jornal Il Foglio

Como na Inglaterra e na Escócia durante a viagem de um ano atrás. Como naEspanha há poucas semanas. Também na Alemanha a acolhida que uma parte do país pretende reservar a Bento XVI, do dia 22 a 25 de setembro próximos, não é das melhores.

Há protestos de grupos de associações organizadas (muitos deles aderentes do movimento gay alemão) que, no dia 22 de setembro, no Portão de Brandenburgo, quando o pontífice fizer um discurso aos parlamentares, elas se concretizarão em um desfile liderado por um falso papamóvel com um “antipapa”. A acusação, no fundo, é a de sempre: Ratzinger lidera uma Igreja obscurantista e antimoderna.

E depois há os protestos provindos de dentro da Igreja Católica: um grupo de católicos alemães liderado pelos sacerdotes Norbert Reicherts e Christoph Schmidt assumiram as reivindicações dos 150 padres Austríacos que antes do verão [europeu] pediram a Bento XVI a abolição do celibato sacerdotal, a ordenação feminina, a readmissão à Eucaristia dos divorciados de segunda união e o retorno à Igreja dos sacerdotes que se casaram e tiveram filhos.

Sandro magister, vaticanista, parte da dissidência interna da Igreja para dizer que “é uma fermentação típica do mundo de língua alemã, uma fermentação que se apresenta com uma característica específica: a antirromanidade”. Ele diz ao Il Foglio: “NaAlemanha, são fortes as pressões protestantes que pedem reformas e inovações à Igreja Católica. A essas demandas, parte do mundo católico reage repropondo-as, porque as julga necessárias para se manter no ritmo da modernidade. Também é um modo pelo qual parte do mundo católico reivindica a sua autonomia de Roma, do papa, do centro da catolicidade. São reformas cujo conteúdo é conhecido há muito tempo, mas que retornam ciclicamente. Acredito que, pra avaliá-las do modo mais justo, porém, é preciso uma leitura mais distanciada”.

Qual? “Parece-me evidente que aqueles que pedem inovações no plano do celibato, do sacerdócio, da moral sexual etc., não pedem à Igreja nada mais do que um sinal, um milagre, um pouco como os fariseus que pediram a Jesus um sinal do céu para pô-lo à prova. Jesus respondeu dando-lhes o que pediam, mas respondeu voltando ao essencial, isto é, convidando a todos a olhar para ele.

Lembrando-lhes que ele era a resposta que buscavam. O papa faz o mesmo. Não reage a essas exigências oferecendo gestos taumatúrgicos, que depois não o são, mas simplesmente convida a todos a olhar para Deus, para o Mistério, para aquilo que é essencial na vida dos fiéis. Além disso, é sabido que a verdadeira reforma da Igreja, para Ratzinger, não parte de uma mudança das estruturas ou das normas, mas sim, sobretudo, de uma conversão do coração, de um convite a todos os fiéis a olharem para Deus.

Na Itália, nestes dias, muitos também pedem um sinal à Igreja: renúncias aos benefícios do 8 por mil [porcentagem da arrecadação total do imposto de renda italiano que é repassada às diversas confissões religiosas]. Esse pedido, no fundo, também espelha aquele dos fariseus: dá-nos um sinal, faça um milagre”.

leitmotiv das viagens de Bento XVI parece ser o dos protestos preventivos. Grupos hostis, alimentados por uma eficaz campanha midiática, prometem fogo e enxofre assim que o papa puser seus pés em seu país.

“Sim – diz Magister –, mas esses protestos, depois, se derretem como neve no sol. É um pouco como o Irene. Devia ser um furacão e se tornou uma simples tempestade ou quase isso. Assim são os protestos contra o papa. Antes que Ratzinger chegue, são furacões chegadas. Uma vez que Ratzinger aterriza e começa a sua viagem, depois dos seus gestos, dos seus discursos, não há mais quase nada. Na Inglaterra e na Escócia, muitos políticos que anteriormente haviam atacado Bento XVI também tiveram que declarar publicamente que estavam errados. Assim também na Espanha. Até mesmo alguns colegas de Zapatero acusaram o primeiro-ministro socialista por ter ido a Canossa, como se o seu encontro com o papa fosse uma ‘desistência papista’. Na Espanha, foi dada uma grande ênfase a essas declarações e também aos movimentos de protesto dos indignados nas praças. Mas a viagem em si, os milhares de jovens presentes e as palavras do papa afundaram qualquer polêmica, de fato”.

Fonte G1

A proporção de brasileiros fiéis ao catolicismo caiu ao menor nível já registrado desde 1872, segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira (23) pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Apesar da queda, o catolicismo ainda é a maior religião no país, seguida pela igreja evangélica e pelo espiritismo.

Os dados fazem parte de um mapa de religiões traçado pela FGV. Segundo o estudo, 68,43% da população brasileira se dizia católica em 2009, cerca de 130 milhões de pessoas.

Conforme o estudo, a proporção de católicos vinha se mantendo constante no início dos anos 2000, mas houve queda de 7,3% dos adeptos ao catolicismo entre 2003 e 2009. A pesquisa reuniu microdados de pesquisas do IBGE com cerca de 200 mil entrevistados na década passada.

Uma das razões apontadas para a queda é o crescimento na proporção dos evangélicos no mesmo período (de 17,9% para 20,3% da população). Além disso, o grupo de pessoas que dizem não pertencer a nenhuma religião subiu, de 5,13% para 6,7% da população. No início da década, o índice dos “sem religião” havia caído, de 7,4% para 5,1%.

