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Em decisão recente, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) anulou um ato administrativo praticado em 2012 pelo Conselho Superior da Magistratura do Estado do Rio Grande do Sul. Através do referido ato administrativo, a cúpula do poder judiciário gaúcho havia determinado a retirada dos crucifixos das dependências dos fóruns.

Quem reclamou dos crucifixos? Constam do voto do relator do processo, conselheiro  Emmanoel Campelo, as seguintes entidades reclamantes: Rede de Saúde Feminista,  Comunicação Saúde e Sexualidade, Marcha Mundial de Mulheres, Grupo pela Livre Orientação Sexual e Liga Brasileira de Lésbicas.  

Quem lutou pela anulação do ato e, consequente recolocação dos crucifixos nos prédios forenses, que deverá ocorrer dentro em breve (assim esperamos)? A Arquidiocese de Passo Fundo. Portanto, cumprimentemos o povo de Deus dessa Igreja particular, na pessoa do administrador apostólico, dom Paulo de Conto!

Na decisão monocrática que anulou a ordem de recolhimento dos crucifixos, o conselheiro Campelo não se fundamentou em razões religiosas, mas em motivos culturais. Vejamos alguns excertos do brilhante voto:

“(…) entendo que os símbolos religiosos são também símbolos culturais, que corporificam as tradições e valores de uma cultura ou civilização, sintetizando-os. Nesse sentido, o crucifixo é um símbolo simultaneamente religioso e cultural, consubstanciando um dos pilares – o mais transcendente – de nossa civilização ocidental.”

“Evidencio, assim, que para acolher a pretensão de retirada de símbolos religiosos sob o argumento de ser o Estado laico, seria necessário, também, extinguir feriados nacionais religiosos, abolir símbolos nacionais, modificar nomes de cidades e até alterar o preâmbulo da constituição federal.” De fato, os constituintes erigiram um novo Estado sob a proteção de Deus, conforme está grafado no preâmbulo da constituição em vigor (cf. Edson Luiz Sampel in “Católico até debaixo d’água”, editora LTR, 2016, p. 77).

“(…) resta claro que a presença do crucifixo não significa uma mistura de religião e Estado, mas remete a uma questão histórico-cultural, sem ferir a liberdade religiosa ou privilegiar apenas uma crença.”

“O ato de retirar um crucifixo de espaço público, que tradicionalmente e historicamente o ostentava, é ato eivado de agressividade, intolerância religiosa e discriminatório, já que atende a uma minoria, que professa outras crenças, ignorando o caráter histórico do símbolo no judiciário brasileiro.”

 O conselheiro Campelo também transcreveu um artigo jornalístico escrito por Paulo Brossard (ex-juiz do Supremo Tribunal Federal – STF), à época da supressão dos crucifixos. Reproduzo abaixo um trecho dessa análise lapidar:

“A meu juízo, os crucifixos existentes nas salas de julgamento do tribunal lá não se encontram em reverência a uma das Pessoas da Santíssima Trindade, segundo a teologia cristã, mas a alguém que foi acusado, processado, julgado, condenado e executado, enfim justiçado até sua crucificação, com ofensa às regras legais históricas, e, por fim, ainda vítima de pusilanimidade de Pilatos, que, tendo consciência da inocência do perseguido, preferiu lavar as mãos e, com isso, passar à história.”

E diz, ainda, o mestre Brossard, citado pelo conselheiro do CNJ:

 “Em todas as salas onde existe a figura de Cristo, é sempre como o injustiçado que aparece, e nunca em outra postura, fosse nas bodas de Caná, entre os sacerdotes do templo, ou com seus discípulos na ceia que Leonardo Da Vinci imortalizou.”

Toda vez que um magistrado olha para um crucifico, precisa se conscientizar do perigo de uma injustiça. Deus encarnado padeceu a maior das injustiças perpetradas num processo judicial, lembra-nos o crucifixo afixado na parede.

Zenit

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“O maior perigo de uma visão da história como um progresso infindável é a combinação tóxica de arrogância e auto-ilusão”. (D.A. Carson)

Antes de começar este texto, uma pequena confissão: sou ateu. Não tenho religião e não acredito em Deus, ao menos não da forma convencional das principais religiões. Além disso, sempre valorizei o estado laico, a divisão entre estado e igreja tão cara a muitos “pais fundadores” americanos, inspirados no Iluminismo.

Dito isso, não posso ignorar que o pêndulo exagerou para o outro lado, como em quase todo o resto. O estado laico passou a se confundir com um estado antirreligioso, e a não intervenção das religiões nas questões estatais deu lugar ao excesso de intervenção do estado em assuntos religiosos.

Já mencionei em alguns textos o livro The Intolerance of Tolerance, do teólogo canadense D.A. Carson. Vou, uma vez mais, usá-lo como fonte de reflexões. Afinal, sua tese tem tudo a ver com o assunto em pauta: os “tolerantes”, em nome de sua “infinita” tolerância (na verdade, aprovação irrestrita), tornaram-se os mais intolerantes, especialmente com os religiosos.

Não é algo novo. Os jacobinos se julgavam detentores da Razão (assim mesmo, com R maiúsculo), e guilhotinaram vários padres, atacaram as igrejas e transformaram Notre Dame no “Templo da Razão”. Mexeram até no calendário. Falavam em nome da “ciência”. O resultado foi o Terror.

O mesmo para seus herdeiros bolcheviques: em nome da ciência, os ateus comunistas aboliram as religiões, e todos tiveram que aderir ao mesmo Deus: o estado. Milhões foram sacrificados no altar da utopia de um “mundo melhor” e da construção do “novo homem”: racional, abnegado, altruísta, e livre do preconceito religioso.

Pois bem: chegamos ao ponto em que o sujeito dizer “God bless you” (Deus lhe abençoe) após um espirro vira caso de justiça. Não pode haver uma cruz em locais públicos, muitos querem tirar a citação de Deus na moeda americana, nenhuma empresa pode mandar cartões com “Feliz Natal” pois pode ser ofensivo para os não crentes, e por aí vai.

A religião passou a ser vista como algo ruim, e em nome da tolerância, os “tolerantes” aceitam a liberdade religiosa, desde que restrita à esfera privada. Em outras palavras, o sujeito pode crer em Deus e em livros sagrados, mas só não pode levar suas crenças para o debate público, para a política, para sua visão moral de mundo.

