Uma antiga coleção de 70 livros pequenos, cada um com 5 a 15 páginas de chumbo, pode desvendar alguns segredos dos primórdios do cristianismo.(foto)

Para os estudiosos de religião e de história, trata-se de um tesouro sem preço. Ziad Al-Saad, diretor do Departamento de Antiguidades da Jordânia chegou a dizer que pode ser a “descoberta mais importante da história da arqueologia”.

Embora ainda estejam divididos quanto à sua autenticidade, especialistas acreditam que trata-se da maior descoberta da arqueologia bíblica desde que foram encontrado os Rolos do Mar Morto, em 1947.

Os livros foram descobertos há cinco anos em uma caverna em uma região remota da atual Jordânia. Acredita-se que pertenciam a cristãos que fugiram após a queda de Jerusalém no ano 70 dC. Documentos importantes do mesmo período já foram encontrados no mesmo local.

Testes iniciais indicam que alguns desses livros de metal datam do primeiro século. A estimativa é baseada na forma de corrosão que atingiu o material, algo que especialistas acreditam ser impossível reproduzir artificialmente. Quando os estudos forem concluídos, esses livros podem entrar para a história como alguns dos primeiros documentos cristãos, antecedendo até mesmo os escritos atribuídos ao apóstolo Paulo.

A doutora Margaret Barker, ex-presidente da Sociedade de Estudos do Antigo Testamento, explica: “O livro do Apocalipse fala de um livro selado que seria aberto somente pelo Messias. Outros textos da época falam sobre livros de sabedoria selados e de uma tradição secreta transmitida por Jesus aos seus discípulos mais próximos. Esse é o contexto dessa descoberta. Sabe-se que, pelo menos em duas ocasiões, grupos de refugiados da perseguição em Jerusalém rumaram para o leste, atravessaram a Jordânia, perto de Jericó e foram para a região onde esses livros agora foram achados.”

Para ela, outra prova de que o material é cristão e não judaico é o fato de os escritos estarem em formato de livros, não de pergaminhos. “Os cristãos estão particularmente associados com a escrita na forma de livros. Eles guardavam livros como parte de uma tradição do início do cristianismo… Caso se confirmem as análises iniciais, esses livros poderão trazer uma luz nova e dramática para a nossa compreensão de um período muito significativo da história, mas até agora pouco conhecido.”
Ela refere-se ao período entre a morte de Jesus e as primeiras cartas do Apóstolo Paulo.

Há referências históricas a alguns desses acontecimentos, mas quase nenhum material deixado por quem realmente vivenciou o surgimento da igreja cristã.

Fonte: Pavablog

Veja imagens:

Local da descoberta, Na Jordânia
Local da descoberta, Na Jordânia

Mais informações em Inglês:

http://www.bbc.co.uk/news/mobile/world-middle-east-12888421

O governo da Jordânia tenta repatriar livros feitos de chumbo que, segundo suspeitas de especialistas, parecem ser os mais antigos da história cristã, tendo sobrevivido a quase 2.000 anos em uma caverna do país do Oriente Médio.

As relíquias, que estão atualmente em Israel, poderiam trazer à luz novos dados para nosso entendimento sobre o nascimento do cristianismo e sobre a crucificação e a ressurreição de Jesus Cristo.

O conjunto de cerca de 70 livros –cada um com entre 5 e 15 “folhas” de chumbo presas por aros de chumbo– foi aparentemente descoberto em um vale remoto e árido no norte da Jordânia, entre 2005 e 2007.

Uma enchente expôs dois nichos dentro da caverna, um deles marcado com um menorá, candelabro que é símbolo do judaísmo.

Um beduíno jordaniano abriu os nichos e o que encontrou ali dentro parece ser uma extremamente rara relíquia dos primórdios do cristianismo.

Essa é a visão do governo da Jordânia, que alega que os livros foram contrabandeados para Israel por outro beduíno.

O beduíno israelense que atualmente guarda os livros nega tê-los contrabandeado e alega que as antiguidades são peças que sua família possui há cem anos.

O governo jordaniano disse que fará “todos os esforços, em todos os níveis” para repatriar as relíquias.

VALOR HISTÓRICO

O diretor do Departamento de Antiguidades da Jordânia, Ziad Al-Saad (foto) diz que os livros parecem ter sido feitos por seguidores de Jesus nas décadas seguintes a sua crucificação.

“Talvez eles sejam mais significativos que os pergaminhos do mar Morto (relíquias descobertas nos anos 1940 que contêm textos bíblicos)”, disse Saad.

“Talvez eles precisem de mais interpretação e conferência de autenticidade, mas a informação inicial é muito animadora. Parece que estamos diante de uma descoberta importante e significativa, talvez a mais importante da história da arqueologia.”

Ante alegações tão fortes, quais são as provas?

As “folhas” dos livros –a maioria delas do tamanho de um cartão de crédito– contêm textos escritos em hebraico antigo, a maior parte em código. Se as relíquias forem de fato de origens cristãs, em vez de judaicas, são de grande significado.

Um dos poucos a ter visto a coleção é David Elkington, acadêmico que estuda arqueologia religiosa e líder de uma equipe britânica empenhada em levar os livros a um museu na Jordânia.

Elkington alega que os livros podem ser “a maior descoberta da história cristã”.

“É de tirar o fôlego a ideia que tenhamos contato com objetos que podem ter sido portados pelos primeiros santos da Igreja.”

O acadêmico diz que as relíquias contêm sinais que seriam interpretados, pelos cristãos da época, como imagens de Jesus e de Deus e da “chegada do messias”.

Na “capa” de um dos livros “vemos o menorá de sete ramificações, o que os judeus eram proibidos de representar porque ele residia no local mais sagrado do templo, na presença de Deus”, explica Elkington. “Assim, temos a vinda do messias para obter a legitimidade de Deus.”

IMAGENS

Philip Davies, professor emérito de estudos do Velho Testamento da Universidade de Sheffield, afirma que a prova mais contundente da origem cristã das relíquias está em um mapa feito da cidade sagrada de Jerusalém.

“Há uma cruz em primeiro plano e, atrás dela, está o que seria a tumba (de Jesus), um pequeno edifício com uma abertura e as muralhas da cidade. Outras muralhas representadas em outras páginas dos livros quase certamente se referem a Jerusalém”, diz Davies, que afirma ter ficado “estupefato” com as imagens, “claramente cristãs”.

A cruz é o que mais chama a atenção dos especialistas, feita no formato de um T maiúsculo, como eram as cruzes que os romanos usavam para crucificações.

“É uma crucificação ocorrida fora dos muros da cidade”, diz Davies.

Margaret Barker, especialista em história do Novo Testamento, ressalta que o local onde se acredita que as relíquias tenham sido encontradas denota sua origem cristã –e não puramente judaica.

