Desta terça (28) até quinta-feira (30), o Vaticano, centro espiritual e político da Igreja Católica, sedia um evento inusitado, se considerarmos seus princípios. Trata-se da Understanding Unbelief, apresentada como a maior conferência mundial sobre ateísmo. O programa, financiado pela Fundação John Templeton, é organizado por quatro instituições acadêmicas, todas do Reino Unido. Na coordenação está a Universidade de Kent. E colaboram as universidades Conventry, Queen’s e de Saint Mary. 

Este evento não se realizaria no Vaticano se não fosse por uma efeméride: trata-se do 50º aniversário de uma conferência semelhante realizada no Vaticano”, afirmou à BBC News Brasil o antropólogo Jonathan Lanman, diretor do Instituto de Cognição e Cultura e professor da Universidade Queen’s Belfast, um dos organizadores do evento, Ele contou que um dos pesquisadores entrou em contato com o Vaticano e então “eles concordaram em revisitar os temas da ‘incredulidade'”.

A conferência de 1969, a primeira do gênero sobre o tema, ocorreu como consequência da abertura provocada pelo Concílio Vaticano II, ocorrido de 1962 a 1965.  O papa Paulo 6º (1897-1978) era um entusiasta do diálogo com outros cristãos, judeus e adeptos de outras religiões. E também criou um secretariado próprio para ouvir a quem chamava de “descrentes” – segundo suas palavras, o ateísmo era “um dos assuntos mais sérios de nosso tempo”

O evento desta semana tem a chancela do Pontifício Conselho para a Cultura, dicastério criado em 1982 pelo papa João Paulo 2º (1920-2005)

Há 50 anos, a primeira conferência foi, segundo o sociólogo Rocco Caporale (1927-2008), que escreveu um livro sobre ela (‘The Culture of Unbelief: Studies and Proceedings From the First International Symposium on Belief Held at Rome’), uma primeira oportunidade para que a Igreja pudesse debater várias questões da “cultura da não-crença” e sobre como estudá-la. Caporale relata que uma das principais percepções dos participantes do simpósio de 1969 foi a de que “o crer e o não crer são uma completa terra incógnita”. Mas dessa vez, o pesquisadores poderão se debruçar sobre os dados de um estudo realizado pelas universidades britânicas de Kent, Conventry, Queen’s e Saint Mary. Trata-se de uma pesquisa conduzida em seis países sobre o que é ser ateu hoje. No total, foram entrevistadas 6,6 mil pessoas – seguindo criteriosa amostragem científica – do Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, China, Japão e Dinamarca. O relatório, que será publicado nesta terça (28), trouxe oito pontos-chave para entender o fenômeno da não-crença no mundo:

Ateus – aqueles que não acreditam em Deus – e agnósticos – os que não sabem se existe Deus ou não, mas não acreditam que haja uma maneira de descobrir – não são homogêneos. Eles aparecem em grupos diferentes nos países pesquisados. “Por conseguinte, há muitas maneiras de ser incrédulo”, pontua o documento. 

Em todos os seis países, a maioria dos que não acreditam em Deus se identifica como “sem religião”. Na hora de se autorrotularem, os incrédulos que preferem ser chamados de “ateu” ou “agnóstico” não são a maioria. Muitos classificam-se como “humanistas”, “pensadores livres”, “céticos” ou “seculares”.

Os ateus do Brasil e da China são os menos convencidos de que sua crença sobre a não-existência de Deus está correta. Não crer em Deus não significa necessariamente não acreditar em outros fenômenos sobrenaturais, ainda que os ateus sejam mais céticos em relação a estes do que as populações gerais. Entre os ateus, o percentual de pessoas que acham que o universo é “em última instância, sem sentido” é maior do que no restante da população. Mas, ainda assim, em número muito inferior ao de metade dos pertencentes ao grupo.

Quando confrontados com questões relacionadas a, segundo o relatório, “valores morais objetivos, dignidade humana e direitos correlatos, além do valor profundo da natureza”, as posições dos ateus são semelhantes ao do restante da população. Por fim, quando perguntados sobre quais são os valores mais importantes da vida, houve uma “concordância extraordinariamente alta entre incrédulos e populações gerais”.

Da mesma maneira que nem todos os que se descrevem como “sem religião” são ateus – muitos cultivam uma espiritualidade própria – a pesquisa mostrou que nem todos os ateus são “sem religião”. No caso do Brasil, por exemplo, 73% dos incrédulos se identificam como “sem religião”, enquanto 18% se dizem cristãos. Na Dinamarca, 63% dos ateus se dizem “sem religião” – 28% são cristãos. A explicação para isso pode ser por conta da tradição familiar. Com exceção dos chineses e dos japoneses, a maioria dos ateus entrevistados disseram que romperam uma religião de família – é o caso de 85% dos incrédulos brasileiros e 74% dos norte-americanos.. Em todos os países ouvidos, a grande maioria dos ateus veio de famílias cristãs (79% dos brasileiros, 63% dos norte-americanos, 60% dos dinamarqueses). A questão dos rótulos também traz variações – muitas vezes motivadas por receio de preconceitos. 

Para os chineses desse grupo, 20% se dizem ateus e 18% racionalistas. Japoneses, britânicos e dinamarqueses preferem ser classificados como “não-religiosos” (34% e 27% e 17%, respectivamente) e norte-americanos se definem como “agnósticos” (26%). Já no grupo dos que afirmam que “Deus não existe” – tecnicamente ateus – 30% dos brasileiros se autodenominam ateus, 14% sem religião. Situação semelhante aparece na pesquisa realizada com norte-americanos – 39% assumem-se ateus. E entre os chineses, há um equilíbrio entre os que preferem ser chamados de racionalistas, ateus e livres-pensadores (respectivamente com 22%, 21% e 19%). 

A crença na ciência como o melhor modelo para atingir o conhecimento apareceu como homogênea entre crentes e incrédulos em todos os países aferidos, exceto Brasil e Estados Unidos. No caso brasileiro, os métodos científicos são considerados o melhor caminho para 71% dos não-crentes – contra 43% da população em geral. Entre os norte-americanos, o número é de 70% entre os incrédulos e despenca para apenas 33% da população em geral. “Essas descobertas mostram de uma vez por todas que a imagem pública do ateu é, na melhor das hipóteses, uma simplificação. E, na pior das hipóteses, uma caricatura bruta”, ressalta Lois Lee, pesquisadora de estudos religiosos da Universidade de Kent , “Em vez de confiar em suposições sobre o que significa ser ateu, podemos agora trabalhar com uma compreensão real das diferentes visões de mundo que a população ateísta inclui. As implicações para a política pública e social são substanciais .” “Nossos dados vão de encontro a estereótipos comuns sobre os incrédulos”, afirma Lanman. “Uma visão comum é que os incrédulos não teriam um senso de moralidade e propósito objetivos, nutrindo um conjunto de valores muito diferente do restante da população. Nossa pesquisa mostra que nada disso é verdade.

Fonte Original UOL

Título original: ‘Crença cristã’

Credo, eu pensava exatamente assim: “Se a crença em Deus por si só é um absurdo, a crença em Cristo é um atentado contra o bom senso” . Acompanhe-me: o cristão convicto não apenas declara “Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra”. Ele vai muito além quando diz acreditar “e em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor; que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia”. Não é um absurdo? Um escândalo? Um atentado contra a razão?

Acreditei piamente que não dava para ser cristão e, ao mesmo tempo, inteligente. Afinal, não vivemos no século 21? Século de todas as conquistas humanas. Século do futuro sem mistérios. Do Vale do Silício. Do Google. Fé e inteligência só podem ser estados de espírito inconciliáveis. Contraditórios. Hoje, o primeiro vive de migalhas e fundamentalistas. A internet, por sua vez, democratizou a inteligência. O paradoxo da Paixão de Cristo e o escandaloso absurdo da ressurreição, que redime os pecados do mundo, ultrapassavam todos os limites do entendimento e da paciência. Quem precisa de redenção depois da internet?

Farei uma confissão: mudei. Não sei se for para melhor, só sei que mudei. Acontece, principalmente depois dos 30.

Por muitos anos, desdenhei do cristianismo como um tolo arrogante. Nutria uma imagem vulgar da história cristã. Acreditava no mito iluminista da inconsistência entre conhecimento e religião, na fantasiosa imagem de que a Idade Média não passava de “Idade das Trevas” e na vulgar narrativa de que a crença cristã deveria ser a grande responsabilizada pelos maiores massacres e pelo atraso no que se refere à emancipação do homem e da mulher. Assim como a esmagadora maioria das pessoas inteligentes, eu era materialista e crente no método da ciência. Dá para ser outra coisa quando a gente contempla a própria imagem no espelho?

