Jerry Filteau- National Catholic Reporter

Em um estudo incomum cujos principais resultados foram divulgados em uma conferência na Catholic University of America, em Washington, no dia 22 de março, a Villanova University, na Filadélfia, perguntou aos ex-católicos da diocese de TrentonNova Jersey, por que eles abandonaram a Igreja.

Embora os resultados em si mesmos não sejam surpreendentes, segundo os pesquisadores, o estudo sugere novas formas pelas quais a Igreja pode se aproximar dos católicos que estão insatisfeitos com o que a Igreja ensina e com a forma como ela atua – incluindo aqueles tão insatisfeitos que decidiram ir embora.

Uma das suas principais recomendações foi que os párocos, bispos e outras autoridades da Igreja respondam, de forma consistente, com diálogo construtivo aos questionamentos de católicos irritados, e não com uma simples reiteração das regras ou políticas eclesiais.

O padre jesuíta William J. Byron (foto), professor de administração da St. Joseph’s University, na Filadélfia – que colaborou no estudo com Charles Zech, fundador e diretor do Center for the Study of Church Management da Villanova’s School of Business –, citou diversas vezes uma resposta de um católico desfiliado que se queixou: “Faça uma pergunta a um padre e você receberá uma regra. Você não recebe uma resposta do tipo ‘Vamos sentar e conversar sobre isso'”.

Byron Zech disseram aos participantes da conferência na Catholic University of America que muitas das respostas dos católicos não praticantes ou desfiliados da diocese de Trenton correspondiam ao que os pesquisadores sabiam a partir de outras pesquisas: a relação aos divorciados em segunda união; acham as homilias sem inspiração; a paróquia, não acolhedora; o pároco, arrogante; ou a equipe da paróquia, indiferente; ou sofreram terríveis experiências pessoais com um padre ou outra autoridade eclesial, como a rejeição por serem divorciados.

Alguns dos ex-católicos se queixaram do fato de os padres serem muito liberais, enquanto outros citaram “a verborragia extremamente conservadora” que ouviam nas homilias – refletindo as divisões políticas intracatólicas que refletem divisões semelhantes na sociedade norte-americana mais ampla.

Surpreendentemente, disse Byron, embora todos os que responderam à pesquisa abandonaram a Igreja por vários motivos de insatisfação, “apenas metade dos entrevistados foram marcadamente negativos” em sua avaliação do seu pároco mais recente. Havia “muitas respostas entusiastas e positivas” acerca dos pastores mais recentes, relatou.

Byron Zech observaram que as respostas – às quais a Villanova teve acesso a partir de uma série de anúncio publicitários nas mídias católicas e seculares locais – não tinham a pretensão de representar uma pesquisa sociológica por amostragem aleatória. Elas eram o que Byron chamou de “pesquisa de conveniência”, representando apenas as respostas utilizáveis dos 298 ex-católicos da diocese de Trenton que ficaram sabendo da pesquisa através dos anúncios midiáticos locais e sentiram fortemente o convite a ponto de responder por correio ou pela Internet.

Antes da conferência de três horas em Washington, por e-mail ao NCR, o bispoDavid M. O’Connell (foto), de Trenton, disse que havia convidado Byron Zechpara realizar a pesquisa com os ex-católicos da sua diocese depois de ler um artigo que Byron escreveu no ano passado na revista America, uma revista jesuíta nacional, sugerindo que “entrevistas de saída” com ex-católicos poderiam ajudar a Igreja a entender melhor por que os católicos abandonam a Igreja e a responder de forma mais eficaz às suas preocupações.

“Quando eu me tornei bispo de Trenton, em dezembro de 2010, eu fiquei sabendo que apenas 25% da nossa população católica participava da missa regularmente”, escreveu O’Connell. “Essa porcentagem [a média mensal que a maioria das dioceses norte-americanas usam para contabilizar a participação na missas e como norma para medir as tendências locais de participação nas missas] diminuiu um pouco em outubro de 2011. Isso me preocupou muito”.

O’Connell, que, como Byron, foi ex-reitor da Catholic University of America (Byron de 1982 a 1992; O’Connell de 1998 a 2010), disse ter perguntado a Byron como explorar na diocese de Trenton a ideia de Byron sobre as “entrevistas de saída” para ver por que os católicos abandonam a Igreja e o que poderia ser feito a respeito.

Byron disse em Washington que seu o artigo na revista America foi motivado por uma conversa que ele tivera com um proeminente líder empresarial católico de Nova Jersey, que sugeriu que, se qualquer loja perdesse clientes, sua primeira resposta deveria ser fazer entrevistas de saída para ver por que os clientes não estavam mais comprando lá.

Resposta pastoral criativa


Em seu e-mail ao NCRO’Connell destacou uma das conclusões do estudo de Zech-Byron, a saber, que um dos desafios mais imediatos diante da Igreja dos EUA é esclarecer aos católicos a importância central da Eucaristia em suas vidas.

“Se apenas 25% ou menos dos nossos católicos participam da Eucaristia regularmente, eu acho que temos uma séria preocupação”, disse. “A média nacional é quase a mesma [que a da diocese de Trenton]. Precisamos engajar os nossos católicos de tal forma que vejamos a Eucaristia como a ‘fonte e o ápice’ da vida cristã, uma parte necessária do quem somos na Igreja”.

Zech Byron recomendaram que O’Connell se concentre mais imediatamente em “uma explicação renovada da natureza da Eucaristia” e em “uma criativa resposta litúrgica, pastoral, doutrinária e prática” às queixas sobre a qualidade das liturgias católicas do fim de semana, especialmente acerca da música e das homilias.

Uma questão lateral sobre as homilias – nem mesmo observada no estudo ou em sua apresentação na conferência – foi citada depois ao NCR por Mary Gautier, antiga pesquisadora do Centro para Pesquisa Aplicada no Apostolado, com sede na Georgetown University, em Washington. Ela disse ao NCR que, atualmente, um terço dos padres ativos nas dioceses dos EUA – 6.000 de um total de 18.000 sacerdotes – são estrangeiros, e muitas vezes suas homilias não são compreendidas por muitos membros da comunidade.

Mais relacionada com o estudo da Villanova e a conferência é a questão de como as práticas paroquiais convidam ou deixam de convidar os católicos a fazer parte de uma comunidade de fiéis que compartilham um compromisso como discípulos de Cristo.

William Dinges, professor do departamento de teologia e de estudos religiosos da Catholic University, disse que as pesquisas da década de 1940 e 1950 indicavam que os católicos norte-americanos e os aderentes a outras religiões eram bastante idênticos em termos de sua adesão a crenças e práticas religiosas dos seus antepassados.

Isso começou a mudar para os católicos depois do Concílio Vaticano II, na década de 1960, disse ele, embora tenha ressaltado que isso não se deveu só ao Concílio, mas também a uma grande variedade de outros fatores que influenciaram a filiação, a participação e o senso de filiação à Igreja Católica dos EUA nos anos do pós-Concílio.

Byron disse que as descobertas de Trenton exortam as lideranças católicas a serem mais sensíveis às preocupações dos leigos católicos.

Byron disse ao NCR que ele e Zech já receberam alguns convites para realizar estudos semelhantes em outras dioceses, e ele espera que mais pedidos surjam depois de um artigo que deverá ser publicado na revista Americaem abril sobre os resultados do estudo de Trenton.

A Igreja católica na Espanha, uma vez mais recebeu um importante apoio de contribuintes que assinaram em seu favor na Declaração de Renda 2011. Como informou o episcopado espanhol, o número total de declarações que beneficiaram a Igreja no ano passado foi de 7.454.823, cerca de 185 mil assinaturas a mais do que em 2010. Se se leva em conta que 23, 8% desta declarações são conjuntas, a estimativa da Igreja no país é de que mais 9, 2 milhões de contribuintes se declararam católicos.

