A médica pediatra e sanitarista Zilda Arns Neumann, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, morreu no forte terremoto que abalou o Haiti nesta terça-feira. Ela tinha 75 anos e também era coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa.

Zilda Arns nasceu em Forquilhinha (SC) em 25 de agosto de 1934 e morava em Curitiba. Irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo emérito de São Paulo, ela foi proposta pelo governo para o Prêmio Nobel da Paz por três anos seguidos.

Formada em Medicina, aprofundou-se em Saúde Pública visando salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência em seu contexto familiar e comunitário. Zilda Arns desenvolveu uma metodologia própria de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres, baseando-se no milagre bíblico da multiplicação dos dois peixes e cinco pães que saciaram cinco mil pessoas, como narra o Evangelho de São João.

Em 2003, Zilda Arns recebeu o prêmio ‘Faz Diferença’, do jornal O GLOBO, de ‘Personalidade do Ano’, por seu trabalho à frente da Pastoral da Criança. Presente em todos os estados do Brasil e em mais 20 países, a Pastoral da Criança tem mais de 240 mil voluntários capacitados atuando em 40.853 mil comunidades em 4.016 municípios. Acompanha quase 95 mil gestantes e mais de 1, 6 milhão de crianças pobres menores de seis anos.

A entidade teve início em uma reunião da ONU sobre a paz mundial, em 1982. Na reunião, o cardeal dom Paulo Evaristo Arns, foi convencido pelo então diretor-executivo do Unicef, James Grant, de que milhares de crianças poderiam ser salvas se as mães pobres aprendessem a fazer o soro caseiro.

D. Paulo Evaristo Arns e Zilda Arns/Arquivo

De volta ao Brasil, dom Paulo perguntou a irmã se ela aceitaria fazer um projeto neste sentido. Viúva e mãe de cinco filhos, Zilda respondeu que também pensaria em outras ações para prevenir a diarréia.

– Hoje entendo que, desde a infância, Deus me preparou para essa missão: tive a medicina e a vocação para a pedagogia, além da formação voltada para a comunidade – disse ela à época.

Zilda conseguiu traduzir suas idéias em cartilhas e apresentou o projeto. Foi escolhida para piloto a cidade do Paraná em que a mortalidade infantil era mais alta, com uma taxa de 127 mortes por mil crianças nascidas vivas: Florestópolis.

” Deus dá a felicidade, mas o homem tem que percebê-la “


Em 2004, Zilda Arns recebeu da CNBB outra missão, fundar, organizar e coordenar a Pastoral da Pessoa Idosa. Atualmente mais de 129 mil idosos são acompanhados todos os meses por 14 mil voluntários.

Em sua mesa de trabalho sempre havia muitas fotos de família e um texto, em alemão, do escritor católico Adolph Kolping: “Deus dá a felicidade, mas o homem tem que percebê-la”.

Entre os prêmios internacionais recebidos por Zilda Arns, merecem destaque: o Prêmio “Heroína da Saúde Pública das Américas”, concedido pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em 2002; o Prêmio Social 2005 da Câmara de Comércio Brasil-Espanha; a Medalha “Simón Bolívar”, da Câmara Internacional de Pesquisa e Integração Social, em 2000; o Prêmio Humanitário 1997 do Lions Club Internacional; e, o Prêmio Internacional da OPAS em Administração Sanitária, 1994.

O Globo


Espetacular artigo sobre a criação.

O autor, fundamentado na doutrina católica e na tradição, revela a visão católica sobre Adão e Eva e o relato biblico da criação.

Excelente!

***

Por Nicanor Pier Giorgio Austriaco

Traduzido por Alexandre Zabot
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O autor responde aos criacionistas católicos argumentando que exegetas
modernos têm razões suficientes para ir além da leitura literal do Gênesis.

Como um católico deveria ler o primeiro capítulo do Gênesis, que detalha os seis dias da criação?

Em uma palestra intitulada “Restauração da Teologia Tradicional Católica sobre as origens”, proferida no Primeiro Simpósio Católico Internacional sobre Criação, realizado em Roma em 24-25 de outubro de 2002, Padre Victor Warkulwiz, MSS, um padre com doutorado em física, argumentou que a Igreja Católica precisa retornar a uma teologia católica tradicional sobre as origens, uma teologia que é baseada no sentido literal e óbvio de Gênesis 1-11. Ele não está sozinho ao dizer isto. Nos últimos anos, os católicos de tendência mais tradicionalista começaram a abraçar um criacionismo especial – a crença de que Deus criou os diferentes tipos de seres vivos por decreto divino menos de 10.000 anos atrás – que, nos anos passados, estava associada mais com os protestantes fundamentalistas.

Católicos criacionistas frequentemente afirmam que os católicos que procuram ser fiéis à tradição católica precisam interpretar o relato da criação de seis dias de Gênesis, no seu sentido “literal e óbvio”, como a maioria dos Padres e Doutores da Igreja tinham feito. Assim, eles argumentam que o primeiro capítulo do Gênesis é uma narrativa histórica exata, uma descrição precisa, de um evento que teve lugar durante um período de seis dias, milhares de anos atrás. Para justificar esta abordagem, os criacionistas católicos citam o papa Leão XIII, que em Providentissimus Deus, sua encíclica de 1893 sobre o estudo da Sagrada Escritura, ensinou o seguinte:

A opinião dos Padres também tem peso muito grande quando se trata desses assuntos [a interpretação da Sagrada Escritura], na sua qualidade de doutores, de forma não oficial; não só porque distinguem-se em seu conhecimento da doutrina revelada e em sua familiaridade com muitas coisas que são úteis na compreensão dos Livros Apostólicos, mas porque são homens de eminente santidade e de zelo fervoroso pela verdade, a quem Deus concedeu uma medida mais ampla de Sua luz. Por isso, o expositor deve fazer seu dever seguir seus passos com toda a reverência, e usar seus trabalhos com a apreciação inteligente. Mas ele não deve, por esse motivo, considerar que é proibido, quando existe justa causa, fazer investigação e exposição para além do que os Padres têm feito; desde que ele observe com cuidado a regra tão sabiamente estabelecida por Santo Agostinho – não afastar-se do sentido literal e óbvio, salvo apenas quando a razão torna insustentável ou a necessidade requer; uma regra à qual é mais necessário aderir rigorosamente nestes tempos, quando a sede de novidade e irrestrita liberdade de pensamento faz o perigo de erro mais real e próximo.

Embora os católicos criacionistas admitam que Leão XIII permitiu os católicos a irem além do sentido literal e óbvio da Sagrada Escritura – o que os estudiosos bíblicos modernos chamariam de uma leitura literal do texto– eles respondem afirmando que os exegetas católicos contemporâneos não conseguiram demonstrar que a sua leitura não literal do Gênesis é justificada, quer pela razão ou por necessidade, conforme especificado por Leão XIII.

Neste ensaio eu respondo ao movimento criacionista católico argumentando que os exegetas contemporâneos têm motivos suficientes para ir além de uma leitura literal do texto de Gênesis.

Vou começar por resumir os três princípios hermenêuticos utilizados pelo então Cardeal Joseph Ratzinger, agora o Santo Padre Bento XVI, em sua interpretação não literal do relato de seis dias de Gênesis, tradicionalmente chamado de Hexaemeron.

Vou então mostrar que seu método é fiel tanto ao ensinamento da Igreja Católica, mais recentemente articulado na Dei Verbum, a Constituição dogmática sobre a Revelação Divina do Concílio Vaticano II, quanto ao ensino de seu predecessor, Leão XIII, em Providentissimus Deus.

Assim, proponho a abordagem do Cardeal Ratzinger para leitura de Gênesis como um exemplo particularmente notável do método hermenêutico aprovado pelo Concílio Vaticano II, e que deve ser paradigmático para os exegetas católicos contemporâneos que procuram ser fieis à tradição católica.

Primeiro princípio: A distinção entre forma e conteúdo

Durante a Quaresma de 1981, o então Cardeal Joseph Ratzinger, hoje o Santo Padre, papa Bento XVI, proferiu quatro homilias sobre a criação no Liebfrauenkirche, a catedral de Munique, na Alemanha.

Na sua primeira homilia, intitulada “Deus, o Criador”, Ele aborda os princípios que regem a sua leitura do Gênesis. Ele começa por recordar as palavras de abertura das Sagradas Escrituras que destacam a ação criadora de Deus “no começo”. No entanto, ele vai além e faz a pergunta que está no cerne do debate criacionista: São estas palavras verdadeiras? Será que elas têm algum valor? Para responder a estas questões, ele sugere três critérios para a interpretação do texto de Gênesis: a distinção entre forma e conteúdo, na narrativa da criação, a unidade da Bíblia, bem como a importância hermenêutica da Cristologia.

Primeiro, ele propõe que o exegeta “deve distinguir entre a forma de descrever e ao conteúdo que é descrito.”Ele deve ter em mente que a Bíblia é, em primeiro lugar e acima de tudo, um livro religioso e não um livro de ciências naturais. Assim, o Cardeal Ratzinger conclui que Gênesis não é e não pode fornecer uma explicação científica de como o mundo surgiu. Pelo contrário, é um livro que procura descrever as coisas de tal forma que o leitor é capaz de compreender profundamente as realidades religiosas. Ele usa imagens para comunicar a verdade religiosa, imagens que foram escolhidas a partir do que era compreensível no tempo em que o texto foi escrito, “as imagens que cercavam o povo que vivia na época, que eles usavam na fala e no pensamento, e graças às quais puderam compreender a realidade maior” .

Em outras palavras, o exegeta católico é chamado a respeitar o texto como está. Ele é chamado a ler Gênesis como o seu autor humano queria que fosse lido, não como um tratado científico, mas como uma narrativa religiosa que comunica verdades profundas sobre o Criador.

