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A catedral de Buenos Aires se tornou o cenário de atos de violência perpetrados por manifestantes feministas na noite de 08/03.

Para comemorar o dia da mulher as feministas resolveram despejar o seu amor a Igreja. O confronto iniciou quando quatro ativistas com os rostos cobertos jogaram pedras e objetos cortantes na fachada da catedral argentina e acenderam uma fogueira diante da tela de proteção montada para evitar danos ao edifício.

Sob gritos de “Iglesia, basura, vos sos la dictadura” (“Igreja, lixo, vocês são a ditadura”), manifestantes também picharam a tela de proteção com frase como “aborto legal”. Desta vez, a imprensa que é sempre tão amiga foi hostilizada. Os jornalistas do Todo Noticias, Canal 26 e C5N foram agredidos sob a justificativa de que os meios de comunicação estariam a favor da Igreja.

Um jovem católico que levava uma bandeira da Santa Sé foi agredido e empurrado por algumas feministas. Devido a hostilidade do movimento, algumas manifestantes tentaram afasta-lo para legitimar o movimento de intolerância religiosa.

A polícia, que estava entre a tela de proteção e a igreja, interveio com bombas de gás lacrimogênio e realizou algumas detenções, além de ter apagado o fogo.

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No dia 15 de outubro, um pequeno grupo de cidadãos de Campinas se reuniu para uma tarefa de limpeza: apagar pichações que ensinavam a fazer um aborto.

Leiam o relato de Gabriel Vince, que organizou a ação. Espero que inspire outras pessoas a seguir este exemplo e agir.

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Uma das coisas que mais impressionam na esquerda radical é a militância pelo aborto e sua eficiência na lavagem cerebral de seus seguidores. Conseguir que dediquem tempo, recursos e, em alguns casos, a própria vida a uma causa que desafia a própria natureza é espantoso.

Em minha cidade, Campinas, membros de coletivos feministas espalharam pelas ruas pichações que orientavam às mulheres como fazer um aborto.

Dispostos entre as receitas de como assassinar crianças no ventre, slogans evocando sororidade. Ausente nos dicionários de língua portuguesa, mas corrente entre a militância, a palavra remete a uma espécie de pacto entre mulheres baseado na empatia e no companheirismo. Empatia, pelo dicionário Aurélio, é a “tendência para sentir o que sentiria, se estivesse em situação vivida por outra pessoa”. O sentimento de empatia permite que sintamos as dores do próximo como se fossem nossas. Podemos, então, assumir atitudes para diminui-las, como faríamos se fossemos nós os sofredores. É por meio da empatia que exercemos a caridade. A caridade entre a militância feminista se expressa pelo incentivo à morte.

Sabemos dos pesares e dificuldades que podem acometer mulheres grávidas: rejeição familiar, abandono do cônjuge, falta de recursos. Diante dessas dificuldades, oferecer dinheiro, lar e apoio não são alternativas. Para acabar com os percalços por que poderiam passar as futuras mães, o conselho é simples: acabe com a vida. Um bebê morto não te acordará a noite, não precisará de fraldas, não exigirá que você desista de ir a uma festa e nem que pare seus estudos por um tempo. A solução parece simples; caso esteja sem recursos, é muito provável que as ‘manas’ te emprestem, contanto que os use para comprar medicamentos abortivos. É óbvio que ninguém vai se oferecer para pagar seu pré-natal.

Elas provavelmente não irão te informar sobre os estudos que relacionam o abortamento à depressão, observada em 60% dos casos, segundo a pesquisadora Mariana Gondim Mariutti Zeferino, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, nem alertar para o fato de que mulheres que passam por um aborto induzido têm 44% mais chances de desenvolver câncer de mama do que aquelas que nunca passaram pelo procedimento. A aliança estabelecida não tem como fim a vida das mulheres, sua saúde e bem-estar futuros. As feministas se associam em razão de uma causa, não umas pelas outras como seres humanos que sentem dores recíprocas e se oferecem ajuda. Na moralidade da revolução, oferecer a pessoas desesperadas uma solução criminosa com conseqüências inestimáveis é empatia e companheirismo.

O ato

A idéia de fazer o ato para apagar as pichações surgiu uma semana antes, enquanto passava pelo Centro da cidade. Comuniquei alguns amigos do Facebook sobre a presença de dois desenhos que ensinavam sobre o uso correto de um medicamento abortivo, um remédio tarja preta utilizado no tratamento de úlceras.

O principal componente desse medicamento é o misoprostrol, substância responsável por bloquear a ação da progesterona, hormônio produzido pelo corpo feminino que estabiliza o revestimento do útero. O enfraquecimento do tecido provoca a interrupção do suprimento de sangue para o bebê. Durante a gestação, a respiração é realizada através do sistema circulatório. É por isso que, neste caso, o bebê morre sufocado. A segunda parte consiste na remoção física da criança. Para isso, o medicamento abortivo em questão provocará contrações, cólicas e forte sangramento no útero. Esses mecanismos forçam a eliminação dos restos mortais, posto que fragmentos remanescentes podem provocar infecção e hemorragias. Algumas mulheres podem apresentar sangramento por mais de 30 dias após o abortamento.

Para esse trabalho, contei com o apoio dos amigos Luis Fernando Waib, Aldo Siqueira e Cíntia Salles, que se despuseram a ajudar com a doação de tinta, pincéis e trabalho. Sábado (15), nos encontramos na Catedral Metropolitana de Campinas e partimos para os locais determinados. A primeira pichação estava a pouco menos de 100 metros e a outra foi desenhada nas paredes de uma igreja evangélica, ao lado do prédio da prefeitura municipal da cidade.

Enquanto pintávamos as paredes, fomos interrompidos por duas mulheres, que nos agradeceram. Uma delas, inclusive, indicou a localização de outras pichações de mesma natureza. Sua atitude não contraria o esperado. Segundo o Datafolha, 87% dos brasileiros consideram a prática do aborto “moralmente errada”; entre as mulheres, esse número é ainda maior, chegando a 90% para as que possuem 41 anos ou mais. A mesma pesquisa revelou que pais de meninas adolescentes apoiariam que elas “mantivessem a gravidez em qualquer situação”; entre as mães, o número salta para 88%, enquanto 20% dos pais recomendariam que ela “tivesse o filho e se casasse com o pai da criança”. No caso das mães, esse número cai para 10%. Apenas 1% das pessoas aconselharia o aborto em qualquer situação. Os dados nos permitem concluir que, mesmo em situações consideradas socialmente indesejáveis, o brasileiro médio, tido por machista, preferiria que sua filha adolescente e solteira mantivesse a criança, porque considera o aborto imoral, rejeitando-o em proporção semelhante ao roubo e à corrupção.

O que podemos concluir?

O feminismo é um movimento restrito e político, que não defende os direitos femininos e não representa o desejo da maioria das mulheres.

Diante dessas verdades, aconselho a todos que se opõem à cultura da morte que organizem atos semelhantes. Eles têm o apoio da população e, sobretudo, das mulheres. Nós somos a maioria.

Gabriel Vince

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A autora feminista Alice Walker influenciou toda uma geração de mulheres. Ela sempre defendeu a ideia que a maternidade era uma forma de escravidão. Mas uma mulher não acreditou nos escritos de Alice – sua própria filha, Rebecca, de 38 anos. Aqui a também autora Rebecca descreve como foi crescer como filha de um ícone cultural, e porque sente que é tão abençoada por ser o tipo de mulher que sua mãe detestava – uma mãe.

Um dia eu estava passando o aspirador de pó na casa quando meu filho entrou correndo no quarto. “Mamãe, mamãe, deixa eu te ajudar”, ele gritou. Suas pequeninas mãos envolveram meus joelhos e seus grandes olhos marrons estavam olhando para mim. Uma grande explosão de felicidade tomou conta do meu ser.

Eu amo o jeito como sua cabeça se aninha na dobra do meu pescoço. Eu amo o jeito como seu rosto se transforma numa máscara de ansiosa concentração quando eu o ajudo a aprender o alfabeto. Mas acima de tudo, eu simplesmente amo ouvir sua voz de criança me chamando: ‘Mamãe, mamãe.”

Isso me faz lembrar quão abençoada eu sou. A verdade é que eu quase perdi a chance de me tornar mãe, por ter ser criada por uma feminista fanática que me ensinou que a maternidade era a pior coisa que podia acontecer a uma mulher.

Veja, minha mãe me ensinou que as crianças escravizam as mulheres. Eu cresci acreditando que crianças eram somente um grande peso na vida, e que a idéia da maternidade ser capaz de lhe fazer totalmente feliz era uma completa ilusão, um conto de fadas.

Na verdade, ter um filho tem sido a experiência mais gratificante de toda a minha vida. Longe de me “escravizar”, o meu filho Tenzin, de três anos e , tem aberto o meu mundo. Meu único arrependimento é ter descoberto as alegrias da maternidade muito tarde. Venho tentando ter um segundo filho há dois anos, mas até agora sem sorte.


Eu fui criada para acreditar que mulheres precisam de um homens como um peixe precisa de uma bicicleta. Mas eu sinto fortemente que a criança precisa dos dois e o pensamento de criar Tenzin sem o meu companheiro Glen, 52, seria aterrorizador.

Como filha de pais separados, eu agora sinto muito bem as consequências dolorosas de ter sido criada naquelas circunstâncias. O feminismo tem muito o que responder pela degradação do homem e por encorajar as mulheres a buscar independência, qualquer que fosse o custo para as suas famílias.

Os princípios feministas da minha mãe influenciaram todos os aspectos da minha vida. Quando eu era criança pequena, eu não tinha permissão nem de brincar com bonecas ou qualquer brinquedo que poderia fazer surgir em mim o instinto maternal. Estava impregnado em mim que ser mãe, educar uma criança e ser dona de casa era uma forma de escravidão. De acordo com ela, ter uma carreira, viajar o mundo e ser independente era realmente o que importava.

Eu amo muito a minha mãe, mas eu não a vi nem falei mais com ela desde que engravidei. Ela nunca viu meu filho, seu único neto. Meu crime? Ousar questionar sua ideologia.

Bom, então que seja assim. Talvez minha mãe seja reverenciada por mulheres de todo o mundo – muitas até podem ter um trono para ela. Mas eu honestamente creio que é hora de quebrar o mito e revelar como era de fato crescer como uma criança fruto da revolução feminista.

Meus pais se conheceram e se apaixonaram em Mississippi durante o movimento dos direitos civis. Meu pai [Mel Leventhal] era um advogado brilhante, filho de uma família judia que fugiu do holocausto. Minha mãe era a empobrecida oitava filha de um casal de lavradores da Geórgia. Quando eles se casaram em 1967, casamentos multi-raciais ainda era ilegais em alguns estados.

Os primeiros anos da minha infância foram muito felizes, apesar de que meus pais eram terrivelmente ocupados, encorajando-me para que eu crescesse rápido. Eu tinha apenas um ano quando eu fui para a creche. Até me contaram que eles me fizeram caminhar pelas ruas até a escola.