Ainda que estas cifras sejam significativas, a Conferência Episcopal Espanhola (CEE) também informou que devido ao impacto gerado pela crise econômica europeia, o montante global da cota íntegra obtida com as declarações experimentou um descenso considerável em relação a 2010. Foram declarados 248. 2 milhões de euros frente aos 249.4 da passada Declaração de Renda.

Sobre este decréscimo, a CEE assinala em comunicado: “Se a diminuição não foi ainda maior é por causa do incremento do número de declarações, que compensaram algo no descenso geral das magnitudes mencionadas”.

Não obstante, o episcopado do país ibérico faz uma avaliação otimista dos dados obtidos, considerando que “apesar do contexto geral de crise (…), os resultados deste exercício são positivos e permitem manter o sustento das atividades básicas da Igreja em níveis de eficácia e austeridade semelhantes aos que vieram sendo habituais até agora”.

Igualmente, os bispos espanhóis consideram importante o aumento no número de pessoas que nos últimos 5 anos decidiram assinar em sua declaração a favor da Igreja. O aumento de cerca de 1 milhão de assinaturas neste período mostra, segundo os prelados, “que a percepção real que a sociedade tem da Igreja é positiva“.

Conforme a Igreja espanhola, parte dos resultados obtidos com as assinaturas que favorecem a Igreja na Declaração de Renda se deve à campanha “X Tantos”, que a Igreja no país europeu vem realizando nos últimos anos. Esta iniciativa teve como objetivo animar os católicos e pessoas que apreciam o trabalho da Igreja na Espanha a marcar um “X” a favor dela na Declaração de Renda anual.

Estes dados também foram apresentadona última quarta-feira, 15, em uma coletiva de imprensa realizada na sede da CEE, na qual participaram o secretário geral da CEE, bispo auxiliar de Madri, Dom Juan Antonio Martínez Camino, e o vice-secretário para Assuntos Econômicos da CEE, Dom Fernando Giménez Barriocanal.

Com informações do Escritório de Informação da Conferência Episcopal Espanhola.

O Estado da Cidade do Vaticano assinala o seu aniversário, 83 anos depois da assinatura, a 11 de fevereiro de 1929, do tratado que decretou a sua instituição.

O acordo (Vale a pena ler o tratado no link ao lado) insere-se nos denominados Pactos de Latrão, negociados quando o rei de Itália era Victor Manuel III, tendo sido assinado pelo primeiro-ministro Benito Mussolini e pelo cardeal Pietro Gasbarri, secretário de Estado do Papa Pio XI, e posteriormente ratificados por este e pelo monarca.

Além de consignar a independência da Santa Sé e a criação do Estado da Cidade do Vaticano, os Pactos de Latrão incluíram uma Concordata que definiu as relações civis e religiosas entre o Governo e a Igreja na Itália.

Os Pactos Lateranenses compreenderam também uma convenção financeira que proporcionou à Santa Sé a compensação pelas perdas sofridas na anexação dos Estados Pontifícios por parte da Itália, em 1870.

Os protocolos foram revistos quando o socialista Bettino Craxi era primeiro-ministro da Itália, em 1984, ano em que a Unesco concedeu à Cidade do Vaticano o estatuto de Património da Humanidade.

A Congregação para a Doutrina da Fé divulgou, neste sábado, nota com as indicações pastorais para o Ano da Fé. A nota contempla todos os níveis da Igreja, desde o nível universal, das conferências episcopais, diocesano e em nível das paróquias, comunidades, associações e movimentos.

Com a Carta apostólica Porta fidei de 11 de outubro de 2011, o Santo Padre Bento XVI convocou um Ano da Fé. Ele começará no dia 11 de outubro 2012, por ocasião do qüinquagésimo aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, e terminará em 24 de novembro de 2013, Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.

Este ano será uma ocasião propícia a fim de que todos os fiéis compreendam mais profundamente que o fundamento da fé cristã é “o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”. Fundamentada no encontro com Jesus Cristo ressuscitado, a fé poderá ser redescoberta na sua integridade e em todo o seu esplendor. “Também nos nossos dias a fé é um dom que se deve redescobrir, cultivar e testemunhar” para que o Senhor “conceda a cada um de nós vivermos a beleza e a alegria de sermos cristãos”.

O início do Ano da Fé coincide com a grata recordação de dois grandes eventos que marcaram a face da Igreja nos nossos dias: o qüinquagésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, desejado pelo beato João XXIII (11 de outubro de 1962), e o vigésimo aniversário da promulgação do Catecismo da Igreja Católica, oferecido à Igreja pelo beato João Paulo II (11 de outubro de 1992).

O Concílio, segundo o Papa João XXIII, quis “transmitir pura e íntegra a doutrina, sem atenuações nem subterfúgios”, empenhando-se para que “esta doutrina certa e imutável, que deve ser fielmente respeitada, seja aprofundada e exposta de forma a responder às exigências do nosso tempo” . A este propósito, continua sendo de importância decisiva o início da Constituição dogmática Lumen Gentium: “A luz dos povos é Cristo: por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito Santo, deseja ardentemente iluminar com a Sua luz, que resplandece no rosto da Igreja, todos os homens, anunciando o Evangelho a toda a criatura (cfr. Mc. 16,15)”.

A partir da luz de Cristo, que purifica, ilumina e santifica na celebração da sagrada liturgia (cf. Constituição Sacrosanctum Concilium) e com a sua palavra divina (cf. Constituição dogmática Dei Verbum), o Concílio quis aprofundar a natureza íntima da Igreja (cf. Constituição dogmática Lumen gentium) e a sua relação com o mundo contemporâneo (cf. Constituição pastoral Gaudium et spes). Ao redor das suas quatro Constituições, verdadeiras pilastras do Concílio, se agrupam as Declarações e os Decretos, que enfrentam alguns dos maiores desafios do tempo.

Depois do Concílio, a Igreja se empenhou na assimilação (receptio) e na aplicação do seu rico ensinamento, em continuidade com toda a Tradição, sob a guia segura do Magistério. A fim de favorecer a correta assimilação do Concílio, os Sumos Pontífices convocaram amiúde o Sínodo dos Bispos , instituído pelo Servo de Deus Paulo VI em 1965, propondo à Igreja orientações claras por meio das diversas Exortações apostólicas pós-sinodais. A próxima Assembléia Geral do Sínodo dos Bispos, no mês de outubro de 2012, terá como tema: A nova evangelização para a transmissão da fé cristã.

Desde o começo do seu pontificado, o Papa Bento XVI se empenhou de maneira decisiva por uma correta compreensão do Concílio, rechaçando como errônea a assim chamada “hermenêutica da descontinuidade e da ruptura” e promovendo aquela que ele mesmo chamou de “’hermenêutica da reforma’”, da renovação na continuidade do único sujeito-Igreja, que o Senhor nos concedeu; é um sujeito que cresce no tempo e se desenvolve, permanecendo porém sempre o mesmo, único sujeito do Povo de Deus a caminho”.

O Catecismo da Igreja Católica, pondo-se nesta linha, é, de um lado, “verdadeiro fruto do Concílio Vaticano II”, e de outro pretende favorecer a sua assimilação. O Sínodo Extraordinário dos Bispos de 1985, convocado por ocasião do vigésimo aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II e para efetuar um balanço da sua assimilação, sugeriu que fosse preparado este Catecismo a fim de oferecer ao Povo de Deus um compêndio de toda a doutrina católica e um texto de referência segura para os catecismos locais. O Papa João Paulo II acolheu a proposta como desejo “de responder plenamente a uma necessidade verdadeira da Igreja Universal e das Igrejas particulares”. Redigido em colaboração com todo o Episcopado da Igreja Católica, este Catecismo “exprime verdadeiramente aquela a que se pode chamar a ‘sinfonia da fé’”.