O teorema que me soluciona todos os dramas humanos era elegante: Quanto mais se estuda, mais incrédulo e seguro. Quanto mais conhecimento, mais ateu. Quanto mais ignorante, mais religioso. Quanto mais apegado às coisas da fé, mais distante da humanidade. Isso descrevia o meu excesso de humanismo e amor próprio.

Cá entre nós? Eu era um completo ateu imbecil e não sabia. Definição perfeita de ignorante. A encarnação da própria burrice. A minha excessiva autoestima me cegava.

Não existe fé cega. Fé se define pela capacidade de lançarmos um feixe de esperança na ignorância. Sem fé, sobra escuridão; a escuridão que nos persegue por toda a vida. Pode existir fé estranha, estapafúrdia, estúpida — como acreditar em doentes, no socialismo e que Lula caminha sobre as águas. Já a crença em Papai Noel ou na Fada dos Dentes é equivalente à crença de que a ciência é a última palavra em matéria de conhecimento. A ciência explica muita coisa. Mas entre explicar muita coisa e ser a última palavra há um abismo que só descobri depois despencar dentro dele. Detalhe: não há nada lá. É abismo mesmo, de verdade.

A ciência explica muito bem o mundo sem precisar recorrer a Deus — e assim deve ser. Porém, a crença cristã não pretende “explicar” cientificamente o mundo. Um homem religioso toma consciência de sua finitude e de que a possibilidade do mal é uma ameaça real e interior. Como lidar com a própria disposição para o mal? Eis o problema para o cristão: a vergonha de ser a razão do mal no mundo. Ou não é para ter vergonha? Hoje você chuta uma lata e encontra um progressista dizendo que não há evidências para se acreditar em Deus; os mais radicais dizem que só há mal no mundo em virtude das crenças religiosas. Será? A aposta é tão perigosa quanto dogmática. Sim, é para ter vergonha das bobagens que podemos fazer por sermos o que somos.

Cheguei à fé por um árduo caminho de experiência pessoal e estudo. Costumo dizer que cheguei a Cristo pela arte e pela dúvida. Misérias pessoais a parte, não me refiro à dúvida de gabinete, metódica. Refiro-me à dúvida existencial, de tomar consciência da própria finitude e imbecilidade. Além das muitas conversas com amigos, das horas de orações da minha mãe e de algumas tragédias pessoais, os livros que mais me ajudaram foram, cada um a seu modo, O Idiota e Os Demônios de Dostoiévski; José e Seus IrmãosMontanha Mágica e Doutor Fausto do Thomas Mann; e as Flores do Mal do Baudelaire. Essas obras me colocaram contra a parede. Fui conduzido à fé muito mais pela experiência da arte do que pelas insuportáveis discussões “racionais”. E não poderia deixar de mencionar aqui o cineasta polonês Krzysztof Kieślowski, sobretudo o primeiro episódio, Amarás a Deus sobre todas as coisas, da série Decálogo. O conhecimento científico não pode controlar tudo.

Quanto à filosofia, eu devo muito aos estudos de Platão, Plotino e Santo Agostinho. Mas alguns autores foram decisivos: Heschel, em Os profetas e Deus em busca do homem (“God in Search of Man: A Philosophy of Judaism“); Chestov, no seu livro sobre Kierkegaard; o ateu Albert Camus, sobretudo em Mito de Sísifo como aquele que melhor mostra a condição do homem; por fim, William James: recomendo seu ensaio A vontade de crer, onde ele busca responder a seguinte pergunta: “Teria uma pessoa o direito de acreditar em alguma coisa mesmo quando lhe falta prova suficiente de sua verdade?” Pergunta perturbadora.

Tão perturbador é o desafio a que Alvin Plantinga se propõe no seu livro Warranted Chistian Belief, que acabou de ser traduzido para o português: Crença Cristã Avalizada (se o leitor tem dúvidas quando ao avalizada, sugiro a nota à edição brasileira escrita por Bruno Uchôa, conhecedor do assunto), pela editora Vida Nova e com tradução do filósofo Desidério Orlando Murcho. É obra de fôlego e de exigência intelectual.

O objetivo de Plantinga não é nada mais, nada menos que demonstrar a aceitabilidade intelectual ou racional da crença cristã. Como ele mesmo pergunta no prefácio: “nossa questão é esta: acaso uma crença desse gênero é intelectualmente aceitável? Em particular, é intelectualmente aceitável para nós, hoje? Para pessoas instruídas e inteligentes que vivem no século 21?” Não darei spoiler. Apenas recomendo o desafio, que já não pode mais ser ignorado pelo exigente público brasileiro.

Uma organização nacional de pesquisa diz ter encontrado um aumento significativo no ateísmo entre a chamada Geração Z – jovens nascidos entre 1999 e 2015.

Barna Group divulgou os resultados de uma pesquisa mostrando que a porcentagem da Geração Z que se identifica como ateu é o dobro da população adulta dos EUA. Barna chama a Geração Z de a primeira geração verdadeiramente “pós-cristã”.

“Mais do que qualquer outra geração antes dela, a Geração Z não declara uma identidade religiosa”, diz o grupo de pesquisa. “Eles podem ser atraídos para coisas espirituais, mas com um ponto de partida muito diferente das gerações anteriores, muitos dos quais receberam uma educação básica sobre a Bíblia e o cristianismo”.

A porcentagem de adolescentes que se identificam como ateus é o dobro da população geral (13% contra 6% de todos os adultos), relata Barna.

Enquanto isso, a proporção de cada geração que se identifica como cristã vem caindo. Enquanto 75% dos Baby Boomers, aqueles que nasceram nos anos após a Segunda Guerra Mundial até a metade da década de 1960, são Protestantes ou Católicos, apenas 59% daqueles na Geração Z, que estão agora entre 13 e 18 anos de idade, dizem que são cristãos.

Em sua pesquisa, Barna se concentrou em barreiras: o que estaria mantendo os adolescentes de hoje afastados da religião que seus irmãos mais velhos, pais e avós adotaram? A existência do mal é um dos pontos.

“Adolescentes, junto com jovens adultos, são mais propensos do que os americanos mais velhos a dizer que o problema do mal e do sofrimento é um problema para eles”, diz Barna. “Parece que os jovens de hoje, como tantos ao longo da história, lutam para encontrar um argumento convincente para a existência do mal e de um Deus bom e amoroso”.

Outras questões que parecem ser obstáculos são a verdade, o conflito entre a religião e a ciência, e a falta de aceitação da diversidade nas congregações religiosas.

Mais de um terço da Geração Z (37%) acredita que não é possível saber com certeza se Deus é real, em comparação com 32% de todos os adultos. “Para muitos adolescentes, a verdade parece relativa, na melhor das hipóteses e, na pior das hipóteses, totalmente irreconhecível”, segundo o relatório. Mas, entre os adolescentes que frequentam a igreja, 49% dizem que “a igreja parece rejeitar muito do que a ciência nos diz sobre o mundo”, de modo que, no campo da ciência, o relativismo não parece ter tanta influência.

A hipocrisia e a falta de tolerância surgem como queixas entre os não frequentadores da igreja. No entanto, entre os da Geração Z que frequentam a igreja, as percepções de um local de culto tendem a ser mais positivas do que negativas:

“A maioria dos adolescentes religiosos diz que a igreja ‘é um lugar para encontrar respostas para viver uma vida significativa’ (82%) e ‘é relevante para minha vida’ (82%), que ‘eu posso ser eu mesmo na igreja’ (77%) e que ‘as pessoas na igreja são tolerantes com pessoas com crenças diferentes’ (63%). Percepções negativas têm uma moeda significativa, no entanto… Um terço [acha] diz que ‘as pessoas na igreja são hipócritas’ (36%). Além disso, um quarto afirma que ‘a igreja não é um lugar seguro para expressar dúvidas’ (27%) ou que o ensino a que estão expostos é ‘bastante superficial’ (24%)”.

Entre aqueles que dizem frequentar a igreja não é importante para eles – três em cada cinco adolescentes cristãos dizem: “eu acho Deus em outro lugar” (61%).

Aleteia

Afirmar que o cristianismo persiste por dois mil anos, alicerçado exclusivamente na coluna da fé, é na melhor das hipóteses ignorância; na pior, desonestidade intelectual. E infelizmente, desconhecimento e improbidade estão em voga na desconstrução do cristianismo, por exemplo: toda pessoa minimamente informada, sabe que existe uma gigantesca probabilidade do universo ter surgido de um evento denominado Big Bang, mas poucas apreendem que antes deste evento não havia matéria, espaço e tempo, ou que tal teoria foi proposta por um padre jesuíta, doutor em astrofísica e amigo de Albert Einstein (1879 – 1955), Pe. Georges Lemaître (1894 – 1966).

