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O ator Kevin Sorbo, conhecido em Hollywood por seu papel como Hércules no seriado de TV dos anos 1990, recentemente interpretou um professor ateu no filme “Deus Não Está Morto”, que estreia nos cinemas brasileiros na próxima semana.

Sorbo disse não compreender o porquê dos ateus se sentirem tão ofendidos com a fé alheia, já que é algo no qual eles não acreditam: “Eu vi ativistas ateu em chamadas de televisão a cabo… Eu vejo a raiva quando esses caras aparece, na TV. Aí eu pergunto: ‘Uau, como é que você ficou tão irritado com algo que você não acredita?’”

Para o ator, que é cristão, é “estranho” que ateus, tão desapegados a símbolos religiosos, queiram removê-los de propriedades públicas, “especialmente considerando que eles não acreditam que esses símbolos religiosos tenham qualquer mérito”.

“Eles estão ofendido por algo no qual não acreditam. Os ativistas ateus ofendem cerca de 90% das pessoas do país que montam os presépios [na época do Natal], mas, aparentemente, a maioria não tem voz neste país mais”, lamentou Sorbo.

Em “Deus Não Está Morto”, Sorbo interpreta um professor ateu que persegue um aluno cristão e o desafia a provar que Deus exista. Na entrevista ao programa Access Hollywood, o ator disse que interpretar esse papel foi “muito legal”, por colocá-lo em contato com uma realidade das universidades.

“O que é interessante, é que as pessoas podem dizer ‘Ah, isso não acontece’, sobre os alunos serem perseguidos em universidades por causa de sua crença. No final do filme, mostramos 37 processos judiciais – e poderíamos ter mostrado muito mais – de grandes universidades sendo processadas por estudantes, porque eles estão sendo perseguidos puramente por ter uma fé em Deus”, revelou o ator.

Ao final, Sorbo disse que os ateus precisam ser mais flexíveis: “Qual é o problema? Quero dizer, viva e deixe viver. Eu sou um tipo de cara que vivo e deixo viver. Se você é um ateu, tudo bem. Se você é um agnóstico, podemos conversar”, finalizou.

Assista o trailer do filme “Deus Não Está Morto”

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Há pouco mais de um mês o site de notícias católico, Religión en Libertad, publicou o testemunho de uma ateia que se converteu lendo C.S. Lewis. Seu nome é Sandra Snowden Elam. Cresceu numa família cuja mãe era católica e o pai ateu. Este não permitia que a palavra “Deus” fosse pronunciada dentro de casa, muito menos que sua esposa educasse os filhos segundo a moral cristã. Assim, pois, Sandra cresceu sem qualquer referência cristã. “A Igreja parecia ser chata e seus rituais vazios: suas palavras não significavam nada pra mim”.

 “PENSAVA QUE OS CRISTÃOS ERAM EXTREMISTAS FANÁTICOS”

Como boa parte dos jovens educados sem uma referência religiosa por parte dos pais, Sandra Elam alimentava certa revolta contra a religião. “Pensava que os cristãos eram extremistas fanáticos. Minha alma estava tão escura que não podia entender porque algumas pessoas se opunham ao aborto e a eutanásia”.

 Sandra especializou-se em história grega, romana e medieval na universidade. E, certa vez até perguntou ao seu professor judeu: “Jesus viveu ou foi um mito?”, ao que ele respondeu: “Sim, Jesus realmente viveu, não existe dúvida disso. Por que você não lê o Evangelho de Mateus?”. Ela o fez, mas apenas com um olhar histórico e curioso, nada mais.

 Sandra casou-se e, com o passar do tempo, tornou-se uma anticristã feroz. Não permitia, inclusive, que seu marido católico colocasse crucifixo dentro de casa. Relatava: “sentia desprezo pelos que acreditavam em Deus. Cresci e me tornei uma mulher amargurada, sempre disposta a julgar os demais”.

 ATRAVÉS DA FONÉTICA SUA VIDA MUDOU DE DIREÇÃO

Mas, tudo começou a mudar em 1995 quando ouviu um especialista falar que as crianças possuem uma certa incapacidade para ler e escrever rapidamente e sobre como a fonética poderia ajudá-los.

 Sandra Elam resolveu testar em seus filhos, ensinando-os fonética. Resultado: em seis meses estavam lendo. Percebeu que poderia “haver outras verdades por aí afora”.

 Através da busca de uma reforma educativa, Sandra conheceu muitos cristãos que tinham o mesmo interesse pelo ensino da fonética. Neste percurso Bob Sweet, presidente do The National Right to Read Foundation, teve um papel importantíssimo, sendo um verdadeiro testemunho para ela.

 Testemunhava Sandra Elam: “O primeiro grande passo na minha vida cristã foi quando meu esposo Tom e eu inscrevemos nossos filhos num colégio protestante baseado na fonética, em setembro de 1996. Era o único que poderíamos, economicamente. Estávamos preocupados com a sua educação e não queríamos que se convertessem em fanáticos religiosos, estudei, então, cuidadosamente o plano de estudos da escola e me senti aliviada ao descobrir que os livros eram rigorosos”.

 FOI PRESENTEADO COM UM LIVRO DE C.S. LEWIS

Deus já encaminhava as coisas na vida de Sandra e preparava o terreno para a sua conversão. Mas, o que realmente foi decisivo neste processo foi o livro que ganhou de presente da sua irmã: “Mero Cristianismo”, de C.S. Lewis.

 Em 1997 começou a sentir vontade de ir à Igreja, mas resistia. Nesta altura, seu marido e filhos já frequentavam a igreja católica aos domingos. Então, no dia 06 de outubro de 1997, “decidi entrar na igreja protestante que estava junto ao colégio dos meus filhos. Pela primeira vez em minha vida, senti algo espiritual e edificante”, testemunhou Sandra.

 Depois de trinta anos como ateia, sente-se abalada pelas palavras do Evangelho de São João: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai, senão por mim. Se me conheceres, conhecereis também meu Pai; desde agora o conheceis e o viste”. Esta palavra lhe tocou tão profundamente que memorizou-a e, ao final da leitura do Evangelho de João “já estava convencida que Jesus Cristo era o Filho de Deus”.

 O PROBLEMA DA FÉ PROTESTANTE

Sandra Elam havia conhecido intelectualmente a Deus, mas ainda faltava amá-lo; faltava-lhe também a fé. Mas, numa noite, após cansativas horas de estudo bíblico, rezou pela primeira vez, pedindo fé. E, a recebeu. “A fé foi o presente misericordioso de Deus para mim. Sem fé, como creria naquilo que não vejo?”.

