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Por Hermes Rodrigues Nery | Fratres in Unum

Ainda na manhã da terça-feira (8), na Comissão de Constituição e Justiça, enquanto aguardávamos a liberação do plenário para o início da sessão de votação do Plano Nacional de Educação (PNE), o deputado petista Molon (relator na Câmara, do Marco Civil da Internet), segurou o braço do deputado Marcos Rogério, dizendo num tom meio ameaçador: “Me queira bem, deputado!, não colida comigo, divirja em alguma outra questão muito pontual e raramente, mas não colida, me queira bem!” Marcos Rogério não se intimidou com isso e continuou firme em sua posição contra a ideologia de gênero no PNE, não apenas com o uso da palavra, mas nos encaminhamentos de requerimentos que se faziam necessários.

8 de abril de 2014: Providas defendem a Lei Natural na Câmara

O fato é que o ambiente naquele dia estava muito carregado, nunca havia sentido um ar tão pesado a prenunciar uma sessão muito tensa. O plenário estava cheio de deputados e assessores, e o pessoal da UNE foi chegando e tomando os lugares, em vários pontos. Pe. Pedro Stepien chegara cedo também, e fazia a leitura do seu breviário. Estávamos próximos da fileira permitida pelos seguranças, e o pessoal da UNE encostou-se quase colado a nós. Um brucutu deles ficou praticamente encostado comigo, de costas, enquanto ficamos aguardando acabar a sessão que estava transcorrendo, já passava das treze horas, para que pudesse começar a da votação do PNE.

Vieram nos dizer que o Presidente da Câmara dos Deputados já estava na Casa e aguardando dar quorum para começar a sessão no grande plenário e, se isso ocorresse, cessariam as sessões deliberativas nas Comissões, adiando mais uma vez a votação do PNE. Outra desinformação lançada foi a de que talvez a sessão não ocorreria mais no plenário 1, onde estávamos, mas no 2, ao lado; ao que muitos provida foram para lá, abrindo mais campo para o pessoal da UNE ir adensando volume no plenário 1. Continuamos, no entanto, no mesmo lugar, no aguardo de poder ocupar os assentos, com as nossas faixas, espaço aquele também disputado pelo pessoal da UNE, que queria ficar também bem perto dos deputados, para na hora da votação, exibir suas faixas e poder soltar seus gritos de guerra.

E aos poucos, o brucutu ia falando no seu celular e mais gente da UNE ia entrando, enquanto os provida ficaram lá fora, alguns no plenário 2, aguardando. Foi quando vieram nos dizer que o segurança avisou que éramos para deixar a sala, pois que assim que acabasse a sessão, ele fecharia as portas, e reabriria somente às 14h30, para o início da votação do PNE, como fizeram na sessão anterior. Intuímos que aquilo era um blefe, mas para não desatender o que o segurança solicitara, deixamos a sala, e ficamos no aguardo logo na entrada. Mas o pessoal da UNE não saiu, pelo contrário, não demorou muito para encherem o plenário, ocuparem quase todos os lugares, quando outro segurança, meia hora depois, questionado se a sala seria fechada, disse que não precisaria fechar, porque a sessão estava para começar. Quando questionado que haviam solicitado aos provida saírem, porque fechariam a sala, conforme feito da outra vez, o segurança respondeu que iriam fechar, mas que a sessão já começaria e não haveria necessidade mais daquele procedimento.

Os deputados já estavam na mesa, o Presidente, o relator e os demais, e quando a sessão começou, os provida entraram e se espalharam pelas laterais, uns aqui, outro ali, com o plenário já quase inteiramente tomado pelo pessoal da UNE. Muito rapidamente alguns conseguiram ainda assentos no meio deles, e não foi possível, dessa vez, ficarmos mais agrupados, daí que, ao menos no início da sessão, a UNE estava com mais força para se manifestar. E assim que o Presidente abriu a sessão, eles interromperam com seus gritos de guerra por uma educação libertária e anárquica, livre da moral cristã.

"Por uma educação que promova os verdadeiros valores da família!"

Fiquei ao lado de uma das feministas da UNE, que erguia o seu cartaz cobrindo as nossas faixas, e querendo nos provocar. Do meu outro lado estava Paola, com uma faixa assim escrito: “Sou Mãe, eleitora, represento as mães e crianças. Digam não à ideologia de gênero”. Eu estava no meio das duas, quase exprimido também por outros, quando o pessoal da UNE interrompia a fala de algum deputado para novo grito de guerra, em furor descomunal. Comentei com Paola, ao meu lado, dizendo; “Temos que encontrar um grito nosso, agora, como resposta!” E então, todos os provida começaram a rezar a Ave-Maria, bem alto e em voz uníssona, o que cobriu o grito de guerra da UNE, e, em seguida, acalmaram um pouco as coisas. “Realmente fantástico, o poder da Ave-Maria“, comentei com ela.

“O Estado é laico, o corpo é meu”, gritavam, e do meu outro lado, uma feminista ostentando um cartaz pela educação pública e laica, e que abraçou com efusão a deputada comunista Alice Portugal. No meio deles, permanecia o valente Pe. Lodi, sempre de prontidão no campo de batalha. A evangélica Rosangela Justino erguia dois pequenos cartazes: “PNE sem ideologia de gênero e a orientação sexual” e ainda: “Os cristãos vão se lembrar de V. Excia. nas eleições”. O líder LGBT Toni Reis parou para discutir com a psicóloga Marisa Lobo. Também do outro lado, duas feministas tentavam jogar suas faixas cobrindo as que a liderança provida de Minas Gerais, Adrian Paz, empunhava, com apenas duas palavras: “Gênero, não!”. Alguns jovens provida conseguiram entrar mais para dentro do plenário e foram se juntando, mesmo em meio ao pessoal da UNE, e responderam aos gritos de guerra deles, dizendo também: Educação, sim! Gênero, não!
 

O interessante a ser observado é que ao conversar com alguns jovens da UNE, muitos quase não sabiam explicar bem porque estavam ali. No máximo respondiam com chavões e frases feitas, dizendo que defendiam 10% do PIB para a educação pública. Sobre as questões de gênero não sabiam do que se tratava, mas que eles eram contra o preconceito, o racismo e o fascismo. “Mandaram a gente vir aqui, mas não sabia que eles querem acabar com a família na rede de ensino“, respondeu outro, interessado em entender afinal do que se tratava a questão de gênero. Lembrei as palavras de João Paulo II: “Uma liberdade sem responsabilidade constitui-se a antítese do amor”. E mais, conforme Gratissimam Sane:

 “No contexto da civilização da exploração, a mulher pode tornar-se para o homem um objeto, os filhos um obstáculo para os pais, a família uma instituição embaraçante para a liberdade dos membros que a compõe. Para convencer-se disso, basta examinar certos programas de educação sexual introduzidos nas escolas, não obstante o frequente parecer contrário e até os protestos de muitos pais; ou então, as tendências pró-abortivas que em vão procuram esconder-se atrás do chamado ‘direito de escolha’ (pro choice) por parte de ambos os cônjuges e particularmente por parte da mulher”.
Ao incluir a ideologia de gênero no Plano Nacional de Educação, querem dar legalidade a esta “nova antropologia” ou pseudo antropologia que quer impor às nossas crianças nas escolas a utopia do igualitarismo, cujo hedonismo conduz à inteira desumanização. Era possível, então, mesmo aos gritos de guerra e os pronunciamentos dos deputados, conversar com eles e esclarecer algumas dúvidas, ainda também dos deputados.

O valente Pe. Lodi, sempre de prontidão no campo de batalha

Realmente, havia uma mistura e uma confusão conceitual no discurso não apenas dos jovens da UNE, como também dos deputados que fizeram uso da palavra para debater o PNE, especialmente na sessão do dia anterior, quando houve mais de 40 inscritos para falar. Um deles, o deputado comunista Chico Lopes (PCdoB/CE), disse se orgulhar de, aos 74 anos de idade, ser marxista convicto e defender as bandeiras libertárias e emancipacionistas. Era preciso, segundo os deputados governistas, combater a discriminação, o preconceito e o fundamentalismo. Com isso, fugiam do cerne da questão, que é exatamente o apelo à não-discriminação como retórica para justificar a promoção de uma ideologia que nega a natureza humana, e quer estimular nas escolas, desde a mais tenra idade, o anarquismo sexual, discriminando, sim, os princípios e valores cristãos.