O primeiro critério do Cardeal Ratzinger para exegese ecoa o ensinamento do Concílio Vaticano II. Na Dei Verbum, a Constituição Dogmática sobre a Revelação, os Padres do Concílio ensinaram que, “para descobrir a intenção dos hagiógrafos, devem ser tidos também em conta, entre outras coisas, os ‘gêneros literários’. Com efeito, a verdade é proposta e expressa de modos diversos, segundo se trata de géneros histéricos, proféticos, poéticos ou outros. Importa, além disso, que o intérprete busque o sentido que o hagiógrafo em determinadas circunstâncias, segundo as condições do seu tempo e da sua cultura, pretendeu exprimir e de facto exprimiu servindo se os géneros literários então usados”

Além disso, embora o cardeal Ratzinger não forneça uma justificação teológica para este critério, o Concílio Vaticano II o fez. Segundo o Concílio, temos de respeitar a forma do texto porque “Deus na Sagrada Escritura falou por meio dos homens e à maneira humana”. Assim, o exegeta “para saber o que Ele quis comunicar-nos, deve investigar com atenção o que os hagiógrafos realmente quiseram significar e que aprouve a Deus manifestar por meio das suas palavras.” Em outras palavras, o exegeta católico deve respeitar a forma das Sagradas Escrituras porque, ao fazê-lo, ele respeita a ação de Deus que foi o autor do texto sagrado sem violar a liberdade, identidade e idiossincrasias dos autores humanos que escreveram em diferentes formas.

Segundo princípio: A unidade da Bíblia Sagrada

O primeiro critério do Cardeal Ratzinger levanta uma importante questão: Mas como é que se compreende a forma particular do texto sagrado? Por exemplo, como nós sabemos que o autor humano do relato da criação de seis dias não quis escrever uma narrativa histórica ou um tratado científico bona fide? Ele certamente poderia ter desejado isto. Na homilia da Quaresma de 1981, o Cardeal Ratzinger traz a mesma questão, perguntando: “é a distinção entre a imagem e o que se destina a ser expressado apenas uma fraude, porque não podemos mais contar com o texto, apesar de ainda querermos fazer alguma coisa dele, ou existem critérios a partir da própria Bíblia que atestam a esta distinção?”Em resposta, ele propõe um segundo critério de boa exegese católica – o exegeta deve interpretar um texto de dentro do contexto da unidade da Bíblia. Aplicando este critério para a interpretação do relato de seis dias da criação, descobrimos que os relatos da criação no Antigo Testamento – o Hexaemeron é apenas um dos vários encontrados em Gênesis e Salmos – são claramente “movimento[s] para esclarecer a fé” e não são narrativas históricas ou científicas.

Por exemplo, o cardeal Ratzinger observa que um estudo das origens dos textos descriação na literatura sapiensal revelam especialmente que eles foram escritos para responder à civilização helenística confrontada pelo israelitas.Hexaemeron, o relato da criação em seis dias, encontrado no primeiro capítulo de Gênesis revela que ele foi escrito para responder à civilização babilônica aparentemente vitoriosa confrontada pelos israelitas vários séculos antes de seu encontro com os gregos. Aqui, o autor humano do texto sagrado usou imagens familiares aos seus contemporâneos pagãos para refutar o Enuma Elish, o relato babilônico da criação que alegou que o mundo foi criado quando Marduk, o deus da luz, matou o dragão primordial.4 Assim, como o Cardeal Ratzinger sublinha, não é surpreendente que quase todas as palavras do primeiro relato da criação abordem uma confusão particular da época da Babilônia. Por exemplo, quando as Sagradas Escrituras afirmam que, no início, a terra era sem forma e vazia (cf. Gn 1:2), o texto sagrado refuta a existência de um dragão primordial. Quando elas se referem ao Sol e a Lua como lâmpadas que Deus pendurou no céu para a medição do tempo (cf. Gn 1:14), o texto refuta a divindade desses dois grandes corpos celestes, acreditados como deuses da Babilônia. Estes versos, e eles são apenas dois dos muitos exemplos, ilustram a intenção do autor humano do Hexaemeron.

Ele queria desmontar um mito pagão que era comum na Babilônia e afirmar a supremacia de um Deus Criador. O cardeal Ratzinger conclui: Assim, não é surpreendente que os autores humanos destes relatos não utilizam a imagem dos seis dias para fazer valer a sua fé em um Deus Criador. Esta imagem não teria sido adequada para o seu tempo e não teria sido entendida por seus contemporâneos gregos.

Assim, podemos ver como a própria Bíblia constantemente readapta suas imagens para um modo de constante desenvolvimento do pensamento, como muda sempre, e outra vez, a fim de dar testemunho, a única coisa que veio a ele, na verdade, da Palavra de Deus, que é a mensagem de seu ato de criar. Na própria Bíblia as imagens são livres e corrigem-se continuamente. Desta forma, elas mostram, por meio de um processo gradual e interativo, que elas são apenas imagens, que revelam algo mais profundo e maior.

Em suma, um estudo comparativo de diferentes relados da criação espalhados por toda a Sagrada Escritura revela que eles não eram e não são narrativas históricas ou científicas. Eram argumentos teológicos que usaram imagens diferentes para comunicar a mesma verdade – a verdade sobre o Criador e sua criação.

Novamente, o segundo critério do cardeal Ratzinger não é uma invenção nova. Ele ecoa os ensinamentos do Concílio Vaticano II, que ensinou: “a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita, não menos atenção se deve dar, na investigação do reto sentido dos textos sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura”.

Terceiro princípio: Cristo como a chave interpretativa da Bíblia Sagrada

Finalmente, o segundo critério levanta outra questão importante: Por que as Sagradas Escrituras ser tratadas como uma unidade? Qual é a fonte desta unidade? Em resposta, o Cardeal Ratzinger fornece seu terceiro e último critério para a interpretação do texto sagrado: devemos ler as Sagradas Escrituras “com Ele em quem todas as coisas foram cumpridas e em quem toda a sua validade e verdade são reveladas.” É Cristo que unifica a Bíblia. A Bíblia inteira é sobre ele. Assim, o Gênesis tem de ser lido no contexto de sua realização em Cristo. Portanto, o Santo Padre afirma que o primeiro relato da criação não pode ser lido sem referência ao relato conclusivo e normativo bíblica da criação que começa assim: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito.”(João 1:1,3 – Bíblia de Jerusalém).

Para o cardeal Ratzinger, é Cristo que sanciona as leituras do texto sagrado que se movem para além de uma leitura literal estrito, pois é Cristo que deseja comunicar profundas verdades teológicas que penetram no coração e na alma humana: “Cristo nos liberta da escravidão da letra, e precisamente assim é que ele dá de volta para nós, a renovação, a veracidade das imagens”.

Mais uma vez, o terceiro critério do Santo Padre pode ser encontrado nos documentos do Concílio Vaticano II: “Deus, inspirador e autor dos livros dos dois Testamentos, dispôs tão sabiamente as coisas, que o Novo Testamento está latente no Antigo, e o Antigo está patente no Novo. Pois, apesar de Cristo ter alicerçado à nova Aliança no seu sangue, os livros do Antigo Testamento, ao serem integralmente assumidos na pregação evangélica adquirem e manifestam a sua plena significação no Novo Testamento, que por sua vez iluminam e explicam.”

O Catecismo da Igreja Católica explica: “Por mais diferentes que sejam os livros que a compõem, a Escritura é uma em razão da unidade do projeto de Deus, do qual Cristo Jesus é o centro e o coração, aberto depois da sua Páscoa” (n. 112). Toda a Sagrada Escritura deve ser interpretada à luz de Cristo.

Em suma, o Hexaemeron é verdade. No entanto, é verdade não porque comunica a verdade histórica ou científica, mas porque ele comunica verdade teológica, a verdade de que o mundo foi criado por um Deus que é amor. Ler Gênesis com os três princípios hermenêuticos do cardeal Ratzinger justifica esta afirmação e apresenta os motivos para ir além de uma leitura literal do texto sagrado. É uma leitura da Sagrada Escritura, que é fiel tanto à fé e à razão.

Finalmente, como reconciliamos a interpretação do Cardeal Ratzinger do relato de seis dias de criação com o ensinamento de Leão XIII discutido acima? Lembre-se que em Providentissimus Deus, Leão XIII ensinou que os exegetas católicos “não devem a afastar-se do sentido literal e óbvio, com exceção apenas onde a razão torna insustentável ou a necessidade exige.” Criacionistas católicos têm argumentado que este critério não foi satisfeito – as ciências naturais não apresentaram razões para ir além do sentido literal e óbvio do Hexaemeron.

Eles argumentam que uma leitura literal do relato da criação de seis dias só deve ser abandonada quando a ciência refutar definitivamente a narrativa explicitamente descrita no Hexaemeron. Seu argumento, no entanto, deixa de reconhecer que o papa Leão XIII não limitou a sua declaração de fundamentação científica. Um exegeta católico tem de interpretar o texto sagrado de forma a coincidirem, não só com verdades descobertas pelas ciências naturais, mas também com as verdades descobertas por outros campos da investigação humana genuína.

Em outras palavras, a interpretação do texto sagrado é uma obra de tanto da fé e da razão. Como o cardeal Ratzinger convincentemente argumentou, no caso do Hexaemeron, temos que abandonar uma leitura que se limita ao sentido literal, porque os estudos de textos antigos e culturas antigas – e não a ciência natural – deram-nos boas razões e necessidade para fazê-lo.

Prender-se a uma leitura literal do Gênesis seria fazer violência ao sentido original do autor humano e, assim, a verdade que Deus quis manifestar através de suas palavras. Como enfatizou o Concílio Vaticano II, como Deus, também nós somos chamados a respeitar o autor humano. Desde que ele não escreveu um tratado científico ou histórico, na Hexaemeron, não devemos lê-lo como um.




Frei Nicanor Pier Giorgio Austriaco, OP, recebeu seu Ph.D. em Biologia no MIT em 1996 e sua Licenciatura em Teologia Sacra da Dominican House of Studies em 2005. Ele atualmente trabalha como professor assistente de biologia e professor adjunto de teologia no Providence College, em Providence, Rhode Island.