Sendo altamente aceitável que a natureza (matéria, espaço e tempo) surgiram do nada [1], similarmente ao que está narrado em Gênesis, não é razoável considerar a hipótese de que o Big Bang possa ter sido gerado por algo incorpóreo, atemporal e não causado, portanto, que transcenda a natureza?

No livro “Não tenho fé suficiente para ser ateu”, os autores Norman Geisler e Frank Turek demonstram que além da cosmologia, diversos outros abundantes fatores apontam claramente para a existência do Deus Cristão. Como acima foi sumarizado o conceito cosmológico, leia abaixo alguns parágrafos do capítulo que destrói o darwinismo:

Johnny, com 16 anos de idade, desceu de seu quarto e correu para a cozinha atrás de uma tigela de seu cereal favorito: Alpha Bits, aqueles flocos de cereal com o formato de letras do alfabeto. Quando chegou à mesa, foi surpreendido por ver que a caixa do cereal estava aberta, o conteúdo fora derramado e as letras formavam a mensagem LEVE O LIXO PARA FORA — MAMÃE em sua tigela.

Lembrando-se de uma recente aula de biologia do ensino médio, Johnny não atribuiu a mensagem à sua mãe. Além do mais, ele aprendeu que a vida em si é meramente um produto do acaso, das leis naturais. Se era esse o caso, pensou Johnny, por que não seria possível que uma simples mensagem como “Leve o lixo para fora — Mamãe” não fosse o produto do acaso e das leis naturais? Talvez o gato tivesse derrubado a caixa ou um terremoto tivesse chacoalhado a casa. Não fazia sentido chegar a qualquer conclusão. Johnny não queria levar o lixo para fora de jeito nenhum. Ele não tinha tempo para as tarefas da casa. Estava em suas férias de verão e queria ir para a praia. Mary estaria lá.

Uma vez que Mary era a garota de quem Scott também gostava, Johnny queria chegar à praia mais cedo para surpreender Scott. Mas quando Johnny chegou, viu Mary e Scott caminhando de mãos dadas pela praia. Enquanto os seguia a distância, olhou para baixo e viu um coração desenhado na areia com as palavras “Mary ama Scott” rabiscadas no meio. Por um momento, Johnny sentiu seu coração afundar. Mas as lembranças de sua aula de biologia o resgataram do desespero profundo.

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É desonestidade ou cegueira proposital sugerir que mensagens como “Leve o lixo para fora — Mamãe” e “Mary ama Scott” são obras de leis naturais. Contudo, essas conclusões são perfeitamente compatíveis com os princípios ensinados na maioria das aulas de biologia do nível médio e das universidades hoje em dia. É nesses lugares que os biólogos naturalistas afirmam dogmaticamente que mensagens muito mais complicadas são produtos de leis naturais. Eles fazem essa afirmação na tentativa de explicar a origem da vida.

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Desde a década de 1950, o avanço da tecnologia tem capacitado os cientistas a descobrirem um pequeno mundo de impressionante projeto e espantosa complexidade. Ao mesmo tempo que os nossos telescópios estão vendo muito mais longe no espaço, nossos microscópios estão olhando cada vez mais fundo nos componentes da vida. Enquanto as nossas observações espaciais estão se rendendo ao princípio antrópico da física, nossas observações da vida estão cedendo ao impressionante princípio antrópico da biologia.

Para demonstrar o que queremos dizer, vamos considerar a assim chamada vida “simples” — um animal unicelular conhecido como ameba. Os naturalistas evolucionistas afirmam que essa ameba unicelular (ou alguma coisa semelhante a ela) se formou por meio de geração espontânea (sem intervenção inteligente) num pequeno lago aquecido em algum lugar da Terra, quando ela ainda estava em seus primórdios. De acordo com a teoria, toda a vida biológica evoluiu baseando-se nessa ameba inicial, sem nenhum tipo de orientação inteligente. Naturalmente, esta é a teoria da macroevolução: do infantil para o réptil e do réptil para o gentio; ou do angu até tu, passando pelo zoológico.

Aqueles que acreditam nessa teoria da origem da vida são chamados de muitos nomes: naturalistas, evolucionistas, materialistas, humanistas, ateus ou darwinistas. Independentemente da maneira pela qual chamamos aqueles que acreditam nessa teoria, o ponto principal para nós é este: “Sua teoria é verdadeira?”. Parece-nos que não.

Esqueça as afirmações darwinistas de que os homens descendem dos macacos ou que os pássaros evoluíram dos répteis. O problema principal para os darwinistas não é explicar de que maneira todas as formas de vida estão relacionadas (embora, isso ainda é um grande problema). O problema principal para os darwinistas é explicar a origem da primeira vida. Para que a macroevolução naturalista seja verdade, a primeira vida precisa ter sido gerada espontaneamente com base em elementos químicos inanimados. Infelizmente, para os darwinistas, a primeira vida — na verdade, qualquer forma de vida — não é de forma alguma “simples”. Isso ficou muitíssimo claro em 1953, quando James Watson e Francis Crick descobriram o DNA, a química que codifica instruções para a construção e a replicação de todas as coisas vivas.

Figura 1

O DNA tem uma estrutura em forma de hélice que se parece com uma escada torcida. Os lados da escada são formados por desoxirribose e fosfato, e os degraus da escada consistem em ordens específicas de quatro bases de nitrogênio. Essas bases de nitrogênio recebem o nome de adenina, timina, citosina e guanina, comumente representadas respectivamente pelas letras A, T, C e G [figura 1]. Essas letras compõem o que é conhecido como o alfabeto genético de quatro letras. Esse alfabeto é idêntico ao alfabeto ocidental em termos de sua habilidade de comunicar uma mensagem, exceto pelo fato de que o alfabeto genético tem apenas quatro letras, em vez das 26 que conhecemos no alfabeto ocidental. Assim como uma ordem específica das letras numa frase transmite uma mensagem singular, a ordem específica de A, T, C e G dentro de uma célula viva determina uma composição genética singular daquela entidade viva. Outro nome para essa mensagem ou informação, quer esteja numa frase quer no DNA, é “complexidade específica”. Em outras palavras, ela não é apenas complexa, mas também contém uma mensagem específica.

A incrível complexidade específica da vida torna-se óbvia quando alguém considera a mensagem encontrada no DNA de uma pequena ameba unicelular (uma criatura tão pequena que centenas delas poderiam ser colocadas uma ao lado da outra num espaço de 1 centímetro). Richard Dawkins, cientista darwinista convicto e professor de zoologia na Universidade de Oxford, admite que a mensagem encontrada apenas no núcleo de uma pequena ameba é maior do que os 30 volumes combinados da Enciclopédia Britânica, e a ameba inteira tem tanta informação em seu DNA quanto mil conjuntos completos da mesma enciclopédia! Em outras palavras, se você fosse ler todos os A, T, C e G na “injustamente chamada ameba ‘primitiva” (como Darwin a descreve), as letras encheriam mil conjuntos completos de uma enciclopédia!

Precisamos enfatizar que essas mil enciclopédias não consistem em letras aleatórias, mas em letras numa ordem muito específica — tal como as enciclopédias reais. Portanto, aqui está a principal pergunta para os darwinistas como Dawkins: mensagens simples como “Leve o lixo para fora — Mamãe”, “Mary ama Scott” e “Beba Coca-Cola” exigem um ser inteligente, então por que a mensagem dessas mil enciclopédias não exigiria um também?

Obviamente, a obra de Geisler e Turek não tem a presunção de permutar fé por ciências, mas os autores selam o conceito proferido por Albert Einstein: A ciência sem a religião é aleijada; a religião sem a ciência é cega”.

E, como o crivo científico é limitado [2], capítulos que visam provar a divindade de Jesus Cristo, como o nono (“Possuímos testemunho antigo sobre Jesus?”), utilizam critérios investigativos frequentemente utilizados por historiadores.

Enfim, qualquer virtuoso ateísta que leia este livro precisará ter mais fé que a maioria dos cristãos para manter-se em sua cosmovisão, do contrário, ao ser questionado sobre a existência de Deus, responderá como Henry Millero problema não é se eu acredito em Deus, mas se Deus acredita em mim.

Escrito por Eric M. Rabello.

