Segundo o ACI Digital (19/11/2018), o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, afirmou que a Santa Sé erguerá a sua voz onde se promovam “direitos” contrários à lei natural.

O Purpurado falou sobre isso em 15 de novembro durante o simpósio internacional “Direitos Fundamentais e conflito entre direitos”, organizado pela Fundação Vaticana Joseph Ratzinger – Bento XVI junto com a Universidade Lumsa por ocasião dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.

“Onde são promovidos ‘direitos’ que a Igreja considera incompatíveis tanto com a lei divina como com a lei natural, conhecível com a reta razão, a Santa Sé não cessa de levantara sua voz em defesa da pessoa humana”, destacou o Cardeal Parolin.

“Não se trata de entrincheirar-se em posições preconcebidas, mas sim defender o desenvolvimento harmonioso e integral do homem, porque, infelizmente, como assinalava o Papa Francisco, ‘também existe o perigo – em um sentido paradoxal – de que, em nome dos próprios direitos humanos, se estabeleçam formas modernas de colonização ideológica’, de modo que alguns direitos fundamentais são prejudicados em nome da promoção de outros direitos”, destacou o Secretário de Estado.

O Cardeal Parolin também disse que hoje em dia se pode constatar “uma tomada de distâncias, tanto entre algumas áreas do chamado Ocidente, quanto em outros contextos culturais, como se o profundo significado de direitos humanos fosse possível contextualizar e aplicar apenas a alguns lugares e algumas épocas, que parecem, irremediavelmente, orientar-se ao ocaso”.

Entretanto, continuou, “é necessário recuperar a dimensão objetiva dos direitos humanos, com base no reconhecimento de que ‘o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo’”.

“Sem esta visão, estabelece-se um curto circuito dos direitos que, de universais e objetivos, se convertem em individuais e subjetivos, com a consequência paradoxal de que ‘cada um se torna a medida de si mesmo e dos seus atos’, e’ isto leva ao descuido substancial dos outros e a promover essa globalização da indiferença que nasce do egoísmo, consequência de uma concepção do homem incapaz de acolher a verdade e de viver uma autêntica dimensão social”.

Do mesmo modo, o Purpurado explicou que “somente mantendo viva a consciência do valor universal dos direitos humanos podemos evitar esta deriva, que resulta na proliferação de uma ‘multiplicidade de novos direitos, várias vezes em oposição entre eles’ e, ao mesmo tempo, iniciar um vasto diálogo, especialmente no âmbito da ONU, onde acontece a maioria das discussões sobre o tema”.

Nos últimos tempos “parece ter prevalecido uma visão fragmentada do homem, livre de qualquer ligação, tanto com o sobrenatural quanto com outros homens, de modo que se ativou um mecanismo pelo qual os direitos humanos estão sujeitos ao ‘sentimento comum’ da maioria”.

“Na reflexão da Igreja, não há direitos de um homem livre de qualquer elo de união ou um homem fragmentado nos vários aspectos sociais, econômicos, religiosos, etc., mas homem na sua totalidade”.

O Cardeal Parolin disse ainda que a parábola do Bom Samaritano permite compreender um paradoxo que é verdadeiro: “Na origem dos direitos humanos não há um direito, mas um dever”.

“Olhar o homem, independentemente de suas características físicas, mentais, étnicas ou religiosas, como uma pessoa com a sua dignidade inerente é precisamente a novidade que Jesus introduz no mundo com a parábola do Bom Samaritano”.

Neste sentido, explicou o Secretário de Estado do Vaticano, “o próprio conceito de direito humano tem escrito em seu DNA a caridade evangélica que completa e, poderíamos dizer, sublima a própria natureza do homem”.

“Com isso não pretendo afirmar uma coincidência entre a mensagem evangélica e os direitos humanos. Há uma diferença profunda e radical, pois os últimos apelam à razão e à lei natural, enquanto o segundo apela à revelação divina. Entretanto, como não há coincidência, também não há oposição onde o homem em sua integridade racional, afetiva e social, e os direitos se entendem e aprofundam de acordo com a reta razão”.

Portanto, “a Igreja enfoca positivamente os direitos humanos, porque através deles toda a humanidade toma consciência da dignidade de cada pessoa humana. Nesta perspectiva, a Santa Sé trabalha por um debate sereno, fecundo e honesto”, sublinhou.

Do mesmo modo, o Purpurado advertiu que “a tentação da sociedade moderna é de dar mais atenção à palavra ‘direitos’, deixando de lado a mais importante: ‘humanos’. Se os direitos perderem sua unidade com a humanidade, poderiam se tornar apenas expressões de grupos de interesse”.

No debate sobre os direitos, “o desafio para a Igreja e, portanto, também para a Santa Sé nos diversos fóruns internacionais não é defender posições ou ‘possuir espaços’, como diria o Papa, mas propor de forma simples e transparente sua visão do homem: não o produto solitário do azar, mas o filho de um Pai amoroso, que ‘a todos dá a vida, o sopro e todas as coisas’. É um caminho difícil, que certamente merece ser percorrido”.

Três direitos fundamentais

O Secretário de Estado do Vaticano explicou depois que a Santa Sé sempre defende três direitos específicos que considera essenciais.

“Em primeiro lugar, está o direito à vida contido no artigo 3 da Declaração de 1948. Esta é a verdadeira base de todos os direitos humanos. A atividade multilateral da Santa Sé, em qualquer fórum internacional, assim como nas relações com os Estados, sempre tem o objetivo de defender este direito”.

“Junto com a defesa do início da vida e seu fim natural, que é a premissa fundamental de promover o direito à vida, existem agora novos desafios relacionados à biotecnia moderna e, às vezes, favorecidos por legislações mais permissiva”, destacou.

Diante dos desafios como a manipulação genética, “a Igreja está comprometida a sublinhar o valor único e irrepetível de cada vida, dom precioso de Deus. ‘O cristão – recordava Bento XVI – está continuamente chamado a mobilizar-se para enfrentar os múltiplos ataques ao direito à vida. Sabe que nisso pode contar com motivações que tem raízes profundas na lei natural e, consequentemente, podem ser compartilhadas por todas as pessoas de consciência correta’”.

“Infelizmente, o direito à vida parece ser o mais exposto ao individualismo que caracteriza as sociedades ocidentais, em particular. Na constante tentativa de libertar o homem de Deus, a vida deixa de ser um dom e passa a ser mais considerada como uma propriedade, da qual cada pessoa pode dispor livremente dentro dos limites estabelecidos pelo simples consenso da maioria. Isso faz com que o diálogo seja mais complexo, devido à dificuldade de encontrar um terreno metafísico e léxico comum no qual encontrar-se”.

Nesse sentido, o Cardeal recordou que a Santa Sé encoraja a “eliminação universal da pena de morte”, algo encorajado pelo Papa Francisco, que no último dia 2 de agosto decidiu atualizar o Catecismo da Igreja Católica, declarando-a inadmissível.

O segundo ponto de importância da Santa Sé é “promover os direitos dos migrantes e dos refugiados. Nas diversas crises dos últimos anos, o Santo Padre não deixou de denunciar uma tragédia de proporções imensas, fortemente prejudiciais à dignidade humana”.

“Entretanto, não se deve parar frente aos mal-entendidos. O Papa Francisco não deixou de sublinhar que a acolhida deve ser razoável, ou seja, deve ser acompanhada pela capacidade de integração e da prudência dos governantes”.