 A recém-convertida ao cristianismo começava a ter problemas com a “livre interpretação” das Escrituras. Julgava que alguém deveria ter a autoridade universal sobre elas. “Só uma igreja existiu desde que Jesus pronunciou suas palavras proféticas a Pedro: a Igreja Católica… uma vez que me dei conta de que Jesus fez de Pedro (e dos seus sucessores) a Cabeça terrena da Sua Igreja, disse ao meu marido que tinha que me converter ao catolicismo”.

 A SANTA MISSA FOI O ÁPICE DA SUA CONVERSÃO

Sandra aprofundou-se na apologética e teologia católica. E, assim com Scott Hahn, em “O Banquete do Cordeiro”, sentiu-se tocada no momento da Santa Missa. “Através do estudo estava começando a conhecer Deus e através da missa comecei a amá-lo”.

 Sandra Elam começou a mudar seus hábitos de vida, as músicas, livros, revistas, programas televisivos etc.. E, também suas convicções interiores, como a questão do aborto, que sempre considerou um mal necessário. Iniciou compreendendo que a vida começa na concepção. Até aí tudo bem, mas por que não era lícito utilizar anticoncepcionais não abortivos? “Por que a Igreja Católica era a única a se manter firme contra o controle de natalidade?”, se perguntava Sandra.

 Após assistir um vídeo chamado “Feminism and Femininity” (Feminismo e Feminidade), da professora católica, Alice von Hildebrand, convenceu-se da imoralidade da anticoncepção. “Descobri que o Papa Paulo VI já havia profetizado na Humanae Vitae: o controle de natalidade poderia conduzir à imoralidade sexual generalizada, à aceitação do aborto e à desintegração da família”.

 OPTOU PELA MORAL SEXUAL CATÓLICA

Aos 37 anos decidiu não usar mais métodos anticoncepcionais .Passaram-se meses e Sandra nunca engravidava, apesar de, agora, desejar muito ter outro bebê. “Senti a ironia da situação, já que Deus não estava me dando o que agora queria”. Foi ao médico, que diagnosticou ovários poliquísticos. Era estéril.

 Numa noite, inconformada com a situação, rezou e implorou a Deus mais um filho. Duas semanas depois estava grávida. Oito meses depois nasceu sua filha, que foi batizada com o nome de Teresa Benedita, em honra a Edith Stein e Teresa D’Ávila. Dois anos depois nasceu Ryan James.(foto abaixo)

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 Sandra estudou durante dois anos História da Igreja e Bíblia e estava convencida de que a Igreja Católica Romana contém toda a verdade do cristianismo. E, assim, “na Vigília Pascal, no dia 03 de abril de 1999, fui recebida com alegria na Igreja una, santa, católica e apostólica”.

 Thiago Pereira/ Reparatoris

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“Eu sou um cristão laico. Se vocês quiserem, podem me chamar assim”. A frase não seria surpreendente se não fosse dita pelo mais renomado representante mundial do ateísmo militante, o biólogo e zoólogo inglês Richard Dawkins, que escreveu e disse as piores coisas sobre o cristianismo em geral e sobre o catolicismo em particular.
 
Ao participar recentemente do Hay Festival, importante evento de arte e na literatura no País de Gales, Dawkins apresentou o primeiro volume das suas memórias, “An appetite for wonder” [Fome de maravilha], e respondeu ao comentário de um pastor protestante que disse não acreditar mais nos milagres nem na ressurreição de Jesus, mas que continua se considerando cristão e pregando o evangelho.
 
“Eu me descreveria como um cristão laico, como aqueles judeus laicos que têm um sentimento de nostalgia e uma apreciação das cerimônias” da sua religião, respondeu Dawkins, que acrescentou, voltando-se para o seu interlocutor: “Mas se você não tem o senso do sobrenatural, eu não entendo como é que continua se considerando pastor”.
 
Dawkins cresceu numa família anglicana e sempre disse que optou pelo ateísmo na juventude, depois de conhecer a teoria darwinista da evolução.
 
No Hay Festival, ele não falou de qualquer experiência traumática de juventude no tocante a Deus ou à fé, mas mencionou manifestações de violência humana que o marcaram, como o bullying sofrido por um menino da escola que ele frequentava quando vivia no Zimbábue. O caso o deixou com pavor de entrar nos círculos universitários, onde existiam (e ainda existem) ritos de iniciação humilhantes. Dawkins também disse que sente remorso por não ter intervindo para evitar certos abusos, em situações nas quais podia intervir.
 
A este propósito, os teístas frequentemente apresentam a Dawkins uma pergunta: como justificar a busca do bem e a rejeição do mal dentro de uma visão de mundo completamente determinista e materialista? Em outras palavras, como fundamentar a moral, cuja necessidade o próprio Dawkins sempre defendeu, direta ou indiretamente?

Nesta mesma aparição pública, aliás, Dawkins se disse arrependido do título de seu best-seller “O gene egoísta”, porque a expressão levantou especulações inclusive “políticas” sobre o que foi entendido como uma apologia ao egoísmo.

Fonte http://www.iltimone.org/

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No Vietnã, o vazio gerado pelo ateísmo comunista produz efeitos análogos aos verificados na China, atraindo muitas almas para a Igreja Católica.

Em Ho Chi Minh City, antiga Saigon, a maior cidade do país, 680 mil dos 9 milhões de habitantes são católicos, e seu número cresce, causando preocupação ao regime socialista. A recente conversão de Tô Hai, “prócer” do comunismo vietnamita e célebre compositor nacional, causou sensação.

Em 2012, por exemplo, foram batizados 6.736 adultos oriundos do ateísmo, do budismo ou do culto aos antepassados. O número anual de batismos de bebês é o triplo.

 As dioceses católicas vietnamitas, que reúnem 7 milhões de fiéis num total de 90 milhões de habitantes, não concedem dispensas para a celebração de matrimônios de católicos com não católicos. Por isso podem ocorrer conversões insinceras, embora minoritárias. O que felizmente tem prevalecido é a fé sincera de um dos cônjuges tocando o coração do outro.

É o caso, por exemplo, de Teresa Nguyen Thuy Kieu, que abandonou o budismo em 2005 porque admirava a firmeza católica de seu noivo. Hoje ela é uma militante da Legião de Maria que ensina o catecismo duas tardes por semana, acompanha adultos em processo de conversão e tenta ir à missa todos os dias, além dos cuidados com sua loja e dois filhos pequenos.

Teresa já teve seu “batismo de sangue” com os médicos socialistas do governo que rotineiramente tentam fazer as grávidas abortarem. No caso de seu segundo bebê, o médico lhe anunciou que ele nasceria com deficiência e a pressionou para o abortasse.Sendo católica e sabendo que abortar é mesmo que assassinar, recusou a tentação e confiou o caso a Deus. A criança nasceu prematuramente, mas hoje, com quase um ano, está forte e cheia de saúde.