Ironicamente, minha mãe tem a si mesma como uma grande mulher maternal. Por acreditar que as mulheres são esmagadas, ela fez campanha pelos direitos feministas por todo o mundo e levantou organizações para ajudar mulheres abandonadas na África – oferecendo a si mesma como uma figura de mãe.Quando eu tinha oito, meus pais se divorciaram. Desde então eu estava entre dois mundos – a comunidade branca, rica, muito conservadora e tradicional de um subúrbio em Nova York, e a comunidade multi-racional progressista da minha mãe na Califórnia. Eu ficava dois anos com cada um – um jeito bem esquisito de fazer as coisas.

Mas, apesar dela ter cuidado de filhas por todo o mundo e ser altamente reverenciada pelo seu serviço e trabalho público, minha infância conta uma historia bem diferente. Eu estava entre uma de suas últimas prioridades – depois do trabalho, da integridade política, auto-satisfação, amigos, vida espiritual, fama e viagens.

Minha mãe sempre fazia o que ela queria – por exemplo, tirar dois meses de férias na Grécia durante o verão, me deixando com parentes quando eu era adolescente. Isso era independência ou simplesmente egoísmo?

Eu tinha 16 anos quando eu encontrei um poema, agora famoso, que me comparava com as diversas calamidades que atrapalhavam e impediam a vida de outras mulheres escritoras. Virginia Woolf era mentalmente doente e os Brontes morreram prematuramente. Minha mãe me tinha como uma “deleitosa distração’, mas ainda assim eu era uma calamidade. Aquilo foi um grande choque para mim, e muito irritante.

De acordo com a ideologia estritamente feminista dos anos ‘70, as mulheres eram primeiramente irmãs, e minha mãe escolheu me ter como sua irmã, em vez de sua filha. A partir dos meus 13 anos, eu passei a ficar vários dias sozinha enquanto minha mãe se retirava para trabalhar em seu escritório, a umas 100 milhas de distância. Ela me deixava dinheiro para comprar minha própria comida, e eu vivia uma dieta de fast food.

Irmãs juntas

Uma vizinha, não muito mais velha que eu, foi encarregada de tomar conta de mim. Eu nunca reclamei. Eu via como obrigação – meu trabalho – proteger minha mãe e nunca a distrair dos seus escritos. Nunca passou pela minha cabeça dizer que eu precisava de um pouco de seu tempo e de sua atenção.

Quando me batiam na escola – acusada de ser esnobe por ter a pele um pouco mais clara que a de minhas colegas negras – eu sempre dizia para minha mãe que tudo estava bem, que eu tinha ganho a briga. Eu não queria preocupá-la.

Mas a verdade é que eu era muito solitária e, com o conhecimento da minha mãe, eu comecei a ter relações sexuais com 13 anos. Eu acho que foi um alivio para a minha mãe, já que isso significava que eu demandaria menos atenção dela. E ela sentiu que ser sexualmente ativa me dava poder porque isso significava que eu estava no controle do meu corpo.

Agora eu simplesmente não entendo como ela pôde ser tão permissiva. Eu mal quero deixar meu filho sair de casa para um encontro com amigos e deixá-lo dormir por aí sozinho fora de casa, sendo ele ainda um garoto que acabou de sair da escola fundamental.

Uma boa mãe é atenta, coloca limites e faz o mundo ser mais seguro para a criança. Mas minha mãe não fez nenhuma destas coisas, Embora estivesse usando a pílula – algo que eu arrumei aos 13 visitando o médico com minha melhor amiga – fiquei grávida aos 14. Eu organizei um aborto sozinha. Agora eu me estremeço com essa lembrança. Eu era apenas uma pequena menina. Não me lembro da minha mãe ter ficado assustada ou triste. Ela tentou apoiar, me acompanhando com seu namorado.

Mesmo acreditando que o aborto naquele momento era a decisão certa para mim, as consequências me assombraram por décadas. Tirou minha auto-confiança e, até ter tido meu filho Tenzin, eu estava aterrorizada com a idéia de que eu nunca conseguiria ter um bebê pelo que eu fiz com a criança que eu destruí. Pois é simplesmente errado o que as feministas dizem, que o aborto não tem consequências.

Quando criança, eu estava terrivelmente confusa, porque enquanto eu estava me alimentando de uma mensagem fortemente feminista, eu na verdade desejava uma mãe tradicional. A segunda esposa do meu pai, Judy, era uma amável dona de cada com cinco crianças que ela amava loucamente.

Sempre tinha comida na geladeira e ela fazia tudo o que minha mãe não fazia, como ir aos eventos da escola, tirar mil fotografais e dizer às suas crianças a cada momento quão maravilhosas elas eram.


Minha mãe estava no pólo oposto. Ela nunca veio em nenhum evento da escola, ela nunca comprou nenhuma roupa para mim, ela sequer me ajudou a comprar meu primeiro sutiã – uma amiga foi paga para ir comprar comigo. Se eu precisava de ajuda com minha tarefa escolar, perguntava para o namorado da minha mãe.

Mudar de uma casa para a outra era terrível. Na casa do meu pai eu me sentia bem mais cuidada. Mas, se eu dissesse para minha mãe que eu tinha passado bons momentos com a Judy, ela me olhava desconsolada – fazendo-me sentir que, ao invés dela, eu estava escolhendo esta mulher branca e privilegiada. Fui ensinada a sentir que tinha que escolher um esquema de idéias, acima de outro.

Quando cheguei na casa dos 20 anos e senti pela primeira vez um desejo de ser mãe, fiquei totalmente confusa. Eu podia sentir meu relógio biológico fazendo tic-tac, mas eu sentia que, se eu o escutasse, eu estaria traindo minha mãe e tudo o que ela tinha me ensinado.

Eu tentei tirar isso da cabeça, mas durante os dez anos seguintes o desejo ficou mais intenso, e quando eu conheci o Glen, um professor, numa conferência há 5 anos atrás, eu sabia que eu tinha encontrado o homem com o qual eu queria ter um bebê. Ele é gentil, carinhoso, me apóia em tudo e, como eu soube que seria, ele é o mais maravilhoso dos pais.

Mesmo sabendo o que minha mãe sentia por bebês, eu ainda tinha esperança que quando eu lhe contasse que estava grávida, ela ficaria alegre por mim.

Mãe, estou grávida

Em vez disso, quando eu liguei para ela numa manhã de primavera de 2004, enquanto eu estava em uma de suas casas cuidando dos afazeres domésticos, e lhe contei minha novidade, e que nunca tinha estado tão feliz, ela silenciou. Tudo o que ela pôde dizer é que estava chocada. Ela então perguntou se eu poderia cuidar do jardim. Eu desliguei o telefone e chorei convulsivamente – ela tinha se recusado a dar sua aprovação com a intenção de me machucar. Qual mãe amorosa faria isso?

O pior ainda estava por vir. Minha mãe se ofendeu com uma entrevista na qual eu mencionei que meus pais não me protegiam nem se preocupavam comigo. Ela me mandou um e-mail ameaçando minar minha reputação como escritora. Eu não podia acreditar que ela seria capaz de ser tão ofensiva – particularmente quando estava grávida.

Devastada, eu lhe pedi que se desculpasse e reconhecesse o quanto ela tinha me machucado durante os anos com negligência, não me dando afeto e me culpando por coisas que eu não tinha controle – o fato de ser fruto de uma mistura de duas raças, de ter um pai rico, branco e profissional e até mesmo pelo simples fato de ter nascido.

Mas ela não voltou atrás. Em vez disso, ela me escreveu uma carta dizendo que nossa relação foi, durante muitos anos, inconseqüente, e que ela não estava mais interessada em ser minha mãe. Ela até assinou a carta com o seu primeiro nome, em vez de “mãe”.

Isso tudo foi um mês antes do nascimento de Tenzin, em Dezembro de 2004, e eu não tive contato com minha mãe deste então. Ela não fez contato nem quando ele foi levado para a unidade de terapia intensiva infantil, depois de ter nascido com dificuldades respiratórias.

E eu até ouvi falar que minha mãe me cortou de seu testamento em favor de um dos primos. Eu me sinto terrivelmente triste – minha mãe está perdendo uma grande oportunidade de estar junto de sua família. Mas eu também estou aliviada. Diferente da maioria das mães, a minha nunca teve orgulho das minhas conquistas. Ela sempre teve uma estranha competitividade que a levou a me inferiorizar em quase todos os momentos.

Quando eu entrei na Universidade de Yale – uma grande conquista – ela me perguntou porque raios eu gostaria de ser educada numa universidade ícone da masculinidade. Sempre que eu publicava algo, ela queria escrever a versão dela, tentando eclipsar a minha. Quando eu escrevi minha memória, “Negra, branca e Judia”, minha mãe insistiu em publicar a sua versão. Ela acha impossível estar fora do palco das celebridades, o qual é extremadamente irônico à luz da sua visão de que todas as mulheres são irmãs e deveriam apoiar uma às outras.

Já se passaram quase quatro anos desde o último contato com minha mãe, mas é para o melhor – não somente para a minha auto-proteção mas para o bem estar de meu filho. Eu fiz de tudo para ser uma filha leal, amorosa, mas eu não posso mais deixar que essa relação venenosa destrua a minha vida.

Eu sei que muitas mulheres estão chocadas pela minhas opiniões. Elas esperam que a filha de Alice Walkerdê uma mensagem bem diferente. Sim, sem dúvida o feminismo deu oportunidades para as mulheres. Ajudou a abrir as portas para nós em escolas, universidades e nos locais de trabalho. Mas, e os problemas que foram causou às minhas contemporâneas?

E as crianças?

A facilidade com que as pessoas se divorciam hoje em dia não leva em conta o prejuízo sofrido pela criança. Isso tudo é uma parte da incompleta empresa feminista.

E depois tem a questão de não ter criança. Até hoje, eu encontro mulheres nos seus 30 anos que estão em dúvida sobre ter uma família. Elas dizem coisas do tipo: “eu gostaria de ter uma criança. Se isso acontecer, aconteceu”. Eu digo para elas: “Vá para casa e se esforce nisso, porque sua janela de oportunidades é muito pequena”. Como eu sei muito bem.

Aí eu encontro mulheres nos seus 40 e poucos anos que estão devastadas porque gastaram duas décadas trabalhando num PhD ou se tornando sócia numa firma de advocacia, e perderam a chance de ter uma família. Graças ao movimento feminista, elas subestimaram os seus relógios biológicos. Elas perderam a oportunidade e estão lamentando.

O feminismo levou toda uma geração de mulheres a uma vida sem crianças. Isso é devastador.

Mas longe de tomar a responsabilidade por qualquer uma destas coisas, as líderes dos movimentos de mulheres se fecham contra qualquer um que ouse questioná-las – como eu aprendi com muito custo. Eu não quero machucar minha mãe, mas eu não posso ficar calada. Eu acredito que o feminismo é um experimento, e todo experimento precisa ser avaliado pelos seus resultados. E então, quando você vê os enormes erros que custaram, você precisa fazer alterações.

Eu espero que minha mãe e eu nos reconciliemos um dia. Tenzin merece ter uma avó. Mas eu estou simplesmente muito aliviada por meus pontos de vista não estarem mais sendo influenciados pela minha mãe.

Eu tenho minha própria feminilidade, e descobri o que realmente importa – uma família feliz.