O Cardeal Parolin também disse que “afirmar o direito daqueles que são fracos a receber a proteção não significa isentá-los do dever de respeitar o lugar que os acolhe, com sua cultura e tradições. Por outro lado, o dever dos Estados de intervir em favor daqueles que estão em perigo não significa abdicar o direito legítimo de proteger e defender os seus cidadãos e os seus valores”.

O terceiro aspecto tem uma dupla dimensão: a liberdade religiosa e de consciência: “Este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou de crença, assim como a liberdade de manifestar a sua religião ou crença, individual e em grupo, tanto em público como em particular, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância”, sublinhou.

Sobre a liberdade religiosa, o Purpurado destacou que “consiste em que todos os homens devem estar livres de coação, tanto pelos indivíduos quanto pelos grupos sociais e de qualquer potestade humana, e isso de tal maneira que, em assuntos religiosos, nem se obrigue a ninguém a agir contra a sua consciência, nem seja impedido de agir de acordo com ela em particular e em público, sozinho ou junto com outros, dentro dos devidos limites”.

Junto com a liberdade religiosa, é importante afirmar a liberdade de consciência. “Esta liberdade significa que todos os homens devem estar livres de coação dos indivíduos ou de grupos sociais e de qualquer poder humano”.

Atualmente, lamentou o Secretário de Estado, “observa-se com preocupação as tentativas de reduzir este direito que corre o risco de ser marginalizado e limitado, especialmente no que diz respeito à objecção de consciência em assuntos delicados relacionados à vida”.

“Para a Igreja, a objeção de consciência é, entretanto, um direito fundamental, pois, como afirma a Gaudium et Spes, ‘a consciência é o centro mais secreto e o santuário do homem’, e portanto não pode ser violada sem prejudicar a pessoas humana”, destacou.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/vaticano-nao-deixara-de-erguer-a-voz-frente-aos-direitos-contrarios-a-lei-natural-85780

Uma campanha sobre os migrantes e refugiados lançada pela Santa Sé tornou-se um exemplo internacional de como promover com sucesso mudanças sociais positivas através do marketing.

Testemunha isso a décima segunda edição do Publifestival – Festival Internacional de Publicidade Social, que outorgou o prêmio de “Melhor estratégia social” para o vídeo feito pela Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé e produzido pela agência La Machi Comunicación para buenas causas. O evento foi realizado no dia 15 de junho no Teatro Fernando Rojas do Círculo de Belas Artes em Madri, com a participação de agências e publicitários de todo o mundo.

O vídeo de três minutos e meio mostra os quatro verbos de ação que, segundo o Papa Francisco, devem estar no centro de todas as atividades dos governos, instituições e pessoas que trabalham no campo da mobilidade humana: acolher, proteger, promover e integrar.

Foi apresentado pela primeira vez na sessão de ‘stock-taking’ (balanço) do Pacto Global das Nações Unidas sobre os migrantes (Puerto Vallarta, México), em 4/12/2017 e no Diálogo do Alto Comissário sobre os Desafios da proteção o Pacto Global para Refugiados no Palais des Nations (Genebra) em 12/12/2017. Também foi apresentado na sede da ONU em Nova York e em muitos outros lugares do mundo.

Durante a cerimônia de premiação, Padre Michael Czerny, SJ, Sub-Secretário da Seção Migrante e do Refugiado da Santa Sé, declarou: “O Santo Padre oferece a resposta cristã e realmente civilizada às necessidades imediatas das pessoas refugiadas vulneráveis. O vídeo dá vida a esse apelo urgente através de imagens, movimentos e música. Estamos contentes em ajudar a espalhar essa mensagem comovente e encorajadora, alcançando milhões de pessoas em todo o mundo”.

O vídeo está disponível em quase 30 idiomas.

Na mesma cerimônia, também foi premiado o spot de dois minutos e meio da última Exortação Apostólica do Papa Francisco “Gaudete et Exsultate” sobre o chamado à santidade no mundo contemporâneo produzido pela Vatican Media em colaboração com a agência La Machi.

Fonte: Blog da Seção Migrantes e Refugiados do Vaticano.

Eis o vídeo em português:

Qual é a idade certa para casar? Hoje, no mundo, existem mais de 700 milhões de mulheres que se casam em idade juvenil. Tanto é assim que a cada ano, embora seja considerada uma violação dos direitos humanos, 15 milhões de casamentos têm como protagonista uma menor de idade e um em cada três casos (5 milhões) envolve meninas com menos de 15 anos que se tornam noivas-crianças de pessoas que têm o dobro, o triplo ou mesmo quatro vezes mais que a sua idade. Homens que as compram por algum dinheiro ou acordos entre adultos e as arrancam à força da infância. Se o número de noivas-crianças no mundo continuar a crescer no ritmo atual, lança o alarme a associação Save the Children, em 2030 teremos 950 milhões de mulheres casadas em idade extremamente jovem, e 1,2 bilhões em 2050.

A pobreza, as guerras e as crises humanitárias ajudam a abastecer o fenômeno: nos últimos meses as rações alimentares tornaram-se um fator determinante na decisão das famílias para dar em casamento seus filhos o mais cedo possível nos campos de refugiados Rohingya em Bangladesh. Mesmo um único pedaço de pão a mais impele os pais a vender suas filhas de 11 anos.

Mas é a Índia o país que ocupa o topo desse ranking assustador: 47% das meninas, mais de 24,5 milhões, casam-se antes de ter atingido os 18 anos. Somente em outubro passado, a Suprema Corte derrubou uma lei de 77 anos atrás, estabelecendo que a relação sexual entre um homem e uma mulher menor de 18 anos deve ser sempre considerada como estupro.

Sem qualquer proteção ainda continuam as jovens da Nigéria: as mulheres casadas entre 15 e 19 anos são cerca de 60%. Depois vem a República Centro-Africana (55%), o Bangladesh (44%) e o Sudão do Sul (40%).

Na Europa, o fenômeno afeta uma menina em 10, enquanto na Itália o número sobre para 1,5%. Sob pressão da comunidade internacional, que está empenhada em por um fim à prática dos casamentos precoces até 2030, entre 2015 e 2017 são 9 países (Chade, Costa Rica, Equador, Guatemala, Malaui, México, Nepal, Panamá, Zimbábue) que melhoraram as regulamentações sobre a idade mínima do casamento. “As leis – explica Save the Children – são o primeiro passo necessário para proteger as meninas da prática do casamento precoce, mas são necessárias medidas adicionais para evitar que este fenômeno continua a ser perpetrado”.

A referência é dirigida à Turquia, onde é proibido se casar antes da idade de 17, mas a praga das noivas-crianças não para: as estimativas falam de 181 mil noivas menores de 16 anos nos últimos três anos. A oposição vem da Diyanet (Direção dos Assuntos Religiosos, a mais alta autoridade muçulmana no país), que nos últimos dias publicou um preceito em seu site: “O casamento evita o adultério e pode ser contratado assim que se entra na idade da puberdade”. Em poucas horas, a comunidade internacional exigiu sua revogação fazendo pressão sobre o presidente Erdogan, que em novembro passado já havia apresentado trâmite o AKP (seu partido) um projeto de lei, mais tarde retirado, que teria autorizado os casamentos antes dos 16 anos.

Fonte: Il Fatto Quotidiano  via IHU

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Papa Francisco telefonou para um catador de lixo que perdeu suas duas pernas ao sofrer um acidente de trânsito, enquanto trabalhava, e que agora atua para que se declare um dia para homenagear seus companheiros de trabalho.

