Mary McAleese, que foi a presidente da Irlanda entre 1997 e 2011, declarou recentemente que não vai participar do Encontro Mundial das Famílias, com o Papa Francisco, agendado para os dias 22 a 26 de agosto em Dublin.

Em entrevista ao Irish Times, o principal jornal do país, ela disse que o evento será apenas uma “manifestação política” voltada ao “reforço da ortodoxia“.

Além disso, ela opinou que, ao batizar crianças pequenas, a Igreja está criando “pequenos recrutas em obrigação vitalícia de obediência”, o que, a seu ver, seria “uma violação aos direitos humanos“. Disse ela:

“Você não pode impor obrigações às pessoas com apenas duas semanas de idade (…) Vivemos agora uma época em que temos o direito à liberdade de consciência, à liberdade de crença, à liberdade de opinião, à liberdade religiosa e à liberdade de mudar de religião. A Igreja Católica ainda tem que abraçar esse pensamento”.

Aplicando a mesma falta de lógica a outros contextos, poderíamos ampliar essa lista de declarações infundadas e afirmar, com igual leviandade e tergiversação, que os pais também violam os direitos humanos ao darem carne a seus filhos sem saber se eles um dia não vão preferir virar veganos; ao levá-los a um estádio ou ao teatro sem saber se eles um dia não vão declarar que o futebol é o ópio do povo e as artes pervertem os costumes; ao vesti-los com a roupa xis sem saber se eles um dia não vão tachar essas vestes de imposição cultural opressiva; ao medicá-los com remédios da indústria farmacêutica sem saber se um dia eles não vão preferir tratamentos exclusivamente homeopáticos, e um longo etcétera de possibilidades análogas.

O fato de as crianças serem criadas conforme as convicções religiosas dos pais não as impede de, ao crescerem, optar por outras formas de viver a espiritualidade – ou mesmo por nenhuma, caso assim decidam. Não faz o menor sentido proibir os pais de criarem os seus filhos de acordo com as suas crenças e conforme o seu discernimento, desde que, obviamente, essa criação não implique qualquer ilegalidade ou patente abuso. Existe alguma comprovação científica ou pelo menos algum indício sério de que batizar um filho venha a constituir um abuso de qualquer espécie? Não.

Em 16 de junho de 2018, durante um evento em Dublin, a ex-presidente também afirmou que tinha votado a favor do aborto no referendo de 25 de maio. A respeito da declaração de um bispo irlandês de que os católicos que votaram a favor precisariam se confessar, ela retrucou que o seu voto “não foi um pecado“.

Apesar das incoerências, Mary McAleese se diz católica praticante. Ela é licenciada em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e publicou em 2012 um livro intitulado “Quo Vadis? Collegiality in the Code of Canon Law” (Quo Vadis? A Colegialidade no Código de Direito Canônico).

Como ela própria está demonstrando com seus atos e palavras, o batismo não suprime a liberdade humana de confirmá-lo ou rejeitá-lo: o fato de ter sido batizada quando criança não a impediu de exercer hoje o “direito” de proferir as mais descabeladas e apelativas acusações contra a fé que diz ter – e que, ao mesmo tempo, deseja proibir.

Aleteia

Em um inesperado discurso de 20 minutos para a comunidade católica reunida em Roma, nesta terça-feira (26), o presidente francês enfatizou seu apego ao secularismo, como é chamada a laicidade francesa: “Dou importância a este aspecto especial, fruto da nossa história e perfeitamente compatível com a França contemporânea”.

Segundo Emmanuel Macron, “a história da França mostra que a República construiu sua história de modo especial com todas as religiões, e eu diria mais especificamente com a Igreja Católica”. Para o presidente francês, que discutiu a questão com o papa argentino nesta terça-feira, o secularismo [laicidade] “não é a luta contra a religião, esta é uma má interpretação, [o secularismo] é uma lei de liberdade”.

“É a liberdade de acreditar e não acreditar”, continuou ele, “desde que todos, independentemente de religião ou convicção filosófica, estejam totalmente sob as leis da República”, acrescentou. “A separação da Igreja e do Estado é um reconhecimento de uma ordem temporal e de uma ordem espiritual”, definiu o presidente francês, que acabara de tomar posse após uma cerimônia religiosa na basílica de São João de Latrão, uma tradição que remonta ao rei Henrique IV.

“A laicidade não é uma espécie de pudor contemporâneo que prega não falar sobre religião, ou esconder a religião, uma crença que não se pode ver. A laicidade está em toda parte na sociedade, e temos necessidade, antropológica, antológica, e metafísica dela”, lembrou Macron. “Alguns encontram essa necessidade em convicções filosóficas, outros em um alegado agnosticismo”, observou ele, acrescentando que “minha presença aqui atesta isso”, ressaltou. Ele destacou ainda o fato de que “a França é um país onde a crítica das religiões é possível, onde a blasfêmia é possível”.

Fonte: RF1

Com constantes demonstrações de cumplicidade, proximidade e inclusive carinho, o Papa Francisco recebeu o presidente francês, Emmanuel Macron, em sua primeira visita oficial ao Vaticano. Na conversa entre os dois mandatários, dois temas-chave: a situação dos migrantes e refugiados, que batem às portas da Europa, e a refundação do laicismo na França.

O Papa Francisco e o presidente francês Emmanuel Macron se reuniram durante 57 minutos, no Vaticano, na que foi sua primeira entrevista.

Francisco recebeu Macron na sala do Tronetto, a antessala da Biblioteca, onde acontecem as reuniões privadas, com um grande sorriso e lhe dizendo “bem-vindo”, ao que o presidente, em francês, respondeu: “muito obrigado”.

Em seguida, sentados diante da escrivaninha, frente a frente, o Papa aguardou a saída dos jornalistas para começar a reunião e só se escutou que apresentava ao monsenhor que seria o intérprete, explicando que havia estado muitos anos na África.

Macron havia chegado ao Vaticano percorrendo a Avenida da Conciliazione com um comboio de 30 carros, entre veículos oficiais e das forças de segurança e, inclusive, uma ambulância.

Quando chegou ao pátio de San Damaso, foi recebido pelo prefeito da Casa Pontifícia, dom George Gaenswein, que o acompanhou junto com a delegação aos apartamentos pontifícios, percorrendo algumas salas do Palácio Apostólico.

Macron chegou acompanhado de sua esposa, Brigitte, que estava com um vestido preto, cabelo preso e sem véu, fazendo parte da delegação de umas 15 pessoas, com o ministro do Interior, Gérard Collomb, e o titular para Europa e de Assuntos Exteriores, Jean-Yves Le Drian, entre outros.

Depois, tiveram uma longa reunião de quase uma hora, com a ajuda do intérprete. Na sequência, foi realizada a cerimônia de apresentação da delegação e a troca de presentes.

Macron entregou a Francisco uma antiga edição do livro Diário de um pároco de aldeia, de Georges Bernanos, ao passo que o Pontífice lhe presenteou com o medalhão que representa São Martinho de Tours, padroeiro de Buenos Aires.

O Papa se mostrou sempre sorridente e muito cordial com o presidente francês, de quem se despediu segurando suas duas mãos com carinho.