As falas dos deputados se estendiam, principalmente os da base governista, interrompidas às vezes por gritos de guerra de ambos os lados, bradando: “Vota, vota!” O relator propôs primeiro a votação do PNE por inteiro, depois os destaques. Mesmo assim, havia uma impressão de que interessavam protelar ao máximo o início da votação, certamente porque haveria uma incerteza em relação ao resultado, e o governo não queria se arriscar a perder naquela matéria. Talvez também pela pressão do pessoal da UNE, em peso lá, com seus agressivos gritos de guerra, fizeram o presidente evitar colocar em votação o quanto antes, pois que o problema seria a votação dos destaques, quando novamente viria à discussão e à deliberação a questão da ideologia de gênero no PNE. Talvez o relator Vanhoni quisesse mesmo postergar, para dar mais tempo ao governo de rearticular com os deputados e buscar uma forma de garantir a aprovação do seu relatório, mantida a inclusão da ideologia de gênero.

 A turba da UNE em furor.

A turba da UNE em furor.

Tudo isso tornava a sessão carregada, tensa, pesada, difícil, um verdadeiro combate espiritual. Parecia haver forças malignas no ar, tal o esgotamento físico que se abateu, estávamos de pé o tempo todo, e indo para o lado da outra lateral da sala. A todo instante havia uma tensão de que algum membro da UNE fosse provocar ou se colidir com os jovens provida, enquanto não se avançava para a votação. E novos gritos de guerra emergiam, ensurdecedores, dos dois lados, com vozes já bastante enrouquecidas. E então, ocorreu o que temíamos. O Presidente já iria colocar em votação o PNE, mas ainda houve mais algumas colocações de questões de ordem e encaminhamentos regimentais. Enfim, e, de modo súbito, ele disse que teria de encerrar a sessão, porque o Presidente da Casa comunicou a todos que iria começar a sessão no grande plenário, pois já havia quorum. Feito isso, o regimento exigiu que os deputados da Comissão fossem para lá. E novamente, tanto o pessoal da UNE, quanto os provida se movimentaram pelo plenário com gritos de guerra e posicionamentos.

 
Em um dos gritos de guerra da UNE, assumiram que o que querem mesmo é implantar o comunismo em toda a América Latina, enquanto o deputado Jair Bolsonaro fez ecoar um sonoro e longo “Vão pra Cuba, vão pra Cuba!” Ainda assim, naquele momento final da sessão, com os ânimos exaltados, e todos misturados por ali, foi possível ver o furor da UNE, com ativistas dispostos a voltar na próxima sessão, marcada para 22 de abril. Ainda antes de sair, lembrei-me do que o deputado petista Molon disse a Marcos Rogério, ainda antes da sessão: “Me queira bem, deputado!, não colida comigo, divirja em alguma outra questão muito pontual e raramente, mas não colida, me queira bem!”

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A Suprema Corte da Austrália decidiu reconhecer o gênero “neutro”; isto em resposta ao processo judicial de Norrie (foto acima) um homem que depois de realizar uma mudança de sexo, disse não sentir-se homem ou mulher e por isso reclamou a criação de um novo gênero.

Conforme informou a imprensa local, o tribunal decidiu de forma unânime que uma pessoa seja identificada como gênero “não específico”, quer dizer que “pode não ser nem do sexo masculino, nem do sexo feminino”. Para documentos de Estado Civil, se identificarão como terceiro sexo, algo até agora reconhecido em muito poucos países.

Depois de sua cirurgia, Norrie pediu às autoridades de Gales do Sul o reconhecimento do gênero sexual neutro, já que afirmou que não se identificava como homem ou mulher.

O registro de Estado Civil de Nova Gales do Sul aceitou em 2001 registrá-lo sob a categoria “gênero não específico”, mas logo depois a decisão foi revogada pelo departamento e Norrie disse que tinha sido “socialmente assassinado”.

O caso chegou à alta corte da Austrália, que decidiu aprovar o seu pedido.

Na Alemanha e Nepal os cidadãos podem colocar um X no espaço “sexo” de seu passaporte.

Fonte  ACI e  http://www.channelnewsasia.com/news/asiapacific/australia-s-top-court/1056268.html ( copie e cole em seu navegador)

Por Hermes Rodrigues Nery | 

Fonte: Fratres in Unum.com –

O que era para ser votado no dia 19 de março (dia de São José) foi adiado para o dia 26 e, posteriormente, para 2 de abril. O deputado do PT, Angelo Vanhoni afirmava, naquele dia, que manteria a inclusão da ideologia de gênero no texto do Plano Nacional de Educação. Pouco depois do meio-dia, já nos concentramos na porta do plenário 1, onde ocorreria a reunião deliberativa, mas o segurança disse que a porta de vidro permaneceria fechada, algo incomum, e as várias pessoas que iam chegando, inclusive algumas mulheres idosas, teriam de ficar esperando a ordem de abertura.

Havia, no interior da sala uma porta, do outro lado, por onde começaram a adentrar, um aqui, outro ali, em tempo espaçado, pessoas que foram ocupando os assentos mais estratégicos, o que provocou uma reação nossa, que estávamos do lado de fora, há mais de uma hora de pé, aguardando. E não houve quem atendesse o apelo para que pelo menos as pessoas idosas ali presentes pudessem entrar. O segurança disse que os que entravam pela outra porta eram assessores especiais e consultores.

A sala foi aberta às 14h30, quase em cima da hora de começar a sessão. E muitos lugares já estavam ocupados. Não foi possível, de imediato, como na sessão do dia 19, reunir um grupo expressivo pró-família, com os cartazes e faixas que expuseram aos deputados o perigo da inclusão da ideologia de gênero no PNE. O pessoal teve que dispersar nos poucos lugares disponíveis e nas laterais.
 
Mais uma vez a sessão começou com a sala cheia e um grupo de estudantes da UNE ficou em uma das laterais, enquanto o grupo de jovens de Brasília, pró-vida e pró-família, se espalhou pelos quatro cantos da sala.
 
O debate começou acalorado, quando o relator petista, defensor da ideologia de gênero, insistiu que manteria o texto original da Câmara (rechaçado pelo Senado), e foi refutado por vários deputados, dentre eles, de modo brilhante e preciso, pelo deputado Marcos Rogério, de Rondônia, apoiado pelos deputados Stefano Aguiar, Paulo Freire e outros.
 Marcos Rogério ressaltou: “Discriminação é crime no Brasil e deve ser punido na forma da lei. Agora, patrocinar a promoção de práticas como metas do Plano Nacional extrapola os objetivos centrais desse Plano Nacional”. Esse é o cerne da questão, quando o governo do PT quer disseminar na rede de ensino práticas de perversão e de anarquia sexual, de acordo com sua agenda e discurso igualitarista, cuja ideologia imposta pelo feminismo radical visa não apenas subverter, mas negar a própria natureza humana, fazendo do corpo a última trincheira a ser vencida para eliminar toda moralidade e justificar assim todas as transgressões, para que cada pessoa seja mais facilmente manipulada e vulnerável ao novo totalitarismo global.
Entre aplausos e vaias, o plenário se manifestava, com os grupos pró e contra a ideologia de gênero, que não ficaram restritos apenas a exibição das faixas e cartazes. O incansável Pe. Lodi da Cruz, permaneceu quase toda a sessão com o cartaz erguido: “Não à Ideologia de Gênero!”
 
