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É a Suécia. Lá, 85% da população não tem nenhuma crença ou não acredita em Deus.

Esse foi o resultado da pesquisa Ateísmo: Taxas e Padrões Contemporâneos, do sociólogo norte-americano Phil Zuckerman. Segundo ele, os suecos aprendem sobre cada uma das religiões na escola e são livres para escolher seguir ou não uma delas. E isso se repete na maioria dos países com alto índice de ateísmo. Vale lembrar que o estudo engloba ateus, agnósticos e não-crentes em Deus e o ranking é baseado na porcentagem populacional de cada país.

  • Enquanto os ateus negam a existência de Deus, os agnósticos garantem não ser possível provar a existência divina.

Crer ou não crer? – Os números da religião e do ateísmo no mundo

Suécia: 85%

  • População: 8,9 milhões
  • Ateus: 7,6 milhões

Vietnã: 81%

  • População: 82,6 milhões
  • Ateus: 66,9 milhões

O budismo e o taoísmo, religiões comuns por lá, são vistos como uma tradição, e não crença.

Dinamarca: 80%

  • População: 5,4 milhões
  • Ateus: 4,3 milhões

Um levantamento da ONU aponta que países com boa taxa de alfabetização tendem a ser mais descrentes.

Noruega: 72%

  • População:4,5 milhões
  • Ateus: 3,2 milhões

Japão: 65%

  • População: 127 milhões
  • Ateus:82 milhões

Em 2008, o pesquisador britânico Richard Lynn concluiu que países com alto QI são mais ateus. É o caso da população japonesa, que mantém a média 105 – uma das mais altas já registradas.

República Tcheca: 61%

  • População: 10 milhões
  • Ateus: 6,2 milhões

Finlândia: 60%

  • População: 5,2 milhões
  • Ateus: 3,1 milhões

França: 54%

  • População: 60,4 milhões
  • Ateus: 32,6 milhões

Coreia do Sul: 52%

  • População: 48,5 milhões
  • Ateus: 25,2 milhões

Crenças no mundo

  1. Cristianismo: 33,3% ou 2 bilhões de pessoas (católicos: 16,8%; protestantes: 6%; ortodoxos: 4%; anglicanos: 1,2%)
  2. Outras: 23%
  3. Islamismo: 22,4% ou 1,2 bilhão de pessoas
  4. Hinduísmo: 13,7% ou 900 milhões de pessoas
  5. Budismo: 7,1%
  6. Sikhismo: 0,3%
  7. Judaísmo: 0,2%

Ateísmo por idade

  1. 18 e 34 anos – 54%
  2. 35 e 49 anos – 24%
  3. 50 a 64 anos – 15%
  4. 65 anos – 7%

Países com maior número de ateus

  1. 181,8 milhões de chineses são ateus – A China ocupa o 36º lugar no ranking de países com mais percentual de ateus (14%). Em números absolutos, porém, é onde vivem mais pessoas sem crença.
  2. Japão: 82 milhões.
  3. Rússia: 69 milhões.
  4. Vietnã: 66 milhões.
  5. Alemanha: 40 milhões.
  6. França: 32 milhões.
  7. Eua: 26,8 milhões.
  8. Inglaterra: 26,5 milhões.
  9. Coreia do Sul: 25 milhões.

Os mais fiéis – Países cuja maioria da população tem alguma crença:

  1. Itália: 90% (53 milhões)
  2. Filipinas: 80% (75 milhões)
  3. México: 76% (96 milhões)
  4. Brasil: 73% (137 milhões)

Ateísmo por sexo

  1. Homens: 56%
  2. Mulheres: 44%

Ateus no mundo – 749,2 milhões (11% da população mundial)

Na ciência – 50% dos cientistas têm alguma religiosidade. Entre eles, 36% acreditam em Deus. Ateus: 10%. Cristãos: 2%.

Fontes: Pesquisas de Phil Zuckerman (2007), Richard Lynn (2008) e Elaine Howard Ecklund (2010), ONU, adherents.com, American ReligiousIdentification Survey, The Pew Research Center, Gallup Poll, The New York Times, Good, Nature, Live Science e Discovery Magazine.

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Ultimamente, tenho tido a oportunidade de compartilhar ideias e diálogos profundos e de altura com ateus, sobretudo quanto ao tema de discórdia entre nós, que é a tão discutida existência de Deus.
 
Nestes diálogo, uma das coisas mais interessantes que aprendi é que existe certa obsessão dos ateus por “comprovar” que Deus não existe, mencionando certas ações de Deus, eventos bíblicos, ou tentando ridicularizar Deus com relação à sua “ausência” diante de certos acontecimentos atuais.
 
No entanto, o que me chama a atenção é que tentam fundamentar a “não existência” usando como argumento Aquele que tentam negar. Aristóteles teria recordado aqui seu princípio de não contradição, que nos ensina que algo não pode ser e não ser ao mesmo tempo.
 
Sobre a intenção de conhecer
 
Antes de entrar na questão, é importante levar em consideração que, para encontrar Deus, a Verdade em si mesma, é preciso estar dispostos e abertos a encontrá-la, de maneira que, ao deparar-nos com ela, saibamos reconhecê-la.
 
E é importante insistir no momento de tocar este tipo de temas fundamentais, dado que muitas vezes as pessoas que nos abordam com perguntas ou questionamentos não têm nenhuma intenção de conhecer a verdade, mas somente ridicularizar nossas crenças. Diante disso, qualquer diálogo seria inútil e desgastante, pois não chegaria a nenhum fim.
 
Este artigo pretende explicar o tema, de maneira que seja de proveito para diálogos de altura, entre pessoas que buscam sinceramente a verdade. É assim que o Catecismo esclarece o tema, dizendo que o homem que busca Deus descobre certas vias para acessar o conhecimento de Deus [1].
 
