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Reflexões acerca da bioética como instrumento de engenharia social


Em recente artigo  
publicado no Academia Médica, tratei acerca do aspecto de poder cultural ligado à Bioética. Neste, analiso algumas consequências e exemplos dessa realidade.
O discurso padrão nos informa que os jovens das décadas de 60 e 70, fomentados pela ideologia trazida pela famigerada Escola de Frankfurt, se ergueram contra as convenções, contra as tradições e contra o elitismo.

Nesse contexto surgiu a Bioética, justificada pelo anseio de democratizar o debate em saúde.
 
Segundo reza a lenda corrente na academia, deveríamos ter um debate de amplo acesso, diferente do debate enclausurado, elitista e opressor dos médicos, trancafiados em suas torres de marfim com seus códigos exclusivistas e seu Juramento antiquado e ineficaz para nos proteger de abusos horrendos.
 
O livro de Bioética mais lido no mundo inteiro, por exemplo, já começa anunciado placidamente, inexoravelmente, a derrota da moralidade hipocrática da medicina e a necessidade incontornável da adoção da nova Bioética. É o famigerado Mantra de Georgetown.[1]
 
Em todo esse cenário, parcialmente verdadeiro e, portanto, verossímil, há diversas mistificações e torções exageradas da realidade.
 
Não duvido que na raiz da Bioética estava o desejo saudável de transdisciplinaridade. Acredito sinceramente que os melhores bioeticistas ainda anseiam pelo contato com outras mentes e corações apaixonados pela vida humana, e querem realmente abrir o debate sincero em busca do melhor. Mas ao mesmo tempo vejo diversos estudiosos da Bioética que estão claramente dispostos a utilizá-la como arma de combate cultural, como instrumento de engenharia social e até mesmo de opressão contra discordantes.[2]
 
Quero convidar o leitor à reflexão acerca de quais usos tem sido atribuídos à Bioética em nossos dias.
 
Embora os médicos sejam acusados de paternalistas e elitistas, não é totalmente certo dizer que a ética denominada profissional é inadequada por não representar a sociedade. Médicos, enfermeiros, psicólogos e fisioterapeutas, entre tantos outros, são membros da sociedade e representam-na, acreditados como profissionais, em seus grêmios.
 
Mas é óbvio que, ao mesmo tempo, há que se buscar uma harmonia saudável entre os valores gerais da sociedade e os valores específicos de seus habitantes especializados em determinada área, neste caso a da saúde. É no mínimo suspeito ser instaurada uma medicina abortista num país cristão que é maciçamente contra o aborto, como está para acontecer no Brasil.
 
De certa forma, o debate democratizou, mas talvez não da forma que os mais otimistas esperavam.
 
Ao invés da participação da sociedade brasileira, muitas vezes observo a ingerência externa e a participação de agências e instituições internacionais totalmente contrárias aos valores brasileiros.[3]
 
É inegável que, hoje, profissionais de diversos ramos discutem assuntos arcanos onde antes médicos e enfermeiros dominavam. Porém, os assuntos ainda permanecem arcanos, dominados por “magos” diferentes.
 
Os temas especializados da Bioética ainda habitam o interior de suas torres de marfim e repetidamente revelam estar muito longe dos valores do público e de seu escrutínio.
 
Alguns bioeticistas, filósofos e formuladores de políticas públicas parecem repudiar o contato com a “plebe”. Plebe, esta, repleta daquilo que a Organização das Nações Unidas, por meio da UNESCO, chama de preconceitos familiares, isto é, religião e tradições herdadas.[4]
 
Descobri que a Bioética não era tão aberta quanto eu imaginava há algum tempo, quando encontrei o artigo que defendia chamar o assassinato de bebês pelo nome de Aborto Pós-Nascimento. Deparei-me com o artigo quase que aleatoriamente, ao passear pelo conteúdo do Journal of Medical Ethics. Levei-o ao Seminário de Filosofia Aplicada à Medicina para discutir com os alunos e a reação foi quase que unânime: todos estavam chocados em saber como algo tão monstruoso quanto o homicídio infantil fora discutido de forma tão corriqueira, tão vã, no meio acadêmico especializado da Bioética.[5]
 
A reação na mídia também veio. Pessoas liam horrorizadas o que respeitáveis senhores e senhoras discutiam de cima de suas cátedras, com palavras elegantes e conceitos rigorosos. Era uma obscenidade, mas era uma obscenidade elegante e lógica, entenda bem.
 
Do outro lado, editores e pesquisadores reclamaram da violência verbal daqueles “populares” que leram o artigo e responderam horrorizados à proposta ali contida: matar bebês.
 
Eram os terríveis “reacionários incultos” que se erguiam escandalizados para censurar o debate iluminado dos acadêmicos.
 
De um lado havia o choque à sensibilidade moral de milhões de pessoas que mal podiam acreditar no que se propagava num respeitado periódico de ética médica e que reagiam com acusações verbais altamente agressivas; porém, do outro, estava uma elegante e erudita elite universitária que propunha, com termos mui chiques e técnicos – é tudo lógica, afinal – o extermínio de vidas humanas negando-lhes a condição de pessoa digna.
 
E isso chamou minha atenção.
 
Vive-se uma guerra cultural, isto não é novidade.
 
Mas o curioso é que de um lado está a elite política, a elite empresarial e a elite midiática com suas tropas de choque: artistas, professores, repórteres e cantores. Também desse lado está boa parte da elite universitária mundial. Uma privilegiada minoria, sem dúvida. Seus valores, de regra, são justamente o contrário do que o povo brasileiro maciçamente defende.
 
O povo é contra o aborto? Reúna atores e cantores para convencer a turba acéfala – ou assim devem achar ao querer manipular a massa de forma tão tosca – de que matar fetos e bebês é a coisa mais linda e progressista do universo.
 

O povo é religioso? Contrate milhares de professores para ensiná-los que esse negócio de religião é “coisa do capeta” ou, na melhor das hipóteses, é só uma superstição boba de gente burra.
 
O povo gosta de uma vida pacífica, ordeira e segura? Convença-os de que isso é coisa de burguês acomodado, e que o bom mesmo é exaltar a marginalidade, como Herbert Marcuse já ensinou quando percebeu que os proletários estavam enriquecendo e virando burgueses.
 
A atual elite que se diz progressista e seus aliados complacentes, interessados mesmo é na grana dos pagadores de impostos, estão aí para ensinar os jovens a rebelarem-se contra os valores de suas famílias, enquanto os domesticam e os preparam a entregar toda sua moral e sua cosmovisão aos iluminados que nunca os viram, ou, se os viram, pouco se importam com seu destino.
 
A Bioética, nesse contexto de elite praticante da ardilosa engenharia social, tocando ao som dos conselhos maquiavélicos de Gramsci, é mais uma arma do que um canal pelo qual a voz do povo pode se manifestar.
 
Se determinada escola de bioética convence as pessoas de certos interesses, de certas necessidades de mudanças sociais, a bioética é boa, é excelente, é maravilhosa. Se não, o povo é que é retrógrado e precisa de mais doses de bioética, intratecais, quem sabe?
 
Mas o que defendo é o seguinte: o povo deve ter acesso à ética médica e à bioética, e estas devem respeitar os valores do povo que as suporta, ao invés de ansiar por uma tosca e desrespeitosa engenharia social. Defender isso não é desestimular o debate, pelo contrário, é respeitar a bioética que respeita os valores do povo e colocar todos os conflitos às claras. O que vejo muitas vezes é a supressão daqueles que discordam de determinada elite.
 
Só para citar um breve exemplo, fui testemunha pessoal do bloqueio autoritário da participação de um filósofo num evento de Direitos Humanos por causa de seu espectro político de direita. Veja bem, debate só parece ser bom para essas mentes tacanhas quando os dois lados concordam.
 
E cabe lembrar, aqui no fim, que há muitas bioéticas, e várias respeitam os valores do povo brasileiro sim.
 
O que não suporto é a bioética ideológica da torre de marfim (ou de rubi, no caso do Brasil), que ao chocar o cidadão comum com seu sangrento pensamento de vanguarda, ataca a moralidade alheia com a pose de iluminada ditadora de parâmetros civilizacionais e guia confiável do povo, suprimindo outras visões e utilizando rótulos odiosos.
 
Não posso concordar com a utilização de jovens médicos como bucha de canhão e massa de manobra para o ataque aos valores da sociedade no contexto de guerra cultural em que vivemos.
 
Podem discordar dos valores que eu defendo, e é claro que muitos discordam. Mas que o façam conscientes de seus atos e de suas influências ideológicas, em respeito à própria integridade e à sanidade, e que não tenham a ousadia irresponsável de silenciar um dos lados e chamar isso de debate.

Notas:

[1] BEAUCHAMP, Tom L.; CHILDRESS, James F. Principles of Biomedical Ethics, Seventh Edition. New York: Oxford University Press, 2013, p. 1.

[2] Exemplos bem conhecidos são os dos bioeticistas internacionalmente famosos, como Giani Vattimo e Julian Savulescu que defendem ser obrigatório para um médico realizar o aborto, independente de seus valores pessoais, e Udo Schüklenk, que escreve contra a objeção de consciência de médicos canadenses que não desejam praticar a eutanásia.
 

[3] A Organização Mundial da Saúde, claramente favorável ao projeto abortista em países “subdesenvolvidos” ou “em desenvolvimento”, distribui material educativo e pressiona diversos países com sua agenda ideológica específica.

[4] Como denunciado por Pascal Bernardin em seu livro Maquiavel Pedagogo. BERNARDIN, Pascal. Maquiavel Pedagogo. Campinas: Vide Editorial, 2010.
[5] GIUBILINI, Alberto; MINERVA, Francesca. After-birth abortion: why should the baby live? Journal of Medical Ethics, (2012). doi:10.1136/medethics-2011-100411 Internet,http://jme.bmj.com/content/early/2012/03/01/medethics-2011-100411.full.pdf+html

Hélio Angotti Neto é coordenador do Seminário de Filosofia Aplicada à Medicina e autor do livro A Morte da Medicina

www.medicinaefilosofia.blogspot.com.br

 

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“A melhor forma dos cristãos se posicionarem diante dos protestos anti-governo é rejeitando o marxismo cultural”, afirmou a ZENIT o nosso colaborador, o Dr. Ivanaldo Santos (ivanaldosantos@yahoo.com.br), filósofo, escritor e professor universitário. Acompanhe essa conversa abaixo sobre Antonio Gramsci e a atual crise brasileira.

