melgibson

Mel Gibson divulgou em uma recente entrevista o nome que terá a sequência do filme de 2004 “A Paixão de Cristo”, que levou às telonas as últimas 12 horas de vida do Senhor Jesus.

“Que fique claro que o seu nome não será ‘A Paixão de Cristo 2’, mas sim ‘A ressurreição’”, afirmou o ator, roteirista e diretor durante o festival religioso evangélico So Cal Harvest.

“É um tema muito importante e precisamos tratá-lo com cuidado, porque não queremos fazer apenas uma versão com imagens. Podemos ler o que aconteceu, mas experimentá-lo de verdade, explorar seu significado mais profundo, vai dar muito trabalho, e (o roteirista) Randall Wallace está disposto a fazê-lo”, explicou Gibson.

“Além de ser um escritor brilhante, é um grande diretor”, disse a respeito de Wallace, nomeado ao Oscar pelo filme Braveheart e que recentemente dirigiu e co-escreveu o drama baseado na fé “O céu é de verdade”.

O roteiro do filme “A Paixão de Cristo” foi baseado nos diários da mística Ana Catarina Emmerich (1774-1824) apresentados no livro “A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo” e foi traduzido para o latim, hebreu e aramaico por linguistas jesuítas em Los Angeles.

Além disso, custou 30 milhões de dólares e arrecadou mais de 611 milhões em todo o mundo.

Fonte: ACIdigital

DeusNãoEstáMorto-cartaz

Conteúdo desse artigo copiado do excelente blog ‘Projeções de Fé’, da comunidade Shalom.

(Apesar de já estar disponível no Netflix, em algumas cidades, ele tem estreia nos cinemas hoje, 21 de Agosto).

Atenção: Contém Spoilers!

Sinopse: Quando o jovem Josh Wheaton (Shane Harper) entra na universidade, ele conhece um arrogante professor de Filosofia que não acredita em Deus. O aluno reafirma sua fé, e é desafiado pelo professor a comprovar a existência de Deus. Começa uma batalha entre os dois homens, que estão dispostos a tudo para justificar o seu ponto de vista – até se afastar das pessoas mais importantes para eles.

É um filme de cunho evangélico (protestante), como tantos outros, que visam passar uma história de superação… Mas não somente isso. Ele tende a ser mais profundo, uma vez que toca em pontos centrais da nossa vida e que nos faz mergulhar em toda a sua trama. É também um filme que mexe com os sentimentos e, por isso, prepare a caixa de lenços, pois, certamente, irá enxergar ao menos um pouco da sua história em algumas das cenas que nele são passadas.

Sem adentrarmos nos pretextos, contextos e textos e em muitas das diversas falácias filosóficas, com um dos mais famosos representantes desta frase o alemão Nietzsche que, categoricamente, afirmou em seus livros “A gaia ciência” e principalmente em “Assim falou Zaratustra”, que “Deus está morto”, analisemos esta película à luz do que nos é caríssimo: da fé católica.

Ao mesmo tempo, sob o ponto de vista técnico, temos uma pergunta: Qual foi o último filme de sucesso com temática diretamente cristã lançado nos últimos anos? Difícil lembrar! Nesse instante, nos vem à memória A Paixão de Cristo, incrível produção de Mel Gibson, que estreava há 10 anos (2004) nos cinemas. Fora esse, talvez não haja nenhum outro tão marcante.

Os filmes cristãos sempre sofreram nas telonas, seja pelo fato de a maioria deles serem produções independentes, de baixo orçamento e poucos recursos, seja pela má adaptação das mensagens cristãs à linguagem do cinema. Quando há interesse em se fazer algo de qualidade e com grande produção, as histórias e mensagens, a fim de serem mais comerciais, se tornam tão confusas, que o sentido cristão presente nelas é quase incompreensível, como foi o caso do recente filme Noé. No caso de Deus não está morto, é justamente essa dificuldade de transformar a mensagem cristã em algo convincente e criativo que o torna um filme comum e um tanto quanto previsível. Mas, sabem o que é mais frustrante? Ele poderia ter dado mais certo.

Deus não está morto tem um enredo interessantíssimo e muito atual. A perseguição ao cristianismo já adentrou os espaços culturais há um bom tempo e é constatada, especialmente, dentro das universidades. Quem diria que a Igreja Católica e o cristianismo, os verdadeiros responsáveis pela criação de algumas das principais bases da civilização ocidental, fossem tão perseguidos e difamados dentro dos próprios espaços da Academia. Milhares de jovens universitários cristãos relatam, constantemente, o desprezo e até o isolamento que vivem pelo simples fato de professarem e defenderem sua Fé, fruto de uma injustiça histórica e também anacrônica que condena o cristianismo como religião obscurantista e alheia ao uso da Razão. Neste sentido, é sempre bom recordar as sábias e santas palavras de São João Paulo II, na Encíclica Fides et Ratio:

“A Fé e a Razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de conhecer a Ele, para que, conhecendo-o e amando-o, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio.”  (Cf. Introdução à Fides et Ratio).

A trama principal – os conflitos do jovem universitário Josh Wheaton e sua coragem em defender a Fé – é muito boa e merecia uma atenção e um cuidado maior do diretor. Para quem tiver interesse em conhecer melhor e/ou aprofundar os argumentos filosóficos utilizados por Josh na defesa da existência de Deus, quais sejam os argumentos cosmológicos, ontológicos e morais, dentre outros, há no Youtube célebres debates (Craig x Atkins, Craig x Hitchens) sobre o tema, que podem ajudar muito na formação intelectual e espiritual.

Mas é preciso deixar claro que, até este ponto do nosso texto, a crítica feita não tem a intenção de depreciar o filme, ao contrário, visa analisá-lo sob o foco um tanto quanto técnico. Como dito, o enredo é atual e reflete a realidade dos desafios do cristianismo na modernidade, porém, precisamos reconhecer que nós, cristãos, somos capazes de fazer muito melhor em prol da Evangelização através das artes, especialmente, no cinema.

Tendo feito esta introdução, estes apontamentos, adentramos na análise do filme em si: O Drama, baseado emum livro homônimo, de Rice Broocks, com diversos encontros e desencontros reais e outros nem tão reais assim, se desenrola muito bem. Diferentemente do que boa parte da crítica cinematográfica tem dito, percebemos que, apesar de certa “ingenuidade” transmitida no longa, ele reforça elementos essenciais tão presentes em nosso dia a dia, sobretudo no meio acadêmico.

É instigante como logo de cara um jovem universitário, calouro é abordado por outro que o recepciona e, ao ver a cruz em seu pescoço lhe “adverte” que será perseguido pelo professor de Filosofia, que era especialista em Ateísmo.

Mas, oportunamente, o jovem protagonista logo cita C.S. Lewis, quando informado sobre o modo como o professor agia em suas aulas: “Só um grande risco pode testar a realidade de uma crença”.

Paralelamente, mas, obviamente, não desligadas da história do jovem universitário, vão acontecendo diversas outras cenas em que, por exemplo, uma jovem repórter se depara com um Câncer e começa a fraquejar em tudo o que fazia e, para agravar ainda mais, seu namorado revela que não lhe amava, mas que o seu relacionamento era de mero e puro interesse… Outros personagens são dois Pastores (Reverendos), velhos amigos que em tudo e por tudo diziam: “Deus é bom sempre!” Apesar de todas as adversidades que passavam.

Um dos diálogos mais bonitos do filme é quando um jovem muito rico, que tinha a mãe acometida por Esclerose em fase aguda, vai visitá-la, por insistência de sua irmã e, aparentemente, começa a falar sozinho para ela, de repente, a ouve dizer, sem se lamentar, ao contrário dele: “às vezes o Diabo permite que as pessoas vivam livres de problemas”. E este é ponto em que queríamos chegar: o do livre-arbítrio! 

O ser humano é livre por natureza e todas as suas escolhas, são opções de sua inteira responsabilidade, ainda que, por vezes, não consiga ou não queira enxergar as consequências que decorrem da liberdade dada por Deus. Muitas vezes, somos acometidos, atormentados e nos permitimos sofrer diversas dores e outras coisas, reclamamos que “Deus nos abandou”, que Ele não ouve as nossas orações, que não é capaz de se compadecer de nós e das nossas dificuldades… E começamos a cambalear na Fé. Alguns até chegam ao ponto de afirmarem que “perderam-na”. Ora, em se tratando de Fé, como já dizia Santo Agostinho, em uma de suas cartas, “não há como perder o que nunca teve; Quem afirma que a perdeu é porque, certamente, nunca a encontrou verdadeiramente”.