1 – Victor P. Warkulwiz, M.S.S., “Restoration of Traditional Catholic Theology on Origins,” in Proceedings of the International Catholic Symposium on Creation, October 24-25, 2002. (Woodstock, VA: Kolbe Center for the Study of Creation, 2003), 17-35, p. 17
2 – Dermott J. Mullen, “Fundamentalists Inside the Catholic Church: A Growing Phenomenon,” New Oxford Review 70 (2003): 31-41. Para uma resposta ao artigo de Mullen de católicos que se consideram criacionistas, veja Hugh Owen e Robert Bennett, “Are Catholic Defenders of Special Creation ‘Fundamentalists’?” at
www.kolbecenter.org/nor.response.htm. Último acesso em 04/01/2010.
3 – Pope Leo XIII, Encyclical letter, Providentissimus Deus, November 18, 1893, nos. 14-15. Traduções do website http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_18111893_providentissimus-deus_en.html . Último acesso em 04/01/2010.
4 – Pontifical Biblical Commission, The Interpretation of the Bible in the Church, March 14, 1994, Section F: Fundamentalist Interpretation.
5 – Joseph Ratzinger, ‘In the Beginning…’: A Catholic Understanding of the Story of Creation and the Fall, Trans. Boniface Ramsey, O.P. (Grand Rapids: William. B. Eerdmans Publishing Co., 1995).
6 – Ibid., pp. 4-5.
7 – Ibid., p. 5.
8 – Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre a Revelação Divina., nº12.
Nota do Tradutor. Usei a versão online da Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre a Revelação Divina. http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651118_dei-verbum_po.html
Último acesso em 04/01/2010.
9 – Ibid.
10 – Ibid.
11 – Ratzinger, In the Beginning, p. 8.

12 – Ibid., p. 14.

13 – Ibid., pp. 14-15.

14 – Para um ensaio interessante sobre a relação entre o HexaemaronEnuma Elish, e a escrito para uma audiência popular, veja Victor Hurowitz, “The Genesis of Genesis: Is the Creation Story Babylonian?” Bible Review 21 (2005): 37-48; 52-53.

15 – Ratzinger, In the Beginning, p. 15.

16 – Dei verbum, no. 12.

17 – Ratzinger, In the Beginning, p. 16.

18 – Ibid., p. 16.

19 – Dei verbum, no. 16.

Ocasionalmente ouvimos algumas afirmações, em relação ao batismo, sendo atribuídas a momentos de lucidez e de maturidade.Por exemplo, há quem diga: “Não vou batizar meu filho, deixarei que ele escolha a religião que quiser seguir”; ou ainda por falta de esclarecimento teológico: “Quero batizar logo meu filho para que o Mal não tenha poder sobre ele”; por fim, diante do desconhecimento da misericórdia divina: “Quero batizar meu filho porque se morrer sem ser batizado, não irá para o céu”; além de outras crendices e ateísmo disfarçado.

O batismo não é apenas o sacramento da iniciação cristã, nem se reduz a um ritual de ingresso no Cristianismo, nem é um gesto mágico para livrar alguém dos poderes e das influências malignas e nem mesmo um passaporte para a vida pós morte.

O sacramento do Batismo é a inserção da pessoa no mistério da redenção, é aceitar Jesus Cristo como Salvador, é responder positivamente ao chamado de Deus para uma vida de filho e de irmão. Portanto não sou eu quem escolho, mas como já fui escolhido, respondo se aceito ou não.

Dizer que vai deixar o filho crescer para escolher qual religião seguir, é prova de absoluto desconhecimento de quem é Deus e do significado do batismo. Ao mesmo tempo demonstra uma leve arrogância, um singelo gesto de soberba, em querer trazer para si um poder que não possui nem de longe. Ninguém escolhe Deus, ninguém disse a Ele “cria-me”, mas Ele que em sua infinita bondade, em seu amor profundo, pensou em mim, como sou, com minhas qualidades e limites e me criou como sou, num gesto de profundo amor. O que faço ao batizar meu filho é um gesto de humildade em dizer “eu o recebi de suas mãos, eu sozinho não poderia tê-lo gerado, a vida vem de você, você é a Vida”.

Ninguém vai deixar seu filho crescer para perguntar se ele quer ser alfabetizado ou não e em que língua; ninguém vai perguntar ao filho se quer ser vacinado, se quer receber a DPT (contra rubéola, caxumba e sarampo) nem se quer ou não fazer o teste do pezinho (para detectar até 30 possíveis doenças), mas exatamente porque sabe que isso é bom, que faz bem, que previne e que o torna capaz de se comunicar, os pais vão fazendo, mesmo que a criança chore ou tenha saudades por ficar na escola sem a presença deles. Ora batizar é reconhecer a onipotência e a paternidade absoluta de Deus e colocar em prática a ordem dada por Jesus de batizar todas as pessoas, como está escrito em Mt 28,19.

Batizar também é declarar que aquele que gerei é do bem e que rejeita o mal. Por isso, faço por ele a renúncia , a rejeição ao Mal. Em seguida, em seu nome faço a profissão de fé, quando afirmo crer no poder do Amor, quando professo a vitória do Bem, a vitória da Vida e para sempre!
Ao mesmo tempo comprometo-me a educá-lo nesses princípios, sendo alguém que crê na esperança, que é do bem e que sempre será irmão.

Ser batizado é ter Deus como modelo de vida, é se identificar com Jesus Cristo, é ser homem e mulher para os demais, é ser ecológico, é ser humano, é dizer ao mundo que ele poderá sempre contar com você, aconteça o que acontecer.



DOM LÉLIS LARA

Tenho recebido muitas consultas sobre Maçonaria, por exemplo, se um católico pode se inscrever na Maçonaria, se um maçom pode comungar e outras.

Achei oportuno escrever este artigo sobre a matéria, imaginando que muitas pessoas também tenham as mesmas dúvidas e queiram se esclarecer. Para muitos a Maçonaria é uma entidade filantrópica, semelhante a um clube de serviço como Rotary e o Lions. Para esses poderia parecer implicância da Igreja Católica vetar aos seus fiéis o ingresso na Maçonaria.

Na realidade a Maçonaria não é mera entidade filantrópica. Ela se apresenta também como instituição com princípios filosófico-religiosos.

Por diversas vezes, ao longo dos séculos, a Igreja católica condenou a maçonaria. Nunca ficaram muito claras as razões aduzidas para essas condenações. Podemos talvez dizer que a Igreja condenava a Maçonaria por ser sociedade suspeita de heresia e de maquinar contra os poderes instituídos e contra a própria Igreja.

Com essa última conotação foi introduzida no antigo Código de Direito Canônico uma pena de excomunhão para os que ingressarem na Maçonaria.

Ficou claro para a igreja hoje que a Maçonaria é uma entidade com princípios filosófico-religiosos inconciliáveis com a doutrina cristã. Já não se considera o aspecto de “maquinação contra a igreja”. O novo Código de Direito Canônico não faz nenhuma referência à Maçonaria.

O Episcopado alemão, após seis anos de estudos, concluiu pela inconciliabilidade entre a igreja Católica e Maçonaria, pelos seguintes motivos:

a) o relativismo e o subjetivismo são convicções fundamentais na visão que os maçons têm do mundo;

b) o conceito maçônico da verdade nega a possibilidade de um conhecimento objetivo da verdade;

e) o conceito maçônico da religião é relativista: todas as religiões seriam tentativas, entre si competitivas, de anunciar a verdade divina, a qual, em última análise, seria inatingível. Tal conceito de religião implica uma visão relativista, que não pode conciliar-se com a convicção cristã; o conceito maçônico de Deus (Grande Arquiteto do Universo) é uma concepção marcadamente deísta: um “ser” neutro, indefinido e aberto a toda compreensão possível e impessoal, minando o conceito de Deus dos católicos e da resposta ao Deus que os interpela como Pai e Senhor;

e) a visão maçônica de Deus não permite pensar numa revelação de Deus, como se dá na fé e na tradição de todos os cristãos;

f) a idéia maçônica de tolerância deriva de seu relativismo com relação à verdade. Semelhante conceito abala a atitude do católico na sua fidelidade à fé e no reconhecimento do magistério da Igreja;

g) a prática ritual maçônica manifesta, nas palavras e nos símbolos, um caráter semelhante ao dos sacramentos, como se, sob aquelas atividades simbólicas, se produzisse algo que objetivamente transformasse o homem;

h) o conceito maçônico acerca do aperfeiçoamento ético do homem é absolutizado e de tal modo desligado da graça divina, que já não resta espaço algum para a justificação do homem, segundo o conceito cristão;

i) a espiritualidade maçônica pede a seus adeptos uma tal e exclusiva adesão para a vida e para a morte, que já não deixa lugar à ação específica e santificadora da igreja. Esta fica, de fato, sobrando.

No dia 26 de novembro de 1983, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, deu uma declaração, reafirmando o “parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas”.

Quem der o seu nome à Maçonaria, diz a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, está em pecado mortal. “Teria sido mais exato dizer que pratica uma transgressão objetivamente grave” (Pe. Jesús Hortal, Nota ao cân. 1.374 do Código de Direito Canônico).

Outras denominações cristãs aos poucos vão chegando à mesma conclusão que a Igreja Católica. Entre outros, citamos a igreja Anglicana da inglaterra, a Igreja Metodista da Inglaterra, a Igreja Presbiteriana da Escócia, a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.

Como devemos agir na prática pastoral?

Parece-me que, de modo geral, em nossa região, a Maçonaria é considerada como uma espécie de clube de serviço, mais ou menos à semelhança do Rotary Club e Lions Club. Muitos de nossos fiéis, mesmo agentes de pastoral e outros bem engajados e participantes, são membros da Maçonaria. Estes dizem que não estão percebendo nada que contrarie a doutrina católica. Caso percebam contradições entre princípios da Maçonaria e doutrina da igreja Católica, devem fazer sua opção. Se, neste caso, optarem pela Maçonaria, já não serão católicos.

Se alguém nos consultar sobre se pode aceitar o convite para ingressar na Maçonaria, creio que devemos dissuadi-lo de aceitar tal convite, porque não há razões que justificam o ingresso de um católico na Maçonaria.

Com o abraço fraterno, Dom Lelis Lara, CSsR.

O cardeal Miloslav Vlk, de 77 anos, arcebispo de Praga e primaz da Boêmia, advertiu que existe “uma ameaça” de a Europa cair “na islamização”, se os cristãos “não despertarem.

A afirmação foi feita em entrevista publicada nesta terça-feira, no site www.kardinal.cz. O cardeal disse que, “como a vida dos europeus está sistematicamente desprovida de conteúdo cristão, foi criado um espaço vazio o qual os muçulmanos preenchem muito facilmente”.

Ele disse que a Europa “renunciou às suas raízes cristãs” que poderiam, segundo ele, dar ao continente “uma força para desafiar o perigo de ser conquistado pelos muçulmanos”.