Isso me parece um tanto absurdo. Afinal, de onde vem nossa moral? Ora, cada um terá uma resposta, e em tempos de relativismo moral exacerbado, vale tudo. Mas o fato é que só podemos desqualificar por completo valores morais advindos das tradições ou das religiões se assumirmos que é possível obter um código de valores morais estritamente racional, científico. Olha o perigo da Razão aí novamente, da “arrogância fatal” (Hayek), da intolerância dos “tolerantes” modernos.

Aborto, por exemplo, pode ou não pode? Alguém realmente pretende responder isso apenas com base na ciência? Boa sorte. Já vi gente inteligente chamar o feto humano de “parasita” usando exclusivamente a lógica. Como disse Karl Kraus, “Refreia as tuas paixões, mas toma cuidado para não dar rédeas soltas à tua razão”.

Os seculares assumem que sua visão moralista é superior, pois calcada na Razão, mas no fundo enfrentam dificuldades igualmente insolúveis para certos dilemas. Afinal, são dilemas morais não é à toa. Acabam sendo seletivos em sua “tolerância” ampla, adotando posturas muitas vezes contraditórias (toleram o chargista que faz desenho “ofensivo” de Maomé ou os muçulmanos intolerantes com tais charges pois não querem se sentir ofendidos?). Defendem uma agenda que se diz neutra, mas nunca o é.

Como estão convencidos de sua superioridade por conta da suposta neutralidade, tornam-se mais intolerantes com o passar do tempo. Assumem que automaticamente a postura secular garante maior tolerância, o que é uma falácia. Conheço ateus extremamente intolerantes (vide ATEA e todos os ateus militantes), e cristãos altamente tolerantes com pontos de vista divergentes.

E chegamos ao ponto central do texto: com essa convicção na própria superioridade, e com essa aversão às religiões (especialmente ao Cristianismo), os seculares acabaram criando não um estado laico, mas um estado antirreligioso sob um novo Deus, que é o próprio estado absolutista. Ele pode tudo, inclusive se intrometer nos assuntos estritamente religiosos.

Exemplo? O casamento religioso e a aceitação de padres gays deveriam ser assuntos decididos somente dentro da própria religião. O que o estado tem com isso? Se uma religião particular não quiser aceitar casamentos de homossexuais, isso não seria um direito seu? Se um bispo católico declarasse alguma pessoa impedida de receber a Comunhão em sua diocese, pelo motivo que fosse, e o estado interferisse, isso não seria uma quebra da separação entre estado e igreja? É intolerante a igreja que age assim dentro de suas próprias crenças, ou o estado que não tolera isso e invade sua liberdade para impor sua visão estreita de mundo?

Outro exemplo? Digamos que um médico cristão, que ainda por cima prestou o juramento de Hipócrates, não aceite, por crença pessoal, praticar a eutanásia ou um aborto. Será que o estado teria o direito de, em nome da “tolerância”, obrigá-lo a agir diferente, contra suas próprias convicções morais? Já há casos em países desenvolvidos, que permitem aborto e eutanásia, onde estas questões foram parar na Justiça, e a tendência é claramente contrária ao direito individual do médico. Pergunto: pode haver algo menos tolerante do que a coerção estatal impedir o direito de um médico de se recusar a “matar um bebê”, sendo esta sua crença mais íntima?

São questões, como podemos ver, bastante delicadas, complexas, que envolvem valores e direitos conflitantes. Haverá uma região cinzenta, principalmente quando crianças estiverem no meio. Pode um pai muçulmano, em pleno Ocidente, impor o uso da burca à sua filha, ou seu direito individual deve falar mais alto? Pode um pai se recusar a aceitar transfusão de sangue para a filha, pois ela é Testemunha de Jeová? E por aí vai.

Teremos, sem dúvida, uma enorme quantidade de casos sem resposta fácil. Mas o que eu gostaria de chamar a atenção, aqui, é dessa tendência cada vez mais intolerante dos modelos seculares, que parecem desejar varrer a religião do mapa, ou ao menos para um cantinho isolado e insignificante da individualidade do sujeito, sem levar em conta que essa crença pode, para ele, ser a coisa mais relevante do mundo, e que ele tem o direito de levar seus valores para o debate no espaço público.

Então, quem é o tolerante e o intolerante nessa confusão toda?

Rodrigo Constantino

O Papa, o chimpanzé e a cadela

Elton Chitolina


Duas fotografias aleatórias, no “fluxo de postagens” do Facebook, me chamaram a atenção nesta semana.


A primeira tachava o papa com um maiúsculo “FORA PEDÓFILO”, apoiado por várias “curtidas”, compartilhamentos e comentários indignados contra Francisco.


A outra mostrava um bebê-chimpanzé que abraçava uma cadela.


O bebê-chimpanzé tinha sido abandonado pela mãe num zoológico de Moscou. Foi adotado por uma cadela mastiff e muito bem acolhido pelos novos irmãozinhos de criação. Bastante “curtida” e compartilhada, essa imagem tanto reunia comentários sobre a ternura animal quanto esculachos dramáticos contra todos os seres humanos.


Um dos comentários sapecava: “É só o bicho-homem que não sabe se relacionar com as outras espécies do reino animal. Aliás, com nenhuma das outras espécies de seres vivos. Aliás, com seres não-vivos também”.


Vários seres vivos “curtiram” esse comentário e acrescentaram outros na mesma linha, desancando implacavelmente o pérfido ser humano, “que deveria ser extinto”!


Comentaristas menos acalorados, que controlassem o impulso emotivo e ativassem a racionalidade para gerenciar os rompantes de radicalismo, poderiam ter retrucado com pelo menos três observações simples. Primeira: existem milhões de pessoas, só no Brasil, que cuidam gratuitamente de animais, árvores e rios. Segunda: quem rejeitou o próprio filhote foi a chimpanzé-mãe. Terceira: se o gesto nobre da cadela fosse tão corriqueiro, é bem possível que não teria virado notícia.


Eu acho que muitos bichos são mesmo mais carinhosos que várias mães humanas. Mas também acho que generalizar premissas e tirar conclusões desvairadas é uma atitude que nos torna mais merecedores de críticas do que a suposta (e inverídica) indiferença de todos os seres humanos para com os outros seres.


Por que generalizamos tão facilmente?