O exemplo de Teresa Kieu de tal modo impressionou sua família, que sua mãe, sua cunhada e seus 11 sobrinhos pediram o batismo.

O socialismo olha para os católicos com menosprezo, desdém e desconfiança, mas essa oposição dos sem-Deus não consegue conter a onda de conversões suscitadas pela graça divina.

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( * ) Luis Dufaur é escritor e colaborador da Agência Boa Imprensa (ABIM)

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Para Jennifer Fulwiler, a conversão ao catolicismo foi uma viagem gratificante, cheia de vitórias e provações, tal como o indica em seu último livro Something Other than God (Algo que não seja Deus).

Em declarações à CNA –agência em inglês do Grupo ACI-, Fulwiler disse que “antes de que fôssemos católicos, estávamos evolvidos em uma visão do mundo extremamente egoísta”.

Embora não buscássemos ser egoístas, explicou Fulwiler, o ateísmo continha “uma visão do mundo onde o ‘eu’ era o centro de tudo”.

Atualmente, Fulwiler mora no Texas com o seu marido e seus cinco filhos. Administra um blog pessoal, ConversionDiary.com, e também escreve para o portal católico de notícias National Catholic Register.

Entretanto, sua vida nem sempre se centrou na fé. A conversão de Fulwiler começou quando nasceu o seu primeiro filho.

“Nunca tinha vivido uma experiência plenamente humana”, confessou. “Cresci em uma cultura onde estava completamente afastada da vida ou dos bebês, de todo este ciclo da vida”.

Ter um filho a levou a fazer-se “grandes perguntas” sobre o significado e valor da vida.

Desde esse momento, começou a pesquisar sobre o catolicismo através de blogs.

“Os blogs foram uma ferramenta importante para mim porque estava envolvida em círculos sociais completamente ateus e me dava muita vergonha estar explorando a religião na minha própria vida”, assinalou Fulwiler. Devido ao fato de ter se afastado da maioria dos cristãos, custou-lhe muito encontrar alguém que respondesse os seus questionamentos religiosos. Seu blog se converteu em um lugar seguro para “expressar suas opiniões de maneira anônima”.

Com o tempo, muitas das suas opiniões mudaram. Uma de suas mudanças mais radicais foi a sua postura “pró-escolha” sobre o aborto.

“Ao descobrir o valor dos meus próprios filhos, ao ver que se mexiam e sentir que me chutavam, me dei conta que realmente via que estas crianças eram bebês completamente humanos e que mereciam viver e que tinham a mesma dignidade humana que eu”.

“A fé católica nos ensinou a apreciar o valor da vida humana e mudou toda a nossa visão do mundo… é que não existe presente maior que um filho” acrescentou.

Fulwiler sofre de um transtorno sanguíneo e depois do seu segundo filho, os médicos lhe recomendaram tomar anticoncepcionais como medida de precaução, pois poderia ter complicações caso concebesse durante o seu tratamento. Quando Fulwiler descobriu o Planejamento Familiar Natural, reconheceu que se tratava de um grande dom que exige “sacrifício”, mas “um sacrifício que vale a pena”.

Fulwiler e seu marido se converteram ao catolicismo. Embora o processo tenha levado tempo, o crescimento espiritual foi uma enorme bênção para toda a família e mudou radicalmente sua visão egoísta das coisas.

“Ter a Cristo no centro realmente nos ensina a amar-nos a nós mesmos e a todos os membros da família”, afirmou.

Fonte: ACI

Fulwiler anima aqueles que consideram a conversão a “não terem medo de fazer as perguntas difíceis da Igreja”. “Aqueles que o fizerem, terão respostas com um valor de 2000 anos”, assegurou.