Na entrevista, ele também afirma que “o Islã não conquistou a Europa por meio das armas da guerra no final da Idade Média e início dos tempos modernos, mas a batalha é travada atualmente com armas espirituais que a Europa não possui [mais]”.

“Os muçulmanos estão perfeitamente equipados delas”, disse o cardeal Vlk, para quem há “uma ameaça de uma queda da Europa”.

Perseguido pelo antigo regime comunista desaparecido em 1989, Miloslav Vlk foi nomeado arcebispo de Praga pelo Papa João Paulo 2°, em 1991.

A defesa da raízes cristãs da Europa é uma das marcas da atuação diplomática do Vaticano nos últimos anos. Em maio passado, o papa Bento 16 pediu que os europeus se mantenham fiéis à sua identidade religiosa.

O Vaticano insistiu, sem sucesso, para que a União Europeia acolhesse os valores cristãos entre seus princípios fundamentais.

Com France Presse

Bob Unruh

O editorial de um jornal dinamarquês, citando tanto as políticas externas quanto internas adotadas pelo presidente Barack Obama, está deificando o líder político americano.

“Obama é, com certeza, maior do que Jesus — se tivermos de jogar esse absurdo jogo do Natal”, opinou o editorial não assinado ontem em Politiken, que se gaba de ser o maior jornal da Dinamarca, publicado desde 1884.

O editorial continuou: “Mas, provavelmente, é mais importante insistir em que com o triunfo dele hoje nos EUA, ele já garantiu para si um lugar nos livros de história — um espaço que ele tem boas chances de expandir de modo considerável nos próximos anos”.

O jornal diz que Obama “é provocativo ao insistir em estender a mão, onde outros só vêem animosidade”.

E embora “seus resultados tangíveis em curto prazo sejam escassos”, suas palavras “permanecem na consciência de sua audiência e têm efeitos de longo prazo”.

“Ele vem de origem humilde e defende os fracos e vulneráveis, pois ele pode se identificar com a condição deles”, disse o jornal. “E não estamos pensando em Jesus Cristo, cuja data de nascimento acabamos de celebrar. Estamos falando do presidente dos Estados Unidos Barack Hussein Obama”.

O editorial comentou que “seria natural chegar-se à idéia de uma comparação entre Jesus e Obama. Se se fizesse tal comparação, é certeza que Obama levaria vantagem”.

O editorial, escrito na ocasião de um voto legislativo em favor do plano de saúde de Obama que institui controle governamental total, citou “o direito de todos os cidadãos de não se arruinarem financeiramente quando sua saúde não está bem”, assim como “o maior pacote de ajuda financeira da história dos EUA, um importante acordo de desarmamento e o mais rápido restabelecimento da reputação americana da História”.

“Por outro lado, há os milagres de Jesus, dos quais todos ainda se lembram, mas que só beneficiaram poucas pessoas. Ao mesmo tempo, há as maravilhosas parábolas sobre sua vida e obras que conhecemos a partir do Novo Testamento, mas que têm sido interpretadas de formas tão diferentes durante os 2000 anos passados que é impossível dar um resultado claro de suas obras”, disse o jornal.

WND fez várias reportagens sobre múltiplas referências e sugestões da deidade de Obama, inclusive quando o cantor britânico Sting disse que o presidente Obama poderá ser a resposta para os problemas do mundo — a resposta divina.
“De muitas maneiras, ele foi enviado por Deus, pois o mundo está uma bagunça”, ele disse em entrevista à Associated Press na época.

Antes, foi uma das redatoras de um jornal universitário que escreveu: “Obama é meu Jesus”.
Maggie Mertens, uma das redatoras do jornal da Faculdade Massachusetts’ Smith, disse: “Obama é meu amigo. E não estou dizendo isso porque ele é negro — estou dizendo isso em referência a uma camiseta estampada de uns dois anos atrás que dizia ‘Jesus é meu amigo’. Sim, foi o que eu quis dizer. Obama é meu Jesus”.

A confissão dela apareceu recentemente na seção de comentários do jornal universitário Smithsophian sob o título: “Eu O Seguirei: Obama como Meu Jesus Pessoal”.

“Embora os religiosos vejam isso como idolatria ou embora outros pensem que tudo nessa sentença ofende, temo que seja verdade”, escreveu ela.
Além disso, um artista que planejou apresentar um retrato de Obama numa pose como de Cristo com uma coroa de espinhos na cabeça cancelou o evento devido à “esmagadora revolta do público”.

E foi Louis Farrakhan, o líder do grupo muçulmano Nação do Islã, que declarou no ano passado que quando Obama fala, “é o Messias que está realmente falando”.

Houve também outro acontecimento durante a campanha de Obama quando um site perguntou: “Será que Barack Obama é o Messias?” Essa manchete sintetizou a onda de euforia que seguiu o crescimento espetacular do senador do Partido Democrata.

O site ficou famoso com uma declaração de Obama estrategicamente extraída de um discurso dele na Faculdade Dartmouth, em 7 de janeiro de 2008, logo antes da eleição do Partido Democrata para escolher um candidato à presidência. Foi nessa ocasião que Obama declarou aos estudantes: “Uma luz brilhará por essa janela, um raio de luz descerá sobre vocês. Vocês experimentarão uma presença divina, e de repente compreenderão que precisam ir votar” em Obama.

O site inclui isto:
SEJA O TEU NOME OBAMA
TUA MUDANÇA VIRÁ
TUA VONTADE SERÁ FEITA…

***

Veja aqui o jornal em sua versão original… é risível.. WND


A pesquisa publicada pelo jornal Francês revela as entranhas da fé católica no pais da “revolução Francesa’,o que ajuda a entender um pouco dessa triste realidade.

Nossa comunidade possui várias casas no pais onde procuramos oferecer nossa contribuição de evangelização.

França de  Santa Teresinha e das aparições de Maria.

Oremos por este querido país…

***

O jornal La Croix acaba de publicar os dados mais recentes sobre a prática religiosa dos católicos em França.

A realização deste estudo há largos anos permite uma perspectiva temporal e evolutiva que é reveladora: a percentagem daqueles que se referenciam ao catolicismo passou neste cerca de meio século de três quartos para dois terços, enquanto que a prática da missa dominical passou, entre o início dos anos 60 e a actualidade de um quarto para menos de 5%.

Clicar para ver em formato ampliado

Este artigo pode, a princípio, parecer anti-ecumênico, mas não é. Muito pelo contrário, visa esclarecer fatos históricos.

Pessoalmente, torço para o êxito do ecumenismo, que tem uma árdua tarefa na busca da aproximação, diálogo e consenso entre as várias denominações cristãs. Contudo, sou obrigado a registrar que, em virtude da imperfeição do ser humano, o ecumenismo caminha a passos lentos… muito lentos mesmo! Na verdade, a discórdia reinante entre os cristãos é fruto mais de interesses pessoais e políticos do que religiosos. É claro que existem diferenças de pontos doutrinais, criados a partir da necessidade de separação e identificação, mas será que existe vontade de discuti-los fraternalmente, a ponto, até, de reconhecê-los como errados?

Volta e meia a imprensa noticia que milhares e milhares de católicos estão indo seguir outras religiões. Vemos, assim, que o católico costuma a ser pacífico, bom ouvinte, o que, aliás, é uma boa virtude ecumênica. Por outro lado, sabemos que muitos católicos assim se declaram porque foram batizados quando crianças, não tendo, após isso, uma verdadeira vida cristã: nunca foram à Igreja (exceto para “pagar” promessas ou participar de missas de sétimo dia), nunca tiveram interesse de participar dos grupos comunitários e nunca se aprofundaram no estudo bíblico e doutrinário da Igreja (no máximo, fizeram a primeira – e única! – comunhão). Infelizmente, vemos atitudes pouco ecumênicas por parte da maioria dos dirigentes de outras igrejas que, aproveitando o fato do pouco conhecimento religioso de boa parte dos católicos, coverte-os às suas respectivas religiões usando, para isso, de artimanhas verdadeiramente anti-ecumênicas.

Para discutir esse fenômeno, existem, hoje, duas correntes de pensamento dentro da própria Igreja católica: a primeira acha ótimo esse “êxodo”, já que ocorre uma purificação interna dentro da própria Igreja, uma vez que, como está comprovado, só deixam de ser católicos aqueles que pouco interesse têm pela Igreja.

A segunda, embora reconhecendo que essa “purificação” é positiva e que contribui para o aumento da qualidade dos fiés católicos, afirma que não é justo permitir o afastamento do “joio” já que estes foram, na maioria das vezes, conquistados de forma ilícita, isto é, por desconhecerem a sã doutrina da Igreja, mudaram de fé graças a argumentos duvidosos (apresentados por fiéis de outras igrejas), para os quais não tinham uma explicação satisfatória… De uma forma, como de outra, a própria Igreja católica reconhece que é necessária uma nova evangelização, buscando aprofundar as raízes de todos os fiéis católicos bem como de todos os homens de boa vontade.

TUDO É HISTÓRIA

Ao contrário de todas as demais religiões, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo são religiões históricas, não foram criadas a partir de mitos! Logo, todas as ações realizadas pelos fiéis dessas três grandes religiões ficaram registradas no tempo! São fatos, não lendas; é história, não estória! Não vamos falar sobre os judeus, pois sabemos que eles não aceitaram Jesus como o verdadeiro Messias porque sua visão de Messias, na época de Jesus, era estritamente política: o enviado de Deus que libertaria o povo da dominação romana (aliás, a destruição de Jerusalém em 135 dC pelos romanos foi motivada por essa falsa visão: três anos antes, Bar-Khokba fôra proclamado pelas autoridades religiosas como o Messias libertador). Quanto aos islâmicos, cuja fé baseia-se em Maomé, bem sabemos pela História que trata-se de uma religião com grandes influências do judaísmo e cristianismo.

Vamos, portanto, nos concentrar na fé cristã e ver o que é histórico, o que é verdadeiro, já que, na esmagadora maioria das vezes, os conflitos e divisões são gerados pelos próprios cristãos.

