Fracassou a consulta popular para que os uruguaios se pronunciassem a favor da organização de um referendo para derrubar a lei de 2012 que legalizou o aborto no país. A consulta não atingiu o número de adesões necessário. Um total de 226.653 pessoas se pronunciaram a favor da iniciativa, o que representa 8,65% do total de cidadãos registrados para votar, informou o Tribunal Eleitoral após a apuração de 95,3% dos votos.

Para convocar um referendo sobre a lei era necessário que 25% dos registrados apoiassem a iniciativa na consulta pública não obrigatória. A lei que despenalizou o aborto nas primeiras 12 semanas de gestação foi aprovada em outubro de 2012, transformando o Uruguai no segundo país da América Latina a permitir a interrupção da gravidez, depois de Cuba. Na América do Sul também é legal na Guiana e na Guiana francesa.

A organização pró-aborto Cotidiano Mujer afirmou que os uruguaios deram “uma lição” aos críticos. Em comunicado, o grupo disse que os cidadãos provaram que são “mais livres, menos conservadores, mais iguais, menos despóticos, mais solidários e respeitosos do que nunca”. “Republicanos, democráticos e laicos. Como sempre”, acrescenta a nota, segundo a qual “mais de 2 milhões, 300 mil cidadãos e cidadãs (9 em 10) deram uma lição a grande parte da classe política”.

O deputado opositor Pablo Abdullah, impulsor do “ato de adesão”, como se denomina legalmente esta classe de votação no Uruguai, assumiu o fracasso, mas disse receber o golpe com “serenidade e tranquilidade”. Abdullah afirmou que para ele “já é uma satisfação” ter estabelecido uma “instância para que o povo tivesse a oportunidade de ser decidido”.

Segundo o parlamentar, “não se deve tomar esta convocação como um pronunciamento definitivo da cidadania”, embora “esteja claro que pelo o que resta deste período de governo”, 2010-2015, vai ser “difícil que este tema possa ser repensado”. Para ele, “no futuro, a sociedade decidirá se o debate deve ser reaberto ou não”.

* Com informações da Agência Efe e AFP

Esta não é a primeira vez que o arcebispo de Bruxelas, monsenhor Andre-Joseph Leonard, é agredido covardemente por integrantes dos novos movimentos sociais (que clamam por “tolerância”, mas, de tolerantes mesmo, não têm nada). Havíamos denunciado aqui, há dois anos, um ato de zombaria ao qual o prelado belga fora submetido, simplesmente por defender, como bispo católico, a doutrina moral da Igreja.
Hoje, o monsenhor Leonard foi mais uma vez agredido. O grupo extremista da vez é o Femen, conhecido por reunir mulheres histéricas que gostam de ficar nuas em lugares públicos. Recentemente, as “feminazis” invadiram a Catedral de Notre Dame, em Paris, comemorando a renúncia do Papa Bento XVI. Agora, o alvo é um purpurado católico. De acordo com O Globo, “o protesto foi contra a homofobia”.

As fotos são das agências AFP e Reuters. Todas foram editadas e devidamente tarjadas.
No fim da arruaça, “o arcebispo beijou uma imagem da Virgem Maria ao deixar a sala”.

Jornal Le Monde

Surpresa na Igreja da Inglaterra. Depois de 12 anos de procedimentos, de votações intermináveis, de discussões ferozes, o Sínodo rejeitou nessa terça-feira, 20 de novembro, a possibilidade de nomear bispas mulheres.

A decisão final surpreendeu, porque a grande maioria da Igreja da Inglaterra é favorável a essa medida. Votaram a favor quase três quartos dos membros do Sínodo. Mas as regras muito democráticas dessa Igreja exigiam uma maioria de dois terços em três Câmaras: a dos bispos, a do clero e a dos leigos. As duas primeiras se pronunciaram amplamente a favor da medida. Mas a terceira não, em que foram contados 132 votos a favor e 74 contra. Uma mudança de seis votos ou uma abstenção de nove contrários teria permitido que a medida fosse aprovada.

“Estou decepcionado”, admitia logo após a votação Rowan Williams, arcebispo de Canterbury, chefe da Igreja, que tenta há uma década encontrar um compromisso entre os dois lados. “É uma decisão que será difícil que o restante da sociedade compreenda. É uma péssima notícia para a Igreja da Inglaterra”, acrescentou Stephen Cottrell, bispo de Chelmsford.

A rejeição é ainda mais surpreendente porque as mulheres podem se tornar sacerdotisas desde 1992. À época, a decisão havia provocado fortes tensões, e muitos anglicanos haviam realizado a secessão, unindo-se à Igreja Católica.

Quase a metade das “províncias” anglicanas do mundo (a Igreja da Inglaterra representa apenas duas) já aceitam o princípio das bispos mulheres.

Quem se opôs a essa mudança, por razões teológicas diversas, foram duas correntes: os anglocatólicos, ou seja, o ramo tradicionalista, e os evangélicos anglicanos. Mas o resto da Inglaterra há muito tempo não tenta mais convencê-los. O objetivo das discussões é apenas o de encontrar para eles um espaço à parte, respeitando as suas crenças. 

Por exemplo, foi introduzida uma disposição que prevê que uma bispa mulher possa delegar os seus poderes a um homem nas paróquias tradicionalistas. Intermináveis debates nasceram a propósito dos detalhes concretos dessa disposição. Na verdade, os contrários a julgavam vaga demais e temiam se tornar anglicanos de “segunda classe”.