Quanto a isso, também vale a pena esclarecer que nós, como católicos, não devemos explicações a ninguém, especialmente quando nos abordam com perguntas capciosas. Ao contrário, os que afirmam algo e depois esperam que refutemos são os que devem provar o que afirmam, e nós é que devemos exigir tal comprovação.
 
Nisso, o Direito e as leis nos ensinam que não é o acusado quem deve explicar, em princípio, a acusação, mas o requerente deve justificar o que acusa.
 
Causa e efeito
 
Sobre este tema, a Igreja não se cansa de evocar São Tomás de Aquino, quem nos oferece 5 vias metafísicas para comprovar a existência de Deus.
 
Quando falamos de “comprovar”, não estamos nos referindo a uma experiência sensível sob o método científico. Para quem quer isso, sugiro que desista da ideia de “buscar respostas”, dado que Deus é espírito, e os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade [2].
 
Nisso, há quem mantém uma ideia um tanto absurda, segundo a qual o único válido e existente é aquilo que pode ser comprovado por meio do método científico, e isso é uma falácia chamada cientificismo.
 
A Igreja recorda São Tomás e suas vias, dentre as quais se destaca a de “causa e efeito”, que nos diz o seguinte:
 
“Tudo o que se move precisa ser movido por outro. Mas se o que é movido por outro se move, precisa ser movido por outro, e este por outro. Este proceder não pode acontecer indefinidamente, porque não se chegaria ao primeiro que move, e assim não haveria motor algum, pois os motores intermediários se movem por serem movidos pelo primeiro motor” [3].
 
São Tomás explica algo que é evidente em nossa vida cotidiana, pois, quando nos perguntamos, vendo a criação: “De onde saiu tudo isso?”, não poderíamos acreditar que tudo apareceu magicamente aqui, ou que causou a própria existência.
 
Tudo o que existe no mundo (seja um sapato, um carro ou uma pessoa) é um efeito cuja existência foi causada por algo além, que está fora de si. Dessa maneira, tudo o que experimentamos no mundo é efeito de algo além.

Seguindo esta lógica, todo efeito precisa da sua causa, e no final (ou melhor, no começo) a causa primeira deve ser uma que não precise de outra, que possa ser em si mesma, sem necessidade de outro motor, pois é o motor que move todo o resto. Este motor, a esta causa não causada, é Deus.
 
A Inteligência Ordenadora
 
Quando vemos o universo e tudo o que nos cerca, descobrimos que está regido por um sistema perfeito e complexo que obedece uma ordem específica.
 
Pensemos, por um instante, na “não existência de Deus”. Frente a isso, que argumento viável explicaria a perfeição com a qual o universo funciona, de maneira que tudo se encaixa e se harmoniza, incluindo nós mesmos?
 
Consideremos um telefone celular. Devido às suas múltiplas e complexas funções, devemos concluir não somente que alguém o causou fora de si mesmo, mas que, quem quer que o tenha feito, deve ser alguém bastante inteligente.
 
Devido à sua complexidade, reconhecemos que, seja o que for que o trouxe à existência, deve ter tido um plano inteligente em mente.
 
Ou é isso, ou alguém começou a juntar peças aleatoriamente. Certamente, este seria um pensamento absurdo, dado que cada peça está colocada cuidadosamente em um lugar específico, sabendo que, dessa maneira – e só dessa maneira – o celular funcionará perfeitamente. O mesmo raciocínio se aplica a tudo o que nos cerca.
 
Agora, consideremos algo muito mais complexo que um celular: o ser humano ou o próprio universo. Sua existência não nos leva somente a pensar que eles chegaram a existir magicamente sem uma causa, senão que sua imensa complexidade e perfeição nos levam a concluir que há uma Inteligência Ordenadora por trás de tudo isso, e certamente esta Inteligência é a de Deus, aquele que, com sua inteligência, criou os céus [4].

Esclarecimento
 
Tentei explicar, de maneira muito breve e simples, dois argumentos que, ao longo dos séculos, continuam sendo irrebatíveis. No entanto, vale a pena levar em consideração que, sem importar o número de argumentos racionais ou metafísicos, a existência de Deus continuará sendo um mistério que só a fé, como virtude teologal [5], pode iluminar, de maneira que a razão é somente um lado da moeda, mas a paisagem continuará incompleta enquanto não trabalhar em conjunto com a fé.
 
Já dizia São João Paulo II: “A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio” [6].

Steven Neira

@stevenneira
Conta Ask (perguntas): ask.fm/stevenneira

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[1] Catecismo da Igreja Católica, 31
[2] João 4, 24
[3] Summa Theologica, Primeira Parte, Q. 2, A. 3
[4] Jeremias 51, 15
[5] As virtudes teologais são as infundidas por Deus no homem para torná-lo capaz de agir somo filho seu: fé, esperança e caridade (Catecismo da Igreja Católica, 1812-1813)
[6] Carta Encíclica “Fides et Ratio” de São João Pablo II, Introdução

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“Aborte isso e tente de novo. Seria imoral trazer isso ao mundo se você tivesse escolha”.
 
Assim tuitou o mais famoso cientista ateu do mundo, Richard Dawkins, (foto acima) distribuindo aconselhamento moral sobre bebês com Síndrome de Down.
 
Para um cientista, ele não parece saber muito sobre bebês. Existem duas “variedades”: ele ou ela. Não existe “isso”, como ele escreveu na rede social.
 
Dawkins postou a insensível declaração ao responder a outro tuíte, em que uma mulher tinha afirmado que enfrentaria um verdadeiro dilema ético se estivesse grávida de uma criança com Síndrome de Down.
 