E mais grave: por que “curtimos“, endossamos e repassamos tão facilmente tantas generalizações?


A foto do papa tachado de pedófilo vai ainda mais longe: já singra os “fluxos” da desonestidade.

Faço aqui uma pausa para esclarecimento, porque a frase anterior seria suficiente, nos “fluxos” do Facebook, para me rotularem como católico. Na última vez em que especialistas tentaram diagnosticar o meu credo com base nas minhas opiniões (um tanto quanto ácidas) sobre religião, doutrinas e estruturas eclesiais, fui catalogado como alguma coisa entre agnóstico, herege, sarcástico e rebelde sem causa. Esclarecimento feito, prossigamos.

Não existe prova nenhuma de que Francisco tenha cometido algum ato de pedofilia. Até onde eu sei, nem mesmo existe qualquer acusação contra ele por algo sequer semelhante a isso. Mesmo assim, o “FORA PEDÓFILO” foi “curtido”, compartilhado e usado como “embasamento” para excomungar o papa e desatar um rosário solene de clichês, que vão do já mítico trono de ouro (que é de madeira) até a best-selling perseguição do Vaticano contra os tataranetos de Jesus Cristo e de Maria Madalena.

Eu lamento esses desfavores tão infantis à genuína causa laica. Precisamos de um debate incomparavelmente mais adulto e profundo com a religião sobre as perplexidades que ela nos provoca. E são perplexidades bipolares: por um lado, há no âmbito religioso podridões inadmissíveis e disparates descabelados, mas há também provocações preciosas para quem se interessa pelo sentido da própria existência e por perguntas incômodas como “por quê” e “para quê”.


E o que é que tudo isso tem a ver com a Jornada Mundial da Juventude, que, afinal, é o assunto sobre o qual me convidaram a palpitar aqui?


Boa pergunta. E aí, jovens católicos, vão seguir o “fluxo” ou têm alguma resposta?


Por Paulo Vasconcelos Jacobina

Não existe uma neutralidade do Estado brasileiro perante o fenômeno religioso. Esta é uma interpretação absurda e errada da Constituição, que vez ou outra surge nos meios acadêmicos, e que tem vindo à tona aqui e ali nesta ocasião de alegria que é a visita do Papa Francisco ao nosso país e a realização da Jornada Mundial da Juventude em nossas terras.

Para determinados grupos extremistas de laicistas ou de fervorosos militantes antirreligiosos, a única posição possível do Estado perante o fenômeno religioso seria o absoluto silêncio ou indiferença, vedada qualquer manifestação estatal nesta área. Com isto, criticam até mesmo as menores atuações estatais em favor de um evento amplamente superavitário do ponto de vista econômico como este, querendo enxergar irregularidade até naquele que é o dever mais óbvio do Estado Brasileiro: fornecer segurança adequada a um chefe de Estado estrangeiro em visita ao país, e às multidões de fiéis daqui e de alhures que acompanharão esta visita.

Tal posição quer defender-se a partir de uma interpretação isolada e isolante do art. 19 da Constituição Federal, que diz:

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.

Ora, sabe-se que a Constituição é um conjunto, não se interpreta às tiras; não se pode pinçar um artigo e elevá-lo a um grau absoluto que ele não tem, se avaliado em conjunto com o corpo constitucional.

Vale dizer, a vedação constitucional à União, Estados, Distrito Federal e Municípios de estabelecer cultos, subvencioná-los, embaraçar o funcionamento ou estabelecer relações de dependência ou aliança em um limite intrínseco, no próprio artigo: a colaboração de interesse público. Que se manifesta às escâncaras na visita do Papa.

Essa colaboração de interesse público deve ser avaliada, portanto, com os critérios da própria Constituição, vale dizer, de uma Constituição que se declara promulgada “sob a proteção de Deus” no seu preâmbulo, que declara, portanto, relacionada não somente a Deus, mas a Deus pessoa, que pode proteger, e que, portanto, não é indiferente ao bem comum.

Não são poucos os incisos do artigo 5º da Constituição que tratam da liberdade de crença e consciência, inclusive especificamente da “proteção aos locais de culto e suas liturgias”.

Vale dizer, se, por um lado, há um limite negativo na vedação, ao Estado em estabelecê-los, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles relação de dependência e aliança, por outro há o limite positivo consistente no dever, para o Estado, de proteger efetivamente os “locais de culto e suas liturgias” (art. 5º, inciso VI), bem como de prestar assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva (inciso VII).

Estabelecido o fato de que a relação do estado com o fenômeno religioso não é algo estritamente negativo – vale dizer, algo que tende a um horizonte de absoluta “neutralidade ideal”, mas, ao contrário, algo que demanda uma postura positiva do Estado como valor humano que deve ser positivamente protegido, incentivado e mesmo garantido, posso afirmar que, como em todas as atuações estatais, também aqui está em jogo o fim último do Estado, aquele consistente na promoção do bem comum.

Quando menciono o bem comum, estou falando de algo muito concreto: devido ao fato de que os homens têm vocação para viver em sociedade com os outros, eles possuem em comum um conjunto de bens a buscar e valores a defender. É a isso que se chama de “bem comum”. Se a pessoa é um “fim em si mesma” (e é exatamente isso que diz o art. 1º, inciso III da Constituição), a sociedade tem por finalidade promover, consolidar e desenvolver seu bem, no âmbito da convivência com outras pessoas – já que a noção de “pessoa” ultrapassa o conceito de “indivíduo” para abranger as diversas dimensões humanas, inclusive a que define a própria possibilidade de existência do bem comum, a dimensão relacional. A busca do bem comum permite à sociedade mobilizar a energia de todos os seus membros.

Em um primeiro nível, o bem comum pode ser compreendido como o conjunto de condições que permite à pessoa ser sempre mais pessoa humana, sempre mais digna.

Em segundo nível, o bem comum é tudo o que finaliza a ordem política e a própria sociedade. Bem de todos e de cada um em particular, exprime a dimensão comunitária do bem humano. A visão do bem comum, é certo, desenvolve-se com as próprias sociedades; na nossa, está positivamente vinculado aos conceitos constitucionais de pessoa, de justiça e de pluralismo.