O Catecismo compreende “coisas novas e velhas (cf. Mt 13,52), porque a fé é sempre a mesma e simultaneamente é fonte de luzes sempre novas. Para responder a esta dupla exigência, o ‘Catecismo da Igreja Católica’ por um lado retoma a ‘antiga’ ordem, a tradicional, já seguida pelo Catecismo de São Pio V, articulando o conteúdo em quatro partes: o Credo; a sagrada Liturgia, com os sacramentos em primeiro plano; o agir cristão, exposto a partir dos mandamentos; e por fim a oração cristã. Mas, ao mesmo tempo, o conteúdo é com freqüência expresso de um modo ‘novo’, para responder às interrogações da nossa época”.

Este Catecismo é “um instrumento válido e legítimo a serviço da comunhão eclesial e como uma norma segura para o ensino da fé.” . Nele os conteúdos da fé encontram “a sua síntese sistemática e orgânica. Nele, de facto, sobressai a riqueza de doutrina que a Igreja acolheu, guardou e ofereceu durante os seus dois mil anos de história. Desde a Sagrada Escritura aos Padres da Igreja, desde os Mestres de teologia aos Santos que atravessaram os séculos, o Catecismo oferece uma memória permanente dos inúmeros modos em que a Igreja meditou sobre a fé e progrediu na doutrina para dar certeza aos crentes na sua vida de fé.”.

O Ano da Fé quer contribuir para uma conversão renovada ao Senhor Jesus e à redescoberta da fé, para que todos os membros da Igreja sejam testemunhas credíveis e alegres do Senhor ressuscitado no mundo de hoje, capazes de indicar a “porta da fé” a tantas pessoas que estão em busca. Esta “porta” escancara o olhar do homem para Jesus Cristo, presente no nosso meio “todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20). Ele nos mostra como “a arte de viver” se aprende “numa relação profunda com Ele”. “Com o seu amor, Jesus Cristo atrai a Si os homens de cada geração: em todo o tempo, Ele convoca a Igreja confiando-lhe o anúncio do Evangelho, com um mandato que é sempre novo. Por isso, também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor duma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé”.

Por ordem do Papa Bento XVI, a Congregação para a Doutrina da Fé redigiu a presente Nota, em acordo com os Dicastérios competentes da Santa Sé e com a contribuição do Comitê para a preparação do Ano da Fé , com algumas indicações para viver este tempo de graça, sem excluir outras propostas que o Espírito Santo quiser suscitar entre os Pastores e os fiéis nas diversas partes do mundo.


INDICAÇÕES

“Eu sei em quem pus a minha fé” (2 Tm 1, 12): esta palavra de São Paulo nos ajuda a compreender que “antes de mais, a fé é uma adesão pessoal do homem a Deus. Ao mesmo tempo, e inseparavelmente, é o assentimento livre a toda a verdade revelada por Deus”. A fé como confiança pessoal no Senhor e a fé que professamos no Credo são inseparáveis, se atraem e se exigem reciprocamente. Existe uma ligação profunda entre a fé vivida e os seus conteúdos: a fé das testemunhas e dos confessores é também a fé dos apóstolos e dos doutores da Igreja.

Neste sentido, as seguintes indicações para o Ano da Fé desejam favorecer tanto o encontro com Cristo por meio de autênticas testemunhas da fé, quanto o conhecimento sempre maior dos seus conteúdos. Trata-se de propostas que visam solicitar, de maneira exemplificativa, a pronta responsabilidade eclesial diante do convite do Santo Padre a viver em plenitude este Ano como um especial “tempo de graça”. A redescoberta alegre da fé poderá contribuir também a consolidar a unidade e a comunhão entre as diversas realidades que compõem a grande família da Igreja.


I. Em nível da Igreja universal

1. O principal evento eclesial no começo do Ano da Fé será a XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, convocada pelo Papa Bento XVI para o mês de outubro de 2012 e dedicada à Nova evangelização para a transmissão da fé cristã. Durante este Sínodo, no dia 11 de outubro de 2012, acontecerá uma celebração solene de inauguração do Ano da Fé, recordando o qüinquagésimo aniversário de abertura do Concílio Vaticano II.

2. No Ano da Fé devem-se encorajar as romarias dos fiéis à Sé de Pedro, para ali professarem a fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, unindo-se àquele que é chamado hoje a confirmar seus irmãos na fé (cf. Lc 22, 32). Será importante favorecer também as romarias à Terra Santa, lugar que por primeiro viu a presença de Jesus, o Salvador, e de Maria, sua mãe.

3. No decorrer deste Ano será útil convidar os fiéis a se dirigirem com devoção especial a Maria, figura da Igreja, que “reúne em si e reflete os imperativos mais altos da nossa fé”. Assim pois deve-se encorajar qualquer iniciativa que ajude os fiéis a reconhecer o papel especial de Maria no mistério da salvação, a amá-la filialmente e a seguir a sua fé e as suas virtudes. A tal fim será muito conveniente organizar romarias, celebrações e encontros junto dos maiores Santuários.

4. A próxima Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013 oferecerá uma ocasião privilegiada aos jovens para experimentar a alegria que provém da fé no Senhor Jesus e da comunhão com o Santo Padre, na grande família da Igreja.

5. Deseja-se que sejam organizados simpósios, congressos e encontros de grande porte, também a nível internacional, que favoreçam o encontro com autênticos testemunhos da fé e o conhecimento dos conteúdos da doutrina católica. Demonstrando como também hoje a Palavra de Deus continua a crescer e a se difundir, será importante dar testemunho de que em Jesus Cristo “encontra plena realização toda a ânsia e anélito do coração humano” e que a fé “se torna um novo critério de entendimento e de ação que muda toda a vida do homem”. Alguns congressos serão dedicados à redescoberta dos ensinamentos do Concílio Vaticano II.

6. Para todos os crentes, o Ano da Fé oferecerá uma ocasião favorável para aprofundar o conhecimento dos principais Documentos do Concílio Vaticano II e o estudo do Catecismo da Igreja Católica. Isto vale de modo particular para os candidatos ao sacerdócio, sobretudo durante o ano propedêutico ou nos primeiros anos dos estudos teológicos, para as noviças e os noviços dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica, bem como para aqueles que vivem um período de prova para incorporar-se a uma Associação ou a um Movimento eclesial.

7. Este Ano será a ocasião propícia para acolher com maior atenção as homilias, as catequeses, os discursos e as outras intervenções do Santo Padre. Os Pastores, as pessoas consagradas e os fiéis leigos serão convidados a um empenho renovado de efetiva e cordial adesão ao ensinamento do Sucessor de Pedro.

8. Durante o Ano da Fé, se deseja que haja várias iniciativas ecumênicas, em colaboração com o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, com o fim de invocar e favorecer “a restauração da unidade entre todos os cristãos” que é “um dos principais propósitos do sagrado Concílio Ecumênico Vaticano II”. Em particular, acontecerá uma solene celebração ecumênica a fim de reafirmar a fé em Cristo por parte de todos os batizados.

9. Junto ao Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização será instituída uma Secretaria especial para coordenar as diversas iniciativas relativas ao Ano da Fé, promovidas pelos vários Dicastérios da Santa Sé ou que tenham relevância para a Igreja universal. Será conveniente informar com tempo esta Secretaria sobre os principais eventos organizados: ela também poderá sugerir iniciativas oportunas a respeito. A Secretaria abrirá para tanto um site internet com a finalidade de oferecer todas as informações úteis para viver de modo eficaz o Ano da Fé.

