Uma americana de 40 anos, grávida de nove meses, terá de entregar o filho aos verdadeiros pais biológicos, após saber que foi inseminada com os embriões errados.

Carolyn Savage, da cidade de Sylvania, em Ohio, havia recorrido à inseminação artificial para ter seu quarto filho, mas logo após receber a notícia da gravidez foi informada de que a clínica havia cometido um engano e que o embrião não era o seu.

Ela e o marido, Sean, se viram diante da decisão de interromper a gestação ainda no início ou entregar o bebê aos pais biológicos após o parto.

“Foi a pior notícia que recebemos em toda a nossa vida”, disse Sean ao programa Today, do canal NBC.

Parto

O casal esperou até as 14 semanas de gestação para entrar em contato com os pais biológicos da criança, sempre por meio de advogados e anonimamente.

Apenas no meio da gravidez é que os dois casais se encontraram pessoalmente, e vêm mantendo uma relação descrita pelos Savage como “cordial”.

Segundo Carolyn, o outro casal agradeceu por sua decisão de não fazer um aborto.

“Tem sido difícil, mas tínhamos que colocar as necessidades da criança em primeiro lugar”, afirmou ela.

“Acho que o mais duro será o parto”, disse. “É claro que vamos pensar nesta criança pelo resto da vida. Mas eles são os pais dela e só vamos querer saber se ela é feliz e tem saúde.”

Planos

Carolyn e Sean Savage já têm outros três filhos, mas apenas o primeiro nasceu de uma gravidez saudável. O segundo filho foi prematuro e a terceira acabou sendo concebida dez anos depois, por meio de uma inseminação artificial.

Foi nesta ocasião que o casal decidiu congelar vários embriões, que ainda estão guardados.

Os Savage planejam tentar ter outro filho com estes embriões, por meio de uma “barriga de aluguel”.

“Sentimos que temos que dar a cada embrião desses uma chance de viver”, disse Carolyn.

Os advogados do casal estão tentando fazer com que a clínica reconheça a responsabilidade pelo erro, mas não há detalhes sobre um possível processo judicial.

***

Parece coisa de filme. Lembra do “O médico e o monstro”?

É surreal!

É a velha questão.O desenvolvimento cientifico não é um bem absoluto.Esse desenvolvimento deve estar a serviço da vida e do homem.

Ciência pela ciência sem uma aplicação verdadeiramente ética para o homem é perigosa e contraproducente.

A pouco tempo, na Inglaterra, uniram óvulo humano com sêmem animal.Depois destruiram..

nem ..” tudo nos é licito mas nem tudo nos convem..” (S.Paulo)

Pe. Davis Chiramel, de Kerala, Índia, se ofereceu para doar um rim em favor de Gopinath, pai de família hindu, de 46 anos, a quem não conhecia.

O sacerdote explica seu gesto, inspirado pelo Ano Sacerdotal: “Para mim, doar um órgão é a ocasião única e privilegiada de participar dos sofrimentos de Cristo”.

Pe. Davis Chiramel, pároco de São Francisco Javier em Vadanapally, Kerala, é secretário geral da Accident Care and Transport Services (ACTS) de Thrissur.

Em 15 de fevereiro passado, os voluntários que trabalham na organização se reuniram na igreja do sacerdote para dialogar sobre seu trabalho. Falam de um homem pobre, de religião hindu, chamado Gopinathdonará, ex-eletricista, pai de dois filhos, com insuficiência renal crônica.

É vítima de um acidente e agora está em hemodiálise. Precisa de um transplante e os voluntários dizem que precisariam de ao menos um milhão de rupias (mais de 14 mil euros), mas sobretudo precisa encontrar um doador. Na Índia, os doadores de órgão são só cerca de um em cada milhão.

Pe. Chiramel ouve o diálogo dos voluntários e lhes diz: “Dei-me conta de que estavam falando de arrecadar dinheiro para encontrar alguém que lhe venda um rim”.

A Índia, com Paquistão e Nepal, é um dos países asiáticos nos quais o tráfico de órgãos e sobretudo de rins está muito difundido. As autoridades não conseguem controlar este comércio que por um lado encontra pobres dispostos a doar órgãos para ganhar algum dinheiro, e por outro ricos enfermos que não têm escrúpulos em pagar a peso de ouro sua saúde.

Assim, Pe. Chiramel decidiu ser ele o doador e começou as análises para ver a compatibilidade. O sacerdote declara a AsiaNews: “Doar meu rim para mim é uma graça. Aconteceu em fevereiro mas só em 19 de junho compreendi o que estava fazendo. Naquele dia o Papa inaugurou o Ano Sacerdotal e eu estava no hospital para uma das análises. Imediatamente me dei conta de que me havia sido dada a graça de oferecer também meu corpo para salvar um homem”.

Pe. Chiramel usa palavras como “alegria”, “dom” e “tesouro” para descrever o que lhe aconteceu. “Cristo é a fonte e a origem de toda boa ação e é Ele o que nos dá a força e o valor para agir – afirma –. Nunca teria imaginado antes doar meu rim e muito menos a um estranho”.

No próximo 30 de setembro, Gopinath e Pe. Chiramel se conhecerão. Para esse dia está fixado o transplante no Hospital Lakeshore de Kochi.

Pe. Chiramel conclui: “Cristo se entrega a si mesmo para a salvação do mundo e cada dia, na Missa, os sacerdotes oferecem o sacrifício de seu Corpo e Sangue. Mas o fazem sem compartilhar as penas e os sofrimentos de nosso Senhor. Para mim a possibilidade de doar um órgão meu a uma pessoa que não conheço se converteu na ocasião única e privilegiada de participar dos sofrimentos de Cristo”.

Fonte: Zenit


Muito interessante o artigo  abaixo e seus esclarecimentos.

Tem muito católico por aí que, no fundo, tem lá suas dúvidas sobre a missão de Maria e seu lugar  na história da salvação e na Igreja.

Leia e imprima para algum amigo ou parente que tenha dúvidas a esse respeito.

Aproveite e reze uma Ave Maria pelas intenções do Papa.

***
Por Carlos Caso-Rosendi

” Por que a Bíblia é tão parcimoniosa com relação a Maria? Não há relatos sobre sua efetiva santidade, sobre feitos relevantes, enfim, sobre nada. Só consta que ela gerou Jesus.  Mas, se não fosse ela, seria outra… Os apóstolos, em contrapartida, possuem muitas e muitas menções, inclusive um livro. Outrossim, a Bíblia relata que até da sombra de Pedro emanava poder. Mas, Maria, nada. Jesus, também, nunca fez apologia a sua mãe.  Nem dela se despediu… Antes de subir ao céu, apresentou-se aos discípulos, e fez-lhe admoestações. Mas, Maria, nada! Finalmente, por que a Bíblia não relata um evento tão extraordinário como o traslado de Maria? “

MARIA NOS EVANGELHOS

Esta pergunta nos chega em boa hora, já que estamos concluindo uma obra apologética sobre a Mãe de Deus e que se encontra, neste momento, aguardando a competente aprovação eclesiástica. Com o material fresco na mente e no editor de textos, examinemos as perguntas formuladas por este leitor. Antes de mais nada, examinemos sua sincera necessidade de apreciar o assunto. As perguntas são apresentadas em um tom bastante respeitoso. Aprecio muito o fato de o leitor não afirmar suas próprias conclusões, propondo apenas as perguntas que ele julga necessárias. Como uma nota prévia, gostaria de citar um pequeno parágrafo do escritor protestante C.S.Lewis (anglicano) que, de passagem, em sua obra “Cristianismo Puro e Simples”, menciona os diferentes pontos de vista que existem acerca da Mãe de Jesus:

“…não existe entre os cristãos uma controvérsia maior ou que deva ser tratada com maior tato. As crenças dos católicos não são defendidas apenas com um fervor normal que se espera encontrar em toda religiosidade sincera, mas (muito naturalmente) com o ardor incomum e, por assim dizer, cavalheiresco com que um homem defende a honra de sua mãe o de sua amada. E muito difícil discordar do católico sem, ao mesmo tempo, não parecer a seus olhos um malcriado ou mesmo um herege. Já a crença do protestante a respeito desse assunto desperta sentimentos inerentes às raízes de todo o monoteísmo. Para o protestante radical, a distinção entre o Criador e a criatura (por mais santa que seja) parece ameaçada: o politeísmo renasce. Logo. é difícil discordar sem parecer a seus olhos algo pior que um herege—um pagão…”[1]


Consideremos então a seriedade das perguntas propostas por nosso leitor, já que a partir do seu ponto de vista a hiperdulia que os católicos prestam a Maria é interpretada muitas vezes como um retorno às práticas pagãs ao estilo da “Bona Dea” romana. Se algo assim estivesse realmente ocorrendo na Igreja Católica, haveria uma séria violação dos Mandamentos divinos. Portanto, a primeira coisa que queremos esclarecer ao leitor é que o respeito católico por Maria não é, de maneira nenhuma, a adoração que apenas se rende ao Deus Todo-Poderoso, fonte e origem de tudo o que foi criado e o próprio Criador de Maria, a excelsa criatura que Ele encheu de graça, conforme explicam os Evangelhos a partir do mesmo princípio.

INDÍCIOS DA SINGULARIDADE DE MARIA

Nosso leitor se pergunta por que a Bíblia diz tão pouco acerca de Maria. Com isto, quase expressa uma frase católica que se ouvia muito quando o latim era falado com mais frequência na Igreja do que as línguas vernáculas: “de Maria nunquam satis”, frase esta que pode ser traduzida como: “de Maria nunca se fala em demasia”. E é certo que a Bíblia, embora fale muito de Maria, não o faz de maneira direta, de modo que devemos dispender algum esforço para penetrarmos nas Escrituras e encontrarmos os muitos indícios da singularidade e peculiaridade desta mulher sem igual em toda a História da Salvação.

Iniciemos pela já famosa visita do Anjo a Nazaré:

Lucas 1,26-29 — “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. Entrando onde ela estava, disse-lhe: ‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!’ Ela ficou intrigada com essa palavra e pôs-se a pensar qual seria o significado da saudação”.


Analisemos o que as Escrituras dizem aqui e tomemos conhecimento da exata situação. As Escrituras assumem que possuiremos entendimento (Marcos 7,17-18) quando orarmos a Deus, pedindo a luz do Espírito Santo para extrair coisas boas do bom tesouro da riqueza de Deus (Mateus 12,35). Não podemos nos colocar na pessoa do Anjo, porém, como seres humanos, sabemos o suficiente para nos colocar no lugar de Maria, uma pequena jovem judia, obviamente piedosa.

EVIDÊNCIA DA FAMILIARIDADE COM OS ANJOS

Primeiro, vejamos como ela trata o Anjo. Eu não sei quantos entre vocês têm recebido visitas angelicais visíveis; eu, particularmente, nunca tive o prazer de receber uma. Entretanto, se não me falha a memória, ao ler as Escrituras, todas as aparições de anjos produzem algum temor sobrenatural nas pessoas presentes. Em muitas ocasiões, os mensageiros celestes dizem “não temais”, pois a aparição da pureza celeste inspira temor nos seres humanos imperfeitos.

O que me chama a atenção em primeiro lugar é a naturalidade de Maria diante do evento. Um Anjo do céu a saúda e ela percebe que a saudação é “incomum”. Isto indica “prima facie” que não era a primeira vez que um anjo lhe aparecia. Conforme o meu entender, isto é evidência de que Maria mantinha um contato frequente com seres angélicos antes da Anunciação registrada por São Lucas. Seria esta familiaridade a consequência de uma pureza superlativa, pureza que nós, homens comuns descendentes de Eva, perdemos? Muito provavelmente sim. Adão ouvia a voz de Deus no Jardim (Gênesis 3,8-10)… Contudo, já na época de Samuel, os homens deviam ser treinados para ouvir aquilo que tão naturalmente ouviam os nossos primeiros pais (1Samuel 3,1-21).