Na sequência, Macron terá uma reunião com o secretário de Estado vaticano, Pietro Parolin, e com o secretário para as Relações com os Estados, Paul Richard Gallagher. Antes do encontro, Macron tomou café da manhã com a comunidade de leigos católicos Santo Egídio, muito envolvida na acolhida a migrantes e organizadora de “corredores humanitários” que traz refugiados sírios para a Europa.

Macron protagoniza uma cruzada diplomática com as novas autoridades italianas, em particular com o ministro do Interior, Matteo Salvini, líder da Liga (extrema-direita), que defende uma linha dura com os migrantes que tentam chegar às costas italianas, cruzando o Mediterrâneo, e critica a arrogância e o egoísmo da França no tema migratório.

O Papa interpela regularmente aos dirigentes da União Europeia sobre os migrantes, que possuem a obrigação de “acolher, acompanhar, abrigar e integrar”, segundo ele. Na semana passada, avaliou que era necessário “investir de maneira inteligente para lhes dar trabalho e uma educação” em seus países de origem.

Sem dúvida, o laicismo na França esteve entre os temas de conversa durante o encontro de Francisco com Macron.

Em um discurso na Conferência Episcopal da França, em inícios de abril, Macron disse querer “reparar” o “vínculo” entre a Igreja católica e a República francesa, “prejudicado” nos últimos anos, em particular a partir da adoção dos casamentos homossexuais em 2013.

Este discurso despertou numerosas críticas na França, ao passo que o episcopado o qualificou como um discurso que refunda as relações entre os católicos e a República. O presidente francês não escapará da tradição. Deixará o Vaticano com o título de “primeiro e único cônego de honra” da Basílica de São João de Latrão, uma tradição que remonta ao século XVII e ao rei Henrique IV.

O último presidente francês a abraçar esta tradição foi Nicolas Sarkozy, em dezembro de 2007. Naquela oportunidade, provocou polêmica com seu discurso elogiando a fé e as raízes cristãs da França.

 Religión Digital

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“Considerando tudo isso, Macron se encaixa no perfil para fazer uma combinação perfeita com Francisco, dada sua compreensão da ‘laïcité’ (laicidade ou secularismo, em português), sua educação jesuíta e seu foco no diálogo”, escrevem os jornalistas Claire Giangravè e Christopher White, em artigo publicado por La Croix International, 26-06-2018.

 

Durante séculos a Igreja Católica guardou um lugar especial para a França. Mesmo rolando cabeças de líderes religiosos na guilhotina, em Paris, os pontífices nunca abandonaram o sonho de que a filha pródiga da Igreja retornasse.

Enquanto o presidente francês Emmanuel Macron se prepara para visitar o Vaticano a fim de se reunir com o Papa Francisco nesta terça-feira, a primeira vez para o presidente recém-eleito, a pergunta no ar é: a filha mais velha da Igreja retornou?

Em sua terra natal, Macron é um homem creditado de inclinação religiosa “agnóstica”, se não “transcendente”, aberto não só ao diálogo com os não-católicos de seu país, mas também capaz de falar sua linguagem.

Com 12 anos de idade, o futuro chefe do Estado francês pediu para ser batizado, provocando o que ele chamou de “um profundo despertar espiritual”. Depois ele decidiu se afastar do catolicismo. Macron conheceu sua esposa católica, Brigitte Macron, no colégio jesuíta La Provence.

Considerando tudo isso, Macron se encaixa no perfil para fazer uma combinação perfeita com Francisco, dada sua compreensão da laïcité (laicidade ou secularismo, em português), sua educação jesuíta e seu foco no diálogo. Mesmo assim, por atrás de sua exterioridade acessível – não muito diferente do Papa argentino -, se encontra um pensador político astuto, consciente do equilíbrio delicado que envolve não só a França, mas toda a Europa.

Pesquisas mostram que Macron não era um dos favoritos para o eleitorado católico durante as eleições de abril do ano passado. Este lugar pertencia ao François Fillon, um político inflexivelmente devoto, a quem se creditou reunir o voto da adormecida França católica, a mesma que saiu em massa para protestar contra o aborto.

Depois de Fillon ser desmoralizado devido a um escândalo financeiro na sua família, Macron saiu vitorioso das eleições. No entanto, para ocupar o vazio político deixado por Fillon, o sistema europeu parece estar sedento de um líder no contexto de uma crescente onda populista e nacionalista.

Após sua eleição, Macron fez uma visita simbólica à basílica medieval de Saint-Denisem Paris, casa dos reis da França. Ele já chamou Joana d’Arc de um “símbolo de esperança”, reconheceu o padre francês Jacques Hamel, morto por simpatizantes do ISIS em 2016, como um “mártir”, e prestou tributo ao tenente convertido ao catolicismo Arnaud Jean-Georges Beltrame, que trocou de lugar com um refém durante um ataque terrorista em Trèbes, França.

Macron provou que é aberto ao diálogo com a Igreja, especialmente quando diz respeito à inclusão e ao ambiente, mas enquanto se prepara para enfrentar a questão da imigração, uma parada no Vaticano põe um marco fundamental ao homem que pode ser, ou pelo menos espera ser, o novo rosto da Europa.

Francisco e Macron: mestres do diálogo

Alguns críticos argumentam que o conceito francês de laïcité – uma expressão que descreve a separação entre religião e assuntos do estado – tem às vezes colocado a Igreja para fora da vida pública. 

Em abril, Macron apareceu nas manchetes quando se tornou o primeiro presidente francês a aceitar um convite para falar aos bispos da França no Collège des Bernardins em Paris.

Na exposição, Macron incentivou uma participação robusta de líderes católicos na vida pública, dizendo que sempre devem estar dispostos a fazer perguntas e levantar preocupações – mas sem a expectativa de que sempre terão o resultado desejado.

Suas palavras vieram num momento em que líderes da Igreja monitoram de perto os esforços do governo de Macron em aprovar uma nova legislação bioética que concederia mulheres solteiras e lésbicas o direito de utilizar a fertilização in vitro, coisa que a Igreja espera que não passe.

Apesar dessas diferenças, com frequência Macron se dedicou em conjunto com líderes da Igreja sobre questões bioéticas, incluindo um jantar dado no Élysée Palace, a residência oficial do presidente da França, para discutir questões sobre o fim da vida, particularmente a eutanásia.

“Um presidente da República francesa que não leva em consideração nenhum interesse da Igreja e de seus fiéis, estaria falhando em seu dever”, disse aos bispos em abril – acrescentando, “não há nada mais urgente hoje do que aumentar o conhecimento mútuo dos povos, culturas, religiões; Não há nenhuma outra maneira para que isso aconteça, a não ser conversando cara a cara. Mas também através de livros, compartilhando o trabalho.”

Esse pedido de diálogo tem paralelo com outra conferência ocorrida na França. Em abril de 2016, em Estrasburgo, Francisco se dirigiu ao Parlamento Europeu e apelou a um “novo humanismo” que, segundo ele, só poderia ser feito através do diálogo.