A ministra da educação de Ontario (Canadá), Laurel Broten(foto) realizou na última semana um anúncio público que poderá ter tristes consequências para os católicos da região.

Laurel Broten declarou que, segundo uma nova lei aprovada, as escolas católicas não poderão ensinar que o aborto é algo mau. Caso o façam, será considerado um ato contra a mulher, penalizado pela lei, que busca “construir um ambiente escolar positivo e inclusivo”, com um “compromisso a longo prazo para levá-lo à prática e mudar a cultura escolar”

A “Lei de Escolas Acolhedoras” foi aprovada pelo Novo Partido Democrata, e requer que todos os conselhos escolares tomem medidas contra a perseguição escolar, endurecendo as consequências legais da perseguição e “apoia os estudantes que queiram promover a compreensão e o respeito por todos”.

Em junho deste ano, quando a lei foi aprovada, os bispos católicos protestaram contra ela, pois os colégios católicos serão obrigados a ir contra a doutrina católica.

“Não creio que haja um contraste ou um conflito entre eleger uma educação católica para os filhos e defender o direito de uma mulher a escolher”, declarou a ministra Broten ao defender a lei abortista.

A organização LifeNews afirmou que “nunca havia visto um ataque governamental à liberdade religiosa como o que promete a Ministra Broten”.

O Cardeal Arcebispo de Toronto, Dom Thomas Collins, declarou recentemente que “defender aos sem voz é nossa missão” e que “tanto a constituição como a lei da Educação deixam claro que deve-se respeitar a identidade católica dos colégios”. O purpurado também pediu proteção para “a liberdade de todos na comunidade escolar para levar a cabo atividades pró-vida, com o objetivo de promover uma cultura da vida na qual os mais vulneráveis e os que não tem voz entre nós sejam protegidos e honrados durante toda sua vida na terra, desde a concepção até a morte natural”. (EPC/JS)

Sueli Caramello Uliano

Escrevi, há alguns anos, umas palavras que, penso, sempre conservarão a sua validade: “Grande e internacional é a mulher do 8 de março; poética e carinhosamente ovacionada é a do segundo domingo de maio. Duro mesmo é brilharem as duas numa só estrela, no miúdo dia a dia.” Mas estamos em julho e tratando da questão do feminismo, assunto que é bom manter sempre em evidência, já que é uma realidade cotidiana sobre a qual é imprescindível refletir.

Homens ou mulheres, ao verem desfilar autodenominadas “vadias” ( refere-se à marcha das vadias realizadas em várias cidades do Brasil) que se dizem contra a violência, mas são fortemente agressivas na sua manifestação, poderão alimentar uma certa crítica: “Vejam no que deu o tal do feminismo”. E, com isso, identificam a feminista com a vadia. Mas imagino que muitas mulheres que hoje se desdobram para dar conta da família e de um trabalho profissional fora do lar, ou solteiras que estudam e trabalham, ao verem um artigo de jornal intitulado “Nós, as vadias”, terão reagido imediatamente: “Nós, não! Vocês!”

Lutar contra a violência, principalmente quando é praticada contra os mais fracos fisicamente, sempre terá respaldo popular. Mas o despudor não tem esse respaldo porque expõe do ser humano apenas o seu lado de animal fisiológico, omitindo a pessoa na sua integridade, coisa que só a elegância pode preservar. Ser livre não é ser vadia. Ser livre é uma condição da pessoa, que traz consigo longa lista de responsabilidades, aspirações, direitos e deveres. Há que se discutir a questão em outro nível.

O feminismo, que iniciou o seu percurso há mais de 200 anos, buscando que se valorizasse a maternidade, serviu de etiqueta, na década de 60, para convencer a mulher de que dedicar-se a filhos seria abortar a sua vida profissional.

E, na esteira de uma insustentável imitação do modo masculino de ser, promoveu que a mulher imitasse o seu suposto carrasco nos vícios mais vulgares, principalmente em uma prática sexual sem compromisso com a família. Mas o tempo foi passando e os pilares ideológicos, como sempre têm os fundamentos falsos, perderam a sua sustentação e a mulher entendeu que a maternidade pode conviver com uma vida profissional fora do lar.

Mais que isso: a reflexão sobre esse conflito que se impôs à mulher acabou por revelar que esse é um conflito de todos. Todos precisam do aconchego do lar – inclusive os homens! E as mulheres solteiras ou sem filhos (que sempre serão maternais no modo feminino de doar-se aos outros) também! Todos precisam de um tempo para si, para o seu crescimento pessoal, que a vida profissional fora do lar não tem o direito de usurpar.

Detesto o viés feminista que vê o homem como um inimigo da mulher. Não deve ser assim. A mulher, para valorizar-se, não precisa – e no fundo não quer – armar uma batalha contra o sexo oposto. Isso é desgastante e faz o jogo do inimigo que se dedica a dividir ideologicamente a sociedade. Homem e mulher precisam ser parceiros, colaboradores, cada um contribuindo, com seu modo próprio de ser, na construção de uma sociedade mais justa, menos violenta, com direitos respeitados e sincero esforço por cumprir os deveres, como prioridade.

Verdadeiro feminismo hoje é o que busca a conciliação. Homem e mulher precisam refletir juntos sobre como conciliar vida familiar e profissional. Precisam, em um exercício constante de criatividade, descobrir como articular sonhos e aspirações, muito unidos na diversidade e sem prejuízo da própria identidade. A família humana só tem a ganhar.