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Os católicos precisam ser mais corajosos para mostrar que a religião e a ciência coexistem diz o astrônomo papal que acaba de receber um dos prêmios mais prestigiados do mundo da ciência.
O jesuíta Guy Consolmagno, que foi homenageado na semana passada com a Medalha Carl Sagan por sua “excepcional comunicação de um ativo cientista planetário”pela American Astronomical Society (AAS), conta que a Igreja não se opõe à ciência e considera o maior equívoco entre dois reinos. Consolmagno é conhecido como “porta voz de uma combinação perfeita entre a ciência planetária e a astronomia de um crente cristão” e uma “pessoa racional que consegue mostrar aos crentes de modo excepcional como a religião e a ciência podem coexistir”.
Renomado escritor e apresentador do programa de rádio da BBC “A brief history of the end of everything” (“Uma breve história sobre o fim de tudo”), Guy Consolmagno é reconhecido ainda pelas numerosas conferências realizadas na América do Norte e Europa, que ajudam a transmitir o entusiasmo pelo método científico a um público mais amplo.
Consolmagno tornou-se jesuíta com quase 40 anos, depois de trabalhar para o Harvard College Observatory, Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e Peace Corps. Ele credita que sua formação jesuítica lhe permitiu falar sobre a fé mais abertamente. O prêmio será entregue na reunião anual da 46ª Divisão para as Ciências Planetárias em Tucson, no Arizona, em novembro.
O senhor poderia falar um pouco sobre a sua vida, o seu trabalho, e explicar por que foi premiado com a Medalha Carl Sagan?
Consolmagno: Eu sou de Detroit. Eu era um típico garoto baby boom, comecei o jardim de infância quando o Sputnik subiu, assisti o desembarque na lua no meu último ano de colégio. Meu amor pela astronomia vem desde muito cedo, quando fui para a escola jesuíta em Detroit, eu fiz as honras clássicas e escrevi para o jornal da escola. E acabei no MIT com o máximo de interesse em ler (e escrever!) ficção científica como na ciência. No entanto, descobri que fazer ciência era mais fácil do que escrever sobre isso, e então eu fiz um doutorado em astronomia planetária no Arizona e pós-doutorado em Harvard e no MIT. Mas eu continuei me questionando: “Por que ciência, enquanto as pessoas estão morrendo de fome no mundo?” – aqui a educação jesuíta entra forte -. Então parei com a ciência e fui para o Peace Corps. No Quênia as pessoas me mostraram por que estudamos ciência: a curiosidade deles pela astronomia reacendeu meu amor pela ciência; e a ‘fome’ deles para saber mais sobre o universo me fez lembrar que não vivemos só de pão.   Voltei para um emprego de professor, no Lafayette College, na Pensilvânia, e gostei muito, por isso,  decidi entrar para os jesuítas, para ensinar em uma universidade jesuíta. Em vez disso, eles me enviaram para o Observatório do Vaticano em Roma, onde, junto com a minha ciência, eu também faço várias apresentações públicas e trabalhos científicos. Então, meu antigo sonho de ser um escritor voltou depois de tudo.  
De acordo com você, como a Igreja pode mostrar que não se opõe à ciência?
Consolmagno: Não é o que “a Igreja” deve fazer como uma instituição; apoiando-nos no Observatório, a Igreja já está fazendo sua parte. Agora cabe a nós, católicos, que somos também cientistas, fazer a nossa parte. Para começar, temos de ser corajosos o suficiente para falar em nossas paróquias e em outros ambientes católicos, de dizer aos nossos irmãos católicos (e cristãos) sobre como a ciência ou a engenharia nos aproxima do Criador. Eu descobri que não são os cientistas que precisam ouvir sobre religião. Na verdade, a maioria dos cientistas está muito familiarizada com a religião e a proporção de cientistas religiosos praticamente coincide com a proporção de pessoas religiosas na comunidade onde vivem. Mas muitas pessoas religiosas só vêem “cientistas de TV”, que são uma representação da ciência como os “pregadores de TV” são para as pessoas religiosas.
Você pode falar sobre como a religião e a ciência podem coexistir?
Consolmagno: O que nos faz, como seres humanos, diferente dos macacos meramente inteligentes? A nossa capacidade de refletir sobre nós mesmos, o nosso ambiente, o nosso universo, e tomar decisões livres para amar e querer isso ou aquilo. Intelecto e livre arbítrio são atividades da alma; a ciência é o reino onde se manifestam. E por que nós, como cientistas, estudamos ciência? Se é por  fama e glória, ou por dinheiro e poder, então, estamos reduzindo nós mesmos. Mas, se é pelo simples prazer que sentimos quando vemos algo novo e belo no universo, a alegria da descoberta, o sentimento de admiração … então eu afirmo que é o tipo de alegria que nos surpreende na presença de Deus. Deus se manifesta nas coisas que Ele criou: não sou eu que estou falando, mas é uma citação de São Paulo. (Carta aos Romanos)
Você incentivou cientistas católicos a não hesitar em compartilhar o amor pela ciência com suas comunidades. O que exatamente você quer dizer com isso? Você poderia explicar dando um exemplo concreto?
Consolmagno: A paróquia é um ótimo lugar para começar. Um cientista ou um engenheiro poderia trabalhar com programas para jovens ou clubes como os Cavaleiros de Colombo, ensinando astronomia, criando um telescópio no estacionamento da igreja; ou um clube de robô, falando sobre as implicações da inteligência artificial. A paróquia é uma oportunidade para ensinar; os cientistas devem aprender a compartilhar sua paixão e alegria. Até mesmo uma pequena nota sobre a flora e fauna local no boletim paroquial pode lembrar às pessoas que existem cientistas em sua paróquia.
A sua educação jesuíta ajudou você a se sentir confortável para discutir publicamente sobre a fé. Certo? Houve certos momentos que você se sentiu desconfortável para fazer isso?
Consolmagno: Eu sempre tive orgulho de minha educação jesuíta. Além do mais, acho que a reputação de jesuíta (que como a maioria das reputações é exagerado!) abriu muitas portas para mim entre os meus colegas cientistas. Nós somos conhecidos por sermos crentes que não têm medo do mundo; abraçamos o universo, porque encontramos Deus em todas as coisas.
Qual é o maior equívoco que contribui para a noção de que a ciência e a religião não podem coexistir? E isso pode ser esclarecido de alguma forma?
Consolmagno: A “eterna guerra entre ciência e religião” tornou-se um daqueles “todo mundo sabe” factoide – como “Cristóvão Colombo provou que o mundo era redondo” – e nós aprendemos quase por osmose quando crianças, mas que é obviamente falso. Acho que a única maneira de combater isso é dar muitos exemplos de cientistas de verdade, para que as pessoas encontrem por si mesmas, ‘na carne’, argumentos que contradigam a visão eternamente falsa do mundo que nós encontramos na TV e na Internet.  Por Deborah Castellano Lubov

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A  crença religiosa é infantil, de acordo com Auguste Comte, o fundador da escola filosófica positivista. Essa ideia, de quase dois séculos de idade, virou um mantra no coro dos atuais “novos ateus”.

Acontece que este ponto de vista é danoso não tanto para a crença religiosa quanto para a própria proposta científica. Como disse Marx, a história se repete: primeiro como tragédia, depois como farsa.
 
Comte, que também fundou a disciplina da sociologia, foi um dos primeiros a estudar o conhecimento humano como produto de forças históricas, ou seja, sociais e culturais. Comte considerava que, numa fase inicial, a mente humana se sente atraída por explicações ocultas de observações sensoriais, tais como forças personificadas e causas sobrenaturais. Ao progredir, o conhecimento humano entra num estágio “metafísico” distinto: neste segundo estágio, a mente reformula a sua busca de causas em termos racionais, mesmo que ainda sobrenaturais.
 
Essas duas fases podem ser sucedidas por uma terceira e última. Nela, o conhecimento se torna propriamente mundano pela primeira vez, enraizado nos dados positivos dos sentidos e nas manifestações derivadas deles. Este seria o nascimento da ciência moderna, positiva: a apoteose da razão humana.
 
Os novos ateus também veem a religião como uma expressão de imaturidade cognitiva. Richard Dawkins escreve em “The God Delusion” [A Ilusão de Deus]: “Há algo de infantil na ideia de que alguém tem a responsabilidade de dar significado à sua vida”. Ele contrapõe esta perspectiva à “visão verdadeiramente adulta”.

A ideia comteana de que a filosofia tradicional foi ultrapassada pela marcha da ciência se tornou popular nos últimos tempos. Segundo este raciocínio, a investigação metafísica já foi produtiva, mas, na melhor das hipóteses, ficou estéril e, na pior, se reduziu a mera distração. Mera distração do quê? Da evidência incontestável dos nossos sentidos, nos quais se alicerça, supostamente, o conhecimento científico. “Tudo o que sabemos é o que observamos com os nossos sentidos e instrumentos […] Não temos a menor ideia do que ‘realmente’ existe além disso”, escreve Victor Stenger.
 
Mas os novos ateus e seus aliados ideológicos também evidenciam de outras maneiras a sua vulgarização comteana. Comte não só procurava deixar de lado os métodos teológicos e metafísicos do saber: ele queria substituí-los pela nova ciência positiva, que ele veio a chamar de “religião da humanidade”.
 