“A alma da Europa é, na verdade, maior do que os conflitos da UE, e é chamada a se tornar um modelo de novas sínteses e de diálogo”, disse Francisco. “A verdadeira face da Europa é vista não em confronto, mas na riqueza das suas diversas culturas e na beleza de seu compromisso com a abertura.”

Macron não provou apenas que pode dialogar com a Igreja na França, mas também que quando se trata do campo político global ele é uma força a ser levada em consideração.

Imigrantes, entre atrito e encontro

A visita de Macron se dará num contexto de tensa situação política. O presidente francês tem batido cabeça com o novo governo italiano e especialmente seu líder, Matteo Salvini, chefe do partido populista e anti-imigração, Liga do Norte.

O atrito recai sobre o Aquarius, um navio impedido de atracar que transportava mais de 600 imigrantes entre as águas da Itália e de Malta no início deste mês. O caso se tornou o pretexto para um debate sobre as responsabilidades de imigrantes na Europa e anulou a posição da Itália na negociação do acordo de Dublin, que regula a divisão de responsabilidades em matéria de imigração entre os estados membros da União Europeia.

Macron não vai visitar qualquer representante do governo italiano (Nota – devido à crise com o navio Life Stile, navegando à deriva lotado de refugiados resgatados no Mediterrâneo, encontrou-se, privadamente, na noite anterior do encontro com Francisco, com o primeiro ministro italiano, Conte, para encontrar uma saída conjunta para a situação), especialmente depois de seus comentários condenando a “lepra” do populismo na UE. Na verdade o presidente francês vai visitar a comunidade de Sant’Egidio, um movimento católico fortemente envolvido, entre outras causas, com a promoção de percursos seguros para os requerentes de asilo, que procuram refúgio na Europa. (Foi a comunidade de Sant’Egidio, por exemplo, que ajudou a acomodar os refugiados sírios que Francisco trouxe consigo de volta a Roma depois de uma viagem em abril de 2016 para a ilha grega de Lesbos).

Ainda assim, apesar da sua retórica, Macron – como sua colega chanceler alemã Angela Merkel – sabe muito bem que uma postura pró-imigrantes na Europa de hoje é um suicídio político.

Uma nova lei de imigração aprovada pela Assembleia Nacional francesa emitiu algumas medidas restritivas contra os requerentes de asilo e duplicaram penas de prisão para imigrantes que entram na França ilegalmente.

Antes da importante reunião com líderes europeus sobre a política de migração nos dias 28-29 de junho, Macron irá passar na Basílica de São João Latrão em Roma, historicamente ligada aos monarcas franceses, onde vai receber seu título como cônego-honorário.

Enquanto o antecessor de Macron, François Hollande, optou por não fazer visita à Basílica, a decisão de Macron para fazê-lo está sendo concebida como o possível começo de uma nova era na relação de seu país com a Igreja e um sinal de que, junto de um título em grande parte simbólico, aguarda um diálogo mais substantivo.

Fonte: IHU

Em seu inédito discurso no Collège des Bernardins Emmanuel Macron disse que queria reparar o relacionamento entre a Igreja e o Estado “que ficou deteriorado”. Sem poupar seus antecessores, o chefe de Estado exortou os católicos a se envolver mais na política.

Em suas saudações às autoridades religiosas, em 4 de janeiro, Emmanuel Macron já havia criticado uma concepção da laicidade que visa organizar uma espécie de “vazio metafísico”, e que gostaria de confinar as crenças à esfera privada.

“A República não pede a ninguém para esquecer sua própria fé”, havia declarado.

Dirigindo-se dessa vez especificamente para a Igreja Católica, o mea culpa foi mais preciso, voltando sobre um caminho marcado por “mal-entendidos e desconfianças mútuas”.

Sem citar os partidos políticos da direita, ele criticou aqueles políticos que têm “exagerado em mostrar o seu apego aos católicos, por razões que são, evidentemente, apenas eleitoreiras”, dando assim “espaço a uma visão comunitarista”. “Pelo outro lado”, ou seja, a esquerda, “foram encontradas todas as razões para não ouvir os católicos, relegando-os por desconfiança adquirida e por cálculo ao papel de minoria militante”.

Impossível não pensar no discurso na Basílica de São João de Latrão, em Roma, de Nicolas Sarkozy, que afirmava em 2007 que “o professor primário jamais poderá substituir o pároco”, ou aquele de François Hollande, cinco anos depois, em Le Bourget, cheio de desconfiança sobre as religiões. “Eu tenho uma ideia mais alta dos católicos”, afirmou na segunda-feira o novo ocupante do Elysée.

Afastando as polêmicas sobre as raízes cristãs – “o que importa é a seiva” -, Emmanuel Macron tentou definir “a parte católica da França” que se expressa com o sentido do empenho, com uma visão do homem ou uma maneira de manter presente “a questão inquietante da salvação”.

Descrevendo a Igreja como uma realidade social que contribui, entre outras, à busca do bem comum, Emmanuel Macron espera que lhe seja reconhecido o lugar que merece.

Em janeiro de 2016, o presidente Hollande já havia prestado homenagem aos cultos, expressando apreço pelo seu empenho no acolhimento de migrantes, a sua contribuição para o sucesso da conferência de Paris sobre o clima e, principalmente, o seu papel para manter a paz após os atentados. Ele expressava a sua “gratidão” e convidava-os a “expressar-se, tanto quanto possível”.

Emmanuel Macron vai mais longe, incentivando a Igreja a afirmar as suas convicções, não só quando isso estiver de acordo com o “consenso republicano”, mas também quando estiver contracorrente em relação à sociedade.

“O Estado e a Igreja pertencem a duas ordens institucionais diferentes (…), mas ambas exercem uma autoridade e até mesmo uma jurisdição”, garante o presidente para responder a todos aqueles que pretendem confinar a religião à esfera privada.

Definitivamente é um novo contrato social e político que Emmanuel Macron propõe aos católicos, insistindo na sua sabedoria, no seu empenho e na sua liberdade de expressão. Ele afirmou que aprecia “a vontade da Igreja para começar, manter e reforçar o diálogo livre com o Islã, de que o mundo tanto necessita”.

O chefe de Estado garantiu que a voz da Igreja será “ouvida”- aliás, pediu “para ser intempestiva”, por exemplo, em questões bioéticas ou a respeito dos migrantes.

Com uma condição, porém: que a palavra da Igreja não constitua “uma injunção”.

Emmanuel Macron, assim, definiu o papel de cada um: ao Estado, o de ouvir e depois decidir. Para a Igreja, apresentar questionamentos, especialmente “sobre o homem”, “sobre a fragilidade” ou ainda “sobre o sentido da vida”.

Emmanuel Macron não assumiu qualquer compromisso diante de 400 católicos convidados pela Conferência Episcopal Francesa (CEF), permitindo-se, em vez disso, um pedido: “Eu não espero lições, mas uma sabedoria de humildade”, disse a eles.