– Rebecca Walker, “How my mother’s fanatical views tore us apart”, Mail Online, 23.05.2008. Fonte:http://www.dailymail.co.uk/femail/article-1021293/How-mothers-fanatical-feminist-views-tore-apart-daughter-The-Color-Purple-author.html
– Traduzido por Julie Maria (http://sexualidadehumana.wordpress.com), com revisão de Daniel Pinheiro: http://pretaegorda.wix.com/blogpretaegorda#Como-o-feminismo-da-minha-m%E3e-nos-dividiu/cmbz/577883380cf2f8d6d1134971

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Os estupros, inclusive os “coletivos”, fazem parte quase “corriqueira”, há vários anos, das notícias internacionais sobre países como a Índia e dezenas de nações da África.

O fenômeno pavoroso do estupro também grassa em países considerados desenvolvidos: nos Estados Unidos, por exemplo, gerou intensa comoção nacional o recente julgamento do jovem Brock Turner (foto), que estuprou uma jovem estudante inconsciente no campus da Universidade de Stanford.

Vamos começar por este caso e por uma constatação óbvia.

O que Brock Turner fez, mesmo para quem não acredita em Deus nem aceita a noção de pecado, pode ser entendido com relativa facilidade como um ato de pecado: ele tratou um ser humano como coisa.

Por meio do personagem Granny Weatherwax, do seu romance “Carpe Jugulum”, o escritor Terry Pratchett reflete:

– E o pecado, meu jovem, é quando você trata pessoas como coisas. Incluindo a si mesmo. Isto é o pecado.
– É muito mais complicado que isso…
– Não. Não é. Quando as pessoas dizem que as coisas são muito mais complicadas, é sinal de que elas estão preocupadas com o risco de não gostarem da verdade. Pessoas reduzidas a coisas: é aí que tudo começa.
– Ah, mas eu tenho certeza de que existem crimes piores.
– Mas eles sempre começam quando se pensa nas pessoas como coisas.

Terry Pratchett é ateu declarado. Mesmo assim, ele aceitou a noção de pecado e identificou um dos seus aspectos mais precisos.

O jovem Brock Turner apresentou a si mesmo como “vítima da cultura da festa em Stanford”, cultura essa que o teria levado a ver uma pessoa como coisa e a usá-la de forma criminosa.

O pai de Brock, Dan A. Turner, realçou a raiz desse pecado ao revelar que ele também via não só a vítima como coisa, mas ainda ao próprio filho como coisa; uma coisa que pertencia a ele e que, portanto, devia ser tratada com cuidado apesar daquele “ato de 20 minutos” – ele se referia a nada menos que o estupro.

“A vida dele (do filho) nunca mais vai ser a que ele sonhou e trabalhou tão duro para conseguir”, escreveu Dan Turner, argumentando que o rapaz deveria receber liberdade condicional. “(A prisão) é um preço alto demais por um ato de 20 minutos em seus 20 anos de vida”.

Uma das razões que levou o caso a chamar a atenção mundial foi que, depois de um júri condenar Brock Turner por seus crimes, o juiz Aaron Persky, citando a idade do rapaz e a sua falta de antecedentes criminais, concedeu-lhe uma sentença considerada branda, de seis meses na cadeia local, porque “a pena de prisão teria um impacto severo sobre ele (…) Eu acho que ele não vai ser um perigo para os outros”.

Acontece que Brock Turner já foi, claramente, um perigo para uma pessoa. Uma pessoa não é suficiente?

O juiz Aaron Persky também pecou. Ele não viu uma jovem mulher vitimada de maneira tremendamente indigna pelas mãos de Brock Turner. Ele viu um número. Ele viu um dado de vitimização criminal. Sua sentença não esteve em sintonia com uma pessoa, mas com uma coisa.

Há nesta história muitas manifestações do fenômeno que nos leva a ver pessoas como coisas, mas isto não deve surpreender-nos: é a tendência social. As faculdades veem os potenciais alunos como coisas, como números que vão satisfazer as suas várias cotas de necessidades: as coisas-atletas, as coisas-fêmeas, as coisas-minorias. A sociedade incentiva as mesmas polarizações: não incentiva que as pessoas vejam o próximo como um ser humano com dignidade intrínseca, e sim como uma coisa-gênero, uma coisa-mortadela, uma coisa-coxinha, uma coisa-número. As pessoas são vistas, largamente, como categorias às quais devemos opor-nos ou apoiar; como objetos a serem esmagados ou explorados. As crianças são induzidas a se tornarem coisas de sucesso mediante um sem-fim de atividades e treinamentos que as façam ser aceitas nas melhores escolas, círculos e empresas; que as transformem em coisas capazes de dar orgulho aos seus pais.

“Querido, querida, você pode ser qualquer coisa e conseguir tudo”: a esta narrativa, patentemente falsa, é preciso opor a eficácia do “não”: “Não, querido, não, querida, você não pode ser ‘qualquer coisa’ nem pode conseguir tudo. Mas pode conseguir a sua própria parcela de meios que ajudem você a ser a melhor pessoa que você pode e deve ser” – em relação ao seu próprio potencial e grandeza, não em comparação com a aparente grandeza e potencial dos outros.

A coisificação do outro é o exemplo mais gritante daquilo que nunca se pode “conseguir” como meio próprio. Até aprendermos isto de verdade, como sociedade, as “coisas” não tenderão a melhorar.

Mas há algo ainda mais básico a corrigirmos: a coisificação de nós mesmos. Se continuarmos alimentando o hábito de pensar em nós como meras coisas (e na humanidade como uma “coisa odiosa genérica” em vez de uma família de pessoas que precisam ser ajudadas na sua realização pessoal plena), a mudança será muito mais difícil.

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Adaptado do texto de Elizabeth Scalia Brock Turner, His Father, the Judge and the ThingVictim,  via Aleteia

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Atenção: A postagem não é política e não tem nada a ver com apoio a Temer. A Análise do artigo parte da notícia da Revista Veja mas faz uma reflexão sobre as ideologias, especialmente o feminismo. Ou seja, O Problema não está na esposa do vice presidente, mas nos valores intrínsecos nas palavras” Bela, recatada e do lar” que ofendem as feministas e sua reduzida e pobre percepção da mulher moderna.

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Em fevereiro deste ano, a Revista Veja (foto abaixo) trouxe na matéria de capa o tema “gênero neutro”, sobre pessoas que se identificam nem como meninos nem como meninas – e escrevem alunx, amigue etc. As personagens principais eram duas adolescentes; uma lésbica e uma bissexual. Ambas diziam ter a “sexualidade fluída”, ou seja, admitiam a possibilidade de suas preferências sexuais mudarem ao longo da vida.

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A chamada da capa sugeria um padrão comportamental para a nova geração de jovens, a chamada “geração Z”.

E aí, como a mulherada reagiu? Teve hashtag irônica nas redes sociais… Não?!? Textão no Facebook, das manas dizendo que uma revista de grande circulação não pode fazer apologia a um padrão de comportamento para a juventude… Não?!? Ué…

Três meses depois, a mesma revista publica uma matéria sobre a esposa do vice-presidente Michel Temer. O trecho que afirma que “Michel Temer é um homem de sorte” e o título “Marcela Temer: bela, recatada e “do lar” provocou o choro e o ranger de dentes das feministas. “Isso cria um estereótipo!”, esbravejam.

Deixem de bravata!

O modelo feminino que vigora hoje não valoriza e até mesmo menospreza a mulher “do lar”. Donas-de-casa, na maioria das vezes, são vistas como mulheres “sem profissão” e encostadas no marido. A mulher ideal dos nossos tempos é aquela que bate no peito pra dizer que ganha o próprio dinheiro e não precisa de homem pra nada. Tô mentindo?

Basta ver o perfil da maioria das nossas divas pop internacionais, que são o principal modelo das jovens, pra ver que o recato passa looooonge, e muitas delas nem mesmo querem se apresentar como bonitas: vendem a imagem de bizarras (Lady Gaga e Miley Cyrus) e devassas (Nicki Minaj). Por sua vez, Madonna, Britney, Hihanna, JLo e Beyoncé disputam nos red carpets da vida quem aparece mais pelada. Resultado: pergunte a uma menina ou adolescente o que ela deseja ser no futuro, e dificilmente ela falará que sonha em ser dona-de-casa.

Considere também a cansativa modinha de culto à imagem da pintora Frida Kahlo, que mantinha monocelha, bigode e sovaco peludo não por falta de gilette, mas pelo simples orgulho de ser jaburu. Ninguém dá piti quando a mídia exalta o seu casamento com Diego Rivera. Era uma história di amô taum linda, zênti, mas taaaaaaum linda, que a Frida até tentou se matar!

Frida é festejada como musa, mulher de verdade. Diego era 21 anos mais velho do que ela, mas a esquerdalha nunca chiou por isso. Por sua vez, Marcela é alvo de zombaria – inclusive por ter um marido bem mais velho. Por que a diferença de tratamento das irmãzinhas? Qual o critério que leva a endeusar uma e fazer da outra objeto de chacota? Já sei: Marcela, minha filha, tire esse sorriso maternal da cara, poste uma foto com pouca roupa no Instagram, vire uma baranga comunista e deprimida, e as miga vão te amar!

Para quem não notou, a matéria da Veja não foi nenhuma ode a Marcela – muito pelo contrário. O texto é propositalmente cafona e afetado, fazendo questão desfiar um vasto rol de peruagens e futilidades. Com que objetivo? Para despertar simpatia é que não poderia servir… O deboche é dissimulado. Não percebeu? Leia a matéria de novo.

Miga, sua louca, você não entendeu nada e deu chilique à toa! Serviu de inocente útil da esquerda, dando força para um movimento de mordaça , que achincalha todos aqueles que ousem exaltar o perfil de uma mulher “certinha”.

O QUE DIZ A BÍBLIA? O QUE DIZ O PAPA?

E as mulheres cristãs? Sob quais critérios podemos nos guiar para tomar posição nesse bafafá? Vamos olhar para as Escrituras e para as orientações do nosso Papa.

O texto de Provérbios 31 exalta a mulher que governa com eficiência a sua casa, que não é preguiçosa, que é caridosa com os pobres e abandonados, que fala coisas sábias e inteligentes, que tem o espírito forte.

É BELA? Talvez sim, talvez não… Isso não importa muito: “Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa sim será louvada” (Prov 31,30).

É RECATADA? Claro que sim! Não no sentido de ser retraída, mas no sentido de praticar a virtude da castidade. E esse recato se expressa também no cuidado com as roupas que ela veste: “Quero, do mesmo modo, que as mulheres se ataviem com traje decoroso, com modéstia e sobriedade…” (Timóteo 2,9). A postura oposta do recato é a indecência; não teria o menor cabimento a Bíblia aprovar esse tipo de coisa, né, gente?

É “DO LAR”? Sim, certamente é uma dona-de-casa muito dedicada! Ela prioriza o cuidado dos filhos e da casa. Mas também é possível que trabalhe fora, pois comercializa seu trabalho e traz rendimentos para a família: “Tece linha e o vende, fornece cintos ao mercador” (Prov 31,24).

Grande parte das mulheres católicas trabalha fora, como Santa Gianna Beretta, que era médica. Porém, temos que zelar para que o governo da nossa casa e a criação de nossos filhos não seja terceirizada. Como bem notou o Papa Francisco na sua última exortação apostólica, há muitos órfãos de pais vivos! Especialmente pela ausência da presença materna.