Ainda segundo a pesquisa, as mulheres continuam mais religiosas do que os homens, mas a proporção se inverteu no período analisado com relação ao catolicismo. Enquanto 71,6% se dizem católicas, 75,4% dos homens expressam pertencer a essa religião. Setenta anos antes, eram 96% e 95%, respectivamente.

Estados e capitais

O Piauí é o estado com maior número de católicos (87,93%), seguido pelo Ceará (81%) e Paraíba (80,25%). Os menos católicos são o Acre (50,73%), Rio de Janeiro (49,83%) e Roraima (46,78%). Roraima é também o estado com maior proporção de sem religião (19,39%), seguido do Rio de Janeiro (15,95%).

Ainda conforme o estudo, a periferia do Rio de Janeiro é a menos católica e menos religiosa de todas as metrópoles brasileiras. No outro extremo está a periferia de Porto Alegre e de Fortaleza, respectivamente, a mais religiosa e a mais católica.

Entre os evangélicos pentecostais, o Acre é o que contabiliza a maior proporção de adeptos (24,18%). Nas demais denominações evangélicas, o líder é o Espírito Santo (15,09%). O Sergipe é o estado com o menor percentual de evangélicos pentecostais (4,75%).

O Rio lidera em religiões espíritas (3,37%) e afro-brasileiras (1,61%), seguido, nos dois casos, pelo Rio Grande do Sul (2,34% de espiritualistas e 0,94% de afro-brasileiras). Já nas religiões orientais ou asiáticas, São Paulo possui o maior nível de adeptos (0,78%), seguido pelo RJ (0,69%) e Distrito Federal (0,52%).

Nas capitais, Boa Vista, Salvador e Porto Velho são as que possuem maior proporção de pessoas sem religião. Teresina é a capital mais católica do país, com 80, 66% de fiéis, seguida de Fortaleza (74,25%) e Florianópolis (73,91%). Boa Vista é a menos católica (40,87%). Os evangélicos são maioria em capitais da região Norte: Rio Branco (28,43%), Belém (23%), Boa Vista (21,21%) e Porto Velho (19,02%).

Renda

Com relação à renda, a grande parte dos sem religião está concentrada na classe E (7,72% deles não possuem religião), seguida pela classe A/B, com 6,91%. O mesmo acontece no catolicismo, que se concentra principalmente entre essas classes.

Evangélicos pentecostais são 14,98% da classe D. Já as igrejas evangélicas mais tradicionais estão mais concentradas na classe AB (8,35%) e C (8,72%). Outras religiões também estão mais concentradas na classe A/B.

Eis a frase que inicia o preâmbulo da nova constituição hungara planejada pelo governo do primeiro-ministro Victor Orban, que visa professar claramente a identidade cristã da Hungria: “Deus abençoe os húngaros!”

Segundo o site alemão Kath.net (30/3/2011), a apresentação do projeto de reforma constitucional deixou a oposição esquerdista preocupada – o que em geral é bom sinal -, pois o novo texto dará proteção à vida desde sua concepção e definirá o matrimônio como uma instituição composta entre um homem e uma mulher.

As intenções do governo húngaro não agradaram também a União Europeia, cuja agenda laicista e imoral visa impor o oposto em todos os países integrantes.

“Somos orgulhosos pelo fato de nosso rei Santo Estevão ter criado o Estado húngaro e colocado nossa pátria como parte da Europa Cristã”, lê-se na redação do preâmbulo.

Além de professar diversas vezes sua adesão à Cristandade, a Constituição se refere à “Santa Coroa” (foto acima), que pertenceu a Santo Estevão e com a qual cerca de outros 55 reis foram coroados, como símbolo da nacionalidade.

Com uma maioria de dois terços no Parlamento, o governo pretende implementar a nova constituição a partir da próxima Páscoa.

Quando George Palliparampil, hoje bispo de Miao, começou seu ministério no nordeste da Índia, seu trabalho missionário era ilegal e ele foi obrigado a passar por interrogatórios na polícia.
Apesar dos obstáculos atuais, o lar missionário de Dom Palliparampil é o lugar onde a Igreja católica mais cresceu nos últimos 30 anos, com mais de 10 mil batismos de adultos por ano, apesar da proibição das conversões.

Hoje, cerca de 40% dos aproximadamente 900 mil habitantes de Arunachal Pradesh são católicos e seu número cresce com rapidez. Nesta entrevista, o bispo Palliparampil, de 56 anos, revela os desafios da evangelização entre as populações tribais indianas.

– Excelência, falamos do nordeste da Índia, uma região muito montanhosa, com tribos que há 60 anos eram caçadoras de cabeças com uma cultura pagã. Quantas tribos vivem hoje nessa área?

Dom Palliparampil: Há 26 grandes tribos, que podem se dividir, em mais de 120 subtribos, e cada uma delas tem seu próprio dialeto e cultura. Gostaria de esclarecer a palavra ‘pagão’, dizendo que se trata de gente que não tem uma religião organizada. Adoram os poderes da natureza. A palavra ‘animismo’ os descreveria muito bem. Tudo tem a ver com os espíritos, tanto bons como maus. Se ocorre algo bom, é porque há um espírito bom. Se acontece algo mau, é que há um espírito mau. Tem-se de fazer um sacrifício propiciatório para apaziguar este espírito mau.

– Existe o conceito de um Deus?