O telefonema ocorreu minutos antes das 10, quando Maximiliano Roberto Acuña, o destinatário da comunicação, foi homenageado em um ato na Assembleia Legislativade Buenos Aires, segundo informou La Alameda, a organização não governamental que é presidida pelo deputado Gustavo Vera, amigo pessoal de Jorge Bergoglio.

“Vínhamos no carro para o ato na Assembleia Legislativa e toca o celular, de um número privado. Pensei que era um companheiro de trabalho. A primeira coisa que eu disse é quem fala [? ]. ‘O Papa Francisco’”, relatou Acuña.

O Sumo Pontífice decidiu telefoná-lo, após Vera ter enviado ao Papa, logo cedo, um e-mail contando a história de Acuña.

“Sim, sou o Papa Francisco, enviou-me uma carta um companheiro (Gustavo Vera), emocionou-me e recebi muito a força que você tem”, contou Acuña, que junto a Veraluta para que o dia 22 de março seja reconhecido como o Dia do Catador de Resíduos.

Acuña, de 31 anos, vive em Lomas de Zamora, ao sul da Grande Buenos Aires, tem cinco filhos e sofreu a amputação de suas pernas depois que, no dia 22 de março, à noite, um carro bateu no caminho de resíduos, quando este realizava seu trabalho de coleta de lixo pela Cidade. Após o impacto, o condutor fugiu e ainda permanece foragido.

Segundo o relato de Acuña, o Papa lhe prometeu que quando vier a Argentina, irão se conhecer e conversarão.

“Sempre para a frente, que você é um exemplo”, disse Francisco a Acuña, que foi homenageado hoje, na Assembleia Legislativa de Buenos Aires, em um ato no qual participaram 400 trabalhadores da coleta de resíduos.

Em sua mensagem ao Papa, Vera contou que Maximiliano não pediu subsídios, nem chorou, mas apenas trabalhou “para continuar mantendo a sua família” e que apesar de todo o sofrimento, “mantém o seu bom humor e é um exemplo de dignidade e amor à vida”.

A associação de caminhoneiros – o ramo dos catadores de resíduos pertence a este sindicato – tornou oficial, em sua convenção coletiva de trabalho, o dia 22 de março como o Dia do Catador de Resíduos.

“É importante destacar que a data escolhida, responde ao acidente que teve um jovem que se encontrava realizando a tarefa de coleta de resíduos. Assim como este jovem, tantos outros milhares de companheiros catadores de resíduos saem à noite para trabalhar para que, no outro dia, a cidade esteja limpa como corresponde. Enquanto alguns se divertem, desfrutam da noite ou descansam, há homens e mulheres que estão trabalhando para que a cidade esteja em condições”, especificou, no projeto de lei, Gustavo Vera. 

Por sua parte, o Secretário geral de Caminhoneiros, Hugo Moyano, denunciou, nesta manhã, que “a Justiça, no dia de hoje, não soube apontar quem foi o responsável pelo acidente. Tenho tanta dor na alma que não posso evitar a emoção. Poucos dias após o acidente, pedi para falar com este companheiro que estava internado, por causa do valor que tem, pela força que demonstrou após o acidente que teve. Maxi estava disposto a continuar lutando e isso é muito importante apesar das dificuldades que a vida nos coloca”, destacou o dirigente.

Religión Digital

AP2886240_ArticoloKonrad Krajewski, esmoleiro apostólico de Sua Santidade, ofereceu seu apartamento em Borgo Pio para uma família síria. “Não tem nada de excepcional”, diz ele, “A caridade e o compartilhamento estão no DNA da Igreja”.

Depois ter decidido deixar seu apartamento na Via Borgo Pio a uma família de refugiados, está dormindo no escritório. O arcebispo polonês Konrad Krajewski, esmoleiro de Sua Santidade, tem levado a sério a tarefa que lhe foi confiada por Francisco em 2013. “A escrivaninha não faz nada sozinha, você pode vendê-la; não espere que as pessoas batam à sua porta, você tem que procurar os pobres”, declarou em seu discurso por ocasião da nomeação. Mas ele fez muito mais. Ao saber da chegada, através dos corredores humanitários promovidos pela comunidade Santo Egidio, de um casal sírio (há alguns dias tiveram uma menina) ofereceu o apartamento que o Vaticano tinha lhe destinado como funcionário. E mudou-se para o escritório, no último andar de um pequeno edifício, onde fica a sede da esmolaria dentro dos muros vaticanos. Por algumas semanas, ocupou um quarto no piso térreo, onde são guardados os pergaminhos que a esmolaria compila com a bênção apostólica para quem os solicita. Depois, mudou-se para um andar superior, onde garantiu pelo menos um pouco de privacidade.

“Isso é algo normal, nada de excepcional”, conta Krajewski ao jornal Repubblica. Ainda assim, não é algo que todos fariam, inclusive fora do Vaticano. Ao contrário, ele insiste, “há muitos sacerdotes no mundo que, não é de hoje, comportam-se assim. A caridade e o compartilhamento estão no DNA da Igreja. A cada um é pedido algo de acordo com sua missão. Não tenho família, sou um simples sacerdote; oferecer meu apartamento não me custou nada”.

Uma estátua de Jesus em tamanho natural, representado como um sem-teto deitado em um banco, é exposta no saguão de entrada da esmolaria. No banco, aos pés do corpo do Nazareno, há espaço para quem quiser se sentar. Há várias pessoas pobres que tomam assento ali, à espera de sua vez de serem atendidas em busca de uma ajuda, de algum apoio. Qualquer um pode bater à nossa porta, ninguém é barrado. Muitos, enquanto esperam, passam a mão sobre os pés de Jesus, como se lhe pedissem proteção.

“Durante todo o verão – explica Krajewski – os nossos serviços estão abertos: a barbearia, os chuveiros perto da colunata de São Pedro, o centro médico, os banheiros públicos. As pessoas precisam todos os dias do ano, a qualquer hora do dia. E nós, nunca fechamos. Já começamos um programa que, aos domingos, leva pessoas com deficiências e pobres ao complexo balneário perto de Polidoro. À noite, a atividade encerra-se sempre com uma pizza para todos, juntos. Algo simples, mas concreto”.

Justamente hoje, por ocasião do anúncio do primeiro Dia Mundial dos pobres a ser realizado em 19 de novembro, Francisco pediu para “estender a mão aos pobres, seguindo o exemplo de São Francisco”. Na Igreja muitos já fazem isso. Isso também em função do verão, quando todos saem de férias e os pobres, ao contrário, ficam onde estão. E talvez seja por essa razão que o Papa pediu, como faz todos os anos, que os cardeais informassem, por escrito, onde e por quanto tempo estarão longe de Roma durante o verão. 

A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por La Repubblica

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A história de uma moça mexicana, que sofreu três anos de inferno por assédio na escola nos Estados Unidos, comoveu o Papa Francisco e grandes estrelas de Hollywood como George Clooney, Richard Gere e Salma Hayek.

“Eu compartilhei o meu testemunho para ajudar outras pessoas que passam pela mesma situação, para dizer-lhes que devemos seguir em frente e embora haja sofrimento, o sorriso não deve desaparecer”, contou Ariadna Lizette Nuñezem uma entrevista à Notimex.

