Agathe e Pierre, casados há 25 anos, encontram um desequilíbrio em sua vida conjugal, com uma diminuição do desejo nela e algumas falhas no caso dele. Por acordo mútuo, eles decidem ‘inovar’ vida sexual com o uso de ‘brinquedos eróticos’.
Esses objetos, que se tornaram tão populares agora, são anunciados e prometem maravilhas. No entanto, uma vez que a novidade é amortizada, entra um vazio que fica instalado, ainda mais desconfortável, e faz Agathe dizer: “Tenho a impressão de me perder cada vez mais e não sei o que fazer”. E tudo apesar do casal se entender muito bem e valorizar estar juntos.
O uso de brinquedos eróticos não é suficiente para criar desejo.
Os momentos de cansaço e estresse inerentes à vida cotidiana contribuem muitas vezes para a diminuição da expressão amorosa. No entanto, a vida amorosa é essencial para o bom funcionamento dos relacionamentos conjugais.
Às vezes, a criatividade ajuda a sair de uma rotina sem graça. Sem dúvida, é isso que muitas pessoas pensam, como Agathe e Pierre: com novas práticas, o casal certamente encontraria o prazer dos primeiros anos. No entanto, eles confundiram entusiasmo e desejo.
O uso de brinquedos eróticos e outras práticas não são suficientes para criar desejo. Buscar apenas a excitação sexual em si mesma objetifica o corpo do outro. Tanto mais quanto mais intensidade será sempre necessária para buscar a satisfação mínima que inevitavelmente será cada vez mais decepcionante.
Qualquer prazer que não carrega um significado espiritual (num sentido amplo) necessariamente leva ou a uma perda de desejo ou à dependência. É o sentido que damos aos gestos que os humaniza.
A técnica não substitui o dom de nós mesmos. Sim para a novidade, sim para a surpresa… mas não qualquer uma! E não em nenhum contexto!
Marie-Noël Florant