“Sabemos que, em duas ocasiões, grupos de refugiados dos distúrbios em Jerusalém rumaram a leste, atravessaram a Jordânia perto de Jericó e foram para perto de onde esses livros parecem ter sido achados.”

Ela acrescenta que outra prova da “proveniência cristã” é que as relíquias são em formato de livros, e não de pergaminhos. “Os cristãos eram particularmente associados com a escrita na forma de livros e guardavam os livros como parte da secreta tradição do início do cristianismo.”

O Livro das Revelações se refere a esses textos guardados.

Outro possível elo com a Bíblia está contido em um dos poucos fragmentos de texto que foram traduzidos das relíquias. O fragmento, acompanhado da imagem do menorá, diz: “Devo andar honradamente”, frase que também aparece no Livro das Revelações.

Ainda que a frase possa simplesmente significar um sentimento comum no judaísmo, pode também se referir à ressurreição.

TESTES

Não está esclarecido se todos os artefatos descobertos são parte do mesmo período, mas testes feitos no chumbo corroído dos livros indica que eles não foram feitos recentemente.

A arqueologia dos primórdios do cristianismo é especialmente esparsa ainda. Pouco se sabe dos desdobramentos após a crucificação de Jesus até as cartas escritas por Paulo, décadas mais tarde.

A história contida nas relíquias parecem ser, assim, a descoberta de maior escala até agora dessa época do cristianismo, em sua terra de origem e em seus primórdios

BBC Brasil

Entenda  melhor:

O achado dos pergaminhos e de 70 códices de chumbo – pequenos volumes do tamanho de um cartão de crédito – contendo a antiga escrita hebreia e falando do Messias e da Ressurreição despertou o interesse dos estudiosos da Bíblia. Grande parte da escritura está em código, mas os especialistas decifraram as imagens, símbolos e diversas palavras. Os textos poderiam ter 2.000 anos.

Alguns acadêmicos mostram-se céticos com relação à descoberta, já que foram inúmeras as fraudes e as falsificações sofisticadas produzidas nos últimos anos.

Muitos dos códices estão selados, o que sugere que poderiam ser escritos secretos referidos no livro apócrifo de Esdras, um apêndice de algumas versões da Bíblia. Os textos foram escritos em pequenas folhas de chumbo atadas com um arame.

O tesouro foi encontrado há cinco anos por um israelense beduíno e pode existir desde o século I, na época da Crucificação e da Ressurreição de Jesus.

Vários especialistas examinaram os escritos, incluindo Margaret Barker, ex-presidenta da Sociedade para o Estudo do Antigo Testamento, com um reconhecido conhecimento sobre os estudos dos primeiros cristãos.

Ela declarou ao jornal Sunday Times como a intriga que rodeia esses objetos era semelhante ao secretismo do mercado negro em torno da descoberta dos Manuscritos do Mar Morto. Há um florescente mercado de antiguidades no Oriente Médio, e muitas figuras sinistras estão envolvidas nele. Um arqueólogo, supostamente, recebeu até ameaças de morte.

Barker disse: “Houve muitos enganos. Grandes somas de dinheiro foram mencionadas, até um máximo de 250.000 libras foram sugeridas como preço por uma única peça”.

Ela teve acesso a fotografias tiradas dos códices e pergaminhos e se mostra cautelosa antes de confirmar a sua autenticidade. Mas disse que, se o material é original, então os livros poderiam ser uma evidência “única e vital” sobre os primeiros cristãos.

“Se eles são uma falsificação, o que eles estão falsificando? A maioria das falsificações são extraídas de material existente, mas eu não vi nada como isso”, assinalou.

O proprietário do material escondido é um beduíno chamado Hassan Saeda, que vive na aldeia de Um-al-Ghanam, no norte de Israel, segundo o Sunday Times. Acredita-se que o material foi obtido depois de ter sido descoberto no norte da Jordânia.

Duas amostras foram enviadas a um laboratório da Inglaterra, onde foram examinadas por Peter Northover, chefe de um grupo de arqueologia e especialista em ciência dos materiais. O veredito não foi conclusivo sem mais provas, mas ele disse que a composição era “consistente com uma gama de chumbos antigos”.

No entanto, Philip Davies, professor emérito de estudos bíblicos da Universidade de Sheffield, está convencido de que os códices são genuínos, depois de ter estudado um deles. Ele disse a seus colegas em privado que acredita que é pouco provável que o achado tenha sido falsificado, segundo informou o Sunday Time


Durante o mês passado, pesquisadores da Tel Aviv University (TAU) chocaram o mundo ao reportarem a descoberta do que aparenta ser dentição do Homo Sapiens. Até aqui tudo bem.
O problema é que os métodos de datação evolucionistas dataram esses dentes com a nobre e mitológica idade de 400,000. Se isto é verdade, então isto duplica o tempo que os evolucionistas pensam que a nossa espécie está na Terra.

Sem dúvida que isto não é uma mudança menor na história evolutiva.

Um dos pesquisadores alega que isto pode significar que os humanos surgiram em Israel e não em África, como acreditam muitos evolucionistas.

Os dentes foram encontrados na cave Qesem onde as escavações decorrem desde 2004. A equipa liderada pelo arqueólogo Avi Gopher calculou a idade dos dentes baseando-se nas camadas sedimentares onde os mesmos foram encontrados.

Admitindo que mais pesquisas tem que ser feitas de modo a confirmar as conclusões da equipa, Gopher disse que a pesquisa “muda toda a face da evolução”.

O arqueólogo da Universidade Cambridge Paul Mellars não tem reservas em relação à pesquisa, mas ressalva que identificar-se uma espécie com base nos dentes é problemático:

Com base nas evidências que eles citaram, [a sua alegação] é muito ténue e, francamente, é uma possibilidade muito remota.

Se a equipa da TAU não conseguir recolher mais evidências para as suas alegações, os evolucionistas podem-se esquecer rapidamente dos dentes e assumirem que os mesmos não pertencem ao Homo Sapiens. No entanto, se mais evidências forem recolhidas e as mesmas confirmarem a presença do Homo Sapiens há cerca de 500 milhões de anos atrás (segundo os sempre fiáveis métodos de datação evolutivos) como irão os evolucionistas reagir?

A crença na evolução precisa de tempo e as descobertas arqueológicas baseadas nos métodos de datação evolutivos forneceram aos evolucionistas bases sobre as quais eles determinam onde estava o homem a dada altura do tempo. Quando evidências como as descobertas pelos pesquisadores da TAU aparecem, o modelo evolutivo começa a desmoronar-se.

O que é que está errado: os métodos de datação evolutivos ou o modelo evolutivo em si?

Se a equipa encontrar mais evidências, os evolucionistas podem começar a chamar a estes dados como “um mistério por resolver”.