Vemos aqui uma mudança no Anjo, que intriga Maria: “Que espécie de saudação é esta?”. Tenha o leitor um pouco de paciência e assumamos por um instante – embora apenas tenhamos uma evidência indireta – que Maria compara esta saudação com outros encontros anteriores, pois, de outra maneira, como poderia entendê-la “incomum”? Ora, se um anjo nos aparece, isto, por si só, já é “incomum” e a saudação incomum não seria surpreendente em uma situação incomum. É tão somente dentro do marco de uma situação mais ou menos normal que a saudação poderia chamar a sua atenção. Para fazer uma grossa comparação, digamos que eu esteja hoje em minha casa e uma nave espacial pouse no meu quintal; e que dela saia um homenzinho verde com antenas e três olhos e me diga: “Saudações, terrestre!”. Não acredito que ninguém neste pobre planeta, diante dessa situação, se pusesse a pensar sobre a não usualidade da saudação! Compreende-se agora o que eu quero dizer?

A VIDA INICIAL DE UMA SANTA PRINCESA

Então, assumimos com certa confiança que Maria teve algum contato com anjos em sua infância próxima, antes dos quinze ou dezesseis anos de idade que provavelmente tinha no tempo da Anunciação feita pelo Anjo Gabriel. No entato, pela Escritura deduzimos também que nunca até então um anjo lhe havia chamado “kekharitomene”, “cheia de graça”. Posteriormente oferecerei mais detalhes quanto a isto; por ora, coloquemo-nos no ofício do Anjo e no de outros anjos que devem ter estado a cargo da proteção de Maria. Por quê? Porque, como em todas as cortes do mundo, as princesas são protegidas e não vão a lugar algum sem escolta. Deus não seria menos cuidadoso do que Rainiero de Mônaco. Maria, com efeito, desde o seu nascimento na presença de Deus, foi muito mais preciosa do que a princesa Carolina quando tinha essa idade. Os anjos cuidavam dela e, se ela realmente era imaculada, como foram Adão e Eva antes de pecarem, sua capacidade para enxergar anjos não deveria surpreender ninguém.

Fico imaginando a Pequena Princesa, com total desconhecimento do seu destino – como todas as princesinhas que apenas pensam em pulseiras, flores e laços coloridos, como todas as crianças de sua idade – estando sob a cuidadosa vigilância dos seus guardiães e pensando, em sua simplicidade, que todas as crianças podem contemplar o mesmo que ela enxerga.

Entretanto, ao chegar a hora de brincar com outras meninas da aldeia, Maria deve ter notado que o que ela via e ouvia era algo que tão somente ela podia ver e ouvir. Isto deve ter aguçado nela a necessidade de refletir sobre o mundo epiritual em sua mente infantil. Amparada pelos santos anjos, a Princesinha foi aprendendo os segredos da vida e aos quinze ou dezesseis anos de idade, já sabia o suficiente para poder consagrar sua virgindade a Deus, sabendo muito bem como os bebês vinham ao mundo.

Tendo decidido manter-se virgem por toda a sua vida, certamente surgiu entre os adultos a questão de o que fazer com Maria, pois sendo ela pobre, carecia do dote necessário para se casar com um levita e, assim, poder se dedicar ao Templo. É aí que entra em cena o bom José.

O QUE FAZEMOS COM A MENINA?

José é um carpinteiro, mas não um carpinteiro de alto padrão; ele é um “tekton”, a classe de “operário” que constrói arados, arneses, cercas e currais. Curiosamente, a classe de trabalhador que um dia iria construir o “xilon”, a Cruz onde supliciará Jesus. Nosso bom José é mais velho que Maria, talvez um homem de pouquíssimas palavras e bastante devoto. Como o seu antecessor José, o filho de Jacó, tem sonhos e aprendeu a obedecer o que Deus lhe ordena em seus sonhos (Gênesis 37,2-11; Mateus 1,20; 2,12; 2,19). José, pelo pouco que sabemos, é provavelmente célibe. É possível que tenha se dedicado a Deus como nazareu, permanecendo virgem. É possível também que não fosse capaz de falar ou que tivesse uma fala bastante limitada. Reparemos que a Bíblia não registra qualquer frase deste homem tão importante, pai adotivo  do Messias. José é um homem manso e obediente, simples e trabalhador, um homem puro e forte de corpo e alma.

MARIA É A MÃE DE DEUS

Os responsáveis pelo futuro de Maria devem ter concluído que, entre os homens da aldeia, José era o melhor partido para Maria, por sua pureza e sua boa disposição, e ainda por ser da mesma tribo de Maria. A menina que já tinha feito votos de virgindade a Deus não poderia se casar com um homem qualquer, que precisasse suscitar descendentes. Assim, foi prometida a José. O rude carpinteiro teria quem cozinhasse e guardasse sua casa pelo resto da vida, alguém que conversaria com ele e o ajudaria no seu pequeno negócio. Contudo, os planos humanos não iriam sair assim tão redondos…

DE ONDE VIRÁ ESSE MENINO?

O destino de Maria começa a se manifestar com a visita desse Anjo que a saúda de maneira “incomum”.

Lucas 1,30-33 — “O Anjo, porém, acrescentou: ‘Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará na casa de Jacó para sempre e o seu reinado não terá fim'”.


Até aqui, tudo muito claro. Maria sabe que conta com o favor de Deus e que Deus decidiu que ela fique grávida (mas ainda não sabe como). Sabe que o Menino será de Deus e o Anjo lhe diz aquilo o que ela certamente já suspeitava: o menino é o mui esperado Messias! Maria percebe que ela – sim, ela, a jovem mais pobre da sua parentela! – será a “gebirah”, a Mãe do Rei Eterno de Israel! Quantas vezes, na sinagoga, havia escutado as palavras do rolo de Isaías, sem jamais suspeitar que ela era a bendita mulher de quem falava o profeta! Mais feliz que Sara, que Léa e Raquel, Maria, a pequena Maria de Nazaré!

Isaías 62,1 – “Por amor de Sião não me calarei, e por amor de Jerusalém não me aquietarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação como uma tocha acesa. E os gentios verão a tua justiça, e todos os reis a tua glória; e chamar-te-ão por um nome novo, que a boca do Senhor designará. E serás uma coroa de glória na mão do Senhor, e um diadema real na mão do teu Deus. Nunca mais te chamarão: Desamparada, nem a tua terra se denominará jamais: Assolada; mas chamar-te-ão: O meu prazer está nela, e à tua terra: A casada; porque o Senhor se agrada de ti, e a tua terra se casará. Porque, como o jovem se casa com a virgem, assim teus filhos se casarão contigo; e como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus”.


E Maria aqui, com a rapidez mental que caracteriza as mulheres de sua raça, pergunta respeitosamente ao Anjo:

Lucas 1,34 – “Como será isto, visto que não conheço varão?”


Transcrevo agora um parágrafo do meu livro, “Arca da Graça”, com algumas reflexões acerca desta passagem:

“Esta pergunta de Maria é bastante reveladora. Lucas havia nos dito que ela fora prometida em matrimônio a um homem chamado José. Pois bem: se Maria pretendesse ter relações conjugais com o seu futuro marido, ela não teria nenhuma razão para fazer uma pergunta como essa. Ao contrário, teria assumido normalmente que ela e José iriam ser os pais do Messias após terem se casado. No entanto, ela pede respeitosamente ao anjo para que lhe explique como o seu Filho será concebido. A forma mais razoável para se explicar esta questão é concluir que Maria tinha consagrado a sua virgindade a Deus e não esperava ter relações conjugais com o seu futuro esposo. A prática de alguém consagrar sua virgindade a Deus é bem atestada na cultura judaica dessa época. Há alguns precedentes bíblicos, como a filha do juiz Jefté (Juízes 11, 34-40) e a profetiza Ana, que se consagrou a Deus após tornar-se viúva em idade relativamente jovem (Lucas 2, 36-37; 1Coríntios 7, 23-40). Para ser uma testemunha perfeita e eterna do poder de Deus, a virgindade de Maria deveria ser também eterna. Seu voto para permanecer virgem durante toda a sua vida pode ser claramente deduzido da sua pergunta ao mensageiro angélico”[2]


ARCA DA GRAÇA

A resposta do Anjo não é menos interessante:

Lucas 1, 35-37 — “O Anjo lhe respondeu: ‘O Espírito Santo descerá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso o Menino será Santo e será chamado Filho de Deus. Também Isabel, tua parente, concebeu um filho na velhice, e este é o sexto mês para aquela que chamavam de estéril. Para Deus, com efeito, nada é impossível”.


O Anjo emprega a palavra “epischiadze” para descrever como o Espírito Santo se aproximaria de Maria. Essa palavra é a mesma usada no Êxodo para descrever os “querubins protetores” que estendiam suas asas sobre o tabernáculo da Arca da Aliança e também em Êxodo 40,34-35. Mas o leitor familiarizado com as Escrituras não deixará de perceber duas coisas:

1. A Arca da Aliança continha diversas coisas que representavam diferentes aspectos de Jesus, o Messias: as tábuas da Lei que Jesus cumpriu fielmente; a escudela com o maná milagrosamente preservado e que representa Jesus como “o pão do céu”; o báculo que havia florescido e dado fruto em testemunho do sumo sacerdócio de Aarão, símbolo prefigurativo de Cristo como Sumo Sacerdote e Bom Pastor.

2. A misteriosa mulher que o Apóstolo São João vê com a Arca da Aliança nos céus, em sua visão relatada por Apocalipse 11,19 a 12,6.


Maria, como a Arca da Aliança, contém Jesus em seu seio assim como a Arca continha as representações proféticas de Jesus. Essa mesma Arca aparece nos céus na visão de São João, mas agora é a uma mulher quem dá à luz “um Filho varão, que regerá todas as nações com cetro de ferro; e seu Filho foi arrebatado até Deus e seu trono”. Esse Filho varão é o Messias ressuscitado, “arrebatado até Deus e seu trono” logo após triunfar sobre o mal no Calvário e agora seguramente destinado a reger o mundo “com cetro de ferro” (Salmo 2,7-9).

TODAS AS GERAÇÕES ME CHAMARÃO BEM-AVENTURADA

Maria compreende imediatamente a maravilha da sua singularidade. Ela será a Mãe do Rei Eterno de Israel, ou seja, a Rainha Eterna de Israel, e assim expressa, inspirada pelo Espírito Santo, no “Magnificat”. Tais palavras não saíram da pena de São Lucas, mas do coração de Maria. Que ninguém jamais diga que a Escritura não registra palavras de Maria!

“Lucas 1, 46-50 — “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus, em meu Salvador, porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem. Com o seu braço agiu valorosamente; Dissipou os soberbos no pensamento de seus corações. Depôs dos tronos os poderosos, E elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, E despediu vazios os ricos. Auxiliou a Israel seu servo, recordando-se da sua misericórdia; como falou a nossos pais, Para com Abraão e a sua posteridade, para sempre”.

Há aqui ecos dos Salmos (45,6-17) e da Canção de Ana (1Samuel 2,1-10). Ana é uma figura profética de Maria pois possui um filho, Samuel, a quem dedica a Deus (1Samuel 1,24-28; Lucas 2,21-24). Curiosamente, na época do seu pedido, Ana é acusada de estar embriagada com o vinho de Pentecostes (1Samuel 1,12-17), assim como Maria e os cristãos são acusados da mesma coisa no primeiro Pentecostes da Igreja (Atos 2,13).

E agora que chegamos ao Pentecostes, o início da Igreja e da sua missão, coloquemo-nos nos sapatos (ou melhor, nas sandálias) daqueles homens e mulheres, os “cento e vinte” de quem fala os Atos, entre os quais encontra-se Maria (Atos 1,14).

A IDENTIDADE PÚBLICA DA MÃE DE JESUS

Alguns perguntam, como nosso leitor: Se Maria era tão importante na Igreja Primitiva, como é que não se apresenta o seu papel preponderante nos escritos dos Apóstolos? Novamente irá nos ajudar se nos colocarmos no lugar dos protagonistas. Antes, porém, uma recordação das idéias dos seguidores de Jesus ao tempo da Ascensão:

Atos 1,3-14 – “Depois de ter padecido, Jesus se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias, e falando das coisas concernentes ao reino de Deus. E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel? […] Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, o qual está perto de Jerusalém, à distância do caminho de um sábado. E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, irmão de Tiago. Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos”.