Via Culturateca

Notas:

  1. Até mesmo renomados ateus, como o astrofísico Lawrence Krauss, assumem que o universo surgiu do nadaRetornar
  2. Além do exemplo incorporado no parágrafo que referencia esta nota, outros limiares são intransponíveis para as ciências. Algumas conjunturas clássicas são: a matemática e a lógica são pressupostas pelas ciências, portanto, não são passíveis de provas; a estética não é avaliável cientificamente (a beleza de um quadro não pode ser provada pelas ciências, – formosas combinações entre cores e formas apenas geram protótipos ou plágios); a ética foge do domínio científico (é impossível comprovar cientificamente que os nazistas estavam errados); por fim, a própria crença de que o método cientifico descobre a verdade não pode ser comprovada cientificamente. 

Essa interrogação e as variações e implicações que dela derivam são respondidas agora por uma nova pesquisa longa e precisa realizada pelo Pew Research Center, entre abril e agosto de 2017, e tornada pública no original em inglês nos últimos dias.

O Pew Research Center é um think tank estadunidense, com sede em Washington, que fornece informações sobre problemas sociais, opinião pública e tendências demográficas sobre os Estados Unidos e o mundo em geral. Realiza sondagens de opinião pública, pesquisas demográficas, análises de conteúdo das mídias e outras pesquisas no campo das ciências sociais empíricas.

O texto que aqui publicamos é uma síntese elaborada pelo próprio centro e é tirada de um relatório acompanhado no original por inúmeros gráficos ilustrativos.

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A Europa ocidental, berço do protestantismo e historicamente sede do catolicismo, tornou-se uma das regiões mais seculares do mundo. Embora a grande maioria dos adultos afirme que recebeu o batismo, hoje muitos deles não se definem como cristãos. 

Porém, na maioria dos casos, os adultos entrevistados se consideram cristãos de fato, mesmo que raramente frequentem a Igreja.

A pesquisa mostra que os cristãos não praticantes (como são definidas no relatório as pessoas que se declaram como cristãs, mas que participam nas funções religiosas apenas algumas vezes por ano) representam a cota mais ampla da população na região em questão.

Em todos os países, exceto na Itália, são mais numerosos do que os cristãos praticantes (ou seja, aqueles que participam das funções religiosas pelo menos uma vez por mês). Os cristãos não praticantes são mais numerosos do que aqueles que não se reconhecem em nenhuma religião (ou seja, pessoas que se identificam como ateias, agnósticas ou “de nenhuma religião em particular”) na maioria dos países incluídos na pesquisa.

Com a palavra, os dados

O estudo do Pew Research Center, realizado sobre mais de 24.000 entrevistas telefônicas com adultos selecionados aleatoriamente, incluindo cerca de 12.000 cristãos não praticantes, revela que a identidade cristã continua sendo uma marca significativa na Europa ocidental, mesmo entre aqueles que raramente frequentam a Igreja.

Não se trata simplesmente de uma identidade “nominal” sem relevância prática. Ao contrário, o ponto de vista dos cristãos não praticantes sobre a religião, a política e a cultura é muitas vezes diferente do dos cristãos praticantes e/ou adultos que não se reconhecem em nenhuma religião.

A identidade cristã na Europa ocidental, de fato, está associada a opiniões mais negativas em relação aos imigrantes e às minorias religiosas. No geral, aqueles que se professam cristãos, frequentam a igreja ou não, são mais propensos a expressar opiniões negativas contra os imigrantes, assim como aos muçulmanos e aos judeus, em comparação com aqueles que não se reconhecem em nenhuma religião.

Por exemplo, 63% dos cristãos praticantes na Itália afirmam que o Islã é fundamentalmente incompatível com a cultura e os valores italianos, opinião compartilhada por 51% dos cristãos não praticantes. Entre os adultos que não se reconhecem em nenhuma religião, ao contrário, a porcentagem de entrevistados que considera que o Islã é fundamentalmente incompatível com a cultura e os valores do próprio país é inferior (29%).

Na Europa, observa-se uma distribuição análoga em relação às limitações para o vestuário das mulheres muçulmanas em público: os cristãos são mais propensos do que as pessoas com “nenhuma religião” a afirmar que as mulheres muçulmanas deveriam poder não usar qualquer indumentária religiosa.

Os cristãos praticantes, os cristãos não praticantes e as pessoas que não se reconhecem em nenhuma religião também diferem em termos de atitude em relação ao nacionalismo.

Os cristãos não praticantes são menos propensos do que os cristãos praticantes a expressar pontos de vista nacionalistas. Porém, são mais propensos do que os entrevistados com “nenhuma religião” a afirmar que a própria cultura é superior às outras e que é necessário ter pais de um país para compartilhar sua identidade nacional (por exemplo, é necessário ter uma tradição familiar espanhola para ser realmente espanhóis).

Na Itália, por exemplo, a maioria dos cristãos praticantes (57%) concorda com a afirmação “os meus compatriotas não são perfeitos, mas a nossa cultura é superior às outras”. Esse percentual cai para 49% entre os cristãos não praticantes, mas, contudo, permanece superior aos 14% dos italianos adultos que não se reconhecem em nenhuma religião que compartilha esse ponto de vista.

Imigrantes e minorias

A pesquisa, que foi realizada após uma escalada dos fluxos migratórios dirigidos à Europa e provenientes de países de maioria muçulmana, fez muitas outras perguntas sobre a identidade nacional, o pluralismo religioso e a imigração.

A maioria dos europeus ocidentais se declara disposta a aceitar muçulmanos e judeus no seu bairro e na própria família, e, em grande parte, não concorda com as afirmações negativas sobre esses grupos. Além disso, no geral, o número de entrevistados que afirmam que os imigrantes são honestos e trabalham duro é maior do que os da opinião contrária.

No entanto, existe um modelo que emerge de modo claro e coerente: os cristãos, tanto praticantes quanto não praticantes, são mais propensos do que os adultos que não se reconhecem em nenhuma religião na Europa ocidental a expressar opiniões desfavoráveis em relação aos imigrantes e às minorias e pontos de vista nacionalistas.

Há também outros fatores que estão fora da identidade religiosa e que estão intimamente ligados a essas posições. Por exemplo, o nível de educação mais alto e o conhecimento direto de uma pessoa muçulmana tendem a se associar a uma maior abertura em relação à imigração e às minorias religiosas.

Além disso, a identificação com a direita política está fortemente conectada com posições anti-imigração. Dito isso, mesmo empregando técnicas estatísticas para levar em conta esses e muitos outros fatores, incluindo idade e sexo, os europeus ocidentais que se identificam como cristãos são mais inclinados a expressar sentimentos negativos sobre os imigrantes e sobre as minorias religiosas do que aqueles que não se reconhecem em nenhuma religião.

Pontos de divergência

Os cristãos não praticantes, os cristãos praticantes e os adultos que não se reconhecem em nenhuma religião mostram outros pontos divergência importantes nessa área geográfica:

– embora afirmando não acreditar em Deus “como descrito na Bíblia”, muitos cristãos não praticantes tendem a acreditar em algum outro poder superior ou força espiritual. Pelo contrário, a maioria dos cristãos praticantes afirmam acreditar na descrição bíblica de Deus. E uma clara maioria dos adultos que não se reconhecem em nenhuma religião não acredita em nenhum tipo de poder superior ou força espiritual no universo.

os cristãos não praticantes tendem a expressar posições mais positivas do que negativas em relação às Igrejas e a outras organizações religiosas, declarando que desempenham uma função socialmente útil, ajudando os pobres e fortalecendo os laços dentro das comunidades. Suas atitudes em relação às instituições religiosas não são favoráveis como as dos cristãos praticantes, mas, em comparação com os europeus que não se reconhecem em nenhuma religião, os cristãos não praticantes são mais propensos a afirmar que as Igrejas e as outras organizações religiosas contribuem positivamente com a sociedade.

– a grande maioria dos cristãos não praticantes, como aquela das pessoas que não se reconhecem em nenhuma religião na Europa ocidental, é favorável ao aborto legal e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Os cristãos praticantes são mais conservadores sobre essas questões, embora, dentro desse segmento, haja um apoio substancial (em alguns países, majoritário) ao aborto legal e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.

– quase todos os cristãos praticantes que são pais ou tutores de menores (com menos de 18 anos) afirmam criá-los de acordo com os princípios cristãos. Entre os cristãos não praticantes, um percentual ligeiramente inferior, que ainda representa a imensa maioria, afirma criar os próprios filhos como cristãos. Por outro lado, os pais que não se reconhecem em nenhuma religião geralmente criam seus filhos sem religião.

Esses são alguns dos principais resultados da nova pesquisa do Pew Research Center. O estudo, financiado pelo The Pew Charitable Trusts e pela John Templeton Foundation, faz parte de um projeto maior do Pew Research Center voltado a compreender a mudança religiosa e o seu impacto nas sociedades em todo o mundo.