***

Quem foi o filósofo Antonio Gramsci (1891-1937) e qual a importa da teoria da hegemonia política e cultural?

Ivanaldo Santos: Ele foi membro-fundador e secretário geral do Partido Comunista da Itália (PCI), foi perseguido e preso durante o regime fascista, na Itália, na década de 1930. O Brasil é um dos poucos países do mundo onde Antonio Gramsci é apresentado como um teórico da democracia. Em muitos países ele é visto como um teórico do autoritarismo, mas não do autoritarismo militar representa pelo fascismo, pelo nazismo e pelo regime socialista de Stalin na Rússia. A tese de Gramsci é que o partido, nesse caso o partido socialista-marxista, fracassará na tomada do poder se insistir apenas na via militar. Segundo ele, é necessário estabelecer a hegemonia político-cultural dentro da sociedade. Por hegemonia deve-se entender a predominância das ideias marxistas dentro da política, da cultura, das escolas e em outros espaços sociais. Essa é uma perspectiva autoritária, pois, numa sociedade livre e democrática, não deve haver uma hegemonia, mas sim uma pluralidade de grupos, de ideias e pensamentos. O conceito de hegemonia é adotado por vários grupos e partidos políticos e perigosamente vem vendo colocado em prática em muitos países.

Explique o conceito de infiltração cultural de Antonio Gramsci.

Ivanaldo Santos: Trata-se de um dos mais complexos e importantes conceitos do século XX. Para Gramsci a revolução socialista só terá pleno êxito se conseguir controlar o que, em sua opinião, são as principais estruturas culturais da sociedade ocidental. Entre essas estruturas cita-se: a Igreja, escola e universidade, e o sistema de produção e divulgação cultural (arte e artistas, música, cinema, livros, editoras, canais de rádio e TV, etc). Para isso acontecer é necessário lentamente “infiltrar”, colocar pessoas de confiança da ideologia marxista dentro dessas estruturas sociais para, lentamente, encherem essas estruturas com ideias, valores e com a ideologia marxista.

Na prática, o conceito de infiltração cultural de Gramsci não passa de uma sofisticada lavagem cerebral. A escola e a universidade é um exemplo clássico do sucesso da estratégia de infiltração gramsciana. No Brasil, nos últimos 50 ou 60 anos constantemente esses espaços de educação foram sendo lentamente preenchidos com professores, diretores, livros, cartilhas e todo tipo de material didático ligado à ideologia marxista. Ao ponto de chegarmos, ao século XXI, com um grande número de universidades públicas sendo aparelhadas por partidos e grupos marxistas, fazendo abertamente campanhas políticas para candidatos e presidentes da república que seguem a ideologia marxista. Sem contar que em grande número de escolas no Brasil os livros, as propostas de ensino são voltadas, quase que unicamente, para a ideologia marxista.

Qual a relação das ideias e do conceito de marxismo cultural, oriundo de Gramsci, com o povo e a cultura popular?

Ivanaldo Santos: As ideias de Gramsci são autoritárias. Isso acontece porque, entre outras coisas, ele deseja, seguindo Karl Max, abolir os principais pilares da sociedade ocidental, incluindo a família e o cristianismo. No lugar desses pilares, o marxismo cultural propõe colocar “novos valores” ligados com o estilo de vida de algumas minorias. Entre esses “novos valores” cita-se: o aborto, a legalização das drogas ilegais, o fim da família e o indivíduo ter como único ponto de apoio o Estado. Em grande medida, o marxismo cultural representa uma ditadura de algumas minorias que desejam impor a grande sociedade, as maiorias desorganizadas, seu estilo de vida.

Existe alguma relação entre a onda de protestos anti-governo, que atualmente varre o Brasil, e as ideias de Gramsci?

Ivanaldo Santos: Sim, é possível se traçar um paralelo entre esses dois acontecimentos. O Brasil foi um dos países onde as ideias de Gramsci foram largamente colocadas em práticas. A infiltração cultural foi fortemente praticada dentro de escolas, universidades, no meio cultural e até mesmo dentro da Igreja. Nas últimas décadas se investiu muito na formação do “indivíduo marxista”, um tipo de indivíduo que só conhece os ideais marxistas, que anda na rua usando símbolos socialistas, que não crer na família, nos valores cristãos e em outros valores. O surpreendente é que a onda de manifestações anti-governo, manifestações não previstas pelo gramscismo, muito mais do que o Movimento das Diretas Já (1983-1984) e do Movimento Cara Pintada (1992), trouxeram a toma os valores rejeitados pelo marxismo cultural. Valores, por exemplo, da pátria, da família, do casamento, da natalidade, da fé e do cristianismo. Depois de décadas de domínio do marxismo cultural, vê-se nas ruas do Brasil multidões cantando o hino nacional, segurando a bandeira do Brasil e até mesmo o estandarte de Nossa Senhora e do Sagrado Coração de Jesus. Em muitos aspectos, a atual onda de protestos anti-governo é uma reação inconsciente contra o marxismo cultural, é o Brasil profundo, o Brasil real e vertical que está se insurgindo contra a tirania de uma minoria que se autoproclama de esclarecida, é uma luta contra o novo Illuminati.

Como os cristãos podem se posicionar diante da atual onda de protestos anti-governo?

Ivanaldo Santos: Inicialmente, é necessário esclarecer que o Brasil é em essência uma nação cristã, trata-se da Terra da Santa Cruz. De um lado, a melhor forma dos cristãos se posicionarem diante dos protestos anti-governo é rejeitando o marxismo cultural e, por isso, fazendo um caminho de volta para o Evangelho, para a Tradição e para a Doutrina da Igreja. Do outro lado, os cristãos devem ser uma força consciente no intuito de conduzir o país a estabelecer um novo governo, um governo que não esteja comprometido em destruir a família, mas sim em conduzir o país a um caminho de inclusão social, estabilidade política e de prosperidade econômica.

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A tal “lei da palmada”, recente obra do Congresso Nacional, representa uma invasão abstrusa do Estado no recesso do lar.

Com efeito, reza a Constituição Federal: “A casa é asilo inviolável, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.” (Art. 5.º, XI). Pois é! O Estado quer penetrar à chucha calada nas residências brasileiras, determinando como os pais devem educar os filhos.

Ninguém, em sã consciência, aprova qualquer medida física, violenta, a ser infligida contra crianças. No entanto, para coibir o excesso, já existem o Código Penal Brasileiro e leis esparsas. Um amigo me contou que num restaurante presenciou a cena na qual uma criança, completamente fora de si, desobediente e agressiva, desferiu um tapa no rosto da mãe. O que fazer nessa situação? Segurar o referido infante energicamente pelos braços e levá-lo à força para fora do recinto seria um comportamento que se subsome ao tipo da novel lei?

No fundo, a “lei da palmada” é inconstitucional. Demais, trata-se de um precedente gravíssimo de inserção de ideologias totalitárias no seio da família, pois, atrás dessa lei demagógica poderão vir outros regramentos de cunho doutrinário. As entidades que tutelam os direitos das crianças deveriam ser as primeiras a propor ações judiciais com vistas em extirpar a aludida norma legal do ordenamento jurídico.

Em casa mando eu! A frase, tão comum nas conversas entre nossos patrícios, denota um princípio elementar do Estado laico. Quem decide acerca da religião e dos valores éticos ensinados em domicílio são os pais, e nunca o Estado. Quem delibera a propósito do modo de educar os filhos, tornando-os pessoas solidárias e não criaturas egoístas e despóticas, são os pais, e jamais o Estado!

Por Edson Sampel, Zenit

familia feliz

A Câmara Federal recebeu nesta última quarta-feira (27), o seminário Gênero, Aborto e Sociedade. Promovido pelo Partido Social Cristão, com apoio do Observatório Interamericano de Biopolítica, de São Paulo, o evento discutiu o histórico, o panorama e as ações relacionadas ao tema, que atingem de maneira especial a instituição familiar.    

Estiveram presentes diversos padres e leigos especialistas na área, que repassaram aos participantes os embasamentos teóricos de questões ligadas ao problema demográfico, planejamento familiar e revolução sexual.

A destruição da família

A primeira palestra foi proferida pelo padre José Eduardo de Oliveira, doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Itália), que, a partir da reflexão sobre a ideologia de gênero, explicou os fundamentos das estratégias arquitetadas internacionalmente para a destruição da família.

“Não é fácil entender a estrutura de ideologia de gênero, é preciso entrar em uma lógica diferente da forma de entender as coisas”, iniciou padre José Eduardo. A batalha abrange as áreas cultural, social e filosófica.

O intelectual Karl Marx foi o primeiro a se debruçar na questão. Na ânsia de acabar com a desigualdade e instalar a ditadura do proletariado, ele desenvolveu os conceitos de estrutura superestrutura: para ele, o primeiro seria tudo o que é real, como a economia e o trabalho, já o segundo se referia ao universo ideológico de cada pessoa, incluindo aí a religiosidade e a concepção sobre a vida.

Para Marx, a revolução somente ocorreria depois de o proletariado tomar o poder, mantendo o Partido Comunista à frente de todas as decisões do Estado. Assim, pensou que iria acabar com asuperestrutura,primeiro eliminando a estrutura. No fim da vida começou a perceber que a questão era mais profunda e descobriu que a família seria a base da desigualdade introduzida na superestrutura.

O filósofo escreveu a obra Sobre a origem da família, da propriedade e do Estado, em que desenvolve a tese de que o homem tem o papel de patriarca, exercendo poder sobre a mulher e os filhos. Desta forma, para que a igualdade fosse estabelecida, seria necessário dissolver este padrão.

Marx morreu e Engels publicou este livro, que ficou esquecido durante algum tempo até alguns seguidores do marxismo o redescobrirem. Com uma nova leitura, os seguidores identificaram que a revolução deveria ser feita na superestrutura. Mais: a mudança só ocorreria com uma revolução sexual. “É uma visão animalesca da humanidade, desumana, sem levar em conta o apaixonamento entre homem e mulher”, sublinha padre José.

Este pensamento foi adotado pelas feministas. Como base para a revolução sexual, a mulher deveria se libertar da tirania da biologia (assim não exercendo mais a função de mãe em uma família), ter independência econômicanão permitir a segregação entre os espaços destinados a adultos e crianças (a escola, por exemplo, é uma instituição que segrega as crianças do mundo adulto, portanto não haveria necessidade da existência dela) e, por fim liberdade sexual para mulheres e crianças.