Dom Palliparampil: Sim. Por exemplo, o povo Tani crê em um ancestral comum. Estudei sua cultura e é muito similar ao que lemos no livro do Gênesis. Crêem em um só Deus. O sol e a lua são os dois olhos de Deus, através dos quais Deus nos vê. O Abotani – o primeiro pai – teve só dois filhos, como Cain e Abel, e assim continua o relato.

– Quando o cristianismo chegou havia uma abertura para ele?

Dom Palliparampil: Havia e há. De fato, eles consideram que estão encontrando o cumprimento de algo que eles possuíam de modo parcial. Os grupos Tani se dão conta que de são parte de uma religião mundial. Os Tangsa descobrem um cumprimento de seus relatos. Temos a famosa cruz Mishmi. Há alguns grupos de Mishmis que se tatuam uma cruz nos corpos, mas ninguém sabe algo sobre a origem desta tatuagem.

– A aceitação do cristianismo nesta região está carregada de desafios. Há obstáculos impostos não só pela cultura pagã, mas também pelas restrições colocadas pelo governo indiano, que, até há pouco tempo, não permitia aos cristãos o exercício de seu ministério nesta região de Arunachal Pradesh. Quando foi a primeira vez que foi a Arunachal Pradesh?

Dom Palliparampil: Minha primeira visita foi a uma aldeia chamada Pappu nala, onde 400 pessoas se reuniram para celebrar o Natal. Quando chegamos ao lugar, encontramos a aldeia cercada pela polícia, e tivemos de ir embora. No caminho, fui detido. Fiquei preso até a madrugada. Interrogaram-nos, mas, em vez disso me assustar, deu-me determinação para fazer algo ali, onde encontramos pessoas famintas de fé, de ter culto – tudo o que não podiam ter.

– Os políticos não queriam que os cristãos entrassem, não queriam que os cristãos evangelizassem, e os prenderiam e deportariam. Qual foi a reação das pessoas?

Dom Palliparampil: Querem alguém que as ame – esta é minha experiência. Encontrei uma aceitação de 100% e para que veja que estou certo, no momento em que as pessoas da aldeia de Pappu nala souberam que tínhamos sido detidos, 300 foram à delegacia, com facas, espadas e tochas, e a cercaram. Não iam se mover até que nos soltassem. Às 23h30, o oficial de polícia nos pediu: “por favor, peçam às pessoas que vão embora. Vocês ficarão aqui esta noite e depois os levaremos para casa”. Eu insisti: “não, não pediremos”. E o chefe da aldeia disse: “não vamos sair daqui”.

Finalmente, às 0h30, conseguiram um caminhão do exército para nos levar a Assam, mas as pessoas insistiam: “não vamos sair daqui porque não confiamos no governo”. Todos que puderam subiram no caminhão e nos escoltaram de volta à missão. Só depois disso se foram. Esta é a reação das pessoas. Tenho estado ali todos os anos, primeiro de passagem e depois, desde 1992, permanecendo ali, e diria que sou um deles.

– De fato, agora o governo pensa cada vez mais na Igreja como protetora da cultura local. Como tentam proteger a cultura local e como conseguem, frente à globalização e à secularização?

Dom Palliparampil: Exatamente. É a primeira coisa que temos de ter em mente: a compreensão errônea que muitos têm da cultura. Alguns pensam que a cultura é algo muito estático – uma forma tradicional de vestir e viver, em locais rústicos. Isso separadamente não é cultura. A cultura é o que um homem faz; é o que lhe dá sua identidade, sua forma de pensar, seu sistema de valores. Ao se converter em cristão ou viver uma vida cristã em uma sociedade moderna globalizada, um membro de uma tribo não deixa por isso de pertencer menos a sua tribo.

– Em sua diocese há 70.000 católicos e seu número cresce com rapidez. Qual tem sido o melhor instrumento de evangelização, que animou o crescimento da fé em Arunachal Pradesh?

Dom Palliparampil: Creio que o maior êxito, se se pode chamar assim, é que as pessoas sentiram que encontravam na Igreja algo que ia com elas. Não é algo que vem e que lhes dá alguns planos e projetos e lhes diz: “façam isso e crescerão” ou “temos somas disponíveis para que possam fazer o que quiserem com elas” ou “rezem e assim serão salvos”. Não. O que as pessoas têm visto é alguém que se implica em cada aspecto de suas vidas, e elas aceitam isso.

Posso citar o oficial de polícia que nos deteve em 1980. Ele dizia claramente: “não há aldeia onde não tenham chegado os missionários cristãos. Dormiram nas casas tribais. Comeram com os membros das tribos. E eles podem entrar em suas casas em qualquer momento. Eles vão às suas escolas por toda a Índia. Acolhem os enfermos, para lhes dar tratamento – não só nos hospitais do nordeste, mas até Chennai, Apollo e Velur, e não para convertê-los, mas por razões meramente humanitárias. Quando esta gente (os missionários cristãos) chega, tenho de aceitar que os membros das tribos queiram formar parte do cristianismo”. E isso é o que está ocorrendo de verdade. Não é uma conversão imposta, como alguns tentam dizer. Eles simplesmente aceitam.

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Esta entrevista foi realizada por Marie-Pauline Meyer para ‘Deus chora na terra’, um programa rádio-televisivo semanal produzido por ‘Catholic Radio and Television Network’ (CRTN), em colaboração com a organização católica Ajuda à Igreja que Sofre.

