Pe. Demétrio Gomes da Silva

A cada dia intensifica- se um laicismo anti-católico no Ocidente, uma afronta a nossas raízes cristãs. No entanto, não percebemos uma reação forte por parte dos católicos. Podemos notar que também no Brasil o mesmo é crescente.

A Igreja é colocada cada vez mais como a vilã da história e da sociedade, contrária ao progresso, etc. Tudo isso, porque tem a coragem de denunciar seu comportamento pecaminoso no que fere a lei de Deus, inscrita no coração de cada homem: aprovação ao aborto, a união legal de pessoas de mesmo sexo – com adoção de crianças -, manipulação genética de embriões – como se fossem seres descartáveis -, inseminação artificial, eutanásia, suicídio assistido, controle egoísta da natalidade, distribuição de camisinhas e de pílulas do dia seguinte aos jovens etc.

A Igreja Católica, que é a Lumem gentium (Luz dos povos) faz a Luz de Cristo brilhar nas trevas deste mundo, missão que o Senhor lhe confiou, mas as trevas gritam contra ela. “… a vida era a luz dos homens; e a luz brilha nas trevas, mas as trevas não a compreenderam. .. Ele estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dele, mas o mundo não o reconheceu” (Jo 1, 4-10).

Em nosso Brasil, a maioria do povo diz ser católica, nossas raízes são católicas, nossa cultura e nossa tradição são católicas, mas esse povo infelizmente é quase analfabeto em doutrina, e muitas vezes alienado da realidade política e social; isso o deixa a mercê das seitas e de minorias que desejam implantar ideologias contrárias à fé da maioria. Esse povo bom, mas inculto, que na sua maioria não lê um jornal ou revista, e só se informa pela televisão, facilmente se deixa enganar até mesmo por um governo que propõe medidas ofensivas a moral católica, como acontece agora com o Plano Nacional de Direitos Humanos – 3, que é desumano.

Este Plano, por exemplo, propõe a aprovação do aborto, do casamento de pessoas do mesmo sexo com adoção de filhos, a retirada dos símbolos religiosos católicos das repartições públicas, restringe a livre expressão das idéias, incentiva as invasões de propriedades alheias, limita a ação da justiça nas reintegrações de posse a seus legítimos donos, sugere a revisão da Lei da Anistia, ameaçando agitar a sociedade etc.

No entanto, em que pese toda manifestação dos bispos, a maioria da população católica parece ainda inerte, imóvel, omissa, como se nada estivesse acontecendo. Ou não toma conhecimento dos fatos ou o ignora de maneira alienante. Também grande parte do povo católico se satisfaz com o pão e o circo oferecidos pelo governo que age de maneira imoral.

Esse povo não reage nem mesmo quando a fé católica é ofendida, a Igreja atacada, os sacramentos profanados, os santos ridicularizados e muitas vezes caricaturados, etc.

Estamos sofrendo uma guerra declarada. Já vivemos um martírio incruento, e não será surpresa se em breve se tornar cruento, também em nosso país, como acontece hoje na Índia, no Iraque, na Arábia Saudita etc., onde milhares de cristãos são mortos pelo simples crime de seguirem a Jesus Cristo.

Como unir e acordar esse povo católico, para que de maneira organizada e ordeira enfrente essa onda anti-católica que atravessa o mundo e também o Brasil?

Em nossa Igreja no Brasil, (…) acabamos abandonando os postos chaves na sociedade que outrora ocupávamos: as universidades, os laboratórios científicos, o mundo da cultura etc. Deixamos, assim, espaço aberto para que os marxistas pudessem fazer a cabeça daqueles que são hoje a cabeça da sociedade.

É preciso levar o povo católico a conhecer a verdade, ser informado, e deixar de ser manipulado; este é o grande desafio atual. Pensamos que a Igreja é capaz de furar essa crosta que impede esse povo bom e desinformado de tomar conhecimento e participar da luta contra, por exemplo, esse PNDH, porque a mídia jamais vai fazer isso. Como diz Pe. Paulo Ricardo “há uma espiral de silêncio” que precisa ser quebrada.

Temos que unir forças. Voltar a conquistar estes meios. Construir uma rede com as pessoas boas – não só na intenção, mas com qualidade espiritual, humana, profissional – e organizar com inteligência nosso apostolado. Temos a firme esperança aí que não contamos somente com meios humanos, e, por isso, devemos ser audazes. Nesse sentido, não podemos esquecer que, antes de qualquer técnica de ação, devemos estar inteiramente unidos a Deus através de nossas armas sobrenaturais. Daí deve derivar, diante de tudo, um profundo otimismo, não ingênuo, mas espiritual, fruto da convicção de que com Ele nos tornamos onipotentes.

Os filhos das trevas são os que deveriam tremer diante de nós, pois nossas armas são muitíssimo mais eficazes. Além de todo auxílio sobrenatural – que nos torna infinitamente superiores nesta guerra -, temos nossos púlpitos – quantos brasileiros vão a Santa Missa dominical! -, temos vários meios de comunicação – TV, jornais, internet -, e contamos – apesar de tudo – com grande credibilidade por parte de nosso povo brasileiro: eles confiam na Igreja!

O que fazer de concreto? Além da luta pela santidade – que é o que mais conta – já que é o Senhor o protagonista dessa luta -, devemos estreitar nossa rede de contato. Tentar entrar mais nesses meios que possuímos. Mais encontros de formação, retiros para os intelectuais, universitários, cientistas, jornalistas para atingir o povo.

É urgente levar esse povo católico, em massa, a participar, escrever às autoridades, aos políticos, fazer manifestações organizadas e ordeiras; sim, esse povo que vai à Missa, a grupos de oração, que participa dos novos Movimentos e das novas Comunidades, que prega o Evangelho da salvação pelo Rádio, pela TV, pela internet, etc. Aqui entra, sem dúvida, o papel importante das televisões católicas. Enfim, é preciso uma ação unida, coordenada, de todos os católicos frente a tudo que estamos vendo de errado sobre bioética, corrupção, PNDH, etc.

É preciso envolver  as realidades que querem ser fiéis à Igreja (Opus Dei, Regnum Christi, Comunhão e Libertação, Caminho Neocatecumenal, Cursilhos de Cristandade, Renovação Carismática, Equipes de Nossa Senhora, Serra Clube etc.) e Comunidades de Vida (Canção Nova, Shalom, Obra de Maria etc.), incluindo também as paróquias e dioceses; além dos políticos católicos. Revelar ao mundo a unidade transcendental da Igreja, que nos une por cima de toda diferença. “Nisto conhecerão que sois meus discípulos…” (Jo 13,35).

É claro que isso é algo difícil, muito difícil, mas se todos nos mobilizarmos no sentido de buscar essa união podemos fazer algo. Será preciso “grandeza de alma” para se colocar as exigências do Reino de Deus acima das nossas. Não adianta permanecermos entre nós com choros e lágrimas, como se fossemos uma “equipe de consolo mútuo”. Muita gente silenciosa está descontente com tudo isso; é preciso envolvê-los. Há muitos sites na internet que mostram isso. E esse é um instrumento poderoso de articulação hoje.

Os inimigos da Igreja estão articulados e as forças da Igreja estão esparsas; esse é o problema. Receamos que se não fizermos algo hoje, amanhã talvez seja tarde, e quem sabe as leis não nos permitam amanhã pregar contra a homossexualidade, o aborto, o sexo livre, … e tudo o que é contrário à lei de Deus.

Sabemos que a audácia dos maus se alimenta da omissão dos bons. Não podemos fugir deste mundo, e muito menos simplesmente condena-lo. Jesus disse que não veio para condenar o mundo, mas para salva-lo; a nós cabe fazer o mesmo.

Ao vislumbrar o terceiro milênio da cristandade, o Papa João Paulo II convocou os cristãos para “pescar em águas mais profundas”, onde se encontram peixes mais numerosos e maiores.  João Paulo II e Bento XVI nos enviam para alto mar (“duc in altum”). E para isso é preciso estarmos preparados; o mar é bravio, podem surgir as tempestades a qualquer momento, ondas altas, vento forte, ameaçando virar a barca.

Não podemos mais ficar pescando na praia, com varinha de bambu, linha fina e anzol pequeno. A evangelização, a conversão de almas para Deus, não é um passa-tempo; mas uma missão árdua, que precisa ser cumprida com esmero: preparo e oração. Não é fácil arrancar as presas dos dentes do lobo cruel e assassino. “Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15,5).