Entremos na mente dos Apóstolos ao tempo da Ascensão: viram Cristo ressuscitado e perceberam que há uma grande missão pronta para começar. No entanto, não sabem ainda que o Reino de Israel que Cristo veio manifestar é um reino espiritual. A pergunta: “Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?” demonstra que ainda esperam uma mudança política. Como bons judeus, sabem que o Messias está destinado a reinar sobre Israel e o mundo, e também sabem que a Rainha do Reino de Deus, a “gebirah”, a Grande Senhora”, é Maria, a Mãe de Jesus. Disto não resta dúvida alguma. Por isso a protegerão com suas próprias vidas, se necessário, e, como cabe a uma Rainha, lhe é dada um pajem real – São João – que agora deve cuidar dela como se fosse sua própria mãe natural (João 19,27).

MARIA, MÃE DA MISERICÓRDIA

A Igreja começa a crescer em um ambiente hostil. Alguns dos Apóstolos são açoitados e um dos diáconos, Estêvão, é apedrejado até a morte pelos fariseus. Saulo de Tarso persegue os cristãos em várias comunidades espalhadas entre a Judéia e a Síria. Não são tempos tranquilos para a Igreja. O Rei está de viagem e a Rainha está sob os cuidados dos fiéis; logo, deve ser protegida.

Creio que seja por isso que os Apóstolos não escrevem muito sobre Maria. Eles têm a esperança de que Cristo retorne logo e sabem que Maria, a Arca da Nova Aliança, apontada por Deus para trazer o Messias ao mundo está entre eles da mesma forma como a Arca da Aliança estava no meio da antiga Israel. Assim como ocorre hoje com as rainhas de diversos países, os cristãos dispersos pelo mundo cuidaram de Maria porque ela era o seu segredo e os segredos não deviam ser escritos em papéis que pudessem cair em poder dos legionários do Imperador ou dos partidários da sinagoga. Maria é tesouro da Igreja; única e valiosa, é guardada com o mesmo zelo com que antigamente se guardavam a Arca e a Rainha de Israel.

A ASSUNÇÃO DE MARIA AOS CÉUS

“As Sagradas Escrituras supõem que temos entendimento […] Após Cristo expirar na Cruz … sendo sepultado e ressuscitando, apareceu à sua bendita Mãe em corpo e alma […] Primeiro apareceu à Virgem Maria, embora nada se diga na Escritura, quando se diz que apareceu a muitos outros, pois a Escritura supõe que temos entendimento, como está escrito: ‘Também vós estais sem entendimento?'”[3].


Quando pessoas mal informadas questionam o dogma da Assunção de Maria aos céus, elas crêem que inexistem evidências bíblicas desse evento. Na Bíblia existe um relato da ascensão de Jesus, mas não menciona a assunção da Virgem Maria. Como a Igreja sabe, então, que Maria foi assunta aos céus? [4]

Atos 1, 1-12 — “Compus meu primeiro relato, ó Teófilo, a respeito de todas as coisas que Jesus fez e ensinou desde o início, até o dia em que foi arrebatado, depois de ter dado instruções aos Apóstolos que escolhera sob a ação do Espírito Santo. Ainda a eles, apresentou-se vivo depois de sua paixão, com muitas provas incontestáveis: durante quarenta dias apareceu-lhes e lhes falou do que concerne ao reino de Deus. Então, no decurso de uma refeição com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que aguardassem a promessa do Pai, ‘a qual’ — disse ele — ‘ouvistes de minha boca: pois João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias’. Estando, pois, reunidos, eles assim o interrogaram: ‘Senhor, é agora o tempo em que irás restaurar a realeza em Israel?’ E ele respondeu-lhes: ‘Não compete a vós conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade. Mas recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e a Samaria, e até os confins da terra’. Dito isto, foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles e lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu’. Então, do monte chamado das Oliveiras, voltaram a Jerusalém. A distância é pequena: a de uma caminhada de sábado”.


Lendo esta passagem cuidadosamente, os fiéis cristãos verificam que Jesus ascendeu aos céus na presença de aproximadamente 500 pessoas. E imediatamente a seguir, apareceram dois anjos. As tradições locais até indicam o local onde este fato aconteceu.

No decorrer da História até os nossos dias, têm surgido muitos questionamentos acerca da veracidade da ressurreição de Jesus. Os céticos sempre propuseram explicações alternativas. A mais comum e antiga é a de que o corpo de Jesus foi escondido por seus discípulos, “falsificando” assim a ressurreição e fazendo com que o Impostor viesse a ser considerado o Messias (Mateus 27, 62-66). Mas, a princípio, alguns discípulos de Jesus que encontraram o sepulcro vazio pensaram que seus inimigos tinham subtraído o corpo do Senhor (João 20, 1-2).

A evidência histórica que temos hoje mostra claramente que o pequeno grupo de crentes judeus saíram a evangelizar o mundo, mesmo que a custo de suas próprias vidas. Seria inviável falsificar uma ressurreição para iniciar uma falsa religião. Todos os Apóstolos, com exceção de um, morreram como mártires. É difícil acreditar que tais pessoas pudessem chegar tão longe, suportando terríveis torturas e a morte, apenas para perpetuar uma fraude. Só existe um jeito de explicar os eventos que se seguiram à morte de Cristo: Ele ressuscitou! Posteriormente, seus discípulos levaram o fogo do Evangelho de Jesus para todas as partes do mundo, porque eles tinham a certeza inabalável de que o seu Senhor havia ressuscitado.

É assim que explicamos a ressurreição de Jesus; mas não temos um relato do que aconteceu com Maria. Na verdade, temos um registro indireto: o corpo de Maria não está em lugar algum que possa ser encontrado. Não temos, portanto, apenas um sepulcro vazio, mas dois!

É de pleno conhecimento dos historiadores em geral que os cristãos tinham especial cuidado com as relíquias dos santos. Partes do corpo, ossos, cabelos e outros pertences dos santos martirizados têm sido, por séculos, cuidadosamente preservados e custodiados. Conhecemos a maioria dos lugares onde os Apóstolos foram sepultados. Conhecemos bem, ainda, os sepulcros de alguns mártires dos séculos I e II.

Seria possível que, de alguma forma, os cristãos primitivos negligenciassem um simples registro sobre o local onde Maria teria sido sepultada? Novamente estamos diante da evidência indireta de que Maria teve um destino diverso dos demais santos do Cristianismo primitivo.

Outras assunções ao céu são registradas na Bíblia. Henoc e Elias foram assuntos ao céu (Hebreus 11, 5; 2Reis 2, 11). Em Mateus 27, 52-53 encontramos um relato de que os corpos dos santos saíram de seus sepulcros logo após a morte de Cristo. Essas primeiras ressurreições prefiguraram a ressurreição de todos aqueles que, até hoje, morreram fiéis à Nova Aliança em Cristo. A assunção de Maria nada mais é do que crer fielmente que Deus lhe concedeu a graça de ser ressuscitada, da mesma forma como Ele fizera com muitos no passado. A Bíblia promete isso até mesmo a nós, pecadores!

Romanos 8, 10-17 — “Se, porém, Cristo está em vós, o corpo está morto, pelo pecado, mas o Espírito é vida, pela justiça. E se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo Jesus dentre os mortos dará vida também a vossos corpos mortais, mediante o seu Espírito que habita em vós. Portanto, irmãos, somos devedores não à carne para vivermos segundo a carne. Pois se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito fizerdes morrer as obras do corpo, vivereis. Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Com efeito, não recebestes um espírito de escravos, para recair no temor, mas recebestes um espírito de filhos adotivos, pelo qual clamamos: ‘Abba! Pai!’ O próprio Espírito se une ao vosso espírito para testemunhar que somos filhos de Deus. E se somos filhos, somos também herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, pois sofremos com ele para também com ele sermos glorificados”.


Nesta passagem, o apóstolo São Paulo promete a nós, pecadores, que aqueles que sofrem com Cristo serão glorificados com Ele. Não seria, pois, de se estranhar que a Mulher que aceitou sofrer com Cristo — a Mãe das Dores — não pudesse receber um especial tratamento da parte de Deus? (cf. Lucas 2, 34-35). É perfeitamente claro que aquela que consagrou a sua vida unicamente para servir o propósito de Deus e ser a Mãe do Messias recebesse um tratamento especial, assim como muitos outros santos homens e mulheres de Deus nos tempos passados.

1Coríntios 3, 7-14 — “Assim, pois, aquele que planta nada é; aquele que rega nada é; mas importa tão somente Deus, que dá o crescimento. Aquele que planta e aquele que rega são iguais entre si; mas cada um receberá seu próprio salário, segundo a medida do seu trabalho. Nós somos cooperadores de Deus, e vós sois a seara de Deus, o edifício de Deus. Segundo a graça que Deus me deu, como bom arquiteto, lancei o fundamento; outro constrói por cima. Mas cada um veja como constrói. Quanto ao fundamento, ninguém pode colocar outro diverso do que foi posto: Jesus Cristo. Se alguém sobre esse fundamento constrói com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha, a obra de cada um será posta em evidência. O Dia torna-la-á conhecida, pois ele se manifestará pelo fogo e o fogo provará o que vale a obra de cada um. Se a obra construída sobre o fundamento subsistir, o operário receberá uma recompensa”.


Se nós concordamos com o ensinamento de São Paulo, devemos então considerar o lugar de Maria na História da Salvação para concluirmos que sua recompensa tinha que ser tão única quanto tão única foi sua crucial missão.

Muitos confundem o Novo Testamento com uma crônica que deveria incluir tudo o que aconteceu com a Igreja. Tal conceito é equivocado. Por exemplo, o Evangelho de São João atesta que nem todos os feitos de Jesus foram incluídos nos Evangelhos (João 21, 25) e muitos crêem que há indícios de uma “carta de lágrimas”, que foi perdida, escrita por São Paulo aos coríntios (cf. 2Coríntios 2, 4). Não seria razoável concluir que Maria não foi assunta ao céu pelo simples fato de o Novo Testamento não indicá-lo. Devemos recordar que nem toda doutrina cristã se encontra explicitamente na Bíblia.

A assunção de Maria contradiz as Sagradas Escrituras? É lógico que não! Tal dogma é realmente necessário para confirmar algumas profecias que deveriam ser cumpridas.

Se cremos que Jesus ressuscitou, devemos também crer que toda autoridade lhe foi dada nos Céus e na Terra (Mateus 28, 16-20). Jesus é o Messias, glorificado e sentado à direita de Deus Pai. Ele não concederia essa honra e glória a Maria? Negligenciaria honrar sua Mãe, Maria, violando assim o Quarto Mandamento? (cf. Gálatas 4, 4). É impossível concluir que Jesus não amasse sua Mãe o suficiente para preservá-la da corrupção e da morte (cf. Salmos 16, 10). Mesmo um homem pecador não permitiria que a sua própria mãe apodrecesse e se corrompesse, caso tivesse o poder para evitá-lo. Quanto mais faria o Filho de Deus com a sua própria Mãe!

É por isso que dizemos que as Sagradas Escrituras necessitam do dogma da Assunção de Maria. Para Jesus ser o Messias, Ele tinha que honrar sua Mãe perfeitamente, na sua máxima capacidade. Se Maria tivesse que sofrer o fim comum de todos os mortais, então Jesus teria falhado ao cumprir a Lei Mosaica. Isto é simplesmente inconcebível. Ele não negaria a Maria aquilo que Deus havia concedido a Henoc, Elias e outros santos homens e mulheres dos tempos antigos (Gênesis 5, 24; Hebreus 11, 5; 2Reis 2, 11-12; 1Macabeus 2, 50-64).

Portanto, podemos concluir que é biblicamente assegurado que o corpo de Maria não conheceu a corrupção e foi assunto aos Céus. Mas o que aconteceu com ela uma vez tendo chegado aos Céus?

Já explicamos como Maria foi prefigurada na “gebirah”, a Rainha Mãe de Israel, que sentava no trono do lado do Rei. É mais do que óbvio que Jesus é o eterno Rei de Israel e Maria a eterna Rainha de Israel[5]. Sabemos que ela foi coroada porque o Apóstolo São Paulo ensina que todos aqueles que vivem uma vida reta em Cristo recebem a coroa da glória nos Céus. São Pedro nos diz que, uma vez manifesto o Bom Pastor, receberemos a nossa coroa (1Pedro 5, 4). O apóstolo São Tiago ensina o mesmo em Tiago 1, 12. O próprio Jesus ensinou isso (Apocalipse 2, 10).

Com todos esses testemunhos de Jesus e dos Apóstolos, poderíamos duvidar que a Mulher vista no céu por São João seria outra pessoa e não Maria?