10. Por ocasião da conclusão deste Ano, na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, acontecerá uma Eucaristia celebrada pelo Santo Padre, na qual se renovará solenemente a profissão de fé.


II. Em nível das Conferências Episcopais

1. As Conferências Episcopais poderão dedicar uma jornada de estudo ao tema da fé, do seu testemunho pessoal e da sua transmissão às novas gerações, na consciência da missão específica dos Bispos como mestres e “arautos da fé”.

2. Será útil favorecer a republicação dos Documentos do Concílio Vaticano II, do Catecismo da Igreja Católica e do seu Compêndio, também em edições de bolso e econômicas, e a sua maior difusão possível com a ajuda dos meios eletrônicos e das tecnologias modernas.

3. Deseja-se um esforço renovado para traduzir os Documentos do Concílio Vaticano II e o Catecismo da Igreja Católica nas línguas em que ainda não existem. Encorajam-se as iniciativas de sustento caritativo para tais traduções nas línguas locais dos Países em terra de missão, onde as Igrejas particulares não podem arcar com as despesas. Tudo isto seja feito sob a guia da Congregação para a Evangelização dos Povos.

4. Os Pastores, haurindo das novas linguagens de comunicação, devem se empenhar para promover transmissões televisivas ou radiofônicas, filmes e publicações, também em nível popular e acessíveis a um grande público, sobre o tema da fé, dos seus princípios e conteúdos, como também sobre o significado eclesial do Concílio Vaticano II.

5. Os Santos e os Beatos são as autênticas testemunhas da fé. Portanto será oportuno que as Conferências Episcopais se empenhem para difundir o conhecimento dos Santos do próprio território, utilizando também os modernos meios de comunicação social.

6. O mundo contemporâneo é sensível à relação entre fé e arte. Neste sentido, se aconselha às Conferências Episcopais a valorizar adequadamente, em função catequética e eventualmente em colaboração ecumênica, o patrimônio das obras de arte presentes nos lugares confiados à sua cura pastoral.

7. Os docentes nos Centros de estudos teológicos, nos Seminários e nas Universidades católicas são convidados a verificar a relevância, no exercício do próprio magistério, dos conteúdos do Catecismo da Igreja Católica e das implicações que daí derivam para as respectivas disciplinas.

8. Será útil preparar, com a ajuda de teólogos e autores competentes, subsídios de divulgação com caráter apologético (cf. 1 Pd 3, 15). Assim cada fiel poderá responder melhor às perguntas que se fazem nos diversos âmbitos culturais, ora no tocante aos desafios das seitas, ora aos problemas ligados ao secularismo e ao relativismo, ora “a uma série de interrogativos, que provêm duma diversa mentalidade que, hoje de uma forma particular, reduz o âmbito das certezas racionais ao das conquistas científicas e tecnológicas”, como também a outras dificuldades específicas.

9. Deseja-se um controle dos catecismos locais e dos vários subsídios catequéticos em uso nas Igrejas particulares, para garantir a sua conformidade plena com o Catecismo da Igreja Católica. No caso em que alguns catecismos ou subsídios não estejam em plena sintonia com o Catecismo, ou revelem algumas lacunas, poder-se-á encetar a elaboração de novos, eventualmente segundo o exemplo e a ajuda de outras Conferências Episcopais que já providenciaram à sua redação.

10. Será oportuna, em colaboração com a competente Congregação para a Educação Católica, um controle da presença dos conteúdos do Catecismo da Igreja Católica na Ratio da formação dos futuros sacerdotes e no Curriculum dos seus estudos teológicos.

III. Em nível diocesano

1. Deseja-se uma celebração de abertura do Ano da Fé e uma solene conclusão do mesmo a nível de cada Igreja particular, ocasião para “confessar a fé no Senhor Ressuscitado nas nossas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro”.

2. Será oportuno organizar em cada Diocese do mundo uma jornada sobre o Catecismo da Igreja Católica, convidando especialmente os sacerdotes, as pessoas consagradas e os catequistas. Nesta ocasião, por exemplo, as Eparquias orientais católicas poderiam preparar um encontro com os sacerdotes para testemunhar a sensibilidade específica e a tradição litúrgica próprias ao interno da única fé em Cristo; assim as jovens Igrejas particulares nas terras de missão poderão ser convidadas a oferecer um testemunho renovado daquela alegria na fé que tanto as caracterizam.

3. Cada Bispo poderá dedicar uma sua Carta pastoral ao tema da fé, recordando a importância do Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica levando em conta as circunstâncias pastorais específicas da porção de fiéis a ele confiada.

4. Deseja-se que em cada Diocese, sob a responsabilidade do Bispo, sejam organizados momentos de catequese, destinados aos jovens e àqueles que estão em busca de um sentido para a vida, com a finalidade de descobrir a beleza da fé eclesial, e que sejam promovidos encontros com as testemunhas significativas da mesma.

5. Será oportuno controlar a assimilação (receptio) do Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica na vida e na missão de cada Igreja particular, especialmente em âmbito catequético. Neste sentido se deseja um empenho renovado por parte dos Ofícios catequéticos das Dioceses, os quais – com o apoio das Comissões para a Catequese das Conferências Episcopais ; têm o dever de providenciar à formação dos catequistas no que diz respeito aos conteúdos da fé.

6. A formação permanente do clero poderá ser concentrada, especialmente neste Ano da Fé, nos Documentos do Concílio Vaticano II e no Catecismo da Igreja Católica, tratando, por exemplo, de temas como “o anúncio do Cristo ressuscitado”, “a Igreja, sacramento de salvação”, “a missão evangelizadora no mundo de hoje”, “fé e incredulidade”, “fé, ecumenismo e diálogo interreligioso”, “fé e vida eterna”, “a hermenêutica da reforma na continuidade”, “o Catecismo na preocupação pastoral ordinária”.

7. Os Bispos são convidados a organizar, especialmente no período da quaresma, celebrações penitenciais nas quais se peça perdão a Deus, também e particularmente, pelos pecados contra a fé. Este Ano será também um tempo favorável para se aproximar com maior fé e maior freqüência do sacramento da Penitência.

8. Deseja-se um envolvimento do mundo acadêmico e da cultura por uma renovada ocasião de diálogo criativo entre fé e razão por meio de simpósios, congressos e jornadas de estudo, especialmente nas Universidades católicas, mostrando “que não é possível haver qualquer conflito entre fé e ciência autêntica, porque ambas, embora por caminhos diferentes, tendem para a verdade.

9. Será importante promover encontros com pessoas que, “embora não reconhecendo em si mesmas o dom da fé, todavia vivem uma busca sincera do sentido último e da verdade definitiva acerca da sua existência e do mundo”, inspirando-se também nos diálogos do Pátio dos Gentios, organizados sob a guia do Conselho Pontifício para a Cultura.

10. O Ano da Fé poderá ser uma ocasião para prestar uma maior atenção às Escolas católicas, lugares próprios para oferecer aos alunos um testemunho vivo do Senhor e para cultivar a sua fé com uma referência oportuna à utilização de bons instrumentos catequéticos, como por exemplo, o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica ou como o Youcat.


IV. Em nível das paróquias / comunidades / associações / movimentos

1. Em preparação para o Ano da Fé, todos os fiéis são convidados a ler e meditar atentamente a Carta apostólica Porta fidei do Santo Padre Bento XVI.