Sueli Caramello Uliano, pedagoga, é mestre em Letras pela USP e autora de Por um novo feminismo (editora Quadrante).

ACI

Segundo o artigo publicado neste 20 de junho por Carlos Pólo, Diretor do Population Research Institute (PRI) para a América Latina (uma entidade especializada em temas de defesa da vida e população), os abortistas e lobbystas dos “direitos sexuais e reprodutivos” saem derrotados da Rio +20.

“Nenhuma menção aos chamados “direitos reprodutivos” nem “serviços de saúde reprodutiva” (ambos eufemismos para o aborto), foram incluídos no documento final da Cúpula de Rio+ 20. Eles foram simplesmente rechaçados pela comunidade internacional”, afirma o diretor do PRI para o continente latino-americano.

“Os grupos feministas radicais e pró-aborto já começaram a protestar publicamente mostrando clara aceitação da sua derrota. Isto constitui também uma mensagem nítida de rechaço à política externa da Administração Obama, o governo mais abortista da história dos EUA, pois nem toda sua diplomacia nem os milhões com os quais financia a ONU conseguiram obter seus propósitos neste evento”, assevera também o perito.

Carlos Pólo explica que nos últimos 6 meses, o Fundo das Nações Unidas para Atividades em População (UNFPA) juntamente com os governos da Noruega, Islândia, os falsos católicos autodenominados “Catholics for Choice” e a IPPF (International Planned Parenthood Foundation) que é a maior fornecedora de abortos no mundo, trabalharam febrilmente para aproveitar a Cúpula Rio +20. Seu propósito era que tanto o aborto legal como o controle populacional fizesse parte dos esforços governamentais para obter um desenvolvimento sustentável.

“Catholics for Choice” tinha distribuído numerosas e muito custosas publicações para desqualificar ao Vaticano como observador permanente nas Nações Unidas. (…). Entretanto, chama poderosamente a atenção que esta instituição tenha disponibilidade de tantos recursos econômicos para dedicar-se à política internacional e precisamente para atacar a Santa Sé. Em um dos documentos mais recentes este grupo afirma que a Santa Sé tem “a tendência a insistir em posições afastadas do consenso internacional”, denunciou Polo.

Efetivamente, as muitas ONGs feministas pró-aborto não perderam a chance de marcar presença na cúpula. “A chamada Coalizão Internacional pela Saúde das Mulheres realizou um evento paralelo à Rio+20 no último 14 de Junho cuja única tese foi que “a legalização completa do aborto era uma forma de alcançar o desenvolvimento sustentável””, destacou ainda o perito peruano.

Segundo informou o portal de notícias G1 do grupo Globo, Alexandra Garita, representante da Internacional Women Health Coalison (Coalisão Internacional pela Saúde das Mulheres), afirmou nesta quinta-feira, 14 de junho, que “os países devem garantir às mulheres a possibilidade de abortar com segurança e evitar o nascimento de crianças que não terão acesso a saúde, educação e padrões mínimos de qualidade de vida”.

“As mulheres já abortam hoje e muitas morrem. É importante que elas possam fazer isso com segurança”, afirmou. Garita também defendeu acesso gratuito a métodos contraceptivos e a informações sobre como evitar a gravidez”, destacou também o G1 em sua edição de 14 de junho.

Ainda segundo a matéria do G1, o coordenador da Federação Internacional de Estudantes de Medicina, Mike Kamus, também defendeu o aborto como forma de garantir desenvolvimento sustentável em uma sessão da Reunião da ONU no Rio de Janeiro.

“Do meu ponto de vista pessoal, é preciso garantir o aborto com segurança. Milhares de mulheres morrem tentando abortar. As que levam uma gravidez indesejada até o fim, muitas vezes, não têm condição de dar uma vida de qualidade aos filhos”, afirmou. Segundo ele, é preciso “dar aos jovens o direito de decidir”, destaca a nota do portal de notícias G1.

O poderoso lobby pelos chamados “direitos reprodutivos” e “serviços de saúde reprodutiva” debutou internacionalmente nas Conferências do Cairo (1994) e Beijing (1995). Desde essa data, afirma Carlos Polo, não há um só evento da ONU sobre assuntos sociais, de consumo de tabaco ou de direitos dos deficientes, onde este lobby liderado pelo IPPF não tente incluir alguma menção a estes supostos “direitos” que favorecem o aborto legal.

Durante anos estes grupos se esforçaram por dar a acreditar que esse discurso não tem nada a ver com o negócio do aborto, mas os fatos demonstram que o contrabando foi descoberto.
Para vários peritos que seguem de perto estes eventos da ONU, a melhor noticia é que hoje já são vários os países que estão cientes deste erro.

Segundo o diretor da escritório do PRI para América Latina, a decisão de retirar toda menção de “direitos reprodutivos” e “serviços de saúde reprodutiva” do documento da reunião que se realiza no Brasil se deve a que mais países denunciaram que estes conceitos incluem o aborto e cada vez menos países vêm seguindo os EUA que afirmam (falsamente) que estes mal chamados direitos não se referem ao aborto.

Os países que intervieram para remover estes conceitos do documento final da Rio+20  foram: o Vaticano, Rússia, Honduras, República Dominicana, Nicarágua, Chile, Síria, Egito, Malta, Polônia e Costa Rica. Em contraparte, os países que estiveram a favor de incluí-los foram: EUA, Bolívia, Peru, Uruguai, México, Noruega, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Suíça e Islândia.

