É bem conhecido que a fé religiosa e espiritualidade ajudam o estado mental de pessoas que sofrem de depressão e até poderia retardar a evolução de tumores. Esta não é uma hipótese, a confirmação experimental vem de uma pesquisa publicada pela revista Cancer em uma grande amostra de pacientes que apresentavam tumores. Ainda não está claro, contudo, como a fé pode influenciar na evolução dos tumores, se ajuda a mudar a atitude psicológica com a qual se enfrenta a doença ou se influencia o funcionamento neurobiológico e imunológico, fortalecendo as defesas.

É um tema apaixonante aprofundado por Boris Cyrulnik, psiquiatra francês de origem judaica, que sobreviveu em sua infância às perseguições nazistas.

O livro Psychothérapie de Dieu [Psicoterapia de Deus, em tradução livre  (imagem da capa acima- Odile Jacob: 2017)] explora em vários capítulos a crescente influência das religiões no mundo ocidental. E essa religiosidade diz respeito a cristãos, judeus e muçulmanos que vivem uma experiência totalizadora que afeta as práticas da vida cotidiana e a sua visão de mundo. E enquanto a religião tem suas próprias cerimônias de culto, a espiritualidade geralmente indica uma vivência e uma jornada interior que não necessita de uma prática religiosa.

A adesão e o pertencimento à religião são construídos dia a dia desde a infância, como a linguagem, escreve Cyrulnik. De fato, através do exemplo e das orientações dos pais, as crianças introjetam a fé que se torna parte integrante de sua identidade. No filme de Woody Allen ‘Crimes e Pecados ‘o protagonista, que pertence a uma família judaica praticante, relata que, quando criança os pais lhe repetiam “Deus olha o tempo todo o que você faz”: “Talvez por isso – comenta ironicamente – tenha me tornado oftalmologista”.

O sentimento religioso está entrelaçado desde o início com um apego amoroso aos pais e ajuda a sentir-se mais seguro. Quando precisam ser enfrentadas tarefas exigentes ou se sofrem traumas e adversidades, nos voltamos para Deus com a esperança de que sua intervenção possa ser decisiva. E também quando nos sentimos sozinhos e desesperados, a relação emocional com Deus pode ser reconfortante, ajudando a reencontrar a própria segurança pessoal.

Mas o sentimento religioso não afeta apenas a mente, o corpo também é envolvido. Nas práticas religiosas, os fiéis ajoelham-se e deitam-se no chão, batem no peito, movem-se ritmicamente com o corpo, quase a reforçar com um envolvimento total a própria participação religiosa. O próprio cérebro é chamado em causa quando nos dirigimos à religião, principalmente quando se atingem experiências de ascetismo e êxtase.

Talvez no livro não seja suficientemente aprofundado o envolvimento do cérebro na vivência religiosa, embora estudos interessantes tenham sido publicados nos últimos anos. Estes incluem um estudo italiano que documentou quais áreas cerebrais são ativadas quando há uma imersão na meditação e se entra em um mundo transcendente, no qual se perde a noção do tempo e se atinge uma fusão ideal. Não seria uma única área cerebral que explicaria a espiritualidade, existiria a intervenção de grandes áreas cerebrais que interagem entre si, desde o córtex frontal até o córtex temporal e parietal. O maior valor do livro consiste em abordar os significados da experiência religiosa com espírito crítico, mas também profundamente respeitoso, também porque as religiões estão assumindo cada vez mais relevância no mundo contemporâneo.

Fonte: La Repubblica

ensino religioso foi um dos temas que mais causaram polêmica nesta segunda-feira, 4, no primeiro dia de discussões da nova versão da Base Nacional Comum Curricular(BNCC) no Conselho Nacional de Educação. Isso porque o texto apresentado pelo Ministério da Educação prevê que religião seja considerada uma área do conhecimento, como Matemática ou Linguagens, o que desagradou a conselheiros que participaram do debate. Segundo a legislação, o ensino religioso é de matrícula facultativa em escolas públicas.

A Base vai determinar quais são os objetivos de aprendizagem para as escolas de todo o País, em todas as etapas de ensino. Essa é quarta versão do documento, que deve ter um parecer final votado até quinta-feira pelo conselho. Também serão estabelecidos prazos para que a regra seja implementada. 
A religião não fazia parte da versão anterior e foi incluída agora pelo governo, com caráter não confessional. A intenção é de que a área seja apresentada como sociologia das religiões ou ciência das religiões. A informação foi apurada com conselheiros, pois o documento não foi divulgado para a imprensa até a noite desta segunda.

A Associação dos Jornalistas de Educação (Jeduca) divulgou nota, pedindo que o texto seja tornado público, porque “a sociedade tem o direito de conhecer, com antecedência, a proposta que está servindo como pilar para as discussões no CNE.” O MEC tem respondido que o texto pode ainda passar por mudanças e só será conhecido quando estiver finalizado.

O conselho volta a discutir nesta terça-feira, 5, a BNCC e o ensino religioso será um dos focos. Versões iniciais da Base chegaram a considerar a religião. Mas o último texto dizia que não trataria da área porque tinha “caráter optativo” e seria competência de Estados e municípios. Dizia o texto: “Não cabe à União estabelecer base comum para a área, sob pena de interferir indevidamente em assuntos da alçada de outras esferas de governo da Federação”.

Em setembro deste ano, porém, o Supremo Tribunal Federal decidiu que não é inconstitucional oferecer ensino confessional em escolas públicas, apesar de reafirmar que ele é facultativo. O órgão julgou improcedente uma ação da Procuradoria-Geral da República que questionava o modelo da área de religião na educação brasileira. 

Além dessa decisão, o governo argumenta que houve diversas contribuições de grupos da sociedade civil, pedindo a volta do ensino religioso à Base. Desde abril, o CNE recebeu centenas de sugestões de mudanças no texto final, e algumas foram incorporadas pelo MEC.

“A decisão do STF não muda nada. Para mim isso esse argumento é cortina de fumaça. A inserção do ensino religioso agora é resultado de pressão de grupos de interesse”, diz o pesquisador da Ação Educativa e professor de Direito da Universidade Federal do ABC (UFABC), Salomão Ximenes.

Gênero

Fora o ensino religioso, o novo texto deve manter a exigência de que as escolas alfabetizem as crianças até o fim do 2.º ano (e não do 3.º ano, como é hoje) e não deve fazer menções claras a questões de gênero e de orientação sexual, como havia em versões anteriores.

O Estado de S. Paulo, 05-12-2017.

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Desde a minha conversão à Igreja, tenho observado um movimento entre os jovens cristãos que afirmam amar Jesus, mas rejeitam a “religião”.

Muitos cristãos da geração millennial que rejeitam a “religião” argumentam que as pequenas diferenças entre as denominações cristãs realmente não importam no final. E eles estão certos; Há pouca diferença real entre muitas das denominações cristãs que surgiram ao longo do tempo desde a Reforma. Quando eu estou no meu estado natal de Oklahoma, eu me deparo com o número absurdo de igrejas diferentes que afirmam estar voltando às raízes do cristianismo.