No filme, o jovem luta academicamente contra o que o seu professor tenta “ensinar”. Mas, na verdade, ele combate o bom combate e dá razões de sua fé, na esperança, como nos impele São Pedro. (Cf. 1Pd 3,15b). Além do mais, o Senhor é por nós! Nunca nos abandona. E isto é bem retratado no filme, justamente com o Reverendo citando Mateus 10,32-33: Devemos ter a coragem de sermos e de darmos testemunho da nossa fé, não importando onde estivermos.

Temos acompanhado os assassinatos de tantos irmãos em nossa fé, no Oriente Médio, nas últimas semanas. Certamente são poucos os que teriam [e têm] a coragem de negar a própria vida e não negar a fé católica, frente aos muçulmanos.

A banda gospel (Newsboys) que aparece no filme realmente existe (e é ela mesma quem toca) dá o título do filme e ainda nos convida, como São João Batista, a “prepararmos o caminho, pois o Rei está vindo!”

A ideia transmitida é que “Jesus é nosso amigo e, por isso, ele precisa ser defendido”. É isto que o jovem estudante procura mostrar aos seus colegas de curso e ao arrogante professor que, no fundo, tem uma mágoa tão grande que se tranca em si e quer que os outros também sintam tanto ou mais que ele a dor da perda…

A fé é a virtude que traduz a entrega confiada em Deus e sua acolhida amorosa. Abre-se à “Luz na qual vemos a luz”, como “fonte da vida”. Identifica em Jesus Cristo que “nos amou e se entregou” por nós, o Deus que se fez auto-doação, despertando em nós a resposta de amor, já “derramado em nossos corações pelo Espírito Santo”. Pai, Filho e Espírito Santo são fonte e objeto da “fé que opera pela caridade.”

É preciso entendermos que o primeiro dever do homem, ao qual Deus deu Sua Palavra é a fé. Quando o Senhor que nos criou nos convida à fé e nos dá a possibilidade de reconhecer que é Ele quem chama, se exige de nós “a obediência de fé”. Somente se acreditamos n’Ele podemos esperar n’Ele e amá-lo. A fé é “o início da salvação humana”[1]. Sem a fé é impossível ao homem decadente não pecar durante o curso da sua vida, não ser arbitrário ou egoísta, ou insensível. “É a fé, de fato, que eleva o espírito e lhe permite considerar as coisas humanas na perspectiva de Deus”[2]. “Sem a fé é impossível ser agradável a Deus.”

A fé é uma virtude infusa do Espírito Santo. É o dom permanente de um Deus fiel. Quem tem levado a Deus uma fé explícita, cristã e católica, tem o dever de não abandoná-la jamais. Aqueles que não têm mais recebido o dom da fé explícita, podem efetivamente crer em Deus e servi-Lo generosamente nos de fora da Igreja visível; aqueles, ao invés, que têm recebido o dom de uma plena fé católica, não devem rejeitá-la.

O Concílio Vaticano I recorda aos homens que devem se enriquecer à luz da fé, e que têm o dever de jamais repudiar o dom recebido da benignidade de Deus.

É claro que um crente tem sempre que pedir. O dom da fé é uma resposta parcial a quem é envolto da verdade. Não elimina todos os problemas. Tudo o que na fé se ensina tem a característica de certeza firme, mas não é esta a visão clara, própria da vida eterna. Quem ama a verdade que salva, pode seguramente formular uma ulterior questão, mas ele perguntará na luz da fé, tendendo, assim, àquele conhecimento perfeito que nós gozaremos no céu.

A sabedoria do mundo tem suas próprias questões a fazer à fé, e as faz no espírito que lhe é próprio. Também estas questões que são perversas de hostilidade e ofuscam o mandamento de uma justa prospectiva da sabedoria mundana, devem receber uma resposta cristã.

Estes, portanto, são os deveres essenciais da Fé: crer em tudo o que somos no sentido de reconhecer como palavra de Deus; tender a uma fé racionalmente iluminada; aderir firmemente à palavra de Deus na sua pureza, negando ser “agitados por todo vento de doutrina […] que nos induz ao erro.” Da mesma forma, os Pastores de almas e os pais, que têm a responsabilidade de cuidar dos seus, que são pequenos em Cristo, devem ser infatigáveis testemunhas da verdade que Deus revelou, conservando a fé na sua totalidade e “sempre com paciência e doutrina.”

Precisamos deixar que “o Espírito fale em nós. Mas, a questão é estarmos dispostos a ouvi-Lo”. A cada um compete não negarmos o dom da fé! Afinal, “Deus é bom sempre!”


[1] São Fulgêncio “De fide, ad Petrum”. Prólogo 1 (ML 65,671) citado no Concílio de Trento, 6ª sessão, em 13 de janeiro de 1547 no “Decreto sobre a justificação”. Cap. 8 (DS 1532) e no Concílio Vaticano I, 3ª sessão, em 24 de abril de 1870, na “Constituição Dogmática sobre a fé católica”. Cap. 3 (DS 3008).

[2] GS 15.

Elaboração de Joshua Lopes e Cleiton Robsonn

Fonte: http://blog.comshalom.org/projecoesdefe/deus-nao-esta-morto/

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O ator Kevin Sorbo, conhecido em Hollywood por seu papel como Hércules no seriado de TV dos anos 1990, recentemente interpretou um professor ateu no filme “Deus Não Está Morto”, que estreia nos cinemas brasileiros na próxima semana.

Sorbo disse não compreender o porquê dos ateus se sentirem tão ofendidos com a fé alheia, já que é algo no qual eles não acreditam: “Eu vi ativistas ateu em chamadas de televisão a cabo… Eu vejo a raiva quando esses caras aparece, na TV. Aí eu pergunto: ‘Uau, como é que você ficou tão irritado com algo que você não acredita?’”

Para o ator, que é cristão, é “estranho” que ateus, tão desapegados a símbolos religiosos, queiram removê-los de propriedades públicas, “especialmente considerando que eles não acreditam que esses símbolos religiosos tenham qualquer mérito”.

“Eles estão ofendido por algo no qual não acreditam. Os ativistas ateus ofendem cerca de 90% das pessoas do país que montam os presépios [na época do Natal], mas, aparentemente, a maioria não tem voz neste país mais”, lamentou Sorbo.

Em “Deus Não Está Morto”, Sorbo interpreta um professor ateu que persegue um aluno cristão e o desafia a provar que Deus exista. Na entrevista ao programa Access Hollywood, o ator disse que interpretar esse papel foi “muito legal”, por colocá-lo em contato com uma realidade das universidades.

“O que é interessante, é que as pessoas podem dizer ‘Ah, isso não acontece’, sobre os alunos serem perseguidos em universidades por causa de sua crença. No final do filme, mostramos 37 processos judiciais – e poderíamos ter mostrado muito mais – de grandes universidades sendo processadas por estudantes, porque eles estão sendo perseguidos puramente por ter uma fé em Deus”, revelou o ator.

Ao final, Sorbo disse que os ateus precisam ser mais flexíveis: “Qual é o problema? Quero dizer, viva e deixe viver. Eu sou um tipo de cara que vivo e deixo viver. Se você é um ateu, tudo bem. Se você é um agnóstico, podemos conversar”, finalizou.

Assista o trailer do filme “Deus Não Está Morto”

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Talvez você já tenha ouvido falar de Koko. Ela é uma adorável gorila de 43 anos de idade. Seus treinadores garantem que ela aprendeu a entender e a se comunicar com os humanos mediante a linguagem americana de sinais. É claro que, na comunidade científica, existem céticos que questionam o quanto Koko realmente entende os gestos que faz, já que as suas ações poderiam ser resultado apenas de condicionamento, não de verdadeira compreensão.
 
Independentemente de qual lado esteja certo, o fato é que, quando Koko quer um pouco de atenção, ela faz gestos em vez de arremessar o seu cocô. Este, sem dúvida, é um passo à frente na comunicação entre espécies.
 