A pequena catedral de Santo Ambrósio, em Vigevano, cidade situada 80 km ao norte de Milão, na Itália, não abriga apenas a fé de seus 60 mil habitantes. Incrustado em seu altar está o fóssil de um dinossauro que passou totalmente despercebido nos últimos quatro séculos, mas não escapou ao olhar atento do paleontólogo Andrea Tintori, da Universidade de Milão.

Medindo cerca de 30 centímetros, o crânio do dinossauro quase se confunde com as outras marcas das rochas do altar da catedral, construída entre 1532 e 1660. “A rocha contém o que parece ser uma secção horizontal do crânio do dinossauro. Se parece com a imagem gerada por tomografia computadorizada, e é possível ver as cavidades nasais e os numerosos dentes”, disse Andrea ao site Discovery News.

Andrea Tintori

O altar onde foi encontrado o fóssil de dinossauro

O altar onde foi encontrado o fóssil de dinossauro

A rocha à qual o crânio está preso veio de Monte San Giorgio, um local conhecido pela presença de fósseis, e considerado patrimônio da humanidade pela Unesco. Foi formada por volta de 180 milhões de anos atrás, no período conhecido como Jurássico inferior. Na construção da catedral, foi cortada ao meio e, por sorte, não estragou o fóssil.Não se sabe à qual espécie o crânio pertence, mas Andrea pretende criar um modelo computadorizado para desvendar a questão. “No começo, pensei que fosse um ictiossauro (um réptil predador marinho, semelhante aos golfinhos modernos), mas depois vi que se tratava de um dinossauro. Mas nestas condições não dá para dizer muito, nem se ele é um animal carnívoro ou herbívoro”, afirmou ao jornal italiano La Repubblica.

Depois de serem estudadas, as rochas serão expostas no Museu da Catedral de Vigevano. E, segundo o La Repubblica, duas rochas de San Giorgio, de onde as outras vieram há mais de quatro séculos, substituirão a cabeça do dinossauro.

Exames computadorizados vão tentar determinar a espécie do dinossauro, que estava na igreja desde sua fundação, no século 17

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Foi divulgado pelo jornal “The Jerusalem Post”, que arqueólogos da Universidade Hebraica de Jerusalém descobriram o camarote do teatro do rei Herodes (aproximadamente 73 a.C.-1 a.C.).

As escavações revelaram o teatro em 2008. Construída durante um período de luxo, a peça mede cerca de oito metros e ficava na parte superior da edificação. O Museu de Israel planeja abrir os sítios arqueológicos para a visita em 2011.

O espaço provavelmente recebia hóspedes do rei, seus amigos e familiares. Ao menos os que ainda estavam vivos: Herodes assassinou membros de sua família, massacrou rabinos e, mesmo cercado de bajuladores, dificilmente possui algum amigo verdadeiro.

Sua crueldade lhe valeu um lugar em “Os Ditadores Mais Perversos da História” (Planeta, 2004), livro que apresenta atrocidades cometidas por 15 governantes.

Barco do tempo de Jesus encontrado por causa de uma sêca na Galiléia.
Barco do tempo de Jesus encontrado por causa de uma sêca na Galiléia.

Por Zeljko Gregor

Obelisco Negro (1845), a Pedra Moabita (1868) e os Manuscritos do Mar Morto (1947) são grandes nomes na história da arqueologia bíblica. Mas chegou esta história a seu fim? Não, de modo algum.

Nas últimas décadas, diversos selos, impressões de selos, caixas de ossos e outros artefatos antigos têm vindo à luz —alguns deles em museus, alguns em coleções particulares e outros de escavações recentes. Essas preciosidades arqueológicas têm lançado mais luz sobre vários indivíduos e acontecimentos até há pouco só mencionados no texto bíblico. Este artigo vai recapitular alguns desses achados recentes.

O Anel de Hanan

De propriedade de um colecionador em Paris, este anel valioso é conhecido do mundo acadêmico desde 1984. A origem do selo é desconhecida, mas a forma das letras indica que foi usado durante o século VII A.C. O selo tem uma inscrição de três linhas, cada linha separada por duas linhas paralelas. O anel é quase de um décimo de polegada de diâmetro, sugerindo que foi feito para um dedo masculino. A inscrição lê: “Pertencente a Hanan, filho de Hilqiyahu, o sacerdote”.
Este Hilqiyahu é melhor conhecido como Hilkias, o sumo sacerdote durante o reinado de Josias, rei de Judá na última parte do sétimo século A.C. A terminação yahu é um elemento teofórico (divino), amiúde achado em nomes hebraicos antigos em Judá; os nomes no Reino do Norte levavam a terminação yah. Parece que este Hilqiyahu foi o mesmo sumo sacerdote que descobriu no templo o rolo da lei que desengatilhou uma reforma religiosa em Judá (ver II Reis 22; II Crônicas 34).
I Crônicas 6:13 e 9:11 indicam que Azarias, não Hanan, sucedeu a Hilkias. A explicação podia ser que Azarias sucedeu a seu pai como sumo sacerdote, enquanto seu irmão mais moço, Hanan, funcionava como sacerdote, justamente como a inscrição no selo sugere.

O nome de Azarias, todavia, aparece em outra bulla (impressão de um selo) achado em 1978, durante a escavação de Yigal Shiloh, na velha Jerusalém. A inscrição consiste em duas linhas de escrita separadas por duas linhas paralelas. Reza: “Pertencente a Azaryahu, filho de Hilkiyahu”. A impressão não menciona o título do dono.

A impressão do selo de Baruch

Em 1975, 250 bulas apareceram em Jerusalém na loja de um negociante de antiguidades árabe. A maior parte delas foi comprada por diversos colecionadores, e quase 50 se acham agora no Museu de Israel, enquanto outras podem ser estudadas por especialistas. Todas essas impressões de selos são datadas do fim do sétimo ou do começo do sexto século A.C, justamente antes da destruição de Jerusalém.

Entre essas impressões, três pertencem a indivíduos mencionados em Jeremias (Baruch, o escriba; Yerahme’el, o filho do rei; Elishama, servo do rei). Os três indivíduos parecem ser contemporâneos, vivendo em Judá justamente antes do exílio. Durante aquele tempo turbulento, Judá era governada pelo rei Jeoaquim. Jeremias 36.

A Bíblia nos diz que Deus instruiu Jeremias a escrever um rolo com uma profecia contra o rei. O secretário de Jeremias, Baruque, escreveu tudo que Jeremias lhe ditou. Depois de ler o rolo no templo, Baruque foi instruído a lê-lo de novo perante altos funcionários da corte real. Esses funcionários (Elishama era um deles) eram até certo ponto simpáticos à mensagem, mas temiam por Baruque. Aconselharam-no a se esconder. Jeremias 36:19. Quando o rolo foi lido perante o rei, ele ordenou que fosse destruído e Yerehme’el, com outros dois funcionários, recebeu ordem de prender Baruque e o profeta Jeremias.