“Apresentar questionamentos não é o mesmo que se recusar a agir”, observou, no entanto, o chefe de Estado, antes de convidar longamente os católicos a se envolverem mais na política. Agradecendo-lhes por terem “maciçamente se orientado pela ação associativa”, lamentou que “a energia dedicada ao empenho associativo tenha sido amplamente subtraída ao empenho político”. “O dom do empenho que vos peço, é este: não fiquem na porta, pediu o chefe de Estado. Não desistam da República que com tanta força contribuíram a forjar”.

Emmanuel Macron não convidou à constituição de um partido católico ou à instituição de “cotas para os católicos”.

Sua proposta, esclareceu, não é nem um “recrutamento” nem uma nova “prática teocrática nem uma concepção religiosa do poder”.

É mais uma confiança nos frutos do empenho político de católicos animados, graças à sua fé, por uma “chama comum” e “pela energia daqueles que estão empenhados”.

“Mais do que nunca, a ação política precisa do que a filósofa Simone Weil chamava de efetividade, afirmou Emmanuel Macron. Ou seja, aquela capacidade de fazer existir no real os princípios básicos que estruturam a vida moral, intelectual e, no caso dos crentes, espiritual”.

Tomando os exemplos dos grandes políticos católicos, como o general de Gaulle, Georges Bidault, Robert Schuman ou ainda Jacques Delors, o chefe do Estado disse dirigindo-se aos católicos: “Sua fé é uma parte do empenho de que nosso país necessita”.

Fonte: La Croix.

Desde que assumiu o cargo, o presidente da República francesa desenvolve uma visão singular do lugar das religiões na sociedade. Embora exposto às críticas de uma opinião pública que defende uma laicidade sem concessões, ele parece determinado a evitar que se instaure uma “religião laica”.

O discurso ainda não está agendado. Nem nas próximas semanas. Talvez durante o próximo semestre, mas não se sabe. Quando o presidente da República pronunciará o seu (esperado) discurso sobre a laicidade?

“Estava previsto para dezembro”, lembra o historiador e sociólogo Philippe Portier. Mas a morte de Johnny Hallidey e a de Jean d’Ormesson, os sobressaltos de uma violenta polêmica (Charlie Hebdo contra Mediapart) jogaram a agenda pelos ares.

Por enquanto, o caso está à espera e alimenta uma disputa cada vez mais evidente com uma ala muito combativa no campo da laicidade. De fato, Emmanuel Macron já explicitou sua concepção em abordagens sucessivas, fingindo não tocar no assunto.

Desde que assumiu o cargo, ele aproveitou, discurso após discurso, todas as oportunidades para desenvolver uma visão em ruptura com os cinco anos de François Hollande e de Nicolas Sarkozy.

Seu antecessor não se ocupava do fato religioso. “Com o conceito de normalidade, sob François Hollande, era o território do vazio”, enfatiza Philppe Portier. Uma visão materialista, enquanto Macron defende, em vez disso, uma “laicidade do diálogo”, inspirada claramente na filosofia de Paul Ricoeur, e devolve às religiões um lugar de verdade.

Em várias ocasiões, ele prometeu que elas seriam consultadas sobre um tema altamente candente em 2018, a revisão das leis de bioética.

“Ele confia nos religiosos para oferecer argumentos ao debate público”, observa Philippe Portier.

Porém, Emmanuel Macron não tende a uma visão “comunitarista” no estilo anglo-saxão. Mesmo que, em seu projeto, ele inseriu a dimensão plural da França religiosa de 2018, de fato, ele se situa em uma concepção liberal da lei de 1905.

“Emmanuel Macron estabelece uma distinção extremamente precisa entre aquilo que pertence ao político e aquilo que pertence ao religioso. Mas ele não fecha a porta a uma mútua colaboração ativa”, é a análise da historiadora da laicidade Valentine Zuber.

Surpreendentemente para um presidente francês, Emmanuel Macron manifesta um grande respeito pela fé religiosa. Ele desenvolveu fortemente esse tema no seu discurso à Prefeitura de Paris em setembro passado, por ocasião dos 500 anos da Reforma.

“A identidade de vocês como protestantes não se constrói na aridez de uma sociologia, mas em um diálogo intenso com Deus, e é isso que a República respeita e que a laicidade de 1905 protege. […] A República não pede que vocês neguem a sua fé ou a esqueçam”, declarava.

Ao se declarar agnóstico hoje, ele mesmo tem um percurso singular. Aos 12 anos, o jovem Emmanuel pediu o batismo. “Sem o consentimento dos seus pais”, explica Philippe Portier.

“A sociologia nos ensina que uma conversão continua sendo algo de relevante para um indivíduo”, continua o pesquisador. De acordo com o presidente da República, a “fé laica” não seria capaz de preencher o “vazio metafísico” enfrentado por cada indivíduo, e esse é também um dos critérios fundamentais desenvolvidos por ocasião dos votos às autoridades religiosas no início de janeiro.

Esse posicionamento espiritual e liberal descontenta a linha-dura sobre a laicidade. Entre os defensores dessa linha, encontramos o ex-primeiro-ministro Manuel Valls, o filósofo Henri Peña-Ruiz, a ensaísta Caroline Fourest, o semanário Marianne ou ainda uma organização como a União das Famílias Laicas (UFAL)…

“Esse discurso não pode ser bom para eles. Essas pessoas laicas – de tipo identitário – baseiam a sua luta ‘emancipatória’ em uma concepção de laicidade que tende a desqualificar e a excluir do debate comum as diversas propostas religiosas”, ressalta Valentine Zuber.

O projeto de Emmanuel Macron é o de uma sociedade que seja, ao mesmo tempo, tolerante e pacificada. Porque, depois da onda sangrenta de atentados, a França é um país traumatizado e que custa para se recuperar. Política e filosoficamente, Macron se deu conta de que as polêmicas recorrentes contribuíam para criar divisão.

“Emmanuel Macron denuncia a tentação, sempre presente, de fundar uma espécie de ‘religião laica’. Mas esta, criando uma relação de concorrência frontal entre um pensamento filosófico republicano e os discursos religiosos, só agravaria, segundo o presidente, os mal-entendidos e as fraturas da sociedade francesa”, explica a historiadora da laicidade.

Ao mesmo tempo, podemos dizer que o presidente corre um risco, o de dar a impressão de privilegiar o diálogo com as religiões. Mesmo que se mostre exigente com elas…

Témoignage Chrétien, nº 3759

Ex-médico, Michel Aupetit sucedeu, em 6 de janeiro, a André Vingt-Trois como arcebispo de Paris. “Não temos o direito de falar de Deus; se o fizermos, ficamos envergonhados”, diz ele em entrevista concedida ao Le Monde. Aos 66 anos, aquele que “não gosta da exposição” será agora uma das vozes mais ouvidas desta instituição. Este ex-médico, que entrou no seminário aos 39 anos e tornou-se bispo de Nanterre em 2014, é o sucessor de dom André Vingt-Trois.

Como estudante, ele odiava ter que ir ao quadro negro e preferia rir de seus colegas de longe. Nomeado arcebispo de Paris pelo Papa Francisco em 7 de dezembro de 2017 e tendo tomado posse em 6 de janeiro, o bispo Michel Aupetit o centro das atenções de muitos católicos. Se, em teoria, o bispo de Paris é um bispo entre os outros, na prática ele ocupa um lugar proeminente na Igreja católica.