Mas, é preciso também o preparo. Paulo VI disse que a mediocridade ofende o Espírito Santo. Deus está pronto para mover os céus para realizar o que está além da nossa natureza, mas não moverá uma palha para fazer o que depende de nós. Ele faz o grão germinar, mas jamais virá preparar o solo e nele lançar a semente: “O Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti” (Santo Agostinho, Sermo 15,1).

O Papa João Paulo II na memorável vigília da Solenidade de Pentecostes no ano de 1998, mostrou a grande responsabilidade que têm, neste sentido, os novos Movimentos e as novas Comunidades:

“No atual mundo, frequentemente dominado por uma cultura secularizada que fomenta e propaga modelos de vida sem Deus, a fé de tantos é colocada à dura prova e frequentemente sufocada e apagada. Adverte-se, portanto, com urgência a necessidade de um anúncio forte e de uma sólida e profunda formação cristã. Como existe hoje a necessidade de personalidades cristãs maduras, conscientes da própria identidade batismal, da própria vocação e missão na Igreja e no mundo! E eis, portanto, os movimentos e as novas comunidades eclesiais: eles são a resposta, suscitada pelo Espírito Santo, a este dramático desafio no final do milênio. Vós sois esta providencial resposta”.

O mundo expulsa Deus cada vez mais; o secularismo toma conta da cultura, da mídia, da moda etc., a chama da fé é cada vez mais apagada nos lares, nas escolas e nas oficinas. O Papa pede “uma sólida e profunda formação cristã”. Sem isso não será possível pescar em águas profundas. Sem um bom conhecimento da doutrina, do Catecismo da Igreja especialmente, não poderemos dar ao mundo “a razão da nossa fé” (cf. 1Pe 3,15).

O Papa pede também “personalidades cristãs maduras”, certamente não só sacerdotes e bispos, mas leigos preparados, capazes de adentrar aos muros às vezes adversos das universidades, cinema, teatro, música, artes, meios de comunicação, política etc.

Ao lançar a Igreja em direção ao novo milênio, o Papa João Paulo II fez mais um forte apelo: “Uma nova evangelização!” . Se ele pediu uma “nova” é porque a anterior envelheceu; não certamente no seu conteúdo, mas na sua forma. Ele pediu: “com novo ardor, novos métodos e nova expressão”. O que significa isso?

Novo ardor, certamente no fogo do Espírito Santo que tem suscitado os movimentos e as Comunidades que brotam a cada dia. Sem esse “fogo” do céu, não haverá nova evangelização. Façamos sim planos e reuniões, projetos e programas, mas sob o fogo do Espírito, sem o qual tudo não passará de letra morta. Quanto tempo e energia já se perdeu por falta desse ardor do Espírito!

Novos métodos é certamente o que temos visto nas Comunidades e Movimentos: uma evangelização com um jeito novo: nas casas, nos rincões, pelas rádios, TVs, jornais, revistas, encontros, seminários, adorações, acampamentos de oração e estudo… É a “Primavera da Igreja” como dizia João Paulo II.

Nova expressão, uma nova maneira de viver o Evangelho, não mais individualista, mas em grupo, em comunidade, comprometidos conjuntamente com o trabalho do Reino do céu, na fraternidade, na correção fraterna, no amor mútuo, no compromisso com Deus e com a Igreja, “cum Petro e sub Petro”.

Vemos assim que a Igreja acredita profundamente nas Comunidades e Movimentos novos, que precisam se preparar, como verdadeiras “Companhias de Pesca”, e se lançarem sem medo, em nome do Senhor, em águas mais profundas, e buscar os grandes peixes.

Supere a “tentação” de rejeitar discursos .

Sendo o Papa quem fala é certeza absoluta de se ouvir palavras cheias de graça e sabedoria, segundo aquilo que o Espirito fala à Igreja.

Leia e veja que palavras segundo o coração de Deus.

***

Senhores Cardeais
Venerados Irmãos
no Episcopado e no Sacerdócio
Caríssimos fiéis colaboradores

É para mim motivo de grande alegria encontrar-me convosco por ocasião da Assembleia Plenária e manifestar-vos os sentimentos de profundo reconhecimento e de cordial apreço pelo trabalho que levais a cabo ao serviço do Sucessor de Pedro no seu ministério de confirmar os irmãos na fé (cf. Lc 22, 32).

(…) Senhor Cardeal, agora gostaria de reflectir brevemente a propósito de alguns aspectos expostos por Vossa Eminência.

Em primeiro lugar, desejo sublinhar o modo como a vossa Congregação participa no ministério de unidade, que foi confiado, de modo especial, ao Pontífice Romano, mediante o seu compromisso pela fidelidade doutrinal. Com efeito, a unidade é primariamente unidade de fé, sustentada pelo depósito sagrado cujo primeiro guardião e defensor é o Sucessor de Pedro. Confirmar os irmãos na fé, conservando-os unidos na confissão de Cristo crucificado e ressuscitado constitui para aquele que se senta na Cátedra de Pedro a primeira e fundamental missão que lhe é conferida por Jesus. Trata-se de um serviço inadiável, do qual depende a eficácia da obra evangelizadora da Igreja até ao fim dos séculos.

O Bispo de Roma, de cuja potestas docendi participa a vossa Congregação, deve proclamar constantemente: “Dominus Iesus” “Jesus é o Senhor”. Com efeito, a potestas docendi comporta a obediência à fé, a fim de que a Verdade que é Cristo continue a resplandecer na sua grandeza e a ressoar para todos os homens na sua integridade e pureza, de tal forma que haja um só rebanho reunido ao redor do único Pastor.

Portanto, o alcance do testemunho comum de fé por parte de todos os cristãos constitui a prioridade da Igreja de todos os tempos, com a finalidade de conduzir todos os homens ao encontro com Deus. Neste espírito, confio de modo particular no compromisso do Dicastério a fim de que sejam superados os problemas doutrinais que ainda subsistem para a consecução da plena comunhão com a Igreja da parte da Fraternitas S. Pio X.

Além disso, desejo alegrar-me pelo empenho a favor da plena integração de grupos de fiéis e de indivíduos singularmente, já pertencentes ao Anglicanismo, na vida da Igreja Católica, em conformidade com quanto está estabelecido na Constitutição Apostólica Anglicanorum coetibus. A adesão fiel destes grupos à verdade recebida de Cristo e proposta pelo Magistério da Igreja não é de modo algum contrária ao movimento ecuménico mas, pelo contrário, mostra a sua finalidade derradeira, que consiste em alcançar a comunhão plena e visível dos discípulos do Senhor.

No precioso serviço que prestais ao Vigário de Cristo, apraz-me recordar também que a Congregação para a Doutrina da Fé, em Setembro de 2008, publicou a Instrução Dignitas personae, a respeito de algumas questões de bioética.

Depois da Encíclica Evangelium vitae, do Servo de Deus João Paulo II, em Março de 1995, este documento doutrinal, centrado no tema da dignidade da pessoa, criada em Cristo e por Cristo, representa um novo ponto de referência no anúncio do Evangelho, em plena continuidade com a Instrução Donum vitae, publicada por este mesmo Dicastério em Fevereiro de 1987.

Em temas tão delicados e actuais, como aqueles que dizem respeito à procriação e às novas propostas terapêuticas que comportam a manipulação do embrião e do património genético humano, a Instrução recordou que “o valor ético da ciência biomédica mede-se com a referência, quer ao respeito incondicionado devido a cada ser humano, em todos os momentos da sua existência, quer à tutela da especificidade dos actos pessoais que transmitem a vida” (Instrução Dignitas personae, n. 10). Deste modo, o Magistério da Igreja tenciona oferecer a própria contribuição para a formação da consciência não apenas dos fiéis, mas de quantos procuram a verdade e querem prestar atenção a argumentações que vêm da fé, mas inclusive da própria razão. Com efeito, ao propor avaliações morais para a pesquisa biomédica sobre a vida humana, a Igreja inspira-se na luz tanto da razão como da fé (cf. ibid., n. 3), pois está persuadida de que “o que é humano não só é acolhido e respeitado pela fé, mas por ela é também purificado, elevado e aperfeiçoado” (Ibid., n. 7).

Neste contexto oferece-se inclusive uma resposta à mentalidade difundida, segundo a qual a fé é apresentada como obstáculo para a liberdade e a pesquisa científica, porque seria constituída por um conjunto de preconceitos que viciariam a compreensão objectiva da realidade. Diante de tal atitude, que tende a substituir a verdade com o consenso, frágil e facilmente manipulável, a fé cristã oferece ao contrário uma autêntica contribuição também no âmbito ético-filosófico, não fornecendo soluções prefabricadas para problemas concretos, como a pesquisa e a experimentação biomédica, mas propondo perspectivas morais confiáveis no interior das quais a razão humana pode procurar e encontrar soluções válidas.