“O sentimento de ser órfãos, que hoje experimentam muitas crianças e jovens, é mais profundo do que pensamos. Hoje reconhecemos como plenamente legítimo, e até desejável, que as mulheres queiram estudar, trabalhar, desenvolver as suas capacidades e ter objetivos pessoais. Mas, ao mesmo tempo, não podemos ignorar a necessidade que as crianças têm da presença materna, especialmente nos primeiros meses de vida. (…) O enfraquecimento da presença materna, com as suas qualidades femininas, é um risco grave para a nossa terra.”

Papa Francisco. Amoris Laetitia

Crias de Marx fazem rebú quando alguém exalta a mulher “do lar”, porque é preciso que a mulher só se sinta poderosa e valorizada quando está “na rua”. E assim ele tende a ter menos filhos e a ficar menos tempo com eles. Uma família cada vez menor, com pais e mães que vivem mais na rua do que em casa, é mais fácil de ser esfacelada. No seu túmulo, o esqueleto da senhora Sartre deve estar sacolejando de júbilo!

“Não, eu não acredito que mulher alguma deva ter essa opção. Mulher alguma deveria ser autorizada a ficar em casa e cuidar dos seus filhos. A sociedade deveria ser totalmente diferente. As mulheres não deveriam ter essa opção precisamente porque se essa opção existir, demasiadas mulheres irão escolhê-la. Isto é uma forma de forçar as mulheres rumo a uma direção.”

Simone de Beauvoir, diálogo com Betty Friedan. Revista The Satuday Review, 1975

Essa Simone não era aquela mesma que pregava “que a liberdade seja a nossa própria substância”? Sim, mas desde que “liberdade” significasse seguir o seu modelo de vida e arrumar amantes menores de idade para o marido. Liberdade pra ser recatada e “do lar”? Jamé!

Você quer postar hashtag menosprezando o recato feminino e fazer papel de marionete pro fantasma dessa “fofa” marxista? É um direito seu. Eu tô fora.

Fonte: ocatequista.com.br

Bela_recatada_e_do_lar

Polêmica que causou alvoroço nas redes sociais é uma ótima oportunidade para refletirmos sobre os valores que temos transmitido aos nossos filhos.

Reportagem publicada esta semana na revista Veja causou alvoroço nas redes sociais, depois de descrever Marcela Temer, a esposa do vice-presidente da República, como uma mulher “bela, recatada e ‘do lar'”. Aparentemente, os adjetivos não foram bem aceitos pelo público na Internet. Alguns veículos de comunicação chamaram a matéria de “machista” e “intolerante”.

Agora abstraiam, por um momento, da figura de Marcela Temer, do conteúdo do artigo e de qualquer conotação política que ele tenha. O verdadeiro debate aqui é de natureza moral. Qual é, no fim das contas, o problema de uma mulher ser ou mesmo identificar-se como “recatada, modesta e do lar”? De onde surgem tantas reações negativas a esse perfil?

A resposta para essa pergunta deve ser encontrada no tsunami cultural que tem devastado o mundo todo, principalmente a partir da década de 70. Tudo começou com uma simples “onda” (alguns sutiãs queimados aqui, outros livros de protesto acolá), mas, graças à atuação da mídia, as coisas tomaram proporções catastróficas. Até algum tempo atrás, ser “bela, recatada e do lar” não só era uma característica comum às mulheres, como toda a sociedade estava projetada para formar as mulheres deste modo, seja dentro da família, seja dentro das escolas.“Modéstia”, “recato”, “pudor” e “maternidade” nem sempre foram xingamentos. Antes de as pessoas enlouquecerem, eram todas metas que os pais almejavam para a educação das suas filhas.Protestos para usar shortinho nas escolas eram impensáveis há alguns anos.

Por que o quadro social e familiar mudou tanto?

As feministas dirão que os tempos são outros, porque as mulheres se emanciparam. Os fatos mostram, no entanto, que os tempos são péssimos, porque as mulheres, na verdade, se deixaram manipular. E é fácil demonstrar como.

Olhemos, em primeiro lugar, para o que aconteceu esta semana nas redes. Não é curioso que os protestos ao perfil “bela, recatada e do lar” tenham viralizado com tanta rapidez, ganhando espaço até mesmo nos veículos informativos de grande circulação? — Vejam, dizem as notícias, trata-se de mulheres esclarecidas, que não se deixam enganar pelo discurso do patriarcado opressor e misógino! Elas resistem à manipulação! — A pergunta que deve ser feita é: que grande mérito existe em “resistir” a um discurso com o qual já ninguém está mais de acordo? Qual a grande coisa em criticar “vestidos na altura dos joelhos” quando quase nenhuma mulher os usa? O que há de “resistência” em falar mal das donas de casa, quando o que as mulheres querem é justamente ficar longe de casa? É muito fácil falar de “empoderamento” quando se é carregado pela correnteza de um rio. Só uma coisa verdadeiramente viva é capaz de nadar contra a corrente.

Dizendo mais claramente, não é preciso ter coragem nenhuma para usar um shorts curto ou uma blusa decotada quando está todo o mundo fazendo o mesmo. Ousadia quem tem é a mulher que, em tempos de pouco tecido, escolhe cobrir o seu corpo com respeito; que, em tempos de ódio à maternidade, escolhe ter uma família numerosa; que, em tempos de depravação geral, escolhe viver o recato e a decência. Essa é uma mulher de bravura, que não adere simplesmente às “modas” do momento.

Quanto à ideologia por que morre de amores a nossa elite cultural, um olhar acurado às suas raízes justifica ainda mais o uso do termo “manipulação”. O movimento feminista adora falar de “libertação sexual” e de “empoderamento da mulher”, apontando o dedo à Igreja, à imagem da Virgem Maria e à família burguesa, como se fossem eles os grandes inimigos da emancipação feminina.

A verdade é que nada escraviza tanto as mulheres quanto o feminismo moderno. O feminismo que lhes diz que não serão felizes enquanto não tiverem uma carteira de trabalho e não se sujeitarem a seus patrões (para substituir os maridos de que elas querem prescindir). O feminismo que lhes diz que não serão livres enquanto não transformarem os seus úteros em túmulos (para que não sacrifiquem a sua “realização profissional”). O feminismo que lhes diz que não serão iguais enquanto não superarem os homens em imoralidade e em depravação. E, por fim, o feminismo que lhes diz que não deveriam sequer ter a opção de ficar em casa para cuidar dos próprios filhos, porque isso ajudaria a perpetuar “os mitos da família, da maternidade e do instinto materno”.Palavras da ativista Simone de Beauvoir, documentadas para quem as quiser ler.

Na verdade, o grande problema de uma “mulher, recatada e do lar” — seja quem for, desde Nossa Senhora a uma humilde mãe de família — é que ela lembra às pessoas do nosso tempo o fracasso da educação que temos recebido e repassado aos nossos filhos e filhas. Nós deixamos de acreditar no amor e já estamos convencidos de que não é possível viver senão movidos por nossas carências afetivas e impulsos sexuais desordenados.

Educar uma pessoa — qualquer pessoa, seja mulher, seja homem — para a virtude, para o respeito ao próprio corpo e ao próximo, é tarefa difícil, que exige paciência, dedicação e perseverança. Mas nós, pelo visto, não queremos nada disso. Estamos satisfeitos com nossa medíocre “felicidade animal”, com nosso desleixo generalizado, com nossa falta de amor próprio.

Enquanto tivermos alma, no entanto, o profundo vazio de nosso coração continuará clamando bem alto para que voltemos à casa do Pai. E sentirmo-nos orgulhosos por comer a lavagem dos porcos só vai aumentar ainda mais a nossa miséria.

Equipe Christo Nihil Praeponere

Loaded from PIW/piw1/DTNE/DTJSG/8527/PHOTO_CD/IMAGES/ on 011297...pic by jeff gilbert.POST-FEMINIST CAMILLE PAGLIA AT THE QUEEN ELIZABETH HALL TONIGHT WHERE SHE IS GIVING A LECTURE .

A feminista norte-americana Camille Paglia é frequentemente atacada pelas próprias feministas radicais de hoje. Não surpreende: afinal, Camille denuncia que “o feminismo contemporâneo está fazendo as mulheres retrocederem”, porque “a ideologia feminista do presente é doente, indiscriminada e neurótica. E, mais do que tudo, não permite que a mulher seja feliz”.
 
Camille Paglia concedeu na semana passada uma entrevista extensa à jornalista Fernanda Mena, da Folha de S.Paulo. A matéria fopublicada no dia 24 de abril e conquistou destaque na página inicial do site da Folha como um dos artigos mais acessados nos dias seguintes.
 
Na conversa com o jornal, a ensaísta de 68 anos critica com veemência o que enxerga de doentio no feminismo e faz declarações sonoras como as seguintes:
 
É urgente que as mulheres parem de culpar os homens
 As mulheres emancipadas dos anos 20 e 30 “não atacavam os homens, não insultavam os homens e não apontavam os homens como fonte de todos os problemas das mulheres. O que elas pediam era igualdade de condições no âmbito da carreira e da política e queriam demonstrar que podiam obter as mesmas conquistas dos homens. Era como dizer: somos como os homens, admiramos os homens, amamos os homens. Hoje em dia, as feministas culpam os homens por tudo! (…) As mulheres precisam se responsabilizar por suas vidas e parar de culpar os homens por seus problemas, que (…) não são fruto de uma conspiração masculina”.

 
A masculinidade precisa de espaço próprio
 “A epidemia de jihadismo no mundo é um chamado da masculinidade e está atraindo jovens homens do mundo inteiro (…) O Estado Islâmico usa vídeos para projetar esse sonho de que os jovens podem se lançar numa aventura masculina com risco de morte. Antes havia muitas oportunidades de aventuras para os homens jovens. Hoje, suas vidas são como as de prisioneiros nos escritórios, sem oportunidade para ação física e aventura. É difícil para a classe média entender o fascínio do risco e da morte, de fazer parte de uma irmandade. As elites não sabem responder a esse movimento. E parte disso é uma revolta dos homens e uma busca dos homens por sentido como homens”.

 
O feminismo errou ao desvalorizar a maternidade
 “O feminismo cometeu um grande erro ao difamar a maternidade. Gloria Steinem pregou a desvalorização da mulher como esposa e mãe (…) Toda pessoa emerge do corpo feminino, do útero, e o feminismo cometeu um erro ao tentar apagar a importância disso, tornando o nascimento um processo mecânico”.

 
A natureza tem papel irredutível na sexualidade: o gênero não é imposto pela sociedade
 “Os problemas entre os sexos (…) são uma consequência direta da biologia, que não tem sido considerada. Vemos hoje essas pessoas com ideias estúpidas, negando a existência dos gêneros [como vinculados à biologia]. Elas dizem que o gênero é uma coisa imposta pela sociedade, que não há base biológica para a ideia de gênero. Essas pessoas estão malucas?”

 
A maternidade exige sacrifícios na carreira
 “Sem dúvida”, a mulher tem de escolher entre carreira e maternidade. “O mecanismo da educação-treinamento será sacrificado, de alguma forma, para as mulheres que escolherem ter filhos. Elas provavelmente podem alcançar sucesso profissional mais tarde, mas há um grande valor em ter filhos mais cedo (…) A educação tem que se adaptar à realidade da biologia (…) As universidades se beneficiariam muito com a presença de estudantes casados e com filhos. Muitas besteiras que são ditas sobre gênero seriam debatidas melhor se houvesse jovens pais nas salas de aula (…) A maternidade é uma escolha e implica certa troca”.

