Imagem da cidade de Cracóvia,Polonia,em Missa campal na morte de João Paulo II.

A Polônia seria uma excessão?

Durante os últimos dez séculos, um fluxo caudaloso de peregrinos manteve agitadas as grandes catedrais da Europa Ocidental. É irônico que no momento em que o cristianismo celebrou seu segundo milênio o coração da civilização cristã esteja passando por um fenômeno bem diferente: a ausência de fiéis nos cultos, sejam católicos ou protestantes. Basta entrar numa catedral para perceber que há mais turistas fascinados pela arquitetura do que com fervor religioso. Enquanto os teólogos debatem as causas da debandada do rebanho cristão, os números comprovam que, se os europeus ainda rezam, o fazem longe da instituição.

Sessenta e sete por cento dos jovens espanhóis jamais vão a uma missa.  A cada ano, diminui em 50.000 a quantidade de ingleses que assistem às missas de domingo. Em vários países faltam padres por causa da queda do número de ordenações.

Entre os protestantes, o cenário é igualmente desolador. Somente 3% da população comparece aos cultos nos países escandinavos. A cúpula da Igreja Reformada Holandesa está transformando parte de seus complexos religiosos em hotel para pagar despesas de manutenção. A Catedral de Canterbury, de importância central na fé anglicana, fica vazia na manhã de domingo, o dia mais movimentado em qualquer templo cristão.

O sínodo de bispos europeus convocado pelo Vaticano para discutir o assunto, há dois anos, observou, com alarme, que são batizados menos da metade dos recém-nascidos nas grandes cidades da Europa. “Os europeus são agora uma das populações menos religiosas do mundo”, diz o reverendo anglicano Timothy Bradshaw, professor de teologia da Universidade de Oxford.

O fenômeno é exclusivo da Europa Ocidental. A religião católica está em expansão na América Latina e na África. As igrejas protestantes e pentecostais estão conquistando multidões não apenas nos países pobres, mas também nos Estados Unidos. “Os rituais na Igreja européia são mais formais que na da América”, observa o teólogo paulista Márcio Fabri. “Isso afasta os fiéis.”

Os europeus que deixam de ir aos cultos cristãos não mudam de religião nem viram ateus, o que explica o fato de o número de pessoas que acreditam em Deus (50% da população européia) ser muito maior que o das que freqüentam uma igreja. Só 4% se declaram completamente ateus. Da mesma forma, a ética cristã ainda orienta a moralidade pessoal da maioria das pessoas. Sessenta por cento dos holandeses deram adeus à igreja, mas continuam reservando uma enorme quantidade de dinheiro para a caridade.

A perda de influência formal da Igreja pode ser percebida, contudo, por mudanças na vida familiar e social que a Santa Sé condena: controle de natalidade, aborto, divórcio e eutanásia. Algumas dessas novidades foram adotadas até nos países do sul da Europa, bem mais religiosos. Já a eutanásia só é aceita na Holanda. O quadro é complexo e não há uma explicação única para a falta de interesse pelas religiões tradicionais. É possível que parte da explicação esteja na tradição racionalista do continente, que deu ao mundo a Revolução Industrial, a física quântica e a genética moderna. A ciência hoje pode explicar coisas sobre as quais no passado só a religião tinha algo a dizer. Há quem cite o consumismo exagerado e a estabilidade do Velho Continente como determinantes. Seria porque a maioria da população tem um padrão de vida elevado e está menos suscetível a questões que atormentam outros continentes, como violência, miséria ou tensões raciais. “Um europeu médio pode passar a vida inteira sem enfrentar uma crise financeira ou emocional aguda”, observa o sociólogo dinamarquês Jorgen Goul Andersen. Assim, tende a ir menos aos cultos, onde outros fazem promessas, e tampouco educa os filhos a fazê-lo.

Durante 1.000 anos, o cristianismo foi um elemento central na identidade européia. A tradição é forte demais para ser dissolvida de uma hora para outra. Impressiona a continuidade das aulas de religião nas escolas da maior parte dos países, com o apoio dos pais. Na Suíça, é comum freiras lecionarem em escolas públicas. O clero anglicano ainda tem cadeiras com direito a voto no Parlamento inglês. Uma parte da justificativa para a educação religiosa – o que na maioria da Europa significa educar para o cristianismo – é a inseparável conexão entre a fé cristã e a cultura européia. “Não se pode entender a arte, a literatura ou a arquitetura ocidental sem conhecer a religião cristã”, diz Jean-François Mayer, professor de religião na Universidade de Fribourg, na Suíça. É interessante que o islamismo, praticado principalmente pelos imigrantes, demonstre vitalidade na Europa. Os muçulmanos somam 3% da população do continente, mas representam 9% dos europeus que efetivamente professam uma religião. Ainda assim, já se vêem sinais de que estão aderindo aos costumes locais. Na Alemanha, na Espanha e na França, entre 30% e 50% dos muçulmanos freqüentam as mesquitas, inseridos em um ambiente menos religioso que em seus países de origem.

Na Inglaterra, apenas 10% da população vai à igreja, e só uma vez por mês

Nos países escandinavos, a freqüência a cultos religiosos católicos ou protestantes é ainda menor: 3% da população

O número de fiéis das igrejas Anglicana e Católica caiu 27% na Inglaterra desde 1980 e apenas 54% dos jovens ingleses de 18 a 24 anos acreditam em Deus

Fonte: Veja

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O continente Europeu,outrora matriz cultural do Cristianismo,hoje é uma pálida imagem do que já foi.

A tendência é que dentro de algumas décadas a Europa deixe de ser um continente cristão para se tornar um continente Muçulmano,motivado pelo crescimento da imigração e pela alta taxa de natalidade dentro da cultura Islâmica,que,diferentemente de nós católicos,tem filhos com generosidade…

Além do Islamismo,é crescente a quantidade de Europeus que se dizem Ateus e “professam” o indiferentismo religioso.

Coloque em suas intenções de oração a “reevangelização da Europa”

Jimmy Carter, Kofi Annan e outros ex-presidentes criticam pesadamente as igrejas cristãs por não ordenarem mulheres

Um grupo de doze ex-líderes mundiais convocados pelo bilionário Richard Branson e Nelson Mandela que se referem a si mesmos como “os Anciões” atacou a Igreja Católica, a Convenção Batista do Sul dos EUA e todas as outras igrejas que se recusam a permitir que mulheres se tornem pastoras, padres ou bispas.

Na campanha dos meios de comunicação em favor dessa iniciativa, o ex-presidente americano Jimmy Carter comenta que ele abandonou os batistas do Sul porque as mulheres são “proibidas de trabalhar como diaconisas, pastoras ou capelãs no serviço militar”.

“Cremos que a justificação de discriminação contra as mulheres e meninas na base da religião ou tradição, como se tivessem sido prescritas por uma Autoridade Mais Elevada, é inaceitável”, diz uma declaração escrita pelos Anciões.

O grupo se descreve como “um grupo independente de eminentes líderes globais” que trabalham juntos para promover a paz e os “interesses comuns da humanidade”, e para lutar contra o sofrimento humano. Além de Mandela e Carter, “os Anciões” incluem o ex-secretário geral da ONU Kofi Annan; a ex-primeira ministra irlandesa e alta comissária de direitos humanos da ONU, Mary Robinson; o arcebispo anglicano Desmond Tutu, que é o presidente do grupo; a ex-primeira ministra da Noruega, Gro Brundtland; e o ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, e outros.

“De forma especial, exortamos os líderes religiosos e tradicionais a darem um exemplo e mudarem todas as práticas discriminatórias dentro de suas próprias religiões e tradições”, diz a nota divulgada.

Carter é o que mais tem tratado desse assunto. Escrevendo numa coluna no jornal inglês Observer, a qual já foi reproduzida em outras publicações, Carter afirma: “Durante os anos da igreja primitiva as mulheres atuavam como diaconisas, padres, bispas, apóstolas, mestras e profetisas. Só foi a partir do quarto século que líderes cristãos dominantes, todos homens, torceram e distorceram as Sagradas Escrituras para perpetuarem suas posições de autoridade dentro da hierarquia religiosa”.

Carter classifica a recusa de ordenar mulheres ao sacerdócio como abuso contra as mulheres, dizendo que a decisão de restringir o ministério aos homens “fornece a base ou justificação para boa parte da geral perseguição e abuso contra as mulheres no mundo inteiro”.

Mas as afirmações de Carter são “ridículas”, diz John Paul Meenan, professor de teologia na Academia Our Lady Seat of Wisdom em Barry’s Bay, Ontário, Canadá. Perguntado acerca da afirmação de Carter de que mulheres eram ordenadas na igreja primitiva, Meenan disse para NPF: “Não há absolutamente nenhuma evidência disso”, acrescentando que não há também evidência de que em algum ponto a Igreja decidiu “não permitir” mulheres no clero, como afirma Carter. “Portanto, Jimmy Carter precisa apresentar evidência de que havia mulheres bispas, padres e diaconisas na igreja primitiva, e posso lhe dizer que isso nunca vai acontecer, pois não há evidência”.

O que vemos nas Escrituras é que Cristo ordenou apenas homens ao sacerdócio, os Apóstolos. E mesmo nos livros escritos depois do Evangelho… principalmente os de São Paulo, mas os outros livros, a evidência esmagadora das Escrituras é que só homens eram sacerdotes. Nunca houve nenhuma evidência de que mulheres eram sacerdotes ou diaconisas, muito menos bispas. Isso é simplesmente ridículo”.

Muitos dos “Anciões” falam contra o que eles consideram discriminação religiosa contra as mulheres em vídeos produzidos para a campanha. O ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso diz em seu vídeo, “a idéia de que Deus está por trás da discriminação é inaceitável”.

Além disso, Mary Robinson descreve o que ela percebe pode ser o efeito da religião e tradição na vida das mulheres. “Elas são submissas”, diz ela. “Para serem aprovadas por Deus elas têm de aceitar o papel delas”.

No entanto, Meenan contesta a noção de que um sacerdócio masculino “discrimina” contra as mulheres. “Não há nada de discriminatório acerca de [Deus escolhendo homens para atuarem como sacerdotes]”, disse ele. De acordo com a Igreja, “O sacerdócio é tipo de uma analogia sobrenatural da distinção homem/mulher. Isso não é discriminatório. É apenas uma distinção natural e sobrenatural, mostrando o que significa ser homem e mulher”.

Meenan explicou que a Igreja vê o sacerdócio como “uma continuação da obra da encarnação de Cristo em Sua humanidade” e “já que Cristo veio como homem continuamos o sacerdócio na linhagem masculina”.

A Igreja Católica tem sido um dos mais firmes e declarados defensores do sacerdócio masculino, mas a Igreja também sustenta que seu ensino de fato promove a dignidade das mulheres, em que a Igreja está passando adiante a tradição religiosa que Cristo entregou.