Efectivamente, existem determinados conteúdos da revelação cristã que esclarecem as problemáticas bioéticas: o valor da vida humana, a dimensão relacional e social da pessoa, a conexão entre os aspectos unitivo e procriativo da sexualidade e a centralidade da família fundada no matrimónio entre um homem e uma mulher.

Estes conteúdos, inscritos no coração do homem, são compreensíveis também racionalmente como elementos da lei moral natural e podem despertar o acolhimento por parte daqueles que não se reconhecem na fé cristã.

A lei moral natural não é exclusiva nem predominantemente confessional, embora a Revelação cristã e a realização do homem no mistério de Cristo ilumine e desenvolva plenamente a sua doutrina.

Como afirma o Catecismo da Igreja Católica, ela “enuncia os preceitos primários e essenciais que regem a vida moral” (n. 1.955). Alicerçada na própria natureza humana e acessível a cada criatura racional, a lei moral natural constitui deste modo a base para entrar em diálogo com todos os homens que procuram a verdade e, mais em geral, com a sociedade civil e secular. Esta lei, inscrita no coração de cada homem, diz respeito a uma das questões essenciais da própria reflexão sobre o direito e interpela igualmente a consciência e a responsabilidade dos legisladores.

Enquanto vos encorajo a dar continuidade ao vosso serviço exigente e importante, desejo manifestar-vos também nesta circunstância a minha proximidade espiritual, concedendo de coração a Bênção Apostólica a todos vós, como penhor de carinho e de gratidão.

A Terceira Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) condenou um pai a pagar R$ 5 mil por ter batizado o filho na Igreja Católica sem o consentimento da mãe da criança, no Rio de Janeiro.

Os ministros do STJ entenderam que ao tirar o direito da mãe de presenciar a celebração, o pai cometeu ato ilícito e ocasionou danos morais, de acordo com os termos do artigo 186 do Código Civil, de 2002. O julgamento foi realizado na semana passada, mas só foi divulgado nesta quarta-feira.

O pai, que é separado da mulher, batizou a criança aos dois anos de idade, no dia 24 de abril de 2004. De acordo com o site do STJ, a mãe só tomou conhecimento da cerimônia sete meses depois.

A mãe recorreu ao STJ contra acórdão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que anulou a sentença que havia condenado o pai da criança ao pagamento de R$ 3 mil, a título de compensação por danos morais.

Segundo a relatora no STJ, ministra Nancy Andrighi, mesmo considerando que os pais são separados judicialmente e que não possuem relacionamento amistoso entre si, as responsabilidades sobre os filhos menores devem ser igualmente repartidas.

África e os números de infectados pela Aids
África e os números de infectados pela Aids

Na África do Sul, o programa ‘Alívio à AIDS’ (AidsRelief), foi oficialmente assumido pela Conferência Episcopal do Sul da África, que engloba os bispos da África do Sul, Botsuana e Suazilândia.

O evento premia o esforço e os resultados da Igreja Católica na assistência à maior população do mundo contagiada pelo vírus HIV” – comentou Ruth Stark, representante do CRS (Catholic Relief Services, a Caritas dos EUA), em uma cerimônia em Johanesburgo.

‘AidsRelief’ fornece cuidados e assistência a mais de 60 mil doentes nos três países que detêm os mais elevados índices de infecção pelo hiv.

O programa é financiado pelo Plano Presidencial de Emergência para a AIDS, cujas verbas são enviadas à África do Sul pelo CRS.

Irmã Alison Munro é a responsável por este setor, na Conferência. Em Johanesburgo, ela se disse muito orgulhosa e grata às pessoas que trabalham no território dedicando seu tempo e assistência às crianças, nas aldeias. “A seriedade e o compromisso de nosso pessoal estão à altura de desafios incríveis, em meio a situações muito difíceis. É o seu trabalho que nos mantém” – disse, agradecendo-as.

A religiosa recordou que a Igreja sul-africana é coadjuvada, nesta obra, por entidades católicas da Irlanda, Holanda, Inglaterra e Gales. O programa é destinado principalmente às crianças, e mesmo consciente de ser ‘uma gota no oceano’, Irmã Alison ressalva que “seu efeito-dominó é impossível de se definir”.

Graças à distribuição gratuita de medicamentos antiretrovirais, a maior parte das pessoas inseridas no programa consegue sobreviver à doença e viver sua existência com dignidade.

Na África do Sul, a poligamia é permitida e faz parte da cultura zulu: uma prática que tem sido criticada por ativistas que lutam pela prevenção do HIV/Aids. Ao menos 5,7 milhões de sul-africanos estão infectados com o vírus.

Fonte: Rádio Vaticana.

O Pontifico Conselho para a Pastoral da Saúde (PCPS), no marco de seu 25º aniversário de fundação, deu a conhecer que a Igreja católica administra e serve 26 por cento dos centros hospitalares e de ajuda na área da saúde que existem em todo mundo.

Conforme assinala a nota de imprensa, a Igreja tem “117 mil centros de saúde, incluindo hospitais, clínicas e casas de alojamento para órfãos”; assim como “18 mil dispensários e 512 centros” para a atenção de pessoas com lepra.

O presidente do PCPS, o Arcebispo Zygmunt Zimowski, assinalou que dentro das festividades pelo aniversário do dicastério, a ser realizada de 9 a 11 de fevereiro, oPapa Bento XVI  presidirá a Eucaristia de aniversário no dia 11 na Basílica de São Pedro, com ocasião da Festa de Nossa Senhora da Lourdes e no marco da 18º Jornada Mundial do Enfermo.

De igual maneira, explicou o Arcebispo, este Pontifício Conselho “promoveu um Simpósio Internacional (9 e 10 de fevereiro em Roma) no qual participam mais de 500 pessoas provenientes de 35 países.

O tema dos trabalhos será ‘A Igreja ao serviço do amor pelos que sofrem’”, titulo escolhido pelo Santo Padre em sua mensagem para a Jornada Mundial do Enfermo 2010.

***

De cabeça, que você lembre: quantos hospitais e serviços de saúde sua cidade tem ligados à Igreja?

Louvado seja Deus por essa informação.

O que ela revela?

A caridade de Cristo que se manifesta através do serviço da Igreja e a confirmação da palavra biblica de que a “fé sem obras é morta..”

Esse tipo de informação não sai na mídia, saem erros e fraquezas de alguns membros da igreja – que não devem ser escondidos se confirmados e se forem efetivamente crimes, como no caso da pedofilia – mas apresentados dentro de uma visão que contemple toda a verdade e não apenas aspectos dela.

Notícias  quase sempre apresentadas com o ranço do preconceito e da generalização injusta com a esmagadora maioria de irmãos fiéis a seu chamado, que demonstram pela doação de suas vidas no serviço dos doentes, por exemplo, que levam Deus e sua fé católica muito a sério, apesar de seus naturais limites.

Não queremos privilégios, queremos justiça e verdade.

A VERDADE!

Da Folha de São Paulo

O papa Bento 16 criticou que também entre os homens de Igreja exista a ambição de fazer carreira e de ganhar poder, e assegurou que a instituição “sofre” com o fato de que essas pessoas “se esforcem por elas mesmas, e não pela comunidade”.

O pontífice fez essas declarações perante milhares de fiéis que assistiram na Sala Paulo 16 do Vaticano a audiência pública das quartas-feiras, na qual ressaltou a figura do santo espanhol Domingo de Guzmán (1170-1221).

Ao falar do fundador da Ordem dos Dominicanos, o papa disse que quando Domingo de Guzmán foi eleito padre da catedral de Osma, essa nomeação podia representar para ele motivo de prestígio tanto na Igreja como na sociedade. No entanto, ele não a considerou assim, mas como um serviço a cumprir com dedicação e humildade.

“Não é uma tentação o afã de fazer carreira ou a ambição de poder?”, perguntou-se o papa, que respondeu que a essa tentação “não são imunes nem sequer os que têm um papel de governo na Igreja”.

Bento 16 lembrou a frase pronunciada durante a última consagração de bispos. “Não busquemos o poder, prestígio ou estima para nós mesmos. A Igreja sofre com o fato de que a pessoa se esforce por si, e não pela comunidade”, disse.