Porém, a fragmentação sem fim de denominações cristãs é um escândalo para a unidade à qual Cristo nos chama (Jo 17,21). Talvez a rejeição dessas diferenças religiosas entre os jovens cristãos possa ser o início de um movimento ecumênico para a unidade no Corpo de Cristo. Neste sentido, sim, vamos rejeitar as “religiões” baseadas em diferenças superficiais e enraizadas na divisão e no pecado.

Mas, como uma ex-ateia, eu tenho que dizer que há também algumas bandeiras sérias neste movimento para rejeitar a “religião”. Em uma recente tarde de domingo, a hashtag #EuNãoVouÀIgrejaPorque estava entre os top trends no Twitter. Para minha surpresa, muitos dos tuítes foram de cristãos que, orgulhosamente, proclamaram que eles não “precisam” de religião, eles só precisam de Jesus. Parece que a mentalidade sob a rejeição dos sacramentos entre alguns cristãos evoluiu naturalmente para uma rejeição de algo tão básico como celebrar a Eucaristia semanalmente.

Além do fato óbvio de que isso acontece sempre na milenar tradição cristã, há também a preocupação válida de que esta forma de “cristianismo”, baseada em nada mais que sentimento, vai se tornar, dentro de uma geração ou duas, em ateísmo.

E como esta nova forma de “Cristianismo” evoluiu: Muitas pessoas que estão neste movimento argumentam que separar o Cristianismo da “religião” nos ajuda a voltar às raízes do Cristianismo, às reais intenções de Jesus.

Mas a Bíblia e os escritos dos padres primitivos da Igreja revelam muito pouco para sustentar essa afirmação.

Aqui estão algumas evidências da Escritura e da história antiga da Igreja:

1. Os cristãos se reúnem para adorar: Deus nos deu uma orientação clara e as Escrituras deixam evidente que os primeiros cristãos se reuniam para uma refeição eucarística todos os domingos. Reuniões de domingo nunca foram uma prática opcional para os cristãos. Se acreditamos que Jesus morreu por nós, o mínimo que podemos fazer é adorá-lo por uma hora todos os domingos.

Tome cuidado, então, muitas vezes para se reunir para dar graças a Deus, e mostrar o seu louvor. Pois quando vocês se reúnem frequentemente no mesmo lugar, os poderes de Satanás são destruídos, e a destruição a que ele se propõe é impedida pela unidade de sua fé. – Inácio de Antioquia, Carta aos Efésios.

 No primeiro dia da semana, nos reunimos com a finalidade de partir o pão (Atos, 20:7)

 2. Religião é o que nos liga a Deus: Há muito desdém pelas práticas exteriores de piedade nos dias de hoje. E certamente, é verdade que as práticas exteriores não levam sempre à caridade e santidade. Mas isso não é motivo para deixá-las para trás. Somos corpo e alma. A relação com Deus é alimentada por práticas exteriores; elas nos ligam a Deus e estamos ligados a ele através da nossa religião.

Estamos unidos e ligados a Deus por este vínculo de piedade. É disso que a religião toma seu nome. – Lactâncio, As Instituições Divinas

Pois assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras está morta. – Tiago 2:26

3O cristianismo é comunidade: Nossa fé não é apenas um relacionamento individual com Jesus. O Cristianismo envolve relacionamento com Deus (que é, Ele mesmo, uma comunidade de pessoas) e relacionamento com os outros em sua Igreja. É doloroso e difícil estar em relacionamento com outros pecadores. Mas nossa fé nos chama a estar em união não apenas com Deus, mas com outras pessoas.

Somos um corpo unido como tal por uma profissão religiosa comum, pela unidade de disciplina e pelo vínculo de uma esperança comum. Nós nos reunimos como uma assembleia e congregação … Nós nos reunimos para ler nossos escritos sagrados … Em mente e alma, não hesitamos em compartilhar nossos bens terrenos um com o outro. – Tertuliano, Desculpa

Pois, como em um corpo temos muitos membros, e todos os membros não têm a mesma função, então nós, embora muitos, somos um corpo em Cristo, e membros individualmente um do outro. – Romanos 12: 4-5

4. O cristianismo tem sucessão apostólica: As Escrituras deixam claro que Paulo nomeou bispos, Timóteo e Tito, e lhes pediu que designassem presbíteros (1 Tm 2: 2). Quando as pessoas rejeitam a hierarquia e a autoridade legítima em favor do individualismo, rejeitam Jesus e a Igreja que ele fundou.

Quando nos referimos a essa tradição que se origina dos apóstolos e que é preservada por meio da sucessão de presbíteros nas Igrejas, eles se opõem à tradição, dizendo que eles mesmos são mais sábios não meramente do que os presbíteros, até mesmo os apóstolos, porque eles descobriram a verdade não adulterada. – Irineu, Contra todas as heresias

Não negligencie o dom que há em ti, que foi conferido através da palavra profética com a imposição das mãos do presbitério. –  1 Timóteo 4:14

Cristianismo é uma religião. Sempre foi. E o movimento para remover a “religião” de nossa fé é um movimento que, em última instância, poderia minar a transmissão da fé para as gerações vindouras.

Essas são apenas algumas coisas que você pode apontar da próxima vez que uma pessoa disser que ele ou ela acredita em Jesus, mas não acha que é necessário praticar a religião.

Theresa Noble

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O gaúcho Kelvin Oliveira da Silva viu o quinto filme da saga Star Wars (O Ataque dos Clones) em 2002. Ele foi levado ao cinema pelo pai quando tinha apenas 6 anos. Hoje, aos 20, Kelvin afirma que é um jedaísta (ou jedasta), alguém que segue os preceitos filosóficos dos mestres jedi.

“A vida é um constante teste que exige o enfrentamento de nossos medos. Na medida do possível, procuro sempre enfrentar os meus”, admite Kelvin, estudando de História da PUC do Rio Grande do Sul.

Uma ‘filosofia’ para alguns, as ideias do jedaísmo (ou jediísmo) na verdade incluem elementos de hinduísmo, budismo e cristianismo. Como movimento religioso, ganhou força em 2001, quando um censo realizado no Reino Unido revelou a existência de 390 mil seguidores. Em 2011, caiu para 176 mil. Contudo, a Jedi Church afirma que ao longo de 2015, subiu para 250 mil.

Segundo outros levantamentos, o número de adeptos chega a 9.000 no Canadá, 15 mil na República Tcheca e 65 mil na Austrália.

De modo resumido, os jedaístas dizem acreditar na ‘Força’ como uma espécie de divindade. Nas palavras do personagem Obi-Wan Kenobi no filme original “Star Wars: Uma Nova Esperança”, de 1977: “um campo de energia criado por todos os seres vivos, que nos envolve e conecta, e mantém a Galáxia unida”.

Ela se divide em dois polos, o “lado escuro”, simbolizado pelos siths como Darth Vader, e o “lado luminoso”, cujo principal representante é Luke Skywalker.  Há uma entrada na Wikipédia que o classifica como religião “não teísta”.

No Brasil, não há dados precisos sobre quantos professam jedaísmo como religião. Por aqui adquiriu um viés mais filosófico, explica o carioca Rodrigo Alves Coelho, 31 anos. Ele ajudou a fundar, em 2002, o Pilar, grupo de estudos que se reunia todas as semanas na Zona Oeste da capital do Rio de Janeiro e chegou a ter mais de 150 participantes

Paralelo ao grupo, criou um blog, o “Filosofia Jedi”, no qual debate os mais variados assuntos à luz da doutrina da Força. “Ao longo de dois anos, estudei tudo o que dizia respeito a ‘Star Wars’: de ordens monásticas da Europa medieval, que teriam inspirado Lucas a criar a Ordem Jedi, a milenar técnica de combate Kenjutsu, que teria dado origem às lutas com sabre de luz”, justifica Rodrigo.

Contudo, quando o grupo tentou fundar uma seita e edificar um Templo Jedi, em 2004, ele decidiu se afastar. “Percebi que o negócio estava indo longe demais quando recebi convites para ministrar ‘cultos Jedi’. Sempre fui e sempre serei um jedasta. Mas, veja bem, não entendo George Lucas como um profeta, nem Star Wars como algo messiânico. Vejo o Jedaísmo como um caminho a ser trilhado”, finaliza.

F5

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A Associação Mundial de Psiquiatria aprovou no mês passado um documento que declara a importância de se incluir a espiritualidade no ensino, pesquisa e na prática clínica da psiquiatria.

O documento não serve para que o médico psiquiatra indica uma crença religiosa ao paciente, mas sim que ele converse sobre o assunto, mostrando que a fé pode ajudá-lo.

Nos Estados Unidos há muitos estudos sobre o tema, o jornal Folha de São Paulo chega a citar que no PubMed, ligado ao governo americano, há mais de mil artigos científicos publicados que falam a respeito da religião nos tratamentos psiquiátricos.

Esses trabalhos falam sobre inúmeras maneiras de como os recursos espirituais podem melhorar a saúde e o bem-estar dos pacientes. Alguns falam sobre acreditar em Deus ou em um poder superior, outros sobre frequentar alguma instituição religiosa, participar de momentos de meditação e muito mais.

O que esses estudos mostram também é que há um maior impacto positivo na saúde mental dos pacientes que passam a ter um envolvimento religioso. As teses não tentam provar a existência de Deus de forma científica, mas sim que os laços sociais criados na prática religiosa reduzem a incidência de solidão, depressão e amenizam o estresse causado por doenças ou perdas.

Três metas-análises (revisões científicas) indicam que frequentar serviços religiosos aumenta cerca de 37% a probabilidade de sobrevida em doenças como o câncer, e a ciência tenta entender como isso acontece.

Se para os religiosos o resultado dessas pesquisas é um verdadeiro milagre, para os médicos e cientistas trata-se do chamado eixo “psiconeuroimunoendócrino”. Essa palavra tenta explicar que na verdade a emoção positiva gerada no convívio com instituições religiosas eleva a produção de hormônios capazes, por exemplo, de reduzirem a pressão arterial.

O professor de psiquiatria da Universidade Federal de Juiz de Fora, Alexander Moreira-Almeida, diz que “o impacto da religião e espiritualidade sobre a mortalidade tem se mostrado maior que a maioria das intervenções, como o tratamento medicamentoso da hipertensão arterial ou o uso de estatinas”.

Porém o médico faz um alerta sobre os efeitos negativos que as crenças religiosas podem trazer à saúde. Principalmente quando o paciente desiste do tratamento. “Piores desfechos em saúde são observados quando há uma ênfase na culpa, punição, intolerância, abandono de tratamentos médicos. A existência de conflitos religiosos internos ao indivíduo ou em relação à sua comunidade religiosa também está associada a piores indicadores de saúde.”

O professor de psicologia clínica na Bowling Green State University (Ohio), Kenneth Pargament, também alerta sobre os riscos, diz que a religião e a espiritualidade podem sim ser recursos vitais para a saúde e bem-estar, mas também podem ser fontes de perigo.

“Para muitas pessoas, a religião e a espiritualidade são recursos-chave que podem facilitar o seu crescimento. Para outros, são fontes de problemas que precisam ser abordadas durante o tratamento. Isso precisa ser compreendido pelos profissionais de saúde.” Com

Folha de SP

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Algumas igrejas mais parecem casas noturnas (Foto: Peter Bowes)

Quem passeia pelo Vale do Silício, na Califórnia, nota ultimamente algo mais do que os inúmeros edifícios de concreto que abrigam algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo e uma infinidade de start-ups: estão ali também várias igrejas e templos.

Eles atendem à bem-sucedida e rica população da capital mundial da tecnologia, surpreendendo uma região dos Estados Unidos que é conhecida por seu agnosticismo.

“O Vale do Silício atrai profissionais com uma personalidade mais ambiciosa e proativa”, afirma Skip Vaccarello, autor do site Finding God in Silicon Valley (Encontrando Deus no Vale do Silício, em tradução literal), que reúne notícias e histórias de fé na região. “Trata-se de um tipo de gente que não vai à missa aos domingos. Seus deuses se tornaram coisas como dinheiro e sucesso.”

Uma recente pesquisa colocou as cidades californianas de San Francisco, Oakland e San José – todas localizadas na região ou nas proximidades da área do Vale do Silício – entre as que possuem o menor número de fiéis que frequentam a igreja em todos os Estados Unidos.

Mas essa imagem trai a realidade atual, já que igrejas, templos e outros locais de adoração estão surgindo em prédios de escritórios, galpões e centros comunitários – e atraem uma entusiasmada congregação.

Alguns especialistas acreditam que, entre os profissionais do Vale do Silício, existe uma carência por uma experiência espiritual que não pode ser atingida no trabalho ou em casa.

“Muita gente vem para cá e descobre que, apesar de estar ganhando mais dinheiro do que sabe gastar ou de ser promovido para uma posição mais alta do que jamais sonhou, não há nada realmente preenchendo suas almas”, diz Austin Walterman, de 25 anos, funcionário de uma empresa de videogames.

‘Desejo por algo mais’

O termo Vale do Silício foi criado nos anos 1970 e se refere à alta concentração de empresas de tecnologia em uma pujante região ao sul de San Francisco. Isso inclui cidades como Palo Alto, Mountain View, Sunnyvale e San José.

A área é uma usina financeira com um Produto Interno Bruto (PIB) compatível com o de algumas das maiores economias do mundo. San Francisco, que por si só já é um grande centro financeiro, serve como a porta de entrada da região.

À medida que o boom da tecnologia foi tomando conta, o centro da cidade foi se tornando cada vez mais o sinônimo de uma ânsia por riquezas do que por uma realização espiritual. Mas foi ali que se instalou uma nova igreja cristã evangélica, a Epic Church.

O local não se parece muito com templos mais tradicionais. No entanto, começou a atrair as almas solitárias de San Francisco e pessoas que passam o dia trabalhando no Vale do Silício.

Fundada em 2011 pelo pastor Ben Pilgreen, a igreja criou raízes em um prédio moderno, ao sul do famoso Union Square. O único sinal de sua existência, por trás de uma grande porta de vidro, é uma pequena placa colocada na calçada.

Os fiéis chegam usando jeans ou shorts, e chinelos. Os pais colocam seus filhos diante de tablets enquanto outros se dirigem a uma sala chamada de “centro de conexão”, onde ocorrem discussões em grupo. Dentro do hall principal, a banda se prepara para o culto.

A congregação de cerca de 500 pessoas é bem otimista e está crescendo. “Isso nos mostra que existe uma fome”, afirma Pilgreen. “Temos pessoas que viraram milionárias da noite para o dia com o lançamento em bolsa do Facebook e do Twitter e gente incrivelmente bem-sucedida. Elas sentem um forte desejo por algo a mais.”

Apesar de Walterman ter o que diz ser “o emprego dos sonhos”, ele começou a frequentar a igreja por achar que faltava alguma coisa especial em sua vida.

“A igreja me tornou um líder melhor no trabalho”, conta o jovem. “Ela me fez ser um amigo melhor para quem está ao meu redor e mudou toda a minha vida.”

Doações milionárias

As sutis igrejas do Vale do Silício abarcam várias religiões e níveis de fé, e surgem nos lugares mais incomuns. Faz parte da cultura tech, por exemplo, começar empresas e garagens. Portanto não é de surpreender que alguns armazéns agora sirvam como templos.

“Não vemos construções tradicionais, com domos e minaretes”, afirma Philip Boo Riley, professor de Estudos Religiosos na Universidade de Santa Clara. “Do outro lado do Centro Zen de Chung Tai, em Sunnyvale, está um novo templo hindu. Na mesma rua está uma igreja presbiteriana coreana. Ninguém os nota porque eles parecem com qualquer outro prédio de escritórios.”

Boa parte do capital usado na construção ou na expansão desses locais vem de doações feitas por empresários de sucesso. A riqueza do Vale do Silício permitiu que templos hindus que antes estavam decadentes pudessem voltar a se tornar importantes pontos de encontro para a comunidade.

“Nos últimos 30 anos, notamos uma diversidade de crenças cada vez maior. E, apesar de não ser algo visível, há mais presença religiosa por aqui”, afirma Riley.

A força do hinduísmo

A comunidade indiana é uma das mais ativas em meio às inovações que ocorrem no Vale do Silício. Um estudo da Universidade de Berkeley descobriu que, entre 2006 e 2012, o empreendedorismo indiano respondeu por 32% das empresas fundadas por imigrantes na região. E alguns dos mais inteligentes analistas da comunidade se tornaram bilionários.

O templo hindu de Sunnyvale passou recentemente por uma reforma de US$ 2,4 milhões e reabriu com um enorme hall onde estão dezenas de estátuas de mármore de divindades da religião.

“Viajamos mais de 16 mil quilômetros para estabelecer aqui nossos lares e trouxemos nossa essência conosco”, explica Annapurna Devi Pandey, professora de Antropologia da Universidade da Califórnia em Santa Cruz. “Sabemos que nossos filhos serão criados aqui, portanto queremos que este seja um lugar onde eles se sintam em casa.”

A igreja da ‘não religião’

No coração do Vale, em Palo Alto, a C3 Church (Christian City Church) promove seus cultos com o slogan: “Você não é religioso? Nós também não!”. Todos os domingos, a C3 enfeita com bandeirinhas uma sala alugada de um centro comunitário judaico.

O clima dentro do auditório escuro é mais de boate do que de igreja. E a abordagem junto aos fiéis é bastante energética, uma aposta do pastor Adam Smallcombe, um australiano que se mudou para o Vale do Silício com o objetivo de fundar a igreja.

“Queríamos que as pessoas tivessem um sentimento de pertencer a algo maior, independentemente de suas crenças”, explica ele. A C3 se diz “não religiosa” em suas atividades e não se enquadra no que “o governo define como sendo uma organização religiosa”.

“Em vez disso, acreditamos que a comunidade vem antes de Cristo”, afirma o pastor.

Vadim Lavrusik, gerente de produto do Facebook, frequenta a C3 com sua família. Para ele, a igreja reflete a cultura empresarial do Vale, onde a ideia de “pensar fora da caixinha” é aplaudida. “Me sinto incentivado a refletir mais e a encontrar soluções novas para os problemas”, conta.

Religiosos ou não, os fieis do Vale do Silício parecem ter dado trégua à cultura local do sucesso a qualquer preço. A adoção da espiritualidade se tornou mais fácil e menos estigmatizada nessa sociedade movida a dados objetivos.

“O Vale do Silício pode ser um mundo autocentrado onde as pessoas se perdem tentando criar a nova grande tecnologia ou a nova grande empresa”, afirma Vaccarello. “Mas isso nem sempre é a receita da felicidade.”

Leia a versão original desta reportagem em inglês

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A polícia de Dubai prendeu um homem de origem asiática que impediu a ajuda de uma equipe de socorristas a sua filha, no momento em que ela se afogava, com o argumento de que não queria que desconhecidos a tocassem e “desonrassem”, informa a imprensa.
A jovem de 20 anos estava se afogando quando a equipe de emergência chegou para ajudar a vítima.

“Mas o pai se mostrou violento e disse que preferia que a filha morresse a ser tocada por um desconhecido”, afirmou o tenente-coronel Ahmed Burqibah, (foto acima) diretor do departamento de busca e resgate da polícia de Dubai, ao site Emirates 24/7.

“Este é um daqueles incidentes que jamais esquecerei”, disse, em entrevista ao Daily Mail. “Eu e todos os envolvidos ficamos estarrecidos”.

“Ele ficou cego pela crença de que seria uma desonra que um homem ‘desconhecido a tocasse’, disse Burqibah.
Segundo as autoridades, o pai tinha levado sua família para fazer um piquenique na praia, mas repentinamente, a filha começou a se afogar.

O pai da jovem, que não teve a nacionalidade divulgada, foi detido e será processado por ter impedido que os socorristas salvassem a vida de sua filha.

Fonte: http://www.unilad.co.uk/articles/dad-lets-daughter-die-after-refusing-to-let-rescuer-touch-her/

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Dois estudos, recentemente publicados, abalam o sistema de valores que a pós-modernidade criou. Neles, os pesquisadores investigaram quais são os hábitos saudáveis para ter uma boa saúde mental e os elementos que levam as pessoas a realizar-se no trabalho. Surpresa! A vivência religiosa é um dos fatores de maior destaque, bem acima do dinheiro, voluntariado, estudo ou carreira profissional.

Trata-se de estudos independentes desenvolvidos pela Escola de Negócios de Londres  e um site dedicado à análise da remuneração dos trabalhadores. Os pesquisadores não esperavam por estes resultados – e por isso os estudos certamente não serão muito divulgados pela mídia; provavelmente serão silenciados.

Ir à missa é mais saudável que fazer exercício físico

O culto ao corpo e o cuidado da saúde estão na moda. Somos bombardeados por propagandas de hábitos saudáveis: boa alimentação, exercício físico etc.

No entanto, o estudo mostra que participar das atividades da Igreja pode ser inclusive mais saudável para a saúde mental que todas estas recomendações.

The London School of Economics and Politica Science  mostra o acompanhamento realizado durante 4 anos a 9.000 europeus com mais de 50 anos de idade, e a grande surpresa é que a única atividade associada a uma felicidade duradoura está relacionada à assistência regular à igreja, à sinagoga ou à mesquita.

O epidemiólogo Mauricio Avendaño explica: “A Igreja parece desempenhar um papel social muito importante para afastar a depressão e também como um mecanismo de sobrevivência durante os períodos de doença na idade adulta”.

O especialista chegou a se questionar se o que estava em jogo era mesmo a religião ou simplesmente o sentimento de pertença a algo, mas os dados do estudo evidenciam que o pertencimento a instituições comunitárias ou políticas só proporciona benefícios a curto prazo em termos de saúde mental – e, de fato, parecem desencadear sintomas depressivos a longo prazo.

“Os participantes têm um maior sentimento de recompensa quando se unem pela primeira vez a uma organização, mas, quando se trata de um grande esforço e não recebem nada em troca, os benefícios podem desaparecer depois de um tempo”, esclarece Avendaño.

‘Se você quer ser feliz, vire padre’

Um novo estudo, desta vez realizado por PayScale, especializada na análise da remuneração dos trabalhadores, mostra que a “profissão” na qual as pessoas são mais felizes é… o sacerdócio. Os padres são as pessoas mais realizadas profissionalmente.

Cerca de 98% dos sacerdotes acompanhados durante o estudo mostraram que seu emprego é significativo para eles – seguidos por 96% das pessoas dedicadas à educação ou a questões relacionadas à atividade religiosa.

O ranking analisou 454 profissões, levando em consideração inclusive o salário e a percepção de que o próprio trabalho faz do mundo um lugar melhor para se viver. O salário médio dos padres e pessoas dedicadas à atividade religiosa é baixo, o que surpreende ao conhecer a grande satisfação profissional que esta atividade traz.

Para saber mais sobre os estudos, clique aqui e também aqui.

Aleteia

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O itinerário

A penosa estrada percorrida ao longo da história do pensamento pode ser resumida essencialmente em uma pergunta: quem sou eu?

Esse questionamento é o eixo fundamental da filosofia e o ponto de partida da razão humana. O dinamismo da razão e a energia do “motor humano” ganharam vida quando, pela primeira vez, o homem sentiu-se tocado, provocado pela realidade.

Na verdade, a beleza da filosofia está justamente na sua capacidade de conectar pontos distantes da história unindo gerações, aproximando seres humanos a partir dessa experiência, a partir do confronto com a realidade.

Desde a filosofia grega, a grande tarefa dos pensadores foi desvelar a realidade (em grego, aletheia), ou seja, arrancar o “véu” que cobre a realidade, descobrir a Verdade. Para tanto, era preciso escolher um hodós, ou melhor, determinar um methodos (nisso, Parmênides em especial, foi brilhante).

Mas, esse era só o início de uma caminhada. Ao longo dos séculos a humanidade percorreu diversas vias. Andamos por vias estreitas, largas, obtusas, retas, enfim, buscamos várias alternativas para chegarmos à Verdade.

A questão que nos importa agora é: os homens alcançaram essa Verdade?

A via racionalista

Já foi dito que o que põe em ação o motor humano é esse desejo pela Verdade. Na história da filosofa, um dos caminhos mais notórios para se alcançar esse objeto de desejo foi a razão. Podemos citar inúmeros racionalistas notáveis: Sócrates, Descartes, Rousseau, Nietzsche, etc.

Para tentar entender o racionalismo, precisamos de um ponto de partida. Prefiro escolher um problema: do que a razão é capaz?

Vamos fazer uma rápida análise e em breve retornaremos ao problema.

Um olhar atento sobre a história nos faz perceber que o mundo contemporâneo é herdeiro direto do pensamento iluminista, e, portanto, racionalista. A deusa razão de Robespierre ainda encanta muitas pessoas ao redor do globo.

As correntes modernas de pensamento tais como o existencialismo, o neoateísmo, o comunismo e o positivismo, são manifestações expressas da crença na infalibilidade da razão. A questão é descobrir, dentro do racionalismo, que “coisa” é essa que é capaz de atrair tantos homens e mulheres no decorrer desses séculos.

Sem mais delongas, explico. Essa “coisa” se chama ilusão de liberdade.

A LIBERDADE – Um dos temas centrais da filosofia, que representa também o cerne da corrente existencialista, é a tal liberdade. Objeto de valor inestimável, ela encabeçou e lançou as bases do liberalismo, foi causa de guerras e revoluções, foi tema de poemas, pinturas e músicas. Definitivamente, não há como negar o fato de que a liberdade representa um dos pilares do espírito humano. Fica fácil compreender, portanto, que a liberdade é também objeto de desejo dos homens.

Antes de voltarmos ao problema da razão, somos obrigados a fazer um último questionamento. É possível ser livre? É possível não ser?

Respondo logo. Sim, é possível ser e não ser livre. Para explicar trago o seguinte exemplo:

“A conseqüência essencial de nossas observações anteriores é a de que o homem, estando condenado a ser livre, carrega nos ombros o peso do mundo inteiro: é responsável pelo mundo e por si mesmo enquanto maneira de ser” (SARTRE, Jean-Paul, O ser e o nada. Ed. Vozes, 16ª edição; pg. 678, grifo nosso).

O pensamento de Sartre é categórico. Os seres humanos estão condenados à liberdade, ou seja, essa condição é inerente à natureza humana.

Agora, isso me parece certo? De maneira alguma!

O filósofo francês pressupôs que a liberdade era uma imposição da nossa natureza, que ela fazia parte da nossa condição, quando, na realidade, era e é simplesmente um objeto a ser alcançado, assim como a Verdade.

E isso nos remete finalmente ao problema da razão.

O erro ou a falsa percepção da realidade por parte do existencialista decorreu de uma noção errada de razão, de ser humano. A mentalidade moderna costuma considerar que a razão é apenas um conjunto de categorias nas quais a realidade é obrigada a entrar. Tudo aquilo que não entra nessas categorias é tido como irracional. Assim, o homem moderno quer ter a pretensão de encarar, de enfrentar a realidade com a razão. Em última instância, o que Sartre e o homem moderno pretendem é definir o ser humano com a razão. Um erro crasso!

Jamais conseguiremos nos definir partindo unicamente da razão. Alguns podem perguntar, “Mas, existe outro modo?”. Não. Não há como o homem definir totalmente o próprio homem.

A pergunta que se impõe neste momento, portanto, é outra: mesmo estando presos à condição humana, às limitações humanas, é possível chegar a uma conclusão satisfatória?

Sim. É só uma questão de método.

O coração, a razão e a realidade

Se a via racionalista é deficiente, como devemos proceder?

Para obtermos uma correta percepção da realidade, devemos sim fazer uso da razão, porém, também devemos usar o nosso “coração”. Explico. O “coração” nada mais é do que aquele conjunto de exigências e evidências com as quais o homem é lançado no confronto com tudo que existe (por exemplo, a exigência de felicidade).

Não há como negar que queremos ser livres, que queremos ser felizes. No fundo, no fundo, esses desejos de Verdade, Justiça, Liberdade e Felicidade emergem do nosso coração. Por mais que queiramos negar a existência desses objetos, se levarmos honestamente em conta esses desejos inevitáveis, não há como achar essa postura sensata.

Em suma, o que quero dizer é o seguinte: o coração e a razão são inseparáveis instrumentos de que dispõe o ser humano para confrontar a realidade. Ambos são inerentes à nossa constituição, ou seja, eles nos foram dados.

Por que o coração?

Por que não podemos usar unicamente a razão para chegar às respostas que nos interessam? É simples. O coração é mais que um instrumento humano, é um critério de avaliação. Que isso quer dizer? Quer dizer que toda a nossa vida, todas as escolhas que fazemos se baseiam nesse critério elementar.

Por exemplo. Nós acordamos e temos disposição num dia que amanhece, pois alimentamos a vontade de nos realizarmos um dia, de sermos felizes mesmo que por um breve período. Em outras palavras, se perdemos toda a esperança na Felicidade, no encontro real da Verdade, perdemos também a vontade de viver.

Dar ouvidos, portanto, ao coração, significa dar um passo importante no caminho em direção à Verdade, à Felicidade. Esse é o método, esse é o caminho que devemos escolher.

Um novo problema: Deus

Uma dinamite explodiu no fim do século XIX: “Gott ist tot!”. O século XX abriu as portas de sua história ao som da voz retumbante do profeta Zaratustra que exclamava: Deus está morto!

Até então ele havia vivido nas cabeças dos religiosos, mas seu fim estaria decretado com o nascimento do Übermensch, ou Super-homem. Já não havia espaço para Deus no mundo futuro previsto por Friedrich Nietzsche.

Nos dias de hoje, contudo, em pleno século XXI, a problemática de sua existência ainda não foi racionalmente solucionada. E nem será. Até porque, se não temos capacidade de entender totalmente nem a nossa própria condição humana, imagine o problema divino.

As religiões e o preconceito

A mentalidade contemporânea considera que fides et ratio são absolutamente incomunicáveis. Se falamos de Fé, estamos num campo, se falamos de Razão, estamos noutro. Quero desmistificar essa idéia.

Antes, contudo, vou fazer algumas colocações sobre o preconceito que sofre a realidade religiosa.

A mentalidade iluminista costuma taxar as pessoas religiosas de ignorantes. Também quero discordar disso. A religião é uma realidade humana, e, enquanto realidade, deve ser encarada de outra maneira. Quando julgamos a experiência religiosa de outra pessoa devemos ter critérios justos de avaliação.

Dizer, “é um ignorante”, sem ao menos ter assumido o compromisso de conhecer essa realidade religiosa é uma arrogância. Age de modo equívoco também, quem tiver a pretensão de querer conhecer essa realidade através da história, da doutrina, ou até mesmo da teologia de determinada religião. Como devemos agir então? Explico logo abaixo.

Como realizar uma avaliação justa?

Vamos pensar sobre a seguinte afirmação: “Sou Católico Apostólico Romano. Faço a experiência da convivência na comunidade cristã e professo um credo determinado” (esse é o meu caso, por sinal).

Podemos levantar uma série de questões intrincadas da Igreja Católica: a fraqueza dos padres, a imprecisão da teologia, a Inquisição, a razão dos sacramentos, da ortodoxia, do tradicionalismo, enfim, várias!

Se partimos, porém, desse ponto, incorremos em erro. Como disse, quero propor uma avaliação que não dependa unicamente do estudo racional de certa religião. Como, então, devemos realizar essa avaliação?

Devemos avaliar determinada religião a partir de uma experiência pessoal e não de um mero exercício de raciocínio.

Ou seja, para avaliar uma realidade religiosa precisamos nos jogar inteira e sinceramente numa experiência religiosa. E como fazemos isso? Vou tentar explicar.

Em relação à experiência religiosa só posso falar pelo Catolicismo. Estou pressupondo, portanto, que a religião Católica é a única capaz de conduzir o homem à Verdade. Por que e como cheguei a essa conclusão? De modo simplista poderia dizer: usando da Fé e da Razão. Mas, prefiro ir além.

A pretensão e a experiência cristãs

Qual é a origem da pretensão cristã? Doutrinária e teologicamente falando, é a afirmação do fato de que Deus se fez homem na figura de Cristo. Ou seja, é a afirmação racional do movimento inesperado e inverso do próprio Deus que se fez homem e veio ao encontro da humanidade. Será isso possível? Isso faz sentido? – quem faz essas perguntas é a nossa razão.

E é aqui que devemos recorrer ao nosso coração.

Se o nosso coração nos impõe o desejo de infinito, devemos tentar saciá-lo mesmo que racionalmente pareça uma tolice. Se conseguirmos deixar de lado os nossos preconceitos racionalistas (aquele apego desesperado e demasiado a tudo que é exclusivamente racional), abriremos caminho para uma experiência. Aliás, o caminho para a Verdade é uma experiência.

E de que trata essa tal experiência cristã? De um encontro. Um encontro pessoal, inexplicável e irresistível com uma Presença: o próprio Cristo que se faz presente na realidade humana. O próprio Deus que vêm novamente ao encontro do homem… a cada dia, a cada momento.

Quando uso minha razão para tentar compreender essa realidade, tudo me parece absurdamente impossível, mesmo sendo católico praticante. É normal que assim seja. É por isso que a proposta católica é a vivência da fé (dar ouvidos ao coração) e da razão. Porque quando excluímos ou negligenciamos esse nosso desejo de infinito, deixamos de compreender uma parte essencial de nós mesmos. Quando deixamos que ele venha à tona, passamos a viver uma nova dimensão da realidade. A dimensão da Fé.