Aos 18 anos, teve a força para vencer o medo e contar suas experiências no último fim de semana na cerimônia de encerramento do Congresso Internacional de Scholas Ocurrentes, uma fundação pontifícia que promove o desenvolvimento dos jovens através da educação, da arte e dos esportes.

A jovem tomou a palavra na presença do Papa e dos participantes reunidos no Salão Novo do Sínodo. Com voz emocionada, mas com pungente sensibilidade pôde contar alguns exemplos de como foi discriminada em uma escola de Chicago.

Começou sua intervenção surpreendendo o líder católico, diante de quem se apresentou com um espontâneo “Prazer, padre!” e deu-lhe a mão, provocando os risos e aplausos dos presentes.

Nascida no México em 1997, após a separação de seus pais viajou com sua mãe e seu irmão Francisco para os Estados Unidos, onde se estabeleceram há 12 anos.

Um pesadelo

Nuñez disse que para ela Chicago sempre foi um lugar de oportunidades, mas quando chegou à sexta série começou para ela um dos momentos mais difíceis de sua vida, o início de “três anos de sofrimento” onde teve que enfrentar “momentos dramáticos”.

“Como eu não sabia inglês, então não conseguia responder, eu só ouvia e procurava suportar. Um dos comentários que me machucou muito era: ‘tu nunca serás ninguém, não és ninguém e nunca serás alguém’”, contou, quase entre lágrimas.

Um rapaz chegou inclusive a rasgar na sua cara a primeira carta que conseguiu escrever em inglês, na qual falava de sua família e do divórcio de seus pais. “Pensei que todos os meus sentimentos estavam indo ralo abaixo e que meu ser não me pertencia”, confessou.Contou que decidiu não sair dessa escola, apesar da insistência de sua mãe, porque queria superar o problema e aprender a perdoar os seus colegas. Mas então as palavras deram lugar aos empurrões e outros ataques.

“No terceiro ano eu novamente decidi por ficar, porque um padre me disse: mesmo que tenhas passado tanto sofrimento, às vezes não nos damos conta de que Jesus também sofreu na cruz e se ele conseguiu, porque tu não podes. Então, a partir desse momento decidi entregar essa dor a Deus”, continuou.

Explicou que também seu irmão, Francisco, que a acompanhou até Roma, também passou pela mesma situação e que isso é muito difícil para a sua família.

“A vida deve ser valorizada e criar, como o Papa disse, criar essas pontes de amor, de paz, pontes que servem para ser uma sociedade melhor. Se nós podemos começar a mudar devemos fazê-lo. Como digo a várias pessoas, ninguém me tira o sorriso que eu tenho”, disse.

O perdão

A essa altura do seu relato muitas pessoas do público enxugavam as lágrimas e estavam comovidas, no momento mais tocante do encerramento do congresso da Scholas Ocurrentes.

Na entrevista, Lizette reconheceu que seus colegas não entendem o dano psicológico que causam com suas palavras e ações, porque fazem o outro se sentir inferior e degradam seu ser.

“Embora isso me tenha afetado, na formatura eu disse a eles: eu perdoo vocês. Eu pude passar por cima disso, sigo em frente. A única coisa que posso fazer é perdoar e não ficar com esse rancor”, acrescentou.

Ao final desse relato e após vários minutos de aplausos, o Papa a saudou e lhe disse, usando um argentinismo: “És corajosa ehhh!”. Um reconhecimento da sua coragem.

Seu testemunho serviu como um pontapé inicial para uma campanha da Fundação Scholas contra o assédio nas escolas com o título #NosotrosSomosUnicos.

Como mensagem aos jovens, Lizette recomendou: “Não procurem ser como os outros. Se estamos em uma sociedade já contaminada de ideias ruins como vamos querer um futuro melhor para as gerações? Temos que mudar em primeiro lugar a nós mesmos, compartilhar o valor humano e compartilhar esse amor com outras pessoas”.

Fonte: Sipse

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Na Suécia, quem paga para ter relações sexuais é um delinquente. O país nórdico foi pioneiro, em 1999, em penalizar os clientes da prostituição, que podem pegar até um ano de cadeia. Esse modelo, apoiado no princípio de que a prostituição é uma forma de violência contra as mulheres – elas são uma esmagadora maioria – e um sinal de desigualdade dos gêneros, tem se expandido pelo mundo. O mais recente país a adotá-lo foi a França, que dias atrás aprovou, após um longo trâmite parlamentar, uma lei que prevê multa de até 3.750 euros (cerca de 15.000 reais) para quem pagar por sexo.

A lei francesa reacendeu o debate sobre a prostituição e a conveniência de regulá-la ou aboli-la. A Suécia e a França apostam num novo modelo de abolicionismo, que em vez de penalizar as prostitutas – consideradas vítimas sem liberdade de escolha – propõe acabar com o comércio sexual fechando o cerco sobre sua clientela. Em outras palavras, sem demanda não há oferta. No lado oposto estão as correntes pela legalização, para as quais o trabalho sexual é uma atividade que pode ser exercida livremente, e por isso precisa ser regulamentada. É o que acontece na Holanda, onde as profissionais do sexo pagam impostos e obtêm contrapartidas sociais, e também na Dinamarca e na Alemanha.

Nos últimos tempos, o chamado modelo sueco – ou nórdico, já que os primeiros a copiá-lo foram alguns de seus vizinhos escandinavos – está ganhando impulso. Depois da Suécia, a criminalização dos clientes da prostituição já foi aprovada na Islândia, Canadá, Cingapura, África do Sul, Coreia do Sul, Irlanda do Norte e agora na França. A medida vigora também na Noruega, com o detalhe de que esse país pune também cidadãos seus que fizerem turismo sexual. Além disso, o Parlamento Europeu insistiu em 2014 para que os Estados membros da UE adotassem fórmulas semelhantes, e Bélgica, Irlanda e Escócia debatem atualmente projetos de lei baseados nesse novo abolicionismo. Outros países, como a Finlândia, apostaram num sistema híbrido: castigam a compra de serviços sexuais, mas só se a prostituta for vítima das redes de tráfico humano.

Mas, segundo partidários do neo abolicionismo, esse vínculo entre prostituição e escravidão sexual é praticamente automático. Os defensores do modelo nórdico afirmam que quem vende seu corpo nunca o faz livremente – ao invés de ser uma escolha, seria uma imposição feita por redes de tráfico ou exploração sexual, ou pela pressão da pobreza ou de outro tipo de desigualdade.

“A lei se baseia em que é vergonhoso e inaceitável que, numa sociedade com igualdade de gênero, os homens obtenham relações sexuais casuais com mulheres em troca de dinheiro”, afirma Kajsa Wahlberg, diretora da unidade de combate ao tráfico humano da polícia sueca, acrescentando que a legislação local enviou um “sinal” importante a outros países. Hoje, o neo abolicionismo se transformou em parte importante da política externa sueca, uma espécie de marca do país. “A prostituição causa um grave dano, tanto aos indivíduos como à sociedade”, argumenta a agente, salientando que pessoas que pagam por sexo não só ferem a dignidade das mulheres como também estão contribuindo para a proliferação dessa arquitetura criminal.

Wahlberg diz que a lei funciona bem. Dez anos depois de ela entrar em vigor, o número de compradores de sexo caiu de 13,6% para menos de 8% da população, segundo dados do Instituto Sueco. “A norma tem um objetivo dissuasivo sobre os potenciais compradores de sexo. Também serviu para reduzir o interesse de diversos grupos ou indivíduos em estabelecer atividades organizadas de prostituição na Suécia”, acrescenta. Desde a adoção das medidas, 6.600 pessoas – todos homens, salvos raríssimas exceções – foram detidas por comprar ou tentar comprar sexo.