O papa ressaltou o interesse de Domingo de Guzmán para que os irmãos de congregação do dominicano tivessem uma sólida formação teológica e espírito missionário. Além disso, o papa afirmou que no coração da Igreja “é sempre preciso arder o fogo missionário, que estimula constantemente o anúncio do Evangelho”.

Sandra Paulsen

A gente está tão acostumada, no Brasil, a pensar a vida em termos católicos, que nem pensa nas diferenças entre religiões. Mesmo aqueles que professam outras religiões, estão “acostumados” à vida em um país ainda de maioria católica.

Agora vire tudo de cabeça para baixo! Pois é, a Suécia é um país luterano, se é que se pode dizer isso de uma sociedade tão secularizada. Mas as tradições, os costumes, são protestantes. O que quer dizer que eu sou parte de uma minoria!

Somos cerca de 85.000 fiéis no país todo (compare com os 7 milhões de luteranos), freqüentando 42 paróquias. Temos um bispo. Isto mesmo, unzinho!

Imagino que, dado o pequeno número de fiéis, não deve haver razão para o Papa nomear mais bispos.
O fato é que toda a Suécia é uma só diocese, e isto a partir de 1953! Antes, a partir de 1783, estamos falando apenas de um Vicariato Apostólico, com um vigário, e não um bispo, como líder.

Nosso bispo, Anders Arborelius, é o primeiro bispo sueco na Suécia! Os onze anteriores vinham de outros países, e só os últimos cinco residiam em Estocolmo.
Outra das curiosidades do ser católico aqui é que a participação na igreja é oficial, ou seja, requer uma inscrição individual e formal.

Individual, porque a liberdade de culto na Suécia exige que cada um possa optar por ter ou não uma religião. Ou seja, em princípio, é ilegal “forçar” a adoção de uma religião pelas crianças. A educação religiosa é praticamente proibida nas escolas e, para muitos, batizar os filhos numa igreja é um desrespeito à liberdade da criança. Assim, não há famílias católicas, mas indivíduos católicos…

Formal, porque inscrever-se em uma paróquia implica aceitar o pagamento mensal do dízimo. A inscrição na Igreja Católica local significa que, mensalmente, 1% da sua renda bruta será automaticamente descontado pelas autoridades fiscais, da mesma forma que se coleta o imposto de renda, e destinado à Igreja. Funciona da mesma forma para os inscritos na Igreja Sueca. Só assim, em princípio, uma pessoa tem direito a receber os sacramentos.

Essa foi das coisas mais difíceis para mim. Acostumada à nossa informalidade e a participar da coleta nas missas, ou de contribuir voluntariamente para a Igreja de acordo com minha consciência, o desconto do dízimo no salário foi uma surpresa agora já digerida.

Ocorre que a solidariedade cristã exige a contribuição de todos. Custa caro realizar uma missa aqui, principalmente durante o inverno com a necessidade de aquecimento! E estes custos têm que ser cobertos de alguma forma. Assim, o princípio é que, em benefício dos serviços prestados e das obras da Igreja, todo mundo deve contribuir.

As missas são realizadas em várias línguas e muitos preferem as rezadas em polonês, espanhol, inglês, ou algum outro idioma de origem.

Recentemente, tem-se observado um crescente número de conversões entre os suecos. Muitos se convertem ao islamismo, mas a cada ano são 100 os que se convertem ao catolicismo. É interessante descobrir “novos católicos” entre autoridades e pessoas famosas. O atual Ministro do Meio Ambiente, por exemplo, é católico!

Segundo um recente artigo de jornal, o que leva os suecos a mudarem ou adotarem uma religião é, quase sempre, o amor, o encontro com uma pessoa que professa outra crença. Mas alguns reconhecem que a Igreja Sueca vem perdendo a força e que outras religiões atraem ao oferecer uma imagem mais forte da presença divina.

Parece que, modernos ou não, secularizados ou não, nós seres humanos buscamos sempre algo mais. E alguns, principalmente quando desprovidos da família e dos amigos, da cultura, do clima e das paisagens do país de origem, encontramos consolo no Pai Nosso, mesmo quando rezado em outro idioma…

***

Sandra Paulsen,casada, mãe de dois filhos, é baiana de Itabuna. Fez mestrado em Economia na UnB. Morou em Santiago do Chile nos anos 90. Vive há oito anos em Estocolmo, onde concluiu doutorado em Economia Ambiental.

Os Dados estatisticos do artigo abaixo são de 2004.

Em termos sociológicos continuam bastante atualizados pois revelam tendências que 6 anos não são capazes de mudar significamente.

São dados e números bem reveladores e nos oferecem informações  que nos apoiam na evangelização de nossos queridos jovens.

Supere o receio de ler até o fim esse tipo de artigo,mais longo e consistente; ele é tão bom, ou até melhor, do que aquele curto e, às vezes, superficial.

Ao final, fica aquela sensação do “relativismo religioso” e sua influência fortissima nos nossos jovens.

Esse é o nosso desafio, Igreja!

***

Regina Novaes

O NÚMERO de brasileiros “sem religião”, sobretudo jovens de 15 a 24 anos, tem chamado a atenção dos estudiosos.

O artigo aponta para a conjugação e a convivência entre: ideário secularizante (presente entre ateus e agnósticos); o “espírito do tempo” (presente entre aqueles que acreditam em Deus mas rejeitam instituições religiosas ou transitam entre pertencimentos institucionais) e, finalmente, as novas modalidades sincréticas (favorecidas pela perda de hegemonia do catolicismo e pela globalização do campo religioso).

OS TRÊS PRINCIPAIS mudanças que caracterizam o campo religioso brasileiro hoje são, a saber:

a diminuição percentual de católicos (de 83,76% em 1991 para 73,77% em 2000),

o crescimento dos evangélicos (de 9,05% em 1991 para 15, 45% em 2000)

e o aumento dos “sem religião” (de 4,8% em 1991 para 7,4 % em 2000). Sobre os dois primeiros aspectos muito se tem escrito, sobre o terceiro bem menos.

De fato, ainda pouco se sabe sobre quem são os brasileiros “sem religião” que adentram o século XXI. Porém, algumas informações disponíveis permitem começar uma reflexão sobre o assunto. Este é o objetivo das presentes notas, nas quais focalizaremos, particularmente, os jovens brasileiros de quinze a 24 anos.

Por onde sopram os ventos secularizantes?

Relacionando religião e transferência intergeracional no Rio de Janeiro, o demógrafo René Decol (2001) afirmou que o fluxo atitudinal de católicos para outros grupos ganhou proporções de “mudança social” na medida em que está alterando significativamente e de forma definitiva o perfil religioso da população.

Segundo o autor, o processo tem um componente demográfico: à medida que os grupos populacionais (coortes) se sucedem no tempo, menos adultos em idade de reprodução se declaram católicos, resultando em número cada vez menor de crianças recebendo influência desta natureza.

A tendência é, portanto, um menor número de católicos no interior de cada coorte, fazendo com que a percentagem de católicos no conjunto da população decline de forma cada vez mais acentuada. Segundo o demógrafo, a estrutura social tradicional, onde valores e normas são transmitidos verticalmente, de geração em geração, passa a ser afetada cada vez mais por processos culturais, que atuam em planos horizontais, agindo sobre as coortes de forma diferenciada. Em sua análise, Decol (2001) enfatiza os ventos secularizantes que têm soprado pela sociedade.

O Censo de 2000 confirma tais observações. Para uma pergunta única e aberta – “qual é sua religião?” – em 2000, o IBGE recebeu 35 mil respostas diferentes, o que dá uma idéia da variedade com que o brasileiro define sua fé.

E a tendência de diminuição dos que se declaram católicos se acentua entre os jovens, de quinze a 24 anos (que somam 73,6%). Em relação a outras faixas etárias, segundo o Censo, o crescimento evangélico é um pouco menos acelerado entre os jovens (os jovens evangélicos somam 14,2%, sendo 3,9% de denominações tradicionais e 10,2% de denominações pentecostais). E, finalmente, é entre os que se declaram “sem religião” que os jovens (9,3%) se destacam em relação ao conjunto da população (7,4%).

Três anos depois do Censo, os resultados de uma pesquisa nacional realizada pelo Projeto Juventude/Instituto Cidadania1 confirmaram as mesmas tendências. Diferenciando-se do Censo, a pesquisa não indagou sobre religião através de uma pergunta aberta, a pergunta oferecia opções separadas como “agnósticos”, “ateus” e quem “acredita em Deus mas não tem religião”.