Fonte: Settimana News

Vi na televisão um programa sobre a Chapada dos Veadeiros. Surpreso, fiquei sabendo de quantas pessoas vivem ali à espera de um contato com extraterrestres. Um desses devotos dos ETs vive numa verdadeira disciplina ascética, preparando-se para o encontro com os seres de outros planetas; é vegetariano, vive na pobreza e fez voto de castidade; chega mesmo a rezar para eles…

Como é louca a humanidade! Como é desorientada a nossa civilização ocidental! Primeiro, a partir do século XVIII, declaramos que o homem se tornara adulto e emancipado. Era necessário matar toda verdade religiosa e tudo quanto não coubesse na cachola miúda da razão humana. Assim, negou-se toda religião sobrenatural, toda revelação de Deus a Israel e inventou-se, no Ocidente, um deus distante, teórico, Arquiteto do Universo, distante, frio e inútil… Depois, nosso Ocidente negou Deus de vez: era preciso matar Deus – dizia-se – para que o homem vivesse de verdade. Assim, esta nossa civilização ocidental, colocou o homem no trono que pertence somente a Deus.

Esta razão endeusada e este homem no centro de tudo (na escola no ensinaram o absurdo que foi um ótimo negócio passar do teocentrismo medieval para o antropocentrismo do renascimento, como se o homem fosse Deus e Deus fosse apenas um detalhe…) levaram o Ocidente a duas guerras crudelíssimas, com mais 70 milhões de mortos… Depois das guerras (do nazismo em nome da razão, do fascismo em nome da racionalidade, do marxismo em nome da ciência e da história), veio a ressaca: não se crê mais em nada: nem no Deus revelado, nem na razão, nem nas instituições, nem nos grandes projetos…

Agora, não é mais o homem no centro; é somente o indivíduo, sozinho, fechado, egoísta, com uma ilusãozinha, uma moralzinha, um projetozinho, um deusinho segundo a sua imagem e semelhança medíocre e escrava de mil paixões…

No vazio de Deus, na negação do cristianismo, o Ocidente encontra-se perdido – alegremente perdido, bebadamente iludido e inconsciente de sua perdição! Procura-se desesperadamente encher o vazio existencial e encontrar um sentido para a vida no consumismo, no poder a qualquer custo, nas drogas, no endeusamento da natureza, no turismo desenfreado, nas seitas, na promiscuidade, na busca frenética pelo prazer e a autoafirmação… É assim: tire Deus, apague o Cristo da consciência do nosso Ocidente e fica somente o vazio, um homem infantilizado, presa das velhas práticas pré-cristãs…

Era para ser claro, palpável: sem Deus, o homem definha, o homem torna-se menos homem. Fomos, todos nós, feitos para o Infinito, para o Absolutamente Outro, o Eterno, e somente nessa abertura encontramos o Sentido, a Direção, o Eixo da nossa existência. O homem não é fruto da natureza; o homem é fruto do Autor na natureza, que nela impregna um desígnio, um sonho de amor: o homem é imagem de Deus, criado para Deus, com um coração que não se contenta com menos que Deus! Tire Deus e endeuse o que não é Deus; elimine o Deus verdadeiro e torne-se escravo de mil ídolos mentirosos!

O cristianismo, na Antiguidade, vencendo o paganismo, deu ao Ocidente a firmeza conceitual e a clareza de visão da vida e do mundo que permitiram o surgimento de uma civilização que tornou-se planetária. Esse Ocidente volta as costas para o Cristo e torna-se presa de todos os infantilismos e escravidões dos quais o cristianismo o havia libertado: desprezo pela vida humana, adoração infantilóide na natureza, falta de sentido para a existência, angústia, medo do sofrimento e da morte…

Que você, meu Amigo, tenha certeza: ainda haveremos de ver muita coisa! A tolice tem ares de sabedoria; a superstição tem pose de religião; a loucura tem fama de profunda lucidez…

Pobre homem, pobre Ocidente! Quanto precisamos de Deus; quantos temos necessidade daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida!

Dom Henrique Soares da Costa

Bispo de Palmares, PE

Via Aleteia

O físico teórico Michio Kaku afirmou que ele encontrou evidências de que Deus existe em 2016, e seu raciocínio causou uma agitação na comunidade científica.

Ao responder a uma pergunta sobre o significado da vida e de Deus, Kaku disse que a maioria dos físicos acredita em um deus por causa do design do universo. O nosso é um universo de ordem, beleza, elegância e simplicidade.

Ele explicou que o universo não tinha que ser assim – poderia ter sido feio e caótico. Em suma, a ordem que vemos no universo é evidência de um Criador.
“Eu concluí que estamos em um mundo feito por regras criadas por uma inteligência”, disse o físico, de acordo com a Science World Report . “Acredite, tudo o que chamamos de acaso hoje não mais faz sentido. Para mim, é claro que existimos em um plano que é governado por regras que foram criadas, moldadas por uma inteligência universal e não por acaso “.

Kaku, um dos criadores e desenvolvedores da revolucionária Teoria das Cordas, chegou às suas conclusões com o que ele chama de semi raio primitivo de táquions, que são partículas teóricas que têm a capacidade de “desencadear” a matéria ou o espaço de vácuo entre as partículas, deixando tudo no universo livre de qualquer influência do universo circundante.

O físico explicou que Deus é como um matemático, que é semelhante ao que Albert Einstein acreditava.

Essa idéia não é nova para o Kaku. Em um artigo para Big Think , ele escreveu que sua Teoria das Cordas se baseava na idéia de que estamos “lendo a mente de Deus”.

Essas idéias, sem dúvida, farão explodir as cabeças ateias, porque as pessoas mais inteligentes aceitam que há um Deus, mas os ateístas parecerão tolos.!

Fonte: https://conservativetribune.com/physicist-bombshell-god-like/

Imagine que, no dia de Natal, alguém lhe entrega um presente em uma embalagem linda. Você abre com curiosidade e expectativa, não há nada dentro. Essa deve ser a sensação de quem escuta “The Atheist Christmas Album”, [O Álbum de Natal dos Ateus]. O CD lançado este ano, contém regravações de 12 famosas canções natalinas onde as letras foram mudadas para retirar todas as menções a Deus, Jesus e passagens bíblicas.

A cantora inglesa Tylean Polley, que teve essa ideia, diz que cresceu amando o Natal e as festividades de final e ano. Ela sempre cantava as músicas associadas à data. Porém, quando passou a se declarar ateia, nunca mais se sentiu confortável em cantar músicas religiosas, embora continuasse admirando as melodias.

A cada ano, o mercado lança diferentes álbuns com músicas de Natal. Em 2017, é possível adquirir esse onde “Noite Feliz” só fala sobre família e outras canções religiosas se tornaram ‘seculares’.

Polley disse que teve a ideia quando ouvia um CD de Natal com próprio filho e tentava ignorar as faixas que mencionavam Jesus ou Natal como lembrança do seu nascimento. Decidiu então gravar seu próprio álbum de canções clássicas, mas reformular as letras. Ela acredita que a iniciativa poderá agradar a pessoas que tem a mesma dificuldade.

Em um debate promovido por uma rádio inglesa entre Tylean Polley e o evangelista Glen Scrivener, a militante ateísta disse que Natal é “Apenas uma celebração. Vamos beber e comer e desfrutar da companhia uns dos outros”.

Mas Glen rebateu, lembrando que “Esse espírito festivo é decorrente de uma notícia maravilhosa, que a luz brilhava no meio da escuridão. Portanto, há um sentido maior”.

No entanto, Tylean defende que os ateus podem falar sobre alegria no Natal, não referindo-se a uma luz que vem do além, mas “que vem de dentro”, e demostrarem amor. “Para nós, ateus, as festas [de Natal] são apenas uma oportunidade de mostrarmos o quanto amamos nossas famílias e amigos”.

No final, ela não quis dizer como estão as vendas do álbum, que está disponível em CD e em formato digital. Ele pode ser ouvido aqui. 

Fonte: Premier

Na Coreia do Norte, um país onde “não há crentes”, apesar de um artigo na Constituição garantir a liberdade religiosa, nosso correspondente especial* conseguiu ir à Igreja de Changchung em Pyongyang. A Igreja não tem padre, bispo nem batismo.

A Toyota 4×4 entra no pátio e surge a igreja, sóbria, branca e marrom escuro. A fachada tem uma pequena roseta e uma janela retangular com uma cruz em cima. Dois funcionários aguardam, em clássicos ternos escuros.