A impressão que leva o nome de Elishama é feita de duas linhas de escrita separadas por duas linhas retas paralelas. A primeira reza: “Pertencente a Elishama”; a segunda dá seu título, “servo do rei”. A impressão de Yerahme’el consta de duas linhas também, dando o nome e o título do dono: “Pertencente a Yerahme’el, filho do rei”. A impressão do selo de Baruque consta de três partes, divididas por duas linhas retas paralelas, que rezam: “Pertencente a Bereqhyahu, filho de Neriyahu, o escriba”.

Uma outra bula, com o nome de Baruque, apareceu em 1995. É idéntica à descrita acima, exceto por uma diferença significativa: tinha uma impressão digital que podia ser de Baruque.

Uma terceira impressão de selo que suporta a conexão de Baruque foi achada entre as muitas descobertas na escavação em Jerusalém, em 1978, por Yigal Shiloh. Esta, datada do fim do sétimo e do começo do sexto século A.C., reza “Pertencente a Gemaryahy, filho de Shaphan”. A Bíblia diz que quando Baruque foi ao templo para ler o rolo, ele o leu na câmara de Gemariah, o filho de Shaphan. Jeremias 36:10.

Selo de Abdi

Comprado em 1993 por um colecionador particular de Londres, o selo de Abdi está entre os mais raros. Sua inscrição reza: “Pertencente a Abdi servo de Hoshea”. O selo é datado do oitavo século A.C. O nome Abdi é o mesmo que Obadias. A Bíblia se refere a três Obadias: o primeiro ministro de Acabe, I Reis 18:3; um profeta e um oficial de Hoshea. É improvável que este selo pertencesse a um dos primeiros dois indivíduos, porque o selo associa o nome com Hoshea, o rei sob o qual o dono do selo servia como oficial. Hoshea foi o último rei de Israel. II Reis 17:1-6. Reinou de 731-722 A.C., quando os assírios destruíram o reino.

A inscrição de Dan

Começando em 1966, Avraham Biran escavou o sítio arqueológico de Tel Dan por vários anos, e a descoberta mais importante ocorreu em 1993, quando sua equipe removia o entulho da área do portão da cidade. Parte da muralha, destruída por Tiglate-pileser III em 733/732 A.C., continha um fragmento de um monumento inscrito.

Infelizmente, o fragmento contém uma mensagem incompleta. Tem 14 linhas incompletas escritas em hebraico arcaico, a escrita usada antes do exílio (586 A.C.). As palavras eram separadas por pontos e a inscrição reza como segue:


(2) …meu pai subiu

(3) …e meu pai morreu, ele foi para…

(4) real outrora na terra de meu pai…

(5) Eu (lutei contra Israel ?) e Hadad foi diante de mim…

(6) …meu rei. E eu matei de (entre eles) X infantes, Y char

(7) retes e dois mil cavaleiros…

(8) o rei de Israel. E matou (…o parente)

(9) g da casa de Davi. E eu pus…

(10) sua terra …

(11) outro…(ru)

(12) conduziu contra is(rael…)

(13) sítio contra…

O autor desta inscrição pretende que Hadad foi adiante dele, supostamente na batalha. Hadad é o deus arameu da tempestade, e é provável que o dono desse monumento fosse um arameu. Que ele não é o rei é óbvio com base na linha 6, onde ele se refere a “meu rei”. Ele é ou um comandante militar ou um rei vassalo, um devoto de Hadad e subordinado ao rei de Damasco. Todavia, as linhas mais importantes são 8 e 9, onde Israel e a “Casa de Davi” são mencionadas. Esta é a primeira referência à frase: “Casa de Davi”, fora da Bíblia.
Baseado na forma das letras, Biran sugeriu que a inscrição vem da primeira metade do século nono A.C. Ademais, a cerâmica encontrada debaixo do fragmento também indica que foi aí colocada antes da metade do século nono, sugerindo que o monumento foi erigido algumas décadas antes.

Visto a inscrição se achar fragmentada, não sabemos os nomes dos reis de Israel ou de Judá. Isto é ainda mais complicado pelo fato de que o nome do rei arameu não sobreviveu. Por conseguinte, é difícil reconstruir a história exata dos acontecimentos e achar uma conexão bíblica sólida. Todavia, é possível que Dan tenha experimentado anos turbulentos entre c. 885 A.C., quando foi capturada por Benhadad I, I Reis 15:20 e c. 855 A.C., quando Acabe a recebeu de volta de Benhadad II. I Reis 20:34.

Pouco depois de Benhadad ter capturado Dan, é possível que Israel tenha recuperado o controle de Dan. Durante os primeiros dias de Acabe, Dan foi ocupada de novo pelos arameus (provavelmente o dono do monumento), e mais tarde Acabe recebeu-a de volta de Benhadad II. Acabe pode ter destruído então o monumento e usado alguns dos pedaços como material de construção. Isto, todavia, é uma mera reconstrução hipotética, e fragmentos adicionais do mesmo monumento serão necessários para se ter uma melhor idéia dos fatos históricos relacionados com a antiga Dan.

Rolo de prata

Entre 1975 e 1980, Gabriel Barkay descobriu alguns sepulcros em Jerusalém. A maior parte deles, todavia, tinha sido saqueada havia muito, exceto um, Nº 25. O sepulcro foi datado do fim do sétimo ou começo do sexto século A.C., justamente antes do exílio. O sepulcro continha restos de esqueletos de 95 pessoas, 263 vasos de cerâmica inteiros, 101 peças de joalheria (95 de prata, 6 de ouro), muitos objetos esculpidos de osso e marfim e 41 pontas de flechas de bronze ou de ferro. Além disso, havia dois pequenos rolos de prata. Um deles tinha cerca de uma polegada de comprimento e menos de meia polegada de espessura, enquanto que o outro tinha meia polegada de comprimento e um quinto de polegada de espessura. Admitiu-se que esses rolos fôssem usados como amuletos e que contivessem alguma inscrição.

Quando os rolos foram abertos e limpos, a inscrição continha porções de Números 6:24-26: “O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti… e te dê a paz”. Esta inscrição é uma das mais antigas e melhor preservadas contendo o nome de Jeová.

A inscrição de Herodes

Em 1996, Ehud Netzer descobriu em Masada um pedaço de vaso com uma inscrição, um óstraco. Este pedaço tinha o nome de Herodes e era parte de uma ânfora usada para o provável transporte de vinho, datada de 19 a.C.
A inscrição é em latim e reza: “Herodes, o Grande Rei dos Judeus (ou Judéia)”, a primeira a mencionar o título do Rei Herodes.