O comentário de Dawkins não surpreende. Afinal, ele tem uma longa história de utilitarismo. O autor de “The God Delusion” [“Deus, um delírio”, na tradução brasileira] enxerga o mundo da seguinte forma:
 

“Num universo de elétrons e genes egoístas, de forças físicas cegas e de replicação genética, algumas pessoas vão se machucar, outras pessoas vão ter sorte, e você não vai encontrar nenhuma rima nem razão para isso, nem qualquer tipo de justiça. O universo que observamos tem precisamente as propriedades que são de se esperar que ele tenha, dando-se a premissa de que não existe nenhum desígnio, nenhum propósito, nenhum mal, nenhum bem, nada além de impiedosa indiferença”.

 
Para Dawkins, quem se encaixa nisso, intelectual e impiedosamente, sobrevive e tem o imperativo moral de passar por cima do resto. Além desta visão de mundo, é bom lembrar também que Dawkins apoia o infanticídio, seja pelo motivo que for:
 

“E quanto ao infanticídio? De um ponto de vista estritamente moral, eu não vejo objeção alguma a ele. Eu seria a favor do infanticídio”.

 
Os usuários do Twitter ficaram horrorizados com o comentário de Dawkins sobre o “imperativo moral” de abortar crianças com a Síndrome de Down. É um comentário que vai muito além de defender que as mulheres possam abortar uma criança com deficiência.
 
É claro que Dawkins não está sozinho nessas crenças. Virginia Ironsides, escritora e provocadora britânica, chocou o público do canal BBC ao dizer: “Se um bebê vai nascer com deficiência grave ou é totalmente indesejado, o aborto é, evidentemente, o ato de uma mãe amorosa”. Ela não parou por aí: “Se eu fosse a mãe de uma criança que estivesse sofrendo profundamente, eu seria a primeira a querer colocar um travesseiro em cima do rosto dela. Se ela fosse uma criança que eu realmente amasse, que estivesse em agonia, eu acho que qualquer boa mãe faria isso”.
 
Voltemos a Dawkins. Depois do tuíte chocante, ele acabou publicando um pedido pouco convincente de desculpas:
 
“O que eu disse decorre logicamente da postura pró-direito de escolha que a maioria de nós, eu presumo, apoia”, escreveu ele. “A minha fraseologia, por falta de tato, pode ter ficado vulnerável ​ao mal-entendido, mas eu não posso deixar de achar que pelo menos metade do problema consiste na ânsia desenfreada de não entender”.
 
Ou seja: as palavras dele eram “vulneráveis ​​ao mal-entendido”, mas a culpa é nossa porque somos “desenfreadamente ansiosos por entender mal”. Dizer o quê?
 
O conselho de Richard Dawkins não era tão complexo a ponto de as pessoas comuns quererem desenfreadamente interpretar mal a declaração que ele fez: “Aborte isso e tente de novo. Seria imoral trazer isso ao mundo se você tivesse escolha”. É uma declaração mais do que clara para mim.
 
A melhor resposta para este “conselho” veio de uma fonte inusitada: de um cientista e fã dos livros do próprio Dawkins. Este leitor confessou que teria concordado com o conselho de “abortar isso”, caso o tivesse lido 18 meses antes. Ele explica:

“Eu entendo de forma implícita o ponto de vista do Professor. O que ele diz continua fazendo todo o sentido lógico para mim. A conclusão dele é natural quando se aborda o dilema a partir de uma perspectiva lógica, usando-se as informações disponíveis, com uma mentalidade objetiva e (fundamentalmente) com um ponto de vista não religioso. Há 18 meses, eu teria até concordado.
 
Mas a chegada da minha filha, que nos surpreendeu por ter precisamente essa condição [da Síndrome de Down], fez brilhar uma luz sobre o abismo da nossa ignorância, sem falar do preconceito factualmente incorreto que subjaz a esta opinião. Ao reler a opinião do Professor, eu fico horrorizado, agora, ao pensar no que eu mesmo poderia ter feito se a doença [da minha filha] tivesse sido diagnosticada durante a gravidez [da minha mulher].
 
Eu sei o quanto as nossas vidas são mais plenas, agora que os nossos olhos estão abertos. Mais do que isso: eu fico espantado ao ver que tudo continua sendo absolutamente normal, tanto para nós quanto para as outras famílias que conheci.
 
Sem saber, o nosso bebê já nos ensinou as lições mais incríveis da nossa vida até aqui. E nós não mudaríamos literalmente nada em nossa filha, em especial no perfil genético dela. O que mudou completamente foram as minhas ideias sobre o que seria o sucesso na vida e sobre o que eu desejaria para todas as nossas crianças. Eu sempre chego à mesma conclusão: o que importa, no fim das contas, é a felicidade e a alegria, e eu sei que a Rosie vai ter isso em abundância.
 
Graças a ela, eu acredito que nós teremos mais condições de incentivar o sucesso da irmã dela e do irmãozinho que ela vai ter, agora que estamos livres daquela ideia de que o sucesso na vida depende da realização acadêmica, da carreira e do dinheiro. Muitas dessas coisas podem levar uma pessoa ao fracasso total, mesmo que os pais dela comemorem o ‘trabalho bem feito’”.
James McCallum, o pai iluminado e orgulhoso de Rosie, questiona então o cerne da proposta eugenista de Dawkins para “solucionar” a existência de crianças deficientes:
 

“Deveríamos então eliminar os futuros seres humanos que não se encaixam na ideia de perfeição do Professor, simplesmente porque podemos eliminá-los? Se você não conseguir o bebê perfeito, tente, tente e tente de novo? Eu quero saber quem é que vai dar a última palavra sobre o que seria o bebê perfeito.
 