Enquanto 65% dos jovens entrevistados nesta pesquisa em todo o país se declaram católicos, 20% se declaram evangélicos (sendo 15% pentecostais e 5% não pentecostais)2. E foram 10% os jovens “sem religião”, sendo que 9% declararam “acreditar em Deus mas não ter religião” enquanto apenas 1% identificaram-se como ateus e agnósticos.

Através dos resultados da pesquisa Perfil da juventude brasileira podemos apresentar algumas características dos jovens que se definem como agnósticos e ateus. Eles somaram apenas 1% (entre os quais 69% são homens e 31% são mulheres), no âmbito dos 3.500 entrevistados, entre os quais 41% se declararam brancos, 44% estão entre os que se declararam pretos ou pardos e 7% dos que se declararam indígenas.

Considerando o conjunto dos jovens entrevistados, em termos de renda familiar declarada, os ateus e agnósticos não estão entre os mais pobres, estão lado a lado com os espíritas kardecistas, seguidos por uma parcela de católicos, de evangélicos não pentecostais e de jovens das “outras religiões”. E estão, como era de se esperar, em termos de renda, mais distantes dos pentecostais que – junto com os adeptos das religiões afro-brasileiras – estão entre os mais pobres.

Os ateus e agnósticos, nesta mesma pesquisa, não estão predominantemente nem entre os jovens mais jovens (catorze a dezessete anos), nem entre os jovens mais velhos (21 a 24 anos); 50% deles estão na faixa etária intermediária (dezoito a vinte anos). O que pode indicar que este declarar-se “ateu” ou “agnóstico” pode fazer parte do momento da vida que é importante a afirmação de identidade independente em relação à família, como aconteceu com outras gerações.

No entanto, chama atenção o fato dos entrevistados que se declararam ateus ou agnósticos viverem mais no interior do que nas regiões metropolitanas, contrariando um dos velhos cânones que relaciona ateísmo com os ventos secularizantes da urbanização modernizadora.

Vejamos agora os outros jovens entrevistados que declararam “acreditar em Deus mas não ter religião”.Na pesquisa Perfil da juventude brasileira, eles somam 9% no conjunto dos entrevistados, sendo 64% de homens e 36% de mulheres, distribuem-se por todos os grupos de idade e estão um pouco mais entre os jovens mais velhos (21 a 24 anos). Em termos de educação formal, há uma aproximação entre os que “acreditam em Deus mas não têm religião” e os pentecostais, que se destacam pela pouca escolaridade. Em outras palavras, entre os jovens que ainda estão cursando o ensino fundamental ou que pararam de estudar nestas séries, somente os jovens evangélicos pentecostais entrevistados são em número um pouco maior do que os jovens que “acreditam em Deus, mas não têm religião”. Já no ensino médio e na universidade, os que “acreditam em Deus, mas não têm religião” só são em maior número se comparados com os jovens adeptos da umbanda e do candomblé.

Quanto à experiência de trabalho, os jovens que “acreditam em Deus mas não têm religião” são os que mais trabalham na cidade sem registro (45%); ficam em quarto lugar entre os que trabalham na cidade com carteira assinada (19%); são 17% entre os que fazem bicos na cidade; são 2% entre os que trabalham na agricultura familiar e outros 2% entre os que trabalham como assalariados no campo. Em resumo: seu perfil revela menos inclusão educacional e mais vulnerabilidades sociais.

Em termos de distribuição regional, na mesma pesquisa acima citada, temos os seguintes resultados: enquanto entre os jovens entrevistados o catolicismo predomina nas regiões Nordeste e Sul, os jovens evangélicos estão mais presentes no Norte/Centro-Oeste e no Sudeste. No Sudeste, também estão a maioria dos jovens espíritas kardecistas e os jovens adeptos das religiões afro-brasileiras que responderam o questionário da pesquisa. Quanto aos ateus e àqueles que “acreditam em Deus mas não têm religião” é interessante notar que mesmo havendo algum destaque para a região Sudeste, eles se distribuem por todas as regiões do país.

A disseminação desta opção “acredita em Deus, mas não tem religião” pode ser um elemento para explicar porque, em termos censitários, os “sem religião”, que eram 0,2% em 1940, cresceram 52% na década de 1990. Porém, certamente, em 1940, os símbolos e significados presentes na resposta “sem religião” eram bastante diferentes dos dias de hoje.

Hoje e ontem há jovens que se definem como “ateus” e “agnósticos”, mas certamente em nenhuma outra época houve tantos jovens se definindo como “sem religião” que poderiam também ser classificados como “religiosos sem religião”, isto é, adeptos de formas não institucionais de espiritualidade que são normalmente classificadas como esotéricas, nova era, holísticas, de ecologia profunda etc. Mas, ao mesmo tempo, também é significativo o número de jovens que se predispõe a mudar de religião e que reafirma seu pertencimento às igrejas evangélicas, às novas religiões japonesas, ao Budismo e, também, a grupos católicos ligados à Teologia da Libertação ou à Renovação Carismática.

E quanto pesa o “espírito de época”?

Mas, como diria Bourdieu, a estatística é apenas uma das formas de representar a vida social. O desafio da interpretação sociológica – mesmo quando a força da “evidência” dos números, das tabelas e gráficos parece marcante – é atribuir-lhes sentido que nunca perdem seu caráter hipotético. Ou seja, a explicação sociológica deve funcionar como “costura” produtora de inteligibilidade (Bourdieu, 1963, p. 10). Frente a esta nova configuração, a “costura” exige – pelo menos – três cuidados.

O primeiro cuidado diz respeito aos sentidos das palavras “ateu”, “agnóstico” e da expressão “não ter religião”. Nada nos assegura que seus usos sejam os mesmos nem em termos de passado e presente, nem mesmo entre os jovens hoje entrevistados. Isto é, as autoclassificações dos jovens de hoje têm de ser pensadas em suas inter-relações no interior do campo religioso em transformação. Vejamos algumas respostas também retiradas da pesquisa Perfil da juventude brasileira que podem indicar diferentes apropriações destes termos.

Indagados sobre os valores que seriam mais importantes em uma sociedade ideal, a maioria (56%) dos jovens que afirmaram “ter fé, mas não ter religião” se dispersou entre muitos valores propostos destacando “igualdade de oportunidades” (17%). O “temor a Deus” (13%) e a “religiosidade” (4%) também foram incluídos em suas respostas. Vejamos agora as escolhas dos ateus e agnósticos. Estes concentraram-se sobretudo no “respeito ao meio ambiente” (48%), mas quase 25% deles incorporaram a dimensão espiritual: 14% elegeram “temor a Deus”, outros 14% deles escolheram “religiosidade”. Em resumo, os valores “temor a Deus” e “religiosidade” somaram 17% das respostas daqueles que “acreditam em Deus, mas não têm religião” e 28% nas respostas dos ateus/agnósticos entrevistados.

Já não se fazem ateus como antigamente? E, por outro lado, relacionar as respostas daqueles que “acreditam em Deus, mas não têm religião” com a idéia corrente de que a ausência de fé favorece a possibilidade de crítica social? Afinal, são os jovens que “acreditam em Deus, mas não têm religião” que mais valorizaram a “igualdade de oportunidades”, enquanto este aspecto foi muito pouco valorizado pelos ateus. Nesta mesma linha de questionamento, também chama a atenção a ênfase no “respeito ao meio ambiente” (48%)3 entre os jovens que se declararam ateus. Lembrando o fato de que esta é uma geração que já recebeu como legado a “descoberta da ecologia”, seria interessante saber o que significa este “respeito”. Por um lado, é verdade que o “respeito ao meio ambiente” pode ser uma nova formulação para velhas e várias formas de valorização da natureza. Por exemplo, são conhecidas as relações rituais das religiões afro-brasileiras com a flora, o “respeito ao meio ambiente” pode ser a forma de reinterpretar e potencializar hoje práticas tradicionais. Mas, por outro lado, a ênfase ao respeito à natureza pode indicar também que “ser ateu” nos dias atuais pode não ser incongruente com a chamada “espiritualidade ecológica” e com novas possibilidades de (com)sagração da natureza.

Enfim, no que diz respeito particularmente à fé e às crenças, é preciso desnaturalizar pares de oposição consagrados que polarizam religião e participação política e/ou ciência e religião. Isto é, já hoje nos faltam evidências empíricas para aproximar automaticamente ausência de religião – ateísmo ou agnosticismo – ao progresso da política e da ciência.