Para que estas ideias fossem realizadas, seria necessária a absorção delas para a mudança na superestrutura, ou seja, no comportamento das pessoas. Desta maneira, as leis atenderiam às mudanças de cada sociedade, permitindo cada vez mais um liberalismo sexual e moral. O convencimento para a mudança também abrange a questão da linguística – segundo os estudiosos marxistas, os discursos institucionais eram apenas ligados ao desejo de poder.

É o que se vê hoje: é justamente a mudança de comportamento social que fornece uma transformação, sobretudo na educação e legislação brasileira.

“O homem não cai em um universo lançado ao esmo. A sociedade doméstica é um viveiro para os cidadãos. A ideologia de gênero destruindo a identidade, destrói a família”, finalizou padre José.    

A Suécia

Fernanda Fernandes Takitani, graduanda em História (UEL) e integrante do Observatório Interamericano de Biopolítica, trouxe o caso da Suécia como exemplo a não ser seguido. Lá, a historiadora encontrou boa parte dos efeitos práticos dos conceitos filosóficos revelados por padre José Eduardo.

A sociedade sueca, como se vê hoje, começou a ter por base, em 1932, três aspectos: o darwinismo, o método científico positivista e o materialismo histórico marxista. Estes conceitos começaram a fazer parte do dia a dia dos suecos em um período em que o país sofria com um inverno demográfico.

A solução encontrada por estudiosos marxistas, na época, e promovida pelo Partido Social Democrático do país, foi a seguinte: já que as crianças pesavam muito no orçamento familiar, o Estado deveria arcar com o cuidado delas e com as despesas geradas por elas. Neste ínterim foi expandida a concepção de que a mulher, com direitos iguais aos homens, deveria ter independência financeira.

Logo depois veio a questão da moralidade e permissividade: a moral seria uma mera questão utilitarista. Assim foram abertas as portas para o divórcio, o aborto e o liberalismo sexual. A ideologia de gênero entrou nas escolas formando crianças em prol de uma livre escolha de identidade sexual.

“Isso é consequência de um Estado assistencialista: forma indivíduos imaturos, irresponsáveis, dependentes, crianças mimadas e exigentes. Os números de suicídio são altos na Suécia, as pessoas não encontram valor na existência”, disse Fernanda.

História e estatísticas do aborto no mundo

Na segunda parte do seminário, Isabella Mantovai, mestranda em saúde coletiva pela Unicamp, e Andrea Medrado, pós-graduanda em educação especial pela Unesp, explanaram sobre as estatísticas e história do aborto, respectivamente.

Isabella demonstrou, por meio de dados, cinco aspectos falsos sobre as estatísticas do aborto: o número de abortos no Brasil seria de até 1,5 milhão/ano; a legalização da prática abortiva faria com que ela diminuísse; os países que legalizassem a prática teiam menos abortos que no Brasil; o número de abortos estaria aumentando por aqui; quando o aborto fosse legalizado a mortalidade materna diminuiria.

Já Andrea explicou como o mundo passou a ser manipulado pelas indústrias da morte, financiadas com o dinheiro dos grandes magnatas norte-americanos, John Rockfeller e Henry Ford, que viam na solução dos problemas demográficos uma oportunidade de investimento filantrópico para a paz no mundo.

Padre Paulo Ricardo, clérigo da arquidiocese de Cuiabá e mestre em direito canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma), fez um resumo amarrando todas as palestras do seminário. Ele ressaltou a importância do estudo para o repasse das informações absorvidas no evento, o que pode conscientizar muitos sobre o papel da família na sociedade. “Ninguém vai conseguir nos barrar quando muitos estiverem acordados”, concluiu. 

Os vídeos das palestras serão disponibilizados em breve no sitewww.padrepauloricardo.org

Por Lilian da Paz

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O antropocentrismo do marxismo econômico falhou, como sistema social e econômico, em todo o mundo; resta ao marxismo a guerrilha cultural.

Muitos de nós fazemos uma ideia do que é o politicamente correto (PC), pela repetição de informações transmitidas pela mídia.

O PC não teve origem recente; remonta a sua utilização como instrumento ideológico, ao tempo da I Guerra Mundial. Quando Karl Marx escreveu o “Manifesto Comunista” (séc. 19), ficou bem claro que ideologia que nascia assentava em duas vertentes básicas: O marxismo econômico, que defende a ideia de que a História é determinada pela propriedade dos meios de produção, e o marxismo cultural, que defende a ideia de que a História é determinada pelo poder através do qual, grupos sociais (para além das classes sociais) definidos pela raça, sexo, etc., assumem o poder sobre outros grupos.

Até a I Guerra Mundial, o marxismo cultural não mereceu muita atenção, que se concentrou praticamente toda no marxismo econômico, que deu origem à revolução bolchevista (URSS).

O marxismo cultural é uma sub-ideologia do marxismo (a “outra face da moeda” é o marxismo econômico), e como todas as ideologias, tende inexoravelmente para a implantação de uma ditadura, isto é, para o totalitarismo.

À semelhança do marxismo econômico, o marxismo cultural (ou Politicamente Correto) considera que os trabalhadores e os camponeses são, à partida, “bons”, e que a burguesia e os capitalistas são, a priori, “maus”.

Dentro das classes sociais assim definidas, os marxistas culturais entendem que existem grupos sociais “bons” (como as mulheres feministas — porque as mulheres não-feministas são “más” ou “ignorantes”),  são classificados pelos marxistas culturais como sendo “vítimas” e por isso, são considerados como “bons”, independentemente do que os seus membros façam ou deixem de fazer.

Segundo o marxismo cultural, o “macho branco” é o equivalente ideológico da “burguesia” no marxismo econômico,.

Enquanto que o marxismo econômico baseia a sua ação no ato de expropriação (retirada de direitos à propriedade), o marxismo cultural (ou PC) expropria direitos de cidadania, isto é, retira direitos básicos a uns cidadãos para, alegadamente, dar direitos acrescidos e extraordinários a outros cidadãos, baseados na cor da pele, sexo ou aquilo a que chamam de “orientação sexual”.

Nesta linha está a concessão de cotas de admissão, seja para o parlamento, seja no acesso a universidades ou outro tipo de instituições, independentemente de critérios de competência e de capacidade.

Enquanto que o método de análise utilizado pelo marxismo econômico é baseado no Das Kapital de Marx (economia coletivista marxista), o marxismo cultural utiliza o desconstrucionismo filosófico e epistemológico explanado por ideólogos marxistas como Jacques Derrida, que seguiu Martin Heidegger, que bebeu muita coisa em Friederich Nietzsche.

O Desconstrucionismo, em termos que toda a gente entenda, é um método através do qual se retira o significado de um texto para se colocar a seguir o sentido que se pretende para esse texto. Este método é aplicado não só em textos, mas também na retórica política e ideológica em geral. A desconstrução de um texto (ou de uma realidade histórica) permite que se elimine o seu significado, substituindo-o por aquilo que se pretende.

Por exemplo, a análise desconstrucionista da Bíblia pode levar um marxista cultural a inferir que se trata de um livro dedicado à superioridade de uma raça e de um sexo sobre o outro sexo; ou a análise desconstrucionista das obras de Shakespeare, por parte de um marxista cultural, pode concluir que se tratam de obras misóginas que defendem a supressão da mulher; ou a análise politicamente correta dos Lusíadas de Luís Vaz de Camões, levaria à conclusão de que se trata de uma obra colonialista, supremacista, machista e imperialista. Para o marxista cultural, a análise histórica resume-se tão só à análise da relação de poder entre grupos sociais.

O Desconstrucionismo é a chave do politicamente correto (ou marxismo cultural), porque é através dele que surge o relativismo moral como teoria filosófica, que defende a supressão da hierarquia de valores, constituindo-se assim, a antítese da Ética civilizacional europeia.

Com a revolução marxista russa, as expectativas dos marxistas europeus atingiram um ponto alto. Esperava-se o mesmo tipo de revolução nos restantes países da Europa. À medida que o tempo passava, os teóricos marxistas verificaram que a expansão marxista não estava a ocorrer. Foi então que dois ideólogos marxistas se dedicaram ao estudo do fenômeno da falha da expansão do comunismo marxista: António Gramsci (Itália) e George Lukacs (Hungria).

Gramsci concluiu que os trabalhadores europeus nunca seriam servidos nos seus interesses de classe se não se libertassem da cultura europeia – e particularmente da religião cristã. Para Gramsci, a razão do falhanço da expansão comunista marxista estava na cultura e na religião.

O mesmo conclui Lukacs. Em 1923, por iniciativa de um filho de um homem de negócios riquíssimo de nacionalidade alemã (Félix Veil), que disponibilizou rios de dinheiro para o efeito, criou-se um grupo permanente (“think tank”) de estudos marxistas na Universidade de Frankfurt. Foi aqui que se oficializou o nascimento do Politicamente Correto (Marxismo Cultural), conhecido como “Instituto de Pesquisas Sociais” ou simplesmente, Escola de Frankfurt – um núcleo de marxistas renegados e desalinhados com o marxismo-leninismo.

Em 1930, passou a dirigir a Escola de Frankfurt um tal Max Horkheimer, outro marxista ideologicamente desalinhado com Moscou e com o partido comunista alemão. Horkheimer teve a ideia de se aproveitar das ideias de Freud, introduzindo-as na agenda ideológica da Escola de Frankfurt; Horkheimer coloca assim a tradicional estrutura socio-econômica marxista em segundo plano, e elege a estrutura cultural como instrumento privilegiado de luta política. E foi aqui que se consolidou o Politicamente Correto, tal como o conhecemos hoje, com pequenas variações de adaptação aos tempos que se seguiram. Surgiu a Teoria Crítica.

O que é a Teoria Crítica? As associações financiadas pelo nosso Estado e com o nosso dinheiro, em apoio ao ativismo gay, em apoio a organizações feministas camufladas de “proteção à mulher”, e por aí fora – tudo isso faz parte da Teoria Crítica do marxismo cultural, surgida da Escola de Frankfurt do tempo de Max Horkheimer. A Teoria Crítica faz o sincretismo entre Marx e Freud, tenta a síntese entre os dois (“a repressão de uma sociedade capitalista cria uma condição freudiana generalizada de repressão individual”, e coisas do gênero).