Transformar o corpo cirurgicamente é uma ilusão
 “Dizem que a criança nasceu no corpo errado e já começam com hormônios até chegar à intervenção cirúrgica (…) Transformar o corpo cirurgicamente é uma ilusão (…) porque todas as células do seu corpo continuam sendo o que sempre foram. Simplesmente não é verdade que você mudou de gênero (…) A filha transgênero da atriz Cher precisa tomar uma injeção de hormônios todos os dias para ser o que é, um transgênero, nunca um homem. Cada célula daquele corpo continua sendo uma célula feminina”.

 
É preciso respeitar a religião
 “Eu sou ateia, mas acredito no poder da religião e da sua visão do universo. Vivemos essa transição da perspectiva religiosa para essa horrível perspectiva centrada no indivíduo, com o apoio da mídia (…) Tudo convergiu para a obsessão por gênero e orientação sexual. Isso virou uma loucura (…) Perante a lei, deve haver igualdade de gêneros e orientações sexuais. Mas deve haver mais respeito pela religião”.

 
Femen e Marcha das Vadias são incoerências do feminismo radical
 “[O grupo feminista radical] Femen não faz o menor sentido, é algo fabricado (…) É ridículo e demonstra o nível de insanidade do feminismo radical atual. Como protestar contra a indústria do sexo se o que você está fazendo é gerar excitação sexual? (…) A Marcha das Vadias é outra incoerência das meninas burguesas e universitárias de hoje”.
As roupas são uma mensagem e é preciso reconhecer que elas têm consequências
 “Só uma idiota acha que vai para as ruas com roupas provocativas sem correr o risco de ser atacada. Ninguém merece ser atacada (…) [mas] as roupas comunicam algo sobre você naquele momento. Roupas são uma linguagem (…) E não necessariamente se pode culpar os homens por entenderem uma mensagem que, talvez inconscientemente, as mulheres estão enviando”.

 
É preciso aceitar o envelhecimento com maturidade
 “As mulheres têm que superar [a aversão ao] envelhecimento. Não dá para dizer que o corpo de uma mulher de idade é tão bonito como o de uma jovem. Não é! (…) Precisamos aprender a mudar para o próximo estágio de vida (…) Quanto mais as mulheres lutarem contra [o envelhecimento], mais infelizes serão”.

 

 

 

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Eu cresci sem referências a Deus nem à Igreja católica. Eu sabia que os meus avós eram católicos, mas ninguém falava disso. Eu nem sabia, na verdade, o que significava ser católico.
 
Por causa de um abuso terrível, fui afastada de casa aos 9 anos. Fiquei num abrigo durante um fim de semana, num orfanato durante oito meses e fui parar, depois, num lar adotivo, onde vivi até completar 12 anos.
 
O juizado mandou a minha mãe me buscar. Foi assim que nos conhecemos. Um dia, já morando com ela, encontrei um grupo de cristãos no parque. Eles não disseram nada. Mas me convidaram para visitar a igreja. Curiosa, eu fui. Conheci a esposa do pastor, que me falou de Jesus. Eu não sabia sequer o que era um protestante. Nem o que era o ateísmo, mas, quando cheguei em casa e falei com minha mãe sobre Jesus, descobri na hora que ela não aprovava nada que tivesse a ver com Deus. Nada.
 
Apesar disso, eu continuei indo à igreja. Estava encantada, muito feliz em Deus e esperançosa de superar as minhas experiências ruins em casa. Eu queria ouvir mais, não importava o quê.
 
Aos 14 anos, sem ideia do que estava acontecendo, me mandaram de volta para a casa do meu pai. Não pude nem me despedir dos amigos da escola e da igreja, que eu amava. Minha mãe não queria ser mãe. Era por isso que eu estava sendo mandada de volta.
 
Na casa do meu pai, eu não tinha igreja e não tinha mais amigos. Os abusos continuaram, agora numa escalada rumo ao abuso sexual.
 
Aquilo me mudou. Eu fiquei com raiva de Deus por não responder às minhas orações. Por não me ajudar. Fiquei com raiva do meu pai. Eu era novamente infeliz. Aos 17 anos, não aguentava mais. E fugi.
 
Conheci um grupo de pessoas que acreditavam em deuses pagãos, o que foi mais uma novidade para mim. Foi nesse grupo que eu recebi as influências da ideologia feminista.
 
Nunca senti com eles aquela alegria que eu sentia com Jesus, mas eles me “informaram”, intensamente, que Jesus não existia. O cristianismo era uma religião falsa, construída em cima da fé pagã, diziam eles, completando que os cristãos odeiam e impedem o poder das mulheres. Ainda de acordo com eles, os católicos eram os piores de todos os criminosos. Suas referências eram escritoras como Simone de Beavoir, Gloria Steinem, Camille Paglia, etc.
 
Para uma menina perdida, de 17 anos, aquele foi o início de uma longa e destrutiva espiral.
 
Nenhuma lei moral era verdadeira: a única diretriz ali era “não prejudique os outros, mas faça tudo o que você quiser”. Só que nem isso era respeitado: tudo era permitido, mesmo que prejudicasse os outros. Não havia limites. Tudo era válido, da homossexualidade à imoralidade sexual, da contracepção ao aborto: bastava você querer. Tudo era válido, menos os estilos de vida tradicionais. Esses eram reprovados.
 
As mulheres não apoiavam umas às outras: rotineira e regularmente, uma passava por cima das outras, embora todas propagandeassem uma vida matriarcal. Os homens eram diminuídos. Divórcio, relações abertas e uma série de outras “opções” eram a regra. As consequências de tudo isso nunca eram nem minimamente levadas em conta. Era um paraíso hedonista, sem qualquer norma.
 
Somente por graça de Deus eu consegui não me envolver em muitas daquelas coisas. Mas eu via aquilo tudo o tempo todo. E, lentamente, fui acreditando na mentira, com consequências brutais não só para a minha alma, mas também para a minha saúde mental e emocional.
 
Aos 34 anos, depois de quase duas décadas naquela estrada, conheci os escritos de Margaret Sanger. Aquilo me deixou péssima. Eu nunca concordei com a contracepção nem com o aborto. A eugenia e a visão dela sobre as mulheres que optavam por ficar com seus filhos também se chocavam contra a minha maneira de pensar. Foi quando eu finalmente comecei a me afastar daquilo tudo.

Eu olhei para a minha vida: eu não estava feliz. Eu não estava crescendo. Eu me sentia sozinha.
 
Eu olhei em volta: ninguém parecia amar ninguém de verdade ali. Era um ambiente de egos inflados, de lutas internas, de cada mulher por si mesma. Comecei a questionar o ideal feminista. Eu me lembrava do meu tempo com Jesus, quando criança, e, melancólica, notava o quanto eu já tinha sido feliz apesar das circunstâncias que me rodeavam. Agora eu tinha o tal “poder”, mas me sentia vazia e sozinha.
 
Eu tinha alimentado um ódio contra os homens, contra o patriarcado e contra tudo o que eu achava que os católicos representavam. Eu acreditava que os católicos eram opressores das mulheres. Que eles eram a pior espécie de gente. Eu tinha jurado que nunca me aproximaria deles.
 
Como amante de história, porém, eu me interessei por Henrique VIII. Não acreditava que uma pessoa acusada de ser tão terrível fosse mesmo completamente ruim. Ele tinha que ter alguma humanidade, não tinha? Decidi escavar até encontrá-la.
 
Durante aqueles estudos, descobri finalmente o que era o protestantismo, ou achei que tinha descoberto. Eu não conseguia entender como é que Catarina de Aragão, ou qualquer outra mulher que se respeitasse, tolerava o comportamento dele. Descobri que ela era e continuava católica. Mas por que ela era tão inabalavelmente fiel a uma igreja opressora que odiava as mulheres?
 
Continuei cavando e fiquei profundamente impressionada quando descobri os pontos de vista da Igreja católica sobre questões de justiça social, contracepção e aborto: eram idênticos aos meus. Fiquei muito surpresa ao conhecer o pensamento católico sobre Maria, sobre as mulheres e sobre a importância crucial da unidade da família tradicional. Comecei a sentir algo que eu não sei descrever. Mas eu ainda resistia. E também havia Jesus, no centro de tudo. Eu fiquei imensamente feliz ao saber que Jesus existia lá também! Nem me dei conta de que um ano se passou e que eu tinha deixado para trás os meus velhos “amigos”, graças a essas novas informações.
 
Decidi então descobrir o que era, de verdade, uma missa. Durante todos aqueles anos, havia no final da minha rua uma igreja católica. Eu olhava para ela de cara fechada, mas nunca tinha posto os pés lá dentro. Entrei. Eles estavam se preparando para começar a missa. Era a Páscoa de 2011. Eu olhava tudo, fascinada. Segurei as minhas lágrimas, segurei as minhas emoções, tudo guardado dentro de mim. Mas comecei a sentir aquela atração intensa mais uma vez.
 
Voltei para casa e continuei impactada. Até que um dia, finalmente, eu entrei num pequeno edifício atrás da igreja e fui direta em direção a uma mulher que veio me perguntar o que eu desejava. Respondi que eu precisava aprender. Ela sorriu, me disse que era a diretora de educação religiosa e me matriculou na catequese para adultos.
 
O pároco veio falar comigo e afirmou: “Eu nunca tinha ouvido falar de ninguém que tivesse chegado até a Igreja via Henrique VIII!”. E me deu um livro para levar para casa.
 
As catequeses começaram e eu me apaixonava cada vez mais. Conheci meu pároco e um casal que iria me auxiliar. No lava-pés, eu chorei. Baixinho. Conheci o nosso bispo e chorei de novo.
 
A Igreja era o contrário de cada uma das coisas que eu sempre tinha pensado que ela fosse.
 
Quando eu anunciei que estava entrando na Igreja católica, meus amigos ficaram horrorizados. Minha mãe me questionou: “E por que você faria uma coisa dessas?”. Mas o meu marido me deu as minhas primeiras estátuas de Maria e de São Judas Tadeu.
 
No dia do meu batismo, 7 de abril de 2012, eu chorei de novo, de felicidade. Passei um longo tempo sozinha com o corpo de Jesus e chorei de gratidão. Depois de todos os meus anos em busca da verdade, eu finalmente tinha encontrado a Verdade.
 
Antes do meu batismo, tinham me ensinado a fazer tudo o que eu quisesse. Eu passei anos vivendo com raiva, teimosamente desafiadora no meu “direito de escolher”, como feminista e pagã. Hoje, eu escolho viver como mulher batizada na Igreja de Deus. Eu ganhei uma família do tamanho do mundo. Uma família católica.
 
Meu marido, incrivelmente, também está participando da catequese de adultos. Minha mãe admite que existe um Deus e agora lê a bíblia. Meu filho foi batizado pelo mesmo padre que me batizou. E eu, finalmente, reencontrei o meu amigo, Jesus, na sua absoluta plenitude; na sua origem.
 
Aprendi o valor e a verdadeira beleza de ser mulher. No sentido mais puro, descobri o meu verdadeiro “direito de escolher”. Eu amo a minha Igreja católica. Eu amo a minha família. Eu amo a minha paróquia. Eu amo o nosso pároco. E eu sou muito, muitíssimo grata a Deus por estar, finalmente, em casa.