A IGREJA CATÓLICA

Jesus manifestou o interesse de fundar a Igreja (Mt 16,18), Igreja esta que teria autoridade (Mt 18,17), cujo sinal de unidade seria a pessoa de Pedro (Mt 16,18-19; Jo 21,15-17; etc). A Igreja foi oficialmente fundada após a ressurreição de Jesus, no domingo de Pentecostes, com o derramamento do Espírito Santo (At 2). A Igreja cresceu em número, primeiro em Jerusalém, e foi se espalhando pelo mundo graças à pregação e cuidado dos apóstolos. É de conhecimento geral que, naquela época, Roma era a senhora do mundo, o mais vasto império que a humanidade já conheceu. Foram os próprios apóstolos que viram a necessidade do deslocamento do Cristianismo para o centro do império romano a fim de facilitar a pregação do Evangelho. É fato histórico que Pedro e Paulo foram perseguidos e martirizados em Roma. Clemente Romano, ainda no séc. I, nos testemunha esses martírios. Irineu de Lião apresenta, no séc. II, a lista dos sucessores de Pedro, até aquela data. A arqueologia, através de escavações, confirmou a morte de Pedro e Paulo em Roma ao encontrar seus respectivos túmulos. Ao estudarmos a doutrina da Igreja católica, percebemos que ela não se afastou um milímetro sequer desde a sua fundação, ou seja, a Igreja católica atual é a mesma de 2000 anos atrás.

A PRIMEIRA DIVISÃO

A primeira divisão dentro do Cristianismo ocorreu em 1054 dC (aproximadamente mil anos após a fundação da Igreja). É o que se chama de Cisma Oriental. Antes disso, grandes polêmicas tinham surgido dentro do seio do Cristianismo mas, mesmo assim, sempre se chegava a um consenso geral através da realização de grandes Concílios Ecumênicos, que reuniam bispos de todo o mundo até então conhecido. Aqueles que não se adequavam às decisões eram afastados da Igreja, criando – como hoje em dia – comunidades heréticas que o próprio tempo tratou de exterminá-las. Mas o Cisma Oriental foi a primeira divisão que realmente abalou o mundo cristão. Doutrinariamente, os orientais, baseados em Constantinopla, acusaram a Igreja do ocidente de ter acrescentado o termo filioque ao credo niceno-constantinopolitano, resultando na procedência do Espírito Santo a partir do Pai e do Filho e não apenas do Pai, como originalmente registrava tal credo, o que dava a impressão que o Espírito Santo passou a “existir” após o Pai e o Filho. Muito embora a Igreja católica tenha demonstrado e comprovado que tal acréscimo nada modifica na fórmula original, nem impõe uma ordem de procedência já que trata-se do Deus único, a Igreja Ortodoxa jamais aceitou voltar à plena comunhão com a Igreja de Roma, o que bem demonstra que a divisão não ocorreu por motivo simplesmente doutrinário.

Mas então qual seria o verdadeiro motivo da separação? Política! Desde o séc. VII, Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, desejava ter os mesmos direitos da sé de Roma, tendo conseguido obter, no máximo, o reconhecimento do privilégio de segunda, logo depois de Roma. Assim, o argumento do “acréscimo ilícito” do filioque foi usado apenas para garantir a separação na ordem política! Isso é História.

AS DEMAIS DIVISÕES

Após a separação da Igreja Ortodoxa, foram necessários mais 500 anos, aproximadamente, para que nova divisão viesse abalar a Igreja do Ocidente. Também é fato histórico que na Igreja medieval ocorriam vários abusos, a grande maioria ocasionados pelo fato da ligação íntima entre Igreja e Estado; era o Estado que nomeava os bispos, sendo estes pouco preparados a nível religioso. Então era comum encontrarmos bispos que compravam determinada sede episcopal, que eram casados irregularmente, que eram impiedosos por falta de vocação religiosa, etc… Era necessária uma Reforma dentro da Igreja! Vários homens lutaram por essas reformas, cada qual a seu jeito. Francisco de Assis é um desses exemplos: lutou por reformas e conseguiu! Não precisou dividir a Igreja, pois reconhecia sua importâcia e autoridade. Mesmo assim, a Igreja ainda não estava totalmente reformada. Infelizmente, homens como Lutero e Calvino, ao invés de se inspirarem no grande exemplo de São Francisco, acharam mais fácil romper com a Igreja, fundando novas religiões… foi a chamada Reforma Protestante.

Lendo a história de maneira completamente imparcial, vemos que, mais uma vez, a política se intrometia no campo religioso. Lutero, para impor suas doutrinas, aliou-se aos príncipes alemães descontentes com as boas relações entre o Imperador e o Papa.

Calvino fez de Genebra um Estado cuja política era guiada por preceitos religiosos radicais, com visível orientação antipapal e anticatólica. Ao contrário de Lutero e Calvino, o rei Henrique VIII da Inglaterra estava preocupado em conseguir um descendente (filho) do sexo masculino para ser seu sucessor no trono; como Catarina de Aragão, sua esposa, não conseguia dar-lhe esse filho tão esperado e o Papa não consentisse o divórcio, obrigou ao clero inglês a reconhecê-lo como chefe supremo da igreja na Inglaterra. Observemos, portanto, como os argumentos religiosos são usados por todos, desde o princípio, como justificativa para implantação de idéias meramente políticas.

Lutero havia afirmado que quem dirige o crente é o Espírito Santo, de forma que este não necessita da autoridade de Igreja para ajudá-lo a interpretar a Bíblia, única fonte de fé que deve ser considerada pelo cristão. Esse mesmo ponto de vista foi adotado por Calvino e por todo o mundo protestante. Mesmo sendo oposta à própria Bíblia (2Pd 3,15-16), a livre interpretação ocasionou a fragmentação do Cristianismo em mais de 20 mil ramos, o que é um absurdo, já que cada ramo se julga a verdadeira Igreja de Cristo, tendo como único ponto comum o anticatolicismo. Mas, não reconhecendo a autoridade de Igreja, mais uma vez se voltam contra a Bíblia, pois esta afirma que o fundamento e coluna da verdade é a Igreja (cf. 1Tm 3,15), logo, apesar de possuirem alguns pontos verdadeiros (que são iguais aos da Igreja Católica!!!), não são a verdadeira Igreja de Cristo.

Vejamos a seguinte lista, organizada em ordem cronológica e incompleta, já que seria impossível listar as 20 mil igrejas cristãs hoje existentes:

Ano Denominação Origem Fundador
~33 Fundação da Igreja Católica Palestina Jesus Cristo
~55 Igreja Católica se fixa em Roma, com Pedro e Paulo

1054 Igreja Ortodoxa Constantinopla Miguel Cerulário
1521 Igreja Luterana Alemanha Martinho Lutero
1523 Anabatistas Alemanha Zwickau
1523 Batistas Menonitas Holanda Menno Simons
1531 Igreja Anglicana Inglaterra Henrique VIII
1536 Igreja Presbiteriana Suiça João Calvino
1592 Igreja Congregacionalista Inglaterra John Greenwood e outros
1612 Igreja Batista Arminiana ou Geral Inglaterra John Smith
~1630 Sociedade dos Amigos (Quakers) Inglaterra George Fox
1641 Igreja Batista Regular ou Particular Inglaterra Richard Blount
1739 Igreja Metodista Inglaterra John Wesley
1816 Igreja Adventista EUA Willian Miller
1830 Mórmons EUA Joseph Smith
1865 Exército da Salvação Inglaterra Willian Booth
1878 Testemunhas de Jeová EUA Charles T.Russel
1901 Igreja Pentecostal EUA Charles Parham
1903 Igreja Presbiteriana Independente Brasil Othoniel C. Mota
1909 Congregação Cristã no Brasil Brasil Luís Francescon
1910 Igreja Assembléia de Deus EUA/Brasil D.Berg/G.Vingren
1918 Igreja do Evangelho Quadrangular EUA Aimée McPherson
1945 Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB) Brasil Carlos D.Costa
1955 Cruzada o Brasil para Cristo Brasil Manoel de Mello
1962 Igreja Deus é Amor Brasil David Miranda
1977 Igreja Universal do Reino de Deus Brasil Edir Macedo

Outros Ramos:

  • Adventistas: Adventistas da Era Vindoura, Adventistas do Sétimo Dia, Adventistas Evangélicos, Cristãos Adventistas, Igreja de Deus, União da Vida e do Advento, etc.
  • Batistas: Batistas Abertos, Batistas das Duas Sementes no Espírito, Batistas das Novas Luzes, Batistas das Velhas Luzes, Batistas do Livre Arbítrio, Batistas do Sétimo Dia, Batistas dos Seis Princípios, Batistas Fechados, Batistas Primitivos, Batistas Reformados, Velhos Batistas, etc.
  • Pentecostais:Cruzada da Nova Vida, Cruzada Nacional de Evangelização, Igreja Cristo Pentecostal da Bíblia, Igreja da Restauração, Igreja Jesus Nazareno, Reavivamento Bíblico, Tabernáculo Evangélico de Jesus (Casa da Bênção), etc.

Como cada uma dessas igrejas defende sua própria doutrina como verdadeira, apesar de se autonomearem como cristãos, excluem-se mutuamente. Contudo, a única Igreja cristã que existe desde a época de Cristo é a Igreja católica. E observando-se que sua doutrina permaneceu imutável nestes 2000 anos, temos que ela é a Igreja de Cristo, apesar das demais possuírem elementos verdadeiros, vestígios de sua ligação comum com a Igreja católica.

Uma brincadeira de criança ilustra muito bem nosso ponto de vista: a brincadeira do “quem conta um conto, aumenta um ponto”. Uma pessoa transmite uma mensagem para uma segunda pessoa; entra, então, uma terceira pessoa, que recebe a informação da segunda pessoa, e assim, sucessivamente. Não são necessárias muitas pessoas, pois já na quarta ou quinta pessoa, a informação está completamente distorcida da informação original. O mesmo ocorre no campo religioso: como pode, igrejas sem nenhuma ligação com Jesus proclamar-se detentoras da verdade? E como podem essas igrejas atribuir suas mais diversas doutrinas ao mesmo Espírito Santo, sendo estas completamente contraditórias entre si? Não seria uma blasfêmia dizer que o Espírito Santo está ocasionando divisões entre os cristãos se Jesus Cristo afirmou que haveria um só rebanho e um só pastor? (Jo 10,16)

Além da pergunta: “quem fundou a sua igreja?”, outra pergunta interessante a ser feita aos cristãos não católicos é: “qual seria a sua religião se você nascesse há mil anos atrás?”. Nessa época, havia unidade total entre os cristãos e a resposta seria apenas uma: católica. Ora, se não houve mudanças na doutrina desde a fundação da Igreja, é ilógico e contraditório aceitar atualmente doutrinas que não se alinham com as da Igreja católica!!! Pode-se aceitar ritos e disciplinas diferentes, mas não doutrinas!

