Autor do artigo: Pedro Henrique Alves
A origem:
Os resquícios mais longínquos desta ideologia encontram-se em Karl Marx, em seu livro (assinado por Friedrich Engels, dado à morte de Karl Marx antes do término do livro): “A origem da família, da propriedade privada e do Estado” (ENGELS, 2014), livro onde ele pretende explicar a origem da realidade familiar através de um viés de liberdade sexual extremada; Marx escreve este livro a partir das deduções de um antropólogo denominado na obra como: “Morgan”, da Ancient Society. Segundo o livro, nas primeiras civilizações não haviam famílias consolidadas aos moldes que hoje conhecemos, o que de fato havia era uma vida sexual sem restrições. Os homens mantinham relações sexuais com todas as mulheres da aldeia — ou tribo. Culminando que os filhos não sabiam quem eram seus pais (obviamente o filho sabia quem era sua mãe, porém, desconhecia quem era o seu pai biológico), sendo criados todos na aldeia em uma “línea igualdade”, segundo o próprio Karl Marx.
Para Marx, nesta sociedade havia uma verdadeira igualdade e justiça, sendo o “Estado” (tribo) responsável pela educação das crianças. Ainda baseado nestes estudos, Marx infere que quando o homem começa a tomar para si certa demarcação territorial, por conta da agricultura, ele encontra a necessidade de doar os frutos de seus trabalhos a alguém, que geralmente designava-se ao sexo oposto que ele desejara, criando assim o princípio do “matrimônio”. Com terras demarcadas, uma família sendo estruturada e a mulher sendo tomada como “posse” pelo homem, Karl Marx deduz que: o patrimônio (propriedade privada) é fruto do matrimônio; o matrimônio é a “base” do patrimônio para Karl Marx. Sendo assim, para Marx, se quisermos uma correta e eficiente revolução, chegando ao âmago do problema, rumando à igualdade plena, temos que destruir as raízes da propriedade privada, ou seja, o matrimônio, a família tradicional.
Após isso, muitos marxistas entenderam os apontamentos de Marx: a revolução comunista não viria por meios econômicos, mas sim por meios culturais. O primeiro, após Karl Marx, a sublinhar enigmaticamente isso foi o filósofo marxista Karl Korsch, onde, na 3ª internacional (congresso mundial sobre a filosofia marxista) de 1923, afirmou que a revolução comunista deveria atacar as “subestruturas” da propriedade privada, ou seja, o matrimônio como antes Marx havia apontado. Max Horkheimer (um dos fundadores da escola de Frankfurt) posteriormente lança um ensaio intitulado “Autoridade e Família”, em que na mesma linha de Marx e Korsch, mostra que a autoridade — o que os marxistas denominam: patriarcado — , e por consequência a posse de bens, surgem no seio familiar. Se o que se quer é desmantelar a propriedade privada, deve-se, antes, desmontar a unidade familiar, origem e sustentáculo da aristocracia capitalista — na visão comunista alinhada às últimas percepções de Karl Marx.
O desenrolar de uma ideia:
Muitos marxistas seguiram em direções contrárias às indicações deixadas nesse último livro de Marx. Optaram eles pelas revoluções armadas, tendo por foco tomarem os poderes econômicos de determinados países — o que, anteriormente, Marx havia sublinhado em seus escritos como sendo o caminho para o proletariado assumir o poder político-econômico. Isso ocorreu, principalmente, em seu livreto: “O manifesto do partido comunista” (MARX, 2012).
Entretanto, outros entenderam o que o alemão havia apontado no final de sua vida, isto é: a revolução deve vir por meio da derrubada da unidade familiar.
Entendendo isso, nasce do meio das escolas marxistas um impulso direcionado à sexualidade e à“libertação” sexual feminina; a primeira marxista determinada a angariar visibilidade e fazer uma espécie de manifesto que apontaria para uma liberdade sexual extremada, foi a feminista Kate Millet. Em seu livro: “Política Sexual” (MILLETT, 1969, 1970), ela mostra como deve ser a vida sexual libertadora de uma sociedade socialista, porém, esse livro não foi encarado com tanto louvor pela academia e sociedade, tratava-se apenas de um impulso inicial para a revolução sexual que os marxistas pretendiam. Essa obra assemelha-se mais a um manifesto do que propriamente um tratado filosófico-político.