Chama a atenção que os delegados dos países latino-americanos tenham defendido uma posição claramente contrária ao que diz a Constituição e os acordos legais vigentes em seus países, como o Pacto de San José, explica o membro do PRI, profundo entendedor da situação da defesa da vida e da família no continente americano.

O Brasil foi duramente criticado pelas feministas presentes no Rio por permitir a omissão dos “direitos reprodutivos” no texto da Cúpula. “Este documento não é nem “o futuro que queremos”, nem o que as gerações futuras merecem. Em um esforço para chegar a um consenso a qualquer custo, o Brasil se esqueceu o Rio”, lamenta Zonibel Woods, escrevendo pro site feminista “RH Reality Check”.

Apesar da Vigília Ecumênica na qual pediu-se pelos “direitos reprodutivos e sexuais”, a Cúpula dos Povos também foi uma decepção para os críticos da posição da Santa Sé. Nenhum membro da comitiva liderada pela Cardeal Odilo Scherer, nem autoridade eclesiástica alguma tomou parte no evento da noite do 17 de junho.

Em entrevista exclusiva à ACI Digital Carlos Polo afirmou: “O rechaço à inclusão dos “direito reprodutivos” no documento da Rio + 20 é uma imensa derrota que os próprios grupos abortistas reconheceram publicamente. É também o início de uma nova etapa na qual a família deve assumir um papel protagonista”.

A presidente Dilma Rousseff discursou nesta quinta-feira no evento “O futuro que as mulheres querem”, no âmbito da conferência “Rio+20″. Enfrentou o protesto de feministas inconformadas com a retirada da expressão “direitos reprodutivos” do documento oficial da conferência. Dilma deu uma boa resposta, já chego lá, que deveria servir de norte, diga-se, para o seu próprio governo, que abriga uma abortista fanática como Eleonora Menicucci (Ministério das Mulheres) e que flerta com a possibilidade de oferecer no SUS atendimento pré-aborto, sob o pretexto de adotar política de redução de danos. Já trato do assunto. Vamos a algumas considerações gerais sobre o assunto, necessárias para que fique claro do se cuida aqui.

Fosse eu psicanalista, dedicar-me-ia, com a paixão do entomologista dissecador, a entender a alma das militantes do aborto. Não conheço grupo mais fanático. O sectário religioso mais ensandecido, que está certo de suas prefigurações místicas como dois e dois são quatro, não tem a mesma paixão pela causa e, em larga medida, o mesmo ódio. A defesa do aborto é uma causa peculiar porque, à diferença da luta por, sei lá, comida, moradia, terra, igualdade de direitos etc, pressupõe a morte. Não por acaso, os grupos abortistas precisam coisificar o feto para que a sua postulação ganhe a estatura de uma reivindicação justa e humanista.

Não podendo negar que o feto seja vida — e, sendo vida, há de ser alguma forma de vida: eu me arriscaria a dizer que é “humana”, não? —, então sacam da algibeira retórica o argumento que consideram definitivo: “É vida, mas, até o terceiro mês, ainda não tem cérebro, logo…” Chega-se mesmo a perguntar qual a diferença entre alguém com morte cerebral diagnosticada — o que permite a extração de órgãos para transplante — e o feto das primeiras semanas, com o cérebro não formado. Ora, a diferença é aquela que separa a vida da morte, nada menos. O feto traz consigo todas as potencialidades do que vive; a morte cerebral é o prenúncio da fatalidade. No feto, irreversível é a vida; na morte cerebral, irreversível é a morte do corpo. Não é preciso ser religioso para reconhecer a diferença entre uma coisa e outra.

Por que o fanatismo das abortistas? Parecem querer dizer algo assim: “Se é o nosso corpo a garantir a vida de outro ser — e um feto é “o outro”, ou estaríamos falando de uma amputação, certo? —, então podemos negar-lhe essa licença”. Trata-se da apropriação de um dom da natureza (a reprodução não coube às mulheres em razão de alguma injustiça primitiva, imposta pela força) para a imposição de uma vontade contra a natureza desse dom.

Essa que é uma luta “de gênero” entende que a mulher é apenas o ser político com o direito de “decidir sobre o seu corpo”. Essa autonomia corresponderia à superação do que, então, deixa de ser um dom para ser uma danação: a reprodução. A mais recente reivindicação das extremistas do aborto é que, também na esfera legal, os homens sejam alijados da decisão e tenham cassado até o direito à opinião. A reprodução da espécie passaria a ser um tema exclusivo das mulheres. Parece-me uma forma de loucura.

Pois bem. As ONGs revindicavam que o texto final da Rio+20 defendesse os tais “direitos reprodutivos”, expressão generalista e eufemística para “direito ao aborto”. De fato, a Igreja Católica e outras denominações cristãs se mobilizaram para que a expressão fosse substituída pela garantia de “serviços de saúde” às mulheres. As feministas acusam o que consideram uma indevida interferência da religião no assunto. Ora, por que ela seria indevida? O direito dos cristãos de se manifestar teria sido suprimido por alguma instância representativa ampla a ponto de  suprimir até mesmo a liberdade de expressão?

Dilma discursou, e as feministas fizeram o seu protesto. A presidente retomou a palavra e lembrou, de maneira apropriada: “É preciso recuar de argumentos para permitir outros (…) Exercer o multilateralismo implica, necessariamente, levar em consideração posições diversas. Diversas como? Diversas das minhas ou da de cada um de nós”. A presidente estava, em suma, lembrando à fanáticas que a defesa do aborto como um direito universal está longe de ser um consenso.