Barco da Galiléia

Por causa de uma seca severa durante 1985 e 1986, o nível do Mar da Galiléia estava consideravelmente mais baixo do que o normal. Shelley Wachmann, perito em arqueologia submarina, organizou uma operação de salvamento do que parecia o esboço de um barco. Depois de muitos dias de luta contra as águas do mar, o barco foi completamento escavado e removido para conservação.

Durante a escavação, os arqueólogos acharam vários objetos (vasos de cerâmica, pontas de flechas, moedas) dentro e em volta do barco. Um exame dos artefatos sugere uma data aproximada para o barco; podia ter estado em uso entre o final do primeiro século A.C. e a segunda metade do primeiro século d.C. Além da datação pelos artefatos, os escavadores mandaram amostras para um laboratório para datação por Carbono 14. Esses testes sugeriram uma data semelhante.

Segundo o historiador Josefo, essa parte da Palestina passou por uma severa turbulência e destruição durante a primeira revolta judaica (67-70 D.C.). Durante o primeiro ano da revolta, os judeus prepararam uma frota de barcos de pesca em Migdal. Depois que Tiberíades caiu nas mãos de Vespasiano, os romanos construíram um campo fortificado entre Tiberíades e Migdal. À noite, os judeus lançaram um ataque de surpresa, e então escaparam para o Mar da Galiléia. No dia seguinte, a frota romana atacou os judeus no mar, empurrando-os para a margem, onde foram massacrados. O número de mortos foi calculado em 6.700.

O barco tinha 26,5 pés de comprimento, 7,5 pés de largura e 4,5 pés de altura. Os arqueólogos sugerem que foi construído para levar até 15 pessoas. Um barco como esse podia facilmente ter acomodado Jesus e Seus discípulos em suas muitas viagens através do Mar da Galiléia.

O nome de Caifás numa caixa de ossos

No mês de novembro de 1990, uma caverna sepulcral foi descoberta na Floresta da Paz, ao sul de Jerusalém. Os escavadores acharam vários ossuários ou caixas de ossos, algumas viradas de cabeça para baixo (sinal de que a caverna tinha sido arrombada); todavia, algumas ainda no lugar onde tinham sido postas originalmente. A escavação produziu ossos de seis diferentes indivíduos: duas crianças (2 a 5 anos de idade), um menino de 15 anos, uma mulher adulta e um velho de cerca de sessenta anos. No tempo de Jesus, os judeus tinham o costume de usar esses ossuários para um segundo enterro dos restos de seus mortos. O corpo era colocado numa caverna para decompor, e então os ossos eram postos numa caixa ou ossuário.
Dois dos ossuários tinham tampas. Estas tampas eram feitas de pedra calcárea e eram de maior valor que as outras porque tinham o nome de Caifás inscrito no lado mais estreito de cada caixa. Uma dessas caixas era lindamente esculpida, indicando que pertencia a uma pessoa importante e rica. A inscrição rezava: “Joseph, filho de Caifás”. Isto não indica necessariamente que Caifás era um parente próximo de José. Caifás pode ser um nome de família.

Os ossos do velho eram provavelmente do homem chamado José. Infelizmente, a Bíblia não dá o nome real do sumo sacerdote por ocasião do julgamento de Jesus. Dá-nos apenas a versão grega de Caifás. Contudo, Josefo menciona o nome completo: Joseph Caiaphas, que serviu como sumo sacerdote de 18 a 36 d.C.

O envolvimento da Andrews University

A Andrews University tem feito escavações na Palestina desde o final de 1960, quando Tell Hesban foi escavada sob a direção do falecido Siegfried Horn. Depois da escavação ter sido completada no final de 1970, a Andrews University começou uma outra operação sob o nome de MPP, o Projeto das Planicies de Madaba. O alvo principal foi Tell el-Umeiri, um sítio ao sul de Amman, capital da Jordânia. Durante a primeira temporada de escavações em 1984, acharam uma impressão de selo interessante. Simplesmente reza: “Pertencente a Milkom’or o servo de Ba’alyasha”. Na Bíblia hebraica, esse nome é soletrado um pouco diferente (Ba’alis). É mencionado apenas uma vez e representa o nome de um rei amonita. Jeremias 40:14. Antes desta descoberta, Ba’lyasha (Baalis) era conhecido somente pelo texto bíblico.
Tell el-Umeiri era uma das cidades rubenitas. Depois de várias temporadas, os escavadores descobriram um sistema de fortificação feito de paredes duplas, baluarte e uma valeta seca na base do sítio. Essa fortificação do período inicial do Ferro I (c.1200 A.C.) é a mais bem preservada em toda a Palestina.

Além de Tell el-Umeiri, o time da MPP iniciou a escavação de outro sítio importante, Tell Jalul, em 1992. Este é um dos maiores sítios na Transjordânia. Depois de várias temporadas de escavações, o time descobriu uma estrada pavimentada que levava ao portão da cidade (século 9º/ 8º A.C), e um grande edifício com colunas (7º/6º século A.C.), que se crê seja um armazém. É possível que esse sítio fosse a Hesbom do rei Seom, destruída pelos israelitas no tempo da conquista.

Descobertas arqueológicas como essas, que ocorreram nos últimos anos, continuam a enriquecer nossa compreensão da Bíblia e fortalecem nossa confiança em seu conteúdo como um documento histórico digno de confiança.
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Nascido na Croácia, Zeljko Gregor (Ph.D., Andrews University) é um especialista em Arqueologia Bíblica. Escreveu recentemente vários artigos para Eerdmans Dicitionary of the Bible (1997). Seu endereço: 4766-1 Timberland; Berrien Springs, MI 49103; E.U.A. E-mail: gregor@andrews.edu.

Notas e referências

1. Josette Elayi, “Name of Deuteronomy’s Author Found on Seal Ring,” Biblical Archaeology Review 13 (1987), págs. 54-56.

2. Yigal Shiloh, “A Group of Hebrew Bullae From the City of David,” Israel Exploration Journal 36 (1986), págs. 16-38.

3. Hershel Shanks, “Fingerprint of Jeremiah’s Scribe,” Biblical Archaeology Review 22 (1996), págs. 36-38.

4. Andre Lemaire, “Name of Israel’s Last King Surfaces in a Private Collection,” Biblical Archaeology Review 21 (1995), págs. 48-52.

5. Avraham Biram e Joseph Naveh, “An Aramaic Stele Fragment from Tel Dan,” Israel Exploration Journal 43 (1993), págs. 81-98.

6. Gabriel Barkay, Ketef Hinnom: A Treasure Facing Jerusalem’s Walls (Jerusalem: The Israel Museum, 1986).

7. Shelley Wachmann, “The Galilee Boat”, Biblical Archaeology Review 14:5 (1988), págs. 18-33; e Claire Peachey, “Model Building in Nautical Archaeology; The Kinnereth Boat”, Biblical Archaeologist 53:1 (1990), págs. 46-53.