Ironicamente, Dawkins quer começar a agir como o Ser que eles mais comumente descarta: Deus.
 
Propor a superioridade genética como o único modo de seleção só vai mostrar a amplitude monstruosa do oligofrênico mal-entendido que sustenta a opinião do Professor. Ele ignora a vida deliciosa, feliz, alegre e fecunda que as pessoas com Síndrome de Down têm e ignora os benefícios de aceitação que elas trazem para todos os que vivem ao seu lado”.

 
O mundo é um lugar muito melhor graças à bondade e à alegria que as pessoas com Síndrome de Down trazem ao resto de nós.

O professor Dawkins pode não perceber o valor delas agora, mas perceberá quando se encontrar com o seu desprezado e não reconhecido Criador. Até lá, ele precisa das nossas sinceras orações por misericórdia.

Susan E. Wills

 

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“No microscópio, vi uma célula letal de leucemia e tive a certeza de que a paciente a quem tal célula pertencia deveria estar morta”: assim começa o depoimento de Jackie Duffin, a médica canadense que participou como “testemunha cega” no processo de canonização de Santa Margarida d’Youville, publicado este mês pela BBC News.
 
“O fato de esta paciente estar viva 30 anos depois do seu encontro com a leucemia mieloide aguda (LMA) é algo que eu não consigo explicar. Mas ela sim”, afirma a hematóloga.
 
Em 1986, Duffin examinou algumas amostras de medula óssea sem conhecer sua procedência nem o motivo da pesquisa, que era a comprovação, por parte do Vaticano, de um milagre atribuído à fundadora das Irmãs da Caridade de Montreal.
 
Por meio dessa revisão, Duffin viu que a paciente havia se submetido à quimioterapia, entrou em remissão, depois teve uma recaída, passou por mais tratamentos e um segundo período de remissão.
 
“O Vaticano já havia rejeitado que este caso fosse considerado um milagre; seus especialistas afirmavam que a paciente não havia tido uma primeira remissão e uma recaída, mas que uma segunda rodada de tratamento produziu uma única remissão”, explica a reportagem. Esta aparentemente sutil distinção era crucial. Falamos da possibilidade médica de curar na primeira remissão, mas não depois de uma recaída.
 
“Eu nunca havia ouvido falar de um processo de canonização e não conseguia acreditar que a decisão exigisse tal deliberação científica”, recorda a professora de História da Medicina da Queen’s University.
 
“Por curiosidade, li a biografia de d’Youville: ela nasceu em Montreal e criou um lar para pobres e pessoas com deficiência, um asilo, um refeitório público e uma ordem de religiosas que fundaram escolas no mundo inteiro – conta. Sua vida certamente parecia exemplar.”
 
Algum tempo depois, Duffin prestou depoimento sobre seu relatório diante do tribunal eclesiástico; participaram também o médico e a paciente, que explicou como havia pedido a intercessão de d’Youville durante sua recaída.
 
“Finalmente, recebemos a alegre notícia: d’Youville seria canonizada pelo Papa João Paulo II em 9 de dezembro de 1990”, relata.
 
“As freiras que promoveram sua causa me convidaram para a cerimônia. No início, hesitei, porque não queria ofendê-las. Sou ateia e meu marido é judeu. No entanto, queriam a presença de nós dois e não poderíamos recusar o privilégio de presenciar o reconhecimento da primeira santa do nosso país”, continuou
 
Durante a cerimônia, celebrada na Basílica de São Pedro, a cientista conheceu o Papa João Paulo II: “Foi um momento inesquecível”, comentou.( Foto acima)
 
Em Roma, os postulantes canadenses lhe deram uma cópia da Positio, o testemunho completo do milagre de Ottawa que, entre relatórios, transcrições de testemunhos e artigos, incluía seu relatório: “Um livro que mudou minha vida completamente”.
 
“A historiadora que há em mim se perguntou quais haviam sido os milagres utilizados para as canonizações no passado – relata. Também eram curas? Que doenças foram curadas? No passado, a ciência médica estava tão envolvida nisso como na atualidade? O que disseram os médicos que serviram de testemunhas?”
 
Durante 20 anos, esta cientista estudou profundamente tais questões, inclusive com muitas viagens aos arquivos do Vaticano, e publicou dois livros sobre medicina e religião: “Milagres médicos” e “Santos médicos”.
 
Em “Milagres médicos”, Duffin analisa 1.400 milagres usados em processos de canonização ao longo de 400 anos; em “Santos médicos”, fala do milagre de Margarida d’Youville, bem como do caso dos santos Cosme e Damião, médicos gêmeos assassinados no ano 300.
 
“A investigação que fiz voltou a trazer à luz histórias dramáticas de recuperação e coragem – afirmou. Revelou notáveis paralelos entre a medicina e a religião, em termos de raciocínio e propósito, e mostrou que a Igreja não desprezou a ciência em suas deliberações sobre os milagres.”
 
E concluiu: “Mesmo sendo ateia, acredito em milagres, essas coisas maravilhosas que acontecem e para as quais não encontramos explicação científica”.

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O vídeo abaixo é um trecho de um dos melhores debates sobre a existência de Deus já realizados. Frente a frente, estão o filósofo e teólogo cristão William Craig e o químico e cientista ateu Peter Atkins. Num determinado momento, começa-se a debater filosofia da ciência. Em menos de 3 minutos, Craig dá uma aula de deixar qualquer um boquiaberto! Assista:

NOTA: Caso tenha curiosidade, você pode assistir ao debate completo no YouTube, com legendas em português e qualidade de imagem bem melhor do que a do vídeo acima. Clique AQUI e confira se o resto dos argumentos do ateu fizeram alguma diferença.