A primeira a fazer um ensaio que despertasse seguidores e defensores, de fato, desta variável marxista foi: Shulamith Firestone, socióloga e filósofa que propôs, através de seu livro: “Dialética do Sexo”(FIRESTONE, 1970), a derrubada de todo e qualquer sistema familiar tradicional. Lutou, também, contra o pudor sexual tradicional da sociedade, que dizia ela ser um sistema de opressão contra as mulheres; Shulamith considerava que a mulher possuía um sistema opressor por natureza, isto é, seu aparelho reprodutor. Dizia ela que: libertando a mulher da sua tarefa “socialmente imposta” de reprodutora da espécie acabaríamos também com a unidade social, a família, chegando, por fim, em um oásis social libertador.
Citarei algumas frases de seu livro “Dialética do Sexo”(obra que é possível encontrar para download na internet), as citações seguintes encontram-se na conclusão do livro, onde ela faz uma síntese de suas ideias conclusivas, a ver:
“Assim, libertar as mulheres de sua biologia significaria ameaçar a unidade social, que está organizada em torno da reprodução biológica e da sujeição das mulheres ao seu destino biológico, a família. Nossa segunda exigência surgirá também como uma contestação básica à família, desta vez vista como uma unidade econômica” (FIRESTONE, 1970, p. 235. Grifos meus)
“Com isso atacamos a família numa frente dupla, contestando aquilo em torno de que ela está organizada: a reprodução das espécies pelas mulheres, e sua conseqüência [sic], a dependência física das mulheres e das crianças. Eliminar estas condições já seria suficiente para destruir a família, que produz a psicologia de poder, contudo, nós a destruiremos ainda mais” (FIRESTONE, 1970, p. 237. Grifos meus)
“A total integração das mulheres e das crianças em todos os níveis da sociedade. Todas as instituições que segregam os sexos, ou que excluem as crianças da sociedade adulta, p.ex., a escola moderna, devem ser destruídas” (FIRESTONE, 1970, p. 237. Grifos meus)
“Liberdade para todas as mulheres e crianças usarem a sua sexualidade como quiserem. Não haverá mais nenhuma razão para não ser assim” (FIRESTONE, 1970, p. 237. Grifos meus)
Além desta conhecida autora do feminismo, Firestone. Há aquela que é considerada a mãe das feministas, talvez, quase que unanimemente chamada de pilar central do feminismo, Simone de Beauvoir. Como nossa intenção não é suscitar a crença religiosa de meus leitores em minhas palavras, citarei
Simone para que vejam que minhas afirmações posteriores não serão infundadas:
“Em minha opinião, enquanto a família e o mito da família e o mito da maternidade e o instinto maternal não forem destruídos, as mulheres continuarão a ser oprimidas.” (BEAUVOIR, 1975, p. 20. Tradução livre)
Cito textualmente as palavras destas autoras, pois, como já disse, mas faço questão de reafirmar, não nutro a esperança que confiem em mim, numa espécie de fé cega. Pelo contrário, peço que todos que lerem esse artigo busquem tais referências citadas, para constatarem os fatos aqui apresentados com suas próprias conclusões.
A estratégia: Denominação do conceito Gênero.
Contudo, somente estes escritos citados anteriormente, e os apoios de nomes importantes nos meios acadêmicos e midiáticos, não foram o suficiente para diminuir o poder e a união familiar. Teriam, então, de ajustar a estratégia, mas o foco a ser atacado já estava delimitado: a família. Percebendo que a revolução não viria pelo simples ataque aberto à família, e principalmente após o fracasso das revoluções armadas do século XX, os(as) marxistas-feministas entenderam que o modus operandi da revolução era falho no seguinte ponto: a sociedade já estava profundamente enraizada em seu modelo familiar, perceberam que ela não abriria mão deste modelo a não ser que fosse convencido (doutrinado) internamente que esse modelo é ruim, falido e/ou “opressor”. Como bem sabemos, a mudança estrutural de bases acontece de dentro para fora e não de ataques externos, e qual é a forma mais basal de uma instituição? Segundo Michel Foulcaut: o discurso.
Resumindo, o que mantém uma instituição (Igreja, família, religião) firme em suas convicções são seus discursos, suas defesas conceituais. A Igreja católica manteve-se em pé, pois, seus discursos (apologias) foram mais fortes que os de seus inimigos. Na obra fictícia de George Orwell: 1984 (ORWELL, 2009), o governo totalitário — SOCING — só consegue parar os revolucionários que ameaçavam sua hegemonia quando, de forma doutrinadora, esses revolucionários ficaram convencidos que os conceitos que embasavam seus princípios, no fim, não existiam. Eles aceitam, por fim, que a contradição e a verdade são realidades conciliáveis.