Apocalipse 12, 1-5 — “Um sinal grandioso apareceu no céu: uma Mulher vestida com o sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas; estava grávida e gritava, entre as dores do parto, atormentada para dar à luz. Apareceu então outro sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres e sobre as cabeças sete diademas; sua cauda arrastava um terço das estrelas do céu, lançando-as para a terra. O Dragão colocou-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho, tão logo nascesse. Ela deu à luz um filho, um varão, que irá reger todas as nações com um cetro de ferro. Seu filho, porém, foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono”.


Esta visão confirma para todos os crentes a coroação de Maria. Ela também é apresentada dando à luz a uma criança que reinará sobre todas as nações: o Messias, o Cristo que é conduzido até Deus e o seu Trono. Em Apocalipse 12, 13, nos é dito que ela tem outros descendentes. Seus filhos espirituais formam a Igreja daqueles “que observam os mandamentos de Deus e mantêm o Testemunho de Jesus”. Eis porque Maria não é apenas a Glória do seu povo Israel; ela é, ainda, a Rainha da Igreja e a Rainha do Céu, pois seu Filho é o Senhor dos Senhores e o Rei dos Reis (Apocalipse 5, 12; 19, 16; Filipenses 2, 9-11).

POR QUE “ISSO” NÃO ESTÁ NA BÍBLIA?

Muitas vezes tem surgido a pergunta: “Por que a Bíblia não fala de…?” e, como consequência, alguns exigem que esqueçamos  tudo o que a Bíblia não menciona explicitamente.

Comecemos por afirmar que a Bíblia não promete, em nenhuma das suas páginas, um detalhe pormenorizado dos fatos históricos com fotos, mapas e notas de rodapé. A Bíblia não é um livro histórico, ainda que contenha dados históricos em algumas passagens. Tampouco pretende ser um álbum de recordações de tudo o que foi feito por certo personagem importante. Para os cristãos, o personagem mais importante da Bíblia é Jesus. Da vida e obra de Jeus, diz o Apóstolo São João:

João 21,24-25 – “Este é o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escreveriam”.


O que o Apóstolo nos explica aqui é simples: o Evangelho foi escrito para revelar, não para registrar. A Bíblia não é um documento histórico destinado a perpetuar a memória do Povo de Deus. Ocasionalmente, livros como Reis e Crônicas possuem registros cronológicos, mas nem todos os escritores da Bíblia foram inspirados para assim atuar.

LER A BÍBLIA COM CUIDADO

Finalmente, o testemunho da Igreja, que é um testemunho vivo, serve de referência para aqueles que querem encontrar tudo o que é explicitamente mencionado na Bíblia. Por exemplo, a Bíblia não condena especificamente coisas como o lesbianismo ou o aborto, no entanto, ambas as práticas foram condenadas pela esmagadora maioria dos judeus e cristãos de todos os tempos (com algumas exceções de grupos recentes, mais identificados com políticas liberais). Muitas coisas sobrevivem dentro da Igreja ainda que não estejam detalhadas na Bíblia, como a liturgia da Santa Missa e as palavras que são comuns a tantos ritos diferentes em Roma, na Rússia, na Síria ou no Egito, e que, evidentemente, possuem uma origem comum e apostólica. Entre os judeus, a liturgia da sinagoga ou a usada no Yom Kippur sobreviveram sem que se encontre na Bíblia um detalhe exaustivo de todas as minúcias de cada celebração.

Isto porque o centro da adoração de Deus é a Igreja e a Bíblia é um dom de Deus que nos veio por intermédio da Igreja. Quando as pessoas tentam usar a Bíblia para “criar” uma Igreja, cometem um erro com a melhor das intenções, como se pudesse reconstruir um carro usando por base o “Guia do Proprietário” que se encontra no porta-luvas.

No caso das “objeções bíblicas” contra a Virgem Maria, sempre são falhas e cheias de omissões, em razão dos objetores desconhecerem os idiomas originais das Escrituras e por ignorarem os problemas que surgem ao se traduzirem as línguas da Idade do Ferro para as formas e línguas modernas.

Algumas objeções contêm erros de conceito ou falhas históricas. Outras, como as que analisamos aqui, surgem de uma leitura superficial das Escrituras, que não é meditada e estimada nas circunstâncias humanas e históricas que complementam o texto.

Nosso amável leitor nos pergunta por que a Bíblia é tão discreta ao falar de Maria, porém, para quem lê a Bíblia com atenção, desde Gênesis 3,15 até Apocalipse 12,15, passando pelos muitos tipos proféticos como Ana, Sara, Judite, Ester, Débora, Jael e as muitas alusões proféticas de Isaías, dos Salmos, do Cântico dos Cânticos e tantas outras, pareceria que nas Escrituras não se encontra outra coisa senão dessa mulher secreta que dará à luz ao Messias e marcará o início de uma nova era. A verdade é que a Bíblia está tão cheia de alusões a Maria como uma casa de família está sempre cheia das recordações de uma mãe!

Logo, por mais que as Escrituras digam “de Maria nunquam satis”, sempre poderemos falar mais.

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Notas:
[1] “Cristianismo Puro e Simples”, Martins Fontes,  São Paulo 2005, pp. 11-12. Citado na obra “Arca da Graça: Nossa Senhora nas Sagradas Escrituras”, de Carlos Caso-Rosendi, Capítulo XIII, Ed. Christianville Press, Connecticut 2009.
[2] “Arca da Graça: Nossa Senhora nas Sagradas Escrituras”, de Carlos Caso-Rosendi, Capítulo I, Ed. Christianville Press, Connecticut 2009.
[3] “Exercícios Espirituais”, Santo Inácio de Loyola, nº 219.
[4] Extraído de “A Assunção de Maria aos Céus”, do livro “Arca da Graça: Nossa Senhora nas Sagradas Escrituras”, de Carlos Caso-Rosendi, Capítulo IX, Ed. Christianville Press, Connecticut 2009.
[5] Ver “A Sempre Virgem Maria”, no livro “Arca da Graça: Nossa Senhora nas Sagradas Escrituras”, de Carlos Caso-Rosendi, Capítulo V, Ed. Christianville Press, Connecticut 2009.

A Igreja e a AIDS
Por João Paulo II

Resumo da Alocução de S.S. João Paulo II na IV Conferência Internacional sobre AIDS “Viver, para quê?” Promovida pelo Pontifício Conselho para a Pastoral dos Agentes Sanitários, celebrada na Sala do Sínodo do Vaticano em 13, 14 e 15 de novembro de 1989.

Duplo desafio

As estatísticas comprovam que a juventude é a que está mais afetada pela AIDS. A ameaça que se cerne sobre as jovens gerações deve chamar a atenção e comprometer o esforço de todos, pois, humanamente falando, o futuro do mundo está fundado nos jovens e a experiência ensina que o único modo de prevenir é o de prepará-lo.

A ameaçadora difusão da AIDS lança a todos um duplo desafio, que também a Igreja quer pegar na parte lhe compete: refiro-me à prevenção da doença e à assistência prestada aos que estão afetados por ela. Uma ação realmente eficaz nestes dois campos não poderá se realizar se não se tenta manter o esforço comum na contribuição que deriva de uma visão construtiva da dignidade da pessoa humana e de seu destino transcendente.

As particulares características da aparição e difusão da AIDS assim com a forma de enfrentar a luta contra esta doença, revelam uma preocupante crise de valores. Não estamos longe da verdade se afirmamos que paralelamente à difusão da AIDS, vem se manifestando uma espécie de imunodeficiência no plano dos valores existenciais, que não pode menos que reconhecer-se como uma verdadeira patologia do espírito.

Dois objetivos: informar e educar

Por conseguinte, é preciso em primeiro lugar reafirmar com firmeza que a obra da prevenção, para ser ao mesmo tempo digna da pessoa humana e verdadeiramente eficaz, deve propor-se dois objetivos: informar e educar para a maturidade responsável.

Antes de tudo é necessário que a informação transmitida pelas sedes idôneas seja correta e completa, além de medos infundados, mas também de falsas esperanças. A dignidade pessoal do homem exige, além disso, que o ajude a crescer na maturidade afetiva mediante uma específica ação educativa.

Só com uma informação e uma educação que ajudem a encontrar com clareza e com alegria o valor espiritual do “amor que se doa” como sentido fundamental da existência, é possível que os adolescentes e os jovens tenham a força necessária para superar os comportamentos perigosos. A educação para viver de modo sereno e sério a própria sexualidade e a preparação para o amor responsável e fiel são aspectos essenciais deste caminho para a plena maturidade pessoal. Ao contrário, uma prevenção que nasce, com inspiração egoísta, de considerações incompatíveis com os valores prioritários da vida e do amor, acabaria por ser, além de ilícita, contraditória, apenas rodeando o problema sem resolvê-lo em sua raiz.

Por isso a Igreja, segura intérprete da lei de Deus e “perita em humanidade”, empenha-se não só em pronunciar uma série de “nãos” a determinados comportamentos, mas, principalmente a de propor um estilo de vida plenamente significativo para a pessoa. Ela indica com vigor e com gozo um ideal positivo, em cuja perspectiva se compreendem e se aplicam as normas morais de conduta. À luz deste ideal aparece profundamente lesivo da dignidade da pessoa, e por isso moralmente ilícito, propugnar uma prevenção da doença da AIDS baseada no recurso a meios e remédios que violam o sentido autenticamente humano da sexualidade e são um paliativo para aqueles mal-estares profundos onde se encontra comprometida a responsabilidade dos indivíduos e da sociedade. A reta razão não deve admitir que a fragilidade da condição humana, em vez de ser motivo de maior empenho, se traduza em pretexto para um relaxo que abra o caminho à degradação moral.

Compreensão e solidariedade

Em segundo lugar, uma prevenção construtivamente encaminhada a recuperar, principalmente entre as jovens gerações, o sentido pleno da vida e a exultante fascinação da entrega generosa, seguramente favorecerá um maior e mais amplo empenho na assistência aos doentes de AIDS. Estes, ainda na singularidade de sua situação patológica, têm direito, como qualquer outro enfermo, a receber da comunidade a assistência idônea, a compreensão respeitosa e uma plena solidariedade. A Igreja que, a exemplo de seu divino Fundador e Mestre, sempre considerou a assistência a quem sofre como parte fundamental de sua missão, sente-se interpelada em primeira pessoa, neste novo campo do sofrimento humano, pela consciência que tem de que o homem que sofre é um “caminho especial” de seu magistério e ministério.

Aos doentes de AIDS: o consolo da Igreja

Dirijo-me antes de tudo, com aflita solicitude, aos doentes de AIDS. Irmãos em Cristo, conheceis toda a esperança do caminho da cruz, não vos sintais sós. Convosco está a Igreja, sacramento de salvação, para sustentar-vos em vosso difícil caminho. Ela recebe muito de vosso sofrimento, enfrentando na fé; está perto de vos com o consolo da solidariedade ativa de seus membros, a fim de que não percais nunca a esperança. Não vos esqueçais o convite de Jesus: “Vinde a mim os cansados e atribulado, e eu vos serei descanso” (Mt. 11,28). Convosco estão, amadíssimos irmãos, homens da ciência, que se esforçam por conter e por vencer esta grave enfermidade: convosco estão quantos, no exercício da profissão sanitária ou por eleição voluntária, sustentada pelo ideal da solidariedade humana, dedicam-se vos assistir com toda solicitude e com todo tipo de meios.

Vós podeis oferecer em troca algo muito importante à comunidade da qual fazeis parte. O esforço que fazeis para dar um significado a vosso sofrimento é para todos um precioso reclamo aos valores mais altos da vida e uma ajuda talvez determinante para quantos sofrem a tentação da desesperação. Não vos encerreis em vós mesmos; buscai, mais bem, e aceitai o apoio dos irmãos. A oração da Igreja se eleva a cada dia ao Senhor por vós, particularmente pelos que vivem a doença no abandono e na solidão; pelos órfãos, pelos mais fracos, e pelos mais pobres, que o Senhor nos ensinou a considerar os primeiros em seu Reino.

À família: primeira escola de vida

Em seguida, dirijo-me às famílias. No núcleo familiar encontra-se a primeira e de formação dos filhos para responsabilidade pessoal em todos seus aspectos, incluído o que está ligado aos problemas da sexualidade. Vós podeis realizar a primeira e mais eficaz ação preventiva oferecendo a vossos filhos uma reta informação e preparando-os para escolher com responsabilidade os justos comportamentos tanto no âmbito individual como no social.