Destes, aproximadamente metade foi condenada (os dados sobre os julgamentos de 2015 ainda não estão disponíveis). Mas ninguém foi preso, já que todos pagaram a multa, equivalente a um terço da renda pessoal obtida durante dois meses.

E essa falta de condenações graves é uma das principais críticas a uma lei que, segundo as pesquisas, tem grande aceitação social no país. Outra é que, na verdade, o sistema não acaba com a prostituição, apenas a esconde, deixando assim as prostitutas em situação ainda mais perigosa e vulnerável.

Esse é também o argumento fundamental dos críticos da nova lei francesa. “A penalização do cliente não beneficia as trabalhadoras do sexo, apenas as expõe mais à violência – tanto das quadrilhas como da polícia – e ao isolamento”, afirmam integrante do coletivo Strass, que reúne prostitutas na França e se mobilizou contra a nova lei. A medida também enfrenta restrições de ONGs como a Médicos do Mundo, que argumenta que o abolicionismo leva as prostitutas à clandestinidade e as deixa à mercê do cliente ou das máfias, e que a rede de proteção prevista para ajudar as mulheres a deixar a prostituição é precária demais. As entidades sociais estimam que haja entre 30.000 e 40.000 meretrizes na França.

“Este modelo legal obriga as trabalhadoras sexuais, sobretudo as da rua, a trabalharem nas periferias, em zonas menos visíveis e acessíveis, onde a polícia não possa surpreender os seus clientes”, argumentam integrantes do Tampep, um coletivo europeu de trabalhadoras do sexo, para o qual a penalização do cliente impede a autodeterminação das prostitutas, reforçando o estigma e a discriminação contra elas.

À luz das estatísticas, a policial Wahlberg tem razão: estreitar o cerco sobre o cliente reduziu a prostituição na Suécia, ao menos a sua parte visível. Antes da lei, 600 mulheres vendiam sexo nas ruas de Estocolmo, segundo a polícia. Atualmente são menos de 10. Entretanto, os bordéis e as calçadas se transferiram para a Internet. Um campo muito mais difícil de controlar.

Abolir, proibir ou regular

Há vários modelos na Europa

– Legalista. Holanda, Alemanha, Dinamarca. Na Holanda, a prostituição é regulamentada como um trabalho desde 2000. A lei obriga os proprietários dos bordéis a pagarem impostos e a contribuição previdenciária das prostitutas. Estas, que precisam de uma licença municipal, têm direito a Previdência Social e seguro-desemprego. A mesma situação se dá na Alemanha. Na Dinamarca, as prostitutas pagam impostos, mas não têm direito a benefícios previdenciários ou seguro-desemprego.

– Novo abolicionismo. Suécia, Noruega, Islândia. A Suécia foi pioneira, em 1999, na adoção de uma lei contra a compra de serviços sexuais. A norma proíbe pagar pelo sexo e penaliza o cliente com multas ou prisão. É um modelo atualmente em expansão.

– Limbo jurídico. Espanha, Itália. A prostituição na Espanha está num limbo jurídico – embora sua exploração seja crime. Dois em cada dez homens espanhóis admitem que já pagaram pelos serviços de uma prostituta, segundo estudo da Universidade de Comillas para o Ministério da Saúde. Entretanto, alguns regulamentos municipais proíbem a prática e multam tanto os clientes como as profissionais. Uma situação similar ocorre na Itália, onde nos últimos anos proliferaram as situações que penalizam tanto a compra quanto a venda de sexo.

– Proibicionista. Na Hungria a prostituição é ilegal. Pune-se com multa ou mesmo com prisão a meretriz que exercer a prática em “zonas protegidas”, ao passo que o cliente só é penalizado se “aceitar” os serviços de uma menor.

Fonte:  El País, 21-04-2016.

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A diretora-geral da cadeia católica KTO, Philippine de Saint Pierre, estava com o Papa Francisco na Grécia, no sábado. Ela estava no avião que levou as três famílias de refugiados sírios para Roma. Ela fala ao JDDsobre esse deslocamento.

Qual era o clima no avião que trouxe os refugiados com o Papa?

Os refugiados estavam na parte da frente do avião, junto com a comitiva do Papa, fora da nossa curiosidade. Tradicionalmente, no avião do Papa, o Sumo Pontífice está na parte dianteira; sua comitiva está na parte seguinte; e nós jornalistas, ficamos na parte de trás. Nós não sabemos se eles tiveram um contato direto com o Papa durante a viagem. É provável que este último tenha repousado. Em todo o caso, nós vimos os refugiados atravessarem a cabine várias vezes. Eles estavam ao mesmo tempo tímidos, muito ruborizados e muito sorridentes, sobretudo as crianças. Eles não falaram nada.

Na chegada a Roma, o Papa desceu do avião. Ele acolheu as famílias e saudou a cada um na base da escada. Na sequência, os imigrantes ficaram sob os cuidados de membros da Comunidade Santo Egídio, que vai se ocupar de lhes dar moradia, mas também de se encontrarem com outras famílias a fim de que possam criar laços.

Você sabe como estas famílias foram escolhidas?

São três famílias, totalizando 12 pessoas: seis adultos e seis menores. Eles são sírios e muçulmanos. Duas famílias vêm de Damasco e a outra vem de uma região atualmente sob o controle do Estado Islâmico. A mídia grega disse que elas foram escolhidas por sorteio. Em todo caso, havia critérios. Era necessário que fossem pessoas em situação particularmente vulnerável, para que um retorno colocasse suas vidas em perigo.

Por outro lado, era preciso que fossem pessoas que dispunham de autorizações administrativas ou de documentos que os tornassem elegíveis pelos serviços da Secretaria de Estado [o governo do Vaticano] e pelas autoridades gregas e italianas. Isto pôde ser preparado. Mas rapidamente preparado, uma vez que a própria viagem não foi anunciada com muito tempo de antecedência. A viagem do Papa foi confirmada apenas no começo da semana.

Você teve a oportunidade de falar com eles?

Não, nós não tivemos a chance durante o voo. Antes de deixar a Grécia, eu pude falar com uma mulher [o testemunho da Agnès pode ser visto aqui, em francês.] que ajudou uma das suas famílias de refugiados – uma jovem chamada Nour, seu marido e seu filho de dois anos e meio – que me disse que eles foram avisados ontem [sexta-feira]. Esta manhã [sábado], eles foram orientados para pegaram seus pertences, colocar tudo em sacos e um ônibus iria levá-los… Realiza-se essa famosa travessia da morte em menos de 24 horas. Imagino o choque. Eu interpreto, mas eles deviam estar um pouco espantados com sua chegada.

Essas famílias vão ser alojadas no Vaticano?

Ainda não sabemos muito bem. O que é certo é que seus cuidados são inteiramente financiados pelo Vaticano. Duas famílias de refugiados iraquianos já foram acolhidas há pelo menos um ano por uma paróquia do Vaticano. Isso remonta ao tempo em que o Papa Francisco convidou cada paróquia para acolher uma família de refugiados. Isso não quer dizer necessariamente que serão alojadas no Vaticano. Mas é a Santa Sé que aluga apartamentos e fica responsável por todas as suas necessidades.

Como especialista, qual é a sua opinião sobre este gesto do Papa Francisco?

Com o Papa Francisco, podemos – e devemos – estar preparados para tudo. Isso se parece muito com ele, é uma maneira de unir a ação à palavra. É um homem cujo ensinamento passa muito pelo exemplo, pela maneira como ele pessoalmente age. É nessa linha. Em princípio, no papel não é possível. O fato de que o Papa, que é ao mesmo tempo um líder e um chefe de Estado, faça uma visita a algum lugar, em condições tão rápidas, com tantos fatores, e que, além disso, volta levando a bordo do seu avião várias famílias de refugiados para, em consonância com o governo italiano, garantir seu reassentamento na Europa, é mesmo incrível! É um gesto forte e ao mesmo tempo claro para essas pessoas envolvidas em primeiro plano, mas também para os governantes e as nações. Por este gesto, ele inevitavelmente provoca as consciências.

A entrevista é de Anne-Charlotte Dusseaulx e publicada por Journal du Dimanche

Quem são os refugiados acolhidos pelo Papa?

Um casal de engenheiros com uma criança de dois anos, um professor e uma costureira com seus três filhos, dois deles adolescentes, e um casal jovem com duas crianças de 7 e 8 anos. Estas são as famílias que viajaram no avião do Papa Francisco de Lesbos para Roma e que serão acolhidas no Vaticano.

A primeira família morava na zona periférica de Al Zapatani, exposta a massivos bombardeios, enquanto que a segunda tinha seu lar em Deir Azzor, uma zona que ficou sob a ocupação dos terroristas do Estado Islâmico. Sua casa foi bombardeada, assim como a da terceira família, um casal jovem com duas crianças que antes da fuga vivia em Zamalka, uma aldeia da capital síria. “Desde então – explica a mãe – o pequeno Omar está aterrorizado, acorda todas as noites e durante um tempo inclusive deixou de falar”.

As três famílias se encontravam no campo de refugiados de Kara Tepe, segundo informa o jornal oficial do Vaticano,L’Osservatore Romano, desde antes da assinatura do acordo entre a União Europeia e a Turquia, pelo qual todas as pessoas que tenham chegado depois de 20 de março serão devolvidas à Turquia, onde será resolvida sua solicitação de asilo.

Com este gesto, o Papa quis “dar um sinal de acolhida aos refugiados”, segundo apontou o porta-voz da Santa Sé, oPe. Federico Lombardi. A ação foi possível graças aos contatos da Secretaria de Estado com as autoridades competentes, gregas e italianas.

A acolhida e a sustentação das três famílias ficarão a cargo do Vaticano, embora a ajuda inicial seja concedida por voluntários da Comunidade Santo Egídio.

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Washington, EUA.

“Jesus sem-teto” não é mais sem-teto. Você o encontra em todos os lugares.

Uma das representações mais audaciosas e surpreendentes de Cristo – e uma das mais controversas –, esta escultura tem capturado a imaginação de pessoas em todo o mundo. Primeiro criada em 2013 pelo escultor canadense Timothy Schmalz, a estátua de bronze em tamanho natural desafiou ambos os crentes e não crentes a pensar em Cristo e na pobreza de uma nova maneira – uma maneira que é imediatamente reconhecida e instantaneamente inquietante.

A estátua traz um homem sem-teto sob um cobertor, com o rosto e corpo cobertos, com exceção de seus pés descalços. Ele poderia ser qualquer um – mas eis que você percebe que seus pés carregam as marcas da crucificação.

Significativamente, o Jesus no banco tem um pouco de espaço extra. O banco é grande o suficiente para alguém sentar-se aos pés de Cristo.

Agora, a oportunidade de fazer exatamente isso está se espalhando. Várias igrejas abraçaram esta imagem de Cristo, e cópias do “Jesus sem-teto” estão surgindo em todo o mundo.

Ele está lá, na parte externa da igreja de St. Alban, em Davidson, Carolina do Norte, onde os moradores ficaram tão alarmados quando viram a figura deitada em um banco coberto por um cobertor que chamaram a polícia. Como um morador observou: “um vizinho escreveu uma carta ao jornal, dizendo que a imagem o desconcerta”.

“Jesus sem-teto” também tem uma casa em um cruzamento em Indianápolis, onde uma mulher ficou tão preocupada com o homem encolhido sob o cobertor que chamou os paramédicos.

Ele está também em Detroit, na parte externa da igreja S. Pedro e S. Paulo, onde alguns fieis muitas vezes passam para deixar flores ou notas. “Esperamos que eleve a consciência das pessoas em relação às pessoas necessitadas”, disse o administrador da paróquia, o Rev. Gary Wright.

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Toronto, Canadá

Versões do “Jesus sem-teto” também podem ser encontrados em Toronto, Washington D.C., Dublin, Chicago e Madri, entre outros lugares.

E agora você pode até encontrá-lo no Vaticano. A estátua, instalada no mês passado, é semelhante a uma abençoada pelo Papa Francisco em 2013.

“Quando o Papa viu”, Schmalz disse na época, “ele tocou os joelhos e os pés e orou”. O artista sente que este trabalho tem um significado especial para Francisco. “O Papa Francisco está fazendo exatamente isso”, disse ele, “estendendo a mão e se aproximando dos marginalizados”.

Apesar da popularidade do trabalho, ele também tem enfrentado críticas. Vizinhos da estátua na Carolina do Norte se queixaram de que era um insulto a Deus e que isso rebaixou o bairro. Recentemente, um pedido de instalação da estátua na Igreja St. Martin-in-the Fields em Trafalgar Square, em Londres, também foi negado. A igreja, ao que parece, proíbe as pessoas de deitar dentro da igreja; oficiais da igreja evidentemente sentiram que aceitar a estátua seria hipocrisia e se expor ao ridículo. O Methodist Central Hall, em Westminster, próximo de Westminster Abbey, queria adotar a estátua – mas o conselho da cidade recusou. “A escultura proposta”, escreveu o departamento de planejamento da cidade, “não seria suficiente para manter ou melhorar o caráter ou a aparência da Área de Conservação da Praça do Parlamento”.

Nada disso parece preocupar Timothy Schmalz, 46, que tem esculpido estátuas para a Igreja Católica há mais de duas décadas. Em sua opinião, a crítica do trabalho só mostra a necessidade deste tipo de escultura e sua mensagem. Esta peça é apenas o começo. Na verdade, o trabalho “Jesus sem-teto” é um de uma série chamada “Esculturas da Misericórdia”, ilustrando Mateus 25, mostrando Cristo em tamanho natural em várias poses como a figura do sem-teto, com fome, doente, na prisão, nu e estrangeiro.

Misericórdia, de fato, é um tema recorrente para Schmalz. Seu trabalho mais recente inclui uma estátua do Padre Pio no confessionário, que ele diz que criou “para dar uma narração visual para o Sacramento da Reconciliação”.

Em seu site, ele descreve seu trabalho da seguinte maneira:

“A escultura, para muitos cristãos, atua como uma porta de entrada para os evangelhos e como olhar para a própria espiritualidade. Depois de olhar para uma obra de arte interessante, o espectador fica curioso. ‘Quem é este homem numa cruz? Por que ele sofreu? Quanto mais poderosa a representação da arte, mais potentes tornam-se as questões’”.

Eu tinha algumas perguntas para fazer a Schmalz, e ele respondeu por e-mail no início desta semana, quando obtive alguns de seus pensamentos sobre esta obra singular e seu impacto.

Q: Qual foi a inspiração para esta representação única de Cristo? 

A inspiração veio quando eu estava na cidade de Toronto e eu vi um homem coberto dormindo no meio da tarde em uma das ruas mais movimentadas do Canadá. Pensei comigo mesmo: somente vejo Jesus. Foi essa experiência que eu esculpi para ajudar os outros a terem a mesma experiência que eu tive.

Q: Que tipo de reação você obteve ao redor do mundo? 

A escultura é apenas uma forma do que eu consideraria uma discussão pura de Jesus por alguns minutos, então, as pessoas começam a falar sobre os Evangelhos, os pobres, os ricos, etc. O trabalho é um perfeito instrumento desta maneira.

Q: Como você responde às críticas do “Jesus sem-teto”? 

10% das pessoas ficam ofendidas, realmente ofendidas. Minha resposta é que se há ódio prova que o trabalho é necessário.

Q: Por que você acha que ele se conectou tão poderosamente com as pessoas? 

Eles vêem Jesus na arte de uma maneira específica que não mudou muito ao longo dos séculos. Os Evangelhos são doutrinários, e esta escultura traduz algumas das difíceis / impressionantes ideias dentro de uma forma única.

Q: Você acha que ele transmite alguma mensagem particular durante este Ano da Misericórdia?  

Jesus mostra misericórdia na face do menor de nossos irmãos, bem como sendo Cristo Rei.

Q: Eu sei que o Papa abençoou uma versão desta estátua no Vaticano. Como foi aquela experiência? 

Depois que ele abençoou o trabalho, fui apresentado ao Papa Francisco. Ele me disse que era uma excelente e bonita representação de Jesus. Este é o papa que exigiu a remoção de esculturas de si mesmo e que é conhecido por não apreciar o ornamental. Foi uma honra incrível! Parece haver auréolas em torno dele – quanto mais perto você chega, mais intensa elas se tornam.

Q: Qual a mensagem mais importante que você acha que este trabalho transmite? O que você gostaria que as pessoas tirassem dele?

Toda a vida é sagrada, e este é o presente que o cristianismo deu ao mundo.

Greg Kandra é diácono permanente na Diocese de Brooklyn. 

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Um membro da policia rodoviária do estado de Indiana, EUA, foi demitido após ser acusado de constranger os cidadãos por que falou sobre sua fé com eles. Ele está sendo processado pela segunda vez por evangelizar no horário do expediente.

Em um comunicado de imprensa, o comando da Polícia Estadual afirmou que Brian Hamilton foi desligado de suas funções após uma investigação interna de dois meses. A acusação veio de uma mulher que foi parada por ele para verificação. Ao compartilhar com Wendy Pyle sobre a necessidade da salvação pela fé em Jesus, teria criado um constrangimento a ela.

O superintendente da Polícia de Indiana, Doug Carter afirmou em comunicado que todos possuem seus direitos e que a liberdade religiosa é um deles. Contudo, Hamilton, que foi policial durante 14 anos agora responderá um processo movido contra ele pela senhora Pyle.

Ela o acusou de ter “violando seus direitos constitucionais” ao perguntar se ela acreditava que iria para o céu. Depois, falou a ela sobre sua igreja e fez um convite para que a conhecesse.

A ação federal, impetrada pela American Civil Liberties Union (ACLU) de Indiana, afirma que Pyle, que não se considera religiosa, sentiu-se “extremamente desconfortável com essas questões” e acabou dizendo que aceitaria o convite.

A justificativa de Dave Bursten, capitão da polícia estadual, é que a “investigação interna do Departamento mostra que já havia um processo judicial pendente contra Hamilton pelo mesmo motivo”.

Em 2014, Hamilton foi processado por Ellen Bogan, mulher que foi parada pelo policial após uma infração de transito. Ao receber a multa, começou a ouvir do policial perguntas de cunho pessoal, que incluía sua certeza (ou não) de salvação.

Ela recebeu do policial literatura cristã, incluindo um panfleto da igreja frequentada pelo policial. Na ocasião, ele foi absolvido, mas recomendado para que não falasse sobre sua fé cristã enquanto estivesse de uniforme.

Ao saber de sua demissão, Hamilton disse: ‘Eu estou apenas fazendo o que o Senhor mandou fazer… Se o Senhor me diz para falar de Jesus Cristo, eu farei isso. Sei que esse é motivo pelo qual fui demitido”.  Finalizou explicitando que não está arrependido.

Fonte: Daily Mail

OSSROM100995_ArticoloFoi colocada nesta Semana Santa na entrada da Elemosineria Apostólica, no pátio de Santo Egídio, no Vaticano, uma estátua de Jesus, em tamanho natural, representado como um sem-abrigo deitado num banco, envolto num leve cobertor do qual despontam somente os pés marcados pelos pregos da crucifixão.

A obra é da autoria do escultor canadiano Timothy P. Schmalz. O artista teve a ideia de representar a pessoa de Cristo deste modo original após ter visto, durante as festas de Natal, um sem-abrigo que dormia num banco ao ar livre.

“Quando vemos os marginalizados, devemos ver Jesus Cristo”, escreveu o escultor. Na pessoa do pobre e dos últimos estão o rosto e a presença do Cristo: “Cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” podemos ler no Evangelho de S. Mateus. (Mt 25, 40).

Em novembro de 2013, durante uma audiência geral na Praça S. Pedro, o autor teve a oportunidade de apresentar ao Papa Francisco uma cópia em formato reduzido do “Jesus sem-abrigo”.

“Quando o Santo Padre viu a obra, tocou-a nos joelhos e nos pés e rezou. O Papa Francisco está a fazer propriamente isso, aproximar-se dos marginalizados”, ressaltou o autor aos media norte-americanos.

A estátua doada à Elemosineria Apostólica por iniciativa do próprio autor é feita de bronze e o primeiro exemplar foi colocado em 2013 em Toronto, no Canadá, no Regis College, faculdade de teologia dos jesuítas, e vários outros exemplares já foram colocados em vários lugares no mundo: Austrália, Cuba, Índia, Irlanda, Espanha e EUA.

Alguns contatos estão em andamento para a colocação do “Jesus sem-abrigo” também em muitos outros lugares como a África do Sul, Argentina, Brasil, Chile, México e Polônia.

A estátua colocada na entrada da Elemosineria foi doada por um patrocinador canadense, que foi o primeiro a custear obras de Schmalz, quando este tinha apenas 20 anos.

Ellinor Grimmark perdeu o emprego porque recusou fazer abortos por objeção de consciência

A Sra. Steen não foi contratada como parteira, pois não queria realizar abortos na Clínica de Mulheres de Nyköping, Suécia. Ela explicou a sua posição à chefe da unidade de enfermagem que, em consequência, se negou a contratá-la, informou o site Infocatólica
Com efeito, a Sra. Steen recebeu carta da gerência: “Não temos a política nem o costume de deixar espaço algum à objeção de consciência. Não podemos nem queremos trabalhar com tais exceções”.

E a chefe foi ainda mais longe ao entrar em contato com outro possível empregador para denunciar as convicções da pretendente a emprego, que igualmente cancelou a entrevista dela.

O caso já conta com antecedentes na Suécia. Outra parteira, Ellinor Grimmark que se opôs a participar num aborto foi processada e perdeu num tribunal sueco em novembro de 2015.