2. O Ano da Fé “será uma ocasião propícia também para intensificar a celebração da fé na liturgia, particularmente na Eucaristia”. Na Eucaristia, mistério da fé e fonte da nova evangelização, a fé da Igreja é proclamada, celebrada e fortalecida. Todos os fiéis são convidados a participar dela conscientemente, ativamente e frutuosamente, a fim de serem testemunhas autênticas do Senhor.

3. Os sacerdotes poderão dedicar maior atenção ao estudo dos Documentos do Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica, tirando daí fruto para a pastoral paroquial – a catequese, a pregação, a preparação aos sacramentos – e propondo ciclos de homilias sobre a fé ou sobre alguns dos seus aspectos específicos, como por exemplo “o encontro com Cristo”, “os conteúdos fundamentais do Credo”, “a fé e a Igreja”.

4. Os catequistas poderão haurir sobremaneira da riqueza doutrinal do Catecismo da Igreja Católica e guiar, sob a responsabilidade dos respectivos párocos, grupos de fiéis à leitura e ao aprofundimento deste precioso instrumento, a fim de criar pequenas comunidades de fé e de testemunho do Senhor Jesus.

5. Deseja-se que nas paróquias haja um empenho renovado na difusão e na distribuição do Catecismo da Igreja Católica ou de outros subsídios adequados às famílias, que são autênticas igrejas domésticas e primeiro lugar da transmissão da fé, como por exemplo no contexto das bênçãos das casas, dos Batismos dos adultos, das Crismas, dos Matrimônios. Isto poderá contribuir para a confissão e aprofundimento da doutrina católica “nas nossas casas e no meio das nossas famílias, para que cada um sinta fortemente a exigência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre”.

6. Será oportuno promover missões populares e outras iniciativas nas paróquias e nos lugares de trabalho para ajudar os fiéis a redescobrir o dom da fé batismal e a responsabilidade do seu testemunho, na consciência de que a vocação cristã “é também, por sua própria natureza, vocação ao apostolado”.

7. Neste tempo, os membros dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica são solicitados a se empenhar na nova evangelização, com uma adesão renovada ao Senhor Jesus, pela contribuição dos próprios carismas e na fidelidade ao Santo Padre e à sã doutrina.

8. As Comunidades contemplativas durante o Ano da Fé dedicarão uma intenção de oração especial para a renovação da fé no Povo de Deus e para um novo impulso na sua transmissão às jovens gerações.

9. As Associações e os Movimentos eclesiais são convidados a serem promotores de iniciativas específicas, as quais, pela contribuição do próprio carisma e em colaboração com os Pastores locais, sejam inseridas no grande evento do Ano da Fé. As novas Comunidades e os Movimentos eclesiais, de modo criativo e generoso, saberão encontrar os modos mais adequados para oferecer o próprio testemunho de fé ao serviço da Igreja.

10. Todos os fiéis, chamados a reavivar o dom da fé, tentarão comunicar a própria experiência de fé e de caridade dialogando com os seus irmãos e irmãs, também com os das outras confissões cristãs, com os seguidores de outras religiões e com aqueles que não crêem ou são indiferentes. Deste modo se deseja que todo o povo cristão comece uma espécie de missão endereçada aqueles com os quais vive e trabalha, com consciência de ter recebido “a mensagem da salvação para a comunicar a todos”.

CONCLUSÃO

A fé “é companheira de vida, que permite perceber, com um olhar sempre novo, as maravilhas que Deus realiza por nós. Solícita a identificar os sinais dos tempos no hoje da história, a fé obriga cada um de nós a tornar-se sinal vivo da presença do Ressuscitado no mundo”. A fé é um ato pessoal e ao mesmo tempo comunitário: é um dom de Deus que deve ser vivenciado na grande comunhão da Igreja e deve ser comunicado ao mundo. Cada iniciativa para o Ano da Fé quer favorecer a alegre redescoberta e o testemunho renovado da fé. As indicações aqui oferecidas têm o fim de convidar todos os membros da Igreja ao empenho a fim de que este Ano seja a ocasião privilegiada para partilhar aquilo que o cristão tem de mais caro: Cristo Jesus, Redentor do homem, Rei do Universo, “autor e consumador da fé” (Heb 12, 2).


Roma, da Sede da Congregação para a Doutrina da Fé, aos 6 de janeiro de 2012, Solenidade da Epifania do Senhor.

Fonte: Unicap

Criado a partir do Censo Anual da Igreja Católica – CAIC-Br, o Anuário Católico foi publicado pela primeira vez em 1965 e contém os nomes e endereços de todos os bispos, padres, religiosos (as), diáconos, dioceses, paróquias, congregações e institutos da Igreja no Brasil.

O mesmo se constitui no principal instrumento de identificação, registro e estatística da Igreja Católica no país, há mais de 48 anos. Depois de alguns anos com dificuldades em sua publicação, o CERIS entrega o Anuário Católico do Brasil 2012, a 13ª Edição da obra, revisada e atualizada pelo Censo Anual da Igreja Católica 2010/11.

Malgrado a estagnação no número de religiosas, os dados apontam para um relativo aumento da presença institucional da Igreja no Brasil, o que contesta, por um lado, teorias como a da secularização e a do enfraquecimento da Igreja Católica.

E por outro, pelo tipo de recrutamento de ministros revelado pelas informações, reforça a tese de Zygmunt Bauman de que a busca pela comunidade religiosa, a Igreja ou a vida sacerdotal, é a busca por segurança em um mundo de inseguranças…

Mais informações sobre o Anuário Católico aqui.
Veja aqui análise sociológica do Censo Católico.

Revista Isto É

Uma igreja sem padre, uma fé sem igreja. Entre os europeus esse cenário é mais do que possível. A descristianização da Europa, que outrora foi responsável por levar o Evangelho à América Latina, atingiu um grau tão elevado que há uma corrente de teólogos que acredita que o catolicismo esteja dando adeus ao Velho Continente.

Na Holanda, por exemplo, a diocese de Den Bosch, no sul do país, estuda deixar na ativa apenas um quinto das atuais 250 paróquias. O destino da maioria delas poderá ser a transformação em museus e livrarias, o funcionamento esporádico com missa apenas uma vez por semana ou a demolição. “Não há padres, fiéis ou dinheiro suficientes para mantê-las”, diz o frei Jan Bolten, um holandês que, por mais de 40 anos, foi missionário no Brasil e que há três foi escalado para retornar para a sua terra natal. “Os bispos daqui estão buscando padres no Exterior.” Um dos países que têm exportado seus sacerdotes para o Velho Mundo é o Brasil, que outrora mandava seus jovens vocacionados para a África e Ásia.

Bolten e os freis João de Deus Campos, 42 anos, e Luciano Henrique Veras Tito, 33, desembarcaram no frio vilarejo de Handel, no município de Gemert, próximo da Alemanha, com a missão de não permitir que a chama da congregação dos carmelitas descalços se apagasse. Os três moram na paróquia Nossa Senhora da Assunção e formam uma atuante comunidade católica, algo que não existia quando a igreja era tocada por um holandês. Mineiro de São Lourenço, João de Deus era vigário paroquial em Caratinga (MG) antes de se mudar para a Europa. “Mas eu não celebro somente em Handel”, diz ele. “Já rezei missa em outras 20 igrejas holandesas.”

A Holanda já foi a maior fornecedora de missionários católicos para o Brasil, meio século atrás. Entre os europeus, o envelhecimento do clero e a diminuição das vocações têm exposto a vida eclesial da região a uma enorme fragilidade.

No Brasil, por outro lado, o novo Anuário Católico, que será distribuído pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) , mostra um cenário diferente. Aqui, apesar de ainda haver pouco padre por habitante (um para cada 8.624), o número de paróquias e de sacerdotes está em crescimento.