No fundo, o que faz a Teoria Crítica? Critica. Só. Faz críticas. Critica a cultura europeia; critica a religião; critica o homem; critica tudo. Só não fazem auto-crítica (nem convém). Não se tratam de críticas construtivas; destroem tudo, criticam de forma a demolir tudo e todos.

Por essa altura, aderiram ao bando de Frankfurt dois senhores: Theodore Adorno e Herbert Marcuse. Este último emigrou para os Estados Unidos com o advento do nazismo.

Foi Marcuse que introduziu no Politicamente Correto (ou marxismo cultural) um elemento importante: a sexualidade. Foi Marcuse que criou a frase “Make Love, Not War”. Marcuse defendeu o futuro da humanidade como sendo uma sociedade da “perversidade polimórfica”, na linha das profecias de Nietzsche.

Marcuse defendeu também, já nos anos 30 do século passado, que a masculinidade e a feminilidade não eram diferenças sexuais essenciais, mas derivados de diferentes funções e papéis sociais; segundo Marcuse, não existem diferenças sexuais, senão como “diferenças construídas”.

Marcuse criou o conceito de “tolerância repressiva” – tudo o que viesse da “Direita” tinha que ser intolerado e reprimido pela violência, e tudo o que viesse da Esquerda tinha que ser tolerado e apoiado pelo Estado. Marcuse é o pai do Politicamente Correto moderno.

O sucesso de expansão do marxismo cultural na opinião pública, em detrimento do marxismo econômico, deve-se três razões simples:

A primeira é que as teorias econômicas marxistas são complicadas de entender pelo cidadão comum, enquanto que o tipo de dedução primária do raciocínio PC, aliado à fantasia de um mundo ideal e sem defeitos, é digno de se fazer entender pelo mentecapto mais empedernido.

A segunda razão é porque o Politicamente Correto critica por criticar, pratica a crítica destrutiva até à exaustão – e sabemos que a adesão popular (da juventude, em particular) a este tipo de escrutínio crítico é enorme.

A terceira razão é que o antropocentrismo do marxismo econômico falhou, como sistema social e econômico, em todo o mundo; resta ao marxismo a guerrilha cultural.

O que se está a passar hoje na sociedade ocidental, não é muito diferente do que se passou na União Soviética e na China, num passado recente. Assistimos ao policiamento do pensamento, à censura das ideias, rumo a uma sociedade totalitária.

Orlando Braga edita o blog Perspectivas – http://espectivas.wordpress.com

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A verdade vos libertará.
João 8:32

Os americanos subscrevem atualmente a duas más-concepções; a primeira é a ideia de que o comunismo deixou de ser uma ameaça quando a União Soviética implodiu; a segunda éa  crença de que a Nova Esquerda dos anos sessenta entrou em colapso e desapareceu também. “Os Anos Sessenta Estão Mortos,” escreveu George Will (“Slamming the Doors,” Newsweek, Mar. 25, 1991).

Uma vez que, como um movimento político, a Nova Esquerda não tinha coesão, ela desmoronou-se; no entanto, seus revolucionários reorganizaram-se e formaram uma multitude de grupos dedicados a um só tópico. É devido a isto que hoje temos as feministas radicais, os extremistas dos movimentos negros, os ativistas “pela paz”, os grupos dedicados aos “direitos” dos animais, os ambientalistas radicais, e os ativistas homossexuais.

Todos estes grupos perseguem a sua parte da agenda radical através duma complexa rede de organizações tais como a “Gay Straight Lesbian Educators Network” (GSLEN), a “American Civil Liberties Union” (ACLU), “People for the American Way”, “United for Peace and Justice”, “Planned Parenthood”, “Sexuality Information and Education Council of the United States” (SIECUS), e a “Code Pink for Peace”.

Tanto o comunismo como a Nova Esquerda encontram-se vivos e de boa saúde aqui na América, preferindo usar palavras de código tais como: tolerância, justiça social, justiça econômica, paz, direitos reprodutivos, educação sexual e sexo seguro, escolas seguras, inclusão, diversidade e sensibilidade. Tudo junto, isto é marxismo cultural mascarado de multiculturalismo.

O nascimento do multiculturalismo

Antecipando a tempestade revolucionária que iria batizar o mundo num inferno de terror vermelho, levando ao nascimento da terra prometida de justiça social e igualdade proletária,Frederich Engels escreveu

Todas as (…) grandes e pequenas nacionalidades estão destinadas a desaparecer (…) na tempestade revolucionária mundial (…). (Uma guerra global) limpará todas (…) as nações, até os seus nomes. A próxima guerra mundial resultará no desaparecimento da face da Terra não só das classes reacionárias (…) mas (…) também dos povos reaccionários.
(“The Magyar Struggle”, Neue Rheinische Zeitung, Jan. 13, 1849)

Quando a Primeira Grande Guerra terminou, os socialistas perceberam que algo não havia corrido bem, uma vez que os proletários do mundo não haviam prestado atenção ao apelo deMarx de se insurgirem em oposição ao capitalismo como forma de abraçarem, no seu lugar, o comunismo. Devido a isto, estes mesmos socialistas começaram a investigar o que havia corrido mal.

Separadamente, dois teóricos marxistas, Antonio Gramsci (Itália) e Georg Lukacs (Hungria), concluíram que o Ocidente cristianizado era o obstáculo que impedia a chegada da nova ordem mundial comunista.

Devido a isto, eles concluíram que, antes da revolução ter sucesso, o Ocidente teria que ser conquistado. Gramsci alegou que, uma vez que o Cristianismo já dominava o Ocidente há mais de 2 mil anos, não só esta ideologia estava fundida com a civilização ocidental, como ela havia corrompido a classe operária.

Devido a isso, afirmou Gramsci, o Ocidente teria que ser previamente descristianizado através duma “longa marcha através da cultura”.

Adicionalmente, uma nova classe proletária teria que ser criada. No seu livro “Cadernos do Cárcere,” Gramsci sugeriu que o novo proletariado fosse composto por criminosos, mulheres, e minorias raciais. Segundo Gramsci, a nova frente de batalha deveria ser a cultura, começando pela família tradicional e absorvendo por completo as igrejas, as escolas, a grande mídia, o entretenimento, as organizações civis, a literatura, a ciência e a história. Todas estas instituições teriam de ser transformadas radicalmente e a ordem social e cultural teria que ser gradualmente subvertida de modo a colocar o novo proletariado no topo.

O protótipo

Em 1919, Georg Lukacs tornou-se vice-comissário para a Cultura do regime bolschevique de curta duração de Bela Kun, na Hungria. Imediatamente ele colocou em marcha planos para descristianizar a Hungria, raciocinando que, se a ética sexual cristã pudesse ser fragilizada junto à crianças, então o odiado patriarcado bem como a Igreja sofreriam um duro golpe.

Lukacs instalou um programa de educação sexual radical e palestras sexuais foram organizadas; foi distribuída literatura contendo imagens que instruíam graficamente os jovens a enveredar pelo “amor livre” (promiscuidade) e pela intimidade sexual (ao mesmo tempo que a mesma literatura os encorajava a ridicularizar e a rejeitar a ética moral cristã, a monogamia e a autoridade da igreja). Tudo isso foi acompanhado por um reinado de terror cultural perpetrado contra os pais, sacerdotes e dissidentes.

Os jovens da Hungria, havendo sido alimentados com uma dieta constante de neutralidade de valores (ateísmo) e uma educação sexual radical, ao mesmo tempo que eram encorajados a revoltarem-se contra toda a autoridade, facilmente se transformaram em delinquentes que variavam de intimidadores e ladrões menores, para predadores sexuais, assassinos e sociopatas.A prescrição de Gramsci e os planos de Lukacs foram os precursores do que o marxismo cultural, mascarado de SIECUS, GSLEN, e a ACLU – agindo como executores da lei judicialmente aprovados – mais tarde trouxe às escolas americanas.

Construindo uma base

No ano de 1923 foi fundada na Alemanha de Weimar a Escola de Frankfurt – um grupo de reflexão marxista. Entre os fundadores encontravam-se Georg Lukacs, Herbert Marcuse, e Theodor Adorno. A escola era um esforço multidisciplinar que incluia sociólogos, sexólogos e psicólogos. O objetivo primário da Escola de Frankfurt era o de traduzir o marxismo econômico para termos culturais.

A escola disponibilizaria as ideias sobre as quais se fundamentaria uma nova teoria política de revolução (com base na cultura), aproveitando um novo grupo “oprimido” para o lugar do proletariado infiel. Esmagando a religião e a moralidade, a escola construiria também um eleitorado junto aos acadêmicos que construiriam carreiras profissionais estudando e escrevendo sobre a nova opressão.

Mais para o final, Herbert Marcuse – que favorecia a perversão polimorfa – expandiu o número do novo proletariado de Gramsci de modo a que se incluíssem os homossexuais, as lésbicas e os transsexuais. A isto juntou-se a educação sexual radical de Lukacs e as tácticas de terrorismo cultural. A “longa marcha” de Gramsci foi também adicionada à mistura, sendo ela casada à psicanálise freudiana e às técnicas de condicionamento psicológico. O produto final foi o marxismo cultural, hoje em dia conhecido no Ocidente como multiculturalismo.

Apesar disto tudo, era necessário mais poder de fogo intelectual, uma teoria que patologizasse o que teria que ser destruído. Nos anos 50 a Escola de Frankfurt expandiu o marxismo cultural de modo a incluir a ideia da “Personalidade Autoritária” de Theodor Adorno. O conceito tem como premissa a noção de que o Cristianismo, o capitalismo e a família tradicional geram um tipo de caráter inclinado ao racismo e ao fascismo.

Logo, qualquer pessoa que defenda os valores morais tradicionais da América, bem como as suas instituições, é ao mesmo tempo um racista e um fascista.

O conceito da “Personalidade Autoritária” defende também que as crianças criadas segundo os valores tradicionais dos pais irão tornar invariavelmente racistas e fascistas. Como conseqüência, se o fascismo e o racismo fazem parte da cultura tradicional da América, então qualquer pessoa educada segundo os conceitos de Deus, família, patriotismo, direito ao porte de armas ou mercados livres precisa de ajuda psicológica.

A influência perniciosa da ideia da “Personalidade Autoritária” de Adorno pode ser claramente vista no tipo de pesquisas que recebem financiamento através dos impostos dos contribuintes.