Tendências Atuais do Catolicismo

Um estudo em seis regiões metropolitanas brasileiras

CERIS* /CNBB


* CERIS: Fundado no ano de 1962 em um ato conjunto entre a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – e a CRB – Conferência dos Religiosos do Brasil –, atendendo uma exigência das ações pastorais e sociais da Igreja Católica no Brasil, o CERIS tem, também, o objetivo de dar suporte técnico e sociológico aos trabalhos da Igreja e sempre foi uma instituição que tem como marca a avaliação de projetos, pesquisa e monitoramento de experiências populares e pastorais, além de assessoria a movimentos sociais e eclesiais, financiamento e apoio a pequenas iniciativas.

Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais – CERIS é uma sociedade civil sem fins lucrativos, filantrópica, de assistência social e promoção cultural, com sede e foro na cidade do Rio de Janeiro, RJ, fundado em 1º de outubro de 1962 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB).

Apresentamos os resultados finais por região da pesquisa “Tendências Atuais do Catolicismo – um estudo em seis Regiões Metropolitanas”, realizada no ano de 1999 pelo CERIS. Foram entrevistados 5.218 indivíduos, distribuídos por meio de uma amostra qualificada. Os resultados divulgam o perfil sócio-econômico desses entrevistados/as e as dimensões religiosas, éticas e políticas, que compõem seu comportamento social em relação à religião. São revelados, ao longo da exposição dos dados, indícios que demonstram os efeitos da modernidade religiosa contemporânea nas crenças, práticas e visões de mundo dos indivíduos, especialmente do segmento católico.



Em espanhol

Aumenta o número de batizados no mundo (cerca da metade dos católicos vive no continente americano), assim como o de sacerdotes e seminaristas, enquanto se registra uma ligeira diminuição no número de religiosas.

Esta é a informação geral oferecida pelo Anuário Pontifício 2011, apresentado no último sábado a Bento XVI pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado vaticano, e pelo arcebispo Fernando Filoni, substituto da Secretaria de Estado para Assuntos Gerais.

As estatísticas de 2009 oferecem uma visão sintética das principais dinâmicas da Igreja Católica nas 2.956 circunscrições eclesiásticas do mundo: os fiéis batizados no mundo passaram de 1.166 bilhão, em 2008, para 1.181 bilhão, em 2009, com um aumento absoluto de 15 milhões de fiéis e um percentual de 1,3%.

A distribuição de católicos entre os continentes é muito diferente da distribuição da população.

A América, de 2008 a 2009, manteve na população uma incidência constante no total global semelhante a 13,6%, enquanto os católicos (na América) alcançaram, em dois anos, 49,9% do número de católicos no mundo.

Na Ásia, o aumento foi de aproximadamente 10,6%, mas este é significativamente menor que o do continente no que se refere à população mundial (60,7%).

A Europa tem um peso de população inferior de três pontos percentuais da dos EUA, mas sua incidência no mundo católico é de 24%, ou seja, quase a metade da dos países americanos.

Tanto para os países africanos como para os da Oceania, o peso da população com relação ao total é um pouco diferente da dos católicos (15,2 e 0,8%, respectivamente, para a África e a Oceania).

O número de bispos no mundo passou, de 2008 a 2009, de 5.002 a 5.065, com um aumento de 1,3%.

O continente mais dinâmico é o africano (1,8%), seguido pela Oceania (1,5%), enquanto abaixo da média como um todo está a Ásia (0,8%) e a América (1,2%). Na Europa, o aumento foi de cerca de 1,3%.

A população sacerdotal mantém uma taxa de crescimento moderado, inaugurado em 2000, após um longo período de resultados decepcionantes.

O número de sacerdotes, tanto diocesanos como religiosos, aumentou durante os últimos dez anos 1,34% em todo o mundo, passando de 405.178, em 2000, para 410.593, em 2009.

Em especial, em 2009, o número de sacerdotes aumentou 0,34% em relação a 2008.

Este aumento segue uma queda de 0,08% do clero religioso e o aumento de 0,56% do diocesano. A queda percentual afetou apenas a Europa (0,82% para os diocesanos e 0,99% para os religiosos), visto que, em outros continentes, o número de sacerdotes, em geral, aumentou.

Com exceção da Ásia e da África, o clero religioso diminuiu em todos os lugares.

Os diáconos permanentes aumentaram mais de 2,5%, passando de 37.203, em 2008, para 38.155, em 2009.

A presença dos diáconos melhora na Oceania e na Ásia, com ritmos elevados: na Oceania, os diáconos não atingem ainda 1% do total, com 346 unidades, em 2009, e na Ásia registram um aumento de 16%.

Os diáconos também aumentaram em áreas onde sua presença é mais importante quantitativamente. Nos Estados Unidos e na Europa, onde, em 2009, residia cerca de 98% da população total, os diáconos cresceram, respectivamente, de 2,3 a 2,6%.

No entanto, houve uma diminuição entre as religiosas professas. Em 2008, elas eram 739.068 em todo o mundo, reduzindo-se, em 2009, para 729.371.

A crise, portanto, permanece, apesar da África e da Ásia, onde há um aumento.

O número de candidatos ao sacerdócio no mundo subiu 0,82%, passando de 117.024 unidades, em 2008, para 117.978, em 2009. Grande parte do aumento é atribuído à Ásia e à África, com taxas de crescimento de 2,39% e 2,20%, respectivamente. A Europa e a América registraram uma contradição, respectivamente, de 1,64 e 0,17%, no mesmo período.

