem até mais do que ele; e o desaparecimento da modéstia feminina e da contenção sexual tornou difícil para um homem acreditar, quando uma mulher recua aos seus avanços, que ela faz isso como uma homenagem especial ao seu ‘poder’ masculino, ao invés de uma transação do dia-a-dia, em que ele, como a última, é dispensável.
A revolução sexual não é a única causa da confusão dos homens. Mudanças sociais, políticas e legais têm diminuído a esfera masculina até o ponto do desaparecimento,redefinindo toda a atividade em que os homens um dia provaram que eram indispensáveis, de modo que agora as mulheres podem fazer o trabalho também, ou pelo menos parecem fazê-lo.
As feministas têm farejado o orgulho masculino onde quer que ele tenha crescido e o arrancado impiedosamente. Sob pressão, a cultura moderna tem diminuído ou rejeitado tais virtudes masculinas como a coragem, tenacidade e bravura militar em favor dos hábitos mais suaves, mais “socialmente inclusivos”.
O advento da fertilização in vitro e a promessa de clonagem criam a impressão de que os homens não são nem mesmo necessários para a reprodução humana, enquanto o crescimento das famílias monoparentais – nas quais a mãe é o único adulto, e o Estado é muitas vezes o único provedor – fez com que a infância órfã de pai se tornasse uma opção cada vez mais comum.
Essas mudanças ameaçam fazer da masculinidade algo desnecessário, e agora muitas crianças já crescem sem reconhecer nenhuma fonte de amor, autoridade ou de orientação além da mãe, cujos homens vêm e vão como trabalhadores sazonais, vagando pelo reino matriarcal, sem perspectiva de uma posição permanente.
A infelicidade dos homens decorre diretamente do colapso de seu antigo papel social como protetores e provedores. Para as feministas, este antigo papel social era uma maneira de confinar as mulheres à família, onde elas não concorreriam pelos benefícios disponíveis lá fora. Sua destruição, elas afirmam, é, portanto, uma libertação não só das mulheres, mas dos homens, também, que agora podem escolher se querem afirmar-se na esfera pública, ou se, pelo contrário, querem ficar em casa com o bebê (que pode muito bem ser bebê de outro alguém). Esta é a idéia central do feminismo, que “os papéis de gênero” não são naturais, mas culturais, e que mudando tais papéis podemos derrubar velhas estruturas de poder e conseguir formas novas e mais criativas de ser.
O ponto de vista feminista é a ortodoxia em toda a academia norte-americana, e ele é a premissa de todo o pensamento jurídico e político entre a elite esquerdista, cujos dissidentes que se opõem colocam em perigo sua reputação ou carreiras. No entanto, uma onda de resistência a ela está ganhando força entre os antropólogos e sociobiólogos.
Típico é Lionel Tiger, que há três décadas inventou o termo “vínculo masculino” para designar algo que todos os homens precisam, e que poucos agora têm. Não foi uma convenção social que ditou o papel tradicional do homem e da mulher, Tiger sugere; em vez disso, os milhões de anos de evolução que formaram a nossa espécie fizeram-nos o que somos. Você pode fazer os homens fingirem ser menos dominantes e menos agressivos, você pode fazer com que eles finjam aceitar um papel submisso na vida doméstica e uma posição de dependência na sociedade. Mas, no fundo, no fluxo da vida instintiva que é a masculinidade em si, eles irão revoltar-se. A infelicidade dos homens, Tiger argumenta, vem deste profundo e inconfessado conflito entre faz-de-conta social e necessidade sexual. E quando a masculinidade finalmente explodir – como inevitavelmente acontecerá – será em formas distorcidas e perigosas, como as gangues de criminosos da cidade moderna ou a misoginia arrogante do malandro urbano.
