Por Pe. Thomas Loya
Como sacerdote e pastor eu recebo frequentemente telefonemas do tipo: “Pe. Tom, posso ir vê-lo? Estamos com problemas no nosso casamento”. Esse telefonema quase sempre vem da mulher. Quando ela finalmente consegue me ver, trazendo seu relutante marido, eu escuto sua história, suas dores e feridas. Quando terminam de contar tudo eu ofereço uma afirmação que é ao mesmo tempo encorajadora e confusa: “Não há problemas de casamento”.
É isso mesmo. Você leu direito: Não existem essas coisas chamadas “problemas no casamento”. Eu digo para o casal: “Vejam, o que normalmente chamamos de problema no casamento na verdade são problemas naquilo que se conhece como teologia do corpo. É uma questão de quem é o homem para a mulher e quem é a mulher para o homem. Se entendermos isso, tudo na vida irá bem. Se entendermos errado, tudo irá errado no mundo. Isso porque a pessoa humana é um microcosmos do universo, e o universo é um microcosmos da pessoa humana. A resposta para a questão “quem é o homem para a mulher e quem é a mulher para o homem” na verdade está revelada na linguagem dos nossos corpos de homem e de mulher, e portanto, em uma teologia do corpo.
A Teologia do Corpo nos dá o “por quê” escondido por trás de um ser humano, homem e mulher. A razão pela qual podemos confiar em nossos corpos como fonte de revelação da verdade é que, convenhamos, seja qual for a pessoa, qual religião tenha, qual sua etnia, profissão, seja rico ou pobre, todos temos um corpo, e este corpo é de homem ou de mulher. Enquanto seres humanos, nós fomos feitos de maneira integrada, e não compartimentalizada ou fragmentada. Por isso nossos corpos sexuados foram feitos para interagir de modo consistente com nosso coração, mente, emoções, ou seja, com todo o modo com que nos relacionamos com a realidade.
Não poderemos saber como ser homem e mulher enquanto não soubermos porque ser homem e mulher.
As feridas que aparecem em um relacionamento como o matrimônio são, na verdade, uma questão do homem e da mulher não saberem porque são homem e mulher. Isso leva a não saberem como ser homem e mulher, o que por sua vez leva a não saberem como ser um para o outro. Eles falham em ser complemento um para o outro naquilo para que foram feitos: ajudar a preencher as legítimas necessidades um do outro, e essas necessidades estão estampadas nos próprios corpos de homem e de mulher. Quando essa falha acontece, um processo de ferida emocional se inicia, e com o tempo resulta no que comumente chamamos de “problemas no casamento”.
Nossos corpos na verdade falam uma linguagem. Eles apontam para realidades transcendentes; o verdadeiro significado por trás de ser homem e mulher. A felicidade em um relacionamento, na verdade em toda a vida, resume-se a saber se estamos falando a verdade com nossos corpos, ou se estamos falando uma mentira.
Então, que linguagem é essa que nossos corpos de homem ou mulher podem falar? O que é a Teologia do Corpo, e para onde ela aponta? Nossos corpos masculino e feminino, precisamente pelo fato de serem sexuados, falam de uma linguagem de entrega, de dom. Os seres humanos descobrem quem realmente são apenas quando fazem de si próprios uma entrega (dom, doação) sincera para o outro. Isso está estampado em nossos próprios corpos de homem ou mulher. O corpo de um homem, por exemplo, não faz sentido a não ser em relação com o corpo de uma mulher, e vice-versa. As próprias partes do corpo de um homem são feitas de modo que possa se doar (fazer de si um dom) para uma mulher. O corpo de uma mulher é feito de modo que, por sua vez, ela possa fazer de si uma entrega ao homem. Essa é a única coisa que tem pleno sentido nas partes de seu corpo que caracterizam seu sexo. Os corpos masculino e feminino foram feitos para se ajustarem um ao outro. Mas junto com o corpo vem a mente, o coração, as emoções, na verdade vem nosso ser por inteiro.
Há todo um mundo de coisas a serem descobertas na linguagem dos nossos corpos. E essa linguagem detém o segredo para casamentos e relacionamentos felizes. Ela responde a questão: “Quem é o homem para a mulher, e quem é a mulher para o homem?”
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Do site: Theology of the Body .net
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