O Conselho Nacional de Igrejas dos Estados Unidos e do Canadá informou que o número de paroquianos católicos nos EUA aumentou no último ano, enquanto que a cifra de seguidores de igrejas protestantes -de maior arraigo no país- sofreu uma significativa queda.

Segundo o 79º Relatório Anual do Conselho, no ano 2010 o número total de cristãos na América do Norte subiu a 145,8 milhões de pessoas, o que supõe uma diminuição de 1,05 por cento respeito ao ano anterior.

O relatório, difundido pela Rádio Vaticano, detalha que a Igreja Católica é a que conta com o maior número de fiéis no país com 68.5 milhões de pessoas e um crescimento de 0.57 por cento.

As razões do aumento, obedecem principalmente à imigração procedente de países latino-americanos de tradição católica.

Inácio Almeida viaja entre os séculos e aborda a importância do sinal da cruz, mostrando como diversas e importantes figuras históricas se valiam do sinal, o dístico do cristão, em momentos de perigo, de decisão e na iminência da morte, como forma de alcançar a serenidade necessária em momentos cruciais.

Outrora, em Besra na Idumea, ocupava o trono Episcopal São Julião. Este santo tinha uma alma cheia de zelo e piedade, não media esforços para trazer ao redil de Nosso Senhor Jesus Cristo as ovelhas tresmalhadas daquele rebanho.

Entretanto, alguns influentes habitantes desta cidade, descontentes com o progresso da fé, tomaram a resolução de envenenar este santo homem de Deus. Para isto, subornaram o próprio criado do Bispo. O infeliz aceitou e recebeu deles a bebida envenenada. Divinamente de tudo avisado, o Santo diz ao criado:

“-Vai, e da minha parte, convida para o meu jantar de hoje os principais habitantes da cidade”.

São Julião bem sabia que entre eles estariam os culpados. Todos acedem ao convite. Num dado momento, o Santo Bispo sem acusar ninguém, lhes diz com doçura evangélica:

“-Visto quererem envenenar o humilde Julião, eis que diante de vós passo a beber o veneno”.

Fez então três vezes o Sinal da Cruz sobre a taça, dizendo: “Eu te bebo em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”.

Em seguida, bebeu o veneno até a última gota e, ó milagre Divino, São Julião não sentiu o menor mal. Seus inimigos, diante de tal prodígio, caíram de joelhos a seus pés e lhe pediram perdão.

De onde vem a força deste simples gesto? Qual a sua origem? Em que momentos devemos fazê-lo?

Este Sinal Divino, sempre foi considerado como um mestre sábio e conciso, pois resume em si, de modo simples e didático, os dois principais mistérios de nossa fé que são a Unidade e Trindade de Deus e a Encarnação, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Entretanto, nos dias de hoje, poucos são os que conhecem tudo o que contém, tudo o que ensina, tudo o que opera de sublime, de santo e de divino, e em conseqüência, de soberanamente proveitoso às almas, esta fórmula tão antiga como a Igreja. Os primeiros cristãos faziam o Sinal da Cruz a cada instante. Assim afirma São Basílio: “Para os que põem sua esperança em Jesus Cristo, fazer o Sinal da Cruz é a primeira e mais conhecida coisa que entre nós se pratica”.

Vejamos o exemplo de Santa Tecla, ilustre por nascimento, mais ainda ilustre pela fé:

“Agarrada pelos algozes, é conduzida à fogueira, faz o Sinal da Cruz, entra nela a passo firme e fica tranqüila no meio das chamas”.

Imediatamente cai do céu uma torrente de água, e o fogo é apagado. E a jovem heroína sai da fogueira sem ter queimado um só fio de cabelo. À maneira desta mártir que ao caminhar para o último suplício não deixava de se fortalecer pelo Sinal da Cruz, os verdadeiros Cristãos dos séculos passados recorriam sempre a este sinal consolador para suavizar suas dores e santificar sua morte.

Façamos um rápido passeio pelos séculos e paremos um instante em Aix la Chapelle para assistir à morte do grande imperador:

“… No dia seguinte, logo ao amanhecer, Carlos Magno estando bem consciente do que devia fazer, estendeu a mão direita e enquanto pôde, fez o Sinal da Cruz na fronte, no peito e no restante do corpo.”

Voemos à bela França do século XIII para darmos a palavra ao Príncipe de Joinville, biógrafo e amigo de São Luís IX:

“-À mesa, no conselho, no combate, em todas as suas ações, o rei começava sempre pelo Sinal da Cruz”.

Agora estamos diante de Bayard, o cavaleiro sem medo e sem mácula. Vemo-lo ferido de morte, deitado à sombra de um grande carvalho fazendo o seu último gesto que foi um grande Sinal da Cruz feito com sua própria espada.

Em 1571, D. João D’Áustria, antes de dar o sinal de ataque na Batalha de Lepanto em que se decidia o futuro da cristandade, fez um grande e lento Sinal da Cruz repetido por todos os seus capitães e a vitória logo se fez esperar. Por estes e outros exemplos, vemos quão poderosa oração é o Sinal da Cruz. De quantas graças nos enriquece ele, e de quantos perigos preserva nossa frágil existência.

Quando devemos fazer o Sinal da Cruz

Mas… Quando devemos fazer o Sinal da Cruz? Tertuliano nos responde:

“A cada movimento e a cada passo, ao entrar e ao sair de casa, ao acender as luzes, estando para comer, ao deitar e ao levantar, qualquer que seja o ato que pratiquemos ou o lugar para onde vamos, sempre marcamos nossa fronte com o Sinal da Cruz.”