Religião precisa de doutrina; neste sentido, Comte considerou que as conclusões da “filosofia positiva”, as invariáveis leis da natureza, poderiam substituir o dogma religioso. Isso exigiria uma “evangelização”. Assim, ele afirmou que as descobertas científicas devem ser sistematizadas e expostas por uma “classe especial de homens”, que não seriam nem praticantes das ciências especiais nem analfabetos científicos. Estes “filósofos positivistas” seriam os guardiões de um novo dogma.
 
Comte não era ingênuo quanto ao status epistemológico do conhecimento científico, no entanto. Apesar da sua ênfase na indubitabilidade das descobertas científicas, ele admitia que elas podiam, no máximo, ser aproximações humanas. As leis naturais, escreveu ele, “o verdadeiro objeto da pesquisa [científica], não poderiam permanecer rigorosamente compatíveis com uma investigação detalhada demais”.
 
O problema? Se as leis científicas são apenas aproximadas, os leigos podem perder a fé nelas. Assim, acreditava Comte, devem ser estabelecidos limites para a investigação científica. A “classe especial de homens” desestimularia as linhas e métodos de pesquisa que pudessem minar a certeza no conhecimento científico. Comte foi longe o suficiente para condenar o emergente cálculo de probabilidades por acreditar que o probabilismo encorajasse a ideia de que o conhecimento científico é apenas “provável”.

Assim, os filósofos positivos foram os guardiões de uma “verdade escondida”, recapitulando a noção medieval de que a verdade revelada pela luz da razão natural deve permanecer oculta às massas cuja fé se fundamenta na escritura.
 
Os novos ateus podem não condenar o uso das probabilidades nem estabelecer limites para a pesquisa científica, mas promulgam, talvez sem se darem conta, a nobre mentira de que o conhecimento científico é inabalavelmente alicerçado em observações incontestáveis​​. Só assim a ciência poderia “roubar o poder da religião”.
 
Os potenciais perigos desse modo de interpretar a ciência são inúmeros. Mas o que a história do positivismo comteano revela é que a ciência, e não a religião, é quem mais tem a perder com isso.
 
A nova “religião da humanidade” sonhada por Comte não apenas não se concretizou: a sua nobre mentira teve o efeito oposto ao desejado. A ciência não conseguiu cumprir as promessas do positivismo no final do século XIX e as pessoas começaram a perder a fé no empreendimento científico.
 
Um historiador escreve: “Os que deificaram a ciência […] tinham em comum o dogma fundamental de que a razão humana pode, através do ‘método científico’, vir a conhecer e a entender tudo […] O positivismo abordou até mesmo problemas relacionados com as origens e os fins últimos, prometendo resultados demais, em especial nas áreas morais, sociais e religiosas […] Mas o contraste entre as promessas e as limitadas realizações do cientificismo levou a uma forte reação antipositivista”.
 
O assim chamado debate sobre a “falência da ciência” permeou a cultura francesa e viu o confronto entre pensadores religiosos e ideólogos do cientificismo, entre céticos e racionalistas, ameaçando a hegemonia cultural de que a ciência tinha desfrutado durante boa parte do século.
 
Estamos hoje presenciando os nossos próprios debates sobre a “falência da ciência”. Os pilares do empreendimento científico – a reprodutibilidade dos resultados experimentais e, mais recentemente e de forma destacada, o processo de revisão por pares – têm estado na berlinda, corroendo a credibilidade da ciência. E, como nos dias de Comte, esse debate não é questão acadêmica: tem implicações culturais, sociais e políticas mais amplas.
 
Os cientistas e os seus fanáticos têm razão ao criticar os céticos e os crentes religiosos que exploram as “lacunas” das teorias científicas, as falhas no consenso universal e a falta de evidências indiscutíveis. Ao agirem assim, estes céticos mantêm a ciência, de modo implícito, num patamar impossivelmente alto de certeza epistêmica. Mas o que os defensores da ciência muitas vezes não conseguem perceber é que são eles mesmos, e não os céticos, os primeiros a venderem esse alto patamar.
 
As razões são evidentes. A ideia de ciência indubitável é reconfortante não só por causa do – excepcionalmente alto – status epistêmico que ela confere à disciplina, mas também porque estabelece limites claros e incontestáveis ​​entre ciência e “não-ciência”. As noções não apenas religiosas, mas também “pseudocientíficas”, podem ser firmemente descartadas: são “infantis”, carentes de prova, irracionais e assim por diante. Na pior das hipóteses, os esquemas ideológicos e políticos podem ser justificados com base em fatos científicos supostamente incontestáveis​​.
 
É difícil convencer o público leigo de que certas conclusões devem ser aceitas porque possuem alto grau de probabilidade e são válidas até que surja uma interpretação melhor dos dados que vão sendo descobertos. Seria mais fácil afirmar a descoberta de um fato incontroverso através apenas de meios de observação.

O problema é que a ciência não chega até os fatos incontroversos através apenas de meios de observação. Ela propõe teorias, modelos conceituais para explicar e interpretar dados empíricos, através de experimento, de inferência e – sim! – de imaginação e de especulação filosófica. Seja capaz ou não o público leigo de articular o que a ciência faz, é óbvio para muitos que as reivindicações exageradas feitas tantas vezes em nome da ciência não se sustentam.
 
O perigo de se inflar assim o estado da ciência é que as características comuns, neutras ou mesmo positivas da ciência (a sua atitude experimental, a sua abertura à refutação, a sua dependência de suposições extraempíricas, a interpenetração de observação e teoria e até mesmo a dificuldade de reproduzir experiências cruciais) se tornam lacunas, suposições a ser exploradas, razões para se abandonar a fé na ciência como tal.
 
Embora a influência de Comte permaneça, a geração de pensadores que se seguiu aos debates sobre a “falência da ciência” exibiu maior sofisticação na sua compreensão da ciência, produzindo alguns dos mais brilhantes cientistas, filósofos e historiadores da ciência do século XX. Talvez os detritos dos atuais debates sobre ciência e religião proporcionem um terreno similarmente fértil para que uma visão mais sofisticada e humanista da ciência se enraíze. Para começar, poderíamos acatar uma sugestão de Comte e examinar a nossa própria história.

M. ANTHONY MILLS 

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Por cada símbolo religioso que seja retirado de lugares públicos na Espanha, a Associação Valenciana de Ateus e Pensadores Livres pagará cinco euros.

A campanha “Retire um crucifixo dos serviços públicos”, pretende incentivar com pensamentos e economicamente o cumprimento da aconfessionalidade do Estado definida pela Constituição. Escolas, hospitais, quartéis, fóruns, prefeituras, centenas de edifícios são alvos desta campanha que, com um orçamento total de 2.500 euros, espera retirar 500 crucifixos.