Foi quando o deputado Jean Wyllys, ex-Big Brother da Globo, tumultuou a sessão com sua fala confusa sobre diversidade sexual e, na falta de argumentos sólidos, em que a própria antropologia reconhece a validade civilizacional da família monogâmica e heterossexual, apelou para os reducionismos adjetivantes, acusando os representantes pró-família lá presentes de fundamentalistas, retrógrados, obscurantistas, etc. E que aquelas faixas de exortação à ordem natural não lhe intimidava, pois continuaria a defender a sua posição ideológica anarcofeminista.  Quando evocou novamente o laicismo para condenar, com veemência, a presença de religiosos na sala, foi vaiado, vaiadíssimo. O que me lembrou a sessão de 7 de maio de 2008, quando houve a deliberação do PL 1135/91 (visando a legalização do aborto no Brasil) e vencemos por 33×0, e o militante petista, então deputado mensaleiro José Genoíno, fez a enfática defesa pró-aborto, também sendo vaiado. Mas os jovens pró-vida e pró-família de Brasília não deixaram que o deputado BBB atacasse a Igreja (que é sociedade civil e tem todo o direito constitucional de se manifestar), fazendo ressoar novamente extensa e sonora vaia.
Diante disso, o presidente da sessão (certo de que há maioria de votos para rechaçar a ideologia de gênero no PNE) preferiu conter os ânimos já bastante exaltados e, para surpresa de todos, de modo súbito, encerrou a sessão, cuja votação foi adiada para terça e quarta-feira próximas. (dias 07 e 08, estamos aguardando maiores informações)

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Entrevista com Pe. Dr. José Eduardo de Oliveira e Silva, Professor de Teologia Moral

– O Brasil tem protagonizado nas últimas semanas a tentativa de implantação da ideologia do gênero por meio da Votação do Plano Nacional de Educação.

Nessa última quarta-feira houve a terceira tentativa de votação na câmara dos deputados, embora mais uma vez adiada, à causa, dessa vez, de bate-boca e provocação de deputados contra os manifestantes pró-vida e pró-família presentes na sala.

“Muitos têm desviado o foco do debate para temas que não pertencem ao âmbito da ideologia de gênero”, disse à ZENIT o Pe. José Eduardo de Oliveira e Silva, sacerdote da Diocese de Osasco – SP, pároco da Igreja São Domingos (Osasco), doutor em teologia pela Pontifícia Universidade Romana da Santa Cruz e professor de Teologia Moral.

***

Temos visto nas últimas semanas um crescente debate sobre a questão de “gênero” no contexto do Plano Nacional de Educação. Como o sr. avalia estas discussões?

Pe. José Eduardo: Tenho acompanhado de perto os diferentes discursos e percebo que, embora a questão esteja cada dia mais clara, muitos têm desviado o foco do debate para temas que não pertencem ao âmbito da ideologia de gênero, talvez até como um recurso para não enfrentarem um tema tão absurdo. Trata-se de um deslocamento para sabotar o discurso.

Em que consiste, então, a “ideologia de gênero”?

Pe. José Eduardo: Sintetizando em poucas palavras, a ideologia de gênero consiste no esvaziamento jurídico do conceito de homem e de mulher. A teoria é bastante complicada, e uma excelente explicação desta se encontra no documento “Agenda de gênero”. Contudo, a ideia é clara: eles afirmam que o sexo biológico é apenas um dado corporal de cuja ditadura nos devemos libertar pela composição arbitrária de um gênero.

Quais as consequências disso?

Pe. José Eduardo: As consequências são as piores possíveis! Conferindo status jurídico à chamada “identidade de gênero” não há mais sentido falar em “homem” e “mulher”; falar-se-ia apenas de “gênero”, ou seja, a identidade que cada um criaria para si.

Portanto, não haveria sentido em falar de casamento entre um “homem” e uma “mulher”, já que são variáveis totalmente indefinidas.

Mas, do mesmo modo, não haveria mais sentido falar em “homossexual”, pois a homossexualidade consiste, por exemplo, num “homem” relacionar-se sexualmente com outro “homem”. Todavia, para a ideologia de gênero o “homem 1” não é “homem”, nem tampouco o “homem 2” o seria.

Então aqueles que defendem a “ideologia de gênero” em nome dos direitos homossexuais estão equivocados?

Pe. José Eduardo: Exatamente! Eles não percebem que, uma vez aderindo à ideologia de gênero, não haverá sequer motivo em combater à discriminação. Nas leis contra a discriminação, eles querem discriminar alguns que consideram mais discriminados. Contudo, pela ideologia de gênero, não há mais sentido em diferenciar condições e papeis, tudo se vulnerabiliza! Literalmente, eles caíram no conto do gênero.

Para defender a identidade homossexual, estão usando uma ideologia que destrói qualquer identidade sexual e, por isso, também a família, ou qualquer tipo de família, como eles mesmos gostam de dizer.

Em poucas palavras, a ideologia de gênero está para além da heterossexualidade, da homossexualidade, da bissexualidade, da transexualidade, da intersexualidade, da pansexualidade ou de qualquer outra forma de sexualidade que existir. É a pura afirmação de que a pessoa humana é sexualmente indefinida e indefinível.

Então a situação é muito pior do que imaginamos…

Pe. José Eduardo: Sim. As pessoas estão pensando em “gênero” ainda nos termos de uma “identidade sexual”. Há outra lógica em jogo, e é por isso que ninguém se entende.

Para eles, a ideia de “identidade sexual” é apenas um dado físico, corporal. Não implica em nenhuma identidade. Conformar-se com ela seria “sexismo”, segundo a própria nomenclatura deles. A verdadeira identidade é o “gênero”, construído arbitrariamente.

Todavia, este “gênero” não se torna uma categoria coletiva. É totalmente individual e, portanto, indefinível em termos coletivos. Por exemplo, alguém poderia se declarar gay. Para os ideólogos de gênero isso já é uma imposição social, pois a definição de gay seria sempre relativa a uma condição masculina ou feminina mormente estabelecida. Portanto, uma definição relativa a outra, para eles, ditatorial.

Não existiria, tampouco, a transexualidade. Esta se define como a migração de um sexo para outro. Mas, dirão os ideólogos de gênero, quem disse que a pessoa saiu de um sexo, se aquela expressão corporal não exprime a sua identidade construída? Portanto, para eles, não há sequer transexualidade.

Gênero, ao contrário, é autorreferencial, totalmente arbitrário.

Alguém dirá que não há lógica isso. Realmente, a lógica aqui é “ser ilógico”. É o absurdo que ofusca nossa capacidade de entender.

O que dizer, então, de quem defende a ideologia de gênero no âmbito dos direitos feministas?

Pe. José Eduardo: Os ideólogos de gênero, às escondidas, devem rir às pencas das feministas. Como defender as mulheres, se elas não são mulheres?…

Qual seria o objetivo, portanto, da “agenda de gênero”?

Pe. José Eduardo: Como se demonstra no estudo que mencionei, o grande objetivo por trás de todo este absurdo – que, de tão absurdo, é absurdamente difícil de ser explicado – é a pulverização da família com a finalidade do estabelecimento de um caos no qual a pessoa se torne um indivíduo solto, facilmente manipulável. A ideologia de gênero é uma teoria que supõe uma visão totalitarista do mundo.

Como a população está reagindo diante disso?

Pe. José Eduardo: Graças a Deus, milhares de pessoas têm se manifestado, requerendo dos legisladores a extinção completa desta terminologia no Plano Nacional de Educação. Pessoalmente, tenho explicado a muitas pessoas a gravidade da situação nestes termos:

1) querem nos impor uma ideologia absurda pela via legislativa;

2) querem fazê-lo às custas do desconhecimento da população, o que é inadmissível num Estado democrático de direito;

3) e querem utilizar a escola como um laboratório, expondo nossas crianças à desconstrução de sua própria personalidade. E ainda querem que fiquemos calados com isso! Não!, o povo não se calará!

Falando em “Estado democrático de direito” e vendo a manifestação de tantos cristãos, evangélicos e católicos, inclusive de bispos, alguns alegam a laicidade do Estado como desculpa para desprezar os seus argumentos. O que dizer sobre isso?

Pe. José Eduardo: Esta objeção é tão repetitiva que se torna cansativo respondê-la. Numa discussão democrática, não importa se o interlocutor é religioso ou não. O Estado é laico, não laicista, anti-religioso. Seria muito divertido, se não fosse puro preconceito – e às vezes, verdadeiro discurso de ódio anti-religioso –, a insistência com a qual alguns mencionam a Bíblia, os dogmas, os preceitos… como se nós estivéssemos o tempo todo alegando argumentos teológicos. Como se pode ver acima, nossos argumentos aqui são simplesmente filosóficos, racionais. Aliás, são tão racionais a ponto de mostrar o quanto a proposta deles é totalmente irracional, posto que contradizem as sua próprias bandeiras ideológicas.