E de todas as práticas litúrgicas, o Sinal da Cruz é a principal, a mais comum, a mais familiar. É a alma das orações e das bênçãos. A Santa Igreja em suas cerimônias, em nenhuma delas deixa de empregá-lo. Começa, continua, e tudo termina por este sinal. Ao destinar para o seu próprio uso a água, o cálice, o altar e também aquilo que pertence aos seus filhos como as habitações, os campos, os rebanhos. De tudo toma posse pelo Sinal da Cruz.

A primeira coisa que faz sobre o corpo da criança ao sair do seio materno, e a última, quando já na ancianidade, o entrega às entranhas da Terra, é ainda este Divino Sinal. O que dizer da Santa Missa que é a ação por excelência? A Esposa de Cristo mais do que nunca o multiplica… O sacerdote, no decurso da celebração, ao abrir os braços imitando o Divino crucificado, não é o seu corpo o próprio Sinal da Cruz vivo? Também diante das tentações, nós devemos fazer uso deste sinal libertador. Ouçamos o que nos diz Orígenes:

“É tal a força do Sinal da Cruz, que se o colocardes diante dos olhos e o guardares no coração, não haverá concupiscência, voluptuosidade ou furor que possa resistir-lhe. À vista dele desaparece todo o pecado.”

E ao findar o dia, se a fadiga e os fracassos da jornada levarem a vossa alma para o desânimo ou até o desespero. Ouçamos o que nos aconselha o sábio Prudêncio: “Quando ao convite do sono, deitares em teu casto leito, fazeis o Sinal da Cruz sobre a fronte e sobre o coração, a cruz te preservará de todo o pecado. Santificada por este Sinal, a tua alma não vacilará”.

Mas para alcançarmos tão preciosos benefícios, é mister que façamos o Sinal da Cruz bem feito e com firmeza. A devoção, a confiança, o respeito e a regularidade devem acompanhar o movimento de nossa mão.

Meditando nas palavras pronunciadas, devemos pensar em Deus Padre, Deus Filho e no Espírito Santo. Além disto, tocando com a mão direita no centro da testa, devemos ter a intenção de consagrar ao Senhor a nossa inteligência, os nossos pensamentos; tocando o peito, consagrar-lhe o nosso coração, os nossos afetos e tocando os ombros, todas as nossas obras.

Porém não permitamos que o respeito humano nos impeça de manifestar pública e abertamente o Sinal da Cruz, pois se hoje uma grande parcela de nossa sociedade está afundada na impiedade e no materialismo, a necessidade que temos de fazer uso deste augusto Sinal é cada vez maior. Este estandarte divino que salvou o mundo é dotado de força para salvá-lo ainda. E, fazendo eco as palavras dos padres e doutores da igreja, concluímos:

Salve ó Sinal da Cruz! Estandarte do grande Rei, troféu imortal do Senhor, Sinal de vida, salvação e benção. És nossa poderosa guarda que em vista dos pobres é de graça e por causa dos fracos não exige esforço. És a tácita evocação de Jesus crucificado, monumento da vitória do Divino Redentor. Teus efeitos são largos como o universo, duradouros como os séculos. Tua eloquência dissipa as trevas, aclara os caminhos. És a honra da fronte, a glória dos mártires, a esperança dos cristãos. És enfim, o fundamento da Igreja.

Principais fontes: O Sinal da Cruz de Monsenhor Gaume; Catecismo da Igreja Católica; e o Dicionário de Liturgia.

Por Inácio Almeida

Embora o Natal não seja uma festa significativa para os chineses de meia idade, muitos jovens do país se animam com o Natal.

“Eu pensava que Deus era como o Imperador de Jade do mito chinês, e quando criança tratava ambos como superstições. No entanto, quando tive a oportunidade de conhecer o cristianismo, percebi que não se trata de superstição”, indicou Yu Longsheng, um estudante de pós-graduação da Universidade de Xiamen.

“A fé me libertou da solidão, pressão e nervosismo. Agora sou um universitário e acredito em Deus”, apontou.

De acordo com um relatório da Academia Chinesa de Ciências Sociais (ACCS), o primeiro caso registrado da entrada do cristianismo na China foi no Século VII. O país conta agora com cerca de 23 milhões de cristãos, ocupando 1,8% de sua população.

A religião se desenvolve rapidamente na China. Entre os cristãos do país, cerca de 3% se converteram antes de 1965, 5,7% entre 1966 e 1981, enquanto 73,4% se tornaram cristãos depois de 1993, segundo o documento.

“A China se desenvolve de maneira rápida na área econômica, mas também existem diversos problemas sociais, como a desigualdade social”, comentou Liu Peng, pesquisador da ACCS.

“A perda de fé tornou-se a mais séria ‘doença’ dos chineses no século XXI”, acrescentou.

Entretanto, o cristianismo atende às demandas espirituais de alguns chineses, disse Li Hua, padre da Igreja de Chongwenmen de Beijing.

“De certa forma, o futuro de um indivíduo ainda se baseia na posição social que ele ocupa”, confirmou Li, “mas a religião defende a igualdade”.

A China isenta a única companhia autorizada para a impressão da Bíblia de várias taxas, e ainda possui uma rede de vendas com 70 centros de distribuição para ajudar a garantir a cada cristão, sua própria Bíblia.