“Queremos devolver os símbolos religiosos a seu lugar natural, que são as Igrejas, os templos ou os conventos. Os crucifixos que recolhamos, colocaremos em instituições religiosas que é onde eles devem estar”, explica Antonio Pérez Solís, presidente da associação.

Segundo pesquisa do CIS de abril de 2014, 26,1% da população espanhola se declara não crente, agnóstica ou ateia.

O procedimento de retirada dos símbolos parece simples. “A campanha inclui qualquer organismo estatal, autonômico ou local que realize sua função na Comunidade Valenciana. O responsável pelo centro é quem entrará em contato com a associação. Não podemos pedir a um empregado que retire o crucifixo porque não tem a faculdade de fazê-lo e se mete em uma confusão”, explica Solís. “Estarão pelo trabalho os diretores dos centros?”.

O governo regional de Valência, regido pelo Partido Popular, – liberal- exigiu em numerosos centros públicos, (escolas, hospitais, etc) que se retirem os símbolos religiosos com base na “aconfessionalidade do Estado refletida na Constituição”. A campanha defende a laicidade porque “qualquer pessoa pode levar símbolos ou textos sagrados de sua confissão onde quer que vá sem necessidade de que o Estado os proporcione”.

A Associação Valenciana de Ateus e Librepensadores recorda que “os símbolos religiosos não têm nenhuma funcionalidade objetiva que ajude a prestar um serviço público melhor ou de forma mais eficiente”.

O presidente da Associação Valenciana de Ateus e Pensadores Livres, –que recebe uma subvenção oficial- acrescenta que “é nas zonas rurais onde mais continuam fazendo uso desses símbolos religiosos em dependências públicas, sobretudo, nas escolas e bibliotecas porque dizem que não vulnera o direito dos pais à livre educação”.

Fonte: ACI

11-de-setembro

Uma iniciativa de ativistas ateus para remover uma escultura em forma de cruz no memorial às vítimas do 11 de setembro, em Nova York foi repudiada pela Justiça norte-americana, que cobrou explicações sobre a postura dos incrédulos.

O grupo American Atheists entrou com uma ação em 2011 pedindo a retirada da cruz do local, por considerá-la “ofensiva” e “repugnante” e porque seria inadequado que uma “cruz, um símbolo cristão” fosse usado “para representar todas as vítimas” do atentado terrorista.

Com 17 metros de altura e feita a partir de duas vigas dos escombros do World Trade Center, a cruz é um dos pontos mais frequentados no memorial. Durante os trabalhos de buscas por vítimas, a cruz tornou-se uma espécie de santuário ou lugar de conforto para os bombeiros. Posteriormente, a cruz foi colocada num local mais acessível aos moradores da cidade e turistas.

De acordo com informações da Fox News, a Corte Federal de Apelações solicitou que os advogados dos ativistas ateus expliquem por os Autores quais motivos o monumento é “repugnante” e “ofensivo”, uma vez que o da ação sustentam a tese de que a cruz teria causado danos aos que não compartilham da mesma fé.

Eric Baxter, conselheiro do Fundo Becket pela Liberdade Religiosa comemorou a decisão  do tribunal e argumentou que a Justiça não poderia acatar um processo por simples desconforto de um grupo com um “um artefato histórico exibido em um museu”, e acrescentou que a postura da Corte resgata o princípio de que a Constituição do país foi redigida para proteger a religião, e não para tratá-la de forma desconfiada.

O juiz responsável pelo caso estabeleceu o dia 14 de julho como data limite para que os ativistas ateus expliquem o motivo de considerarem a cruz uma “lesão constitucional” aos familiares das vítimas do 11 de setembro.

 

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A fé nunca é óbvia; o crente não tem uma compreensão totalizante, luminosa sobre tudo, mas vive em uma espécie de pensamento auroral, repleto de expectativa. Mas Deus vem ao encontro da criatura, que no mais profundo do seu ser é desejo de infinito, como Deus que tem tempo para o homem.

A opinião é do cardeal Walter Kasper, ex-presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, em artigo publicado no jornal L’Osservatore Romano, 30-06-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

A transmissão da fé, especialmente às novas gerações, aparece hoje como um desafio nada fácil: assim começa o novo livro de Bruno ForteLa trasmissione della fede [A transmissão da fé] (Ed. Queriniana, 2014, 256 páginas). Já existem muitíssimas publicações sobre esse tema, fundamental para a Igreja e que se tornou particularmente urgente no contexto da nova evangelização, à qual o próximo Sínodo sobre a família também está dedicado.

Mas o livro de Bruno Forte oferece uma contribuição particular. Como teólogo, ele vai às raízes do problema e apresenta um aprofundamento teológico e filosófico enriquecido por belíssimos textos literários muito estimulantes. Porque, para ele, há também o caminho da beleza para a transmissão da fé.

Já na introdução, o arcebispo explica a situação atual, onde, no contexto cultural, o fruível e o imediato parecem ser importantes, e a indiferença às grandes questões é difusa. O efêmero parece prevalecer sobre o horizonte inteiro, e o eterno, empalidecer diante do instante que escapa. Como nos tempos do profeta Elias, a verdadeira tentação do homem não é o ateísmo, mas a idolatria. Assim, a experiência desse profeta de marca arcaica e o seu caminho de fé tornam-se, por assim dizer, o fio condutor de todo o livro.

No início, Forte explica a fé como a experiência de um encontro, cuja transmissão é inseparável da kénosis e do esplendor do Espírito. Depois, o livro fala da educação à fé, a profissão, a celebração e a vida da fé, em que também fala das mulheres como protagonistas da fé e dos jovens como testemunhas da esperança, da família como âmbito vital da transmissão da fé.

Particularmente interessantes são os capítulos sobre a fé em diálogo, sobre a fé a caminho e o surpreendente capítulo conclusivo sobre o sorriso de Deus. Segue ainda um apêndice sobre fé e anúncio, da encíclica Lumen fidei à exortação apostólica Evangelii gaudium.

A riqueza desses capítulos é difícil de resumir. Portanto, referimos apenas alguns aspectos particularmente interessantes do capítulo dedicado ao diálogo com quem não crê, um título que lembra imediatamente o famoso título de um livro do falecido cardeal Carlo Maria Martini, a quem Bruno Forte sempre se sentiu muito próximo.

Segundo Forte, a fé nunca é óbvia; o crente não tem uma compreensão totalizante, luminosa sobre tudo, mas vive em uma espécie de pensamento auroral, repleto de expectativa. Mas Deus vem ao encontro da criatura, que no mais profundo do seu ser é desejo de infinito, como Deus que tem tempo para o homem.