Em virtude de sua objeção de consciência, três hospitais se negaram a contratá-la. A sentença lhe obriga a assumir a custa de todo o processo, quase 500 mil reais.

A ADF International (Alliance Defending Freedom) – aliança legal que advoga o direito das pessoas a viver livremente sua fé – se engajou a fim de defender as parteiras nesses casos.

Por outro lado, Robert Clarke, expert em direitos humanos, declarou que “a Suécia padece de um grave problema de direitos humanos: mais uma parteira foi obrigada a introduzir um processo judicial porque não quis praticar abortos”.

Para ele, “essas parteiras foram certificadas para trazer a vida ao mundo. Mas agora estão sendo punidas por se negarem a fazer algo que acreditam ser moralmente incorreto”. Os “direitos humanos” em mais essa situação estão sendo explorados para destruir a moral e a ordem natural e cristã.

Às crianças que serão assassinadas não lhes são reconhecidos esses direitos. E as parteiras que querem salvar essas crianças tampouco os têm.

Esses “direitos humanos” proclamados como conquista da humanidade pela Revolução Francesa igualitária e anticristã, neste caso, como em muitos outros, revelam esconder em seu bojo um satânico embuste.

Luis Dufaur

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A imagem do menino sírio Aylan Kurdi, de 3 anos, morto em uma praia turca, tornou-se um símbolo da atual crise de imigração, mas seu caso está longe de ser uma exceção.

Apenas nos últimos quatro dias, ao menos outras 23 crianças morreram afogadas em travessias marítimas para a Europa, enquanto suas famílias tentavam escapar de conflitos e da pobreza.

Quatro estavam em uma embarcação de madeira que afundou nesta terça-feira (15) no mar Egeu, na costa da Turquia, a apenas 2,5 km da praia onde o corpo de Aylan foi encontrado há duas semanas.

Segundo o governador da Província de Mugla, Amir Cicek, 271 pessoas estavam em um barco com capacidade para até 60 ocupantes. Ao todo, 249 foram resgatadas e 22 se afogaram.

No último domingo, 15 crianças, entre elas quatro bebês, morreram depois de um barco de madeira afundar próximo à ilha de Farmakonisi, na Grécia. O naufrágio deixou outras 19 vítimas, e cem pessoas foram resgatadas.

Um dia antes, no sábado (12), quatro crianças se afogaram depois de um barco naufragar próximo à ilha grega deSamos.

O próprio Aylan não era a única criança do naufrágio que tirou sua vida. Seu irmão, Galip, de 5 anos, e mais três crianças estavam entre as vítimas.

‘Não pude fazer nada’

O iraquiano Jay foi um dos sobreviventes do naufrágio de domingo passado. Os ocupantes da embarcação que naufragou teriam pago entre 1.250 euros e 1.500 euros (entre R$ 5.400 e R$ 6.500 na cotação atual) por um lugar no barco de madeira.

Jay disse ter conseguido ajudar alguns de seus ocupantes, mas sente-se culpado por aqueles que sucumbiram às ondas.

“Vi crianças morrendo, mulheres morrendo, e não pude fazer nada”, afirmou à BBC.

Segundo Jay, os traficantes de pessoas sírios que conduziam a embarcação a afundaram de propósito, a golpes de martelo, para chamar a atenção de militares da ilha grega próxima.

Em entrevista à agência Associated Press, o imigrante sírio Mohamed Sheik, de 38 anos, contou ter cruzado o marEgeu com sua família e visto metade dos integrantes de uma família se afogar.

“Crianças estão morrendo. Todos os dias, 20 a 30 pessoas se afogam no mar”, disse.

Ele pede que autoridades europeias encontrem maneiras de dar algum porto seguro aos refugiados.

“Eles precisam pôr fim (às mortes). Isso é o mais importante.”

Fronteiras fechadas

A União Europeia vem lidando com um grande fluxo de imigrantes, muitos deles fugindo de conflitos e da pobreza em seus países. Na Síria, onde está em curso uma guerra civil há mais de quatro anos, o total de refugiados já ultrapassou os 4 milhões, segundo a Acnur (Agência da ONU para Refugiados).

Um dos destinos mais procurados pelos refugiados, a Alemanha anunciou estar aplicando medidas de controle temporário em sua fronteira com a Áustria para lidar com o fluxo de imigrantes. Viagens de trem entre os dois países chegaram a ser suspensas por doze horas.

Segundo o governo, o país está “no limite de sua capacidade”. A Alemanha espera que 800 mil imigrantes cheguem a seu território neste ano.

O ministro do Interior, Thomas de Maizière, disse que os refugiados “não podem escolher” em que país ficarão e pediu que outras nações da UE colaborem mais nesta crise migratória — a mais grave na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

O governo da Hungria também fechou sua fronteira com a Sérvia, com uma cerca de arame farpado, para impedir que imigrantes entrem na UE. Centenas de migrantes ficaram retidos no local.

Sob novas leis foram aprovadas com esse objetivo, a Hungria determinou que seja rejeitado qualquer refugiado que busque ajuda em sua divisa com a Sérvia.

A polícia do país bloqueou a linha de trem que cruzava a fronteira e foi usada por dezenas de milhares de imigrantes para entrar no país.

O ministro de Relações Exteriores húngaro, Peter Szijjarto, indicou que o país considera construir uma outra cerca, na fronteira com a Romênia.

Busca por consenso

Por sua vez, a rainha Rania, da Jordânia, pediu que os líderes europeus persigam uma política “holística e coesa” para lidar com a crise.

Em entrevista à emissora Sky News, a rainha disse que a chegada de 1,4 milhão de sírios — 630 mil registrados como refugiados– ao país provocou “enorme tensão” na economia da Jordânia.

“Isso é o equivalente a 20% de nossa população e tem afetado nossos serviços públicos, nossa infraestrutura e sobrecarregado nossa capacidade de lidar com a questão”, disse ela.

“O ideal seria a busca por um consenso na Europa sobre como lidar com os refugiados. Isso encorajaria outras nações do mundo a se tornar parte da solução em vez de testemunharem silenciosamente o que está acontecendo.”

A imagem do menino sírio Aylan Kurdi, de 3 anos, morto em uma praia turca, tornou-se um símbolo da atual crise de imigração, mas seu caso está longe de ser uma exceção.

Apenas nos últimos quatro dias, ao menos outras 23 crianças morreram afogadas em travessias marítimas para aEuropa, enquanto suas famílias tentavam escapar de conflitos e da pobreza.

Quatro estavam em uma embarcação de madeira que afundou nesta terça-feira (15) no mar Egeu, na costa da Turquia, a apenas 2,5 km da praia onde o corpo de Aylan foi encontrado há duas semanas.

Segundo o governador da Província de Mugla, Amir Cicek, 271 pessoas estavam em um barco com capacidade para até 60 ocupantes. Ao todo, 249 foram resgatadas e 22 se afogaram.

No último domingo, 15 crianças, entre elas quatro bebês, morreram depois de um barco de madeira afundar próximo à ilha de Farmakonisi, na Grécia. O naufrágio deixou outras 19 vítimas, e cem pessoas foram resgatadas.

Um dia antes, no sábado (12), quatro crianças se afogaram depois de um barco naufragar próximo à ilha grega deSamos.

O próprio Aylan não era a única criança do naufrágio que tirou sua vida. Seu irmão, Galip, de 5 anos, e mais três crianças estavam entre as vítimas.

BBC Brasi