Em agosto de 2003, a “National Institute of Mental Health” (NIMH) e a “National Science Foundation” (NSF) anunciaram os resultados do seu estudo financiado com 1.2 milhões de dólares, dinheiro dos contribuintes. Essencialmente, esse estudo declarou que os tradicionalistas são mentalmente perturbados. Estudiosos das Universidades de Maryland, Califórnia (Berkeley), e Stanford haviam determinado que os conservadores sociais… sofrem de “rigidez mental”, “dogmatismo”, e  ”aversão à incerteza”, tudo com indicadores associados à doença mental. (http://www.edwatch.org/ – ‘Social and Emotional Learning” Jan. 26, 2005)

O elenco orwelliano de patologias demonstra o quão longe a longa marcha de Gramsci já nos levou.

O politicamente correto

[Nota de FMB: Ver também o documentário “A história do politicamente correto.]

Uma ideia correspondente e diabolicamente construída é o conceito do “politicamente correto”. A sugestão forte aqui é que, para que uma pessoa não seja considerada “racista” e/ou “fascista”, não só essa pessoa deve suspender o julgamento moral, como deve abraçar os “novos” absolutos morais: diversidade, escolha, sensibilidade, orientação sexual, e a tolerância. O “politicamente correto” é um maquiavélico engenho de “comando e controle”e o seu propósito é a imposição de uma uniformidade de pensamento, discurso e comportamento.

A Teoria Crítica é outro engenho psicológico de “comando e controle”. Tal como declarado por Daniel J. Flynn, “a Teoria Crítica, tal como o nome indica, só critica. O que a desconstrução faz à literatura, a Teoria Crítica faz às sociedades.” (Intellectual Morons, p. 15-16)

A Teoria Crítica é um permanente e brutal ataque, através da crítica viciosa, aos cristãos, ao Natal, aos Escoteiros, aos Dez Mandamentos, às nossas forças militares, e a todos os outros aspectos da sociedade e cultura americana.

Tanto o “politicamente correto” como a Teoria Crítica são, na sua essência, intimidações psicológicas. Ambas são maços de calceteiros psico-políticos através dos quais os discípulos da Escola de Frankfurt – tais como a ACLU – estão a forçar os americanos a se submeterem e a obedecerem os desejos e os planos da esquerda. Estes engenhos desonestos não são mais do que versões psicológicas das táticas de “terrorismo cultural” de Georg Lukacs e Laventi Beria. Nas palavras de Beria:

A obediência é o resultado do uso da força (…). A força é a antítese das ações humanizantes. Na mente humana isto é tão sinônimo com a selvageria, ilegalidade, brutalidade e barbarismo, que é apenas necessário exibir uma atitude desumana em relação às pessoas para receber dessas pessoas as posses de força.
(The Russian Manual on Psychopolitics: Obedience, por Laventi Beria, chefe da Polícia Secreta Soviética e braço direito de Stalin.)

Pessoas com pensamento contraditório, pessoas que se encontram “sentadas em cima do muro”, também conhecidos como “moderados”, centristas e RINOs (ed: RINO = Republicans In Name Only, isto é, falsos republicanos), carregam consigo a marca destas técnicas psicológicas de “obediência”. De uma forma ou outra, estas pessoas – que em casos literais se encontram com medo de serem vítimas dos agentes de imposição de obediência – decidiram ficar em cima do muro sob pena de serem considerados culpados de terem uma opinião. 

Ao mínimo sinal de desagrado dos agentes de imposição de obediência (isto é, polícias do pensamento), estas pessoas içam logo a bandeira amarela de rendição onde está escrito de forma bem visível:

“Eu não acredito em nada e eu tolero tudo!”

Determinismo cultural

A cavilha da roda [inglês: “linchpin”] do marxismo cultural é o determinismo cultural, parente da política de identidade e da solidariedade de grupo. Por sua vez, o determinismo cultural foi gerado pela ideia darwiniana de que o homem não é mais que um animal sem alma e que, portanto, a sua identidade – a sua pele, as suas preferências sexuais e/ou as suas preferências eróticas – é determinada pelo exemplo. 

Esta proposição rejeita o conceito do espírito humano, da individualidade, do livre arbítrio e de uma consciência moralmente informada (associada à culpabilidade pessoal e à responsabilidade) uma vez que ela nega a existência do Deus da Bíblia.

Conseqüentemente, e por extensão, ela rejeita também os primeiros princípios da liberdade americana enumeradas na Declaração de Independência. Estes são os nossos “direitos inalienáveis, entre os quais encontram-se a vida, a liberdade e a busca pela felicidade.” O marxismo cultural deve rejeitar todos estes princípios porque eles “foram doados pelo nosso Criador” que fez o homem à Sua Imagem.

Para David Horowitz, o determinismo cultural é

… política de identidade – a política do feminismo radical, da revolução queer e do afro-centrismo – que formam a base do multiculturalismo acadêmico (…) uma forma de fascismo acadêmico e (…) de fascismo político também. (Mussolini and Neo-Fascist Tribalism: Up from Multiculturalism, by David Horowitz, Jan. 1998)

É dito que a coragem é a primeira das virtudes porque sem ela, o medo paralisará o homem, impedindo-o assim de agir segundo as suas convicções morais e de falar a verdade.  Assim, trazer um estado geral de medo paralisante, apatia e submissão – as correntes da tirania – é o propósito por trás do terrorismo cultural psico-político, uma vez que a agenda revolucionária da esquerda comunista deve, a qualquer preço, estar envolta em secretismo.

O antídoto para o terrorismo cultural é a coragem e a luz da verdade.

Se nós queremos vencer esta guerra cultural, reclamando e reconstruindo nosso país para que os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos possam viver numa “Cidade Resplandescente situada na Colina”, onde a liberdade, as famílias, as oportunidades, o mercado livre e a decência florescem, temos que reunir a coragem de modo a que possamos, sem medo,expor a agenda revolucionária da esquerda comunista à Luz da Verdade. A verdade e a coragem de declará-la nos libertará.

Linda Kimball é autora de diversos artigos e ensaios sobre cultura e política.

Publicado no American Thinker – http://www.americanthinker.com

Tradução do Blog O Marxismo Cultural [acima revisada e grifada por Felipe Moura Brasil], publicada no site Mídia Sem Máscara

Autor: Linda Kimball

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Milhares de pessoas se manifestaram, na França, contra uma série de medidas contrárias à família adotadas pelo governo socialista do presidente François Hollande.

Entre elas, a aprovação da lei que autoriza o casamento e a possibilidade de adoção de filhos por parte de casais homossexuais. Em número que oscila entre 80 mil, segundo a polícia, e 500 mil, segundo os organizadores, os franceses marcharam com o lema “Família, educação, solidariedade, dignidade”.

Os manifestantes foram reunidos pelo movimento “La manif pour tous” (A manifestação para todos), que, no ano passado, levou às ruas aproximadamente um milhão de pessoas para protestar contra os projetos dessas mesma leis, hoje agrupados na “lei Taubira”.

Entre os manifestantes há desde setores conservadores católicos até muçulmanos, judeus, associações laicas e até mesmo associações homossexuais que não concordam nem com o casamento nem com as adoções por parte de homossexuais.

Em grande número, os pais e mães franceses se uniram à marcha. Nos últimos dias, eles não levaram os filhos à escola porque decidiram boicotar uma matéria experimental sobre a “teoria de gênero”, denominada “ABCD da Igualdade” e imposta pelo Ministério da Educação do país.

O boicote às escolas teve grande adesão. Segundo a mídia local, alguns colégios viram um terço dos alunos ficarem em casa e outros tiveram até 50% dos alunos ausentes das aulas.

O ministro francês da Educação, Vincent Peillon, se viu obrigado na última terça-feira a declarar que “as escolas francesas não ensinam a homossexualidade às crianças”.

Os manifestantes lamentam também a aprovação do aborto pela Câmara de Deputados e destacam o perigo de que o próximo passo seja a reprodução assistida para lésbicas e o uso de “barrigas de aluguel”, projetos que devem ser propostos ao parlamento em abril.

Esta marcha acontece uma semana depois dos protestos contra o governo de Hollande que deixaram 19 policiais feridos e mais de 200 cidadãos presos. O ministro do Interior, Manuel Valls, declarou: “Não toleraremos nenhum excesso violento, nenhum ataque contra a polícia”.

“Não houve violência nenhuma”, disseram os porta-vozes de “La Manif pour Tous”, reiterando que não se trata de uma questão política, mas de princípios universais.

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A “Ideologia do Gênero” sofreu um grande golpe. O Conselho Nórdico de Ministros, (uma comissão internacional de formada por representantes dos governos da Noruega, Suécia, Dinamarca e Islândia, Iceland) decidiu encerrar Instituto de Gênero Nórdico (NIKK).

O NIKK tem fundamental para a “Teoria de Gênero”, produzindo bases “científicas” para políticas sociais e educacionais que transformaram os países nórdicos nos países considerados os mais “sensíveis às questões de gênero” do mundo.

Como resultado, o NIKK luta para ressuscitar desde o ano passado. O site do Instituto já saiu e voltou ao ar algumas vezes. No entanto, quase não se vê notícia disso na mídia internacional. Há algum tempo, o site do Instituto voltou a funcionar com um novo nome: “Informações Nórdicas para o Conhecimento de Gênero“. O antigo Instituto agora está abrigado pela Secretaria para Pesquisa de Gênero da Suécia (alguma surpresa aí?). No site, que está reconstrução, já se pode ler novamente artigos com a “cientificidade” que conhecedores reconhecerão, como para dizer que o desequilíbrio climático do planeta está relacionado ao excesso de poder masculino.

A decisão do Conselho foi tomada após a o canal de TV estatal norueguês exibir um documentário expondo falta de caráter científico do Instituto(veja-o na íntegra, abaixo)

O produtor da série é Harald Eia, comediante conhecido na Noruega por suas sátiras na TV. Harald Eia tem formação em Ciências Sociais. Ele ficou intrigado pelo chamado “paradoxo norueguês da igualdade de gênero”: apesar de todos os investimentos feitos por políticos e “engenheiros sociais” e da Suécia ter sido escolhida o país com maior igualdade de gênero, homens e mulheres continuam a preferir profissionais consideradas como “estereótipos de gênero” (mulheres ainda tendem à enfermagem e medicina, homens ainda tendem mais a tecnologia, construção civil, etc.). Mesmo com todo o esforço governamental, as preferências as tendências de homens e mulheres continuam as mesmas.