No final das contas, a única coisa que lhes resta é a rotulação – na audiência de ontem, chamaram aos gritos um deputado de “machista”, em outra ocasião de “patricarcalista” –, mas a rotulação é a arma dos covardes, daqueles que não têm honestidade e liberdade intelectuais. Como digo sempre, nestas discussões, precisamos nos comportar como filósofos, e não como maus advogados, que estão dispostos a negar até as evidências.

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Comentários podem ser enviados ao autor: pe.jose.eduardo@gmail.com

Ideologia de Genero Congresso

Os esforços do governo do PT em incluir a ideologia de gênero no Plano Nacional de Educação(PNE), comprova, mais uma vez, a inteira disposição de aplicar todas as diretrizes e metas contidas no Plano Nacional de Direitos Humanos 3, visando utilizar todos os meios e recursos para disseminar a agenda do feminismo radical, assumida pela ONU, para intensificar o processo de desmonte civilizacional, de modo especial os princípios e valores da cultura ocidental, de tradição judaico-cristã.

O governo do PT está comprometido com este processo de corrosão, executando o que ideólogos dos países desenvolvidos gestaram enquanto experimentos de reengenharia social, a partir de muitas formas de manipulação, de modo especial o da linguagem. A revolução em curso, de premissas anarcofeministas, posta em movimento pelas mulheres empoderadas por Dilma Roussef em seu governo, principalmente na Secretaria de Políticas para as Mulheres, sabem que precisam instrumentalizar toda a rede de ensino para seus fins, fazendo dos professores escravos de uma ideologia, obrigados a ensinar e doutrinar as crianças, desde a mais tenra idade, de que a identidade sexual não pode estar condicionada a um determinismo biológico, pois que é uma construção sócio-cultural, e não pode haver diferenças também nesta dimensão relacional, pois — para elas — as diferenças acentuam lógicas de dominação e poder. 

E os professores serão obrigados a concordar com uma ideologia eivada de equívocos, e de efeitos sociais danosos, mas terão de repetir a cartilha igualitária do MEC se quiserem sobreviver. E as escolas particulares que questionarem o conteúdo ideológico imposto, sofrerão sanções. E a forma de fechar o cerco e acuar todos na redoma, será criar e consolidar o Sistema Único de Educação, para garantir a uniformização do pensamento na rede de ensino. Não se admitirá quem destoe do discurso oficial. E o governo do PT continuará dizendo que tudo isso é democracia. 
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 Insistimos com aqueles que ainda não manifestaram sua posição face à tão perniciosa “Ideologia de Gênero”, que o faça até o dia 2 de abril próximo, pois neste dia será a votação no Congresso Nacional do “Plano Nacional de Educação” (Projeto de Lei 8035/2010). Como manifestar seu protesto a esse execrável “Plano”? Click aqui.

Blog da Família

pergunta

Todo ordenamento jurídico está fundamentado na discriminação. Discrimina-se, por exemplo, quem trabalhou honestamente, e recebeu uma determinada quantia como salário, como sendo um “possuidor legítimo”, cuja propriedade deve ser protegida pelo Estado, daquele que, aproveitando-se da superioridade física ou mesmo da distração do legítimo possuidor, subtrai furtivamente esta mesma quantia – e que é tido como criminoso. Alguém que estudou e submeteu-se a concurso público, ou candidatou-se e foi eleito, é um legítimo servidor público e pode legitimamente exercer poder sobre a comunidade, enquanto aquele que, valendo-se da força das armas e do lucro do tráfico de drogas, domina uma comunidade é considerado um bandido e chefe de quadrilha – e deve ser preso e isolado do convívio social.

Existem, é claro, discrímens justos e injustos. Os justos são aqueles que decorrem das escolhas das pessoas, do uso bom ou mau da sua liberdade, do seu esforço e das suas forças pessoais. Os injustos são aqueles que decorrem de características pessoais inatas, como a cor, o sexo, a altura, a proveniência étnica, dentre outros que não se relacionam, nem direta nem indiretamente, com nenhum âmbito de escolha pessoal.

Assim, pode-se dizer que o ordenamento jurídico de um país deve preocupar-se tanto em promover as discriminações justas e adequadas (como aquela que separa os assalariados dos ladrões, ou os pais dos torturadores de criança) quanto em combater as discriminações injustas e insustentáveis, como aquelas que transformam em cidadãos de segunda categoria os provenientes de determinado grupo étnico. Posto isto, é absolutamente adequado dizer que discriminar injustamente é tão pernicioso quanto eliminar uma discriminação justa.

É por isto que tomar por bandeira a “eliminação pura e simples das discriminações” é uma imbecilidade. Um Estado que não saiba promover as discriminações justas é tão maléfico quanto um que promova as injustas. Imaginemos um Estado que não consiga distinguir trabalhadores de ladrões, ou servidores públicos de chefes de quadrilha, ou mesmo esposos de estupradores. Um Estado cego às discriminações justas. Seria revoltante, tão ou mais do que um Estado que não reconhecesse a cidadania plena às mulheres, ou aqueloutro que reconhecesse o direito de escravizar ou eliminar membros de uma minoria étnica. Ambos são execráveis.

A virtude estatal, aqui, está no meio. Naquele meio, como lembra Aristóteles na Ética a Nicômaco, (Livro 2, capítulo 6, linha 1006b), que não é quantitativo, mas qualitativo, e que, portanto, exige a prudência para ser discernido. É por isso que, sob o aspecto da justiça, é tão imprudente o jovem que carrega cartazes de “abaixo a discriminação” (pura e simples) numa manifestação, e equipara implicitamente trabalhadores a bandidos, quanto o que pertence a grupelhos intolerantes de machistas ou “skinheads”, por exemplo. Os primeiros querem eliminar insensatamente as discriminações justas. Os outros promovem violentamente as discriminações injustas.

Isto posto, vale testar se a pretensão de inserir, no nosso ordenamento, a proibição pura e simples de vedar “qualquer discriminação em razão da orientação sexual”, através da inserção de norma neste sentido no Plano Nacional de Educação, se enquadra nesta noção de promover “discriminação justa” ou combater a “injusta”. Este ponto é particularmente grave, porque será inserida numa lei que diz respeito à raiz da reprodução e da construção da nossa própria sociedade futura: a educação dos nossos jovens.

Tomemos como paradigma, para testar a justiça desta norma, a doutrina científica de um pesquisador particularmente conhecido como um combatente antirreligioso, o inglês Richard Dawkins (autor, dentre outras obras, de um livro denominado “Deus, um Delírio”, e portanto insuspeito de religiosidade). Bom, toda a pesquisa científica deste professor está baseada no evolucionismo neodarwinista, que insiste que a explicação básica da existência humana está na transmissão da sua própria carga genética à geração seguinte, por meio da reprodução dos mais aptos. Ele expõe esta doutrina, com seus próprios fundamentos científicos, em livros como “ O gene Egoísta” e “O Relojoeiro Cego”, além de possuir um sítio na internet onde publica seus estudos sobre a irrelevância (e mesmo perniciosidade) das religiões e sobre o poder de explicação científico da sua visão a respeito da sobrevivência do mais apto e da transmissão do patrimônio genético à próxima geração como fins últimos, e portanto explicações fundamentais, da própria vida e comportamento humanos.

A convicção de Richard Dawkins quanto ao poder científico de sua tese é tamanha que ele publicou recentemente um artigo de outro cientista, o dr. William Kremer, chamado “O Quebra-Cabeças Evolucionário da Homossexualidade” (http://www.richarddawkins.net/news_articles/2014/2/18/the-evolutionary-puzzle-of-homosexuality#) no qual este último cientista relaciona qualquer eventual vantagem evolutiva do comportamento homossexual a três fatores: 1) à reprodução e cuidado de uma prole própria, mesmo sem ou contra as próprias inclinações afetivas, 2) Ao cuidado com a prole de um parente muito próximo, multiplicando a capacidade de que seu “pool de genes” passe, por meio da carga genética deste parente, à próxima geração ou 3) à hipótese de que os mesmos alelos que causem a homossexualidade masculina estejam num cromossomo que, quando presente nas mulheres da família, multiplicam sua fecundidade e seu cuidado com a prole, favorecendo a continuidade daquele “pool de genes” na próxima geração.