O segundo cuidado diz respeito aos trânsitos já feitos e aos momentos de passagens entre religiões. De fato, as pesquisas são fotografias instantâneas da experiência dos jovens entrevistados, mas elas só permitem apreender percursos e processos nas trajetórias dos entrevistados quando se faz mais de uma pergunta sobre o tema religião. Tanto no Censo Demográfico quanto na pesquisa Perfil da juventude brasileira só havia uma pergunta sobre religião. Em outra pesquisa que desenvolvi no Rio de Janeiro, em 2001, intitulada Jovens do Rio4, fizemos outras perguntas sobre religião que permitiram identificar um contraditório tripé que se faz presente na experiência desta geração, a saber: a) forte disposição para mudança de religião; b) ênfase na escolha individual gerando maior disponibilidade para a reafirmação pessoal do pertencimento institucional; c) desenvolvimento de religiosidade sem vínculos institucionais.

Os “sem religião” poderiam, portanto, expressar a terceira possibilidade (item c). Porém, também a primeira possibilidade (item a) favorece a resposta “acredito em Deus, mas não tenho religião”. Isto porque a disposição para mudar de religião cria vários momentos de interregno entre pertencimentos institucionais, isto é, momentos de busca entre os vários desenraizamentos que caracterizam o “espírito de época”.

Na pesquisa Jovens do Rio, chamou a atenção o fato de mais da metade dos entrevistados – caracterizados como classe C – ter declarado já ter mudado de religião. Outro exemplo: na mesma pesquisa, no extrato mais pobre, ali caracterizado como classe D, dois fenômenos se destacaram simultaneamente: quase um terço dos jovens se declararam “sem religião” e mais jovens se declararam evangélicos pentecostais do que católicos praticantes.

O terceiro cuidado diz respeito à necessidade de bem caracterizar as mudanças ocorridas na sociedade brasileira que tornam recorrente o pluralismo religioso intrafamiliar. Os resultados da pesquisa Jovens do Rio evidenciaram que o menor índice de transferência da religião dos pais para os filhos não desemboca necessariamente em secularização da sociedade, pois parte dos jovens que não seguem as religiões de seus pais católicos, buscam outras religiões. Os índices crescentes de evangélicos entre os jovens apontam para esta direção. Em outras palavras, se é evidente que o histórico catolicismo brasileiro perde com a diminuição da transferência intergeracional da religião, também não há garantia da total “transferência intergeracional” do ateísmo ou do agnosticismo. Na pesquisa Jovens do Rio, 50% dos entrevistados que declararam ter pais ateus ou agnósticos declararam ter eles próprios uma religião. A mesma pesquisa revelou ainda que frente à diminuição da influência da família na escolha religião, outras influências se revelam: para os entrevistados na pesquisa Jovens do Rio, a influência da família na escolha da religião pesou apenas para cerca de 50% dos entrevistados, para o restante, a escolha da religião passava por outras justificativas, tais como, “motivos pessoais”, “influência de amigos” e “influência de agentes religiosos”.

Em resumo, partilhando um certo espírito de época, os jovens desta geração estão sendo chamados a fazer suas escolhas em um campo religioso mais plural e competitivo. Os “sem religião” podem ser pensados como expressões locais de um global “espírito da época” no qual se expande o fenômeno de adesão simultânea a sistemas diversos de crenças, combinam-se práticas ocidentais e orientais, não apenas no nível religioso, mas também terapêutico e medicinal. Não podemos esquecer que, no mesmo Censo de 2000, o número de praticantes de religiões orientais cresceu, revelando mais budistas (245 mil) do que adeptos da religião judaica (101 mil). Os seguidores da doutrina do profeta Maomé (Islamismo) correspondem a 18,5 mil brasileiros. O Censo detalha também grupos que não apareciam nas estatísticas, como os praticantes de religiões esotéricas (69,2 mil) e de tradições indígenas (10,7 mil).

Ou seja, estamos vivendo uma inédita conjugação entre “ventos secularizantes” e “espírito de época. Nos anos de 1980, o fim da guerra fria e a descrença na possibilidade de mudanças radicais já haviam produzido mudanças de formas e de conteúdo no caráter dos movimentos sociais contemporâneos. Os anos de 1990 evidenciaram crises de paradigmas que atingiram instituições religiosas e políticas. No que diz respeito ao campo religioso, velhos e novos fundamentalismos passaram a conviver com a emergência de um mundo religioso plural em que cresce a presença de grupos e indivíduos cuja adesão religiosa permite rearranjos provisórios entre crenças e ritos sem fidelidades institucionais.

Em um contexto de para “além das identidades institucionais”, para os jovens de hoje se oferecem igrejas e grupos de várias tradições religiosas. Para eles também existem possibilidades de combinar elementos de diferentes espiritualidades em uma síntese “pessoal e intransferível” e assim se abrem novas possibilidades sincréticas.

Velhos sincretismos e novas combinações?

No momento atual, surge também a possibilidade de, entre os “sem religião”, estarem jovens que se aproximam da umbanda, do candomblé ou do espiritismo.

Ao falar sobre as religiões mediúnicas, sempre se pergunta sobre seu futuro frente à escalada pentecostal. De fato, a olho nu, parecia ser maior o número de umbandistas e candomblecistas que, na última década, vinham assumindo publicamente suas identidades religiosas. Mas, apenas 1,4% de espíritas kardecistas e 0,3% de umbandistas e candomblecistas aparecem no Censo de 2000. Embora a pesquisa Perfil da juventude brasileira tenha chegado a número maiores (2% e 1% respectivamente), a questão do futuro dessas tradições religiosas procede. Como explicar esses pequenos números quando se fala em maior diversidade religiosa no Brasil?

Em primeiro lugar, não há como negar que o crescimento pentecostal disputa “nas bases” com as religiões afro-brasileiras. Não é por acaso, diga-se de passagem, que a neopentecostal Igreja Universal do Reino de Deus elege entidades e orixás como seus adversários mais poderosos. O exorcismo – ali denominado de libertação – pressupõe a crença no poder do inimigo.

Em segundo lugar, é preciso não esquecer que, certamente, muitos jovens entrevistados – como em gerações anteriores – continuam se definindo como católicos, sem deixar de ir a centros espíritas e a terreiros. Este fenômeno, bem conhecido entre nós, revela estratégias de apresentação social frente aos preconceitos e perseguições sofridas pelos adeptos das religiões afro-brasileiras ao longo da história, mas revela também sentimentos de “duplo pertencimento” que fazem com que um pai ou uma mãe de santo possam dizer, sem constrangimento: “sou católica e da umbanda” ou “sou católica e do santo”.

E, em terceiro lugar – para além da onda evangélica – neste momento em que “ser católico” deixou de ser um requisito socialmente obrigatório, pode-se estar em vigor um novo expediente: freqüentadores dos centros espíritas, da umbanda e do candomblé podem estar engrossando as fileiras dos “sem religião”. Esta hipótese está baseada em pesquisas que registram novas combinações entre crenças e práticas mediúnicas com outras vindas do chamado universo “nova era”. Esta mistura pode ser observada tanto em lojas esotéricas que vendem produtos afro-brasileiros, como vice-e-versa.

Quanto aos espíritas kardecistas, deixando de ser socialmente induzidos a se incluir na maioria católica, eles não teriam o menor problema em definir-se como “sem religião”. Afinal, como filhos do racionalismo francês, os espíritas sempre valorizaram o “caráter científico” da doutrina de Alan Kardec.

Enfim, de maneira geral, podemos dizer que as técnicas de comunicação e os avanços da tecnologia de ponta foram incorporados e contribuíram para a chamada globalização do campo religioso. Na televisão, nas lojas de produtos esotéricos, nas feiras, no rádio, já encontraram ofertas de “orientalização” das crenças ocidentais convivendo com uma difusa negação do dualismo cristão.

No mundo globalizado, as crenças circulam, são apropriadas e reapropriadas. Na pesquisa Jovens do Rio buscamos apreender as crenças dos entrevistados de diferentes religiões, dos que “acreditam em Deus mas não têm religião” e também dos agnósticos e ateus. Entre os jovens entrevistados se fizeram presentes afro-brasileiros que crêem tanto em Orixás como no Espírito Santo, assim como jovens evangélicos pentecostais que afirmam acreditar em Orixás. Foram entrevistados católicos que afirmaram acreditar na reencarnação, mas também católicos e espíritas afirmaram suas crenças em orixás e energias esotéricas. E, o que mais interessa neste artigo, os jovens que se autoclassificaram como “sem religião” afirmaram acreditar praticamente em todos os itens do elenco oferecido: “energia”, astrologia, orixás, duendes e gnomos…

Nota final

Os jovens brasileiros, nascidos do final da década de 1970 para cá, já encontraram o mundo mudado. Eles fazem parte de uma geração pós-industrial, pós-guerra fria e pós-descoberta da ecologia. Vivem as tensões do avanço tecnológico, os mistérios do emprego, da violência urbana.