No dia anterior, em resposta ao meu pedido, meu guia e acompanhante, Pal, havia ligado para seu assistente para organizar a visita à Igreja Católica de Changchung, na Coreia do Norte, localizada no coração de Pyongyang e construída em 1988.

Eu já tinha visitado dezenas de igrejas na China nos últimos anos, mas foi a primeira vez que vi uma Igreja Católica na Coreia do Norte. Pal confessou que também nunca tinha visitado uma Igreja Católica antes.

Após rápidas saudações, Kim Chol-Un, presidente da Associação dos Católicos na Coreia, apresentou-se, repetindo seu nome cristão: “Francisco, como o Papa.” O Vice-Presidente da Associação, Cha Julio, que é mais novo, abre a porta da igreja. “Por favor”, diz ele, convidando-nos.

Janelas amplas e sem pintura deixam a claridade entrar, iluminando a nave, os dois bancos de cerca de 12 lugares, o caminho da Cruz em ambos os lados e duas pinturas de Maria e José. O coro permanece na sombra, iluminado pela vela do Santíssimo Sacramento, perto do Tabernáculo.

Aqui, “150 a 200 pessoas vêm todo domingo pela manhã para rezar por 40 minutos”, diz Francisco.

“Temos uma cerimônia ritual aos domingos. Por outro lado, ninguém vem durante a semana. O senhor deveria vir no domingo, para conhecê-los”, acrescenta.

Kim Chol-Un explica que ele “preside” a oração. Mas quem são os fiéis?

“São os descendentes distantes dos católicos, e todos têm mais de 60 anos”, diz.

Eles se identificam como católicos?

“Sim, os nossos antepassados nos deixaram o conhecimento como legado”, responde Cha Julio, em inglês perfeito.

“Claro, somos católicos por nossos bisavós, e Pedro havia batizado nossos antepassados”, explica.

“Não há nenhum sacerdote aqui”, reconhece Francisco. “Nós somos autônomos e independentes. Mas os frequentadores foram batizados, caso contrário não poderiam vir”, diz ele.

Batizados por quem?

“Eles batizaram-se uns aos outros desde o início com Pedro”, diz Francisco.

Segundo ele, o Sacramento do batismo, portanto, foi transmitido naturalmente de geração em geração.

Mas como se explica a construção da única Igreja Católica do país, em 1988?

“Nosso líder, Kim Il-Sung, nos libertou do colonialismo japonês. Depois, em 1950, a guerra da Coreia destruiu todas as igrejas e os crentes espalharam-se praticamente por todo o lado”, explica Kim Chol-Un.

Ele não menciona que depois de tomar o poder em 1948, com apoio russo, o movimento de Kim Il-Sung foi de erradicar as religiões.

“Todas as igrejas foram destruídas. Cristãos, católicos e protestantes foram mortos ou enviados para campos”, diz um missionário ocidental que mora há décadas na Coreia do Sul e visitou muitas vezes a Igreja de Changchung.

“Na época, Pyongyang era chamada de Jerusalém do leste. Milhares de católicos moravam aqui. Porém, a cidade foi esvaziada de toda religiosidade. Os poucos missionários estrangeiros, os Maryknolls, foram expulsos e os católicos coreanos foram eliminados”, disse o missionário.

No início da guerra da Coreia, quando as tropas do Norte tomaram Seul em menos de dois dias, dezenas de padres, freiras e outros católicos foram feitos reféns e enviados para o norte, no que ficou conhecido como a “Marcha da Morte”.

“Havia também soldados estadunidenses no grupo, mas a maior parte deles morreu antes de chegar à fronteira com a China, onde foram libertados. Um padre das Missões de Paris sobreviveu, bem como uma freira carmelita francesa e uma irmã de São Paulo de Chartres”, diz o missionário.

Neste contexto histórico desprovido de misericórdia, não é fácil saber se os poucos “Católicos” que são hoje visíveis em Pyongyang foram escolhidos por sua filiação religiosa, mas é difícil acreditar nisso. O padre da Coreia do Sul considera-os “cidadãos escolhidos para realizar essa tarefa aos domingos e para mostrar ao mundo que existe liberdade de religião na Coreia do Norte. São funcionários públicos.”

Francisco, por sua vez, explica que foram eles que expressam o “desejo ardente” de ver uma igreja construída em 1988.

“Quando o governo foi notificado, o Presidente Kim Il-Sung doou terrenos, materiais e dinheiro para a construção”, afirmou.

Segundo Francisco, há 800 crentes em Pyongyang e 3.000 espalhados por toda a Coreia do Norte.

“Mesmo não tendo um padre, eles podem orar de forma independente, em pequenos grupos, em casa”, acrescenta.

Estas figuras circulam no exterior, sempre iguais, mas é impossível verificá-las.

Já as igrejas protestantes sul-coreanas, que são muito anticomunistas, defendem a ideia de uma presença cristã que é clandestina ou reprimida pelo regime.

“Talvez alguns foram batizados em Pequim”, diz o nosso missionário do Sul.

“Não sei. Eu mesmo pude celebrar [a missa] muitas vezes, mas nunca dei a comunhão. Não é possível se não for batizado. Além disso, eles se escondem de nós e não podemos falar com eles”, disse.

Ainda que não seja sacerdote nem diácono, Francisco, que é casado e tem dois filhos, nos garante que lidera os serviços de comunhão com Hóstias consagradas por bispos ou padres sul-coreanos que têm vindo em delegações oficiais com frequência nos últimos anos.

“Um padre estadunidense também vem celebrar a missa, às vezes”, comenta.

“Ele e os sul-coreanos deixam um pouco para nós às vezes, mas não temos mais”, explica.

Ao convidar-nos para entrar na sacristia, Kin Chol-Un orgulhosamente mostra uma foto do Papa João Paulo II recebendo um casal de norte-coreanos em Roma, na década de 80. Um pouco acima, há uma bela foto de um sorridente Papa Francisco, ao lado de uma imagem da Virgem Maria com os olhos puxados, doada por sacerdotes sul-coreanos.

Oficialmente, o Bispo da diocese de Pyongyang é o Arcebispo de Seul. Não há nenhum sacerdote em Pyongyang. Não há sinal ou testemunho de que uma “igreja subterrânea” possa ter sobrevivido às expulsões de 1948. Não há relações diplomáticas entre o Vaticano e a Coreia do Norte, nem qualquer diálogo como o que existe entre Roma e Pequim, onde a situação da Igreja também não é simples.

Francisco orgulhosamente exibe uma magnífica Bíblia (Antigo e Novo Testamento), “traduzida por pesquisadores da Universidade King Il-Sung”. Ele diz que há outra, traduzida pelos sul-coreanos, e outra em latim.

Como esses “crentes” ensinam o catecismo aos seus filhos?

“Não há nada para ensinar, e os jovens não gostam de vir no domingo, mas mantemos nossa igreja viva”, responde.

O fim do dia vem surgindo, lentamente. A visita chega ao fim, mas antes de sair, Francisco tira uma “caixa de coleta” para boas obras, na qual pode-se depositar alguns euros. Kim Chol-Un e Cha Julio fizeram seu trabalho.

Pal nem espera o carro arrancar e já começa a me bombardear com perguntas sobre o Papa, os cardeais, a Cúria Romana, os bispos, os sacerdotes, o batismo, a Bíblia, o catecismo, os sacramentos, os rituais, as regras e a legitimidade ou legalidade do funcionamento da Igreja de Pyongyang.

O jantar é uma longa discussão sobre a Igreja Católica universal, sua história milenar e como ela funciona. Nossas conversas continuam noite adentro…

A reportagem é de Dorian Malovic, publicada por La Croix International.

Parafraseando o título de um conhecido livro, poderíamos dizer que vivemos em uma época de “paixões mornas”. Não “tristes”, como as evocadas por Miguel Benasayag e Gérard Schmit no seu ensaio (publicado em 2004 pela editora Feltrinelli). Ao contrário: “desencantadas”. Interpretadas com realismo. Particularmente pelos jovens. Acostumados a projetar o futuro no seu olhar. E a orientar o nosso. Porque os jovens “são” o futuro. 

Essa é a imagem sugerida pela pesquisa do Observatório Demos-Coop, realizada nos últimos dias e proposta no jornal italiano La Repubblica.

Além disso, a sociedade e, sobretudo, os jovens se acostumaram com o clima de desconfiança que paira sobre nós. Há muitos anos já. Assim, eles o atravessam sem muito medo. Em particular, os “jovens-adultos” (de acordo com os demógrafos), a “geração do milênio”, segundo o Istat.