Está claro, portanto, que, por meios estritamente científicos, e mesmo antirreligiosos, professores seriíssimos chegam à conclusão de que há diferença de valor nas “orientações sexuais”, e que portanto se pode validamente discriminar, por critérios científicos, aquelas condutas que envolvem o cuidado responsável com uma prole própria, gerada mesmo contra eventuais inclinações sexuais pessoais, ou com uma prole de um parente muito próximo, como uma irmã, daquelas orientações sexuais que envolvam a infertilidade deliberada e a promiscuidade não potencialmente fértil, seja entre pessoas do mesmo sexo, seja entre pessoas de sexos diversos, ou a provocação sistemática do aborto em si ou nas parceiras, como condutas indesejáveis do ponto de vista do sucesso evolutivo e sob um prisma exclusivamente científico.

Se, no entanto, a norma educacional brasileira proibir qualquer discriminação quanto à orientação sexual no seu sistema educacional, parece que estará aberta a porta para que qualquer grupinho de minorias sexuais radicais possa validamente pedir a supressão do ensino dessas teorias neodarwinistas (que valoram as condutas sexuais tendentes à reprodução do pool de genes como superiores àquelas que impedem ou mesmo suprimem esta reprodução) como preconceituosas àquelas minorias cuja “orientação sexual” não envolva nem a responsabilidade com uma prole própria, nem com o cuidado da prole de parentes muito próximos. E estarão perfeitamente cobertas por esta norma cuja aprovação está sendo proposta com o aval imprudente de uma grande parte da própria comunidade científica. Esta mesma comunidade que será em seguida censurada por estas minorias a quem hoje imprudentemente se alia, e que imprudentemente desqualifica os adversários desta norma injusta como irracionalistas religiosos.

Bom, os religiosos às vezes podem ser mais racionais que os cientistas: enquanto a liberdade de falar mal, respeitosamente, da religião alheia parece bem razoável às pessoas religiosas (que admitem, portanto, a liceidade das especulações religiosas de Dawkins, embora discordem delas no mérito), alguns cientistas que apoiam a introdução da norma que veda a discriminação de condutas em razão da “ideologia do gênero” na educação estão, em seu ódio a Deus, cegos para o fato de que combater a liberdade religiosa neste particular é também combater a própria liberdade científica.

Por Paulo Vasconcelos Jacobina

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Semana passada, foi objeto de votação na Câmara Federal a introdução da ideologia de gênero no Plano Nacional de Educação. Devido a forte e sadia oposição, inclusive com manifestações organizadas, – faixas e cartazes com dizeres “Não ao Gênero e sim ao Sexo”, “Não à ideologia do gênero”, nas mãos de cerca de duzentos jovens, – foi feito um pedido de vistas e a matéria deve retornar amanhã à pauta da Comissão Especial.

A ideologia de gênero quer eliminar a ideia de que os seres humanos se dividem em dois sexos, afirmando que as diferenças entre homem e mulher não correspondem a uma natureza fixa, mas são produtos da cultura de um país, de uma época. Algo convencional, não natural, atribuído pela sociedade, de modo que cada um pode inventar-se a si mesmo e o seu sexo.

O feminismo do gênero, que promove essa ideologia, procede do movimento feminista para a igualdade dos sexos. A ideologia de gênero, própria das associações LGBT, baseia-se na análise marxista da história como luta de classes, dos opressores contra os oprimidos, sendo o primeiro antagonismo aquele que existe entre o homem e a mulher no casamento monogâmico. Daí que essa ideologia procura desconstruir a família e o matrimônio como algo natural. Em consequência, promovem a “livre escolha na reprodução”, eufemismo usado por eles para se referir ao aborto provocado.

Como “estilo de vida”, promovem a homossexualidade, o lesbianismo e todas as outras formas de sexualidade fora do matrimônio. Entre nós, querem introduzir essa ideologia, usando o termo “saúde reprodutiva”. E usam a artimanha de palavras, especialmente “discriminação” e “luta contra o preconceito”. Sob esse nome sedutor – pois todos somos contra a discriminação injusta e o preconceito – querem fazer passar a ideologia do gênero, a ditadura do relativismo moral, estabelecendo uma nova antropologia anticristã, sob o nome de democracia.

O art. 2º, III, desse Plano Nacional de Educação estabelece que a ideologia de gênero será implementada obrigatoriamente em todas as instituições escolares públicas, privadas e confessionais nas metas, planos e currículo escolar, inclusive no material didático sem que os pais ou professores possam ser opor.

Essa campanha é internacional. Na Itália, por exemplo, os folhetos distribuídos nas escolas pretendem ensinar a todos os alunos que “a família pai-mãe-filho é apenas um ‘estereótipo de publicidade’; que os gêneros masculino e feminino são uma abstração; que a leitura de romances em que os protagonistas são heterossexuais é uma violência; que a religiosidade é um valor negativo; chega-se ao ridículo de censurar os contos de fadas por só apresentarem dois sexos em vez de seis gêneros, além de se proporem problemas de matemática baseados em situações protagonizadas por famílias homossexuais”.

Você também está convidado a reagir contra essa ditadura ideológica, assinando a petição aos deputados, pedindo a não inclusão da Ideologia de Gênero no PNE. Basta clicar no link http://www.citizengo.org/pt-pt/5312-ideologia-genero-na-educacao-nao-obrigado.

Dom Fernando Arêas Rifan, bispo administrador apostólico da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney.

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Petição Pública contra a “Ideologia de Gênero”

Tendo em vista a pauta da Câmara dos Deputados, que nesta quarta-feira, 26 (26/3/2014), vota o Plano Nacional de Educação (PNE), coloco-me, como brasileiro e cristão, a pedir-vos para assinar uma petição pública contra a ‘ideologia de gênero”, presente na atual versão do Documento que, se aprovado, tornar-se-á parâmetro para o sistema educacional brasileiro.

Devido à pressão popular, a votação do referido documento foi adiada diversas vezes. Tal pressão dá-se devido aos valores antiéticos e morais que a chamada “ideologia de gênero” representa para a sociedade como um todo. Difusa em vários países, chega a vez do Brasil. Seu alcance social e cultural já foi qualificado por alguns como “verdadeira revolução antropológica”. Não se trata apenas de uma simples moda intelectual. Diz respeito, antes de tudo, a um movimento cultural com reflexos na compreensão da família, na esfera política e legislativa, no ensino, na comunicação social e na própria linguagem corrente.

Como tal, a “ideologia de gênero” opõe-se radicalmente à visão bíblica e cristã da pessoa e da sexualidade humana. Refere-se à defesa de um modelo de sexualidade e de família que a sabedoria e a história, não obstante as mutações culturais, nos diferentes contextos sociais e geográficos, consideram apto para exprimir a natureza humana. Tal ideologia não apenas contrasta com a visão bíblica e cristã, mas também com a verdade da pessoa e da sua vocação humana. Prejudica a realização pessoal e, a médio prazo, defrauda a sociedade. Não exprime a verdade da pessoa, mas distorce-a ideologicamente. É importante saber que a palavra gênero substitui – por uma ardilosa e bem planejada manipulação da linguagem – o termo sexo. Deste modo, o modelo “inovador” proposto para a sociedade brasileira – e esperamos sua manifestação contrária – não existiria mais homem e mulher distintos segundo a natureza, mas, ao contrário, só haveria um ser humano neutro ou indefinido que a sociedade – e não o próprio sujeito – faria ser homem ou mulher, segundo as funções que lhe oferecer.

Nós sempre acreditamos que Deus criou o ser humano como homem e mulher. Portanto, o homem não escolhe ser homem ou mulher, mas o é por natureza. Independentemente das crenças religiosas, este fundamento da sexualidade humana faz parte da humanidade desde sempre, mas hoje já não é aceito como um dado real. Ao contrário, é negado por uma nova interpretação da vida sexual moderna. Ser homem ou mulher não é mais o resultado de uma realidade que nos é dada, mas resultado de uma escolha.