O encontro do andar humano e do vir divino, a aliança do êxodo e do advento, é a fé. E a fé é luta, agonia, não o repouso tranquilo de uma certeza possuída. Quem pensa ter fé sem lutar não acredita mais em nada.

Ao contrário de qualquer posição ideológica, a fé é um contínuo converter-se a Deus, um contínuo entregar-lhe o coração, começando cada dia, de modo novo, a luta por crer, esperar e amar. No entanto, se o crente é um ateu que, a cada dia, se esforça para começar a acreditar, não seria talvez o ateu – certamente não o ateu vulgar tolo ou indiferente – o não crente pensativo, um crente que a cada dia vive a luta inversa, a luta de começar a não crer?

O crente responsável vai se sentir estimulado pelo não crente, contanto que não seja quem, de forma barata, queira viver etsi Deus non daretur, mas quem esteja pronto a arriscar veluti Deus daretur.

“Com base nesses pressupostos – assim termina o capítulo – o diálogo entre os dois será um comum serviço à Verdade, que chama a ambos, e, justamente por isso um testemunho compartilhado da salutar Transcendência pela qual tudo é iluminado, aos olhos de quem quer buscar com humilde amor, mesmo na noite do mundo.”

Neste contexto, Forte cita São Bernardo de Claraval: “A amargura da Igreja é amarga quando a Igreja é perseguida, é mais amarga quando a Igreja está dividida, mas é amarguíssima quando a Igreja está tranquila e em paz com isso”. Talvez essa afirmação será um conforto para aqueles que caminham atribulados e poluídos por uma situação pouco pacífica, em que a transmissão da fé especialmente às novas gerações passa por dificuldades.

Talvez justamente essa situação seja um kairós, isto é, uma hora de graça em que Deus vem ao nosso encontro para purificar e aprofundar a nossa fé muitas vezes temerosa demais, por ser, paradoxalmente, muitas vezes, segura demais de si mesma.

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Embora o número tenha caído significativamente em comparação a 1950, 57% dos norte-americanos acreditam que a religião pode resolver os problemas atuais dos Estados Unidos, de acordo com uma pesquisa do Gallup. O número daqueles que pensam que a religião está ultrapassada está crescendo, mas eles ainda são uma minoria. Eles agora representam 30% da população em comparação com apenas 7% dos entrevistados em 1957.

Os resultados dessa pesquisa ecoam os resultados de outra pesquisa Gallup publicada no início deste ano, que rastreou e mediu a religiosidade da população dos EUA e informou que até 41% dos norte-americanos são muito religiosos, enquanto o restante ficou dividido entre ser um pouco religioso e não religioso.

O relatório recente mostrou que, para a maioria dos grupos, a proporção de pessoas que disseram que a religião tem uma resposta para os problemas de hoje é maior do que aqueles que consideram a religião como antiquada. Apenas dois grupos – as pessoas que vivem no leste e jovens com idades entre 18 e 29 anos – tinham um pouco menos do que a maioria, dizendo que a religião pode responder aos problemas de hoje. Somente aqueles que se consideram liberais – 49% – disseram que a religião está ultrapassada, 36% afirmaram que ela pode responder aos problemas de hoje.

Pessoas com mais de 65 anos de idade, conservadores políticos e aqueles que vivem no sul estão entre os grupos mais religiosos ao se considerar fatores como a frequência à igreja e a relevância da religião, e são os mais propensos a sustentar o ponto de vista de que a religião pode dar uma resposta às perguntas de hoje.

Embora o número dos que disseram que a religião está desatualizada tenha aumentado constantemente desde 1957, o Gallup observa que os números parecem estar
se estabilizando. “Parece que esse aspecto da secularização da sociedade dos EUA pode ter diminuído, ou até ser interrompido num futuro previsível”, escreveu Frank Newport do Gallup.

The Wall Street Journal.

 BIO-JARUZELSKI

Wojciech Jaruzelski o comandante militar comunista e presidente da Polônia durante a Guerra Fria, conhecido por seu ateísmo militante, morreu no final do mês de maio depois de receber os sacramentos no seio da Igreja.

“Que coisa mais estranha, mas bela é que o líder do governo que esteve em guerra com a Igreja finalmente se reconcilie com ela”, disse ao grupo ACI o padre Raymond Gawronski, sacerdote jesuíta norte-americano de origem polonesa.

Jaruzelski, que por muitos anos se declarou ateu, morreu em 25 de maio depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). O Bispo do Ordinariado Militar Polonês, Dom Jozef Guzdek, celebrou a Missa de Exéquias no último dia 30 de maio em Varsóvia. Um sacerdote da catedral do Ordinariado informou que duas semanas antes de sua morte Jaruzelski tinha pedido a unção dos enfermos.

Jaruzelski se uniu formalmente ao partido comunista da Polônia em 1948, e vinte anos depois foi o Secretário de Defesa da Polônia. Em 1981, Jaruzelski tomou o poder da Polônia e logo declarou a lei marcial para suprimir a ‘Solidariedade’, federação sindical polonesa inspirada na Doutrina Social da Igreja Católica. Milhares de pessoas foram presas e centenas foram assassinadas durante a repressão; a imposição da lei marcial de Jaruzelski durou até 1983.

Quando em 1989 finalmente se realizaram as eleições “semi-livres”, Jaruzelski ganhou a presidência, mas renunciou aos poucos meses o que resultou na eleição de Lech Walesa, co-fundador de Solidariedade, à presidência.

Jaruzelski nunca se desculpou publicamente pela imposição da lei marcial e outros abusos realizados durante a Guerra Fria. O pedido da unção dos enfermos veio em pouco menos de duas semanas antes de sua morte.

Lech Walesa assistiu ao funeral e atravessou o corredor para dar a saudação da paz à família de seu adversário. Sua presença “foi algo extremamente significativo, por que estes homens eram inimigos”, comentou o padre Gawronski.

O Padre Gawronski fez um paralelo da história de Jaruzelski com a de Santa Faustina Kowalska, santa a quem foi revelada a devoção da Divina Misericórdia no começo do século XX. O sacerdote afirmou que Santa Faustina é a “grande heroína” de outro santo polonês, o Papa João Paulo II, por sua “mensagem de misericórdia e reconciliação”.

Logo depois da Missa, as cinzas de Jaruzelski foram levadas ao cemitério militar da Polônia, onde recebeu homenagens apesar do menor número de assistentes e de alguns protestos em seu enterro.

“Ainda existem pessoas na Polônia que sofreram enormemente por causa da lei marcial”, assinalou o sacerdote. Deste modo assinalou que muitos pensaram que “a confissão é uma coisa, mas onde está a penitência requerida? Não houve arrependimento público pelo que fez no país, como líder militar da Polônia por anos”.