CATHERINE QUINN

Aleteia

sara-winter

Ela tem 23 anos, fez barulho como líder do grupo radical Femen no Brasil, abandonou o movimento em 2013 e hoje se declara publicamente contrária ao aborto e fiel a Deus, arrematando:

“O feminismo é o movimento mais intolerante que já conheci”.

Sara Winter concedeu nesta semana uma entrevista aoportal G1.com. Eis algumas das suas afirmações sobre a realidade do universo feminista militante e sobre a sua nova visão de mundo, de acordo com a entrevista.

Aborto

“Dentro dos grupos feministas é muito fácil encontrar Cytotec [medicamento abortivo]. Se você contar que está grávida, que não tem marido, inventar qualquer história, muito rapidamente você consegue pílulas abortivas”.

Drogas e sexo livre

“Há pressão para o uso de drogas, para desconstruir a monogamia, que, para o movimento, é uma instituição criada pelo patriarcado para fazer a mulher ser submissa. Você tem que ser a favor das drogas, de ideologias que levam as pessoas a se relacionarem com muitas outras pessoas ao mesmo tempo. Isso me chocou muito”.

Um movimento histérico, mentiroso e intolerante

“Esse é o movimento mais intolerante que eu já conheci na vida. Ele só dá suporte para mulheres que seguirem uma cartilha específica: tem que ser de esquerda, não pode ser cristã, não pode ser heterossexual e tem que começar a desconstruir a sua estética. Se a mulher alisa o cabelo, se pinta, usa salto alto, tem que parar. Muitas vezes tem que deixar os pelos crescer. Algumas mulheres se sentem confortáveis assim, outras não. Mas se você fizer, vai ter mais voz dentro do movimento. Então eles desconstroem a sua estética, a sua crença, a sua orientação sexual, o seu posicionamento político. Definiria o feminismo como ódio, histeria, mentira e sedução (…) Ódio porque não existe tolerância com ninguém que não concorde 100% com as pautas. Histeria porque em todo e qualquer ato que a gente vê estão cada vez mais desrespeitosos, estão pichando igrejas, quebrando santos, fazendo coisas de extremo mau gosto. Mentira porque ilude as meninas mais jovens falando que o feminismo é algo legal e revolucionário. E sedução porque tem essa ideia de que o feminismo vai te ajudar, mas quando chega lá não é nada disso”.

Propaganda enganosa

“A propaganda que o movimento faz é linda. Eu ficaria muito feliz se o feminismo fosse exatamente como a propaganda que ele faz de si mesmo: meu corpo, minhas regras, todas as mulheres são fortes, são guerreiras, estão preparadas para tudo. Nós somos a favor da luta contra a violência à mulher, somos a favor de que o estupro acabe. Qualquer cidadão de bem é a favor de todas essas coisas, mas o feminismo faz de uma maneira sensacionalista e exagerada e isso atinge as pessoas, principalmente jovens adolescentes”.

Arrependimento

“Em Belo Horizonte, quebrei uma loja inteira e me arrependo muito porque sou contra a violência. Em outra ação, eu estava com uma ativista caracterizada de Jesus Cristo e a gente se beijava na cruz. Fiz um vídeo e pedi perdão a todos os cristãos porque percebi que ofender outras pessoas, raças, crenças e etnias não era o caminho para conseguir o que eu queria. Mas em geral não me arrependo da minha militância porque fiz de coração, achava mesmo que poderia mudar o mundo”.

Perseguição

“A perseguição que sofro hoje é infinitamente maior do que eu sofria. A cidade (de São Carlos, SP, onde Sara mora) é um antro esquerdista, feminista por causa das universidades. Tenho muito mais medo agora do que antes. Nunca achei que tivesse que ter medo das pessoas que falam que vão proteger as mulheres! Essa perseguição acontece porque eu sei de tudo o que rola lá dentro, todas as estratégias de dominação mental, lavagem cerebral, de dinheiro, de organizações que financiam, e agora estou contando”.

Reação dos cristãos

“As pessoas gostam muito mais de mim agora. Fiquei espantada com isso, principalmente com os cristãos, que nunca achei que fossem me perdoar. Eu recebo muitas mensagens, cerca de cinquenta por dia, nas minhas redes sociais. Dizem: ‘Agora sim você representa a mulher brasileira’. Percebi que a minha militância fazia a maioria das mulheres passar vergonha, porque elas não querem ser representadas por uma menina louca, histérica, pelada gritando a favor do aborto. Elas querem que uma mulher represente os interesses como na saúde específica do corpo da mulher, na educação”.

Maternidade, defesa da vida e educação dos filhos

“Eu já vi tantas coisas ruins no feminismo que quando descobri que seria mãe falei: ‘E agora?’. Sentia a vida crescendo dentro de mim, tanto na minha alma quanto no corpo. Aí conheci muitos projetos pró-vida que acolhem mulheres que desistem de abortar e são acolhidas para levar a gestação até o final (…) Quero que (o meu filho, hoje com 6 meses de idade) saiba respeitar uma mulher. Quero criá-lo para que seja uma pessoa cordial e gentil, com valores de voluntariado. Quero criá-lo com base nos dez mandamentos da Bíblia. Eu acho que isso é muito importante, ainda que muitos valores tenham se perdido hoje em dia. Mas quero resgatar isso”.

Dificuldades e perspectivas

“Faço palestras e ganho R$ 10 por livro vendido na internet. Ainda não recebo a pensão do meu filho e o meu nome está sujo. Minha mãe me ajuda como pode, mas sou sozinha e tenho que pagar aluguel, conta de água e luz. Já vendi tudo o que tinha de valor para tentar quitar minhas dívidas. Tenho fé que uma hora isso vai melhorar. Quero escrever um novo livro contando experiências de ex-feministas que saíram do movimento e foram perseguidas. Também quero ingressar na política, sonho que tenho desde criança. Quero combater a violência contra a mulher e propor melhorias na área da saúde e educação. Sei que, na política, posso fazer algo de maneira mais substancial, melhor do que ficar protestando na rua com os peitos de fora”.

Reações feministas

Procurados pela reportagem do portal G1.com, movimentos feministas presentes em São Carlos, SP, como o Mulheres em Luta, o coletivo Juntas e as Promotoras Legais Populares, negaram as práticas denunciadas por Sara Winter.

Fonte: G1

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Ainda há pouco, quando cheguei no trabalho, deparei-me com uma pequena mensagem de homenagem às mulheres, ao inicializar o meu computador, que dizia:

Sinta-se livre para ser quem você é. O seu poder está na sua individualidade! Feliz dia da mulher!

Esta mensagem me inquietou. Ela ressalta um certo “poder” feminino que estaria localizado na “individualidade”, e que implicaria na “liberdade” de ser quem se é. E isto me soa, de fato, muito estranho e incoerente: se alguma coisa caracteriza o sermos homens e mulheres, isto não se caracteriza pelo desenvolvimento do “poder” da nossa “individualidade”, mas exatamente na importância da nossa relação recíproca. Vale dizer, somente há mulheres porque há homens, e vice-versa. Não se trata, pois, de exaltar o “poder” de um “individualismo” feminino como fonte de “liberdade”, mas exatamente o de reconhecer que somente na diferença é que podemos nos realizar, porque a diferença é exatamente o que possibilita a nossa relação.

Lembro-me de um pequeno episódio que ocorreu nos meus tempos de advogado recém-formado. Eu descia o elevador do prédio em que morava então, trajado de paletó e gravata, com uma pequena pasta nas mãos. Ao entrar no elevador, encontrei um casal que discutia agressivamente. A discussão parou subitamente quando eu entrei no elevador. Mas restou aquele ar pesado, constrangedor, impossível de evitar no ambiente tão apertado de uma cabine de elevador. De repente, após alguns momentos, aquela senhora se dirigiu a mim: “Com licença, o senhor é advogado?” Eu respondi que sim. Então ela me interpelou: “Então diga aqui para o meu marido se as mulheres não são iguais aos homens”.

Juntando todo o meu bom humor juvenil, não resisti em lhe responder: “desculpe-me, senhora, as mulheres não são iguais aos homens. E é exatamente a diferença que permite que ele seja o seu marido…

Para surpresa minha, a senhora abriu um grande sorriso, com o marido, e se reconciliaram ali mesmo. Mas o episódio vem à minha memória cada vez que alguém prega a “igualdade entre homens e mulheres”. É preciso especificar um pouco esta declaração, que não é incondicionalmente verdadeira.

Se falamos de dignidade e de direitos, a resposta é inegavelmente um “sim”. Somos iguais em dignidade, somos iguais em direito, e, portanto, a luta feminina para que estes dois aspectos sejam reconhecidos é muito justa. Mas, no plano estritamente fático, somos diferentes. E esta diferença tem tudo a ver com a relação, e com ela a própria condição humana e sua perpetuação. Mas nós perdemos a capacidade de reconhecer na relação aquilo que ela é de fato, a abertura recíproca que conduz à complementariedade, que por sua vez é pressuposto da completude. Não vemos nas relações senão a opressão; ou seja, definimos a essência da relação pelo seu defeito.

De fato, relação é abertura para a completude que aperfeiçoa. Mas não há como negar que, num mundo profundamente ferido pelo mal como é o nosso, as relações se desvirtuam e, muitas vezes, tornam-se opressoras. Mas é neste momento que certos pensadores, como Marx, Sartre, Simone de Beauvoir, Foucault e outros da mesma estirpe deixam de enxergar na relação aquilo que ela é (abertura) e passam a caracterizá-la, essencialmente, como opressão. É por isto que somos massacrados com discursos que, a pretexto de eliminar a opressão, desvalorizam a própria relação humana. E, a partir daí, o individualismo se implanta como resposta necessária (e falsa): eu só serei feliz, dizem estes “profetas da opressão”, à medida que me afirmar como indivíduo, e construir, sozinho, a mim mesmo. A relação é denunciada, muitas vezes, como infernal: “o inferno são os outros”, dizia Sartre.

Eis, pois, a ambiguidade de tudo que se vê e celebra nos  “Dia Internacional da Mulher”. Em vez de celebrar a diferença que nos abre ao outro, e que nos permite buscar, na complementariedade, a completude, as mensagens muitas vezes nos apresentam, sutilmente, a ideia de que homens e mulheres são adversários, e de que exatamente a visibilidade da diferença, a sua afirmação fática, é parte do plano de opressão. Não é.

Eliminar a opressão, pois, deve passar pelo restabelecimento de que somente na construção da sadia relação, na complementariedade, chegaremos à perfeição desejada. As relações devem ser, de fato, bastante cuidadas, porque, dada a condição decaída do mundo, é muito fácil que elas decaiam em opressão. Mas a opressão não transforma a própria relação em algo a ser descaracterizado, destruído, negado, superado, em nome de uma “libertação individualista”. Não se nega a distorção do poder criando um poder distorcido inverso. Isto é apenas hegelianismo mal lido.

É por isto que me preocupa, também, que o termo “gênero” tenha sido adotado para definir as mulheres. Palavras têm gênero. Homens e mulheres têm sexo. Não estamos celebrando o dia da “orientação de gênero”, mas o dia da mulher. Ser homem e mulher é alguma coisa que nos especifica. Ter esta ou aquela orientação libidinosa, não. E não estou usando, aqui, a palavra “libidinoso” com uma carga moralista, senão com uma carga especificamente antropológica. Esta é mais uma daquelas expressões que nos leva a uma distorção de pensamento muito comum na contemporaneidade.