Em uma época que o ser humano se orgulha da preocupação com a natureza, a natureza humana está sob forte ataque. Por isso, prestemos atenção, quão arbitrária, antinatural e anticristã é a ideologia de gênero contida no Plano Nacional de Educação (PNE). Por essa razão, merece a efetiva reação dos cristãos e de todas as pessoas de boa vontade, a fim de exigir que nossos representantes no Congresso Nacional façam, mais uma vez, jus ao encargo de serem nossos representantes e rejeitem, definitivamente, a “ideologia de gênero” em nosso sistema de ensino. Pois, o Congresso Nacional não tem o poder de votar matéria tão importante sem o conhecimento e a aprovação do Povo.

As formas de participação – simples, mas imprescindíveis – são as seguintes:
a) assinatura em uma plataforma específica no http://www.citizengo.org/pt-pt/5312-ideologia-genero-na-educacao-nao-obrigado
b) ligação gratuita pelo telefone 0800 619 619. Tecla “9” pedindo a rejeição à ideologia de gênero em nosso sistema educacional.

Dom Nelson Westrupp, scj
Bispo de Santo André

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 O Brasil vem constantemente logrando os piores lugares em competições internacionais de ciências e matemática, classificações muito abaixo daquelas alcançadas por vizinhos que têm desempenho econômico e carga tributária muito menor que a nossa. O fato de não estar entre os primeiros lugares em tais competições já foi causa de crises em países desenvolvidos, como se pode ver, por exemplo, num artigo de um professor norte-americano que questiona um resultado diferente do primeiro lugar, em competições assim, com um questionamento geral aos métodos educacionais naquele país (o artigo se chama “Why Johnny’s Teachers can’t Teach”, pode ser encontrado na Internet e tripudia com certos métodos pedagógicos que são a norma absoluta no Brasil). Aquilo que nos outros países é sinal de vergonha nacional, por aqui nem é notícia.

Isto poderia ser um indício de que o foco principal da nossa educação não está na técnica, na formação científica e profissional. Aliás, não apenas um indício, mas uma certeza. Isto seria justificável se pudéssemos, no entanto, dizer que a nossa educação não se propõe a formar operários e trabalhadores,mas a desenvolver virtudes sociais e pessoais, de modo a construir um povo mais consciente e fraterno. Mas tampouco é assim.

Recentemente o sítio eletrônico da FIFA publicou uma série de recomendações para os estrangeiros que vierem ao Brasil durante a Copa do Mundo, recomendações estas que apontavam fatos como “para os brasileiros, o ‘sim’ nem sempre é sim’”, ou ainda “pontualidade não é um traço cultural no Brasil”; constatações como aquela de que não há nenhum respeito aos pedestres no trânsito, que o tamanho avantajado do veículo define a preferência nos cruzamentos e de que o contato físico, os beijos lânguidos e a apalpação contínua são a norma nos relacionamentos sociais pareceram pertinentes à FIFA para descrever-nos perante os estrangeiros. Curioso é que as recomendações terminavam com um apelo à paciência dos estrangeiros frente ao hábito brasileiro de deixar tudo para a última hora com uma frase da ex-deputada Marta Suplicy, de forte apelo lascivo: frente às eventuais dificuldades, “relaxe e goze”.

Esta página da FIFA, que era ornada por uma foto de jovens semidesnudas na praia, foi recentemente retirada do ar, aparentemente por protestos de brasileiros. Curiosamente, ela repercute um incidente anterior, que envolveu uma multinacional de roupas de esporte que lançou camisetas para estrangeiros sobre a copa, com ornamentos como um grande coração verde e amarelo em forma de nádegas e frases como “looking to score in Brazil” (um trocadilho que relaciona o desempenho esportivo ao sexual).

É inegável que as virtudes que resplandeçam em nosso povo, quando em contatos internacionais, estejam voltadas, portanto, à leviandade, à falta de respeito pelo outro, à incompreensão da necessidade de respeito às normas de convivência social, à malandragem, à lei do mais forte e, principalmente, ao orgulho nacional quanto à conduta sexual, digamos, “liberada” ou avançada. Definitivamente, não somos um povo que acredita na possibilidade da educação da libido ou mesmo da convivência social. Para que educamos nossas crianças e jovens,então?

Uma boa pista pode ser dada pela história recente de nossas propostas governamentais de educação. A introdução de “kits gays”, a distribuição de camisinhas aos jovens da mais tenra idade e a recente polêmica sobre a introdução da educação para a ideologia de gênero são indicadores daquilo que se apresenta como o único projeto consistente das nossas autoridades para as nossas crianças e os nossos jovens: a educação para a prática sexual indiscriminada.

Desistimos de educar bons cientistas, pesquisadores e trabalhadores, porque isto seria transformar nossos jovens em “lacaios do capitalismo”. Desistimos de educar para a responsabilidade social e pessoal, porque isto seria assumir uma visão “opressora” à liberdade individual dos jovens, que devem viver sua “liberdade”de lobos hobbesianos longe dos preconceitos retrógrados já tão denunciados por pensadores canonizados pelo “stablishment”, como Foucault, Freud e Lacan. Estamos gerando nosso ideal de sociedade conforme aquilo que a FIFA tão timidamente descreveu…

A polêmica mais recente envolve a proibição de discriminar as pessoas, nas escolas, em razão de sua “orientação sexual”. Vale dizer, em nome do respeito a uma suposta benéfica “diversidade sexual”, os educadores estarão impedidos, através de uma cláusula aberta e absolutamente ampla, de afirmar que a conduta responsável nas atividades sexuais, tais como a castidade, a continência, a fidelidade e a abertura à vida e responsabilidade com o parceiro e a respectiva prole, são discrímens positivos válidos com relação àqueles que, por exemplo, dando livre vazão à sua libido, constroem uma vida sexual promíscua e egoísta e transformam-se em vetores vivos de doenças e desagregação familiar. A discussão mais forte sobre o ponto mais polêmico do Plano Nacional de Educação é, portanto, uma proposta governamental que declara como perniciosa qualquer orientação de pais, líderes religiosos e educadores quanto à possibilidade, mesmo em tese, de discernir valores e desvalores na conduta sexual individual.

A recente declaração de uma professora defensora da “liberdade” sexual de que educar sobre a violência não torna ninguém violento e que, portanto, educar sobre a sexualidade não torna ninguém devasso pode, sem dúvida, se bem entendida, lançar uma luz sobre o verdadeiro sentido da proposta educacional do governo. Se esta professora pensar bem, verá que educar sobre a violência constrói bons cidadão, mas educar para a violência gera apenas soldados do crime. O mesmo se aplica à introdução da ideologia de gênero no Plano Nacional de Educação. Se não conseguimos entender a diferença, então devemos desistir de educar quem quer que seja.

Por Paulo Vasconcelos Jacobina

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Mais uma vez, na Itália, o silêncio das Sentinelas em Pé [Sentinelle in Piedi] é acusado de homofobia.

A última acusação veio do site agregador de notícias Huffington Post, que publicou uma carta aberta ao jornal italiano Avvenire culpando-o de divulgar uma carta das próprias Sentinelas, e mais ainda, de ter corajosamente disparado o alarme contra a intromissão da ideologia de gênero nas escolas do país. A carta aberta do Huffington Post tacha as Sentinelas de “pessoas homofóbicas e transfóbicas, que, de maneira cada vez mais visível e óbvia, se recusam a ceder às mudanças sociais”.

“A acusação destaca duas coisas”, comentam as Sentinelas em um comunicado recém-publicado. “Por um lado, confirma a necessidade urgente de nos mobilizarmos contra o liberticida projeto de lei Scalfarotto, que trata da homofobia. Se hoje somos acusados de homofobia apenas por ficar em silêncio nas ruas e praças a fim de expressar a nossa legítima dissensão diante de uma medida legislativa, o que acontecerá amanhã, se a lei entrar em vigor?”.

“Não nos cansaremos nunca de afirmar que este texto”, continua o comunicado das Sentinelas, “apresentado como necessário para impedir atos de violência contra pessoas com tendências homossexuais, é na verdade inconstitucional, já que não especifica o que se entende por homofobia e, portanto, deixa aberta a possibilidade de que simples opiniões estejam sujeitas a processos, como hoje já são passíveis de acusações. Com essa lei, poderia ser processado qualquer um que se dissesse contrário às adoções de crianças por parceiros do mesmo sexo, bem como qualquer um que sustentasse que a família se baseia na união entre um homem e uma mulher”.