Uma das conversas mais interessantes mantidas entre seres humanos e Koko foi documentada no livro “Inside the Animal Mind: A Groundbreaking Exploration of Animal Intelligence”, de George Page [Por dentro da mente animal: uma inovadora investigação da inteligência animal]. Quando perguntada por que os gorilas morrem, Koko gesticulou: “Problemas. Velhos”. E quando perguntada para onde os gorilas vão quando morrem, ela respondeu: “Buraco confortável. Tchau”. Faça com esta resposta o que você bem entender.
 
Algo importante a notar é que a pergunta foi feita para a gorila, não pela gorila. Jamais houve caso documentado algum, que eu saiba, de qualquer animal que tenha perguntado a um ser humano “Por que estou aqui, o que acontece depois que eu morro, o que significa tudo isso?”. Estas são questões que simplesmente não ocupam a mente de um animal. Não me interprete mal: não estou menosprezando a capacidade da Koko de pedir uma banana quando ela quer, mas é bom mantermos as coisas dentro da sua real perspectiva.
 
O que aconteceria se os macacos pudessem ter esse tipo de introspecção? Se, de repente, eles se vissem dotados da mesma inteligência e autoconsciência dos seres humanos? Que tipo de criaturas eles se tornariam?
 
Pois bem, estas são algumas das perguntas propostas pelos realizadores de “Dawn of the Planet of the Apes” [Planeta dos Macacos – O Confronto], a continuação do filme surpreendentemente bom “Rise of the Planet of the Apes” [Planeta dos Macacos – A Origem], que retomou, em 2011, a série quase cinquentenária. E eles não apenas fazem as perguntas, como tentam respondê-las de forma inteligente e séria.
 
O novo filme começa cerca de dez anos depois dos eventos retratados em “Planeta dos Macacos – A Origem”. A praga incurável agora chamada de “febre símia” devastou o mundo, reduzindo os remanescentes da população humana a um bando assustado que rouba para sobreviver, em cidades arruinadas e impotentes. Já os macacos geneticamente alterados estão prosperando. Eles estabeleceram uma cidade própria nas florestas dos arredores de San Francisco, chegaram a milhares de indivíduos e vivem uma existência relativamente pacífica, sob o governo do sábio e compassivo chimpanzé César.
 
Mas nem tudo é felicidade. Não demora muito para percebermos que, além da inteligência semelhante à humana, os macacos também têm agora problemas semelhantes aos nossos. Junto com as dificuldades de estabelecer uma nova lei símia (começando, é claro, por “macaco não mata macaco”), César tem que lidar com um filho adolescente rebelde e ressentido. Olhos Azuis, ao que parece, prefere a perspectiva bestial de Koba, que odeia os humanos, à visão mais ponderada e reservada do seu pai.
 
Essas tensões tribais vêm à tona quando um pequeno bando de humanos, liderado pelo pacífico Malcolm, invade o território dos macacos na esperança de reparar uma usina hidrelétrica das proximidades e restaurar a energia em partes de San Francisco. Infelizmente, depois que um dos humanos entra em pânico e atira num jovem chimpanzé, César ordena que os homens retornem à sua cidade e nunca mais voltem. Temendo que o desespero dos humanos acabe por fazê-los tentar uma nova incursão, e incentivado por Koba a realizar uma demonstração de força, César marcha com o seu exército rumo a San Francisco para mostrar aos humanos o que eles terão de enfrentar se desobedecerem às suas diretrizes.

Como você pode imaginar, pouca coisa infunde tanto medo num bando de seres humanos em decadência quanto uma cavalaria de macacos armados de lanças que aparecem às suas portas e começam a falar duro em inglês. Aterrado com o que acaba de ver e convencido de que a comunidade que estiveram reconstruindo ruirá se a energia não for restabelecida, o líder humano Dreyfus prepara seus homens para pegar em armas contra os macacos. Antes que a guerra comece, porém, Malcolm convence o amigo a lhe dar três dias para fazer as pazes com César e para pôr a hidrelétrica em funcionamento.
 
No início, as coisas parecem ir bem: César e Malcolm conseguem implantar uma trégua inquieta e o trabalho na represa é iniciado. Mas Koba, ainda marcado pelo ódio e pelas cicatrizes de quando sofria abusos na jaula de um laboratório, não confia nos homens. Com alguns macacos leais, ele volta para a cidade e descobre Dreyfus preparando seus homens para a guerra caso as negociações corram mal. Interpretando a cena como um sinal de que os humanos pretendem trair os macacos, Koba corre de volta para convencer César a atacar primeiro ou para convencer os outros macacos a atacarem se César se recusar.
 
Se você já assistiu a qualquer filme da franquia “Planeta dos Macacos” desde que ela surgiu nos cinemas em 1968, já pode imaginar que as coisas ficarão feias a partir deste ponto. Quando Charlton Heston apareceu pela primeira vez em cima dos fragmentos explodidos da Estátua da Liberdade, estava claro que a série seria pessimista quanto à capacidade humana de sobreviver às próprias deficiências e de se manter como a espécie dominante no planeta. “O Confronto” não é uma exceção.

Mas não se preocupe. É verdade que o filme começa com visões contrastantes: uma idílica cidade símia, cheia de amor familiar e harmonizada com o seu meio ambiente, e uma cidade humana dilapidada, esmagada pelo medo e pelo desejo de obter do planeta mais do que ele oferece. Mas os realizadores não cometem o erro de cair em apenas outra daquelas tediosas histórias do tipo “os humanos são maus, a natureza é boa”. Não. “Planeta dos Macacos – O Confronto” é bem mais inteligente do que isso.
 
Para grande desgosto de César, ele descobre que a droga experimental proporcionou muito mais aos seus macacos do que apenas o aumento da capacidade mental. Junto com a inteligência e com a autoconsciência, eles desenvolveram o livre arbítrio. E, assim como os seres humanos, que, antes deles, também teriam vivido algum tempo num idílico jardim paradisíaco, os macacos aprendem que o livre arbítrio traz consigo a capacidade de pecar. E, tal como no Éden, não demora muito para que a capacidade de pecar leve alguns deles à desobediência e, pouco depois, ao assassinato.
 
César fica compreensivelmente abalado ao enxergar tudo isso. No primeiro filme, ele era o Adão dos macacos. Agora, ele é o seu Moisés. Ele trouxe o seu povo para a terra prometida, mas já não pode fazer muito mais do que vê-los escolher o mesmo caminho autodestrutivo que os humanos tinham seguido antes deles. Ao trilhar essa rota, “Planeta dos Macacos – O Confronto” se torna não mais um filme sobre humanos versus natureza, e sim uma reflexão sobre o confronto entre seres inteligentes e as suas próprias naturezas caídas. É uma experiência cinematográfica muito mais rica.
 
Nada disso funcionaria, é claro, se os macacos não fossem personagens críveis. É raro o momento em que você se lembra de que César, Koba, Olhos Azuis e os outros macacos não são seres vivos reais. O impacto visual que a combinação do movimento de atores humanos com o trabalho de artistas digitais conseguiu neste filme é nada menos que impressionante. Quando você vê na tela atores do calibre de Gary Oldman e mesmo assim os personagens emocionalmente mais convincentes são os macacos digitais, você pode pular a cerimônia do Oscar e entregar o prêmio de melhores efeitos especiais diretamente à Weta Digital, a agência responsável pelos deste filme.
 
Estou exagerando? Talvez. Mas não tenho como evitar. Numa temporada de filmes que começava a parecer fadada ao fracasso, é um alívio ver Hollywood finalmente entregando um blockbuster que funciona tanto como entretenimento escapista quanto como instigante obra de arte.
 
Sim, eu também gostei de outros filmes desta temporada, mas precisando de certa vista grossa. “Planeta dos Macacos – O Confronto”, porém, não precisou de condescendência alguma.

Davi Ives

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Em comunicado oficial divulgado na tarde desta segunda-feira (21), a assessoria de imprensa da produtora ‘Conspiração Filmes’ informou que a Arquidiocese do Rio de Janeiro não vai se opor ao uso da imagem do Cristo Redentor no seguimento “Inútil Paisagem”, dirigido por José Padilha para fazer parte do longa “Rio, Eu te Amo”.