A China declara em sua Constituição que a liberdade de crença religiosa é um direito fundamental para os cidadãos chineses e fornece apoio a todos os crentes de qualquer religião.

Além de cristãos, o país asiático conta com mais de 100 milhões de crentes de várias outras religiões, como budismo, taoísmo, islamismo, segundo dados publicados no site da Administração Nacional dos Assuntos Religiosos.

(por agência Xinhua)

Rádio internacional da China em Português

http://portuguese.cri.cn/561/2010/08/15/1s125579.htm

Santuario1Com a consagração a Nossa Senhora Aparecida e um show pirotécnico, o Santuário Nacional de Aparecida comemorou, no domingo, 19, ao meio dia, o recorde de mais de 10 milhões de visitantes neste ano. O anúncio foi feito ao vivo pela REDE APARECIDA, diretamente do Santuário, durante o programa Terra da Padroeira. Segundo informações da Segurança Patrimonial, até o último dia do ano, cerca de 10,3 milhões de devotos terão visitado o maior centro de peregrinação mariana do mundo.

“Esse é um número histórico, não só para o Santuário, mas também para o Brasil. Em nosso país não há outro local de visitação que recebe tanta gente”, comemorou o reitor do Santuário, padre Darci Nicioli. “Estamos muito felizes por anunciarmos esse número. Isso é fruto da grande devoção do nosso povo à Senhora Aparecida”, acrescentou.

Santuario2O administrador do Santuário, padre Luiz Cláudio, lembrou o trabalho feito por mais de 1.200 colaboradores e ressaltou os projetos de comunicação do Santuário como a Rádio e TV Aparecida, a Revista de Aparecida e o portal A12.com. Segundo o administrador, estes veículos “levam tantos devotos, que não têm a oportunidade de estarem aqui pessoalmente, a rezarem à Mãe Aparecida”.

Já o prefeito de Igreja, padre Rodrigo Arnoso, destacou o acolhimento do Santuário feito por voluntários e as grandes romarias que visitam a Basílica todos os anos. “Não podemos deixar de mencionar o trabalho dos mais de mil voluntários que nos ajudam no acolhimento do Santuário Nacional”, lembrou.

Fotos: Santuário de Aparecida

Um detalhe intensamente tocante do último sermão anglicano do reverendoAndrew Burnham, bispo de Ebbsfleet, na Inglaterra, pronunciado no último sábado na igreja de São João, o Evangelista, em New Hinksey, Oxford: no final do culto, Dom Burnham – que será ordenado no Ordinariato como padre católico – “depositou seu báculo e sua mitra aos pés de Nossa Senhora”.

Publicamos abaixo o sermão pronunciado pelo bispo anglicano. O texto foi publicado no blog de Damian Thompson, no portal do jornal The Telegraph.

Eis o sermão:

Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fosse assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar.  (João 14, 2)

Obrigado, a todos vocês, por virem aqui hoje. Fazer este culto foi um pouco como um pós-pensamento: supõe-se que eu deveria estar em uma licença de estudo, e eu sabia, no meu coração, que ela iria se transformar em uma “licença de jardinagem”, que eu deveria renunciar ao invés de retornar ao trabalho de bispo junto com vocês.

Mas sempre me lembro da minha esposa, Cathy, dizendo aos alunos egressos da St Stephen’s House que é vital partir corretamente, dizer seus adeus e seguir em frente. Não é bem aquilo que os norte-americanos chamam de “fechamento”, mas é algo parecido. É o que distingue uma partida digna de uma morte.De certa forma, partir é desconfortavelmente como morrer. Enquanto estou no meu escritório, ouço o que está acontecendo. Outros bispos já estão ajudando, e já somos gratos a Dom Lindsay Urwin por isso. O Conselho de Presbíteros se reúne e fala sobre que tipo de bispo em Ebbsfleet é necessário no futuro. Histórias que sugerem que as pessoas não estão se afastando, mas simplesmente seguindo em frente, esperando um novo bispo, com a vida voltando ao normal.

A morte muitas vezes produz uma ruptura cruel, deixando todos os tipos de coisas inacabadas e uma multidão de “se ao menos…”. Uma partida decente prepara algumas das coisas que precisam ser preparadas, faz arranjos adequados. Eu continuo voltando à narrativa da Paixão e da partida de Jesus. Não se enganem, eu não tenho delírios de grandeza, mas, como disse na minha Carta Pastoral, acho os discursos de despedida do Evangelho de São João imensamente ricos. Como eu disse naquela carta:

“Olhando para os Discursos de Despedida, não é só Jesus que vai à frente para preparar um lugar, mas há também a promessa de uma nova efusão do Espírito Santo (João 14). Jesus é a Videira Verdadeira, e, separados dele, não podemos fazer nada além de murchar, ser jogados no fogo e queimados (João 15). Seu novo mandamento é amar uns aos outros. ‘Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros’. O trabalho do Espírito é de nos guiar à toda a verdade (João 16, 13) e de glorificar o Pai e o Filho. Assim, nossa tristeza se converterá em alegria. Aprendemos com o dom da Paz, que, em meio à tribulação do mundo, é encontrado apenas em Cristo. Finalmente, Jesus reza pelo dom da Unidade (João 17). É esse dom da Unidade, creio, que nos é oferecido e, por meio de nós, finalmente oferecido a todos os cristãos separados, na Constituição Apostólica”Anglicanorum coetibus” É pelo fato de ele ser um dom do Espírito Santo, que permanece em sua Igreja, que eu acredito que devo aceitá-lo e convidar outros a me acompanhar nessa viagem.”