Fonte: “Charlezine”

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“Por favor, Senhor, que Stephen esteja vivo!”, foi a prece desesperada que Jane Wilde expressou em voz baixa em 1985, quando lhe disseram por telefone que seu marido, o agora famoso cientista Stephen Hawking, teria que ser desconectado do respirador após entrar em coma por uma pneumonia virulenta.

Jane recorda esta cena em seu livro “Rumo ao infinito”, onde conta que se aferrou a Deus nesta ocasião como em muitas outras vezes. Esse Deus no qual ela sempre acreditou “para resistir e manter a esperança” frente ao ateísmo fervente de seu marido doente, que desprezava e inclusive se burlava de suas “superstições religiosas”, porque “a única deusa de Stephen Hawking é e sempre foi a Física”.

Em entrevista com o jornal espanhol El Mundo, a ex-esposa recorda que os médicos suíços lhe deram a entender que não havia nada a fazer, e que se ela autorizava, desconectariam o respirador artificial para deixá-lo morrer com a mínima dor possível. “Desconectar o respirador era impensável. Que final mais ignominioso para uma luta tão heroica pela vida! Que negação de tudo pelo que eu também tinha lutado! Minha resposta foi rápida: Stephen deve viver”, afirmou.

Os médicos se viram na obrigação de realizar uma traqueotomia que salvou a vida do cientista mas também o deixou sem fala, obrigando-o a comunicar-se com a voz robótica de seu sintetizador.

Jane afirma que não se equivocou ao tomar esta decisão que permitiu ao astrofísico, que acaba de cumprir 73 anos em 8 de janeiro e segue escrevendo livros e dando conferências, seguir vivo.

O matrimônio

Jane Wilde se casou com Stephen Hawking quando ele tinha 23 anos, então era um jovem estudante de física que dois anos antes tinha sido diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica, uma enfermidade neurodegenerativa.

Entretanto, isto não desanimou Jane quem decidiu dedicar sua vida a cuidar do homem que em pouco tempo se converteria em um dos mais famosos cientistas da história e com quem teve três filhos.

Na entrevista ao diário espanhol, a primeira mulher do famoso astrofísico assegura que conforme avançava a cruel enfermidade de seu marido, mais dependente dela ele se tornava, “e mais duro era o desafio de banhá-lo, asseá-lo, vesti-lo e dar de comer em colheradas ao brilhante cérebro com o corpo paralisado”, além de criar a seus três filhos.

Ante essa difícil situação assegura na entrevista que “a chave de sua resistência foi precisamente a fé nesse Deus rechaçado pelas teorias cosmológicas do professor Hawking”.

“Eu entendia as razões do ateísmo do Stephen, porque se à idade de 21 anos a uma pessoa é diagnosticada com uma enfermidade tão terrível, vai acreditar em um Deus bom? Eu acredito que não”, admite Jane.

Entretanto, “eu precisava da minha fé, porque me deu o apoio e o consolo necessários para poder continuar. Sem minha fé, não teria tido nada, salvo a ajuda de meus pais e de alguns amigos. Mas graças à fé, sempre acreditei que superaria todos os problemas que surgissem”.

Em ocasiões anteriores Stephen Hawking tinha declarado ao mesmo periódico que “O milagre não é compatível com a ciência”.

“Ele disse isso? Engraçado… porque eu acredito que é um milagre que ele siga vivo. É um milagre da ciência médica, da determinação humana, são muitos milagres juntos. Para mim é muito difícil explicá-lo”, expressou Jane surpresa pelas declarações do ex-marido. A doença da qual sofre o astrofísico costuma dar uma estimativa de vida de um ou dois anos aos pacientes.

Segundo precisa em seu livro titulado “Rumo ao infinito”, Jane assegura que enquanto Stephen “caçoava” da religião, ela “necessitava ferventemente acreditar que na vida havia algo mais que os meros dados da leis da Física e a luta cotidiana pela sobrevivência”, porque o ateísmo de seu marido “não podia oferecer consolo, bem-estar nem esperança em relação à condição humana”

ACI

Hinduísmo lidera ranking de retenção de adeptos

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Sites e blog católicos americanos estão dando destaque a uma pesquisa que mostra que, diferentemente do que a imprensa divulga, a maior deserção de adeptos não ocorre na Igreja Católica, mas no grupo dos ateus, porque 70% dos filhos deles acabam se convertendo a uma religião. Ou seja, apenas 30% seguem a orientação dos seus pais. 

O blog da Arquidiocese da Washington, por exemplo, colocou em manchete: “Você sabia que ateus, como grupo “religioso”, têm a menor taxa de retenção?”

Pelos dados extraídos de uma pesquisa feita pela Pew Forum on Religion & Public Life com 432 pessoas, o grupo dos católicos apresentou o quarto maior índice de retenção de fiéis, com 68%. Em primeiro lugar, ficaram os hindus, como 84%, seguidos por judeus (76%), muçulmanos (76%), gregos da igreja ortodoxa (73%) e mórmons (70%).

Os ateus ficaram em último lugar, abaixo dos holiness (32%), que são seguidores de uma religião criada nos Estados Unidos por um pastor japonês.

Representantes de entidades ateístas não gostaram de se verem comparados com grupos religiosos. Além do mais, segundo Hemant Mehta, presidente da Beyond Belief, trata-se de uma informação requentada, porque, disse, já se sabe que os ateus, como livres-pensadores, não impõem suas “tradições” aos seus filhos.

Estudo publicado no Journal for the Scietific Study of Religion revelou que 1 a cada 5 cientistas ateus tinham levado em 2010 pelo menos uma vez sua família a um culto para ajudar seus filhos a decidirem sobre a crença ou descrença.

Com informação do site da Arquidiocese de Washington e do blog de Hemant Metha.