Lembro-me de um debate que tive, há pouco tempo, com um grupo de psicólogos. De como tive muita dificuldade em afirmar que as noções de “homem” e “mulher” ainda descrevem uma realidade concreta, necessária, ou seja , não podem ser substituídas por expressões de “gênero”. Isto não é escamotear as graves questões de identidade sexual, mas é apenas garantir a necessidade de que a linguagem humana continue inteligível.

Diante da reclamação de uma militante feminista radical, que estava presente, de que eu estava revelando um machismo latente ao me expressar assim, eu redarguí que eu defendia apenas que a condição de mulher era privativa das mulheres, respeitadas toda a variação de apetites no entremeio como apenas acidentais. Enquanto ela entendia que qualquer homem, desde que sentisse atração por pessoas do mesmo sexo, teria o direito de declarar-se tão mulher quanto as mulheres. E que, portanto, ela desconsiderava o fator biológico, científico, mensurável, da condição feminina, para garantir aos homens que quisessem o direito de serem mulheres também. Isto me parece, aí sim, um tremendo machismo. Não podemos desconsiderar a realidade complexa da multiplicidade com que os desejos e os comportamentos se apresentam na vida de cada ser humano. Mas ao negar às mulheres o direito de serem as únicas mulheres não me parece ser um bom feminismo. E, se é isto que o Dia da Mulher celebra, ou seja, a diferença entre homens e mulheres, que é abertura à complementariedade, e que representa a expressão visível de que nenhum ser humano é autossuficiente, então viva o Dia da Mulher!

Simone de Beauvoir, certa vez, afirmou que “ninguém nasce mulher, as mulheres fazem-se”. Esta afirmação não faz nenhum sentido: se fosse assim, cada vez que um promotor de Justiça precisasse denunciar alguém pelo crime de feminicídio, ele precisaria submeter a vítima a uma “perícia antropológica” para saber se, a despeito do sexo feminino que ela traz em seu corpo, ela chegou a “fazer-se mulher” pela vida afora, de modo a caracterizar a agravante de matar uma mulher. Isto é de um absurdo tão patente que não precisa maior indagação. Simone de Beauvoir, com todos os que repetem este mote por aí, desconhecem a distinção aristotélica de “ato” e “potência”, e, na sua ignorância, produziram um slogan de campanha travestido de mote filosófico. Todos nascemos como seres humanos em ato, e com nossa biologia masculina e feminina em ato, mas em potência para o desenvolvimento de todas as perfeições que nos caracterizarão na idade adulta. Os raros casos de más formações biológicas somente confirmam esta regra.

As mulheres são mulheres. E fazem-se mulheres, ao desenvolverem suas potencialidades humanas ao longo de sua vida. O resto é somente má poesia.

Zenit

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Cartão-postal da cidade de São Paulo, a Catedral da Sé, na região central, amanheceu tomada por pichações favoráveis ao aborto, após ato realizado contra o Projeto de Lei 5.069/2013. 

Frases como “se o papa fosse mulher, o aborto seria legal” e “tire seus rosários dos meus ovários” estavam entre as pichações. No início da noite de anteontem, a manifestação contra o projeto começou na Avenida Paulista e terminou por volta das 21h30 na Praça da Sé. A Polícia Militar informou que 3 000 pessoas participaram do ato, enquanto a organização do evento estimou 15 000.

Segundo nota divulgada pela Arquidiocese de São Paulo, as pichações foram feitas após o término do ato. Portas e paredes foram pichadas. “Diariamente entram na Catedral centenas de pessoas de culturas e credos variados que são acolhidas fraternalmente. Por isso, lamentamos e repudiamos a pichação ocorrida na noite de 30 de outubro último”, informou a Igreja, em nota assinada pelo padre Luiz Eduardo Baronto, cura da Catedral Metropolitana, e pelo padre Helmo César Faccioli, auxiliar do cura. A nota destaca ainda o valor arquitetônico e artístico da Catedral da Sé e denominou a ação dos manifestantes como uma “provocação destrutiva”. “A liberdade de expressão, reivindicada historicamente pela Igreja Católica em nosso país, não justifica ato de vandalismo.”

Uma das organizadoras do protesto, a programadora cultural Jaqueline Vasconcellos, disse que o ato “não representa o pensamento da manifestação”. “Mas entendemos e nos solidarizamos com as mulheres que se manifestaram contra a instituição. Entendemos que a Igreja Católica é um instrumento do patriarcado”, afirmou. Jaqueline disse ainda não ser “contra nenhuma religião”.

Um boletim de ocorrência foi registrado no 8.º Distrito Policial (Brás) no fim da tarde de ontem. Até as 20h50, ainda não havia informações sobre a identificação de autores das pichações nem prisões. A limpeza das paredes e portas da Catedral da Sé está prevista para ser realizada hoje.

Estadão 

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Muito se fala sobre a situação da mulher na sociedade moderna. Acreditam não poucos que há um grande desnível – ou abismo mesmo – entre os direitos e deveres do homem e os da mulher, sendo que essa última tem sido historicamente prejudicada. E não faltam candidatos a carrasco do sexo feminino. A última moda agora é acusar as religiões de forma geral, e o Cristianismo, em especial.
 
Não há a menor dúvida de que existem religiões no mundo que cerceiam os direitos da mulher. O Islamismo é um bom exemplo deste tipo. Tanto o seu livro sagrado como a sua literatura teológica discrimina e rebaixa gravemente a mulher a ponto de torná-la um objeto de propriedade, primeiramente do pai, e depois do marido. Contudo, neste texto quero provar que não há razão por que colocar o Cristianismo no mesmo cesto das religiões que pejoram a mulher. Mais do que isso, vou mostrar como o Cristianismo colocou a mulher em uma situação muito melhor do que qualquer outro sistema religioso ou filosófico que já existiu.
 
Um pouco de história
 
A vida da mulher não era fácil nas culturas antigas. Em geral, eram propriedade dos maridos. Não eram consideradas capazes ou competentes para agirem independentemente. Vejamos a Grécia antiga. Aristóteles disse que a mulher estava em algum lugar entre o homem livre e o escravo (considerando que a situação do escravo não era nenhum pouco auspiciosa, perceba a pobre situação feminina), e que era um “homem incompleto” (Política). Platão, por sua vez, entendia que se o homem vivesse covardemente, ele reencarnaria como mulher. E se essa se portasse de modo covarde, reencarnaria como pássaro (A República, Livro V).
 
A sorte das mulheres não era muito melhor na Roma antiga. Poucas famílias tinham mais de uma filha. O casamento romano era uma forma de trazer mais material humano para formação do exército, e assim permitir à Roma a continuidade de sua expansão; por isso, o interesse estava em ter filhos homens. Daquelas, porém, que sobreviveram ao infanticídio, eram-lhes reservadas as tarefas do lar, mas não o exercício da cidadania e a participação política, coisa reservada apenas aos patrícios homens.
 
Na China, até bem recentemente, o infanticídio era uma prática comum. Os bebês do sexo feminino eram entregues como alimento aos animais selvagens ou deixados para morrer nas torres dos bebês. Adam Smith escreveu sobre essa prática no seu famoso livro, A Riqueza das Nações, de 1776. Ele fala inclusive que o descarte de bebês indesejados era mesmo uma profissão reconhecida e que gerava renda para muitas pessoas.
 
Vejamos outros casos. Na Índia, viúvas eram mortas juntamente com seus maridos – a prática chamada de sati (que significa, a boa mulher). Também havia tanto o infanticídio quanto o aborto feminino. Além disso, meninas eram criadas para serem prostitutas cultuais – as devadasis. Nessa prática religiosa, a menina era “casada com” e “dedicada a” um dos deuses hindus. Nos rituais de adoração a esses deuses havia dança, música e outros rituais artísticos. Conforme iam crescendo, as devadasis se tornavam servas sexuais, de homens e dos “deuses”. Ainda hoje, famílias pobres entregam suas filhas para estas deidades com o objetivo de alcançar delas algum favor, ou ainda obter algum meio de renda com os frutos da prostituição.
 
Na África, o problema era semelhante à prática do sati da Índia. Quando um líder tribal morria, as esposas e concubinas do chefe eram mortas juntamente com ele. Mesmo hoje, no Oriente Médio, o valor da mulher é mínimo.
 
A mudança trazida pelo Cristianismo
 
Que diferença trouxe a vinda de Jesus Cristo entre nós? Muita, em vários pontos. Na verdade, foi uma revolução. Muito do que Jesus Cristo ensinou já era praticado pela sociedade judaica (que era muito diferente das nações à sua volta), e outros pontos tiveram seus termos desenvolvidos por Ele. Mas mesmo os judeus tinham um tratamento discriminatório em relação às mulheres; Jesus, entretanto, se relacionava de forma saudável com elas. De forma geral, o Cristianismo colocou a mulher em pé de igualdade com os homens. Como ele fez isso?
 
– Dizendo que ambos foram criados por Deus, à sua imagem e semelhança (E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou – Gên 1,27). Para Deus, homens e mulheres têm o mesmo valor (Gl 3,28);
 
– Que ambos deveriam dominar e sujeitar a natureza (E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra – Gn 1,28). Não há nada que impeça a mulher, tanto quanto o homem, de explorar a criação em cumprimento ao mandato cultural;
 
– A decisão de Deus criar a mulher a partir de Adão declara que ambos provêm da mesma essência (Gn 2,22), mostrando que a mulher em nada é inferior ao homem, nem tampouco lhe é superior. E a declaração de Adão mostra que sua mulher Eva é parte de si mesmo, tendo o mesmo valor que ele próprio (Gn 2.23 );
 
– Que o casamento, como instituição divina, implica que o homem foi feito para a mulher, assim como a mulher foi feita para o homem, e dessa forma ambos andam como uma unidade em dois corpos (Gn 2,24), o que destrói a ideia de que a mulher é escrava do marido, ou vice-versa. São complementares;
 
– O Cristianismo também evitou que a mulher fosse injustiçada, não permitindo a poligamia, que é inerentemente prejudicial a elas (1Co 7,2);
 
– O Cristianismo ensinou o cuidado com as viúvas. Elas, se não tivessem recursos, deveriam ser cuidadas e sustentadas pela igreja (1Tm 5). Se o marido morre, ela é livre para continuar viúva ou casar novamente, se quiser;
 
– O Cristianismo condenou a prostituição ao declarar que o corpo não pertence a nós mesmos, mas a Deus, e que ele é templo do Espírito Santo (1Co 6.13,19). O corpo do homem pertence à mulher, e o da mulher ao homem (1Co 7,4);
 
– O Cristianismo aprova a instituição do casamento, que não só protege a mulher da exposição aos males sociais, como provê um ambiente seguro material, espiritual e sentimentalmente para o seu desenvolvimento integral (Ef 5.28-29);
 
– O Cristianismo protege a vida, que entende começar no momento da concepção. Dessa maneira, nenhuma criança deixa de nascer devido a características indesejáveis (pelos pais) que ela tenha ou seja. A vida é direito inviolável, outorgada por Deus, sendo que somente Ele tem direito de reavê-la (1Sm2.6; Jó 1.21);
 
– O Cristianismo também proibe a pornografia, pois entende que ela é equivalente ao adultério. Com isto, a mulher deixa de ser vista como um objeto aos olhos do homem (Mt 5.28).
 