As mulheres — ou os fetos do sexo feminino — são hoje as principais vítimas do aborto em razão de questões culturais e econômicas. Na China, por exemplo, a soma do ultrassom com a política oficial do filho único leva à prática do aborto seletivo em massa. Numa país em que inexistem os direitos sociais da velhice (sabem como são aqueles comunistas…), os filhos homens são as únicas garantias  dos pais na velhice.  Há dias, por pouco, a Câmara dos Deputados nos EUA não aprovou uma lei — teve maioria ampla, mas não o suficiente — para punir mãe e médico em caso de aborto decidido por questão de gênero. Descobriu-se que a interrupçã legal da gravidez está sendo usada para impedir o nascimento de meninas. Os democratas de Barack Obama se mobilizaram contra a proposta porque não aceitam restrições aos tais “direitos reprodutivos”…

Quando vejo “a luta” dos ditos “grupo feministas” em defesa do aborto em nome “dos direitos da mulher”, pergunto-me que luta de emancipação é essa que começa por negar às próprias mulheres o direito à vida.

A interdição ao aborto foi um dos fatores que fizeram com que o cristianismo se expandisse primeiro entre as mulheres. Dois mil anos depois, essa continua a ser uma prática contra as mulheres, só que, agora, defendida por feministas.

Por Reinaldo Azevedo

A marcha é “legal” e é um direito das mulheres, enquanto cidadãs, de defenderem seus pontos de vista e de assim chamar a atenção da sociedade.

As frases acima , algumas corretas enquanto princípio ( opressão de uma pessoa sobre a outra, por exemplo) são, no entanto, reflexo da desorientação que o feminismo radical chegou, onde em nome da legitima liberdade se atinge o cerne do amor entre um homem e uma mulher; o centro na relação afetiva não é mais o outro mas eu mesmo, confundem individualidade com individualismo.”Não quero amar, quero apenas ser amado!”

Afinal, a marcha é a favor da mulher ou é contra os homens?

Veja imagens da marcha do ano passado: (aviso: algumas frases são agressivas) http://g1.globo.com/distrito-federal/fotos/2011/06/marcha-das-vadias-em-brasilia.html

Favorecer a missão da mulher na família é remédio para a sociedade e lucro para o Estado.

Vivemos hoje em uma sociedade onde uma determinada cultura procura destacar-se de Deus, cancelar todos os valores que são a vida, o compromisso, a fidelidade, a atenção ao outro e que a mulher sempre transmitiu para a família porque é intrínseca na sua feminilidade.Fazendo acreditar que a própria realização da mulher esteja fora do âmbito familiar, em outros campos, propondo tudo como uma conquista, uma libertação, uma meta de felicidade garantida.

Segunda esta ‘visão’ a ‘vocação para a família’, o ocupar-se principalmente do marido e dos filhos, parece ser coisa de outros tempos, quase impensável e considerada até frustrante por muitas mulheres.

Sendo a família a célula da sociedade, é nela que nascem os futuros cidadãos e então não é possível delegar a tarefa de crescer e educar os filhos somente às escolas, instituições, à paróquia.

Isto foi evidenciado também pela Igreja: a mulher deve ser presente ativamente e com firmeza na família (…) pois é ali, sobretudo, que se forma a face de um povo, é ali que seus membros adquirem os ensinamentos fundamentais. Estes aprendem a amar enquanto são amados gratuitamente, aprendem a respeitar qualquer pessoa enquanto são respeitadas, aprendem a conhecer a face de Deus enquanto recebem a primeira revelação pelo pai ou pela mãe cheios de atenção (Carta dos bispos sobre a colaboração do homem e da mulher na Igreja e no mundo).

A importância e o peso do trabalho da mulher dentro do núcleo familiar devem ser reconhecidos e valorizados. João Paulo II escrevia que o “cansaço” da mulher que dá a luz a um filho e depois o alimenta, cuida, trata do seu crescimento e educação – particularmente nos primeiros anos de vida – é tão grande que não deve causar medo no confronto com nenhum trabalho profissional (cfr Carta às famílias).

Este pensamento, infelizmente é muito distante daquele que prevalece hoje. Um certo feminismo, procura tornar a mulher sempre mais parecida com o homem, colocando-a em competição nas fábricas, escritórios, na política, nas instituições, “distorcendo-a” e levando-a a negligenciar os filhos.

Presumem que as crianças existam, pois muitas vezes a mulher em carreira “escolhe” não ter filhos, porque são vistos como um impedimento para o melhor desempenho do seu trabalho ou como um ônus a mais. Ou em um determinado momento, na altura em que a juventude deixou caminho a uma idade mais madura, se deseja um filho a qualquer custo. Sim, aquele filho que por muitos anos tentou evitar, agora o deseja, quase “por encomenda”, sem perceber que é na verdade um grande dom de Deus, para pedir e proteger. E para acolher quando Deus quiser conceder-lhe.

É bom que a mulher trabalhe, contribuindo para o sustento famíliar e para o desenvolvimento da sociedade. A Igreja aprecia que esta tenha acesso a posições de responsabilidade, a fim de promover o bem comum e encontrar soluções inovadoras para os diversos problemas sócio-económicos.