Fonte: http://www.paulopes.com.br/2012/07/catolicos-ressaltam-que-filhos-de-ateus-viram-crentes.html#ixzz3MYvidwMx

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Richard Dawkins é um biólogo inglês conhecido mundialmente por suas obras como “O Gene Egoísta” e também por ser um grande militante do ateísmo.

Essa semana o professor da Universidade de Oxford, no Reino Unido, virou notícia por conta de uma mensagem no Twitter dizendo que mulheres grávidas de crianças com síndrome de Down devem abortar.

“Aborte e tente de novo”, disse o biólogo ao ser questionado por uma usuária do microblog que queria saber o que fazer caso engravidasse e descobrisse que o bebê nasceria com a síndrome. “É imoral trazer ‘isso’ ao mundo se você tiver escolha.”

O comentário de Dawkins revoltou mães de crianças com a síndrome e algumas responderam dizendo que nunca desistiriam da gravidez. “Eu lutaria até meus últimos dias pela vida do meu filho”, postou uma internauta.

O biólogo respondeu as críticas dizendo que os bebês com síndrome de Down são “fetos diagnosticados com a doença antes de terem sentimentos”.

Na visão do ateísta uma criança com síndrome de Down tem todos os direitos inalienáveis à pessoa, mas não no caso do feto. “Um feto, sem um sistema nervoso desenvolvido, não tem”. 

 Folha de SP

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“Eu sou um cristão laico. Se vocês quiserem, podem me chamar assim”. A frase não seria surpreendente se não fosse dita pelo mais renomado representante mundial do ateísmo militante, o biólogo e zoólogo inglês Richard Dawkins, que escreveu e disse as piores coisas sobre o cristianismo em geral e sobre o catolicismo em particular.
 
Ao participar recentemente do Hay Festival, importante evento de arte e na literatura no País de Gales, Dawkins apresentou o primeiro volume das suas memórias, “An appetite for wonder” [Fome de maravilha], e respondeu ao comentário de um pastor protestante que disse não acreditar mais nos milagres nem na ressurreição de Jesus, mas que continua se considerando cristão e pregando o evangelho.
 
“Eu me descreveria como um cristão laico, como aqueles judeus laicos que têm um sentimento de nostalgia e uma apreciação das cerimônias” da sua religião, respondeu Dawkins, que acrescentou, voltando-se para o seu interlocutor: “Mas se você não tem o senso do sobrenatural, eu não entendo como é que continua se considerando pastor”.
 
Dawkins cresceu numa família anglicana e sempre disse que optou pelo ateísmo na juventude, depois de conhecer a teoria darwinista da evolução.
 
No Hay Festival, ele não falou de qualquer experiência traumática de juventude no tocante a Deus ou à fé, mas mencionou manifestações de violência humana que o marcaram, como o bullying sofrido por um menino da escola que ele frequentava quando vivia no Zimbábue. O caso o deixou com pavor de entrar nos círculos universitários, onde existiam (e ainda existem) ritos de iniciação humilhantes. Dawkins também disse que sente remorso por não ter intervindo para evitar certos abusos, em situações nas quais podia intervir.
 
A este propósito, os teístas frequentemente apresentam a Dawkins uma pergunta: como justificar a busca do bem e a rejeição do mal dentro de uma visão de mundo completamente determinista e materialista? Em outras palavras, como fundamentar a moral, cuja necessidade o próprio Dawkins sempre defendeu, direta ou indiretamente?

Nesta mesma aparição pública, aliás, Dawkins se disse arrependido do título de seu best-seller “O gene egoísta”, porque a expressão levantou especulações inclusive “políticas” sobre o que foi entendido como uma apologia ao egoísmo.

Fonte http://www.iltimone.org/

11-de-setembro

Uma iniciativa de ativistas ateus para remover uma escultura em forma de cruz no memorial às vítimas do 11 de setembro, em Nova York foi repudiada pela Justiça norte-americana, que cobrou explicações sobre a postura dos incrédulos.

O grupo American Atheists entrou com uma ação em 2011 pedindo a retirada da cruz do local, por considerá-la “ofensiva” e “repugnante” e porque seria inadequado que uma “cruz, um símbolo cristão” fosse usado “para representar todas as vítimas” do atentado terrorista.

Com 17 metros de altura e feita a partir de duas vigas dos escombros do World Trade Center, a cruz é um dos pontos mais frequentados no memorial. Durante os trabalhos de buscas por vítimas, a cruz tornou-se uma espécie de santuário ou lugar de conforto para os bombeiros. Posteriormente, a cruz foi colocada num local mais acessível aos moradores da cidade e turistas.

De acordo com informações da Fox News, a Corte Federal de Apelações solicitou que os advogados dos ativistas ateus expliquem por os Autores quais motivos o monumento é “repugnante” e “ofensivo”, uma vez que o da ação sustentam a tese de que a cruz teria causado danos aos que não compartilham da mesma fé.

Eric Baxter, conselheiro do Fundo Becket pela Liberdade Religiosa comemorou a decisão  do tribunal e argumentou que a Justiça não poderia acatar um processo por simples desconforto de um grupo com um “um artefato histórico exibido em um museu”, e acrescentou que a postura da Corte resgata o princípio de que a Constituição do país foi redigida para proteger a religião, e não para tratá-la de forma desconfiada.

O juiz responsável pelo caso estabeleceu o dia 14 de julho como data limite para que os ativistas ateus expliquem o motivo de considerarem a cruz uma “lesão constitucional” aos familiares das vítimas do 11 de setembro.