O Padre Mozdyniewicz informou que “nenhum sacerdote assistiu ao enterro, pois, o compromisso consistia em celebrar a Missa para quem se declarava a si mesmo ateu, mas que se reconciliou com o Senhor mediante o sacramento da Confissão”.

O sacerdote explicou que quando Jaruzelski pediu reconciliar-se com a Igreja, foi algo “surpreendente”, pois “ele não tinha dado nenhum sinal de que ia fazer isso”, portanto, “isto é maravilhoso, há mais alegria por um pecador arrependido que pelo resto”.

Fonte: ACI

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 Talvez a Rússia do século XXI não será um paraíso na terra, mas é, sem dúvida, um exemplo de como o processo de secularização não seja  irreversível.

O dramático contexto da crise, ucraino-crimeiana, com a consequente propaganda anti-russa de muitos meios de comunicação ocidentais, lança uma luz ainda mais significativa sobre esta inversão de tendência em um país que, além de difundir o comunismo no mundo, foi tambem o primeiro a legalizar o aborto, experimentando ao longo de décadas, uma das mais assustadoras crises demográficas da história.

Com a administração de Putin, a Rússia começou a superar a China, tanto em termos econômicos, como em políticas familiares. Embora mantendo elevado o número dos divórcios (um de dois matrimônios fracassam), caiu vertiginosamente o número dos abortos: dos 4 milhões de 20 anos atrás aos 800 mil de hoje.

A Rússia é também um símbolo do renascimento cristão: as pessoas não só voltam a acreditar em Deus e irem à Igreja, mas o governo está financiando a reconstrução de muitos edifícios sagrados, demolidos durante a ditadura soviética.

Esta realidade, não muito bem conhecida na Europa Ocidental, foi ilustrada nas últimas semanas por Aleksej Komov, conhecido expoente pró-vida russo, que acompanhado pelo Diretor de Notícias Pro Life, Antonio Brandi, realizou uma turnê de palestras pela Itália, que terminou ontem com uma conferência a Peregrinos no ciberespaço, a reunião dos jornais católicos, que está acontecendo em Grottammare (AP).

Aleksej Komov, 42 anos e 5 filhos, trabalha para a Fundação “São Basílio, o Grande”, uma das mais importantes da Rússia. Além do mais, representa a Comissão para a Família da Igreja Ortodoxa e é um embaixador do Congresso Mundial para as Famílias na ONU; esta última é a maior plataforma para as associações mundiais da família, presente em 80 países ao redor do mundo.

“Nos dias 10, 11 e 12 de Setembro desse ano, vamos realizar o Fórum do Congresso Mundial da Família em Moscou, primeiro no Kremlin, depois na Catedral de Cristo Salvador: convido os leitores de ZENIT a participar!”, disse Komov abrindo a sua entrevista concedida a ZENIT.

Embaixador Komov, realmente parece que a Rússia esteja a caminho de se tornar o país líder na luta pela defesa da vida e da família …

Komov: É verdade, a Rússia é provavelmente o único grande país que nos últimos dez anos, tem defendido os valores da família e os valores tradicionais no cenário internacional. Em nosso país passaram recentemente várias leis muito boas: por exemplo, desde o ano passado a propaganda do aborto é proibida, da mesma forma em que foram proibidas as propagandas de comportamentos homossexuais entre as crianças e entre os menores de 18 anos. Esta última normativa tem suscitado muitas críticas, especialmente entre os poderosos lobbies LGBT internacionais. É uma lei sobre a qual pesa muito a desinformação e as mentiras se pensamos que, na Rússia existem muitos lugares gays, a propaganda entre os maiores de idade é lícita e ninguém persegue os homossexuais. Trata-se só de proteger as crianças e este é um princípio fundamental. No que diz respeito às políticas familiares, na Rússia, a cada segundo filho, o governo concede 10.000 € para a família, enquanto que para o nascimento do terceiro filho, os pais têm direito à terra.

Você acaba de voltar de uma série de conferências ministradas na Itália. Acha que no nosso país exista uma boa sensibilidade para as questões da vida?

Komov: Graças a contribuição de Toni Brandi e Pro Vita Onlus, foi possível organizar um tour por dez cidades italianas que acabou de terminar. Nestes dias encontrei-me com vários representantes do movimento pró-vida na Itália, que me parece uma realidade muito sólida: as pessoas querem defender os próprios valores e o cristianismo. Porém, como em outros países do mundo, nos últimos anos há um ataque a esses valores. Uma minoria de 2-3% de ativistas LGBT emprega meios de comunicação altamente influentes, pretendendo impor um estilo de vida não saudável a uma população que é 90% contra.

Na Rússia, pelo contrário, há esta aproximação aos valores tradicionais. Somos um país que por 70 anos tem sofrido com a ditadura comunista: sabemos, portanto, o que significa viver em um país sem Deus. Queremos, assim, compartilhar a nossa experiência de defesa destes valores, com os nossos irmãos e irmãs na Itália e em outros países.

 Como está se manifestando o renascimento espiritual e cristão na Rússia?

Komov: A Rússia é cristã por mais de um milênio e o cristianismo penetrou muito profundamente no coração e na alma do país: um patrimônio que não se dissolveu nos 70 anos de comunismo e de perseguição anti-cristã, durante os quais tivemos milhares de mártires que agora estão orando por nós e que nos estão ajudando a reerguer a Rússia. Nos últimos vinte anos reconstruimos mais de 30 mil igrejas e cerca de 800 mosteiros: um fato verdadeiramente surpreendente.

O Papa Francisco está tentando fortalecer o máximo possível o diálogo com as igrejas ortodoxas, iniciado pelos seus antecessores imediatos. Qual é a sua visão desta aproximação ecuménica? Uma reconciliação é possível?

Komov: Os católicos e os ortodoxos devem, sem dúvida, estar mais juntos entre si, cooperando para a defesa da vida desde a concepção até a morte natural, na defesa da comum civilização cristã que hoje está sob ataque. A Europa tem de respirar com “dois pulmões”, sendo o catolicismo e a ortodoxia os dois pulmões da Europa. Espero, portanto, que haja sempre mais diálogo e cooperação, embora será Deus a determinar quando as duas igrejas estarão unidas novamente: esperemos que aconteça rápido, certamente não dependerá de nós seres humanos, já que se sedimentaram muitas diferenças em mil anos. De qualquer forma, será a vontade de Deus que encontrará um modo para realizar esta reconciliação. (Trad.TS)

Por Luca Marcolivio