Quem dá sustentação e vida à árvore é sua raiz! Uma árvore sem raiz não sobrevive nem se mantém segura de pé! E o que temos na raiz desta grande árvore que é o Cristianismo? Na base (raiz) está a Igreja católica (é fato histórico; observe mais uma vez a tabela acima)! Sua raiz bebe diretamente Daquele que dá e é a água viva (cf. Jo 4,10), Jesus Cristo, o Filho de Deus. E é por isso que ela, ainda nos dias de hoje, tem se demonstrado forte e vigorosa (apesar da sua idade), e assim será até a consumação dos séculos (cf. Mt 28,20b).

Por Carlos Martins Nabeto
Fonte: Agnus Dei

Bony Chiarelli

No novo testamento a palavra GRAÇA é empregada para referir a irredutível e desconcertante benevolência de Deus para conosco, ainda que nós sejamos e permaneçamos pecadores, patifes e canalhas. Garante a palavra de Deus que é pela graça, isto é, por bondade divina e não por mérito nosso, que recebemos perdão e salvação deste nosso estado maldito de pecado.É pela graça e não por algum critério de seleção, que Deus faz derramar a chuva sobre justos e injustos. E é pela graça que as suas misericórdias renovam-se a cada manhã. É pela graça e não por teste de paternidade que Deus nos chama de filhos e permite que nós o chamemos de Pai. É pela graça que Deus oferece uma infinidade de perdão a cada ciclo de tempo e o mesmo procedimento requer de seus filhos.

Paradoxalmente, os protestantes interpretam-se como grandes e credenciados defensores da graça, mas efetivamente são os católicos (muitas vezes tidos como antagonistas dos protestantes) os únicos cristãos a desfrutar graciosa e adequadamente dela. É um item que, em minha opinião, tem riscado o verniz da história do cristianismo ocidental. A característica mais singular da graça, e é isso que me faz pensar sobre tal paradoxo, é o fato de que não há nada que se possa fazer para merecê-la: não se pode barganhar ou extorquir aquilo que Deus se dispõe a oferecer gratuitamente. Essa novidade torna obsoletas todas as mais consagradas práticas religiosas, como ofertas, sacrifícios, promessas, penitências e procedimentos.

O discurso da reforma religiosa foi que a Igreja Católica havia perdido a graça de vista, pois ela estava construindo um império fundamentado na venda de privilégios e na institucionalização. Havia a acusação de que os católicos haviam dado as costas para a mensagem de Cristo, que afirmava não haver sacrifício no mundo que pudesse adquirir perdão ou penitência que pudesse apagar a culpa. A graça era a encarregada de tudo isso. Para os protestantes, os católicos haviam reduzido o cristianismo a um ritual sem vitalidade, pois haviam se esquecido da graça, e por isso eles estavam dispostos a dedicar suas vidas na correção deste desvio. Só que nos últimos séculos, percebo que são os católicos os cristãos mais competentes a desfrutar integralmente da graça, enquanto os protestantes se encarregaram de transformar o cristianismo em ritual e instituição.

Eu, como protestante, digo de peito aberto que resta-nos o discurso e cabe aos católicos toda a herança. Parece inevitável que sempre adquirimos as características daqueles que refutamos. Vou tentar exprimir em palavras meu ponto de vista.

Os católicos entendem que a igreja não é contida por templo algum, ainda que existam templos católicos em todo lugar do mundo (verdadeiro sonho de consumo protestante), e de certa forma entendem que nada neste mundo tem como dar errado. Ou seja, se a Igreja está em todo lugar, Deus está em todo lugar e também o serviço cristão. Os católicos enxergam a igreja não como um lugar, mas como uma condição de segurança e de acesso a Deus, algo muito semelhante ao que Jesus descrevia como sendo o reino de Deus.

Os católicos estão muito mais dispostos (e percebo isso na pele) a receber os pobres, os doentes, os deformados, os divorciados, os travestis, os aidéticos, os viciados, os mendigos, os maltrapilhos, os bêbados, os fedorentos e os rejeitados de todas as estirpes, do que qualquer vertente protestante. Qualquer igreja católica tem a maturidade suficiente de receber um destes excluídos sem exigir nada em troca pelo oferecimento gratuito do perdão e do acesso a Deus.

Ao contrário de nós protestantes, os católicos vão à missa e não à igreja, pois esta é terreno santo e onipresente do qual não há como escapar. E se Deus está em todo lugar, sua proteção é imediatamente acessível, seu poder é inevitável, seu favor é onipresente. Deus e a vida podem ser celebrados adequadamente em qualquer lugar, fora das paredes do templo, porque não há como fugir da segurança da igreja, que é outro nome para o entendimento do reino de Deus. Coitados de nós, protestantes, se a palavra igreja não se tornar relevante novamente, se não se tornar algo de extrema importância nas nossas vidas. Para nós, protestantes, a igreja é um local definido e também uma atividade. A palavra igreja soa como lugar-comum, algo indiferente, que não faz o coração bater mais forte. Associamos igreja a atividades, compromissos devidamente agendados e muito bem organizados. Consideramos que quem faz mais é mais espiritual.

Percebo claramente que a palavra igreja quando ouvida por um católico, acende todos os seus sentimentos de amor, de cuidado e de bem-aventurança. Essa palavra desperta nele os sentimentos que só uma criança pode nutrir com relação à sua mãe: gratidão, reverência, respeito e amor sincero. Algo semelhante ao sentimento que toma conta de uma pessoa quando, depois de uma longa ausência, retorna ao lar de sua infância.

Os católicos têm as suas novenas, suas velas, suas promessas e seus sacrifícios, mas recorrem a eles e deixam-nos lá, em paz. Retornam para as suas casas e vivem as suas vidas como gente normal, confiados na improvável graça como um cristão verdadeiro deveria fazer. Não vêem a necessidade, como nós protestantes, de reacenderem seus sacrifícios incessantemente, domingo após domingo pela eternidade. Não há exclusão numa igreja católica, pois nem mesmo vêem necessário criar um rol de membros. Os católicos não vêem a necessidade de dar evidência do seu mérito pela atividade incessante, pelo acúmulo insano de conhecimento e pelos ajuntamentos febris.

Nós protestantes somos imbecis, pois adoramos atividades infinitas, diplomas e graduações, números de vendas e rol de membros. Os protestantes adoram números, balanços, resultados positivos – adoram contar vantagem. O número de famosos no meio católico se comparado com a realidade do meio protestante é irrisório.

Os católicos têm as suas repetições, mas podem recorrer a elas em oculto, na privacidade das suas casas. Têm as suas imagens, mas não se rebaixam com a mesma facilidade ou as mesmas desculpas que nós damos à ganância, que é nossa idolatria. Eles têm os seus santos, mas preferem beijá-los a sustentá-los com dinheiro, como fazem nós, os protestantes. O pior é que seus santos são gente simples como eu e você, que buscaram verdadeiramente a face do Deus vivo.

Nós, protestantes patifes que somos, temos os santos mais carolas, obtusos e bandidos do mundo, os quais vivem como marajás em seus palácios. Os católicos têm as suas penitências, mas conhecem o arrependimento. Tem as suas peregrinações, mas não se rebaixam na idiotice de seguir todos para o mesmo lugar.

Se somos nós os religiosos, porque deveríamos ser os que mais tagarelam sobre a graça? Para nós a igreja é um local e uma tarefa; para o católico é uma segurança e um estado de espírito. Para nós a graça é um conceito importante; para um católico é estar vivo.

Paulo Brabo.
texto do livro “A Bacia das Almas”, do mesmo autor, editado pela Editora Mundo Cristão.

Até mesmo os protestantes, que não valorizam “tanto assim” a instiuição, estão criticando o livro, que continua “bombando” como o mais vendido no Brasil.

Fazendo uma pesquisa rápida na Internet vc encontrará muitas criticas à obra.

Mesmo sabendo que é um livro de ficção, o autor realmente ultrapassou o limite do aceitável.

Depois descobri que o autor é “unitarista”.

O que é isso?

Veja como o Wilkipédia define :

O unitarismo (ou unitarianismo) é uma corrente de pensamento teológico que afirma a unidade absoluta de Deus. Há dois ramos principais do unitarismo, os Unitários Bíblicos que consideram a Bíblia como única regra de fé e prática, assemelhando as demais religiões cristãs evangélicas, exceto, claro, pela concepção unitária de Deus, e os Unitários Universalistas, surgido recentemente nos Estados Unidos, que pregam a liberdade de cada ser humano para buscar a sua própria verdade e a necessidade de cada um buscar o crescimento espiritual sem a necessidade de religiões, dogmas e doutrinas.

Alguém ainda tem dúvida  de que a história do livro é exatamente a expressão deste conceito absolutamente pretensioso de que ” só é verdade o que eu quero que seja verdade” ?

Se você quiser aprofundar mais, veja aqui no Blog a análise do livro na pespectiva católica. (busque no mecanismo de busca do próprio  Blog).

A análise abaixo foi escrita por um protestante.

***

O escritor canadense William Paul Young saiu do anonimato para a fama ao publicar um livro que se tornaria, em muito pouco tempo, um verdadeiro sucesso. Com mais de dois milhões de cópias vendidas e status de best-seller, “A Cabana” tem cativado a mente de muitas pessoas ao redor do mundo, especialmente/inclusive dos cristãos.

Em linhas gerais, o livro conta a história de Mackenzie Allen Phillips, o “Mack”, um pai de família que encontra a Deus depois de ter sua filha caçula, Missy, raptada e brutalmente assassinada por um maníaco assassino de crianças (um serial killer). Cerca de três anos e meio depois do ocorrido, Deus, ou melhor, “Papai”, manda uma carta para Mack marcando um encontro com ele exatamente na cabana onde a polícia havia encontrado o vestido usado por Missy todo encharcado de sangue. Mack, depois de lutas intensas consigo mesmo, resolve aceitar o “encontro”, mesmo desconfiando de uma possível cilada do assassino de sua filha. Ao chegar lá, Mack tem uma, ou melhor, três surpresas: Deus lhe aparece na pessoa de uma mulher “negra enorme e sorridente” (pág. 73). Logo depois aparecem o Espírito Santo, na pele de uma mulher asiática, chamada Sarayu, e Jesus, um homem médio-oriental (hebreu, pra ser mais preciso) vestido de calça jeans e camisa xadrez. A partir de então, Mack vai viver uma inesquecível aventura ao lado dessa ilustre “Trindade”.

Qualquer cristão que tenha um mínimo de conhecimento de História da Igreja saberá que A Cabana nada mais é do que o ressurgimento de algumas das antigas heresias que tumultuaram a vida e o andamento da Igreja Antiga, principalmente aquelas que envolviam questões sobre a Trindade. Do ponto de vista teológico, o livro oscila entre heresias implícitas e explícitas; do ponto de vista literário, entre frases de efeito medíocres (quase sempre) e alguns poucos insights interessantes. Seu enredo envolvente propõe-se a apanhar os desavisados.

Não sei qual foi a experiência eclesiástica do autor de A Cabana, mas posso presumir que não foi das melhores. Torna-se patente, em muitas partes do livro, o desprezo pela igreja e pela adoração corporativa, ressaltando-se e a valorização da experiência pessoal, como bem reza a cartilha pós-moderna.

[Mack] Percebeu que estava travado e que as orações e os hinos dos domingos não serviam mais, se é que já haviam servido […] Mack estava farto de Deus e da religião, farto de todos os pequenos clubes sociais religiosos que não pareciam fazer nenhuma diferença expressiva nem provocar qualquer mudança real. Mack certamente desejava mais (pág. 54 – versão digital. Itálico meu).

Parece que a intenção inicial do livro não é a de levar os leitores a uma nova perspectiva sobre a Trindade, e sim, que eles desacreditem da Igreja como sendo a “coluna e baluarte da verdade” (1Tm 3.15) e sigam atrás de outras alternativas de encontrar Deus. Em minha opinião, esse é o maior perigo que o livro oferece.

Quando o assunto, finalmente, é a Trindade, A Cabana traz à tona várias heresias antigas (não pretendo fazer comentários exaustivos sobre todas elas). Como já disse anteriormente, Mack vai à cabana encontrar Deus, que lhe aparece no corpo de uma mulher de pele negra. Logo de cara, vemos a verdadeira alma do paganismo, a saber, materializar Deus dando-lhe alguma forma física. Entendo perfeitamente que se trata de um romance e, como tal, precisa de personagens para dar substância ao enredo. Mas, em se tratando do Senhor Deus Todo-Poderoso, essa regra não deve ser aplicada em hipótese alguma. É exatamente isso que Deus expressamente proíbe no Segundo Mandamento (Ex 20.4-5). Jesus mesmo declarou que “Deus é Espírito” (Jo 4.24). Não devemos emprestar a Deus as formas vãs e tolas que concebemos em nossas mentes pecaminosas (cf. Rm 1).

Uma das antigas heresias às quais me referi há pouco é o Patripassianismo, doutrina monarquianista[1] segundo a qual foi o próprio Deus quem morreu na cruz, em vez de Jesus. Tertuliano combateu esse ensino com bastante veemência. Quando, certa vez, ele disse que “o demônio tem lutado contra a verdade de muitas maneiras, inclusive defendendo-a para melhor destruí-la”, estava se referindo justamente a essa heresia, que estava sendo largamente difundida por Práxeas. Ele continua dizendo que “Ele [o demônio] defende a unidade de Deus, o onipotente criador do universo, com o fim exclusivo de torná-la herética[2]”. Em uma passagem de A Cabana essa heresia é claramente visível:

Papai não respondeu, apenas olhou para as mãos dos dois. O olhar de Mack seguiu o dela, e pela primeira vez ele notou as cicatrizes nos punhos da negra, como as que agora presumia que Jesus também tinha nos dele. Ela permitiu que ele tocasse com ternura as cicatrizes, marcas de furos fundos, e finalmente Mack ergueu os olhos para os dela (pág. 86. Itálico meu).

Embora Jesus seja Deus, sabemos que não foi Deus, o Pai, quem morreu na cruz. Deus não tem as marcas dos pregos em seus punhos, como A Cabana quer que acreditemos. Foi o Seu Filho quem foi crucificado. No afã de ressaltar a unidade da Trindade, o Monarquianismo acabou resumindo tudo a uma só pessoa. Em mais uma declaração claramente sabeliana[3], “Papai” diz a Mack que “quando nós três penetramos na existência humana sob a forma do Filho de Deus, nos tornamos totalmente humanos” (pág. 85). Mas não é esse o ensino bíblico. A Palavra de Deus é bastante clara quando se refere ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo como sendo Pessoas distintas que possuem uma mesma essência (ver Mt 28.29; 2 Co 13.13; 1 Jo 5.7; 2 Jo 3). E o pior de tudo é que, para confundir ainda mais o leitor, “Papai” desdiz tudo o que houvera dito antes, dizendo que

Não somos três deuses e não estamos falando de um deus com três atitudes, como um homem que é marido, pai e trabalhador. Sou um só Deus e sou três pessoas, e cada uma das três é total e inteiramente o um (pág. 87).

Seria algo equivalente à “Metamorfose Ambulante” proposta por Raul Seixas (“eu vou lhes dizer agora o oposto do que eu disse antes”)? Será que dá pra confiar no “Deus” proposto por William P. Young?

Mas os problemas não param por aí. Como se não bastasse, o livro também nega a divindade de Jesus. Em uma conversa entre Mack e Papai, Mack pergunta:

— Mas… e todos os milagres? As curas? Ressuscitar os mortos? Isso não prova que Jesus era Deus… você sabe, mais do que humano?
— Não, isso prova que Jesus é realmente humano.
[Papai continua…]
— Fez isso como um ser humano dependente e limitado que confia na minha vida e no meu poder de trabalhar com ele e através dele. Jesus, como ser humano, não tinha poder para curar ninguém (pág. 90).

Ora, o que temos aqui não é o velho Ebionismo, que pregava que Jesus tornou-se Messias pelo Espírito Santo? Ou, ainda, o Arianismo, que dizia que Jesus era um simples homem elevado a uma categoria superior à dos demais seres humanos? O autor faz um divórcio entre a Humanidade e a Divindade de Jesus quando diz que “Jesus, como ser humano, não tinha poder para curar ninguém”, quando, na realidade, as duas naturezas de Cristo são inseparáveis.

Nas palavras de John Stott, “Jesus não é Deus disfarçado de homem e nem um homem disfarçado de Deus”. Ele é Deus-Homem, como bem foi definido em Calcedônia no ano de 451 d.C. E para dar mais ênfase ainda na humanidade de Cristo, a personagem Jesus “deixara cair uma grande tigela com algum tipo de massa ou molho no chão, e a coisa tinha se espalhado por toda parte” (pág. 95), o que rendeu boas gargalhadas a Mack e Papai. Era só o que faltava: um Jesus todo atrapalhado!

O livro prossegue no enredo seguindo a tônica do “o importante é relacionar-se”. Nada de imposições, de regras. Amor pressupõe liberdade. Baseado nesse pensamento o autor constrói, ou melhor, desconstrói a questão da hierarquia na Trindade. É assim que “Jesus” define a questão:

Esta é a beleza que você vê no meu relacionamento com Abba e Sarayu. Nós somos de fato submetidos uns aos outros, sempre fomos e sempre seremos. Papai é tão submetida a mim quanto eu a ela, ou Sarayu a mim, ou Papai a ela (pág. 129 – versão digital).

Sarayu, que personifica o Espírito Santo, diz que a hierarquia não faria sentido entre a Trindade (pág. 112). Como é que fica, então, frases como “Seja feita a vossa vontade”? Não havia uma submissão do Filho ao Pai? Jesus disse que desceu do céu para “fazer a vontade do Pai”(Jo 6.38). A Cabana não se coaduna com a Bíblia aqui.

Outro ponto que chama alguma atenção no livro é a questão da onisciência de Deus. Apesar de em alguns pontos ela ser ressaltada (págs. 81, 147, 148, 174, 192 e 206, e.g.), o livro parece bem confuso neste aspecto. Nas páginas 129-130, por exemplo, Jesus diz que “é impossível ter poder sobre o futuro, porque ele não é real, e jamais será”. Sophia, uma personagem que representa a Sabedoria de Deus (Teosofismo?) diz que Deus não pôde impedir a morte de Missy (pág. 151), e que tal tragédia “não foi nenhum plano de Papai” (pág. 152). Entretanto, mais uma vez ele se contradiz, ao afirmar que poderia ter impedido o que aconteceu a Missy (pág. 204). Os leitores mais familiarizados com as tendências teológicas pós-modernas saberão que isso se trata de Teísmo Aberto, uma doutrina que remonta ao Socinianismo do século XVI. Segundo essa ideia, o futuro não pode ser plenamente conhecido (nem mesmo por Deus!), pois depende das ações dos seres humanos (chamados de “agentes livres”). Isso inclui também as tragédias naturais (como o Tsunami, por exemplo). Se isso é verdade, como é que fica, então, a questão do Dilúvio? E de Sodoma e Gomorra? Não foi o próprio Deus quem orquestrou tudo? Não é justamente isso que Ele diz em Isaías 45.7 (“… faço a paz e crio o mal”)? William P. Young parece não acreditar muito nisso.

A verdade do Evangelho é outra questão que está em jogo em A Cabana. Como diria a máxima modernista, “tudo o que é sólido desmancha-se no ar”. Nada de certezas, convicções. Papai mesmo é quem diz a Mack que “a fé não cresce na casa da certeza” (pág. 176),Sarayu diz: “gosto demais da incerteza” (pág. 190). Em outra ocasião Papai diz a Mack: “Quem quer adorar um Deus que pode ser totalmente conhecido, hein? Não há muito mistério nisso” (págs. 85 e 86 – versão digital). E as farpas contra a igreja continuam. Jesus diz: “não crio instituições” (pág. 166). Logo em seguida, numa declaração hilariante, ele afirma categoricamente: “eu não sou cristão” (pág. 168). Aliás, para esse Jesus, o evangelho não é exclusividade. Diante do pluralismo religioso “Jesus” é bastante inclusivista. Ele mesmo diz que

Os que me amam estão em todos os sistemas que existem. São budistas ou mórmons, batistas ou muçulmanos, democratas, republicanos e muitos que não votam nem fazem parte de qualquer instituição religiosa (pág. 168).

Realmente, para um Deus que disse que “a morte dele [de Cristo] e sua ressurreição foram a razão pela qual eu agora estou totalmente reconciliado com o mundo” (pág. 180 – itálico meu) isso não é problema. Universalismo? Imagina! “Não preciso castigar as pessoas pelos pecados” (pág. 109). “Em Jesus eu perdoei todos os humanos por seus pecados contra mim, mas só alguns escolheram relacionar-se comigo”, disse Papai (pág. 209). Que estranho, não? Todo mundo perdoado e alguns que se relacionam? Bom, se é ele quem está falando, quem sou eu para questionar? No meio de toda essa confusão Mack parecia mesmo estar totalmente perdido. Foi “barrado” inclusive de ter seu momento devocional, quando foi perguntar pelas orações, ouvindo da boca de Papai: “nada é um ritual” (pág. 194). Coitadinho do Mack! Não tinha razão em nada! Mesmo quando pensou em Jesus como referencial de vida, um exemplo a ser seguido, ouviu da boca do próprio: “minha vida não se destinava a tornar-se um exemplo a copiar” (pág. 136). E agora, José, ou melhor, Mack? Caía por terra diante de seus olhos toda a instrução apostólica para que sejamos “imitadores de Deus” (Ef 5.1; 1Pe 1.16).

Ainda não acabou. Falta o “filé mignon”. Que tal uma pitadinha de Espiritismo para temperar nossa estória? Pois é. Mack vê sua filha, Missy! Uau! Que emocionante, hein? Foi Sophia (uma médium?) quem proporcionou esse encontro (pág. 153). E tem mais. Mack reencontra o seu pai (pág. 200), que ele havia envenenado depois de ter levado uma surra que o deixou de cama por duas semanas quando ele tinha apenas 13 anos de idade. Abre parêntese. O pai de Mack era um alcoólatra que batia na esposa, e Mack contou isso a um irmão da igreja da qual seu pai era membro. Fecha parêntese. Esse era um segredo que Mack guardava a sete chaves. Realmente, ele tinha muitas feridas que precisavam ser curadas. Então, por que não fazê-lo com uma sessão espírita? Os dois se abraçaram e fizeram as pazes, com direito a beijinho na boca e tudo (pág. 201). Jesus gosta tanto dessa ideia de beijar na boca que resolve fazer o mesmo com Papai (pág. 205).

Perdoem-me aqueles que ainda não leram o livro, pois revelei muitos dos seus suspenses. Achei por bem não expor absolutamente tudo de errado que encontrei. Expus apenas aquilo que considerei necessário. É perfeitamente compreensível o fato de A Cabana encabeçar o ranking dos livros mais vendidos[4], afinal de contas as pessoas estão à procura de um “Deus” (deus!) que se ajuste às suas pretensões. O que nos preocupa, entretanto, é saber que dentre os que financiam esse tipo de heresia estão aqueles que se professam crentes em Cristo. Sei que se trata de uma ficção, mas infelizmente não é dessa forma ela tem sido encarada. Perguntado sobre o que ele quer que as pessoas concluam ao lerem A Cabana, numa entrevista, William P. Young declarou que deseja que as pessoas “saibam ou tenham a noção de que Deus é bem maior do que eles já imaginaram”[5]. Lembrando de trechos do livro, sinceramente ainda não consigo enxergar grandeza alguma no “Deus” apresentado por Young. O que vi foi uma divindade deficiente que se curva aos caprichos humanos. Continuo preferindo o Deus que se revelou nas Escrituras. Este sim é a minha Rocha!

Soli Deo Gloria!!!

Leonardo Galdino

Levantamento traça perfil de fiel católico em 2 regiões de SP; maioria é mulher, com ensino superior completo

Alexandre Gonçalves

Olga Bechara tem 77 anos e vai à missa todos os domingos na Igreja do Calvário, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Professora aposentada da Faculdade de Educação da USP, ela tem o perfil médio do católico praticante na região central da cidade. É o que mostra uma pesquisa realizada pela própria arquidiocese com mais de 10 mil pessoas.

Como Olga, cerca de 70% dos fiéis entrevistados são mulheres e têm mais de 40 anos. O levantamento contraria o costume da Igreja de não realizar pesquisas de opinião para aprimorar suas estratégias pastorais.

A ideia partiu de Dom Tarcísio Scaramussa, bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal da região Sé, divisão administrativa da arquidiocese que reúne bairros da zona oeste e do centro. Ele conta que a proposta de fazer a pesquisa surgiu no momento de elaborar um plano para aprimorar a comunicação dentro da Igreja e com a sociedade.

MODO DE VIDA

A professora aposentada é solteira e vive em um apartamento a seis quarteirões da paróquia que frequenta. Como Olga, quase 40% dos entrevistados não têm filhos e um terço costuma ir desacompanhado à missa. Ela também pertence ao grupo dos 16% que moram sozinhos. Segundo o levantamento, cerca de 70% dos fiéis na região vivem em edifícios e são donos de suas próprias residências.

O sobrinho de Olga, João Bechara Ventura, ingressou no seminário há um ano, logo após concluir o curso de Direito. Ao contrário da tia, que frequenta a Igreja desde criança e já cogitou ser freira, o rapaz não praticou o catolicismo até os 18 anos.

Hoje tem 25 anos e pertence ao grupo pouco numeroso, mas convicto, de jovens que redescobriram a religião (mais informações nesta página). Como metade das pessoas que responderam o questionário, tia e sobrinho têm curso superior.

Segundo o padre Manoel Quinta, organizador do estudo, a grande parcela de pessoas com diploma universitário reflete o perfil da região. Além disso, ele aponta que algumas igrejas frequentadas por pessoas com maior poder aquisitivo empenharam-se mais na realização do levantamento. Mesmo assim, Quinta considera a amostra muito representativa.

Na paróquia São Geraldo, em Perdizes, todos os fiéis receberam papel e lápis durante o sermão da missa para responder o formulário de perguntas.

ESTRATÉGIA

O levantamento conta com diversas perguntas sobre os principais veículos de comunicação utilizados pelos fiéis e sobre a penetração da mídia católica. Também avalia o impacto das emissoras de TV de outras religiões, especialmente evangélicas. Cerca de 23% dos entrevistados assistem programas de outras religiões com alguma frequência.

A pregação dos padres também foi avaliada. Mais de 80% dos católicos consideram o sermão claro e oportuno. Por outro lado, quase 70% dos fiéis julgam a missa insuficiente para responder as suas dúvidas de fé e estariam dispostos a dedicar pelo menos uma hora semanal para aprender sobre religião. Cerca de 56% admite conhecer pouco o cristianismo.

A pesquisa também indagou a imagem que cada fiel tem da Igreja. Os itens mais citados foram “séria”, “acolhedora” e “respeitável”. Mas quando questionados sobre a imagem veiculada pelos meios de comunicação venceram os adjetivos “conservadora”, “moralista” e “atrasada”.

O padre Benedito Spinoza, diretor do Liceu Coração de Jesus, afirma que já houve uma reunião de párocos da região Sé para estudar iniciativas com base nos dados da pesquisa. “Ficou claro que devemos apostar na capacitação das pessoas”, afirma o padre que recebeu de d. Tarcísio a missão de assessorar a criação de pastorais de comunicação em cada paróquia.

ANÁLISE

70% dos fiéis entrevistados têm mais de 40 anos ou é mulher

63% já frequentaram cultos de outras religiões

56% querem aprender mais sobre o catolicismo

80% afirmam entender perfeitamente o sermão do padre

Arqueólogos trabalham em Nazaré
Arqueólogos israelenses revelaram que encontraram os restos da primeira residência encontrada na cidade de Nazaré, no norte de Israel, que pode ser da época de Jesus Cristo.

De acordo com o jornal israelense Haaretz, a descoberta fornece mais dados sobre como era a vida na cidade de Nazaré há cerca de 2 mil anos.

A casa provavelmente fazia parte de um pequeno vilarejo com cerca de 50 residências habitadas por judeus pobres.

Uma porta-voz da Autoridade Israelense para Antiguidades, Yardenna Alexandre, informou que os restos de uma parede, uma cisterna para coleta de água da chuva e um refúgio foram encontrados depois da descoberta do pátio de um antigo convento.

Escavações na residência antiga de Nazaré, com Igreja da Anunciação ao Fundo
Escavações na residência antiga de Nazaré

De acordo com Alexandre, os arqueólogos também encontraram potes de argila, do tipo que era usado pelos moradores da Galileia (região onde hoje fica o norte de Israel) na época, uma indicação de que a casa pertencia a uma família judia simples.

É provável que Jesus e seus amigos de infância tenham conhecido a casa”, afirmou a porta-voz em entrevista.

“A partir das poucas provas escritas disponíveis, sabemos que a Nazaré do primeiro século da era cristã era um pequeno vilarejo judeu localizado em um vale”, disse Alexandre, acrescentando que até agora “poucas sepulturas da época de Jesus foram encontradas, mas nunca encontramos os restos de residências daquela época”.

Um poço também foi encontrado, e os arqueólogos calculam que ele foi construído como parte dos preparativos dos judeus para a Grande Revolta contra os romanos, entre os anos de 66 e 73 d.C.

Agências internacionais

A decisão de alguns professores do ensino primário da província de Cagliari, de não realizar a tradicional festa de Natal por respeito às crianças da religião islâmica tem causado polêmica.

– É impensável trocar as nossas crenças religiosas – disse o assessor regional da Cultura e do Ensino Público, Lucia Baire, ao comentar o assunto.

Baire esclareceu ainda que “o diálogo, o respeito recíproco e a convivência com as outras religiões são, para nós, um valor, mas, por isso mesmo, não podemos renunciar ou perder a nossa identidade”.

A polêmica foi gerada por dois professores de uma escola local, que decidiram não participar das festividades organizadas para o fim do ano.

Os docentes argumentaram que previa-se a celebração do Natal com a leitura de um trecho da Bíblia, o que “forçaria” as crianças muçulmanas, que fazem parte de suas turmas, a participarem do encontro.

– A decisão [de não participar] foi tomada em consenso com os organizadores [do evento] e não acreditamos que algum direito tenha sido lesado – disseram os dois em um artigo publicado na região.

Fonte: Jornal do Brasil