O problema é que a atividade externa absorve muito do seu tempo e energia, tanto física quanto mental, tornando a mulher quase incapaz de responder plenamente à vocação de esposa, de mãe e de desempenhar adequadamente todas as tarefas a ela relacionadas.

Edith Stein, também conhecida também como Santa Teresa Benedita da Cruz, escreveu que muitas mulheres são quase esmagadas sob o duplo fardo das obrigações do trabalho e da família. Sempre em ação, com pressa, sempre nervosa e irritada. De onde se pode tirar a serenidade e a alegria interior para oferecer a todos o sustento, o apoio, a direção?

E as conseqüências de tudo isso são as pequenas brigas diárias, as discussões com o marido e os filhos, que muitas vezes quebram a tranquilidade, a paz e a harmonia que deveria reinar entre as quatro paredes domésticas. É um erro pensar que podemos realizar melhorias na sociedade sem primeiro amar, sem ser atento e saber como sacrificar-se por aqueles que vivem ao nosso lado. Neste caso, a mulher não pode sentir-se realizada ou feliz, mesmo havendo um ótimo trabalho.

É por isso que a Igreja insiste em que a legislação e as organizações de trabalho não penalizem as exigências relativas à missão da mulher na família. E este é um problema não apenas e não tanto jurídico ou econômico, mas acima de tudo, é uma maneira errada de pensar, é um problema cultural.

Deve, assim, explorar adequadamente, primeiramente a nível de mentalidade, o trabalho das mulheres na família. Se não for assim, a mulher que dedica seu tempo em casa sempre será sempre penalizada do ponto de vista econômico e considerada, de certo modo, inferior àquela que em vez disso tem um emprego externo.

É necessário uma “mudança de pensamento” para ajudar as mulheres que querem desenvolver outros trabalhos, se a legislação proporcionasse horários mais acessíveis e compatíveis com a vida familiar. Seriam reduzidas as situações estressantes e fomentada a possibilidade de desempenhar o papel principal de esposa e mãe. Papel que é realmente insubstituível. Não se pode acreditar que é possível realizar essa tarefa dando às crianças dinheiro, presentes e tudo que for pedido, pois vai chegar o dia em que eles vão dizer que para eles não foi feito nada.

Muitas vezes os jovens de hoje se sentem vazios, sozinhos, mesmo tendo “tudo”, falta a certeza de serem amados, a sensação de estarem realmente no centro da atenção dos pais, especialmente da mãe, porque ninguém pode tomar o lugar da mãe.

Crescerá madura e sem complexos aquela criança que tenha conhecido o calor dos braços de sua mãe. Nenhum psicólogo pode substituir o trabalho do coração de uma mãe que bate sobre o de seu filho.

Por Irmã M. Caterina Gatti ICMS

O assunto foi apresentado por uma minoria de eclesiásticos que criam saber interpretar as moções de algumas mulheres do nosso tempo, e isso deu lugar a inevitáveis comentários de uma imprensa ávida por notícias sensacionalistas, pronta a encontrar fisuras no corpo da Igreja.

Os promotores do sacerdócio feminino procuraram argumentos de índole bem variada para sustentar sua proposta. Entre todos eles, se põem especial ênfase naqueles que manifestam maior seriedade.

1) Adaptação da Igreja às características da sociedade moderna

Depois de séculos de opressão, a mulher se situa hoje em uma atitude reivindicadora (o desejo de otorgar-lhes o sacerdócio não procede, entretanto, de uma emancipação feminista, senão que foi promovido por eclesiásticos, principalmente) A Igreja deve acolher institucionalmente e a todos os níveis essa atitude, e superar assim seu passado anti-feminista.

Aqui, é facilmente observável tão só uma concepção humana da Igreja, como se ela pudesse reiterar sua essência constitutiva. Sua estrutura fundamental não deriva da sociedade, ou da cultura, ou da mentalidade do seu tempo. A Igreja não pode pretender fazer-se acreditável ou aceitável para os homens deixando de lado o que ela é, mesmo se houvesse uma maioria que reclamasse tal opção: como Cristo, será sempre o não da contradição, necedade para alguns e escándalo para outros, fiel à vontade divina expressada pela Revelação, conservada em sua fé e em sua vida de modo contínuo e homogéneo, por vinte séculos, com a assistência do Espírito Santo.

2) Igualdade de dereitos entre o homem e a mulher

É muito justo falar sobre a igualdade de dereitos do homem e da mulher na sociedade civil, baseado na sua condição de pessoas, e baseado em que a natureza humana é uma e a mesma no homem e na mulher. Também é muito justo falar sobre a igualdade radical de todos os fiéis em Cristo: igualdade em sua comum dignidade de filhos de Deus pela graça, igualdade na vocação universal à santidade e a bem-aventurança no Céu, igualdade também do dever fundamental de cooperar ativamente na salvação das almas. Tudo isso comporta também uma certa igualdade de dereitos na Igreja (entretanto aqui convêm ter uma certa cautela ao falar de direitos: porque, nesta ordem sobrenatural, dependem do que Deus tenha querido livremente conceder-lhe). Todos os fiéis -tanto o homem como a mulher- foram igualmente regenerados por Cristo no batizado e feitos participantes da sua missão salvadora.

Entretanto, nenhum fiel-nem homem, nem mulher- tem realmente nenhum direito ao sacerdocio ministerial. Como no caso da eleição dos apóstolos e do apóstolo das gentes, é Deus quem chama ao sacerdócio a quem quer, quando quer e como quer: “Ninguém se atribua essa dignidade, se nao é chamado por Deus, como Aarón”.