 

Papa

Escrevo enquanto vejo a morte do Papa na TV. E me espanto com a imensa emoção mundial. Espanto-me também comigo mesmo: “Como eu estou sozinho!” — pensei. Percebi que tinha de saber mais sobre mim, eu, sozinho, sem fé alguma, no meio desse oceano de pessoas rezando no Ocidente e Oriente.Meu pai, engenheiro e militar, me passou dois ensinamentos: ele era ateu e torcia pelo América Futebol Clube. Claro que segui seus passos. Fui América até os 12 anos, quando “virei casaca” para o Flamengo (mas até hoje tenho saudade da camisa vermelha, garibaldina, do time de João Cabral e Lamartine Babo) e parei de acreditar em Deus.

 Sei que “de mortuis nihil nisi bonum” (“não se fala mal de morto”), mas devo confessar que nunca gostei desse Papa. Por quê? Não sei. É que sempre achei, nos meus traumas juvenis, que Papa era uma coisa meio inútil, pois só dava opiniões genéricas sobre a insânia do mundo, condenando a “maldade” e pedindo uma “paz” impossível, no meio

a sujeira política. Quando João Paulo entrou, eu era jovem e implicava com tudo. Eu achava vigarice aquele negócio de fingir que ele falava todas as línguas. Que papo era esse do Papa? Lendo frases escritas em partituras fonéticas… Quando ele começou a beijar o chão dos países visitados, impliquei mais ainda. Que demagogia! — reinando na corte do Vaticano e bancando o humilde…

Um dia, o Papa foi alvejado no meio da Praça de São Pedro, por aquele maluco islâmico, prenúncio dos tempos atuais. Eu tenho a teoria de que aquele tiro, aquela bala terrorista despertou-o para a realidade do mundo. E o Papa sentiu no corpo a desgraça política do tempo. Acho que a bala mudou o Papa. Mas fiquei irritadíssimo quando ele, depois de curado, foi à prisão “perdoar” o cara que quis matá-lo. Não gostei de sua “infinita bondade” com um canalha boçal. Achei falso seu perdão que, na verdade, humilhava o terrorista babaca, como uma vingança doce. E fui por aí, observando esse Papa sem muita atenção.

É tão fácil desprezar alguém, ideologicamente… Quando vi que ele era “reacionário” em questões como camisinha, pílula e contra os arroubos da Igreja da Libertação, aí não pensei mais nele…Tive apenas uma admiração passageira por sua adesão ao Solidariedade do Walesa mas, como bom “materialista”, desvalorizei o movimento polonês como “idealista”, com um Walesa meio “pelego”. E o tempo passou.

Depois da euforia inicial dos anos 90, vi que aquela esperança de entendimento político no mundo, capitaneado pelo Gorbatchev, fracassaria. Entendi isso quando vi o papai Bush falando no Kremlin, humilhando o Gorba, considerando-se “vitorioso”, prenunciando as nuvens negras de hoje com seu filhinho no poder. Senti que o sonho de entendimento socialismo-capitalismo ia ser apenas o triunfo triste dos neo-conservadores. O mundo foi piorando e o Papa viajando, beijando pés, cantando com Roberto Carlos no Rio. Uma vez, ele declarou: “A Igreja Católica não é uma democracia”. Fiquei horrorizado naquela época liberalizante e não liguei mais para o Papa “de direita”. Depois, o Papa ficou doente, há dez anos. E eu olhava cruelmente seus tremores, sua corcova crescente e, sem compaixão alguma, pensava que o Pontífice não queria “largar o osso” e ria, como um anticristo.

Até que, nos últimos dias, João Paulo II chegou à janela do Vaticano, tentou falar… e num esgar dolorido, trágico, foi fotografado em close, com a boca aberta, desesperado.Essa foto  (veja acima) é um marco, um símbolo forte, quase como as torres caindo em NY. Parece um prenúncio do Juízo final, um rosto do Apocalipse, a cara de nossa época. É aterrorizante ver o desespero do homem de Deus, do Infalível, do embaixador de Cristo. Naquele momento, Deus virou homem. E, subitamente, entendi alguma coisa maior que sempre me escapara: aquele rosto retorcido era o choro de uma criança, um rosto infantil em prantos! O Papa tinha voltado a seu nascimento e sua vida se fechava. Ali estava o menino pobre , ex-ator, ex-operário, ali estavam as vítimas da guerra, os atacados pelo terror, ali estava sua imensa solidão igual à nossa. Então, ele morreu. E ontem, vendo os milhões chorando pelo mundo, vendo a praça cheia, entendi de repente sua obra, sua imensa importância. Vendo a cobertura da Globo, montando sua vida inteira, seus milhões de quilômetros viajados, da África às favelas do Nordeste, entendi o Papa. Emocionado, senti minha intensíssima solidão de ateu. Eu estava fora daquelas multidões imensas, eu não tinha nem a velha ideologia esfacelada, nem uma religião para crer, eu era um filho abandonado do racionalismo francês, eu era um órfão de pai e mãe. Aí, quem tremeu fui eu, com olhos cheios d’água. E vi que Karol Wojtyla, tachado superficialmente de “conservador”, tinha sido muito mais que isso. Ele tinha batido em dois cravos: satisfez a reacionaríssima Cúria Romana implacável e cortesã e, além disso, botou o pé no mundo, fazendo o que italiano algum faria: rezar missa para negões na África e no Nordeste, levando seu corpo vivo como símbolo de uma espiritualidade perdida. O conjunto de sua obra foi muito além de ser contra ou a favor da camisinha. Papa não é para ficar discutindo questões episódicas. É muito mais que isso. Visitou o Chile de Pinochet e o Iraque de Saddam e, ao contrário de ser uma “adesão alienada”, foi uma crítica muito mais alta, mostrando-se acima de sórdidas políticas seculares, levando consigo o Espírito, a ideia de Transcendência acima do mercantilismo e ditaduras. E foi tão “moderno” que usou a “mídia” sim, muito bem, como Madonna ou Pelé.E nisso, criticou a Cúria por tabela, pois nenhum cardeal sairia do conforto dos palácios para beijar pé de mendigo na América Latina. João Paulo cumpriu seu destino de filósofo acima do mundo, que tanto precisa de grandeza e solidariedade.