8. Zvi Greenhut, “Burial Cave of the Caiaphas’ Family”, Biblical Archaeology Review 18:5 (1992), págs. 29-36; e Ronny Reich, “Caiaphas’ Name Inscribed on Bone Box”, Biblical Archaelogy Review 18:5 (1992), págs. 38-44.

Fonte: http://www.usb.org.br/canais/index2.php?option=com_content&task=view&id=1129&pop=1&page=0&Itemid=257

Fonte: Arqueologia  Biblica

Jesus Cristo é, sem dúvida, o personagem mais glorioso da História humana e nisto concordam todos os cristãos

Todavia, há quem diga que Jesus não é mais do que uma referência necessária à humanidade, dado que apela a sentimentos nobres, à moral e mesmo à fraternidade entre os povos. E há quem pense que a Sua existência se limita à Bíblia e à tradição religiosa, estando ausente da literatura não cristã.

Mas se quisermos ser imparciais e analisar com cuidado e perseverança os manuscritos antigos, de pressa chegaremos à conclusão de que as referências à pessoa de Jesus são abundantes e rigorosamente honestas, mesmo quando O contestam, ou por isso mesmo.

1- Jesus e a Pax Romana.

Jesus Cristo veio ao mundo durante o período conhecido como “Pax Romana”, um histórico período de paz, em que o mundo inteiro era controlado por um único e inexorável poder: Roma.

Polibo, na sua História, que abrange este período, faz o seguinte comentário: “Os romanos, em menos de cinquenta e três anos, conseguiram submeter a quase totalidade do mundo à sua autoridade, coisa nunca antes igualada.” Quando Jesus nasceu, a nação de Israel era dominada e governada pelo Império romano.

O evangelho segundo S. Lucas dá pormenores acerca dessa época, explicitando as razões políticas que levaram os Seus pais a Belém:

“Aconteceu, naqueles dias, que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse … E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. E subiu também José da Galileia, da cidade de Nazaré, na Judeia, à cidade de David, chamada Belém (porque era da casa e família de David), a fim de alistar-se com Maria, sua mulher, que estava grávida” (S. Lucas 2:1-4).

Para os romanos, Israel era apenas uma “província do império”, isto é, uma nação colonizada, e os cristãos não passavam de mais uma seita, como tantas outras que, naquela época, existiam em Israel, tal como os fariseus, os publicanos, os herodianos e os hesseniamos.

O único ponto de realce é que a situação geográfica de Israel o tornava de algum modo um país estratégico. Por isso, os historiadores romanos de então não dedicam muita atenção a Jesus e aos Seus seguidores, tanto mais que o Seu discurso não era político e nas Suas palavras não havia qualquer incitação à sublevação.

Uma outra razão que pode explicar esse silêncio é que o período de vida pública de Jesus se limitou a pouco mais de três anos.

É também sabido que grande parte da literatura contemporânea relativa ao Império Romano desapareceu, devido a incêndios ou a comportamentos vandalistas, ou ainda pela erosão do tempo. Por essa razão é extraordinário o facto de ainda encontrarmos documentos que são autênticos tesouros e que fazem referencia específica a Jesus de Nazaré.

2- Jesus nos escritos romanos não cristãos.

Plnínio, governador da Bitínia, numa carta dirigida ao imperador Trajano, dizia que “os cristãos adoram a Cristo como Deus e vivem uma moral estrita” Epitolas, X, 96. não é este um testemunho extraordinário da fé e vivência cristã desses primeiros crentes?

Tácito, cônsul no ano 97 d.C., diz que Cristo foi crucificado à ordem de Pôncio Pilatos e faz ainda referência à expansão do Cristianismo, bem como à perseguição que lhes era movida com o intuito de os destruir e para desmotivar outros a juntarem-se-lhes. Annales, XV, 44.

Suetónio, na sua célebre biografia do imperador Cláudio , faz também uma breve referência a Cristo e aos cristãos. Vita Caude, C. 23.

Celso, que viveu no século II, sob o reinado de Marco Aurélio, escreveu muito sobre o cristianismo e sobre a pessoa de Cristo. Os seus escritos são de grande valor pelo facto do seu objectivo ser denegrir e refutar o cristianismo, para o que diz possuir documentos que mais ninguém tem (Origne, c. II, 13). É um historiador que assume claramente a sua posição de inimigo, mas, por isso mesmo, ao fazer referência ao cristianismo e a Cristo, apresenta uma prova irrefutável da existência histórica de Jesus.

Flégon, nos seus escritos, menciona um eclipse do sol durante a morte de Jesus (Oriegene, Contra Celsum, II, 13, 33, 59). Ora, nós sabemos que as Escrituras dizem explicitamente que no momento em que Jesus morreu, “o sol se escureceu” (S. Lucas 23:45). É importante saber que todas estas fontes, com referências directas e abundantes a Jesus, são dignas de crédito.

3- Jesus nos escritos judaicos, não cristãos.

Se, durante o ministério de Jesus, os judeus O trataram dura e severamente, depois da Sua ressurreição e ascensão não deixaram de multiplicar lendas a Seu respeito, com o objectivo de O ridicularizar como Messias, isto é, como Ungido de Deus.

Uma boa parte dessas histórias encontram-se no Talmude, livro dos ensinamentos rabínicos posteriores a Jesus. Do século IV d. C., em diante, as lendas, orais e escritas, tem manifestamente o objectivo de criar uma imagem negativa do Salvador. Muitas delas encontram-se compiladas num livro intitulado: Vida de Jesus (Samuel Krauss, Das Leben Jesu Judischen Quelle, Berlim, 1902, 22.)

Flávio Josefo, patriota judeu e autor das famosas obras tais como; Antiguidades Judaicas e Guerra dos Judeus, escritas entre os anos 93 e 94 da nossa era, diz o seguinte: “Nesse tempo viveu Jesus, homem sábio, se é que se lhe pode chamar homem. Porque ele foi autor de coisas impressionantes, mestre daqueles que recebe a verdade com alegria. Ele conduziu muitos judeus e outros vindos do helenismo. Ele era o Cristo. E quando Pilatos ordenou a sua crucifixão, por denúncia dos principais do nosso povo, aqueles que o amavam não o abandonaram. De facto, ao terceiro dia, ele apareceu-lhes como lhes tinha prometido. Até hoje ainda subsiste o grupo chamado pelo seu nome, os cristãos.” (Flabio Josepho , Antiquitates XVIII, 3.3,3d. B. Niese IV. Berolini, Weidmann 1890, 151 ss).