Segundo comunicado enviado aos produtores pelo vicariato para a comunicação social e a assessoria de imprensa da arquidiocese “entenderam que o episódio não visou interesse religioso no trato à imagem do Cristo Redentor, portanto não houve desrespeito ao Cristo ou à religião católica.

Ainda de acordo com assessoria da Conspiração Filmes, apesar do prazo apertado para a entrega do longa, “os produtores vão trabalhar intensamente e esperam poder incluir o episódio [de Padilha] na versão para os cinemas brasileiros”.

Em “Inútil Paisagem”, o personagem interpretado por Wagner Moura é um homem em crise que, durante um voo de asa delta, usa a estátua do Cristo como interlocutor para extravasar seus pensamentos, fazendo um desabafo.

Parte da série de filmes “Cities of Love”, que inclui “Paris, Eu te Amo” e “Nova York, Eu te Amo”, “Rio, Eu te Amo” conta com um elenco que reúne 24 estrelas nacionais e internacionais, entre elas Harvey Keitel, Emily Mortimer, John Turturro, Fernanda Montenegro, Rodrigo Santoro, Wagner Moura, Vincent Cassel, Vanessa Paradis, Ryan Kwanten e Jason Isaacs, entre outros, em histórias curtas dirigidas por renomados diretores de cinema.

“Acho que a Arquidiocese tomou a decisão correta e fico feliz que a Igreja tenha tido a grandeza de reconsiderar a sua posição”, José Padilha, que está na Colômbia filmando a série “Narco”, ao comentar a decisão.

“Não há espaço para a censura religiosa em países civilizados, que respeitam a liberdade de expressão e a crítica aberta de ideias. Resta saber se a sociedade carioca e a prefeitura do Rio vão agir para formalizar juridicamente a ideia de que o direito sobre a imagem do Cristo Redentor pertença a todos, como deve ser o caso para monumentos públicos deste tipo”.

Quando houve o veto da Arquidiocese do Rio de Janeiro, que suscitou muitas reações, contra (por exemplo, um biblista) e a favor (por exemplo, uma teóloga) os realizadores haviam decidido finalizar e lançar o filme sem o segmento de Padilha. Apesar do prazo muito apertado — “Rio, eu te amo” tem previsão de estreia no Brasil no dia 11 de setembro —, os produtores vão trabalhar intensamente e esperam poder incluir o episodio na versão para os cinemas brasileiros.

Folha de S. Paulo e O Globo

Todas as especulações e controvérsias envolvendo a superprodução Noé não foram suficientes para torná-lo um fenômeno de bilheteria. Segundo um levantamento feito pela revista americanaThe Economist e reproduzida abaixo pelo site de VEJA, o longa dirigido por Darren Aronofsky e estrelado por Russell Crowe não aparece entre os dez primeiros filmes cristãos de maior bilheteria nos Estados Unidos

O campeão é Os Dez Mandamentos, dirigido por Cecil B. DeMille e lançado em 1956. O longa arrecadou mais de 1 bilhão de dólares nos EUA, se considerado o ajuste para valores de ingressos em 2013. O segundo lugar ficou com Ben Hur (1959), de William Wyler, que conquistou bilheteria aproximada de 800 milhões de dólares, com valores ajustados. Noéarrecadou, até o momento, 93,2 milhões de dólares no país, segundo o site Box Office Mojo. Somado o faturamento no resto do mundo, o filme alcançou 290 milhões de dólares.

A lista da Economist também inclui filmes que apresentam parábolas de temas cristãos, mas de forma indireta, como As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (2005), baseado no clássico livro infantil escrito pelo britânico C.S. Lewis. O longa dirigido por Andrew Adamson arrecadou quase 400 milhões de dólares, com valores corrigidos. 

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O sucesso de “Noé”, a surpreendente boa recepção de filmes como “O Filho de Deus” e “Deus Não Está Morto” e o previsível sucesso de “Heaven Is For Real” deixaram claro o auge do cinema religioso em Hollywood, uma temática que esteve de camada queda durante décadas.

“Na indústria dizemos que 2014 é o ano da Bíblia”, disse à Agência Efe Paul Dergarabedian, analista de imprensa para Rentrak, empresa especializada em medição de audiências digitais.

“O que acontece é incomum. É incrível como esses filmes renderam em bilheteria. Hollywood soube finalmente como oferecer cinema religioso de sucesso e chegar ao espectador através de uma promoção adequada”, acrescentou.

A aposta decidida pode ter origem no documentário “Unstoppable”, estreado por Kirk Cameron no ano passado, capaz de ingressar US$ 3,2 milhões em seus únicos dois dias de exibição nos cinemas. E possui o isolado precedente de “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, que arrecadou mais de US$ 600 milhões há uma década.

Mas, na realidade, desde superproduções como “Os Dez Mandamentos” (1956) e “Ben-Hur” (1959), quase ninguém em Hollywood havia apostado em ressuscitar esse tema.

“Noé”, dirigido por Darren Aronofsky, se apresentava como uma aposta de risco para o estúdio Paramount devido a seu altíssimo orçamento —cerca de US$ 125 milhões— e às polêmicas que gerou, mas após três semanas de exibição mundial conseguiu arrecadar mais de US$ 250 milhões.

A fita, um grande espetáculo sobre o relato bíblico do dilúvio universal, se beneficiou do rebuliço midiático criado por Russell Crowe sobre um possível encontro com o papa Francisco.

“Não conseguimos mostrar o filme a ele, mas em meu coração sei que o verá e achará fascinante”, disse o ator à Efe.

“O Filho de Deus”, baseado na minissérie do History Channel “The Bible”, lucrou US$ 26,5 milhões em sua estreia no início de março e, desde então, sua arrecadação passou dos US$ 60 milhões em território americano.

O filme, que recria as origens humildes de Jesus e suas doutrinas passando por sua crucificação e ressurreição, demonstrou que existe fome por histórias desse tipo entre os espectadores, como confirmou a produção independente “Deus Não Está Morto”, que a partir de um orçamento de US$ 2 milhões somou mais de US$ 40 milhões nas salas do país.

O longa aborda o conflito entre um estudante cuja fé é questionada por seu professor de filosofia.

Sem necessidade de uma grande campanha de marketing, foi comprovada a utilidade de chegar diretamente a igrejas, centros e grupos religiosos, detalhou Ash Greyson, presidente da Ribbow Media e responsável pela estratégia digital para “Deus Não Está Morto”.

“Usamos mais dados que nunca para um projeto. Identificamos, bastante rapidamente, mais de 1 milhão de pessoas por seu nome que, pensamos, veriam o filme. A página em Facebook reunia 119 mil pessoas antes de lançar a primeira prévia do filme. Em 48 horas, havia sido compartilhado mais de 650 mil vezes”, explicou Greyson ao site “Indiewire”.

A sequência de estreias religiosas se estendeu recentemente com “Heaven Is For Real”, um filme que, segundo as estimativas do estúdio Sony Pictures, poderia arrecadar US$ 20 milhões em sua estreia. O livro homônimo em que a obra se baseou vendeu mais de 10 milhões de cópias.

“Pode se beneficiar de como funcionaram as anteriores. Já tem tudo, além de uma data de estreia decisiva. Nesse caso, é possível que arraste famílias inteiras”, opinou Dergarabedian em referência à estreia do filme em plena Semana Santa.

Com um elenco com nomes como Greg Kinnear e Thomas Haden Church, o filme, baseado em fatos reais, narra a história de uma criança que afirma ter visto o Céu enquanto se submetia a uma operação.

Devon Franklin, produtor executivo do filme, além de ser vice-presidente de produção de Columbia Pictures, é pastor em seus momentos livres e foi promover o filme por todo o país e conversas com líderes religiosos, segundo a “Variety”.

“O público diz de forma consistente este ano que quer filmes assim: com os quais poder reafirmar sua fé, que lhes inspirem, que sejam edificantes e que possam ser compartilhadas em família”, sustentou Franklin.

A tendência irá aumentar este ano. A religião voltará a aparecer em “Mom’s Night Out” (9 de maio), “Persecuted” (18 de julho), “Deixados para Trás”, com Nicolas Cage, em 2 de outubro e, finalmente, na véspera do Natal: “Exodus”, sobre a figura de Moisés, dirigido por Ridley Scott e protagonizado por Christian Bale.