Segundo o Anuário, há 22% mais igrejas e 31,8% mais párocos do que em 2000. “O apelo para as vocações sacerdotais tem se intensificado nos últimos anos e vem sendo realizado pelas tevês católicas e as novas mídias, como sites e redes sociais”, afirma a socióloga da religião Sílvia Fernandes, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). “Por outro lado, a figura do padre está se modernizando e dialogando mais com a sociedade, o que pode também funcionar como um fator de atração para a juventude.”

Padre da paróquia Divino Espírito Santo, em Arthur Alvim, zona leste de São Paulo, o paranaense Cláudio Francisco de Oliveira, 38 anos, passou quatro anos celebrando na igreja São José, em Madri, na Espanha, entre 2005 e 2009. Chegou àquele país para cursar um doutorado, mas foi cooptado para celebrar na capital espanhola durante o período de estudos. “Os padres jovens são minoria e alguns celebram no esquema de rodízio. Um amigo de Bilbao, onde há uma residência sacerdotal com 400 padres aposentados, cuida de cinco paróquias”, conta Oliveira, que também acumulava funções rezando cinco missas por semana em uma residência de idosas.

O pároco paranaense relata que no País Basco há seminários sem nenhum aluno. “Lembro que as cidades de Bilbao, São Sebastião e Vitória uniram seus seminários e mesmo assim havia apenas seis estudantes no total”, conta ele. A importação europeia de sacerdotes tem feito com que alguns bispos da América Latina e da África sintam receio de enviar seus padres para estudar no Exterior por conta da possibilidade de não tê-los de volta.

A preocupação chegou ao Vaticano, que, em uma carta assinada pelo papa Bento XVI, recomenda aos bispos da África que orientem seus padres a retornar à terra natal após finalizar os estudos na Europa. Essa indicação foi seguida pelo padre Oliveira, que voltou ao Brasil, apesar de ter recebido uma proposta para seguir a vida eclesial na Espanha.

Embora em queda, a igreja é a instituição na qual os latino-americanos mais confiam, mostra pesquisa do Latinobarômetro de 2011. Em 1996, ano da primeira medição, 76% dos latinos confiavam na igreja, índice que este ano ficou em 64%.

A informação é da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC).

Os chilenos são os mais desconfiados em relação à igreja e é no Chile onde esse índice apresenta a maior queda percentual. Em 1995, 80% dos chilenos apontaram a igreja como a instituição mais confiável. Em 2009, esse percentual caiu 13% e em 2011 apenas 38% ainda têm a igreja como digna de confiança.

Esse queda abrupta, analisa o Latinobarômetro, está relacionada com escândalos envolvendo sacerdotes em denúncias relacionadas à sexualidade. Paraguaios, com 78%, brasileiros, com 76%, bolivianos, com 74%, são os povos que mais confiam na igreja, bem acima da média regional, que é de 64%.

De modo geral, o Latinobarômetro constata uma queda generalizada da confiança de latinos em relação às instituições. A exceção são os governos, que experimentaram crescimento, de 1995 a 2011 vinculado aos processos de democratização. Em 1998, esse índice era de 28%. Em 2011, subiu para 40%.

O Latinobarômetro ouviu 20,2 mil latino-americanos, em 18 países, de 15 de julho a 16 de agosto, com mostras que podem ter uma margem de erro de 3% por país. O estudo é realizado pela Corporação Latinobarômetro, uma ONG sem fins lucrativos, com sede em Santiago do Chile.

País de tradição católica desde seus primórdios, mais de 2.500 cidades brasileiras homenageiam santos em seus nomes. Destas, 236 fazem referência a Santo Antônio, como Santo Antônio das Missões (RS), Novo Santo Antônio (MT) e Barra de Santo Antônio (AL).

Outras 220 homenageiam São João, como São João Nepomuceno (MG), São João do Araguaia (PA) e São João do Sul (SC). São Francisco batiza 127 cidades, como Amparo de São Francisco (SE), São Francisco do Conde (BA) e Barra de São Francisco (ES).

Além destas, são 118 referências a Santa Maria. É o caso de Santa Maria do Oeste (PR), Santa Maria da Boa Vista (PE) e Santa Maria da Vitória (BA). Entre os nomes exóticos e curiosos estão Boa Morte (MG), Pendura Saia (GO), Saco do Boi (MA) e Vai-Quem-Quer (AM e PA), entre outros.

Erick Sávio
Margarida Hulshof é jornalista e escreve sobre religião no jornal O LUTADOR, de Minas Gerais. Já escreveu sobre fé e Moral e agora publica o primeiro volume de uma obra, que trata sobre a Igreja. Estas primeiras páginas serão agora aqui reproduzidas e nos ajudarão a refletir sobre nossa querida Mãe Igreja, ou melhor, Santa Mãe Igreja.

“Participei de um curso sobre eclesiologia, onde o palestrante começou dizendo: “Estamos acostumados a ouvir dizer que Jesus morreu para nos salvar. Acho isso muito pouco… Na verdade, não é nada disso: Jesus veio ao mundo para nos ensinar a maneira correta de viver, e foi morto porque incomodou aos poderosos.”

Sei que essa é uma visão comum hoje em dia, mas confesso que ela me parece, no mínimo, estranha. De acordo com ela, poderíamos então concluir que a morte de Jesus não fazia parte dos planos de Deus. Teria sido um acidente imprevisto, que por acaso acabou sendo útil à “causa” do Reino, devido à repercussão que teve.

Não que esse não seja um ponto de vista válido. Jesus incomodou mesmo aos poderosos, que por esse motivo o mataram. Essa foi a razão exterior, a causa aparente, a forma como esses mesmos poderosos compreenderam o acontecimento. Foi a estreita porção da realidade que seus endurecidos corações conseguiram captar…

Trata-se, pois, de uma visão que não deixa de ser verdadeira, mas é certamente limitada, parcial. Está longe de esgotar o profundo significado do mistério da Encarnação e da Redenção. É a visão “terrena”, materialmente evidente, verificável por qualquer observador, ainda que estranho ao contexto. Ou seja: para constatar isso, não é preciso ter fé… assim como, para vivenciar isso, Jesus não precisaria ser Deus. Essa, sim, eu considero uma visão muito pequena e pobre do sublime Mistério da Salvação de que a Igreja é porta-voz.

Acontece que Jesus nos convidou a ir além… Ele revelou claramente a sua identidade divina e não deixou de sublinhar a dimensão transcendente da sua missão redentora. Partilhou conosco os segredos do Pai, ensinando-nos o caminho para poder, um dia, ocupar as moradas que, com seu sacrifício, ele nos preparou junto de si, em seu Reino Eterno.

Enviou-nos o Espírito Santo para que pudéssemos compreender e percorrer esse caminho que ultrapassa o âmbito terreno e se direciona para a eternidade, à qual somos chamados pelo amor infinito de um Deus que nos criou à sua imagem e semelhança e que, se por sua vez quis assumir a nossa imagem, não foi para ficar no nosso nível, mas para nos elevar até o seu. O estágio “carnal” de Jesus foi temporário e mesmo bastante breve, para nos mostrar que, também para nós, a vida terrena é apenas passagem, é preparação, é um meio e não um fim. Ele veio para nos abrir a porta da verdadeira vida…

Jesus assumiu livremente sobre si as conseqüências dos nossos pecados, entregando sua vida para nos resgatar da morte. Como ele mesmo disse, foi exatamente para isso que ele veio a este mundo… (Jo 12, 27).