Devemos precisar que esta obra também não foi escrita em favor do cristianismo, mas como celebração da glória do povo de Israel. Todas as seitas judaicas, bem como todos os movimentos de libertação e feitos históricos que ocorreram entre os reina do imperador Augusto e a destruição de Jerusalém, no ano 70 d. C., estão aí mencionados. Mas, para os cristãos, a maneira como Jesus é referido nesta obra tem grande importância histórica.

Na verdade, só a incredulidade pode constatar a existência de Jesus, porque, de fato, a Sua vida, morte e ressurreição, embora historicamente provados, são, aos olhos humanos, “inacreditáveis”. Esta foi a atitude de um dos próprios discípulos de Jesus, de nome Tomé. Ele teve dificuldade em acreditar que Jesus ressuscitara e estava vivo, vivo para sempre, e declarou aos seus companheiros: “Se eu não vir o sinal dos cravos nas Suas mãos, e não meter o dedo no lugar dos cravos, e não meter a minha mão no Seu lado, de maneira nenhuma o crerei.” Então, oito dias depois, o Divino Ressuscitado apareceu outra vez aos Seus discípulos e disse a Tomé: “ Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu e Deus meu” (João 20:27,28).

Também eu, em certo período da minha vida, disse: “Não acredito que Jesus tenha existido e seja real.” Mas um dia Ele iluminou esta parte da minha alma que estava obscurecida e isso permitiu-me alcançar dimensões de paz e equilíbrio interior que antes não tinha.

Jesus ainda tem todo o poder que manifestou quando apareceu aos discípulos e em particular a Tomé. Ele continua a ir ao encontro de muitas pessoas incrédulas, mas que no fundo da alma sentem um vazio e são sinceras. Esta – confesso – foi a minha experiência e creio que pode ser a sua também.

José Carlos Costa


Uma casa do tempo de Jesus foi descoberta em Nazaré em Dezembro último, em um lugar onde a Associação Maria de Nazaré está atualmente construindo um centro internacional multimídia dedicado a Maria.

fala-nos  o diretor executivo da Associação, Olivier Bonnassies.

– O anúncio, feito por arqueólogos israelenses da Israel Antiquities Authority, sobre a descoberta de uma casa do tempo de Jesus em Nazaré difundiu-se por todo o mundo. Em que contexto isso ocorreu?

– Olivier Bonnassies: A associação Maria de Nazaré que criamos na França em maio de 2001 está construindo nesse momento o Centro Internacional Maria de Nazaré, que irá em breve propor aos peregrinos, aos turistas e aos moradores da Terra Santa descobrir o mistério da Mãe de Deus e o conjunto da fé cristã a partir de recursos multimídia modernos.

Para isso adquirimos três prédios em frente à Basílica da Anunciação, no centro de Nazaré, e dois outros prédios da antiga escola São José, das Irmãs de São José da Aparição.

O pátio desta antiga escola foi escavado cerca de três metros para os trabalhos que estão  sendo realizados, foi quando os trabalhadores encontraram paredes antigas. Então foi interrompido o trabalho e houve intervenção dos arqueólogos israelenses.

– Como são desenvolvidas as escavações?

– Oliver Bonnasseis: São realizadas ao nosso cargo, sob a direção de Dror Barshod, diretor do Distrito Norte da Israel Antiquities Authority.

A responsável pelas escavações, Yardenna Alexandre, e sua equipe, começaram a escavar primeiramente um quadrado de cerca de 10 metros laterais em setembro de 2009.

Como os resultados foram muito interessantes, foi feito um segundo quadrado, entre novembro e dezembro de 2009.

Yardenna é uma grande especialista que trabalhou na maior parte das últimas obras da Galileia, suas conclusões foram aprovadas pelo Pe. Eugenio Aliata, que é o maior especialista franciscano, assim como o Pe. Frédéric Manns, do Studim Biblicum Franciscanum, que também supervisiona as coisas bem de perto.

Nesse momento, depois de pedir sua opinião, temos a intenção de prosseguir as investigações em outras partes do pátio de entrada da escola, para descobrir mais uma das paredes da casa, porém vamos esperar a estação de estiagem, para fazer as escavações em melhores condições. Assim será mais fácil encontrar moedas ou outras cerâmicas.

– O que foi descoberto nesse lugar?

– Oliver Bonnassies: O mais interessante é ter encontrado um grande número de vasilhas de cerâmica que datam do período helenístico (entre os anos de 300 a.C. e 67 a.C.) e do período romano tardio (do ano 67 a.C. até o século primeiro depois de Cristo), assim como os restos das paredes de uma casa composta por vários cômodos e um pátio, que data também o período helenístico e o primeiro período romano tardio.

Também são muito interessantes os utensílios de cozinha de pedra encontrados, característicos das famílias judias piedosas, devido as regras dos rituais de purificação. (cf. Tratado Mishna Kelim).

Já havia grande número de elementos em Nazaré para provar a existência desse pequeno povoado judaico nos tempos de Cristo, mas até agora nunca foram descobertos os restos de uma casa. E está situada a apenas 100 metros do lugar da Anunciação!

Esses descobrimentos se situam realmente em um lugar especial bem situado!

– Olivier Bonnassies: Isso é algo que não importa de imediato, mas o futuro Centro Internacional Maria de Nazaré estará situado no centro de um pequeno quadrilátero de apenas 300 metros laterais que define, segundo a tradição, o coração do entorno da vida histórica da vida de Jesus e da Sagrada Família durante trinta anos em Nazaré, entre a casa de Maria, a oficina de José, a Sinagoga, e a tumba do Justo, também atribuída a José.

– Poderia descrever brevemente os lugares e os descobrimentos arqueológicos que foram realizados?

– Olivier Bonnassies: O lugar mais importante de Nazaré é obviamente a gruta da Anunciação, escavada numa rocha, que é, segundo a grande tradição da Igreja, o lugar do anúncio do Anjo Gabriel à Virgem Maria.

Sobre esse lugar santo foi construída a Basílica da Anunciação, o coração de Nazaré e de seu mistério.

“O Anjo se aproximou dela”, diz o Evangelho. A casa de Maria se apoiava com três paredes sobre essa gruta, como muitas casas da Galileia, e como a casa que acaba de ser descoberta: as partes esculpidas na rocha, “construídas sobre a rocha”, diz o Evangelho, são sólidas, frescas no verão e quentes no inverno.

Também foi encontrada uma dezena de cisternas escavadas na rocha dentro desse perímetro, o que mostra a preocupação cotidiana para economizar e utilizar bem a água.

O nível do século I é visível desde o exterior da Basílica. O Pe. Bagatti, que dirigiu as escavações para os franciscanos nos anos 60, publicou duas obras sobre os descobrimentos de Nazaré.

Lá, foram encontrados algumas poucas cerâmicas do século I e muitas outras do século III. A edição deMonde de la Bible dedicado a Nazaré resume bem tudo isso.