De acordo com o professor Meenan, o Cristianismo tem de receber o crédito por promover a dignidade das mulheres. “É a Igreja que invariavelmente melhorou a sorte das mulheres nas terras que se convertiam e se tornavam cristãs”, disse ele. “As desordens que se infiltraram (a subjugação das mulheres, etc.) eram apenas isso: desordens, e nunca eram parte do ensino da Igreja”.

O falecido Papa João Paulo II confirmou o ensino da Igreja acerca da ordenação masculina, mas ao fazer isso ele também se tornou defensor do que ele chamava a verdadeira plenitude da dignidade das mulheres. Em sua carta apostólica de 1994 Ordinatio Sacerdotalis acerca do sacerdócio masculino, o Santo Padre João Paulo II declarou que “a Igreja não tem absolutamente nenhuma autoridade para conferir ordenação sacerdotal às mulheres”, porque essa tradição foi dada pelo próprio Cristo.

Ao limitar o sacerdócio aos homens, ele escreveu, Cristo “exerceu a mesma liberdade com a qual, em toda a sua conduta, ele frisou a dignidade e a vocação das mulheres, sem se sujeitar aos costumes da moda e às tradições sancionadas pelas leis da época”.

A presença e o papel das mulheres na vida e missão da Igreja”, escreve ele, “embora não ligados ao sacerdócio ministerial, permanecem absolutamente necessários e insubstituíveis”.

Fonte: Notícias Pró-Família


Tem muito católico que não entende bem o celibato sacerdotal e, às vezes, faz coro com os não católicos que criticam esse maravilhosso dom da Igreja para o mundo.

O artigo abaixo,bem fundamentado,dará uma maior consistência para nossa compreensão deste dom Divino e poderá ajudar aqueles que criticam sem saber de fato do que se trata.

Se conhecessem bem,defenderiam.

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Gercione Lima

Vamos explicar a doutrina sobre o celibato, doutrina essa que não depende do que “acham”, ou do que “dizem”, ou do que “querem”, mas que promana da Escritura e da Tradição multissecular da Igreja.

ANTIGO TESTAMENTO

Orígenes, comentando as diversas ordens de ornamentos sacerdotais judaicos (Êxodo. 39 e Lev. 8), nota que os sacerdotes da Antiga Lei só eram obrigados a guardar continência durante o tempo em que estavam de serviço no Templo.

São Sirício, Papa (ano 385) referindo-se a alguns padres que se casaram, baseando-se no proceder do sacerdote judeu que se casava, diz: “Diga-me agora, seja quem for que siga a libertinagem, porque avisava o Senhor aos que entregou a Arca da Aliança, dizendo: “Sede santos porque eu, o vosso Senhor e Deus, sou santo”. Por que queria vê-los afastados de suas casas no ano de seu turno de sacrifícios, senão para que não exercessem comércio carnal com suas mulheres?… Nós somos obrigados à castidade desde o dia de nossa ordenação, para sermos agradáveis a Deus nos sacrifícios cotidianos…”

Ora, se Deus mandava, no sacerdócio figurativo, que era o do Antigo Testamento, que o sacerdote guardasse continência enquanto estivesse de serviço no Templo, o Sacerdote do real Sacerdócio de Cristo deve guardá-lo sempre, porque este está sempre, todos os dias, de serviço, exercendo o seu divino ministério no Templo do Senhor, e em verdadeira, real, direta e imediata comunicação com Ele.

NOVO TESTAMENTO

Mas, na verdade, quem instituiu o celibato foi mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo. Se a lei do celibato eclesiástico, que encontramos em todo o mundo cristão durante o Império Romano no século IV, não se explica de nenhum modo senão pelo exemplo dos Apóstolos, a continência perfeita dos Apóstolos não se explica, por sua vez, sem os exemplos, em primeiro lugar do Precursor, São João Batista, do qual alguns Apóstolos haviam sido discípulos, e principalmente sem o exemplo e as palavras do próprio Jesus, exortando os seus discípulos ao celibato e a tudo deixar, mesmo suas esposas, pelo amor do Reino dos Céus.

Com efeito, Jesus Cristo deu o grande conselho evangélico da castidade perfeita, proclamando a virgindade por amor do Reino do Céu como estado de perfeição. Mas Ele avisou: “Nem todos são capazes desta resolução, mas somente aqueles a quem isto foi dado”. Que resolução? Ficar virgens “por amor do Reino dos Céus” (S. Mateus 19, 11-13)

São Paulo levou vida celibatária e recomendou-a, como Nosso Senhor: “Eu quero que sejais como eu mesmo… Digo também aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom permanecerem assim, como também eu…”(I Cor. 7, 7-8). A virgindade acrescenta ele, é preferível ao matrimônio por ser o estado mais alto. O cristão está assim mais disposto para servir a Deus, para ser santo “no corpo e no espírito”. “O que está sem mulher está cuidadoso das coisas que são do Senhor, de como há de agradar a Deus. Mas o que está com mulher está cuidadoso das coisas que são do mundo, de como há de dar gosto à sua mulher, e anda dividido”(I Cor. 7, 32-33).

É evidente que isso não é para todos, mas, como disse Nosso Senhor, para aqueles a quem foi dado compreender.

NA TRADIÇÃO

Assim alicerçado e exaltado nas Sagradas Escrituras, o celibato voluntário começou a ser fielmente praticado por toda a parte na medida em que o Cristianismo ia se difundindo, conforme o testemunho dos Santos Padres e Escritores Eclesiásticos dos primeiros séculos.

Embora ainda não houvesse leis canônicas escritas, segundo tudo o que já foi visto, é dedução lógica concluir que os Apóstolos estabeleceram que não se recrutassem membros do clero superior (sacerdócio) senão dentre “os que puderem compreender” (qui potuerunt capere).

Dado que se trata de uma obrigação de tal modo contrária às paixões humanas, não era mister que essa disciplina, essa lei não escrita, proviesse dos próprios Apóstolos? Quem teria autoridade suficiente para impô-la? Mesmo a simples vontade de impô-la teria fracassado.

Na verdade, quem seria levado a acreditar que, se os próprios Apóstolos tivessem dado o exemplo do casamento e o tivessem aconselhado aos primeiros bispos, presbíteros e diáconos da Igreja, se haveria ao menos cogitado no celibato ou na perfeita continência como uma exigência, como uma obrigação, como uma lei reconhecida por todos, no século IV?

Assim, o Concílio de Cartago, no ano 390, a propósito do celibato ou continência perfeita dos bispos, sacerdotes e diáconos e de “todos os que servem os Santos Mistérios” diz, pela boca de Genésio, Bispo de Cartago, presidente do Concílio: “Ut quod apostoli docuerunt et ipsa observavit antiquitas, nos quoque custodiamus – a fim de que nós também guardemos o que os Apóstolos ensinaram e o que a própria antiguidade observou” (Mansi T. 3, col. 692).

E, antes ainda, o primeiro Concílio cujos cânones nos foram conservados, o Concílio de Elvira, entre 300 e 305, nos revela a lei do celibato existente para os bispos, sacerdotes e os diáconos. Diz assim o cânon 33 do Concílio de Elvira: “Determinou-se unanimemente estabelecer a proibição de que os bispos, os sacerdotes e os diáconos, isto é, todos os clérigos constituídos no ministério, se abstenham de esposas, e não gerem filhos: e, aquele, quem for que seja, que o tenha feito seja declarado decaído da honra da clericatura” (Mansi, T. 3, col 11).

Os cânones deste concílio são de extrema severidade. Diz, por exemplo o cânon 19: “Os bispos, sacerdotes e diáconos constituídos no ministério, se for descoberto serem adúlteros, tanto por causa do escândalo como do crime de profanação, não devem ser recebidos na comunhão (perdoados da excomunhão), mesmo no fim de sua vida“.

O primeiro Papa do qual algumas cartas decretais nos foram conservadas, São Sirício (384-399), nos revela igualmente essa lei existente, não escrita, do celibato. Falando a respeito do celibato assim se exprime: “Não que sejam novos os preceitos impostos, mas desejamos que sejam observados os que foram desleixados em razão da covardia e do abandono de alguns preceitos que, entretanto, foram estabelecidos pela ordenação dos Apóstolos e dos Padres“. (P. L.- T. 13, col.1155).

O Concílio Ecumênico de Nicéia (325), no seu cânon 3, reza: “O Santo Sínodo declara que não permite de maneira alguma nem ao bispo, nem aos sacerdote, nem ao diácono, nem absolutamente a qualquer membro do clero ter em sua casa uma mulher que lhe seja estranha, mas somente a mãe, ou uma irmã, ou uma tia. Porque em relação a essas pessoas e outras semelhantes não há nenhuma suspeita. Aquele que age diferentemente arrisca perder sua clericatura.” São Jerônimo resume tudo o que foi dito, escrevendo “ad Pammachium”, no ano 392: “Cristo é virgem, virgem é Maria; mostraram a cada um dos sexos a preeminência da virgindade. Os Apóstolos são ou virgens, ou após o casamento, continentes. Escolhem-se para bispos, sacerdotes e diáconos, quer virgens, quer viúvos, ou pessoas que em todo caso, depois do sacerdócio, observam para sempre a continência“.

E Santo Agostinho comentando o Concílio de Elvira, arremata: “O que a Igreja Universal mantém e não foi instituído por Concílios, mas o que sempre se observou, crê-se ter sido transmitido, sem nenhum perigo de erro, pela autoridade apostólica.”

Fica, portanto, destruída a falsa tese, constantemente repetida, de que a Igreja teria inventado o celibato eclesiástico no século IV, no Concílio de Elvira. De modo algum! Ele teve origem nos Apóstolos que o receberam de Nosso Senhor Jesus Cristo.

TRADIÇÃO PERENE, APESAR DAS FRAQUEZAS…

No século VIII e principalmente nos séculos X e XI, houve uma grande decadência do clero com relação ao celibato. Escândalos e concubinato por toda a parte, e boa parte disso favorecido pelo caso das investiduras, já que o poder secular tinha em suas mãos quase todas as nomeações de bispos e curas. Os benefícios eram oferecidos a quem mais oferecesse. A reação veio com São Gregório VII, que foi Papa entre 1073 e 1085. Ele fez tudo para restabelecer a disciplina do celibato eclesiástico. Tratou como nulos os casamentos dos clérigos maiores e os tratou com rigor. O Papa Calixto II, no Concílio de Latrão, 1123, declarou como oficialmente nulos tais casamentos.