Certamente, a causa da morte de Jesus foram os pecados humanos. Mas ele não é simplesmente a vítima, é também o ofertante do sacrifício. Não faz sentido dizer que a morte de Jesus foi algo alheio à vontade de Deus, quando o próprio Jesus afirmou, várias vezes, coisas como: “Ninguém me tira a vida, mas eu a dou livremente. Tenho o poder de entregá-la e o de retomá-la; esse é o mandamento que recebi de meu Pai.” (Jo 10, 18); “O Filho do Homem veio para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Mt 20, 28); “Deus enviou seu filho ao mundo não para julgá-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele.” (Jo 3, 17); “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos.” (Jo 15, 13); “Pai, faça-se a tua vontade…”(Mt 26, 39); “É chegada a hora em que o príncipe deste mundo será lançado fora…” (Jo 12, 31); “Este é o sangue da Aliança, que será derramado por vós e por todos, para a remissão dos pecados” (Mt 26, 28), e muitos outros exemplos semelhantes. João Batista, recordando o rito judaico do sacrifício de expiação pelos pecados, e comparando Jesus com a vítima imolada nesse rito, já profetizava: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo…” (Jo 1, 29).

Para quem tem fé, portanto, não pode haver dúvida de que o sacrifício de Jesus foi, em primeiro lugar, uma livre iniciativa do amor misericordioso de Deus, um presente gratuito por ele oferecido para nossa salvação. Espanta-me que alguém possa considerar “muito pouco” esse dom inestimável da Salvação, dando mais importância à capacidade de enfrentar os poderosos na defesa de um ideal humanitário (coisa que qualquer pessoa pode fazer), do que ao amor gratuito e inigualável de um Deus que se entrega em resgate por nós, pecadores, não apenas para nos libertar de dificuldades terrenas, mas principalmente para nos garantir uma vida muito mais preciosa, que somente ele nos pode dar.

Há quem diga que considerar a cruz como algo meritório, como fonte de redenção, é atitude “imperialista”, destinada a induzir as pessoas a aceitar passivamente a “tirania do sistema”, ao invés de lutar por seus direitos. Como se o fato de buscar a vida eterna impedisse alguém de ser feliz na terra, ou como se olhar para o céu nos tornasse menos humanos… Como se a oferta de nossa vida, em união com a oferta de Jesus, não fosse justamente a maior prova de amor que podemos dar a nossos irmãos!

Assim como tendem a valorizar mais o dom dos pães e dos peixes do que o da vida eterna (atitude censurada por Jesus em Jo 6, 26-27), essas pessoas também costumam olhar da mesma forma para a Igreja, destacando apenas a sua missão terrena. Esquecendo-se de que, na Igreja, a autoridade vem de Deus e significa serviço ao invés de “poder” no sentido profano, gostam de criticar a hierarquia como se fosse uma forma de “opressão” e de ressaltar as infidelidades, as contradições, as tentações e as falhas no governo da Igreja, ao invés de valorizar a ação da Graça ou os abundantes frutos de fé, de sabedoria e de santidade autênticas produzidos pela mesma Igreja (e não apesar dela) em todos os tempos.

Os santos e mártires são lembrados apenas como outras tantas vítimas dos poderosos, que podem até ter oferecido livremente suas vidas pela causa do Reino, mas um “reino” visto como meramente terreno, onde a fraternidade e a justiça são buscadas como meta, mais do que como caminho para a vida eterna. Poucos se lembram de que os santos, em qualquer tempo, têm sempre os olhos voltados para a eternidade, e que, a exemplo de Cristo, oferecem suas vidas a Deus pela salvação dos pecadores, sendo essa a motivação que os move a aliviar os males imediatos de seus irmãos sofredores. Só é capaz de amar verdadeiramente quem tem o céu como referência…

Além disso, todos esses santos nutriam um profundo respeito pela Igreja, que não viam como madrasta, mas como verdadeira mãe e mestra. Mesmo os grandes reformadores, como São Francisco de Assis, não se consideravam como tais. Não pretenderam nunca “bater de frente”, julgar ou criticar, mas apenas fizeram a sua parte, cumprindo com fidelidade a sua missão na edificação da mesma Igreja, pela qual se sabiam também responsáveis.

Os “revolucionários” parecem julgar desnecessário lembrar que a Igreja não é obra apenas humana, mas, principalmente, divina. Que o Espírito Santo está no comando, guiando a Igreja ao longo da história, apesar da fraqueza dos instrumentos escolhidos. E que, se nem sempre os caminhos e os momentos de Deus coincidem com os nossos, isso não significa que ele esteja ausente, mas revela, antes, que nossa limitada razão é insuficiente para compreender os desígnios de sua sabedoria. As pedras com que tantas vezes nos ferimos uns aos outros não são obstáculo ao plano de Deus; ao contrário, são os tijolos com os quais Deus está construindo um Reino maior do que aquele idealizado por nossos sonhos meramente terrenos.

Não que Deus não se importe com os nossos sonhos ou com nossas necessidades temporais. Ao contrário. A promoção da dignidade humana neste mundo é parte importante da construção do Reino, mas o Evangelho não nos autoriza a vê-la como um fim em si mesma.
Jesus deixa claro que ela é caminho, instrumento, degrau que nos conduzirá mais além.

Não fomos criados para permanecer, nem para nos contentar com este mundo (Rm 12, 2), embora ele seja uma etapa importante e necessária em nossa vida, a “ferramenta de trabalho” que nos é dada para conquistar o outro. Se alguns irmãos são beneficiados, é sempre porque outros se despojaram de seu supérfluo em vista de bens superiores… Não existe justiça verdadeira sem essa compreensão prévia sobre os valores perenes e sobre o amor que se traduz em dom.

A missão da Igreja vai muito além de construir um mundo “ideal” aqui na terra, embora essa construção deva ser buscada e aconteça, de fato, quando cultivamos os valores que nos conduzirão à Vida Eterna. Embora alguns achem que esses “valores eternos” produzem alienação e impedem a justiça, eu estou convencida de que é o contrário que acontece, ou seja: os próprios resultados temporais têm maiores chances de ser alcançados quando colocamos além deles o objetivo de nossos esforços, quando vemos nesses mesmos esforços um sentido que ultrapassa o seu fruto imediato e que não depende necessariamente dele, já que somos guiados e motivados por uma Vontade que ultrapassa a nossa. O reino de fraternidade, justiça e paz que desejamos só acontece quando é visto como conseqüência, não como objetivo: “Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua Justiça, e tudo o mais vos será dado em acréscimo”… (Mt 6, 33).

Quando assim agimos, tornamo-nos capazes de avaliar com olhos menos críticos a caminhada da Igreja, e de ver nela a Noiva de Cristo, a Esposa sem mancha que o próprio Deus purificou.

Todas as pessoas têm qualidades e defeitos. Quem olha apenas as qualidades, ou apenas os defeitos, não poderá dizer que conhece realmente uma pessoa. Mas é certo que, se procurarmos incentivar as qualidades, mais do que salientar os defeitos, estaremos ajudando essa pessoa a crescer. E se, ao contrário, só colocarmos em relevo os defeitos, isso não a ajudará a tornar-se melhor…

Quando amamos alguém, geralmente concentramos o olhar em suas qualidades. É uma tendência que faz parte da própria natureza do amor. Alguns dizem, por esse motivo, que “o amor é cego”, mas há quem sugira uma interpretação mais otimista para essa atitude, como o convertido André Frossard, que escreveu:

“Quem disse que o amor é cego? Somente ele enxerga bem, pois descobre belezas onde outros nada vêem. Um olhar de amor é sempre um olhar de grata surpresa” (trecho do livro Deus existe, eu o encontrei).