Há, pois, uma espécie inegável de sindérese que se pode atribuir à formação da vontade estatal: um discernimento básico inegável que distingue o bem do mal, e que ultrapassa a positividade ascética. Quer dizer, o estado constitucional brasileiro não pode ser axiologicamente cego. No limite, diríamos, não pode tratar do mesmo jeito uma religião que se autodeclare – e se conduza como tal – dirigida à busca do bem, à promoção da religiosidade consentânea com o bem comum, com a dignidade da pessoa humana, que tenha uma história, um lastro litúrgico e cultual histórico e concreto a ser protegido nos termos do art. 5º, VI, da Constituição – é o caso da promoção da Jornada Mundial da Juventude – com, por outro lado, uma religião que declaradamente se dedicasse a cultuar o mal, a promover a destruição, a ritualizar a morte e o conflito, a exploração e banalização da vida humana, da dignidade e da integridade do seu adepto e do outro.

Ao deixar de distinguir uma da outra, sob a alegação de uma pretensa “neutralidade”, o Estado ficaria cego para o bem comum e teria que conceder a esta última inclusive tratamento tributário vantajoso, aplicando-lhe a imunidade do art. 150, VI, b, fazendo com que, no fundo, toda a comunidade tivesse que suportar o peso de uma religião que promove o mal comum, que, no limite, contradiz o próprio sim que o Estado deve dizer aos valores do art. 1º da Carta Magna. Um Estado cego pera o bem, dizia Santo Agostinho, não se distingue de uma quadrilha.

Há ainda outras questões de cunho constitucional que sinalizam para a não-neutralidade do Estado perante o fenômeno religioso que promove o bem comum. A proteção aos locais de culto e às liturgias implica em vê-las positivamente, como fenômenos com os quais o Estado tem que se relacionar efetivamente para resguardar e proteger, não para turbar e repelir.

O Estado nem pode subjugar, nem ser subjugado por uma religião, para que não tenhamos, por um lado, o “culto oficial ao deus imperador” à moda dos antigos impérios egípcio e romano, nem, por outro, uma eventual teocracia, que é incompatível com a nossa tradição democrática.

Mas, no campo entre esses dois polos, há toda uma matização a que não se pode ser cego – e a presente ocasião, a visita do Papa e a Jornada Mundial da Juventude, é daquelas que fica num polo indubitável da matriz: o polo do bem.

Folha de São Paulo

Decisão do Conselho Curador da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) de suspender, a partir de setembro, a transmissão de programas religiosos na TV Brasil desagradou católicos e evangélicos, que se mobilizam para reverter a decisão.

No domingo, após a transmissão da “Santa Missa”, celebrada pelo arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, o padre Dionel Amaral –diretor do programa e de “Palavras da Vida”, que também será suspenso– pediu aos fiéis que enviassem cartas e e-mails à presidente Dilma Rouseff contra a decisão.

Os programas eram exibidos pela TVE desde 1989. Com a criação da EBC, passaram para a TV Brasil.

Diretor do programa “Reencontro”, da Igreja Batista, o pastor Flávio Lima disse que os religiosos são vítimas de preconceito. “É lamentável essa decisão, e discriminação, pois nunca nos consultaram em nada.”

A justificativa da EBC para a suspensão é permitir a diversidade religiosa em suas emissoras. Segundo a presidente do conselho, Ima Vieira, a decisão foi tomada após amplo debate. No lugar dos atuais programas será criada uma faixa que vai tratar de religiões de modo amplo.

A Igreja Católica opõe-se à decisão com base no decreto 7.117/2010, que ratifica acordo entre o Vaticano e o Brasil. Ele autoriza a igreja a levar sua mensagem aos impossibilitados de sair de casa.

O elevado campanário, o teto anguloso e arcobotante gracioso da igreja construída no século XIX que domina a paisagem de Gesté, uma cidade no oeste da França, estão a caminho da demolição – um problema que também aflige outras igrejas francesas, que estão caindo vítimas de seu tamanho, de sua condição precária de manutenção e, em última análise, do aperto nas finanças municipais.

Ainda que a igreja, dedicada a São Pedro, seja possivelmente a única joia arquitetônica nesta cidadezinha de 2,4 mil habitantes, a prefeitura decidiu demoli-la e substitui-la por uma capela de manutenção bem mais simples.

Construída em etapas e com capacidade para 900 fieis, a formidável igreja de pedra está fechada e vazia desde 2006. Para agravar o quadro de abandono e tristeza, ela está isolada por uma cerca de arame, cujo objetivo é proteger os visitantes contra as pedras que caem da fachada, uma ameaça muito real.

“Devido ao seu tamanho e complexidade, a manutenção da igreja sempre será difícil”, disse Jean-Pierre Leger, 61 anos, engenheiro aposentado que trabalha em tempo parcial como prefeito de Gesté. “Ela foi vítima de seu tamanho considerável. É grande demais”.

O prefeito e o legislativo municipal votaram por 17 a 16, dois anos atrás, demolir a igreja, alegando que uma reforma custaria US$ 4,4 milhões e que demolir a edificação atual e construir uma nova custaria US$ 1,9 milhão.

Mas muitos dos munícipes de Gesté discordam ferozmente, e argumentam que a prefeitura superestimou o custo das obras de restauração.

“Rejeitamos suas estimativas de custo”, disse Alain Durand, 50 anos, pedreiro e metalúrgico que serve como tesoureiro de um movimento pela preservação da igreja. “Trata-se de algo muito político; se eles demolirem e reconstruírem, poderão fazer alguma coisa que reduza o desemprego”.

Não é uma luta exclusiva de Gesté. Em toda França, aldeias estão se vendo forçadas a responder perguntas difíceis sobre suas igrejas, muitas das quais deterioradas, em meio a uma queda no número de fieis e de padres, e a uma alta nos custos de manutenção.

Beatrice de Andia, fundadora e presidente do Observatório da Herança Religiosa, em Paris, estima que existam cerca de 90 mil edificações religiosas na França, cerca de 17 mil das quais protegidas pelo governo por seu valor histórico ou arquitetônico, o que dá à França a maior densidade de edificações religiosas na Europa. Cerca de 10% das igrejas protegidas pelo governo estão em condição perigosa, ela diz, devido à falta de verbas públicas para preservação; o mesmo se aplica a boa proporção das demais igrejas.

“A Igreja pode ser eterna, mas não as igrejas”, diz Andia, funcionária aposentada da ala cultural do governo que decidiu fundar o observatório, em 2006, para conscientizar os franceses quanto ao estado lastimável da herança religiosa de seu país. “No passado, eram edificações sacras, mas hoje em dia não existe esse senso do sagrado”.

Em St. Georges des Gardes, não muito longe de Gesté, a igreja de São José, construída no século XIX, foi demolida em 2006; em Le Fief-Sauvin, outra cidadezinha da região, a igreja também foi demolida e substituída, ainda mais cedo.

Ocasionalmente, os moradores locais que se opõem às demolições conseguiram triunfar: em Arc sur Tille, perto de Dijon, no leste da França, a igreja do século XIX escapou à demolição depois de protestos ferozes.

A luta quanto ao futuro das igrejas de aldeia coincide com um debate nacional sobre a questão da identidade francesa, que está sendo travado diante de um cenário de forte imigração muçulmana. O assunto também é complicado por uma lei de 1907, um período em que um governo francês laico lutava por conter a forte influência da Igreja Católica na França, sob a qual a propriedade das igrejas e catedrais do país cabe aos governos dos municípios que as abrigam.

Em outros países, especialmente Inglaterra e Itália, edificações religiosas abandonadas foram convertidas em casas, lojas ou museus. Na França, porém, existe resistência emocional a essa prática, ainda que em Dijon uma igreja abandonada tenha sido transformada em teatro e na Alsácia, no leste, antigas sinagogas hoje sirvam como museus.

A igreja neogótica de Gesté foi concluída em 1870, sobre as ruínas de uma igreja do século 16 que havia sido destruída durante a Revolução Francesa. A região de Anjou, onde fica Gesté, é profundamente católica e havia resistido à revolução, o que levou à destruição de muitas edificações religiosas quando essa resistência foi derrotada.

À medida que a identidade francesa se torna mais laica, muita gente considera que a decadências das igrejas de aldeia simboliza a decadência da fé.

O reverendo Pierre Pouplard, 69 anos, titular da paróquia de Gesté, discorda. “Não vejo a conexão”, afirma. “As pessoas continuam leais à sua igreja, aqui. O comparecimento vem sendo forte”.

Mas ele estava falando na sacristia de uma cidade vizinha, que também é parte de sua paróquia. Já há 12 anos, ele responde por quatro igrejas de aldeia, além de Gesté, devido à queda no número de padres. A França conta com apenas nove mil padres hoje, ante 40 mil em 1940. Pouplard apoia a demolição e substituição da igreja de Gesté.

“Existe um apego emocional; todos os moradores de Gesté sentem apego à sua igreja”, disse. “A maioria teria preferido mantê-la”. Mas ele aceita a aritmética orçamentária do prefeito e menciona o exemplo de Fief-Sauvin, que 15 anos atrás substituiu sua decadente igreja do século XIX por uma construção moderna.

O debate sobre o futuro da igreja dividiu a cidade. Se Pouplard tivesse apoiado a restauração, afirma Durand, a maioria o teria acompanhado. “É questão de gosto”, diz. Mas nas mais recentes eleições locais, em 2008, quando o futuro da igreja foi o tema principal, uma pequena maioria dos eleitores apoiou Leger e seus aliados no Legislativo municipal.

Durand me mostrou a planta de uma igreja contemporânea construída perto de Gesté – uma estrutura circular que segundo ele será reproduzido na nova igreja de Gesté. “Isso é para entretenimento; é um teatro musical”, afirmou, com desdém. “Se você colocar uma placa dizendo ‘armazém’, ninguém estranharia”.

Fonte :Terra

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França: “Estima que existam cerca de 90 mil edificações religiosas na França, cerca de 17 mil das quais protegidas pelo governo por seu valor histórico ou arquitetônico, o que dá à França a maior densidade de edificações religiosas na Europa.”

França: da Revolução Francesa,do laicismo feroz,das Igrejas demolidas e sem jovens dentro delas,França..Que fizeram com tua alma?

A verdadeira liberdade religiosa não é a liberdade da religião, afirma o historiador Martin Kugler, em resposta à decisão do Tribunal Europeu para os Direitos Humanos de eliminar os crucifixos das salas de aula das escolas italianas.

Kugler, diretor da rede de defesa dos direitos humanos Christianophobia.eu, com sede em Viena, ofereceu 12 teses que mostram o pensamento equivocado do tribunal que decidiu a favor de uma mãe ateia que protestou pelos crucifixos pendurados na escola dos seus filhos.

“O direito à liberdade religiosa pode significar somente seu exercício, não a liberdade de confrontar; o significado de ‘liberdade de religião’ não tem nada a ver com a criação de uma sociedade ‘livre da religião’”, explica.

“Eliminar à força o símbolo da cruz é uma violação, como seria obrigar os ateus a pendurarem este símbolo.”

“A parede branca também é uma declaração ideológica, especialmente se nos primeiros séculos não podia estar vazia”, afirma.

“Um Estado neutro com relação aos valores é uma ficção frequentemente utilizada com um objetivo de propaganda.”

Para Kugler, decisões como a do tribunal europeu atacam realmente a religião, ao invés de lutar contra a intolerância religiosa.

“Não se pode combater os problemas políticos lutando contra a religião – indica. O fundamentalismo antirreligioso se torna cúmplice do fundamentalismo religioso quando provoca com a intolerância.”

“A maior parte das pessoas afetadas gostaria de manter a cruz – declara. É também um problema de política democrática, dando descaradamente prioridade aos interesses individuais.”

Retomando os argumentos propostos pelo governo italiano em defesa dos crucifixos nas salas de aula, Kugler indica que “a cruz é o Logos da Europa; é um símbolo religioso, mas também muito mais que isso”.

Uma miragem

Em um debate com Die Presse, Kugler destaca outros dois elementos do debate Igreja-Estado.

Falar de um “Estado neutro na confrontação dos valores” é “simplesmente ingênuo, e o resultado é uma miragem. É como uma brincadeira”.

Um Estado neutro quanto aos valores? Contra a fraude e a corrupção? Contra a xenofobia e a discriminação? Diante dos pecados contra o meio ambiente e as conquistas sexuais no trabalho?” – pergunta-se.

E continua: “Um Estado que abençoa os neonazistas, permite a pornografia, favorece certas formas de ajuda ao desenvolvimento e outras não… tudo por valores neutros? Alguém está tentando nos enganar”.

O especialista também destaca um segundo ponto que merece mais atenção: a ideia segundo a qual uma esfera pública sem presença alguma da vida religiosa ou dos símbolos religiosos seria mais “tolerante” ou mais apropriada para a liberdade de consciência que uma que permite ou inclusive fomenta declarações de crença religiosa.

“Obviamente, os pais ateus podem sentir que seu filho é molestado pela cruz na sala de aula, mas é inevitável”, explica.

“Pode me incomodar também, ao entrar em uma agência dos correios, ver uma fotografia do presidente federal no qual não votei – continua. A influência, os sinais ideológicos, as presenças visuais – inclusive sexistas – existirão sempre e em todos os lugares.”

“A única pergunta é como e o que contêm.”

Neste sentido, Kugler afirma que o Estado “deve intervir somente de maneira muito moderada e, se o faz, não deve ser somente com proibições que reduzam a religião a um gueto”.

A Itália reagiu indignada a uma sentença do Tribunal Europeu de Direitos Humanos segundo a qual a presença de crucifixos nas salas de aula constitui “violação da liberdade dos pais a educar seus filhos segundo suas convicções” e uma “violação da liberdade religiosas dos alunos”, escreveu “La Nación” de Buenos Aires.

A decisão é inteiramente acorde com o espírito e as finalidades escritas da União Européia (UE).

Porém, até agora, a UE vinha escondendo seu verdadeiro rosto anti-cristão e anti-europeu com artifícios verbais, textos legais obscuros e agindo de costas aos povos europeus. Desta vez, foi a católica Itália que percebeu a arapuca em que caiu.

Montando a reação popular o governo italiano apelou logo à subversiva sentença. “A presença do crucifixo na sala de aula não significa aderir ao catolicismo, mas é um símbolo de nossa tradição”, exclamou a ministra de Educação, Mariastella Gelmini. “Ninguém, nem sequer uma corte européia ideologizada conseguirá apagar nossa identidade”, advertiu, em aberta refutação ao tribunal europeu.

No ponto de partida do caso, em 2002, Soile Lautsi Albertin, cidadã nascida finlandesa processou a escola Vittorino da Feltre, de Albano Terme, pelo fato de não tirar os crucifixos. Ela alegou a laicidade do Estado.

Após sentenças e apelos, o tribunal administrativo regional do Veneto julgou que a escola estava no seu direito porque a Cruz é “o símbolo da história e da cultura italiana”. A decisão foi confirmada pelo Conselho de Estado em 2006.

Agora sete juízes da Corte Europeia cassaram as decisões da justiça italiana e deram ganho de causa à mulher, além de punir o Estado italiano com multa de 5000 euros. Foi a primeira sentença do Tribunal de Estrasburgo em matéria de símbolos religiosos.

Itália começa a abrir os olhos


“Estou desconcertado” disse o ministro de Justiça, Angelino Alfano. Roberto Calderoli, ministro para a Simplificação achou que “a corte européia acalcou nossos direitos, nossa cultura e nossos valores”, acrescentando que “os crucifixos permanecerão nas paredes de nossas salas de aula”.

“Sentença abstrata e falsamente democrática”, disse o ministro da Agricultura, Luca Zaia.

Até a oposição de centro-esquerda pronunciou-se contra o delirante acórdão. O novo líder do Partido Democrático, Pier Luigi Bersani, defendeu que “uma tradição antiga como o crucifixo não pode ser ofensiva a ninguém”. Pier Ferdinando Casini, da União do Centro Democrático, foi além: “o acórdão é conseqüência da timidez dos governantes europeus que se recusaram a mencionar as raízes cristãs na Constituição européia: o crucifixo é um símbolo da identidade cristã da Itália e da Europa”.

De fato, aderindo a dita Constituição – contida no Tratado de Lisboa – decisões como esta que crispa Itália são inevitáveis.

Muçulmanos e ateus rejubilam


Por sua parte, Adel Smith, presidente da União dos Muçulmanos da Itália, regozijou-se: “Num Estado laico não se pode oprimir as outras religiões exibindo um símbolo de uma certa confissão”. Obviamente ele não explicou o que teria sido desses juízes se tomassem uma decisão análoga num país onde vigora a sharia. Talvez, já nem se contariam no número dos vivos.

Também reagiu com euforia Raffaele Carcano, da União de Ateus e Agnósticos, que comemorou “uma grande data para o laicismo italiano”.

Um atentado contra a essência do povo italiano


Para o grande diário “Il Giornale” de Milão, a unificação européia “começou astutamente pela economia e pela moeda”.

Assim escondeu que ela era feita contra a força que “criou os povos: seus sentimentos, sua fé, seu espírito, sua história, tradições, valores”.

Mas, agora chegou o momento mais difícil para a UE: tocar adiante sua utopia igualitária passando o trator nos símbolos visíveis da religião.

Na Itália, acrescentou, isso significa atacar a arquitetura, a pintura, os crucifixos, as imagens de Nossa Senhora que fazem parte de “tradições de um país que se alimentou, ao longo dos séculos, da beleza do Evangelho.

“Seria impossível imaginar um São Francisco de Assis sem a doce paisagem da Umbria, um São Bento sem a ordenada gravidade das terras romanas, um Rafael sem a apaixonada contemplação da Virgem Maria. Hoje quer se tirar o crucificado das escolas públicas… Mas também milhares de capelinhas de Nossa Senhora que protegem os viajantes nos cruzamentos das estradas estão em locais ‘públicos’; logo alguém quererá que sejam eliminadas”.

Se prevalecer o critério da UE então “nenhum povo seria um povo”. Mexer com os costumes religiosos significa mexer com a alma dos povos. É uma coisa perigosíssima”.

Eclesiásticos apóiam unificação anti-cristã


O jornal relembra que até eclesiásticos tiveram um papel de destaque impulsionando os fiéis a aprovar o processo de unificação européia.

Aliás, recentemente, o episcopado irlandês empurrou os católicos a aprovarem o Tratado de Lisboa, ou Constituição Européia, aduzindo que os direitos religiosos dos católicos estavam suficientemente garantidos.

Bispos irlandeses visitam Parlamento Europeu.


A decisão de Estrasburgo patenteia que essa promessa não foi mais do que uma fraude. De fraudes, aliás, está pavimentada a estrada de dita unificação.