Tiger vê o sexo como um fenômeno biológico, cuja profunda explicação reside na teoria da seleção sexual. Cada um de nós, ele acredita, age em obediência a uma estratégia integrada em nossos genes, que procuram a sua própria perpetuidade através do nosso comportamento sexual. Os genes de uma mulher, que é vulnerável no trabalho de parto e necessita de apoio durante os anos da educação infantil, chamam um companheiro que irá protegê-la e sua prole. Os genes de um homem exigem uma garantia de que as crianças que provê são suas, senão todo o seu trabalho é (do ponto de vista dos genes) desperdiçado. Assim, a própria natureza, trabalhando através de nossos genes, decreta uma divisão de papéis entre os sexos. Predispõe os homens para lutar por território, para proteger suas mulheres, para afastar rivais, e lutar por status e reconhecimento no mundo público – o mundo onde os homens combatem. Isso predispõe as mulheres a serem fiéis, privadas e dedicadas ao lar. Ambas as disposições envolvem o trabalho em longo prazo de estratégias genéticas – estratégias que não cabe a nós a mudar, já que somos o efeito e não a causa delas.
As feministas, obviamente, não terão nada disso. A Biologia pode certamente atribuir-nos um sexo, na forma deste ou daquele órgão. Mas muito mais importante do nosso sexo, elas dizem, é o nosso “gênero” – e gênero é uma construção cultural, não um fato biológico.
O termo “gênero” vem da gramática, onde é usado para distinguir os substantivos masculinos dos femininos. Ao importá-lo para a discussão do sexo, as feministas indicam que nossos papéis sexuais são fabricados e, portanto, maleáveis como a sintaxe. O gênero inclui os rituais, hábitos e imagens através dos quais nós representamos a nós mesmos aos outros como seres sexuais. Não se trata de sexo, mas da consciência do sexo. Até aqui, dizem as feministas, a “identidade de gênero” das mulheres é algo que os homens impuseram sobre elas. Chegou a hora das mulheres forjarem sua própria identidade de gênero, para refazer a sua sexualidade como uma esfera de liberdade, em vez de uma esfera de escravidão.
Levado ao extremo – e o feminismo leva tudo ao extremo – a teoria reduz o sexo a uma mera aparência, com o gênero como realidade. Se, depois de ter forjado sua verdadeira identidade de gênero, você encontra-se alojado no tipo errado do corpo, então é o corpo que tem de mudar. Se você acredita ser uma mulher, então você é uma mulher, não obstante o fato de você ter o corpo de um homem. Daí que os médicos, em vez de observar as operações de mudança de sexo como uma violação grosseira do corpo e, na verdade uma espécie de agressão, agora as homologa e, na Inglaterra, o Serviço Nacional de Saúde paga por elas. Gênero, na concepção radical que as feministas tem disso, começa a soar como uma perigosa fantasia, um pouco como as teorias de genética de Lysenko, o biólogo preferido de Stalin, que argumentou que características adquiridas poderiam ser herdadas, por isso o homem poderia moldar sua própria natureza, com plasticidade quase infinita. Talvez devamos substituir a velha pergunta que James Thurber colocou diante de nós no início da revolução sexual com um equivalente novo: não “O Sexo é Necessário?”, mas “O Gênero é possível?”
Em certa medida, no entanto, as feministas têm razão em distinguir sexo de gênero e dar a entender que somos livres para rever as nossas imagens do masculino e do feminino. Afinal, o argumento dos sociobiólogos descreve com precisão as semelhanças entre as pessoas e os macacos, mas ignora as diferenças. Animais na selva são escravos de seus genes. Os seres humanos na sociedade não são. Toda a questão da cultura é que ela nos faz algo mais do que criaturas de simples biologia e nos coloca no caminho para a auto-realização. Onde na sociobiologia está o ser, suas escolhas e sua realização? Certamente os sociobiólogos estão errados ao pensar que os nossos genes por si só determinam os papéis sexuais tradicionais.
Mas, assim como certamente as feministas estão erradas ao acreditar que estamos completamente livres da nossa natureza biológica e que os papéis sexuais tradicionais surgiram apenas a partir de uma luta social pelo poder em que os homens saíram vitoriosos e as mulheres foram escravizadas. Os papéis tradicionais existem, a fim de humanizar nossos genes e também para controlá-los. O masculino e o feminino eram ideais, através dos quais o animal foi transfigurado no pessoal. A moralidade sexual foi uma tentativa de transformar uma necessidade genética em uma relação pessoal. Ela já existia justamente para impedir os homens de dispersar suas sementes pela tribo, e para evitar que as mulheres aceitassem a riqueza e o poder, ao invés do amor, como o sinal para a reprodução. Foi a resposta cooperativa a um desejo profundo, tanto do homem quanto da mulher, para a “parceria”, que vai tornar a vida significativa.
Em outras palavras, homens e mulheres não são apenas organismos biológicos. Eles também são seres morais. A Biologia estabelece limites para o nosso comportamento, mas não determina isso. A arena formada por nossos instintos apenas define as possibilidades entre as quais temos de escolher se queremos ganhar o respeito, aceitação e amor um do outro.
Homens e mulheres moldaram-se não apenas com a finalidade de reprodução, mas a fim de trazer dignidade e bondade para as relações entre eles. Com esta finalidade, eles têm criado e recriado o masculino e o feminino, desde que eles perceberam que as relações entre os sexos devem ser concretizadas por meio de negociação e consenso, e não pela força. A diferença entre a moral tradicional e feminismo moderno é que a primeira pretende reforçar e humanizar a diferença entre os sexos, enquanto o segundo quer reduzir ou até mesmo aniquilá-la. Nesse sentido, o feminismo é realmente contra a natureza.
No entanto, ao mesmo tempo, o feminismo parece ser uma resposta inevitável para o colapso da moralidade sexual tradicional. As pessoas aceitam prontamente os papéis tradicionais quando a honra e a decência os sustentam. Mas por que as mulheres devem confiar nos homens, já que os homens são tão rápidos em descartar as suas obrigações? O casamento foi um dia permanente e seguro; ele oferecia a mulher status social e de proteção, muito tempo depois que ela deixasse de ser sexualmente atraente. E forneceu uma esfera na qual ela era dominante. O sacrifício que o casamento permanente exigiu dos homens tornou tolerável para mulheres o monopólio masculino sobre a esfera pública, na qual os homens competiam por dinheiro e recompensas sociais. Os dois sexos respeitavam o território do outro e reconheciam que cada um deve renunciar a algo para benefício mútuo. Agora que os homens, na esteira da revolução sexual se sentem livre para ser polígamo em série, as mulheres não têm mais um território seguro próprio. Elas não têm escolha, portanto, senão captar o que elas podem do território que um dia foi monopolizado pelos homens.
Foi uma das grandes descobertas da civilização a de que os homens não ganham a aceitação das mulheres pela exibição impetuosa de sua masculinidade em gestos agressivos e violentos. Mas eles ganham aceitação sendo cavalheiros. O cavalheiro não era uma pessoa com o gênero feminino e o sexo masculino. Ele era inteiramente um homem. Mas ele também era gentil em todos os sentidos desta palavra brilhante. Ele não era agressivo, mas corajoso, não possessivo, mas protetor, não agressivo com outros homens, mas ousado, calmo, e pronto para concordar com os termos. Ele era animado por um senso de honra, que significava assumir a responsabilidade por suas ações e proteger aqueles que dependiam dele. E o seu atributo mais importante era a lealdade, o que implicava que ele não iria negar as suas obrigações apenas porque ele estava em posição de lucrar com isso. Grande parte da raiva das mulheres com relação aos homens surgiu porque o ideal do cavalheiro está agora tão perto da extinção. O entretenimento popular tem apenas uma imagem da masculinidade para apresentar aos jovens: e é uma imagem de agressividade desenfreada, na qual armas automáticas desempenham um papel importante e em que a gentileza, sob qualquer forma aparece como uma fraqueza e não como uma força. Até que ponto isso é distante daqueles épicos do amor cortês, que colocaram em marcha uma tentativa européia de resgatar a masculinidade da biologia e remodelá-la como uma idéia moral, não precisa de elaboração.
Não foram apenas a classes superiores, que idealizaram a relação entre os sexos ou moralizaram seus papéis sociais. Na comunidade da classe trabalhadora a partir da qual a família de meu pai veio, a velha reciprocidade era parte da rotina da vida doméstica, encapsulada em mostras de reconhecida força masculina e feminina. Um desses era o ritual do envelope de salário da sexta-feira. Meu avô chegava em casa e colocava na mesa da cozinha o envelope fechado contendo o seu salário. Minha avó pegava o envelope e o esvaziava passando o conteúdo para sua carteira, devolvendo para meu avô duas moedas para ele beber. Meu avô, então, ir ao bar e bebia em um estado de auto-afirmação orgulhosa entre seus pares. Se as mulheres chegassem ao bar elas permaneciam na porta, comunicando-se através de um mensageiro com as salas cheias de fumo no interior, mas respeitando o limiar dessa arena masculina, como se fosse guardada por anjos.