Concentrar-se nas qualidades não significa ignorar os defeitos, mas sim, olhar para eles de uma forma construtiva, buscando compreender suas causas e despertar as potencialidades escondidas por trás deles. É acreditar sempre nas possibilidades latentes, ajudando o ser amado a confiar em si mesmo, e motivando-o a investir nessa fé. É assim o amor dos pais pelos filhos. É assim o amor de Deus por nós…

O amor filial costuma ser ainda mais devotado. Não há nada mais comovente do que o olhar de total confiança, de verdadeira adoração que uma criança dirige à sua mãe, por mais imperfeita e fraca que esta seja. Mãe é mãe, e isso diz tudo…

Esse é, em minha opinião, o olhar que deveríamos dirigir à nossa Mãe-Igreja […].

Tal amor incondicional nunca fará mal a mãe alguma, e pode, além disso, ser fonte de redenção para uma mãe machucada pela vida, se for o caso, assim como o amor de Deus foi fonte de redenção para nós.

Hoje, porém, parece que o amor filial saiu de moda, ao menos em relação à Igreja, assim como à mãe-Pátria. Filhos ingratos se comprazem em proclamar de cima dos telhados, quase com orgulho, os defeitos (reais ou presumidos) daquela que lhes deu a vida, esquecendo-se de valorizar suas qualidades.

Acredito que não é por falta de amor que assim agem, nem por má intenção, mas sim por defender um jeito diferente de amar. Em vez da submissão que nasce da confiança, preferem o questionamento, o relativismo, a subjetividade. Querem uma Igreja e mesmo um Deus “fabricados” à imagem de sua razão, ao invés de aceitar a condição de criaturas…

Como Adão e Eva (ou como o Filho Pródigo), já não acreditam que a submissão possa ser o melhor caminho para a felicidade, e preferem tomar nas mãos as rédeas da própria vida, descobrir por si mesmos o sentido da existência.

Eu, porém, reivindico o direito de amar a minha Igreja do jeito que aprendi, e de acreditar nela. Reivindico o direito de expressar esse amor, e de explicar seus motivos, como faço neste livro. Uma visão centrada nas qualidades não é uma visão falsa, pois as qualidades são tão reais quanto os defeitos. Trata-se apenas de escolher o melhor ângulo… E por que escolher voluntariamente o pior, quando temos outra opção?

Se existe na Igreja um lado humano, frágil e pecador, nem por isso é menos verdade que Deus não se envergonha de servir-se desses “vasos de barro” para transportar, através dos tempos, o tesouro da sua Palavra, do seu Amor, da sua Salvação. Apesar da fragilidade dos vasos, o Tesouro tem sido preservado… E penso que mais vale admirar, com respeito e reverência, esse milagre da Graça que opera apesar de nós, do que, à força de concentrar o olhar nos vasos, acabar esquecendo a procedência (e a finalidade) do tesouro…

Enfatizar a santidade ou a dimensão transcendente da Igreja não é trair a sua vocação humana, mas é, ao contrário, compreender essa mesma vocação na integridade de sua grandeza. Assim como a posição vertical não desmerece o homem em relação aos animais irracionais, mas expressa, justamente, a sua especial dignidade…”


Luis Dufaur

A grande mídia procura dar uma impressão desanimadora do Brasil, como se fosse um país cuja maioria prefere a imoralidade e a decadência igualitária. Entretanto, essa visualização é muito parcial.

Geraldo Galindo, dirigente estadual do PCdoB/BA, julgou com olhos comunistas as preferências do Brasil profundo e expôs suas conclusões no site Vermelho.org, mantido pela Associação Vermelho em convênio com o Partido Comunista do Brasil – PCdoB.

Eis suas palavras:

“[No Brasil] a maioria do povo é contra o aborto, é contra o casamento entre homossexuais, é contra o desarmamento, contra leis que asseguram o estado laico etc.

“Isso é decorrente, entre outros fatores, por conta de uma influência religiosa ainda muito marcante em nossa sociedade ‒ o que tem travado a aprovação de propostas que fariam o país avançar para um ambiente mais civilizado – e também pela força das dezenas de partidos conservadores presentes na disputa política.

“Aqui em Bruzundanga, quando falamos em respeitar os direitos humanos, os direitistas falam que estamos ao lado dos bandidos;
quando defendemos cotas para negros e pobres, eles dizem que estamos premiando a ignorância;
quando dizemos que o corpo da mulher pertence a ela e ela deve decidir sobre ele, os reacionários dizem que o corpo pertence a Deus e que as regras do tal deus é que devem prevalecer e nos acusam ainda de estarmos propondo o assassinato de crianças indefesas;
quando se pretende punir os país que surram os filhos, eles vêm com o argumento de intromissão do governo em assuntos domésticos;
quando propomos a união entre homossexuais e o combate contra a homofobia eles dizem que estamos fazendo campanha para o povo fazer opção pelo homossexualismo;
quando defendemos o desarmamento, eles afirmam que queremos desarmar o povo e deixar os bandidos bem armados;
quando combatemos o racismo, eles dizem que estamos pregando o ódio entre as raças;
se somos contra o ensino de religiãonas escolas, falam que somos ateus materialistas e que queremos proibir a bíblia.

“Quando defendemos programas sociais para o povo pobre, eles falam em assistencialismo e estímulo à preguiça,
quando defendemos pesquisas com células-tronco para a cura de doenças, eles falam que estamos ameaçando as leis divinas;
quando bradamos contra o machismo eles dizem que essa é a tradição brasileira;
quando queremos investigar os crimes da ditadura eles nos acusam de revanchistas. (…)

“O pior de tudo é que vez por outras surgem pessoas tidas como de “esquerda”, que em tese deveriam estar ao lado de causas libertárias, assimilando esse tipo de discurso, como a presença de deputados do PT em manifestações públicas contra os homossexuais e contra o direito da mulher fazer aborto. (…)

“Seria bom que todas pessoas pudessem ler o livro “Preconceito Lingüístico” e outros do professor da UNB Margos Bagno (pode-se baixar na internet). Para os conservadores de plantão, a avançada idéia do MEC de se contrapor à ditadura da “gramática culta” seria estimular a ignorância entre os alunos, quando o objetivo vem a ser exatamente o contrário.”


O povo brasileiro ainda possui no mais profundo de sua alma reservas de bom senso e de moralidade que o fazem reagir contra todos os fatores de dissolução social e religiosa.

Igreja Católica em Kerala
Igreja Católica em Kerala

A igreja de Nossa Senhora de Vailankanni, no estado de Kerala, sul da Índia, foi invadida e depredada por fanáticos anti-católicos, informou a agência Zenit.

Os vândalos destruíram o altar, ornamentos sagrados e confessionários, além de ameaçarem os fiéis que acudiram em grande número quando ouviram o tumulto.

Os fanáticos hinduístas e islâmicos estão perdendo a cabeça vendo o progresso do catolicismo. 20% da população do estado de Kerala já é católica.

Veneração pública da Cruz,
Kuravilangadu, Kerala

O bispo diocesano D. Stanley Roman explicou que “há uma comunidade católica muito viva e numerosa. Por isso, tínhamos a intenção de construir uma igreja maior. O projeto alarmou os grupos extremistas hinduístas”, além dos islâmicos.

O bispo precisou tranqüilizar o povo católico que estava prestes a dar o troco aos agressores e o convidou a suportar com paciência as violências. “Agiremos segundo a lei”, sublinhou.

Foi essa a conduta dos primeiros católicos no tempo das perseguições romanas. No fim, o império pagão caiu de podre e a Igreja Católica emergiu triunfante das catacumbas.