O segundo aspecto destacado pelas Sentinelas é “o grande engano que este projeto leva em frente: a contraposição entre homossexuais e heterossexuais. Não há um ‘nós’ e um ‘vocês’ em mútuo combate; não para as Sentinelas em Pé, que se recusam a catalogar as pessoas com base em orientação sexual, já que não é este aspecto o que constitui a integridade da pessoa”.

“Por trás da reclamação de supostos direitos negados, o lobby LGBT se arroga o direito de falar em nome de todos os homossexuais e transexuais, sem considerar que, entre eles, há pessoas completamente contrárias à sua pretensão de direitos baseados em orientação sexual. Muitas dessas pessoas nos acompanham nas manifestações de rua. Não só isso: com essa mesma abordagem, as próprias Sentinelas em Pé são pejorativamente catalogadas com o preguiçoso e velho rótulo de ‘reacionárias católicas’ ou ‘fanáticas’”.

“O quanto isso é falso é demonstrado pela realidade das nossas vigílias: a nossa rede é uma organização apartidária e aconfessional, e, entre as Sentinelas em Pé, há, por exemplo, cidadãos católicos, muçulmanos, não crentes e mórmons. Basta vir às ruas conosco para constatá-lo em primeira pessoa”.

“Isto deveria bastar para deixar claro que a liberdade de expressão se aplica a todos e não conhece cores políticas, religião ou orientação sexual. Quem é verdadeiramente livre de preconceitos não pode deixar de reconhecê-lo e de sair às ruas conosco”.

No último sábado, 22 de março, as Sentinelas realizaram a sua manifestação silenciosa nas cidades italianas de Chiavari, La Spezia e Imperia. “Fizemos a nossa vigília em silêncio hoje para garantir a nossa liberdade de expressão de amanhã”, encerra o comunicado.

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Site http://sentinelleinpiedi.it/

Facebook: https://www.facebook.com/pages/Sentinelle-In-Piedi/418142194971275

 

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Depois de adiada várias vezes devido à pressão popular, a votação do Plano Nacional de Educação (PNE), a vigorar nos próximos dez anos como parâmetro ao sistema educacional brasileiro, esta foi marcada para a próxima quarta-feira, dia 26 de março.

O documento a ser votado contem, no entanto, uma afronta às famílias brasileiras responsáveis pelas novas gerações, pois introduz, oficialmente, no ensino nacional a revolucionária, sorrateira e perigosa “ideologia de gênero” desmascarada mais de uma vez por estudiosos de renome.

É importante saber que a palavra gênero substitui – por uma ardilosa e bem planejada manipulação da linguagem – o termo sexo. Tal substituição não se dá, porém, como um sinônimo, mas, sim, como um vocábulo novo capaz de implantar na mente e nos costumes das pessoas conceitos e práticas inimagináveis.

Nesse modelo inovador de sociedade, não existiria mais homem e mulher distintos segundo a natureza, mas, ao contrário, só haveria um ser humano neutro ou indefinido que a sociedade – e não o próprio sujeito – faria ser homem ou mulher, segundo as funções que lhe oferecer.

Vê-se, portanto, quão arbitrária, antinatural e anticristã é a ideologia de gênero contida no Plano Nacional de Educação (PNE) e que por essa razão merece a sadia reação dos cristãos e de todas as pessoas de boa vontade a fim de pedir que nossos representantes no Congresso Nacional façam, mais uma vez, jus ao encargo que têm de serem nossos representantes e rejeitem, peremptoriamente, a ideologia de gênero em nosso sistema de ensino.

As formas de participação – simples, mas imprescindíveis – são as seguintes: a) assinatura em uma plataforma específica no  http://www.citizengo.org/pt-pt/5312-ideologia-genero-na-educacao-nao-obrigado e b) ligação gratuita pelo telefone 0800 619 619. Tecla “9” pedindo a rejeição à ideologia de gênero em nosso sistema educacional.

São José, patrono da família, rogai por nós!

Rio de Janeiro, RJ, 22 de março de 2014.

† Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ.


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O livro “Ideologia de Gênero: neototalitarismo e a morte da família”, cuja versão em português esteve aos cuidados da editora Katechesis, é um livro do advogado pró-vida, argentino, Jorge Scala, lançado no Brasil em Outubro do ano passado.

Por que um livro sobre a ideologia de gênero?

A razão é simples: a ONU criou uma Agência do Gênero. Essa agência se dedica a controlar que todos os organismos e programas da ONU incluam o gênero. Por sua vez, a União Européia e o Banco Mundial condicionam os empréstimos para o desenvolvimento dos países pobres, por cláusulas da difusão de Gênero. Finalmente, se incorporou o gênero no sistema educacional dos nossos países. Dado tudo isto, é necessário investigar o que é o gênero.

O que significa dizer que a ideologia de gênero é uma ideologia e não uma teoria ou uma descoberta científica?

Uma teoria é uma hipótese verificada experimentalmente. Uma ideologia é um corpo fechado de idéias, que parte de um pressuposto básico falso – que por isto deve impor-se evitando toda análise racional -, e então vão surgindo as conseqüências lógicas desse princípio falso. As ideologias se impõem utilizando o sistema educacional formal (escola e universidade) e não formal (meios de propaganda), como fizeram os nazistas e os marxistas.

O que é, então, a ideologia do gênero? Como você a descreveria para nossos leitores?

Seu fundamento principal e falso é este: o sexo seria o aspecto biológico do ser humano, e o gênero seria a construção social ou cultural do sexo. Ou seja, que cada um seria absolutamente livre, sem condicionamento algum, nem sequer o biológico -, para determinar seu próprio gênero, dando-lhe o conteúdo que quiser e mudando de gênero quantas vezes quiser.

Agora, se isso fosse verdade, não haveria diferenças entre homem e mulher – exceto as biológicas -; qualquer tipo de união entre os sexos seria social e moralmente boas, e todas seriam matrimônio; cada  tipo de matrimônio levaria a um novo tipo de família; o aborto seria um direito humano inalienável da mulher, já que somente ela é que fica grávida; etc. Tudo isso é tão absurdo, que só pode ser imposto com uma espécie de “lavagem cerebral” global.

Você, em seu livro, a chama de “ideologia totalitária”. Há alguma relação com as ideologias totalitárias que a humanidade tem experimentado na história? Ou é um passo para chegar a estas situações de políticas totalitárias?

O gênero destrói a estrutura antropológica íntima do ser humano, por tanto quem fique à mercê dessa ideologia o fará “voluntariamente”. Não é mais do que uma ferramenta de poder global que, se imposta, levará a um regime totalitário – ainda quando haja eleições e partidos políticos como na Alemanha nazista -. Em contraste, nas outras ideologias conhecidas, o Estado dominava – ou domina como na Coréia do Norte ou em Cuba – pela força bruta.

Parece uma ideologia que entra nos países pelo aspecto legal e jurisdicional. Não será a falta de reconhecer uma lei natural, e a adoção do positivismo, os alicerces deste totalitarismo?

O problema parece mais profundo e complexo. O ethos é aquilo que um povo estima o que está bem e o que está mal, desde as profundezas do seu coração, não importando o que digam as leis e até mesmo o que cada um faça na própria vida. O problema é que o Ocidente perdeu o seu ethos comum, até 30 ou 40 anos atrás, era o cristianismo. O liberalismo fez que muitas pessoas acreditassem que a moral fosse um assunto privado de cada pessoa. Então, para alguns, é bom mentir, roubar, matar e fornicar – em certas circunstâncias -; e como todas as opiniões são iguais, a única maneira de viver em sociedade é que as leis “imponham” um certo ethos, que deve ser aceito por todos, sob certas penalidades. Por isso, nos nossos parlamentos promove-se todos os tipos de leis de gênero. Busca-se com elas que – junto com a educação -, formem o novo ethos dos nossos povos. E se o gênero se converte em ethos, o sistema totalitário funcionará plenamente.