O gesto do meu avô, quando ele colocava o envelope com o salário na mesa da cozinha, estava imbuído de uma graça peculiar: era um reconhecimento da importância da minha avó como uma mulher, do seu direito à sua consideração e do seu valor como mãe de suas crianças. Da mesma forma, a sua espera fora do bar até o momento final, quando ele estaria demasiado inconsciente para sofrer esta humilhação, antes de transportá-lo para casa num carrinho de mão, era um gesto repleto de consideração feminina. Era sua maneira de reconhecer a sua soberania inviolável como um assalariado e um homem.
Cortesia, boas maneiras, e fazer a corte eram muitas portas até a corte do amor, onde os seres humanos se moviam como em um desfile. Meus avós foram excluídos pelo seu modo de vida do proletariado de todas as outras formas de cortesia, razão pela qual esta era tão importante. Era a sua abertura para um encantamento que eles não poderiam obter de outra maneira. Meu avô tinha pouco de si para recomendar a minha avó, além de sua força, boa aparência e comportamento viril. Mas ele respeitava a mulher nela e desempenhou o papel de cavalheiro da melhor maneira possível, cada vez que ele a acompanhava para fora de casa. Daí a minha avó, que não gostavam dele intensamente, – pois ele era ignorante, complacente, e bêbado, e manteve-se entre o limiar de sua vida como um obstáculo inamovível para o avanço social – no entanto, o amava apaixonadamente como homem. Este amor não poderia ter durado se não fosse o mistério do gênero. A masculinidade do meu avô o separou de uma esfera de soberania própria, assim como a feminilidade da minha avó a protegia de sua agressividade. Tudo aquilo que eles conheciam como virtude havia sido aplicado a tarefa de permanecer de algum modo misterioso ao outro. E nisso eles foram bem sucedidos, como foram bem sucedidos em algumas coisas mais.
Uma divisão similar de esferas ocorreu em toda a sociedade, e em cada canto do globo. Mas o casamento era a sua instituição central, e o casamento dependia da fidelidade e da contenção sexual. Os casamentos não duraram apenas porque o divórcio era reprovado, mas também porque o casamento era precedido por um longo período de namoro, em que o amor e a confiança criavam raízes antes da experiência sexual. Este período de namoro era também o de exibição, no qual os homens mostravam sua masculinidade e as mulheres sua feminilidade. E é isso que queremos significa, ou deveria significar, a “construção social” do gênero. Por encenação, os dois parceiros preparavam-se para os seus papéis futuros, aprendendo a admirar e valorizar a separação de suas naturezas. O homem cortês deu glamour ao personagem masculino, assim como a mulher cortês deu mistério para o feminino. E algo desse glamour e mistério permaneceu depois, um tênue halo de encantamento que fez com que um encorajasse o outro ao distanciamento que ambos tanto admiravam.
O casamento não se limita a servir as estratégias reprodutivas dos nossos genes, que atendem a necessidade de reprodução da sociedade. Serve também o indivíduo em sua busca de uma vida e satisfação própria. Sua capacidade de ordenar e santificar o amor erótico vai além de qualquer coisa exigida pelos nossos genes. Como a nossa moralidade iluminista corretamente insiste, nós também somos seres livres, cuja experiência é completamente qualificada por nosso senso de valor moral. Nós não respondemos uns aos outros como animais, mas como pessoas, o que significa que, mesmo no desejo sexual, a liberdade de escolha é essencial ao objetivo. O objeto de desejo deve ser tratado, nas famosas palavras de Kant, não apenas como um meio, mas como um fim. Daí o verdadeiro desejo sexual é o desejo por uma pessoa, e não pelo sexo, concebido como um produto generalizado. Nós cercamos o ato sexual com restrições e proibições que não são de maneira alguma ditados pela espécie, precisamente de modo a concentrar os nossos pensamentos e desejos sobre o ser livre, ao invés de concentrar no mecanismo corporal. Nisto somos imensamente superiores aos nossos genes, cuja atitude em relação ao que está acontecendo é, por comparação, mera pornografia.