Depois, enquanto às famílias que vivem em seu interior o drama da AIDS, desejo que sintam dirigida a si a compreensão que o Papa compartilha com elas, consciente da difícil missão a qual estão chamadas. Peço ao Senhor que lhes conceda a generosidade para renunciar a uma tarefa que, perante Deus e perante a sociedade, assumiram a seu tempo como irrenunciável. A perda do calor familiar provoca nos doentes de AIDS a diminuição e até mesmo a extinção daquela imunologia psicológica e espiritual que às vezes se revela no menos importante que a física para sustentar a capacidade de reação do sujeito. Principalmente as famílias nascidas no sinal do matrimônio cristão têm a missão de oferecer um forte testemunho de fé e de amor, sem abandonar seu ente querido, ao contrário, rodeando-o de solícitos cuidados e afetuosa compaixão.

Aos educadores: idônea e séria formação

Aos professores e educadores se dirige meu convite a que se tornem promotores, em estreita união com as famílias, de uma idônea e séria formação dos adolescentes e dos jovens. Procure-se, especialmente nas escolas católicas, uma programação orgânica da educação sanitária na qual, harmonizando os elementos da prevenção com os valores morais, prepare os jovens para um correto estilo de vida, principal garantia para tutelar a própria saúde e a dos demais. A vós, educadores, vos foi confiado a responsabilidade de orientar as jovens gerações a uma autêntica cultura do amor, oferecendo em vós mesmos uma guia e um exemplo de fidelidade aos valores ideais que dão sentido à vida.

Aos jovens: sede de vida e amor

Aos jovens de qualquer idade e condição digo: Agi de modo que vossa sede de vida e de amor seja sede de uma vida digna de viver e de um amor construtivo. A necessária prevenção contra a ameaça da AIDS não há de inspirar-se no medo mas na escolha consciente de um estilo de vida saudável, livre e responsável. Fugi de comportamentos caracterizados pela dissipação, a apatia e o egoísmo. Sede, portanto, protagonistas na construção de uma ordem social justa, sobre a qual se apóie o mundo de vosso futuro. Praticai com generosidade e força de imaginação formas sempre novas de solidariedade. Rechaçai toda forma de marginalização; estai perto dos menos afortunados, dos que sofrem, cultivando a virtude da amizade e da compreensão, rejeitando toda violência convosco mesmo e com os demais. Vossa força há de ser a esperança e vosso ideal, a afirmação universal do amor.

Aos governadores e autoridades: plano global

Aos governadores e aos responsáveis pela administração pública dirijo um urgente chamado a enfrentar com todo empenho os novos problemas gerados pela difusão da AIDS. As dimensões que tem assumido, e que provavelmente assumirá esta enfermidade, assim como sua estreita conexão com alguns comportamentos que incidem nas relações interpessoais e sociais, exigem que os Estados se encarreguem –com valor, com claridade de idéias e com iniciativas corretas– de todas suas responsabilidades. Em particular, às autoridades sanitárias e sociais compete preparar e realizar um plano global de luta contra a AIDS e as drogas; dentro desta programação deverá ser reconhecida, coordenada e sustentada toda justa iniciativa que os indivíduos, os grupos, as associações, e os diversos organismos ponham em andamento para a prevenção, a cura e a reabilitação. Igualmente a luta contra a AIDS exige a colaboração entre os povos: e posto que a demanda de saúde e de vida é comum a todos os homens, nenhum cálculo político ou econômico há de dividir o esforço dos Estados, chamados juntamente a responder ao desafio da AIDS.

Aos cientistas e pesquisadores: respeito da moralidade

Aos cientistas e aos pesquisadores, com uma felicitação por seu admirável esforço, vai meu convite a incrementar e a coordenar seu trabalho, fonte de esperança para os doentes de AIDS e para toda a humanidade. Como já foi reconhecido, “seria ilusório reivindicar a neutralidade moral da pesquisa científica e de suas aplicações… A causa de seu próprio significado intrínseco, a ciência e a técnica exigem o respeito incondicionado dos critérios fundamentais da moralidade: devem estar a serviço da pessoa humana, de seus direitos inalienáveis e de seu bem verdadeiro e integral segundo o plano e a vontade de ” (Instrução Donum Vitae, 2). Hoje faltam ainda vacinas e medicamentos que sejam totalmente eficazes contra o vírus da AIDS; é realmente de desejar que a investigação científica e farmacológica possa alcançar em breve a suspirada meta. À porta de vossa competência e sensibilidade, ilustres cientistas e pesquisadores, está tocando uma humanidade implorante que espera uma resposta de vida, principalmente de vossa entrega e colaboração.

Aos médicos e pessoal sanitário: testemunho de amor

À espera do descobrimento resolutivo, convido os médicos e a todos os agentes sanitários, empenhados neste delicado setor profissional, a traduzir seu serviço em testemunho de amor pronto a socorrer. Estais vivendo individual e coletivamente a parábola do Bom Samaritano. Portanto, vossa solicitude não deve conhecer discriminação alguma. Sabei acolher, interpretar e valorizar a confiança que tem em vós o irmão doente. Buscai sempre, através da assistência, aproximar-vos com discrição e amor àquela misteriosa mas muito humana esfera psíquica e espiritual da qual pode brotar a energia viva e curativa que ajude ao doente a descobrir, inclusive em sua condição, o sentido da vida e o significado de seu sofrimento.

E vós, agentes sanitários voluntários, que cada vez em número maior dedicais competência e disponibilidade aos doentes de AIDS ou estais empenhados na obra de educação preventiva, uni e coordenai vossas forças, atualizar vossa preparação, tornai-vos promotores, inclusive no exterior, de uma ação dirigida a sensibilizar a comunidade social sobre os problemas vinculados à realidade e à ameaça da AIDS. Sede os porta-vozes dos anseios, das necessidades e das expectativas daqueles a quem atendeis.

Aos sacerdotes e religiosos: arautos do Evangelho do sofrimento

Aos irmãos no sacerdócio, aos religiosos e às religiosas, e em primeiro lugar aos que, entre eles, dedicam-se à pastoral sanitária, dirige-se meu mais ardente chamado a fim de que sejam arautos do Evangelho do sofrimento no mundo contemporâneo. A história da ação pastoral sanitária da Igreja abunda em figuras exemplares de sacerdotes, de religiosos e religiosas que na assistência aos que sofrem exaltaram a doutrina e a realidade do amor. Vossa ação, amadíssimos irmãos e irmãs, para ser crível e eficaz, deve estar constantemente sustentada pela fé e alimentada pela oração. Vós que fizeste do seguimento de Cristo o ideal exclusivo de vossa vida, senti-vos chamados a tornar-vos presença de Jesus, médico das almas e dos corpos. Que os doentes a quem assistis advirtam em vós a proximidade de Jesus, e a vigilante e maternal presença da Virgem. Acolhei com generosidade o chamado de vossos Pastores, amai e favorecei o serviço aos doentes, atuai no sinal de abnegação e do amor, “para não desvirtuar a cruz de Cristo” (1 Co. 1,17). Estai perto dos últimos e dos mais abandonados. Praticai a hospitalidade, promovei e sustentai todas as iniciativas que, no serviço a quem sofre, exaltam a grandeza e a dignidade da pessoa humana e de seu destino eterno. Sede testemunhas do amor da Igreja pelos que sofrem e de sua predileção pelos mais provados pelo mal.

A todos os fiéis: mensageiros de esperança

Finalmente, convido a todos os fiéis a elevar sua oração ao Senhor da vida para que ajude a humanidade a tirar proveito inclusive desta nova e ameaçadora calamidade. Queira Deus Iluminar os fiéis sobre o verdadeiro e último “por quê” da existência, a fim de que sejam sempre e em todas as partes mensageiros da existência que não morre. Oxalá o homem de hoje saiba repetir ao Senhor as palavras de Jó: “Sei que és todo- poderoso: nenhum projeto te é irrealizável” (Jó 42,2). Se hoje, frente à ameaça do flagelo da AIDS, estamos ainda em busca do remédio eficaz, confiamos que, com a ajuda de Deus, triunfará finalmente a vida sobre a morte e a alegria sobre o sofrimento. Com este desejo invoco sobre vós e sobre quantos gastam suas energias ao serviço da nobilíssima causa as bênçãos do Deus Onipotente.

O escritor inglês Philip Pullman, que nos últimos anos ganhou fama e fortuna com romances anti-católicos para crianças, preparou suas baterias contra Jesus Cristo e anunciou o próximo lançamento de um novo livro no que apresenta o Senhor como um “canalha” e a São Paulo como um fantasioso que lhe adjudicou poderes sobrenaturais.

O livro, que será posto à venda na próxima Semana Santa, titula-se “Jesus o Bom Homem e o Cristo canalha” (“The Good Man Jesus and the Scoundrel Christ”). Seu argumento de fundo é que São Paulo transformou a personalidade do Jesus e, usando seu “fervente imaginação” adjudicou atributos divinos a um homem normal.

Pullman, que se proclama ateu e forma parte da Sociedade Nacional Secular, justificou seu insólito argumento alegando que “São Paulo começou a transformar a história de Jesus em algo distinto e extraordinário no tempo em que escreveram os Evangelhos e parte de sua versão influiu no que escreveram os evangelistas”.

Para Pullman, “Paulo era um literato e um gênio da imaginação que teve mais influencia em seu mundo que qualquer outro, incluindo Jesus. Teve a grande habilidade de persuadir a outros e suas habilidades retóricas convenceram às pessoas por 2,000 anos”.

O novelista, autor de “A bússola dourada”, acrescenta que sua história parte da “tensão na natureza dual de Jesus Cristo” e tem partes de “história e partes de conto de fadas”.

O Bispo Auxiliar de Birmingham, Dom David McGough, criticou o livro e em uma coluna do jornal The Catholic Herald, recordou que “não há evidência alguma de que São Paulo tenha influenciado os Evangelhos. Nenhum acadêmico respeitável poderia ter escrito algo sobre a teoria” de Pullman.

***

A liberdade de discordar não dá o direito de desrespeitar.

O que este senhor faz é desrespeitar a fé de mais de um bilhão de pessoas no mundo.

Atingir a Jesus é atingir a todos nós,chamados a orar por ele e abençoá-lo!

Aliás,desrespeito que ele já fez no “maravilhoso livro” A bússola dourada.

Até a data de lançamento,a Semana mais Santa e significativa de nossa fé,foi escolhida de propósito.

Lembre-se dele em suas orações!

Papa recorda que sacerdotes não devem participar da política

Tampouco os leigos podem assumir as funções de um presbítero

Os sacerdotes devem favorecer a unidade e a comunhão de todos os fiéis e, por isso, devem manter-se afastados da política, que é um campo de ação dos leigos, considera Bento XVI.

Assim o afirmou nesta quinta-feira, ao acolher o segundo grupo de bispos brasileiros, procedente da Região Nordeste, no Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, por ocasião de sua visita ad limina apostolorum.

O Papa dedicou toda a sua intervenção a prevenir contra a “secularização dos sacerdotes e a clericalização dos leigos”, além de insistir em que a figura do sacerdote na Igreja é insubstituível.

“O aprofundamento harmônico, correto e claro da relação entre sacerdócio comum e ministerial constitui atualmente um dos pontos mais delicados do ser e da vida da Igreja”, sublinhou o Papa.

“É na diversidade essencial entre sacerdócio ministerial e sacerdócio comum que se entende a identidade específica dos fiéis ordenados e leigos.”

O Papa admitiu que o número escasso de sacerdotes é um problema importante, especialmente nestas regiões, onde a atenção pastoral “deve ser organizada com poucos presbíteros”, mas acrescentou que esta situação “não deve ser considerada normal ou típica do futuro”.

Por outro lado, afirmou, “a falta de presbíteros não justifica uma participação mais ativa e numerosa dos leigos. Na verdade, quanto mais os fiéis forem conscientes de suas responsabilidades na Igreja, mais se sobressairá a identidade específica e o papel insubstituível do sacerdote”.

Recordou aos bispos que este Ano Sacerdotal supõe uma boa ocasião para refletir sobre o exemplo do Santo Cura de Ars.