O Concílio de Trento reforçou a nulidade destes casamentos e criou os seminários, escolas de meninos para serem uma perpétua “sementeira”(seminário) de ministros para o serviço de Deus. O Código de Direito Canônico de 1917 estabelece: “Os clérigos constituídos nas ordens maiores não podem se casar validamente (c. 1972)”. “Os clérigos constituídos nas ordens maiores não podem casar-se e são obrigados a guardar a castidade a tal ponto que aqueles que pequem em relação a isso são também culpados de sacrilégio”. “Os clérigos menores podem casar-se, mas decaem de pleno direito do estado clerical”.

OBJEÇÕES E RESPOSTAS

  1. Não diz São Paulo que os Bispos e Diáconos devem ser casados: homens de uma só esposa (I Tim. 3,2 e 12; Tit. 1,6)?

R. As aludidas palavras de São Paulo não querem dizer que os bispos e diáconos “devam” ser casados, pois ele é o primeiro que não o era; querem sim, dizer que não devem ser sagrados bispos nem ordenados diáconos que tiverem casado duas vezes. “Homens de uma só esposa”: São Paulo repete três vezes esta mesma expressão estereotipada. Ele a usa “mutatis mutandis”, quando fala das viúvas escolhidas para o serviço das Igrejas: “mulher de um só marido”(I Tim.5,9)! Trata-se evidentemente de viúvos que não foram casados senão uma só vez, “que tenham sido homens de uma só mulher”, e agora continentes. O que reforça essa explicação é que São Paulo fala cada vez mais dos filhos deles e nunca de suas mulheres, como não fala das mulheres de Tito e de Timóteo, seus discípulos, que eram bispos.

Além do mais, na Epístola a Tito, 1, 8, São Paulo exige que o bispo seja “continens” (em grego, “encratés”), usando o mesmo vocábulo que emprega quando fala dos celibatários e das viúvas em I Coríntios 7,9.

Trata-se portanto de um viúvo de uma só mulher, vivendo, após a ordenação, em continência perfeita. Se na I Coríntios, cap. 7, São Paulo queria que todos os cristãos fossem continentes como ele próprio, a exigência da continência perfeita para os chefes da Cristandade, bispos, sacerdotes e diáconos, vem a ser algo perfeitamente normal.

  1. Mas São Pedro não era casado? (Mat. 8,14)

R. O Evangelho não o diz. Diz só que ele tinha sogra, portanto que poderia estar casado.

São Jerônimo, em seu Tratado contra Joviniano (c. 8,26), julga, pelo contexto de São Mateus (8,15) que a mulher de São Pedro já era falecida quando Jesus lhe curou a sogra; do contrário o Evangelho teria feito menção a ela. No entanto, ele diz apenas que foi a sogra que serviu Jesus e os Apóstolos à mesa.

Além disso, foi São Pedro quem disse a Jesus: “Eis que abandonamos tudo e vos seguimos…”Ao que Jesus respondeu: “Todo aquele que deixar a casa… ou a mulher… ou os campos por causa de meu nome, receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna”(Mateus 19, 27-29).

Quanto aos outros Apóstolos, além de a eles se aplicarem estas palavras acima, Nosso Senhor lhes deu a todos o conselho evangélico da continência perfeita (Mat. 19,12) e o Evangelho jamais menciona “suas mulheres”.

  1. Considerando a fraqueza humana, o celibato não seria impossível?

R. O Concílio de Trento responde que Deus não recusa este dom da castidade àqueles que o pedirem, como também não permite que sejamos tentados acima de nossas forças.

Além do mais, a celebração cotidiana do Sacrifício da Santa Missa e a recitação diária do Ofício Divino, a freqüente meditação das verdades eternas, as consolações do apostolado, o contínuo contacto com os enfermos e moribundos… tudo isso auxilia amplamente o sacerdote na fidelidade aos seus votos. Cabe ainda ressaltar que ele não foi escolhido de súbito para o Sagrado Ministério. Só depois de longos anos de seminário, observado pelos superiores, só depois de superada a idade das paixões, ele sentiu-se maduro, com forças e vontade para as dominar no futuro como já as dominara até o presente. Quem não sabe o que quer e o que suporta aos 24 anos, não o saberá nunca e aquele que põe a mão no arado e olha pra trás não é apto para o Reino de Deus. (Lucas 9,62)

RAZÃO DO CELIBATO

Vejamos o que nos diz o Papa Pio XII em sua Encíclica “Menti Nostrae”: “É precisamente porque ele deve ser livre de todas as preocupações profanas e consagrar-se totalmente ao serviço de Deus, que a Igreja estabeleceu a lei do celibato, a fim de que seja sempre mais manifesto a todos que o Sacerdote é ministro de Deus e pai das almas“.

Por esta obrigação do celibato, muito longe de perder inteiramente o privilégio da paternidade, o sacerdote o aumenta ao infinito, porque, embora não suscite posteridade nesta vida terrestre e passageira, engendra uma outra para a vida celeste e eterna“.

Outrossim, neste fim de século XX, neste mundo degradado e imoral, no qual a sensualidade e a devassidão dominam tudo, é mais do que oportuno mostrar o heroísmo do celibato eclesiástico em toda a sua pureza, para servir de barreira e como exemplo, ao invés de tentar atenuá-lo e ofuscar-lhe o brilho.

SENTIDO REAL DO CELIBATO SACERDOTAL

(Segundo Pe. Gregoire Celier, publicado na FIDELITER, março 1985)

“Sacerdos alter Christus”(O sacerdote é um outro Cristo). Tal é o princípio fundamental que esclarece e explica o Sacerdócio Católico. O Sacerdócio de Cristo é único e definitivo, e o sacerdócio dos homens, o sacerdócio ministerial (etimologicamente, sacerdócio dos servidores) é uma participação real no sacerdócio soberano. Portanto, o próprio Cristo é o modelo, ao qual todo padre deve se conformar intimamente, para que seu sacerdócio participado detenha toda a sua verdade.

Ora, é digno de nota que Jesus Cristo, num mundo em que o celibato era quase desconhecido, senão maldito, durante toda a sua vida permaneceu no estado de virgindade.

Esta virgindade significa nEle a consagração total e sem reservas a seu Pai: todas as suas energias, todos os seus pensamentos, todas as suas ações pertenciam a Deus. É por esta consagração total, (que em Jesus chegou até à união hipostática, em que a natureza humana não se pertence mais a si mesma, mas pertence diretamente à pessoa do Verbo,) que Cristo foi constituído Mediador entre o Céu e a Terra, entre Deus e os homens, ou seja: sacerdote. Assim a virgindade significa e realiza a consagração, essência deste sacerdócio de Cristo: em outras palavras, a virgindade de Jesus decorre do seu Sacerdócio e lhe está intimamente ligada. O padre (homem), participante do sacerdócio de Cristo, participa portanto igualmente da sua consagração total a Deus e, em conseqüência, da sua virgindade. O celibato consagrado do padre é, portanto, uma união íntima e cheia de amor com a virgindade de Jesus, sinal de sua total consagração ao Pai. Tal é a primeira e mais fundamental razão do celibato dos padres.

Se Jesus permaneceu virgem como expressão de sua consagração ao Pai, Ele o fez igualmente enquanto se ofereceu sobre a cruz por sua Igreja, a fim de torná-la uma Esposa gloriosa, santa e imaculada (Ef.5,25-27). A virgindade consagrada do sacerdote humano manifesta, pois, e prolonga da mesma maneira o amor virginal de Cristo pela Igreja e a fecundidade sobrenatural deste amor.

Esta disponibilidade de amar a Igreja e as almas se manifesta pela vida de oração do padre, pela celebração dos sacramentos e particularmente do Santo Sacrifício da Missa, pela caridade para com todos, pela pregação contínua do Evangelho, uma imagem da vida de Jesus. Cada dia, o padre, unido a Cristo Redentor, gera as almas para a fé e para a graça, e torna presente no meio dos homens o amor de Cristo por sua Igreja, significado pela virgindade. Se examinarmos não só a missão de Cristo na terra, mas a plena realização desta missão no Céu, descobriremos uma terceira causa de Sua virgindade e, conseqüentemente da do padre. De fato, a Igreja da terra é o germe da Igreja do Céu e ao mesmo tempo o sinal desta vida bem-aventurada. O que será a beatitude celeste é já visível, mas velado e como que em enigma, na vida terrestre da Igreja. Ora, como disse Nosso Senhor, “na ressurreição, não se tomará nem mulher e nem marido, mas todos serão como anjos de Deus”(Mat. 22,30). A virgindade será, portanto, o estado definitivo da humanidade bem-aventurada. Convém que, desde esta terra, o sinal dessa virgindade brilhe no meio das tribulações e das solicitações da carne. O celibato consagrado do sacerdote é, assim, a imagem daquele de Cristo, uma antecipação da glória celeste, uma prefiguração da vida dos eleitos e um convite aos fiéis para caminharem para a vida eterna sem se deixarem sobrecarregar pelo peso do dia.

CONCLUSÃO

A Igreja é casta, ela produz a castidade, e não há bons costumes sem a castidade. É a castidade que faz as famílias, as raças reais, o gênio dos povos fortes e duradouros. Onde não existe essa virtude, não há senão lama num túmulo. Se há aqui homens que não sejam meus irmãos na fé, eu queria apenas apelar para suas consciências e lhes perguntaria: Vós sois castos? Como teríeis a Fé se não sois castos? A castidade é a irmã mais velha da verdade; sede castos um ano e eu respondo por vós diante de Deus. É porque possuímos esta virtude que somos fortes. E bem sabem o que fazem aqueles que atacam o celibato eclesiástico, esta auréola do sacerdócio cristão. As seitas heréticas aboliram-no entre elas; esse é o termômetro da heresia: a cada degrau do erro corresponde um degrau, senão de desprezo, ao menos de diminuição desta virtude celeste“.

(P. Lacordaire. conf. de Notre Dame, T. 1, conf. 2)

Comunicado de repulsa do Bispo Frei Fabio Duque,de Armênia.

Por ocasião do atentado contra a Eucaristia que aconteceu em 17 de agosto passado, na paróquia de Nossa Senhora da Anunciação de Armenia, Quindío, Colômbia, o bispo da diocese fez público um comunicado no qual indica que os autores incorreram em excomunhão.

O bispo de Armênia, Dom Fabio Duque Jaramillo O.F.M., relata os fatos em um comunicado de 20 de agosto, enviado a ZENIT.

“Em 17 de agosto passado – assinala o comunicado – aconteceu uma brutal agressão contra a Paróquia de Nossa Senhora da Anunciação em Armênia. Um desconhecido se introduziu no templo durante a noite, forçou a porta do Sacrário e o jogou no chão, com o cálice e as hóstias consagradas”.