A teoria do gênero é totalitária, mas não vemos ninguém perdendo as suas vidas. Então, por que ter medo de algo que não passa de leis e de idéias? Não é melhor respeitar a opinião de cada um?

Em 2010 a Espanha reformou a sua lei do aborto conforme a ideologia do gênero, considerando-o “direito humano” essencial da mulher. Naquele ano houve 113.031 abortos na Espanha. Essa “lei” e essa “idéia” mataram – só na Espanha e só nesse ano -, muitas pessoas. Não é pra ter medo da ideologia do gênero, mas é necessário enfrentá-la no campo das idéias, que é onde ela pode ser vencida mais facilmente.

Sempre é necessário respeitar as pessoas – independentemente dos seus pensamentos-. No entanto, as opiniões não se respeitam: se discernem. O livro ajudará o leitor a fazer seu próprio discernimento sobre o gênero.

Qual é, então, as conseqüências para nossos filhos, para a próxima geração?

Eu respondo com um fato real. Dei uma palestra sobre esta ideologia, a todos os professores de uma cidade de 7.000 habitantes, numa área rural da minha província. Gente simples e trabalhadora. Ao concluí-la, uma professora comentou em voz alta: ‘Agora eu entendo porque há alguns dias atrás meu filho de 7 anos me perguntou: mamãe eu sou menino ou menina …? As pessoas formadas e maduras estão imunes dessa ideologia, mas se a permitirmos penetrar nas crianças desde tenra idade – cinema, rádio, TV, escola, revistas -, em muitos casos, teremos que lamentar com o tempo tragédias de todo tipo.

“Onde haja um homem – mulher ou varão – , sua inteligência buscará a verdade, sua vontade tentará amar e autodirigir-se para o bem “, é o que você afirma no seu livro. Qual seria a melhor maneira de combater esta e outras ideologias semelhantes que tendem a penetrar nas Constituições e leis dos países? É a formação de homens e mulheres verdadeiros? O que significa um homem ou uma mulher verdadeiros?

Ante todas as idéias insalubres ou absurdas que giram pelo mundo atual, o mais importante não são outras idéias que as combatam; Mas sim, testemunhas da verdade. Mulheres e homens sinceros, de carne e osso. A mulher é a mãe, ou seja: o amor incondicional e que sempre está presente. O varão é o pai, ou seja: a autoridade, o amor que põe limites e condições, para tirar o melhor de si de cada um. Ambos amores são necessários para chegar à maturidade humana. Conhecer um homem e uma mulher assim, é a melhor “vacina” contra a ideologia do gênero.

Todo o dinheiro da venda desse livro no Brasil é revertido para o movimento Pró-vida do Brasil. O livro é distribuído no Brasil pelo Prof Felipe Nery (proffnery@hotmail.com)

Jorge Scala – Argentino. Advogado. Professor de Bioética na Universidad Libre Internacional de las Américas. Professor honorário da Universidad Ricardo Palma. Prêmio Thomas More do Instituto Tomas Moro. Prêmio João Paulo II à defesa da vida da Universidad Fasta. Autor e co-autor de vários livros. Deu mais de 600 palestras em 17 países.

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A transmissão de conhecimentos, que realmente conduzem, para dentro e para fora das crianças, dos jovens e dos cidadãos, todas suas potencialidades e talentos, é uma educação válida. Pretende-se mesmo nos planos educacionais do Brasil educar o povo para construir uma nação? Há dúvidas a esse respeito em muitas cabeças lúcidas do país. A transmissão de idéias, de opiniões, de linhas de pensamento, que condicionam e manipulam a razão e os sentimentos humanos é, com certeza, uma ideologização. O país precisa de ideologias manipuladoras e impostas para ser um Brasil destacável no cenário internacional? Com certeza, não!!

Sabe-se que toda ideologia introduzida nos planos de educação para a infância e a juventude tem, sem sombra de dúvida, a pretensão de “conquistar inteligências”, a fim de utilizar as crianças e os jovens para objetivos de determinados grupos, com instruções duvidosas ou, inclusive, com objetivos bem declarados no nosso meio político cultural.

A ideologia do gênero é uma dessas pretensiosas tentativas de “arrebanhar” pessoas no período de formação intelectual e ética, onde são colocados os principais alicerces das verdades e dos valores fundamentais, para que sobre eles se edifiquem as restantes etapas de desenvolvimento humano e social.

A ideologia do gênero possui várias ferramentas para manipular a linguagem e para desinformar as pessoas, tanto as pessoas do corpo docente – professores – como as do corpo discente – alunos –; umas dessas ferramentas, e muito utilizada na cultura atual, é a palavra discriminação.

Basta colocar esse termo num cabeçalho de artigo ou no seu conteúdo, para que cabeças se inclinem e joelhos de dobrem “adorando” os argumentos apresentados em seguida a ele.

A discriminação de pessoas homoafetivas tem seu “altar de adoração”, que é a homofobia; a discriminação de pessoas de etnia afro tem o seu “altar”, que é o racismo; a discriminação da mulher, possui um altar rosado, que é feminismo de terceira geração. Quem não inclinar, reverentemente, a cabeça, e quem não fizer uma genuflexão solene, com os dois joelhos, diante desses altares, é porque não foram “devidamente educados” na vida. Só a “educação ideologizada” permitirá esses gestos de idolatria ao gênero.

No Brasil está sendo votado, numa comissão especial da Câmara dos Deputados em Brasília, o Plano Nacional de Educação (PL 8035/2010), cujo relator, deputado federal do PT do Paraná, repeliu, sem justificativa nenhuma, o texto enviado pelo Senado, em cujas páginas não aparecia a ideologia de gênero.

Esse deputado, certamente laico, mas em exercício do “seu sacerdócio sagrado” e rendendo tributo à “religião” ensinada pelos ideólogos da cultura do gênero, quer impor, na educação da infância e da juventude brasileira, o culto aos deus da “construção culturalmente livre” do sexo das crianças e dos jovens do nosso país.

Essa ideologização da educação acaba oferecendo aos futuros construtores da civilização brasileira e da cultura do povo mais acolhedor do mundo, a oportunidade de “monopolizarem” os três alicerces fundamentais da sociedade: a sexualidade humana, a família e os valores éticos.

Quem pretende monopolizar e manipular esses três fundamentos da nossa Nação? São os controladores da população, são os ativistas dos direitos arbitrários, são os que só falam a língua do “politicamente correto”, são os desconstrutores da linguagem, enfim, são os “novos sacerdotes” do Estado laicista.

A ideologia do gênero é tão perniciosa, que não atrai nem convence as pessoas bem educadas, e por isso mesmo, só pode ser implantada de forma totalitária.

Trata-se, em definitiva, da ditadura do relativismo, tão de moda numa sociedade e numa cultura, que se auto-intitulam democráticas.

Querem impor no Brasil um novo modelo  antropológico (?), que seria a origem de uma nova cosmologia e que transformaria totalmente as pautas éticas da sociedade.

Como acontece com todas as ideologias enganosas, a ideologia do gênero não surgiu no horizonte cultural por geração espontânea. Várias correntes de pensamento contribuíram com diversos elementos e entre eles destacam-se a revolução sexual, a filosofia da desconstrução da cultura judaica-cristã, os existencialistas ateus, o feminismo radicalizado e depreciativo e as políticas anti-vida. Por isso mesmo essa ideologia não deveria ter um espaço tão amplo num plano nacional de educação.

A educação não deve – não pode – ser entregue nas mãos desses “pseudo- mestres” de “verdade geradas” na penumbra das idéias e das opiniões tão alheias à dignidade da inteligência e da liberdade humana.

O Papa Francisco tem, exercido com suas atitudes e ensinamentos, no cenário mundial uma missão pedagógica inquestionável e seu estilo otimista, positivo e aberto, tem sido uma exortação para todas as Nações no sentido de que cada povo seja o criador da sua própria cultura e protagonista da sua história única.

Daí que a educação autêntica de um povo reclama uma imparcialidade ideológica. Educação, sim! Ideologias, não! É um sonho, mas um sonho também realizável no nosso país, se as famílias e as religiões presentes no Brasil defenderem seus filhos e crentes.

Dom Antonio Augusto Dias Duarte

Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro