No Instituto Gregoriano do Colégio Beneditino, nós consideramos que está na hora de os católicos promoverem imaginativa e vigorosamente a confissão. E não somos nós que estamos dizendo isso: “A renovação da Igreja depende da renovação da prática da penitência”. (Papa Bento XVI no National Stadium, em Washington)
O papa João Paulo II passou os últimos anos da sua vida na terra pedindo que os católicos retornassem à confissão, inclusive mediante um documento “motu proprio” urgente e através da encíclica sobre a Eucaristia.
Ele chamou a crise na Igreja de “crise da confissão” e escreveu aos sacerdotes: “Sinto a necessidade premente de exortá-los, como fiz no ano passado, a redescobrir para si mesmos e ajudar os outros a redescobrirem a beleza do sacramento da reconciliação”.
Por que toda essa importância dedicada à confissão?
Porque quando fugimos dela, nós perdemos o senso do pecado. E a perda do senso do pecado é a raiz de muitos males do nosso tempo, do abuso de crianças à desonestidade financeira, do aborto ao ateísmo.
Como, então, promover novamente a confissão?
Sugiro 7 motivos, tanto naturais quanto sobrenaturais, para voltarmos à confissão:
1. Porque o pecado impõe um fardo sobre as nossas costas.
Um terapeuta conta a história de um paciente que passava por um ciclo terrível de depressão e de repulsa por si mesmo desde o ensino médio. Nada parecia ajudá-lo. Um dia, o terapeuta encontrou o paciente na frente de uma igreja católica. Eles entraram na igreja porque tinha começado a chover e viram uma fila de pessoas indo ao confessionário.
“Será que eu não devia ir também?”, perguntou o paciente, que tinha recebido o sacramento quando criança. “Não!”, respondeu o terapeuta.
O paciente foi assim mesmo. Saiu do confessionário com seu primeiro sorriso em anos e começou um processo de melhora que se prolongou durante as semanas seguintes. O terapeuta começou a estudar mais sobre a confissão, se converteu ao catolicismo e hoje aconselha a confissão regular a todos os seus pacientes católicos.
O pecado nos leva à depressão porque não é apenas uma violação arbitrária de regras: é uma violação da finalidade proposta por Deus ao nosso próprio ser. A confissão elimina a culpa e a ansiedade causadas pelo pecado e nos traz a cura.
2. Porque o pecado nos vicia.
Aristóteles disse: “Nós somos o que fazemos repetidamente”. O Catecismo diz: “O pecado cria uma propensão ao pecado”. As pessoas não apenas mentem: elas se tornam mentirosas. Nós não apenas roubamos: nós nos tornamos ladrões. O pecado vicia. A ruptura com o pecado nos redefine, permitindo que iniciemos novos hábitos de virtude.
“Deus está determinado a libertar os seus filhos da escravidão e conduzi-los à liberdade”, disse o papa Bento XVI. “E a escravidão pior e mais profunda é a do pecado”.
3. Porque precisamos desabafar.
Se você quebra um objeto de grande valor afetivo pertencente a um amigo, você nunca ficará satisfeito só com o fato de sentir remorso. Você se sentiria obrigado a explicar a ele o que fez, expressar a sua tristeza e fazer o que for necessário para consertar o estrago.
Acontece o mesmo quando “quebramos” algo em nosso relacionamento com Deus. Precisamos dizer a Ele que sentimos muito e tentar corrigir o erro.
O papa Bento XVI nos lembrou que nós temos que sentir a necessidade de confessar os nossos pecados, mesmo que eles não sejam graves. “Nós limpamos as nossas casas, os nossos quartos, pelo menos uma vez por semana, embora a sujeira seja sempre a mesma, para vivermos na limpeza, para começarmos de novo”, disse ele. “Podemos dizer algo semelhante quanto à nossa alma”.
4. Porque a confissão nos ajuda a nos conhecer.
Nós nos enxergamos, normalmente, de um jeito errado. A nossa opinião sobre nós mesmos é como uma série de espelhos distorcidos. Às vezes, vemos uma versão maravilhosa e imponente de nós mesmos. Às vezes, vemos uma versão grotesca.
A confissão nos obriga a olhar para as nossas vidas objetivamente, a separar os verdadeiros pecados dos sentimentos ruins e a nos vermos como realmente somos.
O papa Bento XVI afirmou: “A confissão nos ajuda a ter uma consciência mais alerta, mais aberta e, portanto, também nos ajuda a amadurecer espiritualmente e como pessoas humanas”.
5. Porque a confissão ajuda as crianças.
As crianças também precisam se confessar. Alguns autores têm enfatizado os aspectos negativos da confissão na infância: segundo eles, a confissão as “forçaria a pensar em coisas que geram culpa”.
Mas não precisa ser desse jeito.
Danielle Bean, da Catholic Digest, explicou certa vez que os seus irmãos e irmãs se confessavam e depois rasgavam o papel em que tinham escrito a confissão, jogando-o na lixeira da igreja. “Que libertação! Jogar os meus pecados de volta ao lixo de onde eles vieram! ‘Bati na minha irmã seis vezes’ e ‘respondi quatro vezes para a minha mãe’ não eram mais um fardo que eu tinha que carregar!”.
A confissão pode ajudar as crianças a desabafar sem medo, a receber o aconselhamento gentil de um adulto quando elas estão preocupadas ou com medo de falar com os pais. Um bom exame de consciência pode orientar as crianças a pensar nas coisas apropriadas para confessar. Muitas famílias fazem da confissão um passeio seguido de um sorvete!
6. Porque confessar os pecados mortais é necessário.
O Catecismo diz que o pecado mortal não confessado nos exclui do Reino de Cristo e nos causa a morte eterna no inferno, porque a nossa liberdade tem o poder de fazer escolhas definitivas. A Igreja nos lembra reiteradamente que os católicos em pecado mortal não podem receber a comunhão sem antes se confessarem.
O pecado é mortal quando reúne simultaneamente três condições: matéria grave, pleno conhecimento e consentimento deliberado, explica o Catecismo.
Os pecados que implicam matéria grave incluem, por exemplo, o aborto e a eutanásia, qualquer atividade sexual extraconjugal, o roubo, a pornografia, a calúnia, o ódio, a inveja, a não participação da missa aos domingos e nos dias de preceito, entre outros.
7. Porque a confissão é um encontro pessoal com Cristo.
Na confissão, é Cristo quem nos cura e nos perdoa através do ministério do sacerdote. Temos um encontro pessoal com Cristo no confessionário. Assim como os pastores e os magos na gruta de Belém, nós encontramos reverência e humildade. E, assim como os santos na crucificação, nós encontramos gratidão, arrependimento e paz.
Não há maior realização na vida do que ajudar outra pessoa a voltar à confissão.
Temos que estar dispostos a falar da confissão do jeito que falamos de todos os outros eventos significativos da nossa vida. O comentário espontâneo “Não vou poder nesse horário porque vou me confessar” pode ser mais convincente do que um discurso teológico. E se a confissão é um evento significativo em nossas vidas, ela é também uma resposta apropriada para a pergunta “O que você vai fazer neste fim de semana?”. Além disso, muitos de nós têm histórias engraçadas ou interessantes para compartilhar sobre a confissão: por que não contá-las com naturalidade aos amigos?
Ajude a tornar a confissão normal de novo! Ajude o máximo possível de pessoas a descobrir a beleza deste sacramento libertador!
Aleteia
– Dizia o Sacerdote: “quem foge da confissão foge de si mesmo. Mas, lá na frente, no dia fatal, dificilmente terá tempo para uma reconciliação segura com Deus”. E aproveito aqui para deixar algo deste texto – “Não há maior realização na vida do que ajudar outra pessoa a voltar à confissão”.