Mesmo quando a visão sacramental do casamento começou a minguar a humanidade ainda mantinha os sentimentos eróticos aparte, como as coisas demasiado íntimas para discussão pública, que só podem ser maculadas por sua exibição. A castidade, a modéstia, a vergonha e a paixão eram parte de um drama artificial, mas necessário. O erotismo foi idealizado a fim de que o casamento devesse perdurar. E o casamento, entendido como nossos pais e avós entendiam, era uma fonte de realização pessoal e a principal forma pela qual uma geração passou seu capital social e moral para a próxima.
Foi essa visão do casamento como um compromisso para a vida existencial, que estava por trás do processo de “construção de gênero” nos dias em que homens eram domados e as mulheres eram idealizadas. Se o casamento não é mais seguro, porém, as meninas são obrigadas a procurar outro lugar para a sua realização. E outro lugar significa a esfera pública – pois é uma área dominada por estranhos, com regras e procedimentos claros, na qual você pode se defender contra a exploração. A vantagem de habitar este espaço não precisa ser explicada a uma menina cuja mãe abandonada está sofrendo em seu quarto. Nem as suas experiências na escola ou faculdade irão ensiná-la sobre a confiança ou o respeito pelo personagem masculino. Suas aulas de educação sexual a ensinaram que os homens devem ser utilizados e descartados como os preservativos que os embrulham. E a ideologia feminista incentivou-a a pensar que só uma coisa importa – que é descobrir e realizar a sua verdadeira identidade de gênero, deixando de lado a falsa identidade de gênero que a “cultura patriarcal” tem impingido a ela. Assim como os meninos se tornam homens sem tornarem-se viris, as meninas se tornam mulheres sem tornarem-se femininas. A modéstia e castidade são descartadas como politicamente incorretas; e em cada esfera onde elas se deparam com os homens, as mulheres encontram-nos como concorrentes. A voz que acalmou a violência da masculinidade – ou seja, o chamado feminino para proteção – tem sido remetida ao silêncio.
Assim como as virtudes femininas existiam, a fim de tornar o homem gentil, a virilidade existia a fim de quebrar a reserva que fazia com que as mulheres retivessem seus favores até que a segurança estivesse à vista. No mundo do “sexo seguro”, os velhos hábitos parecem tediosos e redundantes. Em conseqüência, surgiu outro fenômeno marcante na América: a litigiosidade das mulheres para com os homens com quem elas dormiram. Parece que o consentimento, oferecido de modo livre e sem levar em conta as preliminares, uma vez assumido como indispensável, não é realmente consentimento e pode ser retirado com efeitos retroativos. As acusações de assédio ou até mesmo de “estupro no encontro” ficam sempre na reserva. O tapa na cara que é utilizado para limitar os avanços importunos é agora oferecido após o evento, e de forma muito mais letal – uma forma que não é mais privada, íntima e remediável, mas pública, regulamentada, e com a objetividade absoluta da lei. Você pode tomar isto como uma mostra de que o “sexo seguro” é realmente o sexo em sua forma mais perigosa. Talvez o casamento seja o único sexo seguro que nós conhecemos.
Quando Stalin impôs as teorias de Lysenko sobre a União Soviética como a base “científica” do seu esforço para remodelar a natureza humana e transformá-la no “Novo Homem Soviético”, a economia humana continuou escondida sob os imperativos loucos do Estado stalinista. E uma economia sexual paralela persiste na América moderna, que nenhum policiamento feminista ainda conseguiu eliminar. Os homens continuam tomando conta das coisas, e as mulheres continuam a postergar para os homens. As meninas ainda querem ser mães e obter um pai para seus filhos, os meninos ainda querem impressionar o sexo oposto com sua valentia e seu poder. As etapas para a consumação da atração podem ser curtas, mas são passos em que os papéis antigos e os antigos desejos pairam no limite das coisas.
Assim, não há nada mais interessante o antropólogo visitante que as palhaçadas dos estudantes universitários americanos: a menina que, no meio de alguma diatribe feminista de baixo calão, de repente, começa a enrubescer; ou o menino que, andando com sua namorada, estende um braço protegê-la. Os sociobiólogos nos dizem que esses gestos são ditados pela espécie. Devemos vê-los, sim, como revelações do senso moral. Eles são o sinal de que há realmente uma diferença entre o masculino e o feminino, para além da diferença entre o macho e a fêmea. Sem o masculino e o feminino, na verdade, o sexo perde seu significado.