“Não se tratou de um roubo motivado pelo valor econômico dos vasos sagrados – aponta o bispo de Armenia –, pois o assaltante não levou nenhum objeto de valor da paróquia. O assalto teve como fim unicamente ferir os sentimentos dos fiéis atacando o mistério central da fé cristã, a Eucaristia, presença de Deus entre nós e prolongação do mistério da redenção do homem”.

O fato foi posto em conhecimento das autoridades e da Polícia e “esperamos que o autor do crime possa ser capturado logo”, afirma o bispo.

Convida também as autoridades, os representantes e cargos eleitos, aos meios de comunicação, as associações cívicas e toda a sociedade do Quindío “a expressar, sem rodeios, sua repulsa por estes fatos que constituem uma violação gravíssima dos direitos dos cidadãos, uma ofensa às crenças e princípios dos fiéis católicos, crenças arraigadas profundamente na cultura de nosso povo”.

Desta forma convida as autoridades e os representantes da sociedade civil “a não desvalorizar estas agressões contra os sentimentos e a fé dos católicos, pois quando um povo pisoteia os direitos mais sagrados das pessoas, o direito a expressar livremente sua fé e suas convicções mais íntimas, toda a sociedade se encontra em perigo. Quando os direitos de Deus são pisoteados impunemente, os direitos do homem correm perigo”.

Por isso, convida também todos os cidadãos de Armenia e Quindío “a expressar sua solidariedade com a comunidade da Paróquia da Anunciação associando-se às manifestações cívicas e religiosas de repulsa que se convocarão, a denunciar estes fatos ante as autoridades e a unir-se aos atos de reparação e desagravo que serão convocados na Paróquia em 30 de agosto, às 18 horas.

O prelado recorda que, segundo a legislação eclesiástica (Código de Direito Canônico, cânon 1367), “o autor desta profanação, pelo mero fato de ter realizado esta ação está excomungado, buscando com isto não tanto castigá-lo mas seu arrependimento. É uma ocasião para que o delinquente considere a gravidade de sua falta. Esta excomunhão só poderá ser suspensa pelo Santo Padre”.

Fonte : Zenit

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Parece ser um caso isolado, mas que causa perplexidade porque tem características de perseguição satânica ou de fundamentalismo religioso.

É um caso isolado mas não inédito,posto que aqui mesmo no Brasil já aconteceu algumas vezes profanações como essa.

Lamentável..

O Conselho Nacional de Leigos (CNL) da Venezuela rechaçou a polêmica lei de educação, aprovada no sábado passada pela Assembléia legislativa no período de férias escolar, não só pelo “modo ilegítimo e ilegal como nos impôs esta lei” mas sim porque atenta contra uma série de direitos dos venezuelanos estabelecidos na Constituição.

Em um texto titulado “Por uma educação livre e de qualidade para todos os venezuelanos”, o CNL assinala que esta maneira de proceder da Assembléia “não pode isolar-se de outros, que mostram uma postura que antepõe o Estado à Sociedade, identifica o interesse e as atribuições do Estado com a opinião de quem o dirige em um momento dado, e menospreza, relega e até substitui aos cidadãos e suas famílias a quem o Estado deve servir”.

“Rechaçamos, por isso, o modo ilegítimo e ilegal como nos impôs esta lei: com pressa, escassez de reflexão, desprezo das válidas contribuições do anterior projeto, sem reparar nos enormes danos que pode conduzir à sociedade venezuelana”, indicam.

Deste modo e detrás recordar que a educação é um direito humano, no que está incluído o direito à educação religiosa -não contemplado nesta lei os leigos venezuelanos precisam que a lei passada “tem uma clara orientação coletivista que dissolve a pessoa em uma entidade social a qual a subordina, em vez de servir-lhe como âmbito para sua realização”.

“Ademais, embora a Venezuela se defina constitucionalmente como uma sociedade democrática, esta lei cultiva um estatismo antidemocrático. E ainda mais, confunde a ideologia dos governantes com os valores sociais; expropria à sociedade seu direito e dever educar, lesa a qualidade da escola pública, debilita a educação privada e atenta especialmente contra a educação popular de qualidade, ao haver-se eliminado o artigo do projeto aprovado em primeira discussão, que explicitamente permitia convênios de financiamento”.

O CNL explica que esta lei antidemocrática “atenta igualmente, limitando-a, contra a autonomia universitária, e é profundamente reacionária em matéria da dignificação da profissão docente, ao tempo que desconhece o direito que têm as famílias a que seus filhos recebam, como bem público, a educação religiosa da crença que professem, no ambiente de liberdade e tolerância que sempre distinguiu a nossa pátria, e acorde com a laicidade do Estado”.

“Por tudo isso, rechaçamos esta lei, que não promove integralmente à pessoa em sua dignidade e liberdade, que não se adapta à realidade plural do mundo de hoje, que desrespeita nossa Constituição, e que não responde à Educação que a Venezuela necessita”, prosseguem.

Por estas razões, exortam a “toda a sociedade venezuelana para: difundir a Lei usando todos os meios a nosso alcance; organizar atividades de estudo e reflexão para conhecer seu espírito, fins e efeitos; convocar Assembléias e pôr em marcha recursos legais pertinentes, atentos a que as próximas regulamentações pendentes não acentuem os defeitos da Lei, apontando assim, em médio prazo, à derrogação da mesma”.

Finalmente animam a renovar “cada dia nossa esperança e nossa fé no triunfo do Bem. Ressoe em nós a voz de João Paulo II: Não tenham medo. Não podemos ceder na luta pela defesa da dignidade de cada venezuelano e dos valores da democracia, nem deixar de sonhar com uma Venezuela livre e fraterna”.

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Oremos pela Venezuela!

O mais alto Tribunal Administrativo da Itália decidiu que os crucifixos permanecerão nas escolas do país porque são “um símbolo idôneo para expressar o elevado fundamento dos valores civis”, precisamente “os valores que delineiam a laicidade no ordenamento do Estado”.

Deste modo, o Conselho de Estado respondeu a um recurso interposto por uma cidadã finlandesa que tinha reclamado que se retirasse os crucifixos das salas-de-aula do colégio de Pádua, freqüentado por seus filhos.

O crucifixo é um “símbolo idôneo para expressar o elevado fundamento dos valores civis (tolerância, respeito recíproco, valorização das pessoas, afirmação de seus direitos), que têm uma origem religiosa, mas que são valores que delineiam a laicidade do Estado”, assinala o Conselho confirmando a sentença do Tribunal Administrativo Regional de Vêneto.

Segundo o Conselho, “o crucifixo desempenhará, inclusive em um panorama laico, uma função simbólica altamente educativa, à margem da religião professada pelos alunos” e contribui com valores que “impregnaram as tradições, modo de viver e a cultura do povo italiano e que se encontram na Constituição”, sentencia o Conselho de Estado.

Ao ditar essa setença, o Conselho indica que o laicismo “não se realiza em termos constantes e uniformes nos diferentes países, mas sim é relativo à organização institucional específica de cada Estado”.

Em sua sentença os membros do Conselho dizem que é “evidente” que o crucifixo pode ter diversos significados segundo o lugar em que esteja exposto, e reconhece que em um lugar como o colégio, “destinado à educação dos jovens, o crucifixo pode ter para os que crêem um valor religioso”.

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Ponto para o bom senso. Não existe perseguição dos católicos contra nenhuma religião.

O que existe é exatamente o contrário.

A  liberdade religiosa é uma “bandeira” do Catolicismo oficialmente defendida e estimulada.

Enquanto isso no Brasil..

O Belmont Abbey College, um colégio católico na Carolina do Norte, nos Estados Unidos foi acusado de discriminação por um organismo federal (a Equal Employment Opportunity Commission -EEOC) porque a escola não inclui cobertura a métodos anticoncepcionais em seus planos de saúde para as pessoas que trabalham em suas dependencias.

Em dezembro de 2007 os responsáveis do Abbey College de Belmont, retiraram o aborto da cobertura sanitária, a anticoncepção e a esterilização.

A direção do Colégio respondeu que de forma alguma era sua intenção discriminar as mulheres que trabalham em sua instituição, antes pelo contrario, ser fiéis aos ensinamentos da Igreja Católica a que pertencem.

Neste sentido, o seu presidente Willian Thierfelder, afirmou que “em se tratando de uma instituição católica romana, o Belmont Abbey College não pode oferecer ou subsidiar serviços médicos que contradigam o evidente ensinamento da Igreja Católica” e acrecentou que “não havia possibilidade de fazer outra coisa se pretendíamos operar em consonância com a nossa missão e nossa identidade como colégio católico”

A acusação da EEOC chegou depois de março último, quando foi anunciado o arquivo da causa contra esta instituição católica, decisão esta que a agencia federal mudou ao enviar uma carta no dia 5 de agosto, na qual asegura que a atitude daquela instituição só afeta as mulheres.

“Ao recusar a prescrição de métodos contraceptivos, o colégio está levando a cabo uma discriminação por razões de gênero porque só as mulheres é que tomam pílulas anticoncepcionais” escreveu Reuben Daniels R., responsável pela EEOC, no distrito de Charlotte.

Diante do conteúdo da carta, o presidente Thierfelder respondeu que estão “muito desiludidos ao ver que o assunto deu uma inesperada reviravolta, porém permaneceremos comprometidos a que todas as políticas e as ações de nosso colégio sigam os ensinamentos da Igreja Católica, o qual inclue valorizar igualmente todas as vidas, tratar todos os individuos com dignidade e respeito e promover a igualdade de oportunidade de trabalho a todos”.

Reação da Sociedade Cardeal Newman

Por sua parte, a Sociedade Cardeal Newman (CNS), que recentemente incluíra o Belmont Abbey College na lista dos dez colégios católicos mais fiéis ao magisterio da Igreja , emitiu um comunicado no qual ele se asegura que “é irónico que a agencia federal responsável da proteção contra a discriminação tenha praticado uma tão flagrante violação à liberdade religiosa”.

A CNS informou do sucedido à Conferência Episcopal dos Estados Unidos , advertindo-a do perigoso antecedente que poderá forçar às instituições católicas a garantir a seus empregados a cobertura de métodos anticoncepcionais em seus seguros médicos.

Nenhum colégio ou instituição católica pode ser obrigada pelo governo para que viole aso claros ensinamentos morais da Igreja Católica” assegurou Patrick J. Reilly, presidente da CNS, que acrescentou que ” o crescimento da insensibilidade a respeito das crenças religiosas deveria preocupar tanto aos empregadores como aos empregados. Fazemos um apelo a todos os líderes religiosos que saiam em defesa do Belmont Abbey College”.

Veja noticia no original, em Espanhol,no link abaixo

http://www.infocatolica.com/?t=noticia&cod=3994

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” A Igreja não pode mudar com os tempos […]. Sua missão é salvar toda a luz e toda a liberdade que podem salvar-se, opor-se ao arrastre descendente do mundo e esperar dias melhores […]. Não necessitamos de uma Igreja que se mova com os tempos. Necessitamos de uma Igreja que mova ao mundo. Necessitamos de uma Igreja que o aparte de muitas das coisas para as quais agora se inclina […]. Para qualquer Igreja será esta a prova histórica de se é ou não a verdadeira Igreja.”

(G. K. Chesterton, The New Witness).

Atenção! Isso aconteceu no pais que diz ser o “pais da liberdade”

Será que se aproxima a profecia de Jesus que disse que  ” Quando o filho do Homem retornar,acaso encontrará fé sobre a terra? ( Lc 18,8)

Beata Ana Maria Taigi

São Vicente de Paula

Santa Bernadete

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Uma explicação ” Técnica”

Corpo Incorrupto é o corpo humano que possui a propriedade, considerada  Milagrosa de não se decompor após a morte, sem que tenham sido utilizados métodos de embalsamento ou ocorrido processos naturais de mumificação, não havendo explicação científica para esse ocorrido.

Alguns desses corpos permanecem conservados mesmo após transcorrido um período de 1.500 anos desde a data do óbito.

O fenômeno da incorruptibilidade pode ocorrer com todo o corpo ou com apenas parte dele. Uma outra característica importante é a de que os corpos incorruptos emanam também um odor agradável.

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Corpos humanos preservados ou “múmias” vieram sendo descobertos através dos séculos, alguns ate’ mesmo antes do tempo dos Faraós, aonde a arte de embalsar se originou. Muitos desses corpos preservados, sobreviveram a descomposição por ate’ 3.000 anos. De todos esses corpos preservados descobertos através dos séculos, todos se encaixam em uma dessas categorias:

1. Preservados acidentalmente – Esses tipos de corpos preservados são preservados devido a ações acidentais. Ex: Corpo enterrado em solo seco, em areia quente ou larva,etc. .  Esses corpos quando encontrados se encontravam ti descoloridos, enrugados, distorcidos, tendo aparência esquelética, e sem elasticidade dos membros. Alem disso, com odor característico; sem dizer que, após descobertos entraram em rápida descomposição.

2. Preservados deliberadamente – Preservados deliberadamente são os corpos daqueles que foram embalsamados ou então tratados antes de seus funerais com a intenção de tentar prevenir a descomposição.

3. Incorruptos – Esses tipos de corpos preservados começaram a ser descobertos nos primeiros séculos depois de Cristo, surpreendentemente, eles não se encaixam em nenhuma das outras duas categorias citadas acima.

Algumas carecterísticas comuns dos corpos incorruptos:

* Os incorruptos são tipicamente encontrados com a aparencia viva; umidos, flexiveis e contendo essência doce e suave que muitos comparam ao cheiro das rosas ou outras flores e isso após anos e anos após a morte dos mesmos.

* Os incorruptos permanecem livre de decomposição, alguns por séculos.

* Os incorruptos muitas vezes contem óleos fluentes limpos, perspiração e sangue corrente por anos após a morte.

* Outros incorruptos parciais foram encontrados através dos séculos, aonde certas partes do corpo se decompõe normalmente, enquanto que outras partes como o coração ou língua permanecem perfeitamente livre de decomposição.

Somente na Igreja Católica existe este fenômeno inexplicável pela ciência

Muitos milagres inexplicáveis acorreram no decorrer da historia quando pessoas vieram a entrar em contato com esses corpos incorruptos

Veja o exemplo de Santa Bernadette que Morreu em 1879 in Nerves, na Franca. Seu corpo foi exumado 30 anos mais tarde, em 1909 e foi descoberto completamente incorrupto e livre de de qualquer odor.

Seu corpo foi novamente exumado uma segunda vez 10 anos mais tarde em 1919 e se encontrava ainda incorrupto.

O corpo de Santa Bernadete continua exposto, ainda hoje, na Capela de Santa Bernadette em Nevers, França.

O Arcebispo de Caracas, Cardeal Jorge Urosa Savino, defendeu o direito dos pais a pedir que nas escolas se ofereça o curso de religião, e advertiu que existe no Estado uma tendência de monopolizar a educação venezuelana, sejam escolas públicas ou privadas.

“Existe uma tendência, eu não digo que esteja aí na Lei, mas há uma tendência em muitos destes representantes de Educação do atual Governo que o Estado monopolize as escolas, que monopolize a educação e não se menciona a liberdade e o direito que têm as pessoas às associações, a Igreja, etc., para estabelecer instituições educativas”, expressou o Cardeal ao canal Globovisión.

O Cardeal Urosa assinalou que o povo venezuelano foi surpreso com este novo Projeto de lei de Educação, completamente desconhecido para a sociedade, e que entre outras coisas expõe a erradicação do ensino religioso nas escolas, a pesar que a Constituição garante o direito dos pais a solicitar a formação religiosa para seus filhos de acordo a suas convicções. “Eliminar a religião das escolas iria inclusive contra a Constituição Nacional”, advertiu.

“Com a desculpa da laicidade querem apagar com um golpe uma história imemorial de séculos, porque na Venezuela sempre se ensinou religião nas escolas”, expressou.

O Cardeal recordou que “uma coisa é que o Estado seja laico e que a educação seja laica no sentido que não se favoreça uma religião específica e outra coisa é que se elimine completamente da formação integral da criança do jovem adulto o aspecto religioso”.

Nesse sentido, recordou que o libertador Simón Bolívar, mencionado várias vezes pelo Presidente Hugo Chávez, destacou a importância da religião na formação dos povos ao afirmar que “a moral sem a religião carece de fundamento”. “Esta é uma máxima realmente imensa de Bolívar e que reflete a necessidade que tem o ser humano de ter essa elevação para Deus”, afirmou o Cardeal.

Com respeito ao projeto de lei, o Arcebispo de Caracas disse que embora assinale que o curso de religião poderá ser dado fora do horário escolar, o certo é que na prática, logo depois de várias horas nas salas de aula, o aluno “não vai querer ficar para continuar com outra atividade”.

A lei, indicou, também estabelece que a formação religiosa é responsabilidade dos lares. Entretanto, a realidade mostra que isto é difícil de obter pelos múltiplos problemas que enfrentam numerosas famílias venezuelanas.

Em outro momento da entrevista, o Cardeal Urosa expressou sua estranheza de que o debate desta nova lei se dê quando as escolas estão de férias, por isso, pediu à Assembléia Nacional pospor a discussão até que os professores, os responsáveis pela educação retornem aos colégios.

Que haja a possibilidade de um debate sobre este tema e que o debate não se faça simplesmente entre o grupo dos simpatizantes do processo mas com todos os organismos e instituições que estejam relacionados com a Educação, esse é o debate autêntico e verdadeiro que se necessita“, assinalou.

O Arcebispo advertiu que a lei afeta a todas as escolas, inclusive as católicas, por isso se a iniciativa é passada, não se poderia ensinar religião nem sequer nos colégios pertencentes a alguma denominação religiosa. “Uma instituição religiosa que tem o direito de educar e que estabeleceu escolas tem o direito de transmitir também sua religião às crianças que vão e acudem a essa escola”, recordou.

Finalmente, o Cardeal chamou os venezuelanos a participarem deste debate, expressando aos parlamentares seu parecer sobre esta iniciativa. “Devem ir às assembléias, reuniões e manifestações pacíficas sempre tudo dentro do marco da Lei e da Constituição e procurando sempre a paz e a união”, assinalou.

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Abaixo,Noticia anterior publicada antes da aprovação da lei.

Em um documento titulado “O ensino religioso nas escolas, um imenso bem e um direito adquirido”, o Arcebispo de Caracas e Primado da Venezuela, Cardeal Jorge Urosa Savino, junto com seus Bispos Auxiliares exclamou que “Não se pode tirar Deus das escolas!”, em resposta ao novo projeto de lei promovido pelo Presidente Chávez que quer eliminar a educação religiosa do país.

Ao referir-se ao mencionado projeto, os bispos venezuelanos alertam que este “omite expressamente o contemplado no artigo 50 da atual Lei Orgânica de Educação, o qual permite que se ofereça educação religiosa nas escolas públicas de educação básica aos alunos cujos pais assim o solicitem”.

Seguidamente advertem que “qualificados representantes do Governo manifestaram em várias ocasiões sua determinação de eliminar o ensino religioso nas escolas. De tudo o que foi dito se desprende que a educação religiosa escolar ficaria fora de todas as escolas, tanto públicas como privadas, que estejam dirigidas ou não por instituições vinculadas à Igreja católica ou a outras instituições religiosas”.

Depois de recordar logo que é dever estado permitir “e fazer possível o ensino religioso nas escolas” pois isto “não vai contra a ‘laicidade do Estado’, e não violenta os direitos de ninguém, mas sim possibilita o exercício do direito ao ensino religioso escolar aos alunos de qualquer religião”, o documento sublinha que esta proposta também é inconstitucional, pois atenta contra o direito dos pais a educar os seus filhos em matéria religiosa de acordo às suas convicções; direito estabelecido na Carta Magna.

Logo depois de reiterar que a educação integral exige “o aspecto transcendente e religioso das pessoas”, os bispos solicitam “formalmente à Assembléia Nacional que inclua a possibilidade de repartir a educação religiosa no currículo e no horário escolar de acordo às convicções dos pais ou mães dos alunos de Educação Básica”.

Do mesmo modo, solicitam “à Assembléia Nacional que difira para a segunda quinzena de setembro a discussão dessa nova proposta de lei, a fim de promover a adequada participação dos diversos atores do fato educativo, e se possa obter o necessário consenso sobre um tema tão importante como a educação”.

Deus é importante para a Venezuela. Não se pode tirar Deus das escolas! Ante a séria possibilidade de que a educação religiosa seja eliminada do horário escolar em todas as escolas, tanto públicas como privadas, também as de instituições da Igreja, é preciso que tomemos consciência da necessidade e importância do ensino religioso no horário escolar”.

Finalmente os bispos venezuelanos insistem em defender estes direitos religiosos “de maneira democrática e pacífica”, exigindo ademais “que se mantenha a normativa legal que atualmente os protege. O conhecimento e o ensino de nossa fé é uma gravíssima obrigação e um direito fundamental dos católicos, de cada família, e de toda a comunidade eclesiástica. Tomemos consciência disso, cumpramos nossos deveres, e defendamos nossos direitos”.

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A Venezuela nas mãos de Hugo Chaves é um tormento para os valores transcendentes e para qualquer expressão de fé,de maneira mais forte,nossa fé Católica.

O que tem acontecido por lá é muito sério e requer ,de fato, nossa intercessão à virgem de Guadalupe,Padroeira das Américas.

O Ministério Público Federal (MPF) mandou tirar os crucifixos das repartições do estado de São Paulo, alegando que a sua presença ofenderia os não católicos.

Mas… será que não deveríamos, então, falar do estado de “Seu” Paulo? Mais ainda, do estado do inominável, na medida em que São Paulo, em homenagem a quem o estado foi batizado, ops, nomeado, só recebeu esta homenagem por ter sido apóstolo cristão?

Os judeus ortodoxos dão graças a Deus todos os dias por não terem nascido não judeus (“gói”). São Paulo, ou “Seu” Paulo, escreveu que “não há mais judeu nem grego”.

A julgar pelo pensamento do MPF do estado Tal, deve haver um monte de suscetibilidades feridas nesta história. Melhor mudar o nome do estado. Ah, Santa Catarina também dança, assim como todas as cidades com nome de santos. O Estado do Amazonas, que recebeu este nome em homenagem a um povo da mitologia grega, também pode ofender quem não acredita nele. O Rio de Janeiro, por trazer no nome do mês (que também teria que mudar) uma referência à divindade romana Janus, o deus de duas caras, também deve provocar comichões e abespinhar suscetibilidades. Ih, qual será o dano ao turismo provocado pela retirada, à moda Taleban, da imensa estátua do Cristo Redentor que ofende os não católicos que olhem para cima na antiga capital do país?

Creio ser bastante evidente, para quem não faz parte de uma minoria ínfima de gente cuja sensibilidade à flor da pele torna a convivência cotidiana um exercício de masoquismo e suscetibilidades feridas, que o MPF pisou na bola. Epa, eu não gosto de futebol. Devo proibir esta expressão? Não. Se eu não gosto de futebol, o problema é meu. Não posso me ofender com a onipresença do jogo e de suas metáforas.

Ainda mais que futebolista, contudo, a nação brasileira é culturalmente católica. Os nomes de santos são os nomes das pessoas, e a própria noção de bem e de mal é definida em moldes católicos; podemos mesmo dizer que o padrão da sociedade é católico.

Para a imensa maior parte dos brasileiros, católicos ou não, um crucifixo é um símbolo da Justiça, do Bem. Ver uma ofensa a outras crenças na presença de um crucifixo implica necessariamente em vê-la nos nomes de estados e cidades, nos nomes próprios das pessoas, na organização social do país, nos dias da semana, nos meses, no preâmbulo da Constituição Federal…

Querer proibir a presença do crucifixo implica em querer proibir um dado constitutivo da própria nacionalidade brasileira, importar uma noção a nós estranha do que seja a Justiça, o Bem, o certo e o errado. O Brasil não surgiu nem subsiste em um vácuo; temos uma cultura própria, com base lusitana e católica, que independe até mesmo da própria religião seguida por cada brasileiro.

O brasileiro protestante, o brasileiro espírita, o brasileiro judeu, muçulmano ou ateu é em grande medida culturalmente católico.

Cada um deles passou a vida dentro de uma sociedade que define seus padrões de comportamento dentro de uma matriz católica e que não pode ser explicada ou compreendida sem constante referência à catolicidade de sua origem, bem como à língua portuguesa, a costumes africanos e indígenas etc.

Ofender-se com símbolos católicos significa, em última instância, ofender-se com o Brasil, significa negar as origens e a presença da cultura brasileira, com todos os seus matizes.

O que neles não se vê, o que apenas o MPF vê, é um instrumento de proselitismo católico. Um crucifixo não faz de um lugar ou de uma pessoa algo católico, tal como o Rio Amazonas não leva ninguém a tomar como verdade a mitologia grega. As imagens sacras, no Brasil, são percebidas como símbolos do Bem e do Justo, não como afirmações de uma dada fé. Melhor seria se o MPF deixasse de lado esta estranha “cruzada” contra os crucifixos e procurasse fazer o bem e promover a justiça.

Carlos Ramalhete é filósofo e professor.

A INTOLERÂNCIA DOS TOLERANTES! OU: DERRUBEM O CRISTO RENDENTOR E PONHAM DESCARTES NO LUGAR

A Análise feita pelo Reinaldo Azevedo em seu blog é magistral!

Leia até o fim,superando o inicio um pouco confuso para quem ler rápido.

Vale a pena mergulhar em sua análise inteligente,principalmente quando ele descortina a diferença óbvia entre o EstadoNação,conceitos que nos fazem entender a ilógica direção dos que defendem o tal estado Laico mas não são capazes de entender e diferenciar conceitos que se aprendem nas escolas Brasileiras desde a época da “OSPB” *(essa aqui somente os quarentões como eu lembram..hehe..) *Em tempo: Organização Social Politica Brasileira

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“É… Começo com uma graça amistosa com os que querem banir o crucifixo das repartições públicas com base no fato de que o estado é laico: eu não sabia que havia tantos admiradores do Lênin no Brasil. E agora o que não é tão engraçado: é incrível como aqueles que se querem apegados apenas à racionalidade abrem veredas, sem perceber, para uma visão totalitária da história e do mundo. Por que Lênin?

Acho que já me referi aqui a um trecho da biografia de Trotsky escrita por Isaac Deutscher (a trilogia O Profeta Armado, O Profeta Desarmado e O Profeta Banido). No primeiro volume, acho (cito de memória), há a passagem em que o jovem Trotsky vai visitar Lênin no exílio, em Londres. Os dois saem para passear e falar sobre política. E o líder da revolução soviética vai mostrando ao jovem revolucionário: “Esta é a ponte deles, esta é a catedral deles, esta é a praça deles”. “Eles” , no caso, designava a burguesia. Todo o programa do homicida e liberticida estava contido naquelas pequenas observações. Porque a ponte, a catedral e a praça, evidentemente, não eram “deles”, mas da humanidade.

Não para um marxista chinfrim como Lênin, com a profundidade filosófica de um pires, para quem a história tinha um sentido evolutivo — e Marx o levou a pensar assim, claro. O socialismo seria uma etapa posterior da civilização, e haveria de ter, então, pontes socialistas substituindo as pontes do capitalismo; catedrais do socialismo (não dedicadas a Deus, é óbvio) substituindo aquelas da civilização primitiva. O socialismo, como uma das manifestações mais extremas da Razão — ué, por que não? — deu no que deu. Aliás, a Razão já tinha dado no que tinha dado durante o Terror, na Revolução Francesa, não é? Calma lá! Não me confundam: sou amigo da Razão. Não sou é amigo da mistificação.

O estado laico não mata a história que veio antes dele. Não é preciso esmagar uma catedral com outra, uma ponte com outra. A palavra “cultura”, na origem, remete a “cultivo”. Podemos cultivar a nossa história. Já volto a este ponto. Antes, algumas outras considerações.

Os que não suportam manifestação de religiosidade em espaços públicos e coletivos podem suportar a estátua do Cristo Redentor? Ou haveremos de substituí-la por, sei lá, uma outra de Descartes? Não me venham dizer que, em matéria de Razão, Cristo era páreo para Descartes, não é mesmo? E se uma era tem de esmagar a outra, como queria o nobre companheiro Lênin, acho que é preciso implodir aquele troço que está lá e consagrar — no bom sentido, claro, o não-religioso… — o símbolo do racionalismo. Confesso que seria ao menos engraçado ver os desdentados substituindo o “Pai Nosso” pelo “Cogito ergo sum”. Afinal, vocês sabem, sem uma religião cristã para atrapalhar, os povos costumam ser bem mais livres, como provam aqueles paraísos da Africa subsaariana. Na “suprasaariana”, aí já há o paraíso de Alá… É outro!

Eu não gosto de idéias pela metade. Se é para abolir, POR FORÇA DE LEI, o crucifixo das repartições públicas — fico cá imaginando um barnabé caçador de crucifixos… —, então será preciso abolir também o Natal, a Sexta-Feira Santa etc. Que ONG se atreve a entrar com este pleito e que juiz aceita dar a sentença? “É, com efeito, são feriados religiosos, e o estado brasileiro é laico. Não tem feriado coisa nenhuma!”

Incrível, reitero, como se pode, em nome da razão, abrir as brechas para o pensamento totalitário. Notem bem: o estado brasileiro não é ateu. Não é um estado que, como o chinês e o cubano — dois paraísos para quem fica nervoso quando vê um crucifixo em órgão público — se declare ateu. Ele é laico! Isso quer apenas dizer que não se orienta segundo a lógica, as necessidades e a mística de uma religião. Mas a Constituição brasileira PROTEGE as religiões e o culto religioso. NÃO HÁ UMA LEI IMPONDO CRUCIFIXO NAS REPARTIÇÕES. Aliás, nas que tenho visitado, são cada vez menos freqüentes. QUANDO HÁ LÁ UM CRUCIFIXO E UMA BÍBLIA, NO MAIS DAS VEZES, OS OBJETOS SÃO ECOS DE UM TEMPO EM QUE ESSAS ESFERAS NÃO ERAM TÃO SEPARADAS. Mas é só memória. É só história!

Não havendo a lei que imponha e não tendo aquele crucifixo ou aquela Bíblia qualquer influência nas decisões do funcionário público, obrigar a sua retirada por força de uma determinação legal caracteriza uma óbvia perseguição a símbolo religioso, em desacordo com a Constituição. Mais: ainda de acordo com teses que me parecem obviamente autoritárias, hipertrofia-se o conceito de ESTADO e se esquece o conceito de NAÇÃO. O Estado brasileiro, com efeito, é laico. Mas a nação brasileira é esmagadoramente religiosa. E o país tem sabido conviver com as diferenças. Há terreiros de umbanda e candomblé no Brasil que são tombados e, pois, mantidos e protegidos com dinheiro público. Uma reivindicação dos progressistas em nome da diversidade cultural!

Olhem: as pessoas que compõem a tal ONG que resolveu enroscar com o crucifixo pertencem, na sua maioria, a religiões minoritárias no Brasil. Estão protegidas pelo texto constitucional e, tenho certeza, não enfrentam qualquer animosidade da maioria católica brasileira. Zero! Mas parece que isso não basta. É preciso não inverter a relação de causa e efeito: a maioria do povo não é composta de católicos porque há crucifixos nas paredes das repartições; há crucifixos nas paredes das repartições porque a maioria é católica. Não se trata daquela bobagem de que maioria tem sempre razão. Isso é tolice. Estou evidenciando que há um esforço para apagar um costume, uma tradição, uma manifestação cultural, com a força coercitiva do Estado. Nós lutamos para que os terreiros de candomblé deixassem de ser perseguidos, não para que passássemos a perseguir crucifixos.