O que isto teria a ver com religião? Não me atrevo a afirmar que “o medo de sobrar”, a insegurança para planejar o futuro profissional e a experiência de vivenciar precocemente a morte de amigos, primos e irmãos resultem, direta e necessariamente, em reforço de valores religiosos, busca de fé ou na valorização da religião como locus de agregação social. Apenas lembro que, para minorias militantes, as instituições religiosas continuam produzindo grupos e espaços para jovens onde são construídos lugares de agregação social, identidades e formam grupos que podem ser contabilizados na composição do cenário da sociedade civil. Fazendo parte destes grupos, motivados por valores e pertencimentos religiosos, jovens têm atuado no espaço público e têm fornecido quadros militantes para sindicatos, associações, movimentos e partidos políticos.

Mas, com o crescimento dos “sem religião”, por que podemos dizer que para esta geração a fé está em alta? Os jovens de hoje já encontram questionada a histórica equação: “brasileiro”=”católico”. O declínio histórico do catolicismo no Brasil – relacionado com o crescimento evangélico e com o aumento daqueles que se declaram “sem religião” – produz mudanças fundamentais nas estratégias de apresentação social. É nesta geração que se generaliza a possibilidade de se declarar “sem religião”, sem abrir mão da fé. “Ser religioso sem religião” significa, sobretudo, um certo consumo de bens religiosos sem as clássicas mediações institucionais como um estado provisório (entre adesões) ou como uma alternativa de vida e de expressão cultural.

Não por acaso, a Bíblia é o maior best seller do nosso tempo. Para ter acesso à Bíblia, os jovens brasileiros de hoje não precisam desconsiderar a autoridade dos padres ou pastores, nem precisam a eles se submeter. A Bíblia pode ser comprada em qualquer esquina e seus versículos são cantados nas letras de rap e aparecem escritos em outdoors no centro das cidades, nos muros das favelas e periferias. Expressando vínculos institucionais ou apenas crenças mais difusas, nos últimos anos, a linguagem religiosa se faz presente em muitas expressões juvenis na área de arte e cultura. Também não é por acaso que o Prêmio Hutus, considerado o mais importante do Hip Hop da América Latina, instituiu a categoria Hip Hop Gospel e também premia composições de “sem religião” que’ – sem peias institucionais – falam de Cristo, de Oxalá e citam salmos bíblicos.

Neste contexto, a religião torna-se um fator de escolha em uma sociedade que enfatiza inúmeras possibilidades de escolhas, mas reduz acessos e oportunidades. Essas informações indicam a necessidade de novas abordagens e técnicas de pesquisa para compreender melhor no que consiste a singular (e internamente diferenciada) experiência religiosa desta geração.

Notas

1 A metodologia, os critérios da amostra e os principais resultados desta pesquisa podem ser encontrados em www.projetojuventude.org.br

2 Na mesma pesquisa – Perfil da juventude brasileira – outros 1% dos jovens entrevistados indicaram igrejas classificadas como neocristãs, tais como Testemunhas de Jeová, Mórmons, Legião da Boa Vontade. Os espíritas e os jovens que se declaram adeptos das religiões afro-brasileiras somaram 3%. Somam 1% os jovens que fizeram referência a outras minorias religiosas como judeus, islâmicos, budistas etc.

3 “Respeito ao meio ambiente” teve destaque também entre evangélicos históricos não pentecostais e adeptos da umbanda e do candomblé (35%), e jovens de outras religiões (21%).

4 Ver Novaes e Mello 2002.

Bibliografia

BOURDIEU, P. et alli. Travail et travailleurs em Algérie. Paris, La Haye, Mouton, 1963.

DECOL, René. “Imigração internacional e mudança religiosa no Brasil”. Comunicação apresentada na Conferência Geral sobre População, Salvador, 2001.

NOVAES, Regina. “Religião e política: sincretismos entre alunos de Ciências Sociais”. Em A dança dos sincretismos. Rio de Janeiro, Comunicações do Iser, n. 45, ano 13, 1994.

_______ . e MELLO, Cecília. Jovens do Rio. Rio de Janeiro, Comunicações do Iser, n. 57, ano 21, 2002.

PACE, Enzo. “Religião e globalização”. Em ORO, A. P. e STEIL, C. A. (orgs.). Religião e Globalização. Petrópolis, Rio de Janeiro, Vozes, 1997.

TAVARES, M. F. e CAMURÇA, Marcelo. “Balanço dos estudos sobre juventude e religião”. Universidade Federal de Juiz de Fora. Artigo inédito, 2004.

***

Regina Novaes é antropóloga. Fez mestrado no Museu Nacional, UFRJ e doutorado na USP. É professora da Programa de pós-graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, da UFRJ.

É editora da Revista Religião e Sociedade. É autora de Os escolhidos de Deus (Marco Zero) e De corpo e Alma (Graphia). Tem vários artigos publicados sobre as relações entre religião e política, e, nos últimos anos, tem se dedicado ao estudo de expressões culturais juvenis.

Herodes, aquele que, segundo a Bíblia, ordenou a “matança dos inocentes”, é como a Igreja Católica (regional 1 da CNBB) agora denomina o presidente Lula da Silva, em panfleto distribuído em São Paulo contra pontos dos quais discorda no 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, lançado em dezembro pelo governo.

No livro de São Mateus, Herodes ordena o extermínio de todas as crianças menores de dois anos em Belém, na Judeia, para não perder seu trono àquele anunciado como o recém-nascido rei dos judeus, Jesus Cristo. Para a igreja, o “novo Herodes” autorizará o mesmo extermínio anunciando-se a favor da descriminalização do aborto.

No panfleto, intitulado “Presente de Natal do presidente Lula”, a Comissão Regional em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), contesta este e outros pontos do já polêmico plano. “Herodes mandou matar algumas dezenas de recém-nascidos (Mt 2,16). Com esse decreto, Lula permitirá o massacre de centenas de milhares ou até de milhões de crianças no seio da mãe!”, incita o documento.

A comissão que começou a distribuir panfleto divulgou uma nova versão

  • Reprodução

Segundo Dom José Benedito Simão, presidente da comissão e bispo auxiliar da arquidiocese de São Paulo, a igreja não é contra o plano em sua totalidade, mas considera que quatro deles “agridem” os direitos humanos. Além da questão do aborto, são eles: união civil entre pessoas do mesmo sexo, direito de adoção por casais homoafetivos e a proibição da ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União.

“Não é uma campanha contra o projeto, mas alguns pontos em que acreditamos que ele agride e extrapola os direitos humanos e o direito à vida”, critica Dom Simão. “O que nós contestamos é a falta de sensibilidade desse decreto, que funciona como um projeto, e não ajuda em nada ao Estado Democrático de Direito em que queremos viver. Não queremos cair em outra ditadura. Esse decreto é arbitrário e antidemocrático”, completa.

Segundo Dom Simão, que também é bispo da Diocese de Assis, no interior de São Paulo, a intenção é ampliar a distribuição e divulgação do panfleto em todas as cidades do Estado e também pela internet. “Ele [o plano] não está a favor do Brasil. Agora vem o presidente dizer que não sabia, que assinou sem ler? Como vai assinar se não leu?”

Sobre a questão da retirada dos crucifixos, o bispo defende que não somente os símbolos da Igreja Católica estejam presentes, como também o de outras religiões. “Nós não queremos que retire, queremos é que se coloquem mais símbolos ainda. A igreja sempre defendeu os direitos humanos e vai apoiar o governo em tudo o que for a favor da vida. Mas esse plano tem que ser revisto sim. O governo só reviu a questão dos militares, mas nesses quesitos não está querendo rever. Que princípios o governo quer defender com esse projeto?”

A CNBB nacional também criticou os mesmos pontos no programa, por meio de nota oficial. Mas sua assessoria de imprensa disse desconhecer a distribuição do panfleto, alegando que o regional tem autonomia para determinadas ações, que não precisam passar pelo seu crivo. A assessoria informou ainda que a CNBB nacional não irá se manifestar sobre o panfleto.

O Regional Sul 1 também informou que a comissão tem autonomia e que o panfleto não precisaria ser aprovado pelo presidente da sede para ser distribuído. O regional coordena oito subregionais: Aparecida, Botucatu, Campinas, Ribeirão Preto 1, Ribeirão Preto 2, São Paulo 1, São Paulo 2 e Sorocaba, cada uma delas englobando pelo menos quatro cidades do Estado.