“Ele continua sendo um modelo atual para vossos presbíteros, especialmente na vivência do celibato como exigência do dom total de si mesmos, expressão daquela caridade pastoral que o Concílio Vaticano II apresenta como centro unificador do ser e do agir sacerdotal.”

Neste sentido, o Papa explicou quão necessário é buscar mais vocações, como também que “os sacerdotes manifestem a alegria da fidelidade à própria identidade com o entusiasmo da missão”.

Também é importante que os presbíteros “vivam com coerência e plenitude a graça e os compromissos do Batismo”, que celebrem a Missa e rezem o ofício divino diariamente.

“Deveis concentrar os esforços em despertar novas vocações sacerdotais e encontrar os pastores indispensáveis para as vossas dioceses, ajudando-vos mutuamente, para que todos disponham de presbíteros melhor formados e mais numerosos para sustentar a vida de fé e a missão apostólica dos fiéis”, concluiu o Papa.

Fonte: Zenit

Uma cena do filme

Enquanto o mundo se prepara para celebrar o 150º aniversário da publicação do histórico livro de Charles Darwin, “A Origem das Espécies”, uma produtora americana anunciou o lançamento de um novo documentário, filmado nas Ilhas Galápagos, que joga por terra as conclusões às que Charles Darwin, pai do evolucionismo, chegou durante a sua viagem a esta região.

Filmada e dirigida pelos premiados Jon e Andy Erwin da Erwin Brothers Motion Pictures, o filme de 90 minutos se titula “As ilhas misteriosas” e será estreada a princípios de novembro, umas semanas antes de 24 de novembro, data de aniversário do texto de Darwin.

Este filme de aventuras possui grande beleza cinematográfica, foi gravado a princípios deste ano e examina as mesmas incomuns criaturas que Darwin viu nas Ilhas Galápagos, mas rejeita as conclusões às quais ali chegou e foram a base de sua Teoria da Evolução.

“Este mês de outubro e novembro, os americanos e outros ocidentais enfrentam uma avalanche sem precedentes de propaganda a favor da evolução na imprensa e no mundo acadêmico para quem Charles Darwin, é o santo padroeiro do evolucionismo”, explicou Doug Phillips, produtor executivo de “As ilhas misteriosas”.

“Os cristãos olham a Jerusalém, os muçulmanos a Meca, mas para os seguidores do Charles Darwin, o arquipélago de Galápagos é o lar espiritual de sua fé evolutiva”, explica Phillips e sustenta que seu filme “rodado na zona zero do evolucionismo, é uma resposta à adulação de Darwin e destapa buracos nas conclusões que se formou observando as maravilhosas criaturas que habitam as Ilhas Galápagos”.

O filme apresenta uma aventura extraordinária no Éden de Darwin e é protagonizado por um jovem de 16 anos, seu pai, e uma equipe de cientistas e investigadores que inclui ao Dr. John Morris, presidente do Instituto para a Investigação sobre a Criação.

O filme examina as questões que Darwin não pôde responder, ou que explicou com falhas.

“Cento e cinqüenta anos depois da publicação de sua obra prima, seus enganos são mais claros. Não é de se estranhar que os principais argumentos que apóiam sua teoria da evolução fossem rechaçados pelos mesmos evolucionistas. Ao voltar sobre seus passos, encontramos exatamente onde se cometeu o engano”.

Para mais informação sobre o filme se pode visitar o Web Site em inglês www.themysteriousislands.com

Veja o que o Papa fala sobre este assunto:

Em um claro não ao evolucionismo radical, o Papa Bento XVI dirigiu esta manhã aos membros da Pontifícia Academia para as Ciências e precisou que Deus é o fundamento de toda a criação.

Em suas palavras pronunciadas na Sala Clementina do Vaticano ante os membros deste dicastrio que iniciam hoje sua Assembléia Plenária sobre o tema “Olhar científico à evolução do Universo e a  VIDA”, o Santo Padre, entretanto, deixou em claro que o princípio da criação não se opõe à idéia de uma evolução não absoluta.

“Neste contexto –continuou o Pontífice– os assuntos ligados à relação entre a leitura que as ciências fazem do mundo e a leitura oferecida pela Revelação Cristã emergem naturalmente. Meus predecessores, o Papa Pio XII e o Papa João Paulo II  notaram que não existe oposição entre o entendimento da fé da criação e a evidência das ciências empíricas”.

Bento XVI precisou além que “a filosofia em seus inícios tinha proposto imagens para explicar a origem do cosmos sobre a base de um ou mais elementos do mundo material. Esta gênese não era vista como uma criação, mas sim como uma mutação ou transformação; e incluía uma espécie de interpretação horizontal da origem do mundo”.

“Um avanço decisivo –prosseguiu– no entendimento da origem do cosmos foi a consideração do ser e a preocupação da metafísica com a pergunta mais básica sobre a primeira origem transcendente do ser”. “Para desenvolver e evoluir, o mundo necessitava primeiro ser, quer dizer sair de um nada para o ser. Tinha que estar criado: em outras palavras, pelo primeiro Ser que é tal por essência”, acrescentou.

O Santo Padre explicou além que “afirmar que a fundação do cosmos e seu desenvolvimento está na sabedoria providente do Criador não significa dizer que a criação só tem que ver com o início da história do mundo e a vida. Em vez disso implica que o Criador capa estes desenvolvimentos e os mantém, faz-os evoluir e os sustenta continuamente”.

Depois de lembrar como Santo Tomás de Aquino afirmava que a “criação não é um movimento nem uma mutação” senão “a relação institucional e contínua que une à criatura com seu Criador porque Ele é a causa de todo ser e no que se converta”, o Pontífice comentou que o Cristianismo permitiu nas pessoas a possibilidade de aproximar-se de um livro, “imagem querida por muitos cientistas”.

Galileu viu a natureza como um livro cujo autor é Deus na mesma forma em que as Escrituras têm a Deus como seu autor. É um livro cuja história, cuja evolução, cuja ‘escritura’ e significado, ‘lemos’ de acordo às diferentes aproximações das ciências, enquanto pressupomos todo o tempo a presença institucional do autor que quis revelar-se a si mesmo nela”.

“Esta imagem –disse logo o Papa– também nos ajuda a entender que o mundo, longe de originar do caos, parece um livro ordenado; é um cosmos. face aos elementos do irracional, caótico e destrutivo nos longos processos de mudança no cosmos, este segue sendo ‘legível’. Tem uma ‘matemática’ interior. A mente humana pode então comprometer-se em uma ‘cosmografia’ estudando os fenômenos mensuráveis e também em uma ‘cosmologia’ discernindo a lógica visível interior do cosmos”.

É provável, prosseguiu, que “ao princípio não possamos ver a harmonia de tudo e as relações entre suas partes individuais, de sua relação ao todo. Entretanto, sempre existe uma ampla fila de eventos inteligíveis, e o processo racional revela uma ordem de correspondências evidentes e finalidades inegáveis: no mundo inorgânico, entre a microestructura e a macroestructura, entre a estrutura e a função, entre o conhecimento da verdade e a aspiração à liberdade”.

Bento XVI precisou além que “as perguntas experimentais e filosóficas gradualmente descobrem estes ordens, percebem-nos trabalhando para manter-se sendo, defendendo-se a si mesmo ante os desequilíbrios e os obstáculos que os superam. E graças às ciências naturais têm incrementado nosso entendimento do lugar único que tem a humanidade no cosmos”.
O Santo Padre disse além que “a distinção entre um simples ser vivente e um ser espiritual que é capaz de Deus, assinala a existência de uma alma inteligente que tem um fim transcendente. Por isso o Magistério da Igreja constantemente afirmou que ‘toda alma espiritual é criada imediatamente por Deus –não é ‘produzida’ por seus pais – e é além imortal’. Isto aponta à distinção da antropologia e convida à exploração da mesma por parte do pensamento moderno”.

Finalmente, o Papa lembrou as palavras que João Paulo II dirigisse aos participantes deste dicastério em novembro de 2003: “a verdade científica, que é em si mesmo uma participação da Verdade divina, pode ajudar à filosofia e a teologia a entender cada vez mais plenamente à pessoa humana e a Revelação de Deus sobre o homem, uma Revelação que é completada e aperfeiçoada em Jesus Cristo.

Por este importante enriquecimento mútuo na busca da verdade e o benefício da humanidade, estou, com toda a Igreja, profundamente agradecido”.

Logo após votar o texto do acordo entre o governo brasileiro e a Santa Sé, de interesse dos católicos, os deputados aprovaram  o projeto batizado de Lei Geral das Religiões, de agrado dos evangélicos.

É uma cópia do acordo entre Brasil e Vaticano, apenas com substituição da expressão Igreja Católica por instituições religiosas. Ambos têm os mesmos 19 artigos.

A lei geral proposta vale para todas as religiões, inclusive a católica.

O acordo com o Vaticano cria o Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil e foi motivo de polêmica com os evangélicos desde o envio ao Congresso, no fim de 2008. Seus opositores acusaram o governo de privilegiar os católicos e ferir a condição do Brasil de país laico.

Os dois textos asseguram benefícios tanto para a Igreja Católica como para qualquer outra religião, como a proteção ao patrimônio e aos locais de culto, aos símbolos, imagens e objetos culturais; assegura assistência espiritual aos fiéis internados em estabelecimentos de saúde, assistência social e educação; imunidade tributária; e garante o ensino religioso nas escolas públicas de ensino fundamental.

Único partido a votar contra os dois textos, o PSOL anunciou que irá à Justiça para anular a aprovação da Lei Geral.”

Fonte: O Globo

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O cerne do problema do Estado Laico não tem nada a ver com este acordo, e sim com as palavras que Bento XVI dirigiu aos juristas católicos italianos em 2006, que – mesmo sendo extensas – peço licença para reproduzir:

Na realidade, hoje a laicidade é geralmente entendida como exclusão da religião dos vários contextos da sociedade e como sua relegação para o âmbito individual.

A laicidade expressar-se-ia na total separação entre o Estado e a Igreja, não tendo esta última qualquer título para intervir a propósito de temáticas relativas à vida e ao comportamento dos cidadãos; a laicidade comportaria até mesmo a exclusão dos símbolos religiosos dos lugares públicos, destinados ao desenvolvimento das funções próprias da comunidade política:  dos escritórios, escolas, tribunais, hospitais, prisões, etc.

Com base nestes múltiplos modos de conceber a laicidade, hoje fala-se de pensamento laico, de moral laica, de ciência laica e de política laica. Com efeito, no fundamento de tal concepção há uma visão arreligiosa da vida, do pensamento e da moral:  ou seja, uma visão em que não há lugar para Deus, para um Mistério que transcenda a razão pura, para uma lei moral de valor absoluto, em vigor em todos os tempos e em cada situação.

Somente se nos dermos conta disto, poderemos medir o peso dos problemas subjacentes a um termo como laicidade, que parece ter-se tornado como que o emblema qualificador da pós-modernidade, de modo particular da democracia moderna.

Então, compete a todos os fiéis, de forma especial aos crentes em Cristo, contribuir para elaborar um conceito de laicidade que, por um lado, reconheça a Deus e à sua lei moral, a Cristo e à sua Igreja o lugar que lhes cabe na vida humana individual e social e, por outro, afirme e respeite a “legítima autonomia das realidades terrestres”, significando com esta expressão como confirma o Concílio Vaticano II que “as coisas criadas e as próprias sociedades têm as suas próprias leis e valores, que o homem gradualmente deve descobrir, utilizar e organizar” (Gaudium et spes, 36).

Esta autonomia é uma “exigência… legítima:  não só é reivindicada pelos homens do nosso tempo, mas corresponde à vontade do Criador.

Com efeito, é pela virtude da própria criação que todas as coisas estão dotadas de consistência, verdade e bondade, de leis próprias e de uma ordem que o homem deve respeitar e reconhecer os métodos próprios de cada uma das ciências e técnicas” (Ibidem). Se, ao contrário, com a expressão “autonomia das realidades temporais” se quisesse dizer que “as coisas criadas não dependem de Deus, e que o homem pode usá-las de tal maneira que não as refira ao Criador”, então a falsidade desta opinião não poderia passar despercebida a quem quer que acredite em Deus, nem à sua presença transcendente no mundo criado (cf. ibid.).”

Estas são as questões fundamentais que não podem ser negligenciadas, esta é a diferença entre as autonomias legítimas e a Fé Irreligiosa institucionalizada que, hoje em dia, querem a todo custo impôr.”

Comentário: Jorge Ferraz


Tony Blair

O ex-primeiro Ministro da Inglaterra, Tony Blair, que se converteu à fé católica há dois anos, assinalou durante sua participação no Encontro de Rimini, Itália, que promove o movimento Comunhão e Liberação “que a voz da igreja” deve ser escutada porque deve “falar de forma clara e aberta” para que “a comunidade das nações” a ouça, .

Em seu discurso, o político britânico ressaltou também que “a fé e a razão são aliadas, não oponentes”, por isso “a Igreja pode ser a voz espiritual que converte a globalização em um instrumento e não em um padrão”.

Depois de elogiar o incansável trabalho de ajuda social da Igreja, entre outras áreas, Blair assinalou que “hoje não existe apenas um espaço mas um âmbito crescente para as organizações da sociedade civil no desenvolvimento de trabalhos que nem o Estado, nem o mercado podem fazer”.

Tony Blair também explicou que sua conversão se deve, em boa parte, à sua esposa Cherie. “Com ela comecei a ir à missa. Nós gostávamos de ir juntos, às vezes a uma igreja anglicana e outras a uma católica. Adivinhem a qual íamos mais? À medida que passava o tempo sentia que a Igreja Católica  era minha casa e não só por seu magistério e sua doutrina, mas sim por sua natureza universal”, indicou.

Em 2006 e 2007, Tony Blair e sua esposa, quem mantêm posturas contrárias à Igreja quanto ao aborto e as uniões homossexuais, visitaram o Papa Bento XVI como parte do processo de conversão que levou o político a abandonar os anglicanos.

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Tony Blair é  respeitado no mundo todo,embora muitissimo criticado por ter apoiado os Estados Unidos por ocasião da invasão ao Iraque a alguns anos atrás.

Oremos para que seu mergulho na doutrina Católica o ajude a mudar de opinião em relação aos temas que ele -ainda – não comunga,abraçando assim de forma coerente sua fé.

José Saramago

“Creio que as teses de Huntington sobre o “choque de civilizações”, atacadas por uns e celebradas por outros quando do seu aparecimento, mereceriam agora um estudo mais atento e menos apaixonado.

Temo-nos habituado à ideia de que a cultura é uma espécie de panaceia universal e de que os intercâmbios culturais são o melhor caminho para a solução dos conflitos. Sou menos otimista. Creio que só uma manifesta e ativa vontade de paz poderia abrir a porta a esse fluxo cultural multidireccional, sem ânimo de domínio de qualquer das suas partes. Essa vontade talvez exista por aí, mas não os meios para a concretizar.

Cristianismo e islamismo continuam a comportar-se como inconciliáveis irmãos inimigos incapazes de chegar ao desejado pacto de não agressão que talvez trouxesse alguma paz ao mundo.

Ora, já que inventámos Deus e Alá, com os desastrosos resultados conhecidos, a solução talvez estivesse em criar um terceiro deus com poderes suficientes para obrigar os impertinentes desavindos a depor as armas e deixar a humanidade em paz. E que depois esse terceiro deus nos fizesse o favor de retirar-se do cenário onde se vem desenrolando a tragédia de um inventor, o homem, escravizado pela sua própria criação, deus.

Fonte: http://caderno.josesaramago.org/2009/08/21/um-terceiro-deus/


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Quem é Saramago?

José de Sousa Saramago (Azinhaga, 16 de Novembro de 1922) é um escritor, roteirista, jornalista, dramaturgo e poeta português, galardoado em 1998 com o Nobel da Literatura. Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago é considerado o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.[1]

O seu livro Ensaio sobre a Cegueira (Blindness, em inglês) foi adaptado para o cinema e lançado em 2008, produzido no Japão, Brasil e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles (realizador de O jardineiro fiel e Cidade de Deus).

Nasceu na província do Ribatejo, no dia 16 de novembro, embora o registo oficial apresente o dia 18 como o do seu nascimento. Saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, é membro do Partido Comunista Português e foi director do Diário de Notícias. Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Casado com a espanhola Pilar del Río, Saramago vive actualmente em Lanzarote, nas Ilhas Canárias.


Fonte e indicações grifadas retiradas da ” Wilkipédia”

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Após esse pequeno resumo do autor e de sua participação no partido Comunista, a gente entende a afirmação do terceiro deus.

É um postulado do ateísmo histórico a afirmação de que deus é uma criação do homem.

” Nada de novo sob o sol..”


…eles estão sendo instrumentalizados em favor da causa abortista

Em 2005: na Câmara dos Deputados

No dia 2 de março de 2005, deficientes em cadeiras de roda foram transportados até o plenário da Câmara Federal, a fim de pressionar os deputados a aprovarem o Projeto de Lei de Biossegurança (PL 2401/2003), especialmente o seu artigo 5º, que iria permitir a morte de embriões humanos para fins de pesquisa e terapia. Quando foi anunciada a aprovação do projeto, os deficientes se comoveram até as lágrimas. A emoção foi tamanha, que parecia que eles já estavam curados ou que a cura estivesse muito próxima. No dia 24 de março, o Presidente Lula sancionaria essa lei (Lei 11.105/2005), tendo o cuidado de vetar vários artigos, mas mantendo intacto o artigo 5º, que, pela primeira vez na história, autorizava a morte de inocentes.

No dia 30 de maio de 2005, o então Procurador Geral da República Cláudio Lemos Fonteles ajuizou a Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3510 (ADI 3510) contra o artigo 5° da Lei de Biossegurança (Lei n.º 11.105/05) alegando que a destruição de embriões humanos contraria a inviolabilidade do direito à vida prevista no artigo 5º, caput, da Constituição Federal.


Em 2008: no Supremo Tribunal Federal

No dia 5 de março de 2008, o Supremo Tribunal Federal iniciou o julgamento. Novamente os deficientes foram transportados para lá a fim de assistirem à sessão. O presidente Lula foi representado pelo advogado geral da União José Antônio Toffoli, que fez sustentação oral defendendo a morte dos embriões

O relator Ministro Carlos Ayres Britto, votou pela improcedência do pedido formulado na ação. Segundo ele, os embriões humanos congelados não são sujeitos de direitos, protegidos pela Constituição Federal. O próximo a votar, Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, pediu vista dos autos. Como conseqüência, a votação foi suspensa. A então presidente do Tribunal Ministra Ellen Gracie, resolveu antecipar seu voto acompanhando o relator, ou seja, manifestando-se pela improcedência do pedido. Placar: 2 X 0 em favor da destruição de embriões humanos.

O pedido de vistas do Ministro Menezes Direito causou inquietação nos supostos defensores da “ciência”. Por que motivo? Eles continuavam livres para fazer suas “pesquisas”, uma vez que o Tribunal não havia proferido nenhuma decisão cautelar em sentido contrário. Por que tanta pressa?

O QUE SE DIZ…

A VERDADE…

As pesquisas com células-tronco já trouxeram a cura de inúmeras doenças, como mostram todos os dias os meios de comunicação social. Todas as curas até hoje foram obtidas exclusivamente com células-tronco adultas (CTA), que se encontram na medula óssea, na polpa dentária, no cordão umbilical, na placenta e até no tecido adiposo. Como elas são retiradas do próprio paciente, não ocorre rejeição. Também não produzem tumores. E – o que é o mais importante – não requerem a destruição de embriões humanos.
As células-tronco extraídas de embriões humanos (CTE) são a grande esperança para a cura de doenças degenerativas. Até hoje as células-tronco embrionárias (CTE) só produziram tumores, rejeição, desperdício de dinheiro e de vidas humanas. Ninguém foi curado através delas.
Não se pode exigir um sucesso imediato das células-tronco embrionárias (CTE), pois elas só foram isoladas por Jamie Thomson em 1998, portanto há dez anos. Em 1998, Thomson isolou células-tronco extraídas de embriões humanos. Mas o estudo de células-tronco embrionárias (CTE) em animais existe desde 1981, quando elas foram isoladas em embriões de camundongo. Até agora, nem sequer em animais se obteve qualquer resultado seguro o bastante para se experimentar qualquer terapia em pessoas. Em 2006, a revista Nature comemorava 25 anos de pesquisa com células-tronco embrionárias[1]. Uma história de fracassos.
Pode ser que, com algum tempo de pesquisa, as células-tronco embrionárias (CTE) venham a ter algum resultado terapêutico positivo. Se isso, por hipótese, acontecesse, os pacientes deveriam tomar imunossupressores a vida inteira, para evitar a rejeição. E, além disso, seria necessária a “produção” de embriões humanos em escala industrial. Seria preciso destruir não milhares, mas milhões de embriões humanos. Um número bem superior ao de embriões atualmente congelados.
Somente as células-tronco embrionárias (CTE) são pluripotentes. As células-tronco adultas (CTA) só conseguem regenerar um número limitado de tecidos. Segundo Dra. Natalia López Moratalla[2], as células adultas “possuem o mesmo potencial de crescimento e diferenciação das células-tronco embrionárias e substituem muito bem as possibilidades biotecnológicas sonhadas para aquelas”. Segundo ela, “existem cerca de 600 protocolos que utilizam células-tronco adultas, e não se apresentou nenhum com células de origem embrionária”.

Dr. David A. Prentice[3] apresenta-nos um placar de 73 a 0. Setenta e três é o número de patologias até agora tratáveis com células-tronco adultas[4]. Zero[5] é o número de doenças que são tratadas, ou pelo menos aliviadas com as células-tronco embrionárias.

Os grandes cientistas do mundo inteiro colocam suas esperanças nas células-tronco embrionárias (CTE). James Thomson (o mesmo que isolou em 1998 as CTE humanas) e Ian Wilmut (o criador da ovelha Dolly) decidiram, por motivos puramente utilitaristas, abandonar as pesquisas que envolvem destruição de embriões humanos para concentrar-se nas células tronco pluripotentes induzidas (CTPI). Trata-se de uma técnica revolucionária que permite produzir células pluripotentes através da reprogramação de células da pele. Os resultados em camundongos têm sido promissores, inclusive para o tratamento do mal de Parkinson.[6]

Dra. Natalia López Moratalla é contundente: “As células-tronco embrionárias fracassaram; a esperança para os enfermos está nas células adultas”.

Os embriões humanos congelados, se não forem utilizados para pesquisas, não terão outro destino senão o lixo. Jogar embriões no lixo é o grande desejo das clínicas de reprodução artificial. Mas eles, se não forem queridos pelos pais, podem perfeitamente ser encaminhados para a adoção.
Adotar um embrião é uma utopia. Isso jamais aconteceria. Isso já acontece. Nos Estados Unidos, há várias organizações que facilitam a adoção de embriões congelados, entre as quais: Embryos Alive, Snowflakes e National Embryo Donation Center. Na Itália, onde a Lei 40, de 19/02/2004, proibiu o congelamento, e o descarte de embriões humanos, o Comitê Nacional de Bioética (CNB) propôs que os embriões congelados já existentes sejam implantados no útero de voluntárias que resolvam tornar-se mães adotivas, com reconhecimento legal da adoção.[7]
Após três anos de congelamento, os embriões tornam-se inviáveis para a implantação no útero. Diz o CNB do governo italiano: “Esse argumento não encontra fundamento da literatura científica, pela qual não existem hoje evidências de perda de vitalidade nos embriões, mesmo depois de muitíssimos anos de crioconservação”.
Há embriões com menos de três anos que são inviáveis. Eles morrerão mesmo se forem implantados no útero. Não há meio de saber se a implantação será ou não bem sucedida, a não ser o “adivinhômetro”. Com toda a sua experiência, Dra. Alice Teixeira[8] afirma: “Desconheço qualquer critério que permita dizer se [o embrião] é viável ou não”.
A liberação de pesquisa com células-tronco embrionárias (CTE) nada tem a ver com a liberação do aborto. A permissão de matar embriões humanos congelados tem tudo a ver com o aborto. A única diferença é que tais embriões estão fora do útero, enquanto as vítimas do aborto encontram-se dentro do organismo materno. Os grandes interessados do artigo 5º da Lei de Biossegurança são os promotores do aborto. De fato, tal artigo, se for declarado constitucional, criará um perigosíssimo precedente para a legalização do aborto no país. Tal decisão será uma tragédia nacional, comparável à decisão Roe versus Wade, com que a Suprema Corte dos EUA liberou o aborto em todo o país, em 1973.

A mentira tem pernas curtas

A pressa dos defensores do artigo 5º da Lei de Biossegurança é justificável. É possível mentir, mas não se pode mentir indefinidamente. Mais cedo ou mais tarde, os pacientes de doenças degenerativas perceberão que estão sendo instrumentalizados para a causa abortista. E quando isso acontecer, será muito mais difícil convencer os Ministros do Supremo a aprovar a matança dos embriões.

No cenário atual, falar de esperança em relação às células-tronco embrionárias (CTE) apresenta-se como fantasia. O que não é fantasioso, mas real, é que a declaração de que o embrião humano não tem direitos — se for feita pela Suprema Corte — será um imenso salto negativo, que abrirá as portas para o aborto, a eutanásia e outras formas de atentado à vida humana. Num futuro próximo os legisladores ou juízes poderão declarar que os paralíticos não são pessoas, que os portadores da síndrome de down não são humanos, que os anciãos que sofrem do mal de Alzheimer não têm direitos. E em nome da “ciência” será autorizada a eliminação desses “subumanos” em proveito dos verdadeiros “humanos”.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz


[1] Disponível em: < http://www.nature.com/nature/focus/stemcells25years/index.html>. Acesso em: 24 mar. 2008.

[2] Catedrática de Biologia Molecular e Presidente da Associação Espanhola de Bioética e Ética Médica. Cf. ÁLVAREZ, Inmaculada. Natalia López Moratalla: Pesquisa com células embrionárias fracassou. Zenit 23-04-2008 Disponível em: <http://www.zenit.org/article-18217?l=portuguese>. Acesso em: 26 abr. 2008.

[3] PhD da Universidade de Kansas, internacionalmente conhecido como perito em pesquisas em células-tronco, membro fundador do “Do No Harm: The Coalition of Americans for Research Ethics”

[4] Essa lista engloba diversos tipos de câncer, doenças auto-imunes, doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas, imunodeficiências, feridas e lesões, anemias e outras doenças do sangue, doenças dos olhos, do fígado, da vesícula e “outros distúrbios metabólicos”.

[5] Disponível em: < http://www.stemcellresearch.org/facts/treatments.htm> Acesso em 28 mar. 2008.

[6] CIENTISTAS dos EUA tratam Parkinson com células-tronco “reprogramadas”. Folha de São Paulo. 07/04/2008 – 18h23. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u389831.shtml> Acesso em: 26 abr. 2008.

[7] COMITATO NAZIONALE PER LA BIOETICA. L ’adozione per la nascita (APN) degli embrioni crioconservati e residuali derivanti da procreazione medicalmente assistita (P.M.A). 18 nov. 2005. Disponível em: <http://www.palazzochigi.it/bioetica/testi/APN.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2008.

[8] Livre-docente de Biofísica da UNIFESP/EPM, há cerca de 20 anos vem desenvolvendo pesquisa em Biologia Celular , tentando esclarecer os complexos mecanismos de sinalização celular.

Veja pequeno trecho da colocação do papa Bento aos Bispos Brasileiros em visita “ad Limina” .

Pedro fala!

” Prezados Irmãos,

Nos decênios sucessivos ao Concílio Vaticano II, alguns interpretaram a abertura ao mundo, não como uma exigência do ardor missionário do Coração de Cristo, mas como uma passagem à secularização, vislumbrando nesta alguns valores de grande densidade cristã como igualdade, liberdade, solidariedade, mostrando-se disponíveis a fazer concessões e descobrir campos de cooperação.

Assistiu-se assim a intervenções de alguns responsáveis eclesiais em debates éticos, correspondendo às expectativas da opinião pública, mas deixou-se de falar de certas verdades fundamentais da fé, como do pecado, da graça, da vida teologal e dos novíssimos.

Insensivelmente caiu-se na auto-secularização de muitas comunidades eclesiais; estas, esperando agradar aos que não vinham, viram partir, defraudados e desiludidos, muitos daqueles que tinham: os nossos contemporâneos, quando vêm ter conosco, querem ver aquilo que não vêem em parte alguma, ou seja, a alegria e a esperança que brotam do fato de estarmos com o Senhor ressuscitado.”

Veja abaixo a íntegra do Discurso:

DISCURSO DO PAPA BENTO XVI
AOS BISPOS DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL
DO BRASIL DOS REGIONAIS OESTE 1 E 2
EM VISITA «AD LIMINA APOSTOLORUM»

Queridos Irmãos no Episcopado

Com sentimentos de íntima alegria e amizade, acolho e saúdo a todos e cada um de vós, amados Pastores dos Regionais Oeste 1 e 2 no âmbito da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Com o vosso grupo, abre-se a longa peregrinação dos membros desta Conferência Episcopal em visita ad limina Apostolorum, que me dará ocasião de conhecer melhor a realidade das respectivas comunidades diocesanas. Serão jornadas de partilha fraterna para refletirmos juntos sobre as questões que vos preocupam. Um momento profundamente esperado desde aqueles inesquecíveis dias de maio de dois mil e sete, em que durante a minha visita ao vosso país pude experimentar todo o carinho do povo brasileiro pelo Sucessor de Pedro e, de modo especial, quando tive a possibilidade de abraçar com o olhar todo episcopado desta grande nação no encontro na catedral da Sé, em São Paulo.

Com efeito, só o coração grande de Deus pode conhecer, guardar e reger a multidão de filhos e filhas que Ele mesmo gerou na vastidão imensa do Brasil. Ao longo dos nossos colóquios destes dias, emergiam alguns desafios e problemas que enfrentais, como o Arcebispo de Campo Grande referia ao início deste nosso encontro. Impressionam as distâncias que vós mesmos, juntamente com vossos sacerdotes e demais agentes missionários, tendes de percorrer para servir e animar pastoralmente os respectivos fiéis, muitos deles a braços com problemas próprios duma urbanização relativamente recente onde o Estado nem sempre consegue ser um instrumento de promoção da justiça e do bem comum. Não vos desanimeis! Lembrai-vos que o anúncio do Evangelho e a adesão aos valores cristãos, como afirmei recentemente na Encíclica Caritas in Veritate «é um elemento útil e mesmo indispensável para a construção duma boa sociedade e dum verdadeiro desenvolvimento humano integral» (n. 4). Obrigado, Senhor Dom Vitório, pelas amáveis palavras e devotados sentimentos que me dirigiu em nome de todos e que me apraz retribuir com votos de paz e prosperidade para o povo brasileiro neste significativo dia da sua Festa Nacional.

Como Sucessor de Pedro e Pastor universal, posso assegurar-vos que o meu coração vive dia a dia as vossas inquietudes e canseiras apostólicas, não cessando de lembrar junto de Deus os desafios que enfrentais no crescimento das vossas comunidades diocesanas. Em nossos dias, e concretamente no Brasil, os trabalhadores na Messe do Senhor continuam a ser poucos para a colheita que é grande (cf. Mt 9, 36-37). Não obstante a carência sentida, é verdadeiramente essencial uma adequada formação daqueles que são chamados a servir o Povo de Deus. Por essa razão, no âmbito do Ano Sacerdotal em curso, permiti que me detenha hoje a refletir convosco, amados Bispos do Oeste brasileiro, sobre a solicitude qualificativa do vosso ministério episcopal que é a geração de novos pastores.

Embora seja Deus o único capaz de semear no coração humano a chamada para o serviço pastoral do seu povo, todos os membros da Igreja deveriam interrogar-se sobre a urgência íntima e o real empenho com que sentem e vivem esta causa. Um dia, quando alguns dos discípulos temporizavam observando que faltavam «ainda quatro meses» para a colheita, Jesus rebateu: «Pois eu vos digo: Levantai os olhos e vede os campos, como estão dourados, prontos para a colheita» (Jo 4, 35). Deus não vê como o homem! A pressa do bom Deus é ditada pelo seu desejo de que «todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tm 2,4). Há tantos que parecem querer consumir a vida toda em um minuto, outros que vagueiam no tédio e na inércia, ou abandonam-se a violências de todo gênero. No fundo, não passam de vidas desesperadas à procura da esperança, como o demonstra uma difusa embora às vezes confusa exigência de espiritualidade, uma renovada busca de pontos de referência para retomar a estrada da vida.

Prezados Irmãos, nos decênios sucessivos ao Concílio Vaticano II, alguns interpretaram a abertura ao mundo, não como uma exigência do ardor missionário do Coração de Cristo, mas como uma passagem à secularização, vislumbrando nesta alguns valores de grande densidade cristã como igualdade, liberdade, solidariedade, mostrando-se disponíveis a fazer concessões e descobrir campos de cooperação. Assistiu-se assim a intervenções de alguns responsáveis eclesiais em debates éticos, correspondendo às expectativas da opinião pública, mas deixou-se de falar de certas verdades fundamentais da fé, como do pecado, da graça, da vida teologal e dos novíssimos. Insensivelmente caiu-se na auto-secularização de muitas comunidades eclesiais; estas, esperando agradar aos que não vinham, viram partir, defraudados e desiludidos, muitos daqueles que tinham: os nossos contemporâneos, quando vêm ter conosco, querem ver aquilo que não vêem em parte alguma, ou seja, a alegria e a esperança que brotam do fato de estarmos com o Senhor ressuscitado.

Atualmente há uma nova geração já nascida neste ambiente eclesial secularizado que, em vez de registrar abertura e consensos, vê na sociedade o fosso das diferenças e contraposições ao Magistério da Igreja, sobretudo em campo ético, alargar-se cada vez mais. Neste deserto de Deus, a nova geração sente uma grande sede de transcendência.

São os jovens desta nova geração que batem hoje à porta do Seminário e que necessitam encontrar formadores que sejam verdadeiros homens de Deus, sacerdotes totalmente dedicados à formação, que testemunhem o dom de si à Igreja, através do celibato e da vida austera, segundo o modelo do Cristo Bom Pastor. Assim esses jovens aprenderão a ser sensíveis ao encontro com o Senhor, na participação diária da Eucaristia, amando o silêncio e a oração, procurando, em primeiro lugar, a glória de Deus e a salvação das almas. Amados Irmãos, como sabeis, é tarefa do Bispo estabelecer os critérios essenciais para a formação dos seminaristas e dos presbíteros na fidelidade às normas universais da Igreja: neste espírito devem ser desenvolvidas as reflexões sobre este tema, objeto da assembléia plenária da vossa Conferência Episcopal, em abril passado.

Certo de poder contar com o vosso zelo no tocante à formação sacerdotal, convido todos Bispos, seus sacerdotes e seminaristas a reproduzirem na vida a caridade de Cristo Sacerdote e Bom Pastor, como fez o Santo Cura d’Ars. E, como ele, tomem por modelo e proteção da própria vocação a Virgem Mãe, que correspondeu de um modo único ao chamado de Deus, concebendo no seu coração e na sua carne o Verbo feito homem para doá-lo à humanidade. Às vossas dioceses, com uma cordial saudação e a certeza da minha oração, levai uma paterna Bênção Apostólica.

A Federação Internacional de Médicos Católicos e a Pontifícia Academia para a vida organizarão o 2º Congresso Internacional sobre Células Tronco Adultas; que se realizará no Principado de Mônaco de 26 a 28 de novembro.

Conforme assinala a nota de imprensa, o congresso atualizará “os conhecimentos científicos do primeiro congresso, que teve lugar em Roma em 2006; e que contou com uma audiência especial por parte do Santo Padre”.

Em Mônaco falaremos do muito que dão de si as células tronco adultas e do cordão umbilical e dos escassos resultados obtidos a partir das células tronco procedentes do embrião humano”, adiciona.

Do mesmo modo, o evento abordará o uso das células tronco “para tratar a isquemia cerebral, os grandes queimados, os enfartes cardíacos agudos, as enfermidades sangüíneas, as enfermidades imunológicas, a esclerose múltipla e outras aplicações clínicas”.

“Também se falará de política dos bancos de células de cordão umbilical e das perspectivas éticas da investigação e as terapias com estas células”, acrescenta.

Mais informação (em inglês): http://www.stemcellsmonaco2009.org ou http://www.fiamc.org/fiamc/stemcells/abstracts.pdf

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Lembre-se:  O que a  Igreja questiona é o uso de células tronco EMBRIONÁRIAS