Muitos expressam, sei lá, um quase ódio à Igreja Católica por causa de seu passado etc e tal. Não vou entrar nesse mérito agora. Já andei escrevendo sobre isso. O fato é que, hoje em dia, e já há muito tempo, a Igreja tem sido exemplo de convivência com a diferença. Digam-me um só lugar em que cristãos perseguem não-cristãos. Mas eu posso enumerar vários, muitos mesmos, em que os cristãos são terrivelmente perseguidos e, às vezes, esmagados. Outra coisa: sugiro um pouco de cuidado e pesquisa antes de negar o vínculo estreito entre cristianismo e democracia ocidental.

Finalmente, respondo a uma questão que andou aparecendo aqui e ali. Entrando em confronto, inclusive, com alguns amigos conservadores, critiquei a chamada Lei do Véu na França. Acho um absurdo que se proíba o uso do véu numa escola porque é “é um espaço laico, e aqui somos todos republicanos”. Ora… Se é para conter o Islã, em vez de conter, atiça. Mais: deu-se asa uma tolice e a uma inverdade. Proibiram-se tanto o véu islâmico como o crucifixo, o que significa que, para a República francesa, véu e crucifixo tiveram, na formação daquele povo, a mesma importância — ou a mesma desimportância. É uma asnice. Mas compreendo. Nas escolas francesas, um sanguinário tarado como Robespierre ainda é tratado como herói. Em nome da Razão! Pensando bem, vamos derrubar o Cristo e meter Robespierre lá.

As pontes são nossas!

As catedrais são nossas!

As praças são nossas!

Os crucifixos são nossos!

“Nossos?” Da civilização! ”

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Vieram à luz mais dois livros que recolhem novos dados científicos sobre o Santo Sudário. Os livros focalizam especialmente a polêmica sobre os exames com base no Carbono 14 feitos em 1988.

Estes exames realizados em amostras mal escolhidas gerou resultados logo contestados. Hoje eles não são mais aceitos como sérios.

As análises desmoralizadoras aconteceram durante 1988 em laboratórios de Tucson, Oxford e Zurique. Os três apontaram que o Santo Sudário seria uma peça da Idade Média. Portanto, não provindo dos tempos de Jesus Cristo, seria um falso histórico.

Ditas análises foram sobradamente refutadas por numerosos científicos. E até um dos responsáveis reconheceu os erros cometidos e pediu desculpas de público.

Agora, o jornalista e “vaticanista” do jornal de Turim “La Stampa” Marco Tosatti publicou “Inchiesta sulla Sindone” (Editore Piemme). Nele, escreve que novos dados provam que aqueles exames contêm um erro de cálculo matemático inaceitável.

Tossati apresenta novas provas científicas da Universidade la Sapienza, Roma. Esta Universidade nunca antes tinha investigado o Sudário. Os cientistas ratificaram o erro dos testes feitos em 1988.

Segundo o vaticanista, os resultados dos três laboratórios não têm a margem mínima de

compatibilidade estabelecida e a análise foi realizada sobre um pedaço de oito centímetros do Sudário que não pertence à própria relíquia.

Com efeito, verificou-se nas amostras a presença de algodão enquanto que o Sudário é de linho. Além do mais, foi achada uma espécie de goma.

Esses elementos confirmam que as amostras pertencem aos remendos feitos na relíquia após esta ser atingida por um incêndio em 1532. Os principais remendos acrescentados em 1534 são visíveis a olho nu. Eles aparecem nas fotos com forma triangular. Foram as pontas do Lenço dobrado que formam consumidas pelo fogo.

Tossati declarou à agência Zenit: “eu mesmo queria uma base de certeza e com base nestes dados posso dizer que o Santo Sudário não é uma reprodução falsa”.

Cientistas de diferentes credos – judeus, metodistas e inclusive agnósticos – confirmam a falha fundamental da investigação de 1988.

A seguir, Tosatti demonstra que a ciência ainda não pôde explicar como se formou a imagem. Nenhum aparato pôde criar um objeto similar: “não é pintura, não há nenhum pigmento e não foi marcado por um objeto quente”, diz o jornalista.

“É um mistério, um dos grandes mistérios da Igreja, a maneira como se formou este tipo de imagem. Contém informação tridimensional, algo sumamente particular”, indica.

O Santo Sudário está guardado na catedral de Turim, Itália. Nos anos 1998 e 2000, foi exibido ao público.

No próximo ano (2010), será exposto novamente, de 10 de abril até 23 de maio.

Para Tosatti, “se se analisa [o rosto do Sudário], é um rosto de uma beleza de características tais como eu nunca vi em nenhuma pintura”.

Mas, o jornalista e pesquisador considera que este lenço é uma peça muito pouco valorizada pelos católicos. “Para mim não há dúvidas, conclui ele. Ainda hoje com toda nossa tecnologia não estamos em condições de fazer algo análogo. A ciência nos pode ajudar a dizer que coisa é. Seguramente não é falso”.

Por sua parte, Sébastien Cataldo e Thibault Heimburger publicaram o livro “Le linceul de Turin” (Paris, 2009) contendo uma síntese das últimas descobertas no Santo Sudário.

Cataldo recebeu em agosto de 2008 uma fibra das amostras tiradas do mesmo local das utilizadas nos exames hoje desclassificados.

Ele constatou no microscópio a diferença entre o material com que foi feito o Sudário (linho) e o tecido que foi analisado (mistura de linho e algodão).

Nas experiências do Laboratório Nacional de Los Alamos (EUA), conta ele, criou-se vácuo em torno de um dos fios. Então, separou-se a goma mencionada no livro de Tosatti. Ela tem todas as características de uma resina, artificialmente colorida para combinar com o tom do Sudário original.

Concordando com as conclusões dos cientistas de Los Alamos escreve: “Em resumo, é cada vez mais claro que as descobertas de Rogers mostrando que a zona Raes/radiocarbono não é representativa do Sudário ficam confirmadas: esta zona foi manipulada e os fios que ela contém não são da mesma natureza que os fios do Sudário” (p. 179).

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Pesoalmente acredito piamente que o Sudário é Expressão de Jesus e de sua presença histórica entre nós. Creio com uma absoluta tranquilidade,independente das novas descobertas.

Jesus, o filho de Deus, esteve e está VIVO entre nós!

Por Vicente Jara Vera

Uma mulher de 61 anos, testemunha de Jeová, faleceu no sábado passado em Sevilha (Espanha), após ter sofrido um acidente de carro, porque em um documento de vontades antecipadas, rejeitava receber qualquer tipo de transfusão sanguínea devido às suas convicções religiosas.

Está baseada na Bíblia a proibição de comer ou receber sangue, inclusive por transfusão, ou de qualquer outra forma? A esta questão responde nesta análise Vicente Jara Vera, membro da Rede Ibero-americana de Estudo das Seitas (RIES), diretor do programa “Conheça as seitas”, emitido quinzenalmente pela Rádio Maria na Espanha.

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O problema

São numerosas as notícias sobre negativas de membros da seita das Testemunhas de Jeová para realizar transfusões de sangue, e de complicações, às vezes com o falecimento do paciente, ao não poder atendê-los devidamente em um hospital diante de uma cirurgia ou um transplante de órgão. Muitos destes acontecimentos podem ser conhecidos na documentação da Rede Ibero-americana de Estudo das Seitas (RIES), especialmente no boletim eletrônico Info-RIES.

Sobre a seita das Testemunhas de Jeová

Recordemos que as Testemunhas de Jeová não são cristãs. São uma seita, já que se fazem passar pelo que não são, por cristãos. E não podem ser uma igreja cristã porque não acreditam no dogma da Trindade e na divindade de Jesus como Filho de Deus encarnado, a quem consideram como criatura excelsa, primeira no plano de Deus, que para eles é similar ao arcanjo Miguel.

As Testemunhas de Jeová mudaram várias passagens da Bíblia para adaptá-las às suas próprias ideias, que nenhum estudioso, crente ou não, poderia encontrar nos textos originais. Portanto, são um grupo com expressões e formas religiosas parecidas com as cristãs, mas que tentam fazer-se passar por uma igreja cristã sem sê-lo. Em definitivo, são uma seita, que pretende ter mais e mais adeptos e mais e mais dinheiro deles e, assim, maior influência.

Em que as Testemunhas de Jeová baseiam sua negativa de receber sangue?

Os textos que eles utilizam para negar-se a receber sangue são os seguintes, principalmente do Antigo Testamento, e um do Novo Testamento – este último analisaremos posteriormente em outra parte; vamos agora aos textos do Antigo Testamento:

Gênesis 9, 3-6: “Tudo o que se move e possui vida vos servirá de alimento, tudo isso eu vos dou, como vos dei a verdura das plantas. Mas não comereis a carne com sua alma, isto é, o sangue. Pedirei contas, porém, do sangue de cada um de vós. Pedirei contas a todos os animais e ao homem, aos homens entre si, eu pedirei contas da alma do homem. Quem derrama o sangue do homem, pelo homem terá seu sangue derramado. Pois à imagem de Deus o homem foi feito”.

Levítico 3, 17: “É para todos os vossos descendentes uma lei perpétua, em qualquer lugar onde habitardes: não comereis gordura nem sangue”.

Levítico 17, 10: “Todo homem da casa de Israel ou estrangeiro residente entre vós, que comer sangue, qualquer que seja a espécie de sangue, voltar-me-ei contra esse que comeu sangue e o exterminarei do meio do seu povo”.

Levítico 17, 13-14: “Qualquer pessoa, filho de Israel ou estrangeiro residente entre vós, que caçar um animal ou ave que é permitido comer, deverá derramar o seu sangue e recobri-lo com terra. Pois a vida de toda carne é o sangue, e eu disse aos israelitas: ‘Não comereis o sangue de carne alguma, pois a vida de toda carne é o sangue, e todo aquele que o comer será exterminado’”.

Deuteronômio 12, 23: “Sê firme, contudo, para não comeres o sangue, porque o sangue é a vida. Portanto, não comas a vida com a carne”.

Todos estes textos são claros e rotundos em sua proibição: não é lícito comer sangue animal porque é comer a vida. Analisaremos a seguir seu sentido e os situaremos em seu contexto, deixando para mais adiante o texto do Novo Testamento, que também utilizam para apoiar suas ideias.

O significado do sangue para os povos semíticos

Nos povos semitas do Oriente, o sangue era visto como o elemento onde residia a vida, o elemento vital e vitalizante dos seres vivos. Ao matar um animal, na morte de qualquer pessoa ou em um sacrifício, o sangue vertido indicava claramente que a vida ia embora conforme o sangue ia saindo.

A perda de sangue era também sintoma de fraqueza, de perda de vitalidade, de vida. Para os antigos, o sangue brotava do coração e a parada cardíaca indicava a morte da pessoa. Recordemos, além disso, como a mitologia da Mesopotâmia conta que o deus Marduk (deidade babilônica), o principal dos deuses, propôs-se a criar os homens para que adorassem as divindades; para isso, amassou argila com o sangue de um deus rebelde – posteriormente considerado um demônio – de nome Kingu.