Uma palavra sobre o movimento feminista
 
Se há algum direito, de qualquer pessoa que seja, que deva ser assegurado, eu sou completamente a favor da luta por ele. A sociedade falha em tratar as mulheres adequadamente porque ela não é uma sociedade moldada exclusivamente pela moral cristã. Muitos dos direitos pelos quais o movimento feminista luta são justos: direitos trabalhistas iguais aos do homem, proteção contra violência física e emocional, igualdade de direitos civis, entre outros. Porém, alguns pontos pelos quais ele luta não são bons, como, por exemplo, o aborto. Ora, o aborto sempre foi uma ferramenta usada pelo homem – e geralmente usado para evitar nascimento de mulheres! O aborto se refere a algo além do corpo da mulher; é outro ser vivo. Ocorre que ao lutar por este “direito”, a mulher trata um bebê ainda não nascido como algo menos que humano, tal como um objeto: ou seja, do mesmo modo que ela própria já foi tratada na história.
 
Outro problema que eu vejo é que algumas feministas mais exaltadas não querem simplesmente uma equiparação de direitos; desejam ocupar o lugar do homem que as explorava, transformando-se em exploradoras. Almejam uma inversão de papéis. Ao invés de uma sociedade patriarcal, sonham com uma matriarcal. E algumas feministas ainda descambam para a misandria – o ódio pelo sexo masculino.
 
Concluindo
 
O que o paganismo faz para proteger a mulher? Nunca fez nada, e nunca fará. E estas outras religiões não-cristãs? Normalmente colocam o sexo feminino em uma posição inferior a do homem. E o humanismo? Nada trouxe de bom para as mulheres. Na prática, uma vertente humanista (evolucionista) ensina que nada há de especial na humanidade; tudo que há é resultante de acaso. Somente o mais forte sobrevive (ou domina). Se for o sexo masculino, assim deve continuar a ser. É natural que seja assim. Não há justificativa moral (do ponto de vista evolucionista) para proibir a violência física, sexual, emocional à mulher, e nem mesmo porque condenar posicionamentos machistas. A máxima é “o que agora é, é o certo”.
 
Mas não é assim com o Cristianismo. Em todos os lugares onde ele chegou, as condições das mulheres melhoraram. Onde ele não alcançou, vê-se coisas terríveis, como a eugenia sexual, o infanticídio e a prostituição. Contudo, podemos ver que algumas sociedades, que já foram declaradamente cristãs, hoje estão decaindo moralmente com o avanço do antigo paganismo – legalizando o abor e a prostituição. Seria interessante que algumas feministas, que falam ousadamente contra o Cristianismo, aprendessem um pouco mais da história da humanidade e assim apercebam-se de que, se não fosse por essa religião que elas tanto condenam, talvez elas sequer estivessem vivas hoje.
 
Por Leandro Teixeira.

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Simone de Beauvoir não é um nome que seja muito conhecido de alunos do ensino médio. Bom, na verdade, não era até esse fim de semana. Graças ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), milhões de alunos do ensino médio agora sabem que existe uma Simone de Beauvoir, que escreveu um livro chamado “O Segundo Sexo”, que “contribuiu para estruturar um movimento social” que trabalhou na “organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero” (palavras da prova do ENEM). Que linda, essa coisa de lutar pela igualdade de gênero, não é mesmo? Bom, talvez não.

Quem conhece o básico sobre Mme. de Beauvoir, sabe que ela era existencialista, socialista, companheira do filósofo Jean-Paul Sartre e um marco do pensamento feminista (contradictio in terminis) do século XX. Talvez já tenha lido um ou outro trecho de “O Segundo Sexo”, obra citada na prova do ENEM, ou “Memórias de uma moça bem-comportada”, ou até mesmo “A cerimônia do adeus”, livro dedicado a Sartre. Tudo isso aponta para a personalidade forte de Simone e seus posicionamentos rígidos contra a “sociedade patriarcal burguesa”. Uns poucos realmente interessados ultrapassaram essa barreira e foram além, buscando conhecer os meandros de seu pensamento e de seu caráter – normalmente, seguidores dos postulados de Beauvoir.

O problema é que um olhar mais atento nos mostra que a defesa da “igualdade de gênero” por Simone de Beauvoir é, na melhor das hipóteses, um engodo. Não só isso: em sua obra e sua vida, subjazem algumas coisas verdadeiramente tenebrosas.

Betty Friedan, feminista histórica dos Estados Unidos, travou um diálogo revelador com Simone de Beauvoir nos anos 1970, quando o mundo ainda sentia o rescaldo do Maio de 1968. Friedan e Beauvoir defendiam, segundo elas próprias, a libertação da mulher de todas as opressões, e concordavam que uma dessas opressões – a principal, talvez – fosse o cuidado da casa e dos filhos. No entanto, as maneiras de se lutar contra essa “opressão” eram vistas de modo diferente pelas duas. A divergência está exposta em Sex, Society and the Female Dilemma: A Dialogue between Simone de Beauvoir and Betty Friedan, publicado na revista Saturday Review, edição de 14 de junho de 1975 (tradução e grifos meus):

Beauvoir: Cuidados domésticos demandam muito tempo, são não-remunerados, e são uma exploração das mulheres pelos homens. Bem, sobre esse assunto, você encontrará um eco dentre as petites bourgeoises [“pequeno-burguesas”], certamente das intelectuais, e talvez das mulheres trabalhadoras. Mas, das esposas desempregadas de trabalhadores, não haverá apoio; esta é sua razão de ser. Isso criará uma grande divisão no meio das mulheres.

Friedan: Eu tenho trabalhado para fundar um think tank econômico para mulheres, e uma das questões é como estabelecer um valor de salário mínimo para os cuidados domésticos. Isso poderia ser reconhecido para seguridade social, para pensões, e na divisão de bens em caso de divórcio. Certamente a dona de casa pobre e de classe média se identificaria com isso.

Beauvoir: Nesse ponto, não concordamos em absoluto. Isso causa segregação; põe a mulher ainda mais em casa. Eu e minhas amigas da MLF [Mouvement de Liberation des Femmes, “Movimento de Liberação das Mulheres”] não concordamos com isso.

Friedan: Mas se ela escolher cuidar de suas crianças em tempo integral, ela poderia receber dinheiro ela mesma.

Beauvoir: Não, não acreditamos que qualquer mulher deva ter essa escolha. Nenhuma mulher deveria ter autorização para ficar em casa e cuidar dos filhos. A sociedade deveria ser totalmente diferente. As mulheres não deveriam ter essa escolha, precisamente porque, se há tal escolha, a maioria delas a tomaria. É uma maneira de forçar as mulheres numa certa direção.

Como escrevi em outro artigo, o ódio a tudo quanto é genuinamente humano é a força motriz que impulsiona esse tipo de ideologia. Isso fica ainda mais claro quando, num ponto posterior dessa conversa com Friedan, Beauvoir diz que, “enquanto a família e o mito da família e o mito da maternidade e o instinto maternal não forem destruídos, as mulheres continuarão sendo oprimidas”.

Outro ponto tenebroso da obra e da vida de Simone de Beauvoir está expresso em um abaixo-assinado do qual tomou parte em 1977. O contexto foi o seguinte: três cidadãos franceses – Bernard Dejager, Jean-Claude Gallien, e Jean Burckardt – haviam sido presos nos últimos 3 anos sob acusações de manter relações sexuais com meninos e meninas de 13 e 14 anos de idade. A legislação francesa considerava à época que manter relações sexuais com qualquer menor de 15 anos era crime de estupro presumido. Em 26 de janeiro de 1977, o jornal Le Monde publicou o abaixo-assinado, que assim versava (tradução e grifos meus):

Em 27, 28 e 29 de janeiro, Bernard Dejager, Jean-Claude Gallien, e Jean Burckardt serão julgados pela cour d’assises des Yvelines [“tribunal do júri de Yvelines”] por atos libidinosos com um menor de 15 anos de idade. Presos no outono de 1973, há mais de três anos encontram-se detidos. Apenas Bernard Dejager beneficiou-se recentemente de presunção de inocência. Tanto tempo de reclusão para se investigar um simples caso de “vício”, onde as crianças não foram vítimas de qualquer violência, mas, ao contrário, testemunharam perante os magistrados que elas consentiram – ainda que a presente lei lhes negue o direito de consentir –, tanto tempo de reclusão é considerado por nós um escândalo. Hoje,eles correm o risco de serem sentenciados a um longo tempo de prisão tanto por terem tido relações sexuais com menores, meninos e meninas, quanto por terem encorajado e tirado fotos de suas brincadeiras sexuais. Nós acreditamos que há uma incongruência entre a designação de “crime”, que serve para legitimar tamanha severidade, e os próprios fatos; e ainda mais entre a lei antiquada e a realidade da vida cotidiana em uma sociedade que tende a conhecer melhor a sexualidade de crianças e adolescentes (meninas de 13 anos, afinal, podem receber pílulas anticoncepcionais). A lei francesa se contradiz a si mesma se reconhece a capacidade de discernimento aos treze e catorze anos para julgamento e sentença, mas nega-lhes a mesma capacidade com respeito a sua vida emocional e sexual. Três anos para carícias e beijos são suficientes. Nós não compreenderíamos se, em 29 de janeiro, Dejager, Gallien e Burckardt não fossem libertados.

O mesmo tema foi, inclusive, tratado em um diálogo entre Michel Foucault, Jean Danet e Guy Hocquenghem, transmitido pela France Culture em 4 de abril de 1978 e, depois,transcrito na íntegra para publicação. Os três participantes, a exemplo de Simone de Beauvoir, defenderam a extinção do dispositivo do estupro presumido na legislação francesa (Guy Hocquenghem foi um dos signatários do abaixo-assinado, inclusive) por defender a autodeterminação da criança em matéria sexual. Apesar das palavras bonitas e do pretenso espírito libertário, Beauvoir defendia, pura e simplesmente, que a pedofilia não deveria ser criminalizada, sequer tratada como um distúrbio, mas um relacionamento amoroso como qualquer outro.

Esses dois aspectos sombrios da obra e da vida de Simone de Beauvoir – a destruição autoritária do senso de maternidade e de família, bem como a defesa da pedofilia – não são meros acidentes em sua filosofia, mas compõem o cerne de todos os escritos da francesa. Apontar que Beauvoir “contribuiu para estruturar um movimento social” que trabalhou na “organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero” é pautar, no mínimo, um ato de profunda (e maldosa) desonestidade. Isso tudo é ainda mais grave quando se trata de um exame de ensino que, na prática, pauta todo o currículo de ensino de todas as escolas públicas e particulares do Brasil.

É certo que Simone de Beauvoir queria outro tipo de sociedade. E, diante do que defendeu ao longo de sua vida, é também certo que o tipo de sociedade que ela desejava estava bem longe de ser uma sociedade mais livre e justa. O admirável mundo novo de Beauvoir, sua visão de Paraíso terreno, tem se concretizado pouco a pouco nos nossos dias, e fica mais e mais evidente que esse sonho tão acalentado por Beauvoir é, na verdade, um grande pesadelo.

Autor: Felipe Melo