Fonte: UOL

Os templos católicos subdividem-se em subcategorias distintas e,  conforme as suas características e peculiariedades  é  podemos determinar a categoria em que cada um deles está enquadrado, conforme veremos a seguir:

1. Basílica – Igreja de grande porte, privilegiada com relíquias de um ou mais  santos,  e que possua grande influência sobre determinada região geográfica ou país e seu acentuado caráter espiritual que exerce sobre religiosos e leigos de uma jurisdição eclesiástica. A Basílica de São Pedro, por exemplo,  reúne estas condições e possui condição ímpar, uma vez que o Papa, como chefe da Igreja, exerce pleno poder e jurisdição  eclesiástica sobre todo o mundo católico.

2. Catedral – É a Igreja episcopal, cujo dirigente maior é o Bispo que exerce sobre os Párocos das igrejas de sua diocese,  repassando, com sua autoridade eclesiástica, as diretrizes firmadas pelo Papa. Nas catedrais é que são sepultados  os bispos de uma determinada Diocese e  esta é a condição para que uma igreja seja designada “Catedral”.

3. Igreja – É um templo católico, normalmente,com qualidade de Paróquia, onde o Vigário e/ou Pároco, exercendo sua autoridade religiosa,  confirma e repassa as instruções episcopais aos religiosos ou fiéis que estão sob sua jurisdição eclesiástica.

4. Capela – Templo católico que comporta, normalmente, só um altar, caracterizada pela sua modesta estrutura física, onde o padre exerce suas funções, normalmente de forma itinerante, estando subordinada  e pertencendo a determinada paróquia.

5. Santuário – Igreja ou paróquia digna de apreço pelas relíquias que contém, normalmente do padroeiro de uma cidade ou Estado, pela  afluência de devotos ou sinais visíveis de grandes graças daí obtidas.

Fonte: Página Oriente

Um número recorde de fiéis, 53.216 pessoas oficialmente deixado a Igreja Católica na Áustria em 2009, 30,9 por cento mais que no ano passado por causa de escândalos que mancharam a instituição e crise econômica.

Dados do Serviço de Estatística da Conferência Episcopal, compilado pela mídia austríaca de hoje, sublinha que o número de pessoas que já não são oficialmente definidas como católicos são 0,96% do total.

Esta perda de fiéis, tem consequências importantes para a Igreja Católica da Áustria, e que é financiado com contribuições do público através dos impostos daqueles que se definem como católicos, cujo número está caindo a uma velocidade vertiginosa.

O baixo número anual de 30.000 a 50.000 fiéis nos últimos 30 anos tem reduzido o número de católicos em um milhão de pessoas no país da Europa Central.

Esse sangramento “dos crentes que ainda estão dando baixa no país tradicionalmente católico deixou 66 por cento da população-cerca de 5,3 milhões de pessoas oficialmente definida como um católico, quando em 1961 eram 87 por por cento.

A Igreja na Áustria foi abalada por vários escândalos sexuais e pedofilia nos últimos 15 anos, o que prejudicou a credibilidade entre os crentes.

Em 2009 também houve uma controvérsia sobre a nomeação em Fevereiro passado, depois revogada, como o novo bispo auxiliar de Linz um padre ultraconservador, Maria Gerhard Wagner, que considera a figura de Harry Potter como “satânicos”.

Por seu lado, a Igreja acredita que a crise económica tem tido um impacto decisivo sobre o número de pessoas que foram lançadas por aqueles que se definem como os crentes devem pagar uma parcela dos seus impostos a esta instituição.

EFE

Clique no link.

A Mensagem Católica (Olinda e Recife-PE)

A Ordem (Natal-RN)

Arquidiocese em Notícias (Manaus-AM)

Brasil Central (Goiânia-GO)

Diocese Informa (Joinville-SC)

Jornal da Arquidiocese (Florianópolis-SC)

Jornal de Opinião (Belo Horizonte-MG)

Jornal São Salvador (Salvador-BA)

L’osservatore Romano (Vaticano)

Missão Jovem (Florianópolis-SC)

Mundo Jovem (Porto Alegre-RS)

O Diocesano (Volta Redonda e Barra do Piraí-RJ)

O São Paulo (São Paulo-SP)

Santuário de Aparecida (Aparecida-SP)

Voz de Nazaré (Belém-PA)

Hilton Valeriano

É difícil recomendar obras quando se trata do Cristianismo Católico.Digo difícil, porque para mim o Cristianismo é sinônimo de cultura, e quando digo Cristianismo, quero dizer Catolicismo.

Quando consegui superar minha fase agnóstica e cética, converti-me ao Catolicismo por perceber que o mesmo era sinônimo de fé, mas também razão e cultura.

A evidência de um fato: quando São Paulo prega na Ágora para os gregos, inicia-se a grande síntese entre as duas maiores revoluções culturais da humanidade: a cultura grega e a cristã. Essa síntese denomina-se catolicismo. A Igreja Católica (para o horror de seus detratores) nunca destruiu culturas, mas as assimilou elevando-as à perfeição.

Uma instituição inimiga da cultura e da razão não seria responsável por salvar o saber clássico da catástrofe das invasões bárbaras na queda do Império Romano.

Sim, se podemos ler Platão, Homero, Hesíodo, os grandes trágicos Ésquilo, Eurípides, Sófocles, Epicteto, Marco Aurélio, Sêneca, Virgílio, Horácio, Ovídio… devemos ser gratos aos mosteiros, aos bizantinos, ou seja, a Igreja Católica!

Se não fosse essa instituição “inimiga” da razão não teríamos as Universidades: Oxford, Cambridge, Salamanca, Lisboa, Coimbra, Pádua, Bolonha, Sorbonne…

Pensemos na grandiosidade da arquitetura gótica: somente a razão iluminada pela fé poderia ter criado esse esplendor. Vide Reims, Notre Dame e Chartres. Sim, a verdadeira França não é a aberração nascida do iluminismo e da revolução francesa, mas sim a França cristã Católica. O espírito da França não está em Descartes, e sim em Pascal!

Pensemos na beleza dos mosaicos bizantinos, nos afrescos de Giotto, Fra. Angélico. Em Caravaggio, El greco. Na capela Sistina. No barroco. Em tantos monumentos da arte criados pelo espírito Católico. O canto gregoriano… A estética Católica é o reflexo da eternidade! Ser Católico é amar a cultura. A lista de citações seria interminável.

O que seria da Europa sem a regra de São Bento? Da mística de São João da Cruz, de Santa Teresa d’Ávila? Se dedicar ao estudo do Catolicismo é se dedicar ao estudo dos mestres da patrística, da escolástica, da teologia monástica. Mas cito alguns livros que tenho de cabeceira: A prática do amor a Jesus Cristo, de Santo Afonso de Ligório. Um belo livro de moral Católica. As epístolas de Santa Catarina de Sena. História de uma alma, de Santa Teresa do menino Jesus. Essa obra maravilhosa mostra a importância de uma família repleta do espírito do evangelho, da doutrina da Santa Igreja Católica: seu fruto só pode ser a santidade.

Tudo em Santo Agostinho é essencial. Mas Santo Agostinho é um universo. Recomendo Confissões e A verdadeira religião. Um clássico: A imitação de Cristo, de Tomás Kempis. Ortodoxia de Chesterton. Revolução e contra-revolução de Plínio Corrêa de Oliveira.

O espírito do Catolicismo sempre inspirou grandes manifestações em termos de cultura. Pensemos em sua Santidade o Papa Bento XVI: como a mídia mostra-se hipócrita e odiosa em relação à sua pessoa. Sua cegueira é evidente: não enxergar o grande homem de cultura que está à frente da Igreja Católica. Eu desafio: leiam suas audiências. Leiam o discurso que seria proferido na Universidade La “Sapienza”! A mesma que fechou suas portas em nome da “razão”. Leiam Memória e identidade, do Papa João Paulo II: mostra de verdadeira consciência histórica de acontecimentos que marcaram o século XX.

No Brasil, enquanto o flagelo do marxismo e progressismo não tornaram a inteligência católica bestial, houve grandes romancistas e poetas como Cornélio Penna, Lúcio Cardoso, Octávio de Faria, Gustavo Corção, Murilo Mendes, Jorge de Lima… Muitos esquecidos, mas graças a Deus sendo redescobertos.

Pensemos em nomes como George Bernanos, François Mauriac, Paul Claudel, Julien Green.. Como a França anda mal… (…)

Por isso recomendo o estudo da verdadeira cultura, a cultura presente na Tradição Católica!