Você trabalhou durante 11 anos como clínico geral antes de entrar no seminário. Como essa vida de leigo influencia sua maneira de ser padre?

Como leigo, eu era aquilo que se chamava na Igreja de “consumidor”. Eu chegava em casa às 22h e estava muito pouco enfronhado na vida da Igreja. Este é o meu pecado! Quanto ao resto, a medicina me ensinou a gostar das pessoas, independentemente de quem sejam. Quando se é médico, você cuida de pessoas agradáveis e não agradáveis, todos os tipos de pessoas.

Isso faz com que você esteja aberto para acolher a todos e a Igreja está aberta a todos. Não pedimos os papéis ou o certificado de batismo àqueles que chegam. No inverno, os sem-teto vêm se aquecer e não os importunamos. Outros vêm simplesmente para ter um tempo de repouso e silêncio. Não há muitos lugares como esse, onde você pode ficar, gratuitamente, de forma pacífica. E a medicina já me ensinou isso: acolher incondicionalmente as pessoas que batem à sua porta.

Você cresceu em uma família onde a prática religiosa não era a regra. Isso lhe dá uma visão particular da transmissão da fé?

Isso é bastante surpreendente, porque nunca me incomodou. Minha mãe era uma mulher de fé, ela ia à missa com bastante frequência, não necessariamente comigo. Mas eu sei que ela tinha uma fé profunda e eu via a influência que isso poderia ter em sua vida. Ao passo que, no lado “masculino”, éramos bastante descrentes. Meus amigos também não eram praticantes. Então, eu vivi durante muito tempo a minha fé de maneira isolada.

Eu penso que a transmissão se faz pela oração. Porque na oração, aprendemos a falar com Deus. Estabelecemos uma relação. Ao passo que em uma relação de catecismo, aprende-se a falar “de” Deus; é intelectual. A única coisa que minha mãe me ensinou foi o Pai-Nosso e a Ave-Maria. A partir dessas duas orações, aprendi a falar com Deus. Mas em segredo: ninguém sabia nada sobre isso.

Quando eu deixei o meu consultório de médico, eu disse o porquê aos meus pacientes. Muitos me disseram que rezavam há 30 anos pela manhã e pela noite, sem mesmo que sua esposa soubesse! Eu me dei conta de que muitas pessoas tinham uma vida espiritual, mas que não a exibiam. Há espontaneamente no ser humano essa propensão a entrar em relação com uma transcendência. (…)

Parte dos católicos teme a chegada de migrantes em números muito altos. Os bispos devem falar com mais clareza?

Há um medo da insegurança cultural. Quando eu era médico em Colombes [Hauts-de-Seine], inicialmente, nas cidades, as pessoas viviam muito bem juntas. Não se olhava para quem era muçulmano ou cristão. Prestavam-se serviços entre as pessoas. Hoje, isso virou guetos. As prefeituras tentam promover a diversidade social, mas ainda estamos muito comprometidos com o comunitarismo.

Certo dia, um imã me disse: “Já não temos mais o controle sobre os nossos jovens, não somos mais aqueles que os formam na religião. Eles vão se formar em outros lugares”… (…)

Os católicos são agora uma minoria religiosa na França?

Muitas pessoas se dizem católicas mesmo se não frequentam mais a Igreja. O que é ser católico? Qualquer pessoa que é praticante? Ou quem se reconhece nesta religião, porque nasceu nesta cultura, faz seus os valores evangélicos, enquanto sua relação com Deus ou a Igreja é mais do que tênue? O que isso quer dizer? Não sei, deixo isso para Deus. Se contarmos apenas aqueles que são praticantes, os católicos são, sem dúvida, uma minoria. Muitos estão envolvidos em questões de solidariedade, não necessariamente com o rótulo de “católico”, mas fazem isso em nome da sua fé.

A “guerra de laicidades” traduz, na sua opinião, uma rejeição da religião em geral ou uma desconfiança em relação ao Islã?

Meus dois avós eram anticlericais até a ponta das unhas, por isso eu conheço o sistema um pouco. Hoje, são defendidas duas formas de secularismo. A de Jean-Louis Bianco[presidente do Observatório da Laicidade] e de Emmanuel Macron, que deve permitir que todos possam praticar a sua religião. A outra é a de uma religião relegada à esfera privada, que não deve aparecer em qualquer lugar.

A sociedade francesa está dividida. A questão do Islã provoca medo por causa dos ataques e de determinados discursos que afirmam que a França se tornará uma terra do Islã – voltamos a encontrar a questão da insegurança cultural. Mas nós já vivemos, no passado, outras inseguranças culturais! Santa Genoveva, padroeira da cidade de Paris, viveu na época de Átila e Childéric, rei dos francos. Os alemães e os francos que chegaram não eram da cultura galo-romana nem da cultura cristã. Era uma transição colossal. Na época, a Igreja privilegiou a cultura cristã, mesmo que isso significasse sacrificar a cultura romana. Esse período, muito pior do que o nosso, também contribuiu para o que somos atualmente… (…)

O governo quer expandir o ensino religioso nas escolas. Que papel ele pode ter?

O papel do Estado é controlar o que podemos fazer, especialmente se diz respeito à religião. Há o fato religioso visto sob a perspectiva histórica. Muitas vezes, é por aí que vamos. Mas acho que devemos ir mais longe, para o espaço teológico. No RER, os muçulmanos me fazem perguntas como sacerdote. No final, eles me dizem: “Obrigado por ter falado de Deus”. Os muçulmanos que colocam seus filhos em uma escola católica fazem-no porque ali se pode “falar de Deus”… (…)

Fonte: Le Monde

ensino religioso foi um dos temas que mais causaram polêmica nesta segunda-feira, 4, no primeiro dia de discussões da nova versão da Base Nacional Comum Curricular(BNCC) no Conselho Nacional de Educação. Isso porque o texto apresentado pelo Ministério da Educação prevê que religião seja considerada uma área do conhecimento, como Matemática ou Linguagens, o que desagradou a conselheiros que participaram do debate. Segundo a legislação, o ensino religioso é de matrícula facultativa em escolas públicas.

A Base vai determinar quais são os objetivos de aprendizagem para as escolas de todo o País, em todas as etapas de ensino. Essa é quarta versão do documento, que deve ter um parecer final votado até quinta-feira pelo conselho. Também serão estabelecidos prazos para que a regra seja implementada. 
A religião não fazia parte da versão anterior e foi incluída agora pelo governo, com caráter não confessional. A intenção é de que a área seja apresentada como sociologia das religiões ou ciência das religiões. A informação foi apurada com conselheiros, pois o documento não foi divulgado para a imprensa até a noite desta segunda.

A Associação dos Jornalistas de Educação (Jeduca) divulgou nota, pedindo que o texto seja tornado público, porque “a sociedade tem o direito de conhecer, com antecedência, a proposta que está servindo como pilar para as discussões no CNE.” O MEC tem respondido que o texto pode ainda passar por mudanças e só será conhecido quando estiver finalizado.