Em suma, aqueles que têm entre 25 e 36 anos e estão no meio da juventude e da idade adulta. E acumulam a insegurança de quem tem pela frente um futuro repleto de incógnitas e a segurança de quem começou a experimentar os problemas do futuro. É a metáfora de uma sociedade que não aceita envelhecer. Onde muitos, quase todos, gostariam de ficar “jovens para sempre”. Às custas de protelar ao infinito as incertezas dos adolescentes. 

É um aspecto que já observamos outras vezes no passado. Mas hoje ele se repropõe, de modo, se possível, mais marcante. A juventude, de acordo com os italianos, se alonga cada vez mais. Quanto mais os anos passam. 

Entre aqueles que não superam os 36 anos, a juventude acaba um pouco mais tarde: aos 42 anos. Depois, à medida que os anos passam, a juventude também se alonga. Até os 62 anos, para aqueles que superaram os 71 anos. A “geração da reconstrução”. 

Paralelamente, afasta-se também o limiar da velhice. Tanto que, de acordo com os mais idosos, perdão, os “menos jovens”, só nos tornamos “velhos” depois de completar os 80 anos. Não é uma novidade. A nostalgia da juventude leva a negar a velhice. E induz a aceitar ser velho… só depois da morte. 

Porém, todas as vezes eu me surpreendo. Não consigo me dar uma razão para isso. A velhice como desvalor: significa negar a importância da experiência. A maturidade. 

Por outro lado, a idade adulta se restringe cada vez mais. Assim, a nossa biografia se aproxima e opõe juventude e velhice. Uma ao lado da outra. E reduz a idade adulta a uma passagem rápida. Quase ocasional. “Tornar-se grande”, uma promessa esperada, quando eu era criança, hoje parece ser quase uma ameaça. No máximo, nos é concedida a condição de “adultos com reserva” (para citar um belo livro de Edmondo Berselli).

As fraturas geracionais, assim, parecem ser menos evidentes e menos marcadas do que antigamente. Eu mesmo, no fim dos anos 1990, definira os jovens como uma Generazione invisibile [Geração invisível] (Ed. Il Sole 24 Ore, 1999). Para enfatizar a progressiva marginalidade dos jovens, mas, ainda mais, a sua coerência com as orientações dos… adultos. Ou, melhor, dos pais. A tal ponto de não se captarem mais as suas distâncias. Ou seja: as especificidades geracionais. 

Por outro lado, os anos das contestações sociais, mas, antes ainda, familiares – dos filhos contra os pais – estavam longe. Depois, não se repropuseram mais. Ou, melhor: os pais, a família tornaram-se o pretexto que permite que os filhos conduzam a sua transição infinita para a idade adulta. Explica-se principalmente assim a importância atribuída pelos mais jovens às suas relações com a família. Mas, acima de tudo, à independência e à autonomia. Três em cada quatro, entre aqueles que têm até 24 anos, os consideram muito importantes. Em 2003, eram pouco mais de um em cada dois. Sinal evidente de que o apoio da família é necessário, mas, ao mesmo tempo, aumenta a demanda de independência. De crescer e de se autorrealizar. De se afirmar e de “fazer carreira”. Objetivo ambicionado por 41% dos mais jovens: quase 10 pontos a mais do que no início dos anos 2000. Uma esperança que, para ser realizada, os leva a olhar – e ir – para outros lugares.

Os mais jovens, junto com os jovens-adultos, os millennials, são a geração da rede, a geração mais globalizada. Acostumados a se comunicarem à distância. E a se orientarem para “outros lugares”, sustentados pelos pais. E pelos avós. Por isso, não conseguem fugir do sentimento de solidão, que paira sobre toda a sociedade. 

É claro, os jovens-mais-jovens são sustentados e ajudados por redes de amigos mais compactas. Mas os seus irmãos mais velhos, os jovens-adultos, a “geração do milênio”, sofrem mais do que os outros. Na pesquisa Demos-Coop, 39% deles, quase 4 em cada 10, admitem “sentir-se sozinhos”. Por outro lado, a internet e as mídias sociais permitem ficar sempre em contato com os outros. Os amigos. Mas é você, na frente da sua tela. Sozinho. Ou no meio dos outros. A comunicar. Sozinho. Com o seu smartphone.

Assim, as paixões não se tornam “tristes”, mas mais mornas. Porque as próprias “fés” empalidecem. E se perdem.

A política: não interessa mais a quase ninguém. Mesmo entre os mais jovens. Junto dos quais o percentual que considera importante a política não vai além dos 14%. Pouco acima da média geral. Estão longe os tempos da “contestação”. A própria “geração do compromisso” – de 1968 – parece desiludida. 

Elisa Lello, em uma pesquisa publicada há alguns anos, falou de uma Triste gioventù [Triste juventude] (Ed. Maggioli, 2015). Em suma, não há mais fé. Especialmente entre os mais jovens. Isso foi explicado por Franco Garelli, estudioso das religiões muito reconhecido, em um texto de título explícito: Piccoli atei crescono [Pequenos ateus crescem] (Ed. Il Mulino, 2016). 

A pesquisa Demos-Coop confirma isso, já que a religião é considerada importante apenas por 7% da “geração da rede”. Um quarto, em comparação com a população como um todo. Menos de um terço em relação a 2003.

Em outras palavras, “não há mais religião”. Especialmente entre os mais jovens. Assim, torna-se difícil sentir “paixões”. Quentes e até mesmo tristes. Prevalece o desencanto.

E as paixões esfriam. Tornam-se mornas. Porém, convém “crer” nos jovens. Porque, mesmo assim, mais do que todos os outros, eles “creem” na Europa. Porque são o nosso futuro. E, mais do que todos os outros, “creem” no futuro.

A opinião é do sociólogo e cientista político italiano Ilvo Diamanti, professor da Universidade de Urbino, em artigo publicado por La Repubblica,

secularização pode ser definida como o fenômeno por meio do qual a religião perde a predominância na determinação das atividades do dia a dia na vida social e cresce o número de pessoas que se declaram sem religião ou com desafeição às religiões institucionalizadas.

Nessa concepção, a América Latina e o Caribe (ALC) tem passado por um aumento da secularização, pois, além da menor dominação dos símbolos religiosos sobre as instituições, cresce o número de pessoas que se declaravam sem religião que, na média da região, estava em torno de 1% em 1970 e chegou a 8% em 2014.

O Uruguai é o país mais secularizado de todo o continente americano, com 37% da população se declarando sem religião, sendo 10% de ateus e 3% de agnósticos. A laicidade tem uma longa tradição no Uruguai. Em 1861, o governo nacionalizou os cemitérios em todo o país, rompendo o controle que existe pelas igrejas. Logo depois, o governo proibiu as igrejas de ter papel protagonista na educação pública ou emitir certificados de casamento. No século XX, uma nova constituição consagrou a separação entre religião e esfera pública.

O percentual de pessoas sem religião na República Dominicana e entre a população hispânica dos EUA ficou empatado em 18%. Em seguida aparece o Chile com 16% de pessoas sem religião, sendo 2% ateus e 3 agnósticos. El Salvador tinha 12% sem religião. A Argentina com 11% sem religião, sendo 4 ateus e 1% agnóstico. Honduras tinha 10% sem religião, sendo 1% de agnósticos. Costa Rica com 10% de sem religião e 1 agnóstico. Brasil com 8% sem religião e 1% agnóstico. O país menos secularizado era o Paraguai com somente 1% de pessoas sem religião.

No Brasil, o percentual de cristãos (católicos + evangélicos) caiu de 97%, segundo o censo demográfico de 1970, para 96% em 1980, para 92% em 1991, para 89% em 2000 e para 87% no último censo, do IBGE, de 2010. Concomitantemente, o percentual de pessoas que se declaram sem religião passou de 0,8% em 1970, 1,6% em 1980, 4,7% em 1991, 7,4% em 2000 e 8,0% em 2010.

As diversas pesquisas do Instituto Datafolha mostram um crescimento mais acelerado do percentual de pessoas sem religião no Brasil. Em agosto de 1994 havia 5% de pessoas sem religiões no país, passou para 7% em abril de 2014 e para 14% em dezembro de 2016.

Contudo, este número é muito diferenciado nos municípios. Por exemplo, a cidade de Chuí no Rio Grande do Sul, quase na divisa com o Uruguai, é onde o percentual de pessoas sem religião é a mais alta do país, conforme mostra a tabela abaixo. No ano 2000 havia 38,5% de pessoas sem religião em Chuí e este percentual passou para 54,2% em 2010.

Mas há outras cidades no Brasil com alto percentual de pessoas sem religião: Gaúcha do Norte, MT, com 40,1%, Álvaro de Carvalho, SP, com 38,4%, Roteiro, AL, com 38,3%, Barra de Santo Antônio, AL, com 35%.