A ordenação sagrada não está na linha dos direitos dos fiéis, não é como o desenvolvimento do sacerdócio comum de todos. O sacerdócio ministerial é um dom peculiar, pelo que Cristo chama a alguns para que obrem em Seu nome, com Sua autoridade, para prestar à Igreja um ministério peculiar. Como gratuitas e não devidas aos homens foram a Encarnação e Redenção, gratuitas e não devidas são as condições estabelecidas por Deus para escolher a alguns para o ministério sacerdotal.

Isso não se opõem a igualdade fundamental dos fiéis, nem divide aos cristãos em duas categorías: argumentar de outro modo seria cair em um clericalismo demagógico, como antes tivemos outro pseudo-aristocrático. A Virgem Maria, venerada com um culto especial, muito por en cima dos santos, nunca teve um grau hierárquico na Igreja.

3) A proibição procede de uma cultura e uma mentalidade pagã

Os promotores do sacerdócio feminino argumentam que Cristo escolheu somente homens pelas condições sociais da época e da influência da mentalidad pagã. A escolha de homens seria simplesmente um acontecimento histórico superável. Ainda mais, mesmo que houvesse influências pagãs na primitiva cristandade -dizem-, se conferem determinados ministérios às mulheres.

O Senhor escolheu como apóstolos a doze homens. Haviam mulheres que o seguiam e serviam – algumas mais fiéis e enérgicas que os apóstolos-, mas não as chamou para o ministério sacerotal. Quem pensa que Cristo se deixava influenciar pelas circunstâncias da época, mostram, ainda mais uma atitude irreverente, uma total incapacidade para conhecé-lo: os Evangelhos dão testemunho mais que suficiente da sua capacidade para superar os condicionamentos externos.

Por outro lado é vão afirmar que a eleição exclusiva de homens foi um acidente e não uma manifestação de uma vontade querida e perdurável: a Revelação nos é comunicada com palavras e com obras, e estas não constam somente na Escritura, senão também na Tradição, e segundo a proposição autorizada pelo magistério unitário e permanente.

A menção de que a mentalidade pagã dificultava a elevação da mulher ao magistério sacerdotal, está mal fundamentada, logo não é certa: precisamente no mundo pagão contemporâneo da Igreja primitiva eram frequentes as sacerdotisas, as vestais, etc., entretanto, as diáconas da Igreja realizavam somente ofícios assistênciais, de preparação catequética, etc. Não há precedente algúm do sacerdócio da mulher.

4) A madurez laical

O reconhecimento do valor do sacerdócio comum dos fiéis e a corresponsabilidade de todos os cristãos na missão única da Igreja, exigem a presença ativa da mulher em todos os ministérios eclesiásticos. Os que argumentam assim dizem que o problema consiste simplesmente em dar o verdadero valor ao sacerdócio comum dos fiéis. Chegou o momento histórico -concluem- em que a comunidade deve confiar a qualquer um de seus membros, segundo as própias circunstâncias, qualquer ministério e presidência sem discriminação alguma.

Se revela aqui uma ótica clerical que leva a conceber o sacerdócio ministerial como um ascenso dentro da organização eclesiástica, como uma potenciação da vocação cristã, como a meta -em fim- de un carreira, ignorando a realidade eclesial e sumamente eficaz de uma existência cristã plenamente secular.

Daí que o Santo Escrivá de Balaguer, que dedicou sua vida a defender a plenitude da vocação cristã do laico, (homens e mulheres contemporâneos que vivem no meio do mundo, e portanto procurando o pleno reconhecimento teológico e jurídico da sua missão na Igreja e no mundo) viu-se impulsado a declarar que o cristão contemporâneo, pode cumprir sua missão específica, também a que lhe corresponde dentro da estrutura eclesial, somente se não se clericaliza, se continua sendo secular, contemporâneo, e vivendo e participando das ânsias do mundo.

Ainda mais, o argumento citado revela também uma confusão entre o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial, erro que já se incluia no repertório herético de Lutero. A diferença essencial, e não de grau, entre ambos, foi manifestada frequentemente pelo Magistério Eclesiástico.

Consideramos os princípios fundamentais que respondem aos argumentos mais significativos; poderiam agregar-se outras razões de conveniência, mas seriam acidentais: o que importa essencialmente é como Deus dispôs as coisas; Deus dispôs os membros no corpo, que é a Igreja, e somente Deus sabe as razões que teve para assim fazê-lo.

O meu nome é Edgar van de Giessen. Tenho 45 anos e sou o filho duma antiga líder do movimento feminista holandês dos anos 70. A minha mãe foi a primeira mulher a receber o prémio “Harriet Freezer” (na foto), dado pela vossa organização Opzij como congratulação pelo activismo feminista.

Não escrevo isto em busca de qualquer tipo de simpatia pessoal. Escrevo isto apenas para abrir o meu coração de modo a que um dia destes os homens e as mulheres possam viver em amor e em respeito – e isto não apenas ao nível de igualdade legal mútua.

Antes de descrever as consequências pessoais de ter recebido uma educação feminista entre os meus 7 e 17 anos, quero expressar o meu respeito por todas as mulheres e por todos os homens que justificadamente protestam contra a repressão e descriminação baseada no género, côr da pele ou descendência étnica.

Consequentemente, quero que vocês imaginem como foi, para um rapaz de 10 anos, crescer a ouvir a própria mãe dizer todos os dias que os homens são os culpados por todos os problemas do mundo. que os homens são culpados por todos os crimes e guerras do mundo, que todos os homens deveriam ser castrados depois do seu sémen ter sido congelado (de modo a garantir a existência da próxima geração), que os homens deveriam viver em cidades distintas das mulheres de modo a que eles se matassem uns aos outros e resolvessem o problema da sua existência.

Este tipo de ensino feminista – que eu recebia todos os dias – criou uma desconfiança profunda em mim próprio, desconfiança em relação à autoridade do homem e um sentimento de nunca ser capaz de ser bom ou um ser humano amável devido ao facto de ser macho. Isto causou em mim a reação de tentar provar à minha mãe que pelo menos eu, como seu filho, era diferente dos outros homens. Isto rapidamente transformou-se em arrogância em relação a outros homens, o que fez com que eu fosse solitário e parco em amigos durante grande parte da minha vida.

Isto gerou também um ódio em relação às mulheres – ódio esse que eu apenas podia reprimir dentro de mim uma vez que, se eu o expressasse, provaria que a minha mãe estava certa. Esta repressão fez de mim um homem “gentil” como compensação pela repressão. Inevitavelmente isto levou a um ódio oculto e sentimentos agressivos contras as mulheres, chegando ao ponto de ter fantasias de violação e outro tipo de violência.

Como efeito do feminismo radical causado no seu filho, precisei de 25 anos de terapia, busca espiritual e cura emocional profunda antes de começar a descobrir o meu valor e começar a experimentar relacionamentos satisfatórios comigo mesmo, com os homens e com as mulheres.

A guerra entre os sexos continua por resolver. As taxas de divórcio relevam esta triste verdade. A violência entre os homens e as mulheres enche os jornais e o feminismo não foi capaz de resolver este problema. No meu caso pessoal, o próprio feminismo, expresso da forma que a vossa organização promove, criou (em larga maioria) os problemas e não os impediu.

Se o feminismo causa a que os homens odeiem as mulheres ao amaldiçoarem as trevas em vez de acenderem uma luz, o feminismo tem que se questionar se está suficientemente ciente dos desejos e da complexidade do coração humano de modo a ser capaz de resolver os problemas que descreve.

Durante todos os anos em que a minha mãe me dava as suas palestras feministas, ele não sentiu uma única vez a forma como as suas palavras e a sua energia impactavam o seu próprio filho. O amor pessoal é transaccionado através da habilidade de sentir o que o outro sente quando o outro o está a sentir.

A ferida emocional que a minha mãe me deu não veio apenas das suas palavras, mas também do fato dela não ser capaz de sentir o efeito que as suas palavras tinham em mim. Visto desta forma, a minha mãe tinha as suas próprias feridas emocionais que não só a transformaram numa mulher com ódio aos homens (orgulhosamente), como também numa feminista insensível cuja antipatia contra os homens (suportada pela vossa organização) transformou-se dentro de mim em ódio contra mim mesmo e contra as mulheres.

O que eu quero dizer é que, embora alguns aspectos do feminismo tenham tido papel importante em criar direitos iguais para as mulheres, o feminismo não fornece qualquer tipo de contribuição positiva para a forma como o homem e a mulher podem viver em respeito e amor um pelo outro. A minha insensível educação feminista gerou exactamente o oposto.

Um homem emocionalmente saudável nunca vai ter desejos de oprimir uma mulher. Uma mulher emocionalmente saudável nunca irá agredir os homens com as armas dele.

Em vez de lidar com as verdadeiras questões, o feminismo dos anos 70 e 80, cujo legado vocês herdaram, é um movimento reaccionário que usou a mesma energia opressiva contra a qual lutava. Devido a isto, o feminismo nunca pode ser bem sucedido em gerar uma atmosfera onde uma feminidade amorosa e poderosa poder brotar num ambiente de confiança e respeito em relação à força masculina.

Eu sinto e entendo que a mulher só pode respeitar a força dos homens se a mesma estiver plantada na vulnerabilidade franca, mas o feminismo e o movimento de emancipação não só falharam em produzir uma geração de tais homens como também não possuem os meios para fazê-lo.

Desta forma, o movimento feminista não reconhece a repercussão seminal do fato de todos os homens serem em larga maioria criados por mulheres, e que a sua relação adulta com as mulheres inconscientemente (ou não) ser determinada em grande parte pelo seu relacionamento com a sua mãe.

Porque é que o feminismo não levou a cabo um plano para criar rapazes que se tornassem em homens fortes que as mulheres pudessem confiar e amar? Como é possível que os rapazes [criados pelo feminismo] tornem-se em homens de oprimem, odeiam, desprezam ou não respeitam as mulheres? Estou convencido que se um rapaz receber amor emocional saudável da sua mãe, isto nunca pode acontecer.

O feminismo nunca soube o que a saúde emocional é, e como o amor saudável pode ser transmitido dum ser humano para o outro – de uma mãe para o filho, do pai para a filha, de um homem para uma mulher e de uma mulher para um homem.

Sem esta visão, cuja falta nunca pode ser discutida dentro da miopia que o feminismo tem do coração humano (independentemente do género), o feminismo mantém-se como um movimento reactivo que incorpora em si mesmo as características que estão erradas nos homens, e como tal, nunca atingirá os seus próprios propósitos.

Sinceramente,

Edgar van de Giessen