O conselho volta a discutir nesta terça-feira, 5, a BNCC e o ensino religioso será um dos focos. Versões iniciais da Base chegaram a considerar a religião. Mas o último texto dizia que não trataria da área porque tinha “caráter optativo” e seria competência de Estados e municípios. Dizia o texto: “Não cabe à União estabelecer base comum para a área, sob pena de interferir indevidamente em assuntos da alçada de outras esferas de governo da Federação”.

Em setembro deste ano, porém, o Supremo Tribunal Federal decidiu que não é inconstitucional oferecer ensino confessional em escolas públicas, apesar de reafirmar que ele é facultativo. O órgão julgou improcedente uma ação da Procuradoria-Geral da República que questionava o modelo da área de religião na educação brasileira. 

Além dessa decisão, o governo argumenta que houve diversas contribuições de grupos da sociedade civil, pedindo a volta do ensino religioso à Base. Desde abril, o CNE recebeu centenas de sugestões de mudanças no texto final, e algumas foram incorporadas pelo MEC.

“A decisão do STF não muda nada. Para mim isso esse argumento é cortina de fumaça. A inserção do ensino religioso agora é resultado de pressão de grupos de interesse”, diz o pesquisador da Ação Educativa e professor de Direito da Universidade Federal do ABC (UFABC), Salomão Ximenes.

Gênero

Fora o ensino religioso, o novo texto deve manter a exigência de que as escolas alfabetizem as crianças até o fim do 2.º ano (e não do 3.º ano, como é hoje) e não deve fazer menções claras a questões de gênero e de orientação sexual, como havia em versões anteriores.

O Estado de S. Paulo, 05-12-2017.

Polônia não abrirá o comércio aos domingos para dedicar esse dia a Deus, ao descanso e a família. O Congresso deste país aprovou na semana passada proteger o domingo, para impedir que as lojas abram neste dia e assim defender o descanso dos trabalhadores e respeitar o dia do Senhor.

A proposta foi apresentada pelos sindicatos do país Europeu, a qual foi acolhida pelo partido de governo Lei e Justiça, que é de caráter conservador, e pela mesma Igreja Católica, que deu as boas-vindas a esta iniciativa que busca manter o domingo como dia sagrado. A Conferência Episcopal deste país, através de um comunicado, felicitou a iniciativa.

Esta medida irá se implementar de maneira paulatina até 2020 quando as compras dominicais não serão permitidas. No ano de 2018 somente poderão abrir nos primeiros e últimos domingos do mês; e em 2019 somente no último. Já para 2020 todos os domingos serão festivos para os trabalhadores. Somente se permitirá abrir no domingo anterior a festas como Natal ou Semana Santa, além disso no último domingo de janeiro, abril, junho e agosto. Esta medida não se aplicará para o comércio online, nem para as padarias.

A votação ocorreu na sexta-feira, 24 de novembro, tendo como resultado um número significativo da votação: 254 deputados a favor de fechar o comércio aos domingos, 156 contra e 23 que se abstiveram de votar.

Para que a iniciativa seja estabelecida definitivamente resta somente que o Senado Polonês a ratifique antes de que seja assinada pelo presidente Andrzej Duda.

Em outros países europeus, como a Alemanha, a Constituição protege o descanso dominical. Assim diz o artigo 139: “o domingo e os dias reconhecidos oficialmente ficarão protegidos por lei como dias de descanso laboral e de recolhimento espiritual”.

O que diz o Catecismo

O debate sobre o tema também está aberto atualmente em países como França e Espanha, mas não se chegou a uma decisão que favoreça o descanso dominical.

O Catecismo da Igreja Católica em seu número 2176, diz sobre o Domingo como Dia do Senhor: “A celebração do domingo cumpre a prescrição moral, inscrita no coração do homem, de ‘dar a Deus um culto exterior, visível, público e regular sob o signo de sua bondade universal aos homens” (São Tomás de Aquino, Summa theologiae, 2-2, q. 122, a. 4). O culto dominical realiza o preceito moral da Antiga Aliança, cujo ritmo e espírito recolhe celebrando a cada semana ao Criador e Redentor de seu povo”.

O domingo é o dia por excelência para a celebração da Missa do Senhor. A este respeito o Catecismo assinala: “A celebração dominical do dia e da Missa do Senhor tem um papel principalíssimo na vida da Igreja. ‘O domingo, no qual se celebra o mistério pascal, por tradição apostólica, há de ser observado em toda a Igreja como festa primordial de preceito'”.

Gaudium Press

Criticado pela mídia nos últimos dias por divulgar vídeos que mostram a intolerância religiosa de islâmicos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump fez nesta quinta-feira (30) o discurso mais cristão de um presidente em décadas.

Ao contrário do seu antecessor Barack Obama, que nos seus oito anos evitou referências diretas ao cristianismo em seus discursos, optando por uma visão mais “inclusiva” da Natal, Trump disse que estava “recuperando” o hábito de um presidente comemorar a data.

Como praticamente tudo que ele fala vira polêmica, a simples frase “É minha tremenda honra desejar aos Estados Unidos e ao mundo um Natal muito feliz”, gerou críticas, sobretudo na imprensa.

Durante a tradicional cerimônia de acender a árvore de Natal em frente a Casa Branca, abrindo oficialmente a série de eventos comemorativos deste mês, durante quase 10 minutos Trump falou sobre o resgate das tradições e valorizou a família.

Ao lado da esposa Melania, ele deu continuidade à tradição que começou quase um século atrás, com o presidente Calvin Coolidge em 1923.

“Desde os primeiros dias de nossa nação, os americanos reconhecem que o Natal é uma época para a oração, louvor e gratidão. De pedirmos por boa vontade, paz e renovação”, enfatizou o presidente.

O bilionário, que venceu as eleições com apoio maciço dos votos evangélicos, possui um “conselho de pastores” que se reúne regularmente com ele desde a campanha.

Ele afirmou ontem em cadeia nacional de TV que, “Para os cristãos, esta é um período sagrado que marca a celebração do nascimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. Lembrou ainda que “A história de Natal começa 2.000 anos atrás com uma mãe, um pai, seu bebezinho e o dom mais extraordinário de todos: o amor de Deus para toda a humanidade”.

Trump enfatizou que “Jesus mudou para sempre o curso da história humana”, pois “Não há quase nenhum aspecto de nossas vidas hoje que não tenha sido influenciado por ele: arte, música, cultura, leis e o nosso respeito pela sagrada dignidade de cada pessoa em todos os lugares do mundo”.

Em sua fala, ele agradeceu aos militares, os policiais e os líderes religiosos por suas contribuições pela nação.

O tom quase pastoral da mensagem surpreendeu, por não se pautar no politicamente correto que parece predominar no meio político.

Ressaltando que “a família é o alicerce da sociedade”, ele disse acreditar que “o verdadeiro espírito do Natal não é mostrar aquilo que temos, mas quem nós somos. Cada um de nós é um filho de Deus. Essa é a verdadeira fonte de alegria nesta época do ano”. 

Fonte: CBN

Supremo Tribunal Federal, julgando uma polêmica em torno do Ensino Religioso nas escolas públicas, decidiu, em placar apertado (6X5), que deve haver aula de religião de matriz confessional nos estabelecimentos de educação de todo o País.

Há três principais modelos de aulas de Ensino Religioso no país. Tal variedade se dá, porque, embora a Lei que prevê o Ensino Religioso seja federal, os Estados e Municípios é que colocam a disciplina em prática.

Vejamos, de forma breve, as três modalidades: a mais disseminada é a chamada de interconfessional. Procura conciliação. Trata dos ensinamentos, valores e símbolos comuns às grandes religiões. Outra é a da neutralidade. Aborda o ensino da religião apenas como fenômeno social e/ou histórico. O terceiro modelo, que está em funcionamento no Rio de Janeiro, desde 2002, é o chamado de pluriconfessional, uma vez que institui a divisão dos alunos de acordo com as suas crenças e cada professor aí trabalha a sua religião. São contratados profissionais competentes indicados pelas próprias entidades religiosas. Este é o modelo preferido pela decisão do STF.

Em comentário, notamos que os dois primeiros modelos parecem despertadores de atenção à primeira vista, mas são falhos. Sim, pois o primeiro, chamado de interconfessional, vem a ser uma mescla de credos mal apresentados, dado que o professor sempre tratará da religião alheia segundo a sua concepção filosófico-religiosa.

O segundo modelo também não satisfaz. Reduz a religião, que supõe a revelação de Deus aos homens, a meras projeções humanas enquadradas nos moldes da história e da sociologia. Mais: não há modo totalmente neutro de ensinar, dado que neutralidade significaria isenção, imparcialidade. Isso é um absurdo lógico, pois o professor de ensino religioso parte de conceitos já formulados que ele tem em mente. Só por se considerar neutro (= nem um nem outro), já está tomando um partido, o dos neutros.

Restaria a terceira opção como louvável, pois oferece a cada um, em um país pluralista, a formação religiosa segundo o credo que o aluno professa. Esse modelo pluriconfessional é apoiado, por exemplo, pela Convenção Nacional das Assembleias de Deus do Brasil. O pastor Ciro Mello, secretário-geral da entidade, diz que é preciso separar uma turma para cada tipo de credo, porque, dificilmente, um professor de formação evangélica conseguirá esconder isso de seus alunos.

Por fim, algo importante, embora à margem do tema principal. Alguns órgãos de imprensa criticaram a decisão do STF, de modo particular a Ministra Carmem Lúcia por desempatar a votação em favor do ensino religioso de modelo confessional. Foi dito, inclusive, que ela leciona em uma Universidade Católica e também – não poderia faltar esse argumento – que a decisão cheira a retrocesso, dado vivermos em um “Estado laico”.

De modo breve, notemos que: 1) a vida da ministra Carmem Lúcia, com suas convicções e atividades, não está em jogo no caso. Ou o dito “Estado laico” livre se tornou, agora, ditador a querer retirar o direito de alguém lecionar, pensar e praticar a fé, de forma privada ou pública? 2) Na verdade – e há muito se vem denunciando essa ideologia –, sob capa de “Estado laico”, tem-se, não raras vezes, um “Estado laicista”, perseguidor da fé.

Quer ele tirar o nome de Deus da esfera pública com todas as consequências daí decorrentes. Na crítica à ministra, arautos do “Estado laico” parecem ter deixado cair a máscara da tolerância e da bonomia, que tanto apregoam, para revelar a face obscura, intolerante, agressiva e muito perigosa do “Estado laicista” que, a todo custo, tenta se implantar no Brasil.

Vanderlei de Lima é eremita na Diocese de Amparo e pós-graduado em Psicopedagogia (Unifia)

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Jovens ‘fanáticos’que reivindicam a própria fé. Com orgulho, entenda-se. O Le Monde talvez seja um pouco depreciativo ao descrever o retorno ao religioso na França, onde o que era sagrado, nas últimas décadas, era a laïcité. Alguma coisa mudou. Quem diz isso são os indicadores numéricos, elaborações de estatísticas de autoridade e – acima de tudo – as massas de jovens que não têm escrúpulos ao exibirem símbolos da própria fé, que frequentam as igrejas e fazem peregrinações..

Que fique claro: trata-se sempre de uma minoria (criativa). Os jovens que se definem como crentes estão sempre abaixo dos 50% da população. Mas, entre os muito jovens (dos 18 aos 29 anos), os crentes sobem para 53%. Apenas nove anos atrás, eles eram 34%.

Um acréscimo necessário: não são apenas muçulmanos, já que 42% dos “crentes” são católicos. Uma bela mudança de curso, se considerarmos que, no fim do século passado, o cristianismo era dado como agonizante na terra das catedrais. Era a “grande era da pós-religião”, lembra o Le Monde: “Todas as pesquisas e as investigações afirmavam que as igrejas estavam vazias, que os jovens não acreditavam mais e que os pais não transmitiam (ou faziam isso muito pouco) aos seus filhos o patrimônio religioso. Dizia-se que o budismo e as filosofias Nova Era estavam substituindo o monoteísmo ocidental”.

Em suma, na aurora do novo milênio, olhava-se com temor para a profecia apócrifa de André Malraux, segundo a qual “o século XXI será espiritual ou não será”.

Vinte anos depois do oráculo sinistro, observa o jornal progressista francês, estamos “na ostentação” da própria fé. “Socorro, Jesus está voltando!”, era a manchete do Libération em novembro passado. Na televisão, os políticos exibiam cruzes no pescoço. Durante a campanha presidencial, mais de um candidato falou sobre a fé e sobre a sua educação cristã.

“Nos debates – informa o Le Monde – foi até invocada a revisão da lei de 1905 sobre a separação entre Igreja e Estado.” Sem falar, no fim da campanha, das visitas às catedrais (até em Reims, onde os reis eram ungidos). “Em um país onde não ser filiado a nenhuma religião é até banal demais, o fato de ser crente ou de reivindicar uma dimensão religiosa significa ser não conformista. Deus não está mais relegado à esfera privada”, ressalta a reportagem do jornal parisiense.

E não se trata apenas de sair às ruas, brandindo bandeiras cruzadas para reconquistar um espaço público aniquilado antes da revolução antropológica, social, histórica e política. Em suma, há mais coisas além da batalha contra o mariage pour tous.

Os jovens de hoje, aqueles que leem a página do Facebook do Abbé Grosjean e que consideram a exasperação laicista como um óvni e que organizam vigílias de oração noturna em algum santuário do país, não têm superestruturas sociológicas que dominaram as gerações anteriores, que cresceram a pão e laicidade exasperada, reduzindo o ser crente a ser algo pessoal, e a participação nos ritos, a uma espécie de hobby como o bridge ou o cinema d’essai.

“A relação dos jovens com a religião manifesta uma mudança de paradigma entre a religião e a modernidade”, disse o sociólogo das religiões Jean-Paul Willaime, acrescentando que “mais modernidade não significa menos religião”. Ao contrário, “na religião, busca-se uma dimensão relevante da própria personalidade, o modo de estar em uma sociedade que não é mais tão cheia de significado”.