E aqui, certamente, reside a nossa esperança para o futuro. Quando as mulheres forjam sua própria “identidade de gênero”, na forma como os feministas recomendam, elas deixam de ser atraentes para os homens – ou são atraentes apenas como objetos sexuais, e não como pessoas individuais. E quando os homens deixam de ser cavalheiros, eles deixam de ser atraentes para as mulheres. O companheirismo sexual então continua pelo mundo. Tudo o que se precisa para salvar os jovens dessa situação é que moralistas antiquados passem despercebidos pelas guardiãs feministas e sussurrem a verdade em ouvidos ansiosos e surpresos Na minha experiência, os jovens ouvem com suspiros de alívio que a revolução sexual pode ter sido um erro, que as mulheres estão autorizadas a ser modestas, e que os homens podem acertar o alvo ao serem cavalheiros.
E é isso que devemos esperar. Se somos seres livres, então é porque, ao contrário dos nossos genes, podemos ouvir a verdade e decidir o que fazer sobre isso.
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Notas da tradução:
(1) No original “harped and harpied”, um trocadilho impossível de traduzir. Harped é o mesmo que “bater na mesma tecla” e harpied é uma brincadeira com “ave de rapina”.
A busca pelo prazer parece ser o principal motor de muitas pessoas. Essa busca frenética pelo deleite sexual sem limites, da qual vários se tornam escravos e dependentes, começa com uma lacuna na educação, algo necessário para a maturidade, que é a aprendizagem sobre como lidar com os próprios impulsos.
O alerta é mundial. Um estudo realizado com 3,2 mil jovens de 13 a 17 anos de cinco países europeus (Bulgária, Chipre, Inglaterra, Itália e Noruega) mostrou que 28% das mulheres e 21% dos homens dizem ter sido objeto de abuso sexual.
Outro estudo realizado na Inglaterra com 700 adolescentes de 12 e 13 anos mostrou que um em cada 5 recebeu imagens pela internet que o chocou ou perturbou. Do total, 12% dos entrevistados admitiram participar de alguma forma em um vídeo de sexo explícito.
A mulher é a que mais sai perdendo. Na maior parte dos conteúdos ‘adultos’ disponíveis nas plataformas digitais, vence o conteúdo misógino e machista, em que homens obrigam as mulheres a posturas desprezíveis, segundo pesquisas internacionais, como a realizada na Universidade de Leicester, na Inglaterra, pela pesquisadora Heather Brunskell-Evans. Um relato nu e cru dessa realidade é descrito no livro recém-lançado nos Estados Unidos “Girls and Sex”, de Peggy Orenstein, feito a partir de entrevistas com 70 meninas, em que ela mostra como elas são instigadas pelos próprios colegas a se submeterem sexualmente – e postarem tudo nas redes sociais. E elas não têm recursos afetivos para lutar contra isso.
A solução mais aceita até agora, e citada nesses estudos, é a educação sexual que respeite o desenvolvimento emocional e psíquico de cada pessoa, que é diferente. A questão é como abordar o tema e identificar as fases. Nesse debate, considerar a pornografia como normal não tem sido a melhor saída.
A “educação” pela pornografia
A pornografia influencia na plasticidade do cérebro até formar um novo “mapa cerebral” e, por isso, a exposição ao material pornográfico na infância pode gerar consequências para toda a vida, explica o psiquiatra canadense Norman Doidge em um capítulo do livro “Os custos sociais da pornografia” (The Social Costs of Pornography: A Collection of Papers, editado por James R. Stoner e Donna M. Hughes). Isso acontece por uma série de fatores, como as características das imagens aliadas ao estado vulnerável do cérebro em momentos de excitação mental, e os mecanismos de recompensa fácil.
Segundo ele, a conexão rápida com a internet “satisfaz todos os pré-requisitos necessários para uma mudança neuroplástica”. Por isso, com a popularização das cenas eróticas, o que antes era considerada “pornografia suave” hoje nem mais é considerado pornográfico; e o que era “pornografia grave” é norma atual e tem uma tendência perigosa à violência e ao domínio sobre o outro.