“Não fosse assim, eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar”. A partida de Jesus foi uma morte, mas foi uma morte que trouxe a salvação, e parte do segredo de fazer isso, humanamente falando, foi a forma como ele preparou seus discípulos e o que ele, então, passaria a fazer. A morte de Jesus foi uma partida, mas de forma nenhuma foi uma partida decente. Houve a crueldade da Paixão, a desolação do Gólgota, a angústia da Pietà, e o frio do sepulcro. O que eu quero dizer é que essa partida – essa morte –, explicada de antemão e anunciada previa e gloriosamente na Ressurreição, deve dar forma a todas as nossas tentativas de ser discípulos de Jesus. E por isso uma partida decente, explicada de antemão e – quem sabe? – anunciada previamente naquilo que vem depois. Isso não é um complexo de Messias, mas uma tentativa de seguir Jesus, como discípulo.

Então, o que estou deixando para trás? Setenta e cinco paróquias – sem mencionar as dezenas de paróquias que eu perdi na diocese de Exeter há dois ou três anos, uma perda que eu ainda sinto. Os padres que servem a essas paróquias, grande parte deles maravilhosos – ou ao menos geralmente adoráveis. E depois há aquelas pessoas que devem ser nomeados: Vicky Hayman e Jackie Ottaway no escritório, ex-colaboradoras que mantiveram tudo acontecendo. Alan, que me dirigiu por aí durante quase dez anos e gentilmente me ouviu roncar durante o noticiário das dez horas, quando me levava para casa. O Pe. Bill, meu capelão, que ajeitava as minhas coisas em uma grande variedade de sacristias, mas que também fez a maior parte do trabalho pastoral do bispo no lugar dele. A equipe foi fabulosa. E há outros também: o Meritíssimo Senhor Juiz Patrick, que costumava me dar conselhos jurídicos gratuitos e apoio, mas que, por agora ser juiz, não pode mais fazer isso. Os dois ou três deões, que se mantiveram em contato por telefone mais ou menos a cada semana durante dez anos. Falando neles, devo mencionar meu Conselho de Presbíteros, que se tornou um Conselho de Amigos. As pessoas das paróquias, que mostravam todas as vezes um compromisso com o Senhor e uns com os outros que eu achava humilde, instrutivo e que realçava a vida. Vários leigos chave – no Conselho de Leigos, nos Finais de Semana de Evangelismo das paróquias – servindo com dedicação e habilidade.

Também estou deixando para trás o movimento anglo-católico extremamente enlouquecedor: sua fragilidade e sua coragem, seu humor e sua santidade. É um lar para alguns personagens um pouco desacreditados – e é o ministério de Jesus especializado em estar à mesa com personagens um pouco desacreditados.

O movimento anglo-católico tem travado uma batalha perdida por 150 anos, tentando convencer a Igreja da Inglaterra que ela iria ser católica se ela se conformasse com a fé católica e abraçasse totalmente a Fé e a Ordem Católicas. Foi uma batalha perdida quando eu era um garotinho de dez anos, xingado por enfiar nomes de santos noConfiteor no início da Comunhão. Foi uma batalha perdida quando eu tinha 20 anos, e oPe. Hooper continuava indo ao encontro de “Marias Madalenas”. É uma batalha perdida agora, quando o Sínodo Geral presume discutir questões de Fé e de Ordem em que o anglicanismo clássico sempre afirmou ter a mesma opinião que a Igreja universal, a Igreja do primeiro milênio, no Oriente e no Ocidente.

Mas eu amo a Igreja da Inglaterra – a corrente dominante – e vou sentir falta dela. Ela me ensinou os salmos e a Revised Standard Version [tradução da Bíblia]. Ela me ensinou a música a serviço de Deus. Ela me ensinou a beleza da santidade. Ah, sim, a excitação impertinente do Folies Bergère pode estar disponível no culto anglo-católico, mas a melancólica dignidade do culto das catedrais, o decoro e a decência, é algo que eu também vou sentir falta. Tentei reunir um pouco de tudo isso no culto de hoje. Não há nada mais anglicano do que o Collegium Regale de Herbert Howells, “que toda a carne mortal mantenha silêncio”, de Edward Bairstow, ex-organista da Catedral de York, e o canto dos salmos por George Thalben-Ball, ex-organista da TempleChurch. Não há nada mais bonito na literatura do que as cadências Cranmerianas da linguagem tradicional do Livro de Oração, que, um pouco incomumente, nós estamos usando hoje. Vou sentir falta até daquelas pessoas da corrente dominante que eu conheci e com quem eu trabalhei.

Assim, se “partir bem” traz à mente aquilo que se vai perder, então eu estou aprendendo a partir. Se tem a ver com olhar para a frente, para aquilo que está por vir, então eu não tenho certeza: eu nunca tive menos certeza de como o futuro irá se desenrolar. Mas, finalmente – e já desisti de tentar fazer deste discurso um sermão apropriado –, se eu quero partir corretamente, devo dizer: obrigado por tudo o que vocês têm feito por mim, por tudo o que vocês têm sido para mim e por tudo o que vocês são e sempre serão para mim. Para muitos, eu espero que seja um “até breve” e não um “adeus”, mas, em sua jornada de discipulado, não olhem para mim, mas para o Senhor a quem servimos. Só Ele pode nos ensinar a ser peregrinos no caminho que leva ao Paraíso.

Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fosse assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar.