Sofreu e também causou cismas, perseguições, conspirações e guerras. Foi impulsionadora de avanços na Filosofia, na História, na Arquitetura e sobretudo nas Artes.
Quer sejamos crentes ou não, o que podemos nós aprender com a Igreja e incorporar nas nossas organizações?
Cinco aspectos que sobressaem de vários estudos: missão e valores; estrutura; adaptação; liderança e comunicação.
Vejamos o primeiro aspecto – todos os colaboradores conhecem a sua missão. Estudam-na profundamente. A materialização da missão e da visão é o seu “produto” e “serviços”, no quadro ético-moral-dos-valores é claro. O não cumprimento coloca em risco a organização. O líder é o garante dos valores. Conceito estratégico.
Estrutura achatada. Em termos hierárquicos, são 3 os níveis de poder basilares: papa; bispo e padre. Os dois últimos com os seus territórios: diocese e paróquias. Não mais. Fruto da autonomia e do contexto externo, muitas vezes funcionam em rede. Conceito de eficácia de processos e de estrutura.
Pensar global, agir local. Se a frase é um chavão, para Igreja não o é. Os sacerdotes mais ou menos conservadores inserem-se em comunidades com comportamentos e necessidades similares. Basta ver o exemplo no nosso país.(Portugal) Hoje, dois terços dos crentes estão na América Latina, África e Ásia, fruto da perda de influência na Europa. Conceito de segmentação.
O líder não é imposto. É escolhido e ‘eleito’ entre os seus pares. Encaram como uma missão e serviço ao outro, uma das características basilares da liderança, a par da coragem. Sabiamente são escolhidos face ao contexto. O missionário João Paulo II num contexto de mudança política e de evangelização. O erudito Bento XVI numa reflexão do sentido teológico e o Papa Francisco como agente de mudança. Conquistar, reflectir e mudar. Conceito apuradíssimo de liderança.
Finalmente, a comunicação. A interna onde o latim permitia a comunicação entre sacerdotes de diferentes culturas, vital numa estrutura global. Já em 2010, o Vaticano reunia vários especialistas para reflectir sobre os canais digitais e o “crossmedia” (utilização de múltiplos canais físicos e online para um fim comum). Atualmente, o “transmedia storytelling” permite a difusão e a amplificação de uma história adaptada a diferentes canais e plataformas. De uma coisa a Igreja não tem falta: de narrativas poderosas e com a riqueza de múltiplas figuras de linguagem.
LUÍS BETTENCOURT MONIZ
Responsável de Marketing no SAS Portugal