– Quais são os outros elementos arqueológicos encontrados a cem metros de lá, abaixo da igreja de São José?

Olivier Bonnassies: Abaixo da igreja de São José foram encontrados espaços de banhos rituais difíceis de datar, mas certamente muito antigos.

Uma tradição oral atribui este lugar a São José, porque ali estaria a oficina de José. Isso pode parecer superficial, mas deve-se ter cuidado para não negligenciar as tradições.

Monsenhor Marcuzzo, bispo latino em Narazé que acompanha o projeto “Maria de Nazaré”, lembra que essas tradições são muito sérias e que nunca foram consideradas erradas pela arqueologia. Pelo contrário, os descobrimentos arqueológicos sempre as reforçam.

– Existem exemplos?

– Oliver Bonnassies: Existe um muito bom, na mesma Nazaré, quando as Irmãs de Nazaré se instalaram aqui no século XIX, adquiriram um terreno conhecido localmente como a “Tumba do Justo”, mas nada poderia sugerir a verdade dessa tradição.

As Irmãs ainda acreditavam que haviam dito isso simplesmente para fazê-las pagar mais caro pelo terreno!

Enfim, uma década mais tarde, uma irmã que trabalhava a terra, viu que abaixo dela havia caído uma planta, descobrindo um buraco. Os pesquisadores, avisados, começaram a buscar e escavar.

Os descobrimentos locais que podem ser visitados atualmente (solicitando às Irmãs de Nazaré) são verdadeiramente impressionantes e são identificados por quatro níveis, com as casas, as cisternas, os mikvés (banhos rituais) e uma via romana em desuso, abaixo dela se encontra uma magnífica tumba principesca do século I, escavada na rocha e fechada com uma pedra que rola.

Estava certamente alí a “Tumba do Justo” e esta tumba poderia perfeitamente ser a tumba de José, o Justo (Mt 1,19), digna de um príncipe da casa real de Davi. Também foram encontradas cerâmicas do século I.

– Como pode ter certeza?

– Olivier Bonnassies: Não há provas formais, mas o princípio do projeto “Maria de Nazaré” começou com uma oração para São José na Tumba do Justo, e foi imediatamente escutada! Essa Tumba é o terceiro lado do quadrilátero.

– E qual é o quarto?

– Oliver Bonassies: A Sinagoga de Jesus, ao lado da Igreja Melquita. A construção que vemos hoje é do final do século XVIII, e hoje não há nenhuma escavação neste lugar, mas existe uma tradição.

Aqui Jesus rezava com frequência na Sinagoga; representava também um lugar muito importante para Ele, como sua casa, seu lugar de trabalho.

O Centro mariano que estamos construindo terá a graça de estar situado no meio desses quatro lugares de veneração da memória de Cristo e de sua Mãe, no coração do mistério de Nazaré.

– Então Jesus conheceu a casa que foi descoberta?

– Olivier Bonnassies: Jesus passou aqui a maior parte de seus trinta primeiros anos de vida, como demonstra o Evangelho.

Não se pode imaginar nem por um instante que Ele não conhecesse perfeitamente esta casa. Jesus, Maria e José conheceram esta casa.

– Quais outras descobertas realizaram com estas escavações?

– Olivier Bonnassies: Quando começamos os trabalhos do Centro mariano, avistamos uma cisterna escavada na rocha a cerca de 50 metros do pátio da escola. Encontramos outras duas, uma bem grande, inclusive, de sete metros de altura e quatro de largura.

Os arqueólogos israelenses encontraram outra, que ainda não veio totalmente à luz.

Também há um esconderijo escavado na rocha encontrado abaixo da pedra talhada e totalmente vazio. Nele cabem 5 ou seis pessoas.

Finalmente, além dos restos encontrados do período helenístico e romano, existe um muro do século XV, de menor interesse arqueológico, que poderia ser eliminado.

– Há outros lugares destacados em Nazaré no âmbito arqueológico?

– Olivier Bonnassies: Além dos cinco lugares que comentamos, que estão próximos ao lugar santo da Anunciação, há outro lugar muito antigo: a Fonte de Nazaré, situada a 500 metros ao norte da casa de Maria.

Acredita-se que o antigo povoado se instalou entre estes dois lugares: da Fonte à Tumba do Justo, tendo em vista que as tumbas estavam no exterior dos povoados, por razões de pureza ritual.

A Fonte data, sem dúvidas, do tempo de Cristo: as escavações realizadas em 2000 neste lugar permitiram encontrar vestígios de uma via romana próxima.

Uma Igreja ortodoxa muito bonita se eleva sobre este lugar onde uma tradição evoca o primeiro encontro da Virgem com o anjo Gabriel, antes da Anunciação.

– Há mais alguma coisa?

– Olivier Bonnassies: Sim, muitas coisas em Nazaré. As cerâmicas e moedas encontradas são árabes e muçulmanas, como o balneário de Jericó da época oméia, que imita as termas romanas de Bet Shéan, com os hipocaustos diferentes.

Podem-se datar entre o século VII e VIII, mas o tamanho das estufas de madeira confirma que estavam ali desde as origens e justo na época dos bosques grandes ao redor de Nazaré, para permitir o aquecimento constante de grandes quantidades de água. Estes bosques desapareceram na modernidade.

O clima no entorno mudou e a área se converteu em desértica e rochosa, mas é preciso mostrar Nazaré vista de outra maneira.

– Esta não é a ideia feita de Nazaré e da Terra Santa atualmente.

– Olivier Bonnassies: Nós possuímos muitas ideias falsas. Por exemplo, no Evangelho, Nazaré sempre é chamada de cidade, do grego “Polis”, e não povoado, do grego “Komé”, o que já implica certo tamanho, entre 50 e 100 casas, segundo estimativas.

Outro exemplo, referente à topografia: se as colinas não tivessem muitas mudanças em sua forma geral, o caminho que margeia a Basílica da Anunciação foi até o século XVII um canal por onde corria um pequeno riacho.

Outra ideia que deve ser corrigida: todos os restos do século I encontrados tanto aqui como em Jerusalém demonstram a qualidade das construções, as pedras talhadas, os objetos, que marcam uma civilização estruturada, distante das caricaturas feitas por imagens e filmes, que mostram um povo de Jesus e de Maria vivendo como os primitivos na sujeira.

– Para quando é o projeto de Maria de Nazaré?

– Olivier Bonnassies: O Centro Internacional Maria de Nazaré deveria abrir as portas no final de 2010. Mas a capela que está situada na parte superior, nos terraços, com uma espetacular vista da Basílica, será consagrada no dia 25 de março de 2010, pelo Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal acompanhado de vários bispos da Terra Santa.

É um modo de continuar confiando tudo à Província de Deus, porque será necessário muito esforço e muito trabalho para concluir tudo.

Zenit