O Pe. Federico Lombardi, SJ, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé reagiu dizendo que “o crucifixo sempre foi um sinal de oferenda de amor de Deus e de união e acolhida para toda a humanidade. É uma pena que seja considerado como um sinal de divisão, de exclusão ou de limitação da liberdade.”

Infelizmente, nada indica que palavras como essas possam reverter o quadro presente, sobre tudo se comparadas a outras que habilidosa e continuadamente confortam o processo nivelador da UE.

Itália precisa sair da espiral infernal da UE

Na editorial do dia 4 de novembro, o mesmo jornal insistiu que a decisão põe Europa na estrada de abolir igrejas, conventos, catedrais, obras de arte e literatura que contenham uma Cruz. A “estupidez da sentença é agravada pelo desconhecimento dos valores do cristianismo”, diz o editorial. Os juízes, para serem coerentes vão ter que banir campanários, catedrais, monastérios, capelas e tudo aquilo que em locais públicos está exposto aos olhares das crianças.

O próprio ensino da língua, da história e da filosofia italiana é impossível sem a referência à Cruz cristã. São Francisco, Dante e Manzoni, para citar alguns dos maiores, deveriam ser censurados nos livros de texto.

Para “Il Giornale” estamos diante de um problema psiquiátrico mais do que político ou religioso. Como conclusão, o jornal pergunta se não seria o caso de “fechar o manicômio de Estrasburgo”, sede do tribunal.

A conclusão sem dúvida reflete a apaixonada oposição suscitada pelo acórdão. Mas, no resolve o problema.

Os países europeus foram ludibriados pela UE. Esta foi construída com base numa filosofia ‒ a da Revolução Francesa que gerou a “Declaração Universal dos Direitos Humanos” ‒ toda ela voltada contra o cristianismo e a Igreja Católica. Enquanto essa filosofia igualitária, liberal e anticristã continue em pé, de pouco adiantam os nobres e justos impropérios expressados, por exemplo, pelo “Il Giornale”.

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Cegueira promovida pela ideologia laicista.

Se  a ” moda ” pega,vão ter que derrubar tudo que é símbolo artistico,cultural e religioso,geralmente católico,presente de forma tão intensa da Europa e em todo mundo ocidental.
Embora pareça distante,uma decisão desta magnitude repercute com força atômica no Brasil e dá ânimo para os laicistas desta terra da Santa Cruz.

Lembro da luta do Papa para que se fizesse referência`as raizes cristãs na constituição européia,posição rechaçada à epoca em nome “da laicidade” dos estados europeus.

Vê -se os frutos !

A Agência Italiana dos Fármacos (Aifa) autorizou na noite de quinta-feira (30) o uso da pílula abortiva( conhecida aqui no Brasil como Pílula do dia seguinte) no país, apesar dos protestos da Igreja Católica.

Membros do governo centro-direitista de Silvio Berlusconi também pressionaram a Aifa a não autorizar o uso da pílula.

Desde 1978, o aborto é legal na Itália nos primeiros 90 dias de gestação, sem necessidade de justificativa, ou até a 24ª semana, caso haja malformação fetal ou risco à vida da mãe. Por lei, todos os abortos devem acontecer em um hospital.

Desenvolvida no começo da década de 1980 na França, a substância mifepristone, ou RU-486, já é comercializada livremente nos EUA e em quase toda a União Europeia, exceto em alguns países mais católicos, como Portugal, Irlanda e, até esta semana, a Itália.

Usada para interromper gestações de até 49 dias, a pílula é comercializada nos EUA pelo laboratório Danco sob a marca Mifeprex, e fora dos EUA pela francesa Exelgyn, sob a marca Mifegyne.

Simpatizantes da liberação dizem que ela não contraria a atual lei italiana. “Se uma mulher não pode ser convencida a evitar um aborto, devemos aceitar um método menos invasivo e doloroso”, disse a ministra da Saúde, Giorgia Meloni, de 32 anos, acrescentando que ela pessoalmente “jamais faria um aborto”.

A Aifa estipulou que a pílula só pode ser administrada em hospitais, mas críticos dizem que, com a liberação, algumas mulheres deverão abortar em casa, sem assistência médica.

“Intrinsecamente significa que as mulheres farão abortos em casa, porque o momento da expulsão (do feto) não é previsível”, disse Eugenia Roccella, dirigente do Ministério da Saúde, ao apresentar nesta semana um relatório anual sobre abortos, antes da decisão da Aifa.

Ela disse que a autorização estaria sendo “fortemente patrocinada por políticos”, e questionou a segurança do método.

Em 2005, cinco mulheres morrearam nos EUA e no Canadá por causa de uma rara infecção bacteriana, depois de usarem a pílula. Recentemente, pesquisadores dos EUA descobriram que a administração oral em conjunto com antibióticos, em vez da administração vaginal, reduz o risco de infecção.

O Vaticano, contrário a todas as formas de aborto, por considerar que a vida começa na concepção, diz não haver diferença entre a pílula e o aborto cirúrgico.

“Primeiro o aborto foi legalizado para que parasse de ser clandestino, mas agora os médicos estão lavando suas mãos e transferindo o ônus da consciência para as mulheres”.

A pílula abortiva já vinha sendo administrada experimentalmente em algumas regiões italianas. Com a decisão da Aifa, ela passa a ser legal em toda a Itália.

Fonte: O Globo on line

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Veja também a noticia abaixo,publicada pela Agência Zenit.

Vinte e nove mulheres morreram no mundo pelo consumo da pílula Ru486, mais conhecida como a “pílula do dia seguinte”.

Assim assegurou a subsecretária do Ministério da Saúde, Eugenia Roccella, no momento em que a Agência Italiana de Fármacos (AIFA)aprova a pílula.

As declarações foram publicadas na edição desta quinta-feira deL’Osservatore Romano. Roncella explicou que as mortes foram causadas pelos efeitos colaterais do fármaco, confirmando um dado que começou a circular há várias semanas, ainda que originalmente foi classificado pelo respeito à intimidade.

O dado está contido na relação que a fábrica produtora da pílula, Exelgyn, enviou ao Ministério, o qual, por sua vez, o remeteu ao comitê técnico-científico da AIFA.

Este último se expressa favoravelmente sobre a comercialização da RU486.