Posteriormente, veremos como a contradição começará a ser aceita, também, por aqueles que defendem o gênero poliforme.
Em uma estratégia similar, os marxistas, baseando-se no pensamento do filósofo Jacques Derrida, conhecido por sua teoria desconstrucionista, montam uma verdadeira confusão conceitual partindo da palavra: “gênero”; Derrida ensina que: nenhum discurso se mantém em pé se conseguirmos desmontar seus significados originais (conceitos) através de um processo dialético de embate, ou seja, jogando palavras contra palavras até que através de uma confusão de termos os conceitos originais sejam rejeitados. Tal desconstrucionismo pode ser realizado, também, através de criação e propagação de novos termos que se pretendem afirmar, e reafirmar, uma ideia ideológica posta a priori. Lembremos do que dissemos acima: as instituições são, em suma, seus próprios discursos. Sem esses — conceitos — elas desmoronam. A estratégia, então, torna-se a desconstrução dos discursos(os conceitos, princípios e defesas) que mantêm a família em pé.
Todavia, faltava alguém que juntasse todas estas ideias expostas e as compilasse, de fato, em uma nova ideologia/doutrina, para que, enfim, a tão sonhada revolução sexual — que tem por meta a revolução política — fosse realizada. Essa pessoa foi Judith Butler. Feminista e conhecida por ser a teórica mais profunda da “teoria de gênero”, Butler, em seu livro “Problemas de gênero” (BUTLER, 2003), concebe uma interpretação da sexualidade no mínimo assustadora. Para Judith Butler devemos acabar com toda e qualquer classificação sexual, não podemos, e nem devemos, considerar que as pessoas são naturalmente homens ou mulheres, pois, para a autora, a sexualidade é totalmente arbitrária e modificável conforme o ambiente e os anseios emocionais de cada um. O que determina aquilo que somos, enquanto gênero sexual, diz Judith, são nossas vontades e desígnios psicológicos e/ou culturais. São nossas inclinações psicológicas momentâneas e os pedantes desígnios culturais que definem a que gênero pertencemos. A nossa natureza sexual nada mais é que um dos múltiplos gêneros possíveis. A essa sua doutrina denominam: “sexualismo” ou “teoria de gênero”, e as pessoas que se identificam com o sexo que naturalmente possuem (nascença) ela denomina-os: “cisgênero”. (Judith tem como base o experimento de John Money realizado na década de 60, o famoso caso Reimer. Tal fato será contado no próximo tópico, apesar de ser cronologicamente anterior a teoria de Judith. Assim o fiz, pois, considerei mais didático expor a conceituação antes do experimento prático da ideologia de gênero).
Judith Butler conseguiu implantar seus conceitos revolucionários sobre a sexualidade em um documento chamado “Princípio de Yogyakarta”, é um documento que possui estratégias de implementação e interpretação dos princípios dos direitos humanos na área de orientação sexual e identidade de gênero. No documento de 2006, no qual as ideias de Judith foram incrementadas, lê-se o seguinte no preâmbulo do texto documental referente a definição dada sobre “ideologia de gênero”: “ENTENDENDO ‘identidade de gênero’ como estando referida à experiência interna, individual e profundamente sentida que cada pessoa tem em relação ao gênero, que pode, ou não, corresponder ao sexo atribuído no nascimento, incluindo-se aí o sentimento pessoal do corpo (que pode envolver, por livre escolha, modificação da aparência ou função corporal por meios médicos, cirúrgicos ou outros) e outras expressões de gênero, inclusive o modo de vestir-se, o modo de falar e maneirismos.” (PRINCÍPIOS, 2015, grifos meus)
Gênero, por fim, seria a definição de algo indefinível, pois, seria a relativização de um princípio que está à mercê da subjetividade temporal e arbitrária dos sentimentos pessoais de alguém; pautadas em nenhum princípio natural, advogam os defensores de tal ideologia que o sexo é relativo à psique (entenda-se sentimentos e inclinações mentais) das pessoas. Ignorando qualquer enfrentamento factual da realidade sexual biológica e genética naturalmente definida.
O experimento: O caso David Reimer — A ideologia na prática.
A ideologia de gênero já foi testada pelo psicólogo neozelandês John Money. No final da década de 60, ao chegar as mãos de John Money um caso de mutilação genital do ainda bebê Bruce Reimer, após uma operação cirúrgica desastrosa, o psicólogo decide, junto a família do garoto, que iria colocar em prática sua embrionária ideia de gêneros socialmente construídos.