No documentário, Eia, com sua equipe de filmagem, faz algumas perguntas simples aos mais importantes pesquisadores sobre “Gênero” do NIKK. Depois, entrevista os mais importantes cientistas no Reino Unido e Inglaterra. Harald mostra a todos os cientistas as respostas fornecidas por seus colegas. Eia mostra em vídeo como as afirmações das autoridades nórdicas em Gênero, que orientam as dispendiosas políticas de igualdade, causam espanto na comunidade científica – principalmente porque fica explícito como os pesquisadores de gênero baseiam suas afirmações nas suas próprias teorias, sem fundamentação em pesquisa empírica. Harald então volta a Oslo e mostra as gravações aos pesquisadores do NIKK. Acontece que, diante de pesquisas científicas empíricas, os “Especialistas em Gênero” não conseguem defender suas teorias perante a dados reais.

Após o vexame da exposição pública da farsa que são as pesquisas de gênero do NIKK, pessoas começaram a fazer perguntas. Afinal, são 56 milhões de euros do dinheiro dos impostos usados para patrocinar as “pesquisas” de ideólogos de gênero sem qualquer credenciamento científico exceto o fornecido por eles mesmos.

O documentário é feito por algumas perguntas honestas, simples e objetivas, feitas por um sociólogo e comediante sinceramente interessado em desvendar o “Paradoxo da Igualdade de gênero”. Mas isso foi suficiente para mostrar que todo celebrado edifício da “Teoria de Gênero” não conta com alicerces, mas sim com a exploração da ingenuidade pública. Quiçá essa lição seja aprendida por mais pessoas em outros países, outros continentes e na ONU, onde essa ideologia é acalentada pela conveniência para os ocupantes dos gabinetes prestigiosos.

O documentário completo de Harald Eia foi disponibilizado por ele no site vimeo. Inicialmente, estava protegido pela senha “hjernevask” (“Lavagem cerebral” em norueguês, título aliás muito bem escolhido para o documentário). Todos os episódios estão com legendas em inglês.

Para maior conforto dos falantes do idioma Português, disponibilizei a versão legendada da Parte 1 (com o título “O Paradoxo da Igualdade”) abaixo

O documentário completo (com legendas em Inglês):

Part 1 – The Gender Equality Paradox
Part 2 – The Parental Effect (“O efeito parental”)
Part 3 – Gay/straight (“Gay/Hetero”)
Part 4 – Violence (“Violência”)
Part 5 – Sex (“Sexo”)
Part 6 –Race (“Raça”)
Part 7 – ”Nature or Nurture (“Natureza ou aprendizado”)

Meus comentários

O primeiro vídeo da série de Harald Eia é simplesmente sensacional, e está alinhado com o que este blog tem publicado sobre dinâmica social usada para estudar a política. Nada melhor que estar sustentado pelo que a ciência tem a nos dizer sobre as principais propostas de ideólogos. É por este motivo que optei por utilizar a dinâmica social, junto com a psicologia evolutiva, como alicerce para meus estudos.

Para jogar o jogo da simulação de guerra de classes, onde as classes em guerra são muito mais variadas que proletariado X burguesia, os marxistas culturais criaram simulações dessa “guerra” para grupos como homossexuais X heterossexuais e mulheres X homens. Obviamente, eles dirão que esses grupos estão em guerra, e depois pedirão dinheiro do estado para eliminar as diferenças entre esses grupos. Eles afirmarão em uníssono que essas diferenças são “apenas construções culturais”.

Claro que é tudo mentira baseada em uma ideologia que jamais se preocupou em ser científica, e o vídeo de Eia faz exatamente isso: denunciar o quão pseudo-científicos são os ideólogos que querem “igualar gêneros”.

A melhor parte do vídeo vem no final, quando os dois pesquisadores noruegueses (na verdade ideólogos esquerdistas) rejeitam as pesquisas científicas que mostram a base biológica para a diferença de gêneros. Em negação, os esquerdistas dizem coisas como “Que mania de querer estudar isso?” ou “Esses pesquisadores parecem que estão obcecados com a Biologia”. É assim sempre: quando esquerdista não consegue refutar uma evidência que destrói suas ilusões, atacam o mensageiro.

E, justiça seja feita, até um relógio está certo duas vezes por dia, e as vezes esquerdistas acertam:  o documentário de Harald Eia, que ajudou a desmascarar o discurso da igualdade de gênero nos países escandinavos, foi exibido por uma TV estatal.

Fonte: Direitos dos Homens

Veja o espetacular vídeo.

Marxismo Cultural.

O termo inglês “gender” apareceu há uns anos na literatura sobre as relações entre o homem e a mulher. Traduzido para o português como gênero, seria mais facilmente compreensível se se traduzisse como “sexo” masculino e “sexo” feminino, embora negue as diferenças biológicas.

O discurso sobre o gênero nega importância à diferença genital entre homem e mulher e recolhe a interpretação de Friedrich Engels do conceito de luta de classes.

Se tivéssemos que resumir a ideologia do gênero numa só frase, conviria recolher de novo a famosa frase de Simone de Beauvoir: “A mulher não nasce: faz-se.” [1].

Uma nova versão da luta de classes

Os textos dedicados ao gênero analisam os papeis e responsabilidades atribuídas ao homem e à mulher no contexto da nossa sociedade, como se fossem expectativas de certas características, aptidões e comportamentos prováveis de cada um deles (a feminidade e a masculinidade). Estes papeis e expectativas seriam distintos com o tempo e segundo as organizações econômicas e sociais.

A ideologia do gênero recolhe a interpretação de Friedrich Engels do conceito de luta de classes. No seu livro “A origem da família”, Engels relata a história da mulher: uma história que depende essencialmente da da técnica. A aparição da propriedade privada converte ao homem em proprietário da mulher. Na família patriarcal fundada sobre a propriedade privada, a mulher vê-se explorada e oprimida pelo homem. O proletariado e as mulheres convertem-se, assim, em duas classes oprimidas. A liberação da mulher passa, pois, pela destruição da família e a entrada de todas as mulheres no mundo do trabalho. Uma vez “liberada” do jugo marital e da carga da maternidade, a mulher poderá ocupar o seu lugar numa sociedade de produção. Simone de Beauvoir dá-nos uma visão disto:

“É fácil imaginar um mundo em que homens e mulheres sejam iguais, pois é exatamente o que prometeu a revolução Soviética Comunista : as mulheres, educadas e formadas exatamente como os homens, trabalhariam nas mesmas condições e com os mesmos salários; a liberdade erótica seria admitida pelos costumes, mas o ato sexual já não seria considerado como um “serviço” que se remunera; a mulher teria de assegurar outro modo de ganhar a vida; o casamento fundaria-se num livre compromisso ao qual os esposos poderiam pôr termo quando quisessem; a maternidade seria livre, isto é, autorizaria-se o controle da natalidade e o aborto, que por sua parte daria a todas as mães e aos seus filhos exatamente os mesmos direitos, estejam elas casadas ou não; as baixas por maternidade seriam pagas pela coletividade, que tomaria a seu cargo as crianças, o que não significa que elas seriam retiradas aos seus pais, mas que não seriam abandonadas”. [2]

Assim mesmo, inspirando-se no estruturalismo, a ideologia do gênero considera que cada cultura produz as suas próprias normas de conduta e modela um tipo de mulher distinto. Segundo as sociedades, certas tarefas serão tradicionalmente consideradas como “tarefas femininas” e outras como masculinas. Se se quer “liberar” a mulher da imagem de mãe de casa, educando aos seus filhos e ocupando-se do seu marido, há que dar-lhe os meios necessários: a contracepção e o aborto. Liberada das responsabilidades do lar e a família, a mulher poderá entregar-se ao seu papel de trabalhadora, em igualdade com o homem. É assim que afirmam que as diferenças de papel entre homem e mulher são de origem puramente histórico ou cultural: o produto de uma cultura em vias de extinção.

A mulher “desmaternizada”

No seu livro dedicado ao amor materno, Elisabeth Badinter defende que o instinto maternal é um mito. Quanto ao amor materno, em sua opinião, não se pode dar por certo [3]. Nalgumas das suas páginas, a maternidade apresenta-se como alienação e escravidão feminina. É tempo, pois, de “desmaternizar” a mulher, de abolir as diferenças de papel entre homem e mulher, para chegar a uma “cultura unisexo”. A diferença e a complementaridade substituem-se pela semelhança entre os sexos. Aparece a androgenia e promove-se a valorização de uma suposta bissexualidade original de todas as pessoas.

Nesta nova cultura, os papeis ou funções do homem e da mulher seriam perfeitamente intercambiáveis [4]. A partir de então, a família heterossexual e monogâmica, consequência natural do comportamento heterossexual do homem e a mulher, aparece como um caso de prática sexual como muitos outros que se situariam em plano de igualdade com este: a homossexualidade, o lesbianismo, a bissexualidade, o travestismo, as “famílias” recompostas, as “famílias” monoparentais masculinas o femininas, e só faltariam as uniões pedófilas ou até incestuosas.

Como todas as uniões devem pôr-se em pé de igualdade, a lei deveria dar a todas elas as mesmas prerrogativas jurídicas que se reconhecem à família tradicional.

A cultura anti-família do gênero

A família tradicional, heterossexual e monogâmica, reduz-se a um modelo entre tantas outras uniões de carácter puramente contratual.

A família tradicional compreende a instituição matrimonial: compromisso no tempo, deveres de fidelidade, convivência, ajuda e assistência livremente consentidos. Do matrimônio surge naturalmente a filiação. O estado de filiação não se inventa; instituiu-se socialmente como a origem ou proveniência de toda a pessoa, do qual não se pode dispor: nem o sujeito tem poder para decidir que deixa de ser filho ou filha dos seus pais, nem estes são donos do vínculo que, no entanto, procede de seu ato procriador. A instituição familiar tradicional é pois o lugar onde as pessoas se comprometem a construir juntos uma nova comunidade, estável e aberta à vida. A família é lugar de solidariedade, interdependência consentida e fidelidade.