O percentual de sem religião é maior entre os homens e os jovens que nasceram depois de 1980. Isto quer dizer que a tendência a uma maior secularização deve aumentar na medida em que estas gerações mais jovens envelheçam e o Brasil se torne um país mais plural em termos religiosos.

Além disto o Brasil está abaixo da média do Global Index of Religiosity and Atheism (2012) do WIN-Gallup International, que aponta uma média mundial de 23% para as pessoas que se declaram sem religião e de 13% para os que se declaram ateus. Portanto, o aumento da secularização da ALC está indo na direção de se aproximar da média mundial. Nos EUA o percentual de pessoas sem religião passou de 7% na década de 1990 para 23% em 2014.

Praticamente, em todos os países latino-americanos diminui o percentual de casamentos religiosos e cresce o percentual de casamentos consensuais e, também, o número de nascimentos fora do casamento legal. Por exemplo, segundo o IBGE, no Brasil o percentual de casamentos “civil e religioso” era de 63,8% em 1980 e caiu para 42,9% em 2010. O percentual de casamentos “só religioso” era de 8,1% em 1980 e caiu para 3,4% em 2010.

Mas como mostrou Peter Berger, o crescimento da secularização não se dá em função do fim das religiões, mas sim pelo crescimento do pluralismo.

A diversificação religiosa e o crescimento do Estado Laico fazem com que diversas instâncias da sociedade funcionem de acordo com a lógica da ciência e os critérios lógicos da racionalidade e não em termos de dogmas religiosos. Nesse sentido, na média da região, a América Latina e Caribe, mesmo com ampla predominância cristã, está cada vez mais plural e secularizada.

Referências:

ALVES, JED. Ventos secularizantes: ateus, agnósticos e pessoas sem religião no censo brasileiro de 2010, Ecodebate, RJ, 04/10/2015

ALVES, JED. Chuí: a capital brasileira dos sem religião, Ecodebate, RJ, 06/02/2013

Phil Zuckerman. The Godless Liberal Social Society, Facebook.

Phil Zuckerman. Society without God: What the Least Religious Nations Can Tell Us About Contentment, June, 2010 

PEW. Religion in Latin America. Widespread Change in a Historically Catholic Region, PEW, November 13, 2014 

dawkins

Quando se fala em ateísmo militante, talvez o primeiro nome que venha à mente é o de Richard Dawkins, cientista e autor de vários livros sobre a teoria da evolução, como O gene egoísta. Dawkins costuma ser odiado pela comunidade cristã pelos ataques proferidos contra as religiões. Mas eis que o próprio cientista reconhece que o ensino da religião é crucial para que as crianças entendam a história e a cultura.

O biólogo evolucionista e ateu assumido advertiu que era praticamente impossível estudar literatura inglesa sem conhecer os antecedentes do cristianismo. Falando no Festival de Ciências de Cheltenham, ele foi perguntado se os estudos religiosos deveriam ser abolidos nas escolas, com receios de que as crianças estivessem sofrendo lavagem cerebral.

“Eu não penso que a educação religiosa devesse ser abolida”, respondeu. E acrescentou: “Eu acho que é uma parte importante da nossa cultura saber sobre a Bíblia, afinal, muita literatura inglesa tem alusões à Bíblia, se você procurar no Oxford English Dictionary, você encontrará algo como o mesmo número de citações da Bíblia e de Shakespeare. É uma parte importante da nossa história. Tanto da história europeia é dominada por disputas entre religiões rivais e você não consegue entender a história, a menos que você conheça a história da religião cristã e as Cruzadas e assim por diante”.

“Eu não aboliria a educação religiosa, acho que eu a substituiria pela religião comparada e a história bíblica e história religiosa. A religião comparada é muito valiosa, em parte porque a criança descobre que há muitas religiões diferentes, não apenas a que elas foram criadas. Eles aprendem que são todas diferentes e que não podem estar todas certas, então talvez nenhuma delas esteja certa. O pensamento crítico é o que precisamos.

Dawkins, que estava promovendo seu novo livro Science In The Soul, também advertiu que o islamismo era a religião “mais malvada” do mundo e disse que os muçulmanos moderados eram as maiores vítimas da ideologia fanática. “É tentador dizer que todas as religiões são ruins, e eu digo que todas as religiões são ruins, mas é uma tentação pior dizer que todas as religiões são igualmente ruins porque elas não são”, acrescentou.

“Se você olhar para o impacto real que as diferentes religiões têm no mundo, é bastante evidente que, atualmente, a religião mais má do mundo tem que ser o Islã. É terrivelmente importante modificar isso, porque claro que isso não significa que todos os muçulmanos são maus, muito longe disso. Os muçulmanos individuais sofrem mais do Islã do que qualquer outra pessoa. Eles sofrem com a homofobia, a misoginia, a falta de alegria que é pregada pelo islamismo extremo, Isis e o regime iraniano”, disse.

“Então esse é um grande mal do mundo, temos que combatê-lo, mas não fazemos o que o Trump fez quando disse que todos os muçulmanos devem ser excluídos do país. Isso é draconiano, isso é iliberal, desumano e perverso. Eu sou contra o Islã, não menos por causa dos efeitos desagradáveis que tem sobre a vida dos muçulmanos”.

Numa época em que estado laico passou a ser confundindo com estado antirreligioso, que o multiculturalismo passou a significar que nenhuma cultura é melhor do que a outra, que poucos ocidentais demonstram coragem para defender o legado da civilização mais avançada que temos, é digno de nota e dá alguma esperança ver que um ateu militante como Dawkins saiu em defesa não só do ensino do cristianismo para preservar a cultura ocidental, como admitiu a inferioridade do Islã, que tem feito muito mal a milhões de fiéis mundo afora.

A Europa não será salva enquanto os próprios europeus cuspirem em suas raízes cristãs e abraçarem covardemente a islamização do continente. Até um ateu militante sabe disso!

Rodrigo Constantino

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O criador do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou que não é mais ateu, mas de fato vê a religião como “muito importante”.

No dia 25 de dezembro de 2016, Zuckerberg postou uma mensagem “Feliz Natal e Feliz Hanukkah” de sua família aos seus seguidores no Facebook, e nos comentários respondeu a uma pergunta sobre suas crenças pessoais.

Depois que ele postou o comentário, um usuário perguntou: “Mas você não é ateu?” Em resposta, o bilionário de 32 anos respondeu: “Não. Eu fui criado judeu e depois passei por um período em que questionei as coisas, mas agora acredito que a religião é muito importante“.
Quando outro usuário perguntou: “Mas por que o Facebook não notifica que é o aniversário de Jesus hoje ???” Zuckerberg brincou: “Você não é amigo de Jesus no Facebook?“, adicionando um emoji sorrindo com uma auréola.
Desde aquele dia, a resposta de Zuckerberg ao comentário ganhou milhares de likes.

De acordo com o The Atlantic , Zuckerberg foi criado em um lar judeu, mas já se identificou como um ateu em sua página no Facebook. No passado, ele também manifestou interesse no budismo.

No início deste ano, Zuckerberg e sua esposa, Priscilla Chan, encontraram-se com o Papa Francisco para discutir maneiras pelas quais a tecnologia poderia ajudar os pobres. Após a visita, Zuckerberg compartilhou nas mídias sociais sua admiração pela capacidade do Pontífice de se conectar com pessoas de diferentes fés, permanecendo fiel ao seu.

“Priscilla e eu tivemos a honra de encontrar o Papa Francisco no Vaticano. Nós dissemos a ele o quanto admiramos sua mensagem de misericórdia e ternura, e como ele encontrou novas maneiras de se comunicar com pessoas de toda a fé ao redor do mundo”, postou Zuckerberg no Facebook.

“Nós também discutimos a importância de conectar pessoas, especialmente em partes do mundo sem acesso à internet. Nós lhe mostramos um modelo de Aquila, nosso avião movido a energia solar que vai transmitir conectividade à internet para lugares que não têm. E nós compartilhamos nosso trabalho com a Iniciativa Chan Zuckerberg para ajudar pessoas de todo o mundo “, acrescentou.

“Foi uma reunião que nunca esqueceremos, você pode sentir seu calor e bondade, e como ele se importa muito em ajudar as pessoas”.

Apesar de suas opiniões religiosas diferentes, Zuckerberg elogiou Francisco em ocasiões precedentes também.

“Não importa a fé que você pratica, todos nós podemos ser inspirados pela humildade e compaixão do Papa Francisco. Estou ansioso por seguir o Papa – e vê-lo continuar a compartilhar sua mensagem de misericórdia, igualdade e justiça com o mundo”, escreveu Zuckerberg em março.

(via LigadoG)