Os jovens de hoje, “em comparação com a geração dos anos 1970 – continua Willaime – que foram ‘socializados religiosamente’, não têm uma atitude de rejeição da religião. Eles não têm uma educação para se rebelar contra. A fé os fascina, faz-lhes perguntas. E, se os jovens são mais religiosos, eles são mais engajados, mais visíveis, mais coerentes”. Em suma, reivindicando a própria pertença religiosa, eles “reivindicam a sua liberdade pessoal”.

Jornal Il Foglio

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump assinou nesta quinta-feira (4) uma ordem executiva para assegurar liberdade religiosa. Como já era esperado, a assinatura ocorreu durante a celebração do Dia Nacional da Oração, no Rose Garden, em Washington (EUA).

A nova política pode significar duras perdas para a militância LGBT e também movimentos ateístas ou pró-abortos, que têm se lançado contra comunidades cristãs, nos EUA. A ordem também pode ser mais um passo em direção às organizações religiosas se posicionarem de forma mais firme em questões políticas.

“A fé está profundamente enraizada na história de nosso país, no espírito de nossa fundação e na alma de nossa nação”, disse Trump durante o encontro, realizado com com líderes religiosos e funcionários da Casa Branca. “Não permitiremos que pessoas de fé sejam alvejadas, intimidadas ou silenciadas”.

O presidente declarou que seu governo seria “líder pelo exemplo” sobre a liberdade religiosa nos Estados Unidos.

“Estamos dando de voltas às nossas igrejas suas vozes”, disse Trump.

Líderes religiosos oraram no Rose Garden, antes que Trump assinasse a ordem executiva.

Trump prometeu durante sua campanha eleitoral, que iria revogar a Emenda Johnson, que proíbe organizações isentas de impostos como igrejas, de estabelecerem um posicionamento político. Sua ordem executiva relaxa a aplicação de multa sobre a infração desta emenda. Enquanto a ordem executiva sinaliza uma promessa mantida, a revogação completa da emenda Johnson exigiria outras ações do Congresso.

A ordem executiva, chamada “Promovendo a Liberdade de Expressão e Liberdade Religiosa”, também dá o direito às empresas que se opõem a uma normativa do programa Obamacare sobre a contracepção em saúde. Isso se baseia no caso da rede de lojas ‘Hobby Lobby’ no Supremo Tribunal, em 2014.

A empresa se recusou a fornecer às suas funcionárias, pílulas contraceptivas, porque considerava que esta era uma violação da Lei de Restauração Liberdade Religiosa.

Em outros casos, profissionais como confeiteiros, fotógrafos e floristas cristãos foram condenados em tribunais norte-americanos por se recusarem a atender a encomendas ou prestarem serviçis para casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Estes profissionais alegaram que não gostariam de trabalhar em algo que ia contra os seus princípios de fé.

Grupos cristãos e conservadores dos Estados Unidos também celebraram a assinatura da ordem executiva.

“A temporada de caça aos cristãos e outras pessoas de fé está chegando ao fim na América e estamos ansiosos para ajudar o governo Trump a restaurar totalmente a Liberdade da Primeira Emenda”, disse o presidente do Conselho de Pesquisa Familiar, Tony Perkins, em um comunicado.

Fonte: CPAD news

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Em decisão recente, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) anulou um ato administrativo praticado em 2012 pelo Conselho Superior da Magistratura do Estado do Rio Grande do Sul. Através do referido ato administrativo, a cúpula do poder judiciário gaúcho havia determinado a retirada dos crucifixos das dependências dos fóruns.

Quem reclamou dos crucifixos? Constam do voto do relator do processo, conselheiro  Emmanoel Campelo, as seguintes entidades reclamantes: Rede de Saúde Feminista,  Comunicação Saúde e Sexualidade, Marcha Mundial de Mulheres, Grupo pela Livre Orientação Sexual e Liga Brasileira de Lésbicas.  

Quem lutou pela anulação do ato e, consequente recolocação dos crucifixos nos prédios forenses, que deverá ocorrer dentro em breve (assim esperamos)? A Arquidiocese de Passo Fundo. Portanto, cumprimentemos o povo de Deus dessa Igreja particular, na pessoa do administrador apostólico, dom Paulo de Conto!

Na decisão monocrática que anulou a ordem de recolhimento dos crucifixos, o conselheiro Campelo não se fundamentou em razões religiosas, mas em motivos culturais. Vejamos alguns excertos do brilhante voto:

“(…) entendo que os símbolos religiosos são também símbolos culturais, que corporificam as tradições e valores de uma cultura ou civilização, sintetizando-os. Nesse sentido, o crucifixo é um símbolo simultaneamente religioso e cultural, consubstanciando um dos pilares – o mais transcendente – de nossa civilização ocidental.”

“Evidencio, assim, que para acolher a pretensão de retirada de símbolos religiosos sob o argumento de ser o Estado laico, seria necessário, também, extinguir feriados nacionais religiosos, abolir símbolos nacionais, modificar nomes de cidades e até alterar o preâmbulo da constituição federal.” De fato, os constituintes erigiram um novo Estado sob a proteção de Deus, conforme está grafado no preâmbulo da constituição em vigor (cf. Edson Luiz Sampel in “Católico até debaixo d’água”, editora LTR, 2016, p. 77).

“(…) resta claro que a presença do crucifixo não significa uma mistura de religião e Estado, mas remete a uma questão histórico-cultural, sem ferir a liberdade religiosa ou privilegiar apenas uma crença.”

“O ato de retirar um crucifixo de espaço público, que tradicionalmente e historicamente o ostentava, é ato eivado de agressividade, intolerância religiosa e discriminatório, já que atende a uma minoria, que professa outras crenças, ignorando o caráter histórico do símbolo no judiciário brasileiro.”

 O conselheiro Campelo também transcreveu um artigo jornalístico escrito por Paulo Brossard (ex-juiz do Supremo Tribunal Federal – STF), à época da supressão dos crucifixos. Reproduzo abaixo um trecho dessa análise lapidar:

“A meu juízo, os crucifixos existentes nas salas de julgamento do tribunal lá não se encontram em reverência a uma das Pessoas da Santíssima Trindade, segundo a teologia cristã, mas a alguém que foi acusado, processado, julgado, condenado e executado, enfim justiçado até sua crucificação, com ofensa às regras legais históricas, e, por fim, ainda vítima de pusilanimidade de Pilatos, que, tendo consciência da inocência do perseguido, preferiu lavar as mãos e, com isso, passar à história.”

E diz, ainda, o mestre Brossard, citado pelo conselheiro do CNJ:

 “Em todas as salas onde existe a figura de Cristo, é sempre como o injustiçado que aparece, e nunca em outra postura, fosse nas bodas de Caná, entre os sacerdotes do templo, ou com seus discípulos na ceia que Leonardo Da Vinci imortalizou.”

Toda vez que um magistrado olha para um crucifico, precisa se conscientizar do perigo de uma injustiça. Deus encarnado padeceu a maior das injustiças perpetradas num processo judicial, lembra-nos o crucifixo afixado na parede.

Zenit