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O Brasil é o pais de maior população Católica do Mundo,porém o país mais católico do mundo proporcionalmente falando é a Itália que ,infelizmente, falhou na tentativa de não aprovar essa pílula.

Lamentável!

Impressiona a letargia de nosso povo Católico que – de maneira geral- não se mobiliza e não vai à luta ( no bom sentido) para defender aquilo que acredita!

Os politicos nos representam!! ou deveriam..

Como cristãos e muçulmanos afirmamos que somos cidadãos ‘e’ crentes, não cidadãos ‘ou’ crentes.Estamos chamados a trabalhar lado a lado de forma adequada com os Estados aos quais pertencemos sem subordinar-nos a eles”: assim afirma o documento final do encontro entre cristãos e muçulmanos, com o lema “Ser cidadão da Europa e pessoa de fé”, que terminou hoje em Malinas (Bélgica), organizado pelo Comitê para as Relações com os Muçulmanos na Europa das Conferências de Bispos Europeus (CCEE) e pelo Conselho das Igrejas Européias (KEK).

A Europa, afirma o comunicado, “está submetida a um processo de profunda transformação, e está emergindo uma sociedade plural, inter-étnica, intercultural e inter-religiosa”.

Em alguns Estados, lamenta, “detecta-se um processo que está levando a relegar a religião cada vez mais à esfera privada”, inclusive chegando à marginalização do espaço público, chegando à erradicação de todo tipo de manifestação pública da fé.

Diante disso, o comunicado afirma a importância do princípio de integração, que “nunca deveria envolver a renúncia a nossas identidades religiosas, como mostrar símbolos religiosos em lugares públicos, ou neutralizando as festividades religiosas pretextando que poderiam ferir a sensibilidade de outros crentes”.

Por outro lado, afirma-se a importância do direito à liberdade de consciência, a mudar ou abandonar a própria religião, a mostrar e defender em público as próprias convicções religiosas sem ser ridicularizado ou intimidado por preconceitos ou estereótipos.

Outro dos pontos do comunicado se refere ao clima de entendimento desejável entre ambas comunidades, e se insiste no diálogo, que consiste mais em escutar que em falar, em aprender a curar as feridas das divisões causadas por conflitos passados, para ser “embaixadores de reconciliação”.

Para isso, é necessário conhecer-se mutuamente, para o qual os participantes do encontro propõem permitir a entrada de igrejas e mesquitas a visitantes de outras comunidades, assim como encontros acadêmicos que favoreçam o conhecimento mútuo.

Também propõem a condenação de qualquer uso da violência em nome da religião, assim como formas hostis e militantes de secularismo que criam discriminação entre os cidadãos e não dão espaço às crenças e práticas religiosas.

“Nosso desejo para as gerações futuras é que vivam em harmonia e paz com suas diferenças religiosas e que trabalhem para o progresso da sociedade. O diálogo inter-religioso tem de começar a ser o clima onde as crianças e jovens aceitam o outro e suas diferenças.”

Por Inma Álvarez

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Se tenta de todas as formas enquadrar a religião ao fórum íntimo.

Na verdade a fé é intima porém sua vivência,suas expressões e seu campo de ação não se resume ao “crente”,mas a sociedade!

Os cidadãos que sutentam o Estado tem fé!,tem religião! O Estado é Laico,porém o Estado existe em função dos cidadãos.Ele não existe em função de si mesmo.

Não existe Estado sem pessoas mas existem pessoas sem Estado,que é fruto da evolução civilizatória.

Piauí pode ser o primeiro estado obrigado a tirar santos de repartições

O Piauí poderá ser o primeiro Estado do Brasil em que os gestores públicos podem ser obrigados a retirar das repartições públicas os símbolos religiosos lá existentes.

Tramita nesse sentido uma representação junto ao Ministério Público Estadual, assinada por 14 organizações da sociedade civil, dentre elas, Católicas pelo Direito de Decidir, Matizes, Liga Brasileira de Lésbicas. O Ministério Público Estadual marcou para a próxima terça-feira (30/06), uma audiência pública, para discutir o assunto. O evento acontecerá a partir das 9h, no Auditório do próprio MPE.

Foram convidados os chefes dos poderes públicos estadual e municipal (de Teresina) e representantes da sociedade civil. Segundo o Promotor de Justiça Edilsom Farias, o objetivo dessa Audiência é sensibilizar os gestores públicos a, espontaneamente, retirarem os símbolos religiosos, templos e capelas hoje existentes em órgãos como o DETRAN, a Assembléia, a PM/PI, a Secretaria da Educação, uma vez que o art. 19, I da Constituição Federal veda expressamente essa prática. Caso os gestores insistam em manter os simbolos, o Ministério Pùblico ajuizará uma ação civil pública, pleiteando que o Judiciário determine a retirada.

Para Lúcia Quitéria (da Ong Católicas pelo Direito de Decidir), a intenção das 14 entidades que protocolaram a representação junto ao MPE é tão somente fazer cumprir o texto da Constituição Federal que abraçou o princípio do Estado Laico. “Nossa luta é em defesa do fortalecimento da democracia, da liberdade de crença. Somos 14 entidades, das quais participam católicos, evangélicos, espíritcas, agnósticos e adeptos de religiões de matriz africana. Eu mesma sou católica, mas não acho correto que os órgãos públicos sejam ocupados por símbolos de minha religião, finaliza.

Fonte: http://www.portalaz.com.br/noticia/cidades/138749_piaui_pode_ser_o_primeiro_estado_obrigado_a_tirar_santos_de_reparticoes.html

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Esta semana postamos sobre isso nos referindo à Espanha.

Basta vê quem estar por detrás desta iniciativa para se perceber onde se quer chegar.

Na verdade, em nome da defesa do “Estado laico” se postula o Estado Ateu,materialista.

A Igreja não quer ocupar o lugar do Estado,por isso defende a laicidade,a separação legitima e necessária do Estado e da Igreja,respeitando suas respectivas competências.

Hoje se defende a retirada dos símbolos religiosos (Católicos) na mesma linha de raciocínio em que se afirma a aprovação do aborto e tenta se impedir a participação dos católicos e cristãos na discussão afirmando que o assunto é de natureza “não religiosa”,já que o estado é leigo e que por isso os argumentos “religiosos”não são válidos.

A tendência é que a “moda” pegue.