Folha de S Paulo

 

 

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Sendo ainda um adolescente, Pietro Sarubbi fugiu de casa e juntou-se a uma companhia de circo. Em seguida, continuou a viajar pelo mundo, acreditando que em algum lugar poderia preencher o vazio espiritual que o afligia. Entre viagens e mais viagens continuava a sua carreira de actor, que tinha começado aos 18 anos trabalhando em peças de teatro, comerciais e cinema italiano independente. Especializou-se em comédia, mas sempre sentiu uma leve sensação de fracasso, porque o seu desejo era dirigir.
 
Em 2001, Hollywood parecia sorrir-lhe com um papel secundário no filme “Capitão Corelli”, mas o vazio existencial nunca o abandonou. Meses depois o telefone tocou com uma oferta para colaborar com Mel Gibson. Pensou que seria em um filme de acção, mas foi surpreendido ao saber que o filme narraria a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Nunca imaginou que poderia actuar numa representação da paixão de Cristo, porque naquele momento estava muito longe da Igreja. Queria encarnar o apóstolo Pedro. Não por razões espirituais, mas porque pagavam melhor, por dia de trabalho. Portanto, não escondeu sua decepção quando o director disse que o procurava para interpretar Barrabás.
 
Poucos dias antes de filmar a cena, teve uma conversa com Mel Gibson, que quis dar-lhe mais detalhes sobre o personagem. Para o cineasta, Barrabás não era simplesmente um bandido que pertencia ao grupo dos Zelotas. Esteve preso durante muitos anos, foi torturado e levado ao limite. Em seguida, Gibson disse um detalhe que tocou profundamente Sarubbi: Barrabás começou a tornar-se num animal sem palavras, que se expressava apenas com o olhar. Por isso escolheu o ator italiano.
 
Depois de investigar, achou que ele parecia encarnar bem esse animal selvagem e, ao mesmo tempo, refugiar no fundo do seu coração o olhar de um homem bom.
 
Uma vez no set, Sarubbi ficou absorto contemplando por uns momentos o seu colega Jim Caviezel, que interpretava Jesus. Faltavam poucos minutos para gravar a cena onde o povo perdoava Barrabás e condenava o Messias. Surpreendentemente, o actor e Barrabás transformaram-se numa só pessoa. A cena avançou e ele já não actuava, vivia, vibrava com os acontecimentos. “Não, a esse não! Barrabás!’ Os gritos da multidão tinham alcançado o seu objectivo. Estava livre!
 
Empolgado com a boa sorte, olhava ironicamente para as autoridades e, em seguida, para a multidão. E, finalmente, descendo as escadas, o seu olhar encontrou-se com o de Jesus. “Foi um grande impacto. Senti como se tivesse uma corrente eléctrica entre nós. Eu via o próprio Jesus”, diz Pietro Sarubbi. A partir daquele momento, diz ele, tudo na sua vida mudou. Aquela paz que tinha procurado durante anos finalmente tinha invadido a sua alma.
 
“Ao olhar nos meus olhos, os seus olhos não tinham ódio ou ressentimento, apenas misericórdia e amor”. O ator italiano relata assim a sua fulminante conversão no livro “Da Barabba a Gesù – Convertito da uno sguardo” (De Barrabás a Jesus, convertido por um olhar). No texto, Sarubbi também explica como o dom da fé abarca agora todas as facetas da sua vida. E o livro conclui com sua exegese pessoal da história bíblica, onde o ator mostra a razão da sua gratidão com aquele personagem, Barrabás, que resistido a encarnar: “Ele é o homem que Jesus salvou da cruz. É ele que representa toda a humanidade”. 
 Zenit
noe-2014
Atenção!  o comentário abaixo contem spoiler
Em “Noé”, a nova e épica produção cinematográfica de Darren Aronofsky, Adão e Eva são apresentados como seres luminescentes e descarnados até o momento em que comem do fruto proibido.
 
Esta versão não é a da Bíblia, é claro. E, em meio a muitas outras licenças imaginativas de Aronofsky, como os monstros gigantes de lava, essa imagem levou muitos críticos de cinema a coçarem a cabeça. Evangélicos conservadores se queixaram de que o filme toma muitas liberdades com o texto do Gênesis. Grupos mais liberais concederam suas indulgências ao diretor: afinal de contas, não devemos esperar que um ateu professo tenha as mesmas ideias de um crente a respeito dos textos sagrados.
 
O caso é que os dois grupos se perderam na avaliação.
 
Aronofsky não tomou liberdade alguma com o texto bíblico. O filme simplesmente não foi baseado na Bíblia.
 
Aliás, em defesa do diretor, devemos reconhecer que o filme nem sequer foi anunciado como se fosse. “Noé” não é uma adaptação do Gênesis. O filme nunca foi anunciado como “Noé da Bíblia” ou como “A História Bíblica de Noé”. Os escombros da cristandade continuam quentes o suficiente em nossos dias para que, quando alguém diz que vai fazer “Noé”, todo o mundo já presuma que vai ser uma versão da história da Bíblia. Eu tenho certeza de que Aronofsky ficou muito feliz em deixar seu estúdio pressupor isso mesmo, porque se o estúdio soubesse o que ele realmente pretendia, nunca teria permitido que ele fizesse o filme. Aronofsky tinha outras coisas em mente.
 
Vamos voltar à versão luminescente dos nossos primeiros pais. Eu reconheci o “motif” instantaneamente: é uma visão típica da antiga religião gnóstica. Eis uma descrição, do século II d.C., de algo em que a seita dos chamados ofitas acreditava:
 
“Adão e Eva, originalmente, possuíam corpos sutis, luminosos e, por assim dizer, espirituais. Mas, quando chegaram aqui, seus corpos se tornaram escuros, pesados e desidiosos” (descrito por Irineu de Lyon, em Contra Heresias, I, 30,9).
 
Ocorreu-me que uma tradição mística mais estreitamente relacionada com o judaísmo, chamada cabala (que a cantora Madonna popularizou há cerca de uma década), teria certamente conservado uma visão semelhante, já que ela é, essencialmente, uma forma de gnosticismo judaico. Eu sacudi o pó do meu exemplar da obra “The Kabbalah”, escrita no século XIX por Adolphe Franck, e confirmei rapidamente as minhas suspeitas:
 
“Antes de serem seduzidos pela sutileza da serpente, Adão e Eva não apenas eram isentos da necessidade de um corpo, mas sequer tinham corpo; ou seja, eles não eram da terra”.
 
Franck cita o Zohar, um dos textos sagrados da cabala:
 
“Quando nosso pai Adão habitava o Jardim do Éden, ele vestia, como todos no céu, uma roupa feita de luz superior. Quando foi expulso do Jardim do Éden e obrigado a submeter-se às necessidades deste mundo, o que aconteceu? Deus, dizem as Escrituras, fez para Adão e para a sua esposa túnicas de pele e os vestiu; antes disso, eles vestiam túnicas de luz, da luz mais alta que havia no Éden…”.
 
Isso é uma coisa obscura, eu sei. Mas a curiosidade tomou conta de mim e eu fui a fundo.
 
Descobri que o primeiro longa de Darren Aronofsky foi “Pi” (de 1998; não confundir com “Life of Pi”, que não tem nada a ver com isso).
 
Quer saber qual era o assunto? Tem certeza?
 
Cabala.
 
Consegui chamar a sua atenção? Ótimo.
 
O universo do “Noé” de Aronofsky é completamente gnóstico: um universo com graus “superiores” e “inferiores”. O “espiritual” é bom, e muito, muito, muito elevado: é lá onde mora o deus inefável; e o “material” é ruim, e muito, muito, muito inferior: é aqui, onde os nossos espíritos estão presos em carne material. Isto vale não apenas para os filhos e filhas decaídos de Adão e Eva, mas também para os anjos caídos, descritos explicitamente como espíritos aprisionados em “corpos” materiais feitos de lava derretida resfriada.
O filme criou personagens muito bacanas, mas a sua evocação gnóstica também é notória. Os gnósticos os chamam de arcontes, seres divinos ou angelicais de menor escalão, que ajudam “O Criador” na formação do universo visível. E a cabala tem um panteão todo próprio de seres angelicais que sobem e descem pela “escada do ser divino”. E anjos caídos nunca são totalmente caídos nesse tipo de misticismo. Para citar de novo o Zohar, um texto central da cabala: “Todas as coisas de que este mundo é composto, tanto o espírito quanto o corpo, voltarão ao princípio e à raiz de onde vieram”. Engraçado: é exatamente o que acontece com os monstros de lava de Aronofsky. Eles se redimem, mudam até de pele e voam de volta para os céus. Aliás, eu notei que, no filme, quando a família de Noé vai caminhando por uma terra desolada, Sem pergunta ao pai: “Esta é uma mina Zohar?”. Pois é: o nome do texto sagrado da cabala.
 