A cultura anti-família do gênero chama “família” e equipara diferentes formas de união que se fundam em contratos acordados entre indivíduos. Os vínculos que alguém contrai com outro indivíduo seriam então rescindíveis em qualquer momento, se os termos deixam de lhe convir, no momento em que a suposta bissexualidade original evolua num ou noutro sentido. Quanto aos filhos, se os há, perderam essa família –precária desde a origem— quando as partes contratantes tiverem interesse em pôr fim a esse contrato

A. M. Libert, in Mujer Nueva / Le Feu

[1].”Le deuxième sexe II. L’expérience vécue”, NRF, Ed. Gallimard 1949, pág.13

[2]. Idem, pág.569

[3]. Simone de Beauvoir já tinha escrito: “(…) o amor materno não tem nada de natural” (idem, pág. 339). Ver “L’amour em plus. Histoire de l’amour maternel (XVIIe-Xxe siècle), Elisabeth Badinter, Ed. Flammarion, Paris, 1980.

[4]. Ver Safe Motherhood Initiatives: Critical issues, editado por Marge Berer e TK Sundari Ravindran, colecção Reproductive Health Matters, Blackwell Science Ltd., Oxford 1999.

 


Rodrigo Constantino

O programa “Globo Repórter” dessa sexta-feira (16 de Agosto de 2013) mostrou que todo tipo de família é o máximo, a coisa mais linda do mundo. “Família é aquilo que cada um diz que é”, afirmou a psicóloga entrevistada.

Mães sem pais, pais sem mãe, pai solteiro sozinho, vários agregados misturados vivendo sob o mesmo teto, casal separado super amiguinho onde o ex tem a chave da casa dela (e os filhos, por algum motivo, vivem alimentando a ideia de que eles podem reatar), tudo apresentado pela Zileide Silva. Bem progressista e moderno.

A única formação que ficou parecendo ultrapassada, retrógrada, reacionária, chata e careta é a de papai, mamãe e filhos. Revolução cultural gramsciana? Imagina… Para quem não conhece bem o que seja a estratégia de Gramsci para a tomada do poder pelos comunistas, recomendo uma resenha que escrevi em 2009 do ótimo livro do saudoso General Coutinho sobre o assunto. Abaixo, alguns trechos:

Muitos preferem acreditar inclusive no óbito da ideologia socialista depois da queda do Muro de Berlim e da União Soviética. Doce ilusão! O moribundo apenas recuou um pouco, fez algumas plásticas superficiais, mudou a embalagem, mas continua bastante vivo.

As idéias de Gramsci serviram justamente para esta mudança tática, para a adaptação dos socialistas à nova realidade. Mas a meta continua a mesma: conquistar o poder e criar o “novo homem” e o “novo mundo”, onde a necessidade é coisa do passado burguês, as classes desaparecem e todos vivem felizes para sempre.

Pode parecer incrível para alguns que esta utopia ainda possa conquistar tantos adeptos. Mas basta um olhar mais atento em volta para constatar que isso é fato: o socialismo ainda encanta muita gente. E com os instrumentos estratégicos fornecidos por Gramsci, o perigo aumenta exponencialmente.

[…]

Será criado na sociedade um novo senso comum, que irá destruir a capacidade individual de bom senso. Alguns velhos conceitos podem ser preservados se forem “instrumentais”, bastando aprimorá-los para contribuírem também para a formação da nova mentalidade. Os meios de comunicação social (imprensa, radio e televisão) serão os principais canais de difusão do novo senso comum. Além destes, o setor editorial, a cátedra, o magistério, a expressão artística e o meio intelectual tradicional serão importantes veículos dessa transformação. Assim como a estratégia atribuída a Goebbels no nazismo, os argumentos serão repetidos ‘ad nauseam’, através de uma “orquestração”.

O sistema defensivo da burguesia deverá ser neutralizado. Entre as principais instituições alvos, estão os partidos políticos, o parlamento, a classe empresarial, a Igreja, as forças armadas, o aparelho policial e a família. Como explica o autor, “o empreendimento de neutralização é complexo e é conduzido pelo amplo trabalho psicológico, político e ideológico que realiza o esvaziamento do moral do elemento humano das organizações burguesas, de tal modo que elas perdem o seu valor funcional e ético perante a sociedade civil”. Serão utilizadas táticas como o “denuncismo”, isolamento, constrangimento e inibição, patrulhamento, penetração ideológica e infiltração de intelectuais. Trata-se de uma batalha longa, que exige paciência, mas que cria as condições necessárias para a tomada do poder.

[…]

Ao término do livro, o autor oferece alguns sinais do avanço da estratégia gramscista no Brasil, que não podem fugir aos olhares mais atentos. Os mais jovens não notam a mudança cultural porque não conheceram os valores antigos, e os mais velhos encaram as modificações como “naturais” ou “espontâneas”, ignorando a “penetração cultural bem conduzida pelos intelectuais orgânicos.

Em primeiro lugar, temos o conceito de “politicamente correto”, que passou a dominar qualquer debate e ofuscar a livre opinião ou independência intelectual. Trata-se de “socialização” da opinião, e o patrulhamento ideológico é uma poderosa arma nesse sentido.

Além disso, o conceito de legalidade está sendo substituído pelo de “legitimidade”, esvaziando as normas e leis em troca das “reivindicações justas”. Invadir terras ou saquear estabelecimentos passam a ser atos “legítimos”, pois representam um passo na luta pela “justiça social”.

Existem outros exemplos, como o ataque aos valores familiares tradicionais, o uso manipulado da questão racial para negar a tolerância multirracial burguesa, o uso dos “direitos humanos” como proteção ao criminoso, identificado como vítima da “sociedade burguesa”, enquanto a vítima real é tratada com indiferença por ser identificada geralmente como burguês privilegiado(…)  a utilização da “opinião pública” como critério de verdade maior que a própria lógica;

O diretor do Instituto Liberal, Bernardo Santoro, capturou bem o espírito da crítica:

Eu cresci em uma família de pais separados e sempre digo que acho qualquer modelo diferente do tradicional algo péssimo pros filhos. Eu sou um defensor da liberdade de casamento e da liberdade das formas de família por achar que não tenho o direito de impor meu modelo de vida pras pessoas, mas achar bonito esses modelos que apareceram na globo, não acho não.

Uma coisa é defender a liberdade de formas familiares, outra coisa é glamourizar esses modelos. Acho que a Globo errou a mão.

Exato. Como liberal, eu defendo o direito de as pessoas viverem de forma diferente. Claro, desde que respeitados os direitos dos outros, principalmente os interesses das crianças envolvidas. Mas esse não é o ponto em questão. O problema é essa glamourização do “diferente”, só por ser diferente. E quanto mais diferente, mais legal, pois não podemos ser “intolerantes”, “preconceituosos”. Essa perda da capacidade de julgar de forma minimamente objetiva é a desgraça de nosso tempo.

E os maiores prejudicados, como sempre, não são os membros da elite relativista, e sim os mais humildes da periferia, que pagam um preço bem elevado por essa degradação moral e esse relativismo disseminado de cima para baixo. A família tradicional sempre foi, com todos os seus possíveis defeitos, um obstáculo aos avanços do estado totalitário. Por que será que a esquerda bate tanto nessa instituição?

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/2013/08/17/gramsci-no-globo-reporter/

Orlando Braga

O antropocentrismo do marxismo econômico falhou, como sistema social e econômico, em todo o mundo; resta ao marxismo a guerrilha cultural.

Muitos de nós fazemos uma ideia do que é o politicamente correto (PC), pela repetição de informações transmitidas pela mídia.

O PC não teve origem recente; remonta a sua utilização como instrumento ideológico, ao tempo da I Guerra Mundial. Quando Karl Marx escreveu o “Manifesto Comunista” (séc. 19), ficou bem claro que ideologia que nascia assentava em duas vertentes básicas: O marxismo econômico, que defende a ideia de que a História é determinada pela propriedade dos meios de produção, e o marxismo cultural, que defende a ideia de que a História é determinada pelo poder através do qual, grupos sociais (para além das classes sociais) definidos pela raça, sexo, etc., assumem o poder sobre outros grupos.

Até a I Guerra Mundial, o marxismo cultural não mereceu muita atenção, que se concentrou praticamente toda no marxismo econômico, que deu origem à revolução bolchevista (URSS).

O marxismo cultural é uma sub-ideologia do marxismo (a “outra face da moeda” é o marxismo econômico), e como todas as ideologias, tende inexoravelmente para a implantação de uma ditadura, isto é, para o totalitarismo.

À semelhança do marxismo econômico, o marxismo cultural (ou Politicamente Correto) considera que os trabalhadores e os camponeses são, à partida, “bons”, e que a burguesia e os capitalistas são, a priori, “maus”.

Dentro das classes sociais assim definidas, os marxistas culturais entendem que existem grupos sociais “bons” (como as mulheres feministas — porque as mulheres não-feministas são “más” ou “ignorantes”),  são classificados pelos marxistas culturais como sendo “vítimas” e por isso, são considerados como “bons”, independentemente do que os seus membros façam ou deixem de fazer.

Segundo o marxismo cultural, o “macho branco” é o equivalente ideológico da “burguesia” no marxismo econômico,.

Enquanto que o marxismo econômico baseia a sua ação no ato de expropriação (retirada de direitos à propriedade), o marxismo cultural (ou PC) expropria direitos de cidadania, isto é, retira direitos básicos a uns cidadãos para, alegadamente, dar direitos acrescidos e extraordinários a outros cidadãos, baseados na cor da pele, sexo ou aquilo a que chamam de “orientação sexual”.

Nesta linha está a concessão de cotas de admissão, seja para o parlamento, seja no acesso a universidades ou outro tipo de instituições, independentemente de critérios de competência e de capacidade.

Enquanto que o método de análise utilizado pelo marxismo econômico é baseado no Das Kapital de Marx (economia coletivista marxista), o marxismo cultural utiliza o desconstrucionismo filosófico e epistemológico explanado por ideólogos marxistas como Jacques Derrida, que seguiu Martin Heidegger, que bebeu muita coisa em Friederich Nietzsche.

O Desconstrucionismo, em termos que toda a gente entenda, é um método através do qual se retira o significado de um texto para se colocar a seguir o sentido que se pretende para esse texto. Este método é aplicado não só em textos, mas também na retórica política e ideológica em geral. A desconstrução de um texto (ou de uma realidade histórica) permite que se elimine o seu significado, substituindo-o por aquilo que se pretende.