Para ele a sexualidade de alguém pode ser moldada conforme a criação social que o paciente receberá. Assim sendo, se Bruce nunca soubesse que havia nascido menino supostamente ele não teria problemas em “ser mulher”. Muda-se, então, cirurgicamente o sexo de Bruce, que passa a chamar-se Brenda; Brenda (Bruce) recebe doses cavalares de hormônios femininos desde muito cedo, passa a ser criada(o) como menina, desde roupas, tratamento escolares, brinquedos e costumes. Além de métodos pedagógicos naturalmente usados com meninas, Brenda (Bruce) foi sendo doutrinada a ser mulher. Todo ano ela(e) visitava John Money em sua clínica, onde ele fazia uma verdadeira tortura psicológica no pequeno Bruce(Brenda), torturas essas que incluía abaixar suas roupas íntimas e fazê-la(o) repetir: “sou menina”. Isso foi relatado por seu irmão e seus pais para a “BBC”. Esse mesmo canal televisivo que fez um longo documentário contando toda a história de Bruce. (link do documentário nas referências)
Porém, Brenda (Bruce), não se reconhecia como menina — para a frustração de Money que já havia anunciado em vários periódicos científicos seu suposto “sucesso” no caso Brenda Reimer. Desde muito cedo Brenda (Bruce) se recusava a participar de brincadeiras femininas, suas roupas e brinquedos não as satisfaziam, tendo naturalmente atitudes masculinas. Na adolescência começou a enfrentar sérias crises psicológicas levando-a(o) à depressão e, posteriormente, a múltiplas tentativas de suicídio. Seus pais, por fim, decidem contar-lhe toda a verdade aos 14 anos, ele, sentindo-se melhor, começou a ter uma vida condizente com seu sexo biológico, agora sob o nome de David Reimer. Reconstruiu cirurgicamente seu órgão genital, chegando a se casar.
Por outro lado, em sua família os resquícios do experimento de John Money deixaram fendas profundas e irreparáveis; seu pai desenvolveu um quadro avançado de alcoolismo e depressão, seu irmão tornou-se usuário de drogas, vindo a morrer em 2002 poroverdose por alta ingestão de antidepressivos, sua mãe, com crises profundas de depressão, por inúmeras vezes tentou se suicidar. David, encontrando-se em meio a uma enorme confusão psicológica causado por anos de confusão sexual, doutrinação psicológica, aliado a um casamento conturbado dado a seus problemas na infância, em 2004 suicidou-se em uma mercearia perto de sua residência com um tiro na cabeça.
Em uma entrevista à BBC de Londres ele afirma:
“Eu não sou um professor de nada, mas você não acorda uma manhã decidindo se é menino ou menina, você apenas sabe”. (DR, 2015)
Conclusão:
Temos dois grandes tópicos a serem avaliados. Primeiro, a conceituação. A “mãe” da ideologia de gênero, Judith Butler, define “gênero” como sendo uma escolha singular e arbitrária de uma pessoa, referente a sua sexualidade. Escolha essa que é definida tão somente pela própria pessoa. Essa escolha de gênero sexual se torna uma verdade irrefutável após alguém defini-la como sendo “verdade”, apesar de sê-la totalmente relativa às vontades e anseios passageiros. Sendo assim, a “verdade” e a sexualidade de alguém está a mercê de suas intempéries emocionais.
Poderá, então, a partir da ideologia de gênero, uma pessoa que passou quarenta anos de sua vida sendo homem, em um belo dia acordar “sentindo-se mulher” e, assim, todo seu passado masculino será apagado, e, a partir daquele momento, torna-se-á mulher? Pois, a este nome: “mulher” não haveria mais nenhuma ligação biológica e natural que a desse firmeza de conceituação essencial, haveria apenas escolhas sentimentais arbitrárias de cada indivíduo.
Esta parte do texto pode parecer empolado, mas não por mea culpa, a própria conceituação assim o é. A própria definição de gênero dada por Butler carece de lógica estrutural, sendo assim, como responsabilizar-me-ei por não ser claro na explicação de uma ideia que não possui clareza?
Segundo o experimento factual da ideologia de gênero: o caso de David Reimer, que é, por si, autodeterminante para tais considerações, tal definição defendida por Butler é uma verdadeira tolice com aparência de sapiência.