O filme inteiro é, figurativamente, uma mina Zohar.
 
E, se havia alguma dúvida sobre os “Vigilantes”, Aronofsky dá nome a vários deles: Samyaza, Magog e Ramil. Todos são demônios conhecidos da tradição mística judaica, não só da cabala, mas também do livro de Enoc.
 
O quê? Demônios redimidos? Adolphe Franck explica a cosmologia da cabala: “Nada é absolutamente mau; nada é maldito para sempre, nem mesmo o arcanjo do mal ou, como ele é chamado às vezes, a fera venenosa. Chegará um tempo em que até ele recuperará o seu nome e a sua natureza angelical”.
 
Sim, isso é estranho, mas, por outro lado, todo mundo no filme parece adorar “O Criador”, certo? E isso é um ponto a favor do filme, não é?
 
Não.
 
Acontece que, quando os gnósticos falam do “Criador”, eles não estão falando de Deus. Aqui, em nosso mundo que colhe os frutos da cristandade, o termo “Criador” geralmente denota o Deus vivo e verdadeiro. Mas, no gnosticismo, o “Criador” do mundo material é um filho bastardo de uma divindade de baixo nível, ignorante, arrogante, ciumento, exclusivista, violento e rasteiro. Ele é o responsável pela criação do mundo “não espiritual”, de carne e matéria, e ele mesmo é tão ignorante do mundo espiritual que se imagina como o “único Deus” e exige obediência absoluta. Os gnósticos geralmente o chamam de “Javé”. Ou de outros nomes, como Ialdabaoth, por exemplo.
 
Este “Criador” tenta manter Adão e Eva longe do verdadeiro conhecimento do divino e, quando eles desobedecem, fica furioso e os escorraça do paraíso.
 
Em outras palavras, caso você tenha se perdido no enredo: a serpente estava certa o tempo todo. Esse “deus”, “O Criador”, a quem eles adoram, está retendo para si algo que a serpente poderia lhes proporcionar: nada menos que a própria divindade.
 
O universo do misticismo gnóstico tem uma desconcertante infinidade de variedades. Mas, em geral, elas têm em comum o fato de chamar a serpente de “Sophia” [Sabedoria, em grego] ou “Mãe”. A serpente representa o divino verdadeiro. As declarações do “Criador” é que são falsas.
 
Então a serpente é um personagem importante no filme?
 
Vamos voltar ao filme. A ação começa quando Lamec está prestes a abençoar seu filho, Noé. Lamec, de modo muito estranho para um patriarca de uma família que segue a Deus, puxa uma relíquia sagrada, a pele da serpente do Jardim do Éden. Ele a enrola no braço e estende a mão para tocar no seu filho; neste momento, um bando de saqueadores interrompe a cerimônia. Lamec é morto e o “vilão” do filme, Tubal-Caim, rouba a pele da serpente. Noé, em resumo, não recebeu o suposto benefício que a pele da serpente lhe concederia.
 
A pele não se acende magicamente no braço de Tubal-Caim: aparentemente, ele também não fica “iluminado”. E é por isso que todo mundo no filme, incluindo o protagonista Noé e o antagonista Tubal-Caim, adora “O Criador”. Todos eles estão enganados.
Vou esclarecer uma coisa: muitos críticos manifestaram perplexidade ao ver que não há nenhum personagem “apreciável” no filme e que, de quebra, todos parecem adorar o mesmo Deus. Tubal-Caim e seu clã são maus e do mal, mas o próprio Noé também se mostra muito mau quando abandona a namorada de Ham e quase mata duas crianças recém-nascidas. Alguns acharam que esta passagem era uma espécie de profunda reflexão sobre o mal que existe em todos nós. Mas aqui vai outro trecho do Zohar, o texto sagrado da cabala:
 
“Dois seres [Adão e Nachash, a serpente] tiveram relações com Eva [a segunda mulher] e ela concebeu de ambos e deu à luz dois filhos. Cada um seguiu um dos progenitores masculinos e seus espíritos se separaram, um para um lado, o outro para o outro, assim como, similarmente, seus caráteres. No lado de Caim estão os da espécie do mal; no de Abel, uma classe mais misericordiosa, mas não ainda totalmente benéfica: são vinho bom misturado com vinho ruim”.
 
Soa familiar?
 
De qualquer forma, todo mundo está adorando a “divindade do mal”, que quer destruir a todos (na cabala, diga-se de passagem, acredita-se que muitos mundos já foram criados e destruídos). Tanto Tubal-Caim quanto Noé têm cenas idênticas, olhando para o céu e perguntando: “Por que não falas comigo?”. “O Criador” abandonou a todos porque tem a intenção de matar a todos.
 
Noé tinha tido uma visão da vinda do dilúvio. Ele está se afogando, mas vê animais que flutuam na superfície, na segurança da arca. Não há nenhuma indicação de que Noé se salvará. Ele não sabe como explicar as coisas para a sua família: afinal, ele está afundando enquanto os animais, “os inocentes”, se salvam. “O Criador”, que proporciona essa visão a Noé, quer que todos os seres humanos morram.
 
Muitas resenhas críticas estranharam a mudança de Noé, que, na arca, se torna um maníaco homicida querendo matar as duas netas recém-nascidas. Não há nada de estranho nisso. Na opinião do diretor, Noé está adorando um deus falso que também é um maníaco homicida. Quanto mais Noé se torna fiel a esse deus, mais ele se torna homicida. Ele vai se transformando cada vez mais em “imagem do deus”, a mesma “imagem do deus” constantemente mencionada (e encarnada) pelo vilão Tubal-Caim.
 
Mas Noé decepciona “O Criador”. Ele não acaba com todas as vidas, do jeito que seu deus quer que ele faça. “Quando eu olhei para aquelas duas meninas, meu coração se encheu somente de amor”, diz ele. Agora Noé tem algo que “O Criador” não tem: amor. E misericórdia. Mas de onde ele tirou isso? E por que agora?
 
Na cena imediatamente anterior, Noé matou Tubal-Caim e recuperou a relíquia da pele de cobra: “Sophia”, a “Sabedoria”, a verdadeira luz do divino. Apenas uma coincidência, claro…
 
Bom, estou quase terminando.
 
Falemos do arco-íris. Ele não aparece no final só porque Deus faz uma aliança com Noé. O arco-íris aparece quando Noé fica sóbrio e abraça a serpente. Ele enrola a pele em volta do braço e abençoa a família. Não é Deus que os encarrega de se multiplicar e encher a terra, mas sim Noé, em primeira pessoa, usando o talismã-serpente (a propósito, não é casual que os arco-íris sejam todos circulares. O círculo do “Um”, o Ein Sof, na cabala, é o sinal do monismo).
 
Observe esta mudança: Noé estava bêbado na cena anterior. Agora ele já está sóbrio e “iluminado”. Um cineasta nunca monta uma sequência dessas por acidente.
 
Noé transcendeu e superou aquela divindade ciumenta e homicida.
 
Faço algumas advertências depois de tudo isso.
 
Primeiro, a especulação gnóstica tem várias perspectivas. Alguns grupos se mostram radicalmente “dualistas”, com “O Criador” sendo de fato um “deus” completamente diferente. Outros são mais “monistas”, com Deus existindo em uma série de emanações descendentes. Outros, ainda, consideram que a divindade inferior pode “crescer”, “amadurecer” e ascender na “escala” do ser, rumo a maiores alturas. Noé, provavelmente, se encaixa um pouco em cada categoria. É difícil dizer.
Minha outra advertência é esta: há uma tonelada de imagens, citações e temas da cabala neste filme e eu não conseguiria citar todas elas neste único texto. Por exemplo: a cabala geralmente se baseia em letras e números hebraicos; os “Vigilantes” pareciam ter, deliberadamente, a forma de letras hebraicas.
 
Eu não veria este filme de novo para escavar detalhadamente todas essas referências, nem sequer se você me pagasse (até porque, de um mero ponto de vista cinematográfico, achei a maior parte do filme insuportavelmente chata).
 
O que posso dizer, tendo visto a produção somente uma vez, é o seguinte:
 
Darren Aronofsky produziu uma releitura da história de Noé sem embasamento algum na Bíblia. É uma releitura totalmente pagã da história de Noé, baseada em fontes gnósticas e da cabala. Para mim, não resta simplesmente nenhuma dúvida sobre isso.
 
Agora deixem-me dizer qual é o verdadeiro escândalo em tudo isso.
 
Não é o fato de que o filme foge à versão bíblica. Não é o fato de que os críticos cristãos, decepcionados, tinham expectativas altas demais.
 
O escândalo é este: de todos os líderes cristãos que fizeram um grande esforço para endossar este filme (pelo motivo que fosse: “porque é um início de diálogo”, “porque Hollywood está pelo menos fazendo alguma coisa ligada à Bíblia”, etc.) e de todos os líderes cristãos que o condenaram por “não seguir a Bíblia”, nenhum conseguiu identificar uma subversão flagrantemente gnóstica da história bíblica, por mais que ela estivesse bem debaixo dos seus narizes.
 
Eu acho que Aronofsky se propôs a experiência de nos fazer de bobos: “Vocês são tão ignorantes que eu sou capaz de colocar Noé (Russell Crowe!) nas telas e retratá-lo literalmente como a ‘semente da serpente’ e, mesmo assim, todos vocês vão assistir e apoiar”.
 
Aronofsky está dando risada. E todos os que caíram no trote deveriam se envergonhar.
 
E olhem que foi uma experiência gnóstica impressionante! No gnosticismo, somente a “elite” possui “o saber” e o conhecimento secreto. Todo o resto das pessoas é um bando de ingênuos e tolos ignorantes. O “grande evento” deste filme é ilustrar esta premissa gnóstica: nós, “o resto”, somos ingênuos e tolos.
 
Será que a cristandade poderia acordar, por favor?
 
Em resposta, eu tenho uma sugestão simples:
 
De hoje em diante, nenhum seminarista deveria avançar de etapa se não demonstrasse que leu, digeriu e entendeu o texto “Contra Heresias”, de Irineu de Lyon. Afinal de contas, estamos novamente no século II d.C.
 
 Post scriptum:
 
Alguns leitores podem achar que eu estou sendo duro demais com as pessoas porque elas não perceberam o gnosticismo no coração deste filme. Eu não espero que os espectadores em geral percebam essas coisas. O que eu esperava deles, aliás, era exatamente o que vimos: uma confusão de coçar a cabeça. Mas espero, sim, uma reação muito diferente dos líderes cristãos: professores de seminários e de universidades, párocos, doutores. Se uma pele de serpente enrolada no braço de um personagem bíblico não dispara nenhum alarme diante deles… eu não sei nem o que dizer.
Fonte: Aleteia- Brian Mattson

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“Gimme Shelter” é um novo filme com temática pró-vida que chegará aos cinemas norte-americanos em 24 de janeiro de 2014.

Baseado em fatos reais, traz a história de uma jovem de 16 anos que se torna sem-teto após abandonar sua casa devido à péssima relação que tinha com sua abusiva e viciada mãe. Vivendo nas ruas, onde engravida, e vendo-se sem alternativas, a jovem procura abrigo com seu pai que sempre esteve ausente de sua vida. Este, um bem sucedido financista, a pressiona a fazer um aborto. A menina chega a ir até à clínica, mas foge.

Após colocar sua vida e a vida de seu bebê em perigo, ela tem um encontro com o capelão do hospital onde estava internada e este a encaminha para um abrigo onde adolescentes grávidas e sem teto são acolhidas.

No trailler abaixo, dá para se ter uma idéia da mensagem forte que este filme nos passa.

Mas a história não é apenas a generalização de uma realidade por nós já conhecida, ela é baseada em fatos reais. O abrigo para jovens sem-teto e grávidas no qual se baseia o filme, foi fundado por Kathy DiFiore, que em 1981 sentiu que em sua vida, apesar do sucesso profissional como executiva em Wall Street, ainda havia um grande vazio espiritual. Kathy sentiu-se inspirada a fazer algo mais concreto pelo próximo ao se aprofundar mais na vida de São Francisco de Assis e resolveu acolher uma adolescente grávida e sem-teto em sua própria casa. Foi o começo de tudo e então ela soube que esta era sua missão.

Em 1984, porém, Kathy foi multada pelo estado de New Jersey por ser responsável por uma entidade sem a documentação adequada. Ela argumentou com o governador que apenas utilizava sua casa como abrigo para as jovens necessitadas, mas isto não bastou e a multa deveria ser paga. É a própria Kathy DiFiore que explica como a questão foi resolvida:

“Durante minhas preces matinais, eu ouvi uma voz que me dizia ‘Entre em contato com Madre Teresa de Calcutá’. E foi o que fiz. Eu conhecia alguém que trabalhava em uma de suas obras de caridade e ele me colocou em contato com ela.(foto) Ela então disse que iria me ajudar. Um dia ela encontrou-se com o governador e o convenceu para que eu conseguisse levar minha missão à frente.

No anos seguintes o projeto de Kathy cresceu e tornou-se o Several Sources Shelters, uma rede de cinco abrigos em New Jersey nos quais já foram salvas milhares de vidas de bebês que corriam risco de serem abortados e também suas mães foram ajudadas a passar por este momento de crise dando-lhes o necessário apoio, educação e aconselhamento para a nova realidade de suas vidas.

Não dá para saber ainda se este filme chegará ao Brasil, mas é de imaginar que se depender de certos críticos de cinema isto não vá mesmo acontecer. De qualquer modo, um filme como “Gimme Shelter” e o tocante exemplo de Kathy DiFiore mostra que o que muitos chamam de “escolha” é na verdade, na maioria das vezes, uma mulher que se vê pressionada por pessoas ou circunstâncias a tomar uma atitude que a marcará por toda a vida e da qual poderá ser tão vítima quanto seu filho abortado

O-Hobbit

 

As histórias de J.R.R. Tolkien podem ser uma galinha dos ovos de ouro para a indústria do cinema, mas também podem ser uma ferramenta das mais eficazes para a evangelização.

Acaba de ser lançada a segunda parte da trilogia O Hobbit, filmada por Peter Jackson e intitulada A Desolação de Smaug. O filme é o quinto de uma linha extremamente bem-sucedida de filmes baseados nos livros que J.R.R. Tolkien ambientou no seu mundo ficcional, a Terra Média. Eles atraem grandes públicos, têm efeitos especiais espetaculares e conquistam o entusiasmo de quase todo o mundo. Mas a coisa mais incrível a respeito deles talvez seja o fato de que eles são absoluta, integral e completamente permeados de catolicismo.

J.R.R. Tolkien era um católico devoto e, apesar de seus livros não serem alegorias, são um reflexo da maneira como ele via o mundo.

“Tolkien sempre afirmou que a sua imaginação se alimentava na fonte da fé católica”, diz Paul Gondreau, professor de Teologia no Providence College. “Não é de surpreender que muitos temas dominantes em O Hobbit (e em O Senhor dos Anéis, já que O Hobbit é uma espécie de prefácio à posterior trilogia) sejam profundamente cristãos”.

Esses temas incluem a realidade do bem e do mal e de que o bem sempre triunfa sobre o mal; a lei natural (num famoso escrito, Tolkien afirma que as leis da ‘segunda criação’, ou seja, da mitologia literária, devem imitar as leis da natureza do mundo real); o caos moral e físico que o desrespeito à lei natural provoca; o sentido paulino da ‘loucura da cruz’, em que os instrumentos escolhidos por Deus para a salvação são sempre um tapa na cara da ‘sabedoria’ humana (como os hobbits, e em particular Bilbo Bolseiro); a vida como uma jornada de passagem e o fato de que ‘não temos aqui nenhuma cidade permanente’ (Hb 13,14); os temas joaninos da luz e da escuridão (a Floresta de Mirkwood); o tema bíblico da administração do mundo pelo homem, incluindo o cuidado do meio ambiente, dos nossos corpos e do reino animal de forma responsável; e assim por diante”.

O premiado jornalista Tim Drake concorda: são os temas cristãos que fundamentam a história. “O escritor e professor católico Joseph Pearce afirma que O Hobbit aborda a jornada cristã do sacrifício pessoal por amor aos outros e o abandono confiante nas mãos da providência e da graça, que é um tema retratado nas ações de Bilbo ao longo de toda a história. Eu concordo com Pearce”.

O conforto é chato

Então por que a nossa cultura laica o abraça? Professor no Thomas Aquinas College, Andrew Seeley opina: porque o laicismo é monótono diante do mundo dramático que Tolkien imaginou.

“A nossa sociedade fez da obtenção do conforto uma grande arte. Não queremos aventuras; não, pelo menos, aventuras reais que envolvam perigo, estranheza e incerteza. O Hobbit desperta em nós, especialmente nos jovens, o desejo de deixar para trás uma vida segura, confortável, para encontrar o incrivelmente bonito, para sermos ferozes contra o mal terrível”. E acrescenta: “Eu acho que o papa Francisco iria aprovar isso”.

O sacerdote e escritor pe. John Bartunek diz que leu pela primeira vez a história pouco antes de se tornar cristão. “Eu li O Hobbit pela primeira vez na minha adolescência, no mesmo ano em que virei cristão. O que me moveu no livro tem uma ligação real com aquilo que me fez querer ser cristão”.

“Em O Hobbit, um sujeito comum (Bilbo Bolseiro) se envolve numa história extraordinária, numa aventura (…) Ele descobre que existe uma grande história acontecendo, uma batalha milenar entre o bem e o mal, e se sente chamado a fazer parte dessa história, ou melhor, a desempenhar um papel dentro dessa história. Ao correr esse risco generosamente, ele descobre um significado mais profundo para a sua vida. Isso é exatamente o que eu descobri quando me encontrei com Cristo. De repente, os horizontes de uma história muito maior –nada menos que a história da salvação- se abriram diante de mim. Eu vi que, ao me chamar para segui-lo, Jesus estava me convidando a fazer parte da grande aventura de construir o seu Reino. E esse apelo ressoou na minha alma com mais profundidade do que qualquer outra coisa que eu já tivesse sentido antes”.

Lições importantes para hoje

“A maior lição”, escreve John Zmirak, “é a de encontrar grandeza no ‘pequeno caminho’ que Deus preparou para você, é a de viver a vocação e servir os outros, é agir com justiça, trabalhar duro e amar com fidelidade”.

Edward Mulholland, professor de Línguas Modernas e Clássicas no Benedictine College, nos EUA, destaca a batalha entre o bem e o mal que fica evidente em O Hobbit. “As pessoas têm a necessidade de acreditar que existem coisas pelas quais vale a pena lutar, mesmo quando as chances parecem mínimas. Esse conflito é a verdadeira fonte da aventura (…) Cada geração tem que lutar pela vitória da justiça. Ela nunca é garantida num mundo decaído”.

Historiador da Igreja, o pe. John McCloskey concorda com Mulholland: “Há guerras que valem a pena. Existem o bem e o mal e existem criaturas sobrenaturais maiores do que nós. A virtude da esperança nunca é jogada fora quando a luta é entre o bem e o mal”.

Fonte: Aleteia

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O grande apelo do filme está na verdade dos fatos e não nas emoções que provoca.

Nada de bebês sendo cortados, sugados ou dilacerados. Nada de sangue e imagens chocantes! Quem imagina que o documentário “Blood Money – Aborto Legalizado” apela para imagens fortes com objetivo de sensibilizar os espectadores engana-se totalmente. O grande apelo do filme está na verdade dos fatos e não nas emoções que provoca, por isso está sendo boicotado na grande mídia.

O Blog Vida sem Dúvida, procurando dar sua contribuição para a divulgação do filme reproduz abaixo uma pequena resenha retirada do Blog Acrobata de Maria, que ajudará o leitor a compreender um pouco melhor o diferencial deste documentário e porque devemos assisti-lo e divulgá-lo ao máximo.

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“Blood Money – O Aborto Legalizado¨ é, sem dúvida, um filme impactante. Já assisti diversos vídeos e documentários sobre o aborto, mas com certeza Blood Money tem um diferencial importantíssimo, sobre o qual falarei abaixo.

O filme é narrado pela sobrinha de Martin Luther King, Alveda King e disseca com precisão cirúrgica a história do aborto nos Estados Unidos, legalizado desde 1973 após a decisão da Suprema Corte no caso ¨Roe vs Wade¨. O documentário reúne opiniões de diversos especialistas que descrevem os impactos dessa decisão na cultura americana, e desmascara tanto a mentalidade dos idealizadores desse projeto, criminoso na essência, como a indústria eugênica, lucrativa e corrupta que enriquece às custas de assassinatos de vidas humanas.

O diretor David Kyle mostra claramente como o aborto nos Estados Unidos foi uma decisão imposta sem o apoio popular e ferindo gravemente a constituição (o que é extremamente semelhante com o processo que vem ocorrendo no Brasil). Além disso, mostra as ligações entre Margaret Sanger, fundadora da Planned Parenthood e ativista pelo aborto no início do século passado, e os movimentos eugênicos, bem como suas fortes convicções racistas. Não por acaso, vemos no filme que o aborto afeta quase três vezes mais a população negra americana, estando as clínicas de aborto instaladas em sua maioria nas proximidades de bairros negros e pobres. Mas a sujeira não para por aí.

Com o depoimento de autoridades científicas, líderes religiosos, políticos e mães que praticaram o aborto, o espectador encontra no documentário dados importantes sobre a grande máquina de dinheiro que é a industria de morte (¨Blood Money¨ = Dinheiro Sangrento). A mesma Planned Parenthood (organização americana de ¨paternidade planejada¨ responsável por milhares de assassinatos anualmente) que distribui contraceptivos gratuitamente para as jovens em escolas americanas, lucra fazendo o aborto em jovens grávidas quando seus produtos falham. O documentário revela que cerca de dois milhões de produtos contraceptivos falham anualmente nos EUA, e quase duas a cada três jovens que realizam o aborto estava fazendo uso de algum método para não engravidar. Mas esses dados são pouco divulgados.

O impacto em Blood Money não está em imagens de fetos cortados e corpos mutilados de nascituros, como acontece em alguns filmes sobre aborto. Não encontramos esse tipo de coisa no documentário. A força está sem dúvida, nos depoimentos das vítimas, mas principalmente no de Carol Everatt, ex-dona de uma clínica de aborto. Por ter estado tanto tempo no ¨outro lado¨, Carol revela toda a estratégia covarde e mentirosa para fazer as meninas abortarem, além de denunciar as grandes quantias de dinheiro por trás desse negócio sujo. E mostra dados assustadores:

¨Eu confesso que estive envolvida na morte de trinta e cinco mil bebês, além no homicídio de uma mulher que sangrou até a morte¨.

Apesar de todo esforço da mídia em não divulgar o filme, ele estará nos cinemas a partir de novembro. O lançamento será feito em São Paulo, no próximo dia 5 de novembro, pela Europa Filmes e a Estação Luz Filmes. Depois, deve ocorrer uma série de pré-estreias pelo país, passando por Rio de Janeiro (6), Goiânia (7), Brasília (8), Belém (9), Curitiba (11), Salvador (12), Recife (13) e Fortaleza (14).

No dia 15 de novembro a produção entra em cartaz em todo o país.

Meu apelo: Divulguem esse filme em suas famílias, em seus grupos jovens, em suas paróquias. Divulguem em suas redes sociais. Em tempos de leis como a Lei 12845 (a lei que permite o aborto a qualquer mulher que alegue que a gravidez é fruto de uma relação não consentida, sem nem ao menos precisar provar), esse filme pode exercer grande impacto na população. O povo é a favor da vida. Uma pequena elite, que inclui nossos governantes, é que luta contra isso. Um ano antes da eleição, podemos ter alguma chance de derrubar alguns políticos que contribuem com essa cultura de morte (e uma certa presidente…). Por isso divulguem o filme, e vamos ouvir as palavras do Papa Francisco:

Defenda o nascituro contra o aborto mesmo que te persigam, te caluniem, montem armadilhas para ti, te levem às barras do tribunal ou te matem“.

Fonte:Vida sem dúvida