Isso não significa que estamos sendo irracionais ou que não estamos fazendo uso da razão. A razão vai ser de grande valia no estudo histórico, doutrinário e teológico. Contudo, ele só deve ser desenvolvido depois dessa experiência, depois do encontro real, profundo e único do homem com Deus.

O que tento dizer, em outras palavras, é que devemos ser realistas. Quer dizer, devemos conhecer a realidade religiosa segundo um método que me é imposto e que, portanto, não foi escolhido por mim, não foi idealizado por mim. Se nós pudéssemos escolher o método, certamente escolheríamos a razão, ou seja, escolheríamos conhecer a realidade religiosa com a razão. Mas, não podemos! O método para se conhecer essa experiência é determinado pelo próprio objeto em análise e não por nós.

Para concluir, lembro uma frase extremamente significativa de Alexis Carrel: “Muito raciocínio e pouca observação conduzem ao erro. Pouco raciocínio e muita observação conduzem à verdade”. Espero que os leitores consigam observar mais os acontecimentos que gritam aos nossos ouvidos e deixem de construir, ingenuamente, realidades ideológicas.

André Rodrigues

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Na mesma semana em que a Suprema Corte dos EUA oficializou a união homossexual em todo o país, uma pesquisa de opinião do Instituto Gallup mostra que a sociedade americana hoje considera “aceitáveis” comportamentos que antes rejeitava.

Antes considerados como “tabu” e moralmente inaceitáveis, vários tipos de comportamento foram, de certa forma, absorvidos e agora aceitos como algo “natural”.

Por exemplo, chegou a um índice recorde o apoio a relações de pessoas do mesmo sexo, o nascimento de um bebê fora do casamento e sexo entre um homem e uma mulher solteira. Há também uma crescente aceitação do divórcio, da pesquisa com células-tronco e da poligamia, indica o Gallup.

Se em 2001, apenas 40% das pessoas disseram não ter problemas com as relações gays, em 2015 o índice chegou a 63%, um aumento de mais de 50% em 14 anos.

Em 2001, apenas 45% das pessoas diziam que ter um bebê fora do casamento era aceitável. Agora a aceitação chega a 61%, um aumento de 16 %.

Sexo entre um homem e uma mulher solteira era vista como moralmente aceitável por 53% dos entrevistados em 2001. Agora 68% consideram isso moral, um aumento de 15%.

A aceitação do divórcio aumentou de 59% para 71 % desde 2001, um aumento de 12%. Pesquisas com células-tronco eram aceitas por 52%, agora são 64%, um salto de 12%.

A poligamia (ter mais de um cônjuge ao mesmo tempo) era “moralmente aceitável” por apenas 7% das pessoas em 2001, agora mais que dobrou, sendo aprovados por 16%, da população.

A clonagem de seres humanos tinha igualmente 7% de aceitação em 2001, chegando a 15% agora, mais de 100% de aumento. A clonagem de animais variou menos, indo de 31 para 34%. O suicídio assistido por médicos tinha aceitação 49% 14 anos atrás, alcançando o patamar de 56 % agora.

Cometer suicídio passou de 13% para 19% na aceitação moral, um aumento de quase 50%. Aceitação moral do aborto aumentou de 42 para 45% desde 2001.

Um aspecto com menor variação foi a pergunta “Você aceitaria que seu cônjuge tivesse um caso?”. Somente 7% disseram que sim em 2001; 8% aceitariam essa situação agora.

A popularidade da pena de morte foi a única que diminuiu. Tinha o apoio de 63% da população em 2001, caindo para 60% em 2015.

***

O Instituto Gallup publicou outra pesquisa que mostra uma mudança distinta na sociedade. Os americanos mostram ter o menor índice de confiança na religião organizada da história.

Antes considerada “um pilar da liderança moral na cultura da nação”, a Igreja cristã – como religião predominante – estava em primeiro lugar na confiança durante os anos 1980.

Lydia Saad, autora do relatório divulgado recentemente, explica que ao se falar em confiança, remete-se a “um juízo de valor sobre a forma como a instituição é percebida, uma marca da quantidade de respeito que lhe é devido”.

Houve um ligeiro aumento na confiança dos católicos, por exemplo, que parece ser devido à popularidade do Papa Francisco.

De modo geral, igreja/religião agora está em quarto lugar na pesquisa do Gallup. Fica atrás dos militares, empresas de pequeno porte e da polícia. Atrás dela vem o sistema de saúde, o Congresso e a mídia.

“Quase todas as organizações perderam na confiança, mas a popularidade da religião caiu mais que todas”, disse Saad.

Na primeira pesquisa do tipo, em meados da década de 1970, a confiança da sociedade em geral na igreja ou religião organizada beirava os 70%. Em 2015, o índice é de apenas 42%.

Um dos resultados mais significativos desta pesquisa é que ela corrobora com as estatísticas que mostram um abandono crescente da Igreja. O aumento dos “sem religião” é muito em consequência dessa perda de confiança, reitera Saad.

Na análise estratificada, o Instituto Gallup mostra que evangélicos e católicos tem o mesmo percentual de confiança. Cinquenta e um por cento de cada grupo diz confiar plenamente na Igreja. A sucessão de escândalos envolvendo líderes religiosos atingiu mais os evangélicos, uma vez que 73% diziam confiar na Igreja em 1985.

Por outro lado, a confiança dos católicos teve seu ponto mais baixo (41%) durante o auge dos escândalos de abuso sexual em 2002. Analistas creditam essa recuperação de 10 pontos percentuais à atuação do Papa Francisco. 

Fonte: Religion News e Prophecy News Watch 

Via Gospel Prime

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A religião – a crença em seres sobrenaturais, incluindo deuses e fantasmas, anjos e demônios, almas e espíritos – está presente em todas as culturas e permeia toda a História. A discussão sobre a vida após a morte remonta a, pelo menos, 50.000 a 100.000 anos atrás.

É difícil obter dados precisos sobre o número de crentes de hoje, mas algumas pesquisas sugerem que até 84% da população do mundo são membros de grupos religiosos ou dizem que a religião é importante em suas vidas.

Vivemos em uma era de um acesso ao conhecimento científico sem precedentes, o que alguns acreditam que é incompatível com a fé religiosa. Então, por que a religião é tão difundida e persistente?

Os psicólogos, filósofos, antropólogos e até mesmo os neurocientistas sugerem possíveis explicações para a nossa disposição natural de acreditar, e para o poderoso papel que a religião parece ter em nossas vidas emocionais e sociais.

Morte, cultura e poder

Mas antes de falar das teorias atuais, é preciso entender como surgiram as religiões ( aqui o autor fala das religiões em seu sentido natural, como uma criação do homem. A fé nos ensina que a busca por Deus está escrito na natureza humana e prepara, de certa forma, o coração do homem para encontrar seu criador: O Deus eterno encarnado em Jesus Cristo! A religião cristã é uma “revelação” e não criação do homem naturalmente religioso. O texto retrata bem a visão leiga do tema, buscando, claro! respostas naturais para o fenômeno

As primeiras atividades religiosas foram em resposta a mudanças corporais, físicas ou materiais no ciclo da vida humana, especialmente a morte.