Sou ateu, sozinho, condenado a não ter fé, mas vi que se há alguma coisa de que precisamos hoje é de uma nova ética, de um pensamento transcendental, de uma espiritualidade perdida. João Paulo na verdade deu um show de bola.

Publicado no Jornal “O Estado de São Paulo” de 05/04/2005,

Arnaldo Jabor, Jornalista da Globo.

michelangelo

A pergunta que colocamos aqui deve ser bem entendida: não perguntamos se os ateus são racionais, coisa que seria absurda; nem mesmo perguntamos se os ateus são inferiores aos teístas, ou se a crença em Deus “não necessariamente torna uma pessoa melhor”, como apareceu numa recente pesquisa no Brasil[1]. O que questionamos agora é se o ateísmo, enquanto sistema de pensamento seja coerente. Mais precisamente, nos perguntamos se é sensato afirmar a não existência de Deus e contemporaneamente o relativismo.

Poderia ser verdade que não haja nenhuma verdade e, ao mesmo tempo, ser verdade que Deus não existe?

Talvez haja quem pense que a questão aqui proposta seja absurda. E pode vir à mente do leitor a recordação do jovem Ivan, personagem de Irmãos Karamázov, que defendia que se Deus e as religiões não existissem, tudo passaria a estar permitido. Aquele personagem manifestava assim o desejo de uma liberação: ao livrar-se da crença em Deus, o homem ficaria livre de todo dogmatismo, tanto teórico, quanto moral. A negação de Deus traria o fim da “lei natural” e do dever de amar o mundo e ao próximo.

A mesma liberação quis experimentar F. Nietzsche ao declarar a morte de Deus, ou melhor, ao dizer que os homens o haviam assassinado. De modo que para eles a negação ou “morte” de Deus não estaria fundamentada no relativismo, mas seria a origem mesma do relativismo. A afirmação da não existência de Deus seria uma escolha, algo indiscutível e impossível de ser demonstrado a partir de verdades anteriores. E aceitá-lo seria assumir a crença num novo dogma que faria desmoronar todos os demais dogmas. O ateísmo fundaria assim o relativismo na moral e no conhecimento humano.

Embora isso seja claro, é comum pensar que o relativismo funde o ateísmo; que as pessoas que não aceitam Deus, fazem-no porque não querem aceitar a existência da verdade, à qual deveriam se submeter. Isso é um absurdo. O ateísmo parte de uma afirmação que tem valor de verdade absoluta: Deus não existe. Se essa afirmação não fosse tomada pelos ateus como verdade, eles simplesmente deixariam de ser ateus. O relativismo para eles se dá somente nas “verdades” inferiores e todos deveriam se submeter ao imperativo único da nova moral: é proibido estabelecer regras morais.

O interessante é que F. Nietzsche e outros conhecidos filósofos ateus reconheceram que afirmar o relativismo cognoscitivo e o ateísmo é em si mesmo contraditório. O motivo seria que o relativismo implica a afirmação da não existência de verdades absolutas; mas isso se funda, por sua vez, numa verdade absoluta: a não existência de Deus.

Sendo assim, a afirmação da não existência de Deus implica a afirmação da sua existência.

Outros pensadores ateus que perceberam bem as contradições do ateísmo contemporâneo foram M. Horkheimer e Th. Adorno. De fato, eles diziam numa obra conjunta, A Dialética do Iluminismo, citando a Nietzsche: «Percebemos “que também os não conhecedores de hoje, nós, ateus e antimetafísicos, alimentamos ainda o nosso fogo no incêndio de uma fé antiga dois milênios, aquela fé cristã que era já a fé de Platão: ser Deus a verdade e a verdade divina”. Sendo assim, a ciência cai na crítica feita à metafísica. A negação de Deus implica em si uma contradição insuperável, enquanto nega o saber mesmo»[2].

Esses autores, ateus e relativistas, que se reconhecem como “não conhecedores e antimetafísicos” alimentam a verdade de sua fé ateia naquela cristã, já presente em Platão: a fé na existência da verdade divina. De modo que só pode afirmar a não existência de Deus, quem aceita que há uma verdade absoluta, divina. Em outras palavras, só pode negar a Deus quem previamente o afirma.

Por isso, o ateísmo, ao negar a Deus e a verdade das coisas (que é sempre relativa ao sujeito que a conhece e é progressiva), reivindica para si mesmo o caráter absoluto, próprio do mesmo Deus[3], estabelecendo assim um novo dogmatismo. Portanto, o ateísmo não existe; nada mais é do que uma espécie de idolatria que consiste no colocar-se a si mesmo e as próprias convicções pessoais, por mais contraditórias que possam ser, no lugar de Deus, o único que garante toda a verdade.

Autor

Pe. Anderson Alves, sacerdote da diocese de Petrópolis – Brasil. Doutorando em Filosofia na Pontificia Università della Santa Croce em Roma.

[1] Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/1206138-tendencia-conservadora-e-forte-no-pais-diz-datafolha.shtml

[2] Cfr. F. NIETZSCHE, La gaia scienza, Mondadori, Milano 1971, p. 197; M. HORKHEIMER e Th.ADORNO, Dialettica dell’illuminismo, Einaudi, Torino 1966, p. 125.

[3] Para a elaboração do presente texto me foram úteis as reflexões presentes em: U. GALEAZZI, Il coraggio della ragione. Tommaso d’Aquino e l’odierno dibatitto filosofico, Armando, Roma 2012, pp. 22-38.