No começo, descreve o psiquiatra, a pessoa sente repugnância a certas práticas e conteúdos. Com o tempo, se acostuma e procura doses cada vez mais fortes para alcançar os mesmos resultados. A consequência do consumo frequente seria a perda do prazer nas relações sexuais reais e sadias.
A “educação dos afetos”
O caminho para quebrar esse círculo vicioso que assalta os ambientes de crianças e jovens é complexo
A chave está em ajudar que as crianças desenvolvam a capacidade de dizer não aos impulsos que firam os direitos humanos próprios ou dos outros, ou ao menos que as levem por caminhos distintos da sua vontade. Explicando melhor: mesmo querendo passar no vestibular, por exemplo, um estudante pode passar horas perdendo tempo porque não é capaz de ir contra outros apelos que o impedem de estudar – ainda que seja muito inteligente e perceba a necessidade de estudar. Se ele não aprendeu, desde pequeno, a ter um domínio político sobre seus sentimentos – político, porque precisa também perceber o momento de relaxar – será refém deles e não alcançará seus objetivos – no caso, entrar na universidade. Esse exemplo pequeno pode ser reproduzido em outros âmbitos da vida.
Como os instintos básicos são fortes – comer, dormir, reproduzir -, as crianças aprendem a lidar com eles aos poucos, pelo conhecimento e exemplo de pessoas que ela admira e se espelha. A escola pode tentar suprir um ambiente familiar deficiente e, por outro lado, a família deve dar apoio quando a criança frequenta uma escola de ambiente hostil.
Não há respostas fáceis, para já, urge a discussão sobre o que seria uma educação sexual oportuna, que dê às crianças e aos jovens as armas que precisam para lidar de forma sadia com a própria afetividade.
Afetos sadios
Os impulsos humanos são controláveis se houver convicções firmes e um exercício constante para ser capaz de dizer “não” ao que pode causar dano. Confira algumas dicas para pais e escolas:
* É na infância que se aprende sobre o próprio valor. Por isso, é bom elogiar atos bons e nominar a sua conduta: “você foi muito valente”, “gostei muito da sua iniciativa”, “esta foi uma atitude muito generosa”.
* Levar a criança a estar segura do amor dos pais, mesmo com os seus erros e defeitos, fazendo-a perceber que pode se esforçar por melhorar.
* Motivá-la a controlar os impulsos: adiar um doce porque o irmão não pode comer, primeiro fazer a lição para depois brincar, etc.
* Ajudar que aceite a negativa para a compra de um brinquedo novo.
* Ensinar o real valor das coisas: as pessoas valem mais que as coisas.
* Ajudar a criança a interpretar as emoções alheias.
* Favorecer o auto conhecimento: quando está triste, alegre, com raiva, medo, entusiasmo, esperança.
* Ajudar a criança a administrar as próprias frustrações.
* Ensinar desde cedo sobre a vida moral e os valores: a justiça, a verdade, o bem, a compaixão.
* Ensinar a se posicionar com as opiniões que aprende na família.
* Ao corrigir, não ser rude e não humilhar a criança.
* Primeiro compreender e depois aconselhar ou repreender.
* Expressar a contrariedade em relação à atitude do filho e nunca à personalidade.
* Elogiar os atos verdadeiramente bons e não qualquer atitude.
* Não ser pais permissivos, que permitem tudo e, assim, criam filhos frágeis; e nem autoritários, que resulta em filhos submissos.
* Manter a harmonia conjugal para dar segurança afetiva aos filhos.
* Nunca banalizar os sentimentos da criança.
* Sempre ensinar em casa e na escola sobre o bem e o mal através de situações reais, filmes, livros, etc.
* Oportunizar a intimidade afetiva em casa, na família. Entrar em assuntos pessoais com respeito, acolhendo as emoções da criança.
* Ensinar sobre a resolução de conflitos, sobre saídas positivas para os problemas.
*O “não” educa: dizer por que a criança não deve fazer algo e estimular que ela escolha algumas coisas em detrimento de outras, posicionando-se afirmativa ou negativamente e fundamentando o seu pensamento.
* Colaborou: Lélia Cristina de Melo, formada em Psicologia pela PUCPR, Diretora de Formação e Divulgação do Colégio do Bosque Mananciais.