Os rituais de luto são uma das mais antigas formas de experiência religiosa. Muitos de nossos antepassados não acreditavam que a morte era necessariamente o fim da vida – era apenas uma transição.

Alguns acreditavam que os mortos e outros espíritos podiam ver o que estava acontecendo no mundo e ainda tinham influência sobre os eventos que estão ocorrendo.

E essa é uma noção poderosa. A ideia de que os mortos ou até mesmo os deuses estão com a gente e podem intervir em nossas vidas é reconfortante, mas também nos leva a ter muito cuidado com o que fazemos.

Os seres humanos são essencialmente sociais e, portanto, vivem em grupos. E como grupos sociais tendem à hierarquia, a religião não é exceção.

Quando há um sistema hierárquico, há um sistema de poder. E em um grupo social religioso, a hierarquia localiza seu membro mais poderoso: a divindade – Deus.

É para Deus que temos de prestar contas. Hoje em dia, a religião e o poder estão conectados. Estudos recentes mostram que lembrar de Deus nos faz mais obedientes.

Até em sociedades que reprimiram a fé, surgiu algo que tomou seu lugar, como o culto a um líder ou ao Estado.

E quanto menos estável é um país politica ou economicamente, mais provável que as pessoas busquem refúgio na religião. Os grupos religiosos podem, ao menos, oferecer o apoio que o Estado não fornece a quem se sente marginalizado.

Assim, fatores sociais ajudam a desenvolver e fortalecer a fé religiosa, assim como a forma como nos relacionamos com o mundo e com os outros.

Outras mentes

Em todas as culturas, os deuses são, essencialmente, pessoas, mesmo quando têm outras formas.

Hoje, muitos psicólogos pensam que acreditar em deuses é uma extensão do nosso reconhecimento, como animais sociais, da existência de outros. E uma demonstração da nossa tendência de ver o mundo em termos humanos.

Nós projetamos pensamentos e sentimentos humanos em outros animais e objetos, e até mesmo nas forças naturais – e essa tendência é um dos pilares da religião.

Assim argumentou-se que a crença religiosa pode ser baseada em nossos padrões de pensamento e de cultura humana. Alguns cientistas, no entanto, foram além e analisaram nossos cérebros em busca do lendário “ponto Deus”.

Deus no cérebro

Os neurocientistas têm tentado comparar os cérebros dos crentes e ao dos céticos, para ver o que acontece no nosso cérebro quando rezamos ou meditamos. Se conhece pouquíssimo sobre esse campo – mas há algumas pistas, especialmente no que diz respeito às aéreas cerebrais.

O córtex pré-frontal medial está fortemente associado com a nossa capacidade e tendência para entender os pensamentos e sentimentos dos outros. Muitos estudos têm mostrado que esta região do cérebro está especialmente ativa entre os crentes religiosos, especialmente quando estão rezando. Isso corrobora a visão de que a fé religiosa é uma forma de interação social.

Já o lobo parietal, de acordo com estudos pode estar envolvido em experiências religiosas, especialmente aquelas caracterizadas com a dissolução do ego.

Pontuando a vida

Na medida em que estamos constantemente à procura de padrões, estruturas e relações de causa-efeito, a religião pode fornecer uma variedade de estratégias para que essa busca faça sentido

As crenças religiosas ajudam os seres humanos a se organizar e dar sentido a suas vidas. E em todas as culturas, e até mesmo entre ateus, os rituais podem ajudar a pontuar eventos importantes da vida.

Embora nem a neurociência, nem a antropologia e nem filosofia tenham uma resposta definitiva para a questão “Deus existe?”, todas essas disciplinas dão pistas sobre como nós respondemos às nossas mais profundas necessidades humanas.

Talvez não sejamos programados para acreditar em Deus ou em um poder sobrenatural, mas somos animais sociais com uma necessidade evolutiva de ficar conectado com o mundo e com os outros.

Fonte: BBC

REUTERS523572_ArticoloO Centro de pesquisas dos Estados Unidos Pew Research Center publicou, nesta quinta-feira, 13/11, um amplo levantamento intitulado “Religião na América Latina – Mudança generalizada em uma região historicamente católica”. Com base em entrevistas pessoais realizadas em 18 países da América Latina e Caribe – incluído o território norte-americano de Porto Rico e excluída Cuba – entre outubro de 2013 e fevereiro de 2014, o estudo afirma que 69% da população do continente latino-americano e do Caribe identifica-se como católica.

A América Latina e o Caribe reúnem mais de 425 milhões de católicos, aproximadamente 40% do total da população católica mundial. No Brasil, o número de adultos que se declaram católicos, segundo o relatório, é de 61%. Já o de protestantes e evangélicos é de 26%. Neste ponto, o estudo revela que, atualmente, um em cada cinco brasileiros é ex-católico. O arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, atribui a dois fatores principais essa diminuição dos católicos no Brasil em relação aos 1970, quando 92% da população brasileira se declarava católica.

“Eu creio que, hoje, a propaganda da prosperidade e de resolução de problemas pessoais – como se fosse um pronto-socorro – tem sido muito grande. A isso, soma-se a influência da mídia americana que desde 1970, junto com o interesse político por parte de alguns países, faz de tudo para diminuir a presença católica no Brasil”, afirmou a RV.

Milagres sob encomenda

Dentre os principais motivos apresentados pelos ex-católicos brasileiros para a saída da Igreja católica, para 81% a “busca por uma conexão pessoal com Deus” foi determinante, enquanto para 59% o importante foi “ter encontrado uma igreja que ajuda mais os membros”. Dom Orani acredita que essas respostas refletem a sociedade atual, marcada pelo individualismo e pelo egoísmo.

“Cada um pensa em si e deseja resolver rapidamente os seus problemas. E num país que até bem pouco tempo atrás havia muita dificuldade – e ainda há – com relação à saúde, com relação a atendimento, ter um pronto-socorro espiritual para resolver os seus problemas é algo que tem levado muita gente à adesão dos ‘milagres sob encomenda”, explica o arcebispo do Rio de Janeiro.

Papa Francisco

A pesquisa ouviu ainda a opinião dos católicos latino-americanos sobre a figura de Papa Francisco. Em todos os países, mais de 78% dos católicos são favoráveis ao magistério do Papa. No Brasil, a aprovação de Papa Francisco sobe para 92% enquanto na Argentina é de 98%.

Dom Orani, anfitrião do Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro, acredita que o novo impulso que Francisco trouxe à Igreja “suscita em cada um de nós uma oportunidade de descobrirmos – ainda mais e melhor – os caminhos de evangelização nos tempos atuais para que possamos ficar mais próximos do nosso povo”, concluiu.

Fonte: Rádio Vaticano