O caso de David Reimer acabou sendo um grande revés aos que apoiaram e ainda apoiam tal ideologia; o caso tornou-se a prova factual de que esta ideologia é profundamente falha. Muitas feministas e apoiadores dessa causa afirmam que há inúmeros erros neste caso de David Reimer, mas nunca conseguiram, satisfatoriamente, mostrar onde se errou ou como poderia ter sido diferente. Não podemos negar que John Money foi competente em colocar as premissas daquilo que ele acreditou ser a “teoria de gênero”, ou seja: a “mobilidade” sexual humana estruturada numa criação cultural determinada. Mesmo que, após a conclusão das premissas, a teoria tenha se mostrado um fracasso retumbante, os seus partidários mantém-se relutante ao negar o óbvio: a teoria de gênero, na prática, falhou e falhou muito.
David Reimer foi, de fato, a prova do fracasso desta ideologia, além, é claro, da própria lógica e da genética que comprovam 100% a irresponsabilidade científica e a irracionalidade dessa teoria. Não há outra constatação possível a não ser que essa “teoria de gênero” seja apenas um novo modus operandi para uma revolução política e cultural. Visando, é claro, a hegemonia da ideologia comunista — como no início mostramos. Como bem previu Karl Marx, derrubando o pudor sexual ,e, posteriormente a família, a sociedade tenderia a ficar maleável aos quereres ideológicos de qualquer revolucionário.
Para os que me chamarão de conspirador, lunático ou apocalíptico, apenas deixo-vos com os estudos, aprofundamentos, referências e o sincero desejo de que busquem a verdade por trás dos acalorados “vitimismos”. Gritos histéricos e discursos emocionais decorados deviam ser ignorados, já que tal teoria se pretende a cientificidade. Não peço, de forma alguma, que acreditem em mim ou que encare esse texto como um dogma, desejo apenas que busquem com sinceridade e imparcialidade a origem dessa ideia que aqui tratamos. Busquem as fontes, questionem-se: de onde emanam tais ideias?
Por fim, como é de praxe em meus textos, o desafio continua. Você que duvida que o feminismo quer uma revolução comunista e que a causa feminista seja apenas o meio para outros fins, desafio a irem em algum congresso feminista ou socialista e erguerem um cartaz com a seguinte escrita: “Sou feminista, mas não socialista (ou comunista)”. Depois venha aqui nos contar sua aventura!
Para finalizar, dou voz a David Reimer:
“Você vai sempre encontrar pessoas que vão dizer: bem, o caso do David Reimer podia ter tido sucesso. Eu sou a prova viva, e se você não vai tomar minha palavra como testemunho, por eu ter passado por isso, quem mais você vai ouvir?” (DR, 2015)
Referências:
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 10ª Ed. Rio de janeiro: Civilização brasileira, 2003
DR Money andthe Boy with No Penis. BBC: London, 2010. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/sn/tvradio/programmes/horizon/dr_money_qa.shtml. Acesso em: 22/07/2014.
ENGELS, Frederich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. 1ª ed. Rio de Janeiro: BestBolso, 2014.
FIRESTONE, Shulamith. A dialética do sexo: um estudo da revolução feminista. Rio de Janeiro: Labor do Brasil, 1976. Edição original: 1970.
MARX, Karl; ENGELS, Friederich. O manifesto do partido comunista, 1ª ed. São Paulo: Companhia da letras & Penguin, 2012.
MILLETT, Kate. Política sexual, 1ª ed. Lisboa: Dom Quixote, 1969, 1970. ORWELL, George. 1984, 1ª Ed. São Paulo: Companhia das letras, 2009.
PRINCÍPIOS de Yogyakarta: sobre a aplicação da legislação internacional de direitos humanos em relação à orientação sexual e identidade de gênero. Disponível em: http://www.clam.org.br/pdf/principios_de_yogyakarta.pdf . Acesso em: 22/07/2015
Simone de Beauvoir, “Sex, Society and the Female Dilemma — A Dialogue between Simone de Beauvoir and Betty Friedan”, Saturday Review, 14.06.1975, p. 20.
(Vídeo do documentário de Bruce Reimer) — Dr Money e o Menino Sem Pênis — Documentário — https://www.youtube.com/watch?v=zrMY_bH5QAg
© obvious: http://obviousmag.org/do_contra/2016/02/ideologia-de-genero-eu-te-explico.html#ixzz4wo4T4SdD
Follow us: @obvious on Twitter | obviousmagazine on Facebook