Por exemplo, a análise desconstrucionista da Bíblia pode levar um marxista cultural a inferir que se trata de um livro dedicado à superioridade de uma raça e de um sexo sobre o outro sexo; ou a análise desconstrucionista das obras de Shakespeare, por parte de um marxista cultural, pode concluir que se tratam de obras misóginas que defendem a supressão da mulher; ou a análise politicamente correta dos Lusíadas de Luís Vaz de Camões, levaria à conclusão de que se trata de uma obra colonialista, supremacista, machista e imperialista. Para o marxista cultural, a análise histórica resume-se tão só à análise da relação de poder entre grupos sociais.

O Desconstrucionismo é a chave do politicamente correto (ou marxismo cultural), porque é através dele que surge o relativismo moral como teoria filosófica, que defende a supressão da hierarquia de valores, constituindo-se assim, a antítese da Ética civilizacional europeia.

Com a revolução marxista russa, as expectativas dos marxistas europeus atingiram um ponto alto. Esperava-se o mesmo tipo de revolução nos restantes países da Europa. À medida que o tempo passava, os teóricos marxistas verificaram que a expansão marxista não estava a ocorrer. Foi então que dois ideólogos marxistas se dedicaram ao estudo do fenômeno da falha da expansão do comunismo marxista: António Gramsci (Itália) e George Lukacs (Hungria).

Gramsci concluiu que os trabalhadores europeus nunca seriam servidos nos seus interesses de classe se não se libertassem da cultura europeia – e particularmente da religião cristã. Para Gramsci, a razão do falhanço da expansão comunista marxista estava na cultura e na religião.

O mesmo conclui Lukacs. Em 1923, por iniciativa de um filho de um homem de negócios riquíssimo de nacionalidade alemã (Félix Veil), que disponibilizou rios de dinheiro para o efeito, criou-se um grupo permanente (“think tank”) de estudos marxistas na Universidade de Frankfurt. Foi aqui que se oficializou o nascimento do Politicamente Correto (Marxismo Cultural), conhecido como “Instituto de Pesquisas Sociais” ou simplesmente, Escola de Frankfurt – um núcleo de marxistas renegados e desalinhados com o marxismo-leninismo.

Em 1930, passou a dirigir a Escola de Frankfurt um tal Max Horkheimer, outro marxista ideologicamente desalinhado com Moscou e com o partido comunista alemão. Horkheimer teve a ideia de se aproveitar das ideias de Freud, introduzindo-as na agenda ideológica da Escola de Frankfurt; Horkheimer coloca assim a tradicional estrutura socio-econômica marxista em segundo plano, e elege a estrutura cultural como instrumento privilegiado de luta política. E foi aqui que se consolidou o Politicamente Correto, tal como o conhecemos hoje, com pequenas variações de adaptação aos tempos que se seguiram. Surgiu a Teoria Crítica.

O que é a Teoria Crítica? As associações financiadas pelo nosso Estado e com o nosso dinheiro, em apoio ao ativismo gay, em apoio a organizações feministas camufladas de “proteção à mulher”, e por aí fora – tudo isso faz parte da Teoria Crítica do marxismo cultural, surgida da Escola de Frankfurt do tempo de Max Horkheimer. A Teoria Crítica faz o sincretismo entre Marx e Freud, tenta a síntese entre os dois (“a repressão de uma sociedade capitalista cria uma condição freudiana generalizada de repressão individual”, e coisas do gênero).

No fundo, o que faz a Teoria Crítica? Critica. Só. Faz críticas. Critica a cultura europeia; critica a religião; critica o homem; critica tudo. Só não fazem auto-crítica (nem convém). Não se tratam de críticas construtivas; destroem tudo, criticam de forma a demolir tudo e todos.

Por essa altura, aderiram ao bando de Frankfurt dois senhores: Theodore Adorno e Herbert Marcuse. Este último emigrou para os Estados Unidos com o advento do nazismo.

Foi Marcuse que introduziu no Politicamente Correto (ou marxismo cultural) um elemento importante: a sexualidade. Foi Marcuse que criou a frase “Make Love, Not War”. Marcuse defendeu o futuro da humanidade como sendo uma sociedade da “perversidade polimórfica”, na linha das profecias de Nietzsche.

Marcuse defendeu também, já nos anos 30 do século passado, que a masculinidade e a feminilidade não eram diferenças sexuais essenciais, mas derivados de diferentes funções e papéis sociais; segundo Marcuse, não existem diferenças sexuais, senão como “diferenças construídas”.

Marcuse criou o conceito de “tolerância repressiva” – tudo o que viesse da “Direita” tinha que ser intolerado e reprimido pela violência, e tudo o que viesse da Esquerda tinha que ser tolerado e apoiado pelo Estado. Marcuse é o pai do Politicamente Correto moderno.

O sucesso de expansão do marxismo cultural na opinião pública, em detrimento do marxismo econômico, deve-se três razões simples:

A primeira é que as teorias econômicas marxistas são complicadas de entender pelo cidadão comum, enquanto que o tipo de dedução primária do raciocínio PC, aliado à fantasia de um mundo ideal e sem defeitos, é digno de se fazer entender pelo mentecapto mais empedernido.

A segunda razão é porque o Politicamente Correto critica por criticar, pratica a crítica destrutiva até à exaustão – e sabemos que a adesão popular (da juventude, em particular) a este tipo de escrutínio crítico é enorme.

A terceira razão é que o antropocentrismo do marxismo econômico falhou, como sistema social e econômico, em todo o mundo; resta ao marxismo a guerrilha cultural.

O que se está a passar hoje na sociedade ocidental, não é muito diferente do que se passou na União Soviética e na China, num passado recente. Assistimos ao policiamento do pensamento, à censura das ideias, rumo a uma sociedade totalitária.

Orlando Braga edita o blog Perspectivas – http://espectivas.wordpress.com

Aleteia

A Argentina aparece como paradigma da exportação, por parte da Europa, da ideologia que pretende dar por superada a natureza humana, no 4° Relatório Anual sobre a Doutrina Social da Igreja no mundo, do Observatório Cardeal Van Thuân e outros cinco institutos internacionais de pesquisa, apresentado no dia 8 de maio, na sede da Rádio vaticano.

Em um só ano, o país sul-americano de tradição católica teve uma lei sobre a procriação artificial que desnaturalizou a família, além de uma modificação do código civil para permitir a “barriga de aluguel”, que desnaturalizou a paternidade e a filiação.

Também revolucionou a base de toda a sociedade argentina; foi deixada de lado a “natureza humana” e o país se afastou violentamente da inspiração da fé católica para a construção da sociedade.

Esta é a avaliação que o presidente do Observatório, Dom Giampaolo Crepaldi, fez ao apresentar o relatório, que inclui dados de 2011, coletados pelo CIES (Centro de Iniciativas da Economia Social) de Buenos Aires.

O estudo mostra uma emergência: a “colonização da natureza humana”, provocada por uma ideologia ocidental, expressão de uma cultura niilista, que pretende superar completamente o conceito de natureza humana.

“É exatamente aqui na Europa que esta despedida da natureza humana está obtendo resultados mais inquietantes – declarou Crepaldi. A Europa que difundia o cristianismo e, com ele, a proteção da natureza humana criada por Deus, agora exporta a superação da natureza humana, rumo a uma identidade que se constrói livremente: homem ou mulher, mãe ou pai, mulher e marido. Já não se é; a pessoa se torna.”

O prelado citou Bento XVI, ao destacar a necessidade de proteger o homem da destruição de si mesmo.

“Se a natureza humana é percebida como um cúmulo de fenômenos naturais guiados pela casualidade ou pela necessidade, então permanece muda com relação a nós: não diz nada sobre nós e sobre a nossa vida”, afirmou o arcebispo.

Segundo esta ideologia, ser homem ou mulher não é uma palavra que nos precede, mas um desejo nosso. “Se a nossa estrutura sexuada não é uma mensagem que nos diz como viver como pessoas humanas, então a genitalidade é algo exclusivamente técnico”, disse o prelado italiano.

Ao eliminar a identidade sexual, a capacidade de dar-nos um código de vida, a genitalidade se reduz a uma pura técnica vivida fora de qualquer identidade, ou seja, fora do próprio ser homem e mulher.

E acrescentou: “Há um imenso trabalho cultural a fazer para educar neste sentido da natureza e da natureza humana; e é desagradável ter de admitir que, dentro da Igreja e entre as próprias comunidades cristãs, às vezes se ignora a importância deste ponto”.

Também interveio na apresentação do relatório a especialista Eugenia Roccella, quem se referiu à necessidade de uma “realfabetização” da sociedade atual.

“Estamos perdendo os conceitos que antes dávamos por descontados e sobre os quais está construída a comunidade humana – disse à Aleteia. A evidência originária, o conceito de pessoa, os conceitos mais simples sobre os quais há uma sabedoria popular, como mãe, como pai.”

“Existe a ideia de que o filho é um direito e começa a existir também a ideia de que pode ser um objeto que se compra”, denunciou, antes de criticar o comércio de óvulos.

Aprofundando neste ponto, referiu-se à questão antropológica, destacando que ela “nasce da consciência de ser criatura”, e criticando a ideologia de gênero, que defende a manipulação do corpo humano, que é, como recordou ela, “o lugar da pessoa”.

Veja o vídeo de uma pastora evangélica que DENUNCIA  o processo de doutrinação de nossos filhos a partir de certas visões desconstrutoras de origem socialista, cujo maior avalista tem sido setores do próprio governo petista do Brasil.

O conteúdo é excelente e chocante, peca um pouco quando se torna muito auto referencial, principalmente nos 10 primeiros minutos, depois, porém, se torna extremamente instrutivo e, algumas vezes, explicito!, no entanto é esse o preço a ser pago para gerar em nós a indignação contra o que estão fazendo com nossos filhos e netos, agora e, se não houver uma interferência pela via democrática do voto livre e pela postura cidadã de cada um de nós, ainda mais no futuro próximo!

O vídeo não é curto, já que o assunto exige tempo para ser bem entendido. Sente-se e assista. Depois de terminar, com certeza, você não será mais o mesmo e sairá da ingenuidade dos que acreditam que um pouco de bem ( Ah, mas tem havido crescimento..) é o suficiente para ficar cego ao grande mal da destruição da Família e dos valores democráticos da liberdade e da defesa da vida. Afinal, como nos diz Jesus: ” Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma?” (Lucas 9,25)