Com este transfundo mesopotâmico, fica claro que nos antigos sacrifícios animais do povo de Israel se oferecia a vida a Deus e isso significava derramar o sangue do animal sacrificado. O sangue era a vida e ela era propriedade de Deus; daí que não se podia tomar o que pertencia a Deus. O pecado, a infração, estava, portanto, em tomar pelo homem o que não lhe correspondia, o que é de Deus.

Esta visão do sangue como vida é também a razão pela qual do mais terrível dos demônios mesopotâmicos, Lilitu ou Labartu – que no Poema de Gilgamesh se denomina como Lillake – se dizia que matava as crianças e bebia o sangue delas, isto é, seu pecado era arrancar-lhes a vida, propriedade de Deus, sendo por isso a primeira figura vampírica conhecida da história.

E não nos esqueçamos como, “na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isso em memória de mim’. Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim’”. (1 Cor 11,24-25).

Recordemos que, na Antiga Aliança, o pão e o vinho eram oferecidos como sacrifício entre as primícias da terra, em sinal de oferenda a Deus. Também o sacerdote Melquisedeque, figura de Cristo, ofereceu pão e vinho (Gn 14, 18). Junto a isso, a saída de Israel do Egito e o contexto do Êxodo dão ao vinho – no qual nos centramos – um caráter festivo no final do banquete judaico e uma dimensão escatológica de espera messiânica. O vinho é “verdadeira bebida” e bebê-lo é “ter a vida em Cristo, que é Deus, e permanecer n’Ele” (cf. Jo 6, 53-56).

Na antropologia semita, o princípio vital do sangue se relaciona com o suspiro ou a respiração, é o “ser vivente”, a vida, e se designa como nefesh. A nefesh ainda permanece na carne morta, no cadáver – daí que se possa tomar essa vitalidade quando se toma o sangue do animal ou da pessoa morta. Uma coisa diferente ocorre com seu espírito, o ruaj que, ao morrer o homem, vai para o além ou sheol. Daí que na antropologia semítica exista tanta unidade entre a carne (basar) e o princípio vital ou nefesh, mas é a ausência da ruaj que, ao não estar presente após a morte do ser humano, torna-o não-vivo.

Por outro lado, os animais não têm ruaj, mas basar nefesh. Recordemos que os gregos traduziram nefesh como psykhé e este termo passou ao latim como anima, que é a nossa “alma”, ainda que é mais correto dizer que a alma está na ruaj (que se transformou em “espírito”) e não no psíquico, no nefesh que, como dizemos, ainda permanece no cadáver.

O sangue em si mesmo

Ainda sendo um assunto muito conhecido em sua existência, somente nos séculos XIX e XX conseguiu-se entender o seu verdadeiro significado fisiológico, sendo o que mais motivou a inventiva e o que maior impacto teve no pensamento popular, mítico e religioso durante todas as épocas e culturas ao longo do mundo.

Como qualquer povo, o povo de Israel se desenvolveu sob uma influência e uma cultura centralizadas nas civilizações do Oriente Médio, o que levou a assumir muitas ideias pré-científicas próprias do seu entorno. As leis sobre o sangue se enquadram em uma época determinada, uma cultura, uma mentalidade; e assim ocorreu com os demais povos e civilizações.

Plínio o Velho contava que por volta de 100 da nossa era, no circo as pessoas eram lançadas à arena para beber o sangue dos gladiadores ainda moribundos e assim poder adquirir sua força e valentia. Outros grupos étnicos da Ásia e da América Central e do Canadá tinham por costume, há dois milênios, tomar o sangue dos seus inimigos e de animais para fortalecer-se e adquirir as propriedades dos animais.

Pesquisadores e cientistas do século XVII que começaram a realizar as primeiras transfusões sanguíneas às vezes davam sangue animal a pessoas com o fim de variar o caráter do receptor, havendo inclusive histórias de uma mulher que, tendo recebido sangue de gato, miava às noites sobre o telhado de sua casa.

Deixando de lado aspectos insustentáveis, temos de dizer que até pouco tempo atrás era considerada pela ciência, em seu desconhecimento do sangue, sua função, utilidade e variedade em tipos, que verdadeiramente de alguma forma possuía em si mesmo a propriedade daquele de quem provinha, o que se confirma nos dois casos anteriormente comentados, muitos próximos no tempo da nossa atualidade, o que deve nos levar a não cair na rápida crítica histórica, anacrônica e injusta, portanto, das leis do Antigo Testamento referentes ao uso de sangue animal, por considerar-se como sede da vida, do vital, a alma do animal. Achar que no sangue residia a vida, a psykhé do seu proprietário foi algo suposto até 300 anos atrás por homens de ciência na Europa.

A Bíblia não é um livro científico, nem de medicina, nem de astronomia, nem de matemática e nem de biologia

Como disse o Concílio Vaticano II em sua constituição dogmática Dei Verbum, em seus números 11 e 12, “os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus, para nossa salvação. (…) Importa, além disso, que o intérprete busque o sentido que o hagiógrafo em determinadas circunstâncias, segundo as condições do seu tempo e da sua cultura, pretendeu exprimir e de fato exprimiu servindo se os gêneros literários então usados. Com efeito, para entender retamente o que autor sagrado quis afirmar, deve atender-se convenientemente, quer aos modos nativos de sentir, dizer ou narrar em uso nos tempos do hagiógrafo, quer àqueles que costumavam empregar-se frequentemente nas relações entre os homens de então”.

A Bíblia não deve ser lida como um livro de ciência e seus textos não devem ser lidos fora do contexto cultural de sua época. Como disse Santo Agostinho no século V, “a Bíblia não nos ensina como vai o céu, e sim como se vai ao céu”.

O Antigo Testamento à luz do Novo Testamento

Ler o Antigo Testamento deve levar a ler o Novo. A Bíblia (Antigo e Novo Testamentos) é o livro do Povo de Deus, o meio pelo qual Deus foi educando e continua educando seus filhos. A salvação se desenvolve no tempo e foi sendo revelada na história. Como diz a Carta aos Hebreus em seu início, “Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho” (Hb 1,1-2).

O Concílio Vaticano II, na Dei Verbum, dirá que “Foi por isso que Deus, inspirador e autor dos livros dos dois Testamentos, dispôs tão sabiamente as coisas, que o Novo Testamento está latente no Antigo, e o Antigo está patente no Novo. Pois, apesar de Cristo ter alicerçado à nova Aliança no seu sangue, os livros do Antigo Testamento, ao serem integralmente assumidos na pregação evangélica adquirem e manifestam a sua plena significação no Novo Testamento, que por sua vez iluminam e explicam” (DV cap. 4. 16).

Além disso, justamente antes, explicou que “a ‘economia’ do Antigo Testamento destinava-se sobretudo a preparar, a anunciar profèticamente e a simbolizar com várias figuras o advento de Cristo, redentor universal, e o do reino messiânico. Mas os livros do Antigo Testamento, segundo a condição do gênero humano antes do tempo da salvação estabelecida por Cristo, manifestam a todos o conhecimento de Deus e do homem, e o modo com que Deus justo e misericordioso trata os homens. Tais livros, apesar de conterem também coisas imperfeitas e transitórias, revelam, contudo, a verdadeira pedagogia divina” (DV cap. 4. 15).

A leitura, portanto, das passagens do Antigo Testamento deve ser feita sempre, especialmente nas passagens que revestem um ponto de vista dogmático ou moral, sob a luz do Novo Testamento, já que a perfeição chegou com Cristo. Fica claro que a leitura da Bíblia deve ser feita a partir de sua totalidade.

Algumas passagens pertinentes do Novo Testamento

Já o apóstolo São Paulo deixou claro na Carta aos Gálatas que, “antes que chegasse a fé, nós éramos guardados sob a tutela da Lei para a fé que havia de se revelar. Assim a Lei se tornou nosso pedagogo até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. Chegada, porém, a fé, não estamos mais sob pedagogo” (Gl 3, 23-25).

Um texto similar da Carta aos Hebreus recorda a inutilidade dos sacrifícios animais diante do único e somente válido sacrifício de Cristo na Cruz: “Possuindo apenas a sombra dos bens futuros, e não a expressão própria das realidades, a lei é totalmente incapaz, apesar dos mesmos sacrifícios sempre repetidos, oferecidos sem fim a cada ano, de levar à perfeição aqueles que se aproximam de Deus. (…) Mas, ao contrário é por meio destes sacrifícios que, anualmente se renova a lembrança dos pecados. Além do mais, é impossível que o sangue de touros e de bodes elimine os pecados.” (Hb 10, 1.3-4).

Jesus dá perfeito cumprimento às leis de Moisés, à Lei em seu conjunto, à Torá, porque, como nos recorda o evangelista Mateus, “Digo-vos que aqui está algo maior do que o Templo. (…) Pois o Filho do Homem é senhor do sábado” (Mt 12, 6.8)

O texto do Novo Testamento que as Testemunhas de Jeová citam a seu favor

Anteriormente, deixamos para mais adiante uma passagem do Novo Testamento que avalizava a teoria das Testemunhas de Jeová. Agora é um momento de considerá-la, levando em consideração o que foi comentado nas seções anteriores.

Só existe uma passagem onde expressamente se menciona o uso do sangue no Novo Testamento, e é o relato do Concílio de Jerusalém, no qual, após a discussão dos diversos pontos de vista entre as facções ou comunidades cristãs de Pedro, Paulo e Tiago em referência ao comportamento imposto aos gentios e aos cristãos provenientes do judaísmo – é a abertura da evangelização muito além dos limites judaicos e o reconhecer que práticas do judaísmo podiam permanecer e quais se manteriam frente à irrupção que a mensagem e a pessoa de Jesus Cristo supôs – chega-se à conclusão seguinte, após a fala do representante das comunidades mais próximas do judaísmo, Tiago: “De fato, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor nenhum outro peso além destas coisas necessárias: que vos abstenhais das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e das uniões ilegítimas” (Atos 15, 28-29).

Para compreender este texto, analisemos outro que dará luz ao que ocorreu aqui:

Posteriormente, Pedro e Paulo se encontram em Antioquia e Pedro, que seguia as normas das refeições dos gentios, aos chegarem membros das comunidades cristãs de Tiago, deixará de comer com eles e se sentará à mesa dos cristãos provenientes do judaísmo. Diante disto, Paulo jogará na cara de Pedro seu comportamento e lhe dirá que a justificação se dá pela fé e não pelas obras da lei (de Moisés) (Gl 2, 11-21). Certamente, aqui não se menciona o sangue nem de que preceitos alimentares estavam falando, ainda que se pode supor que alguns membros voltavam a comportar-se como antes, sem levar em conta o que foi dito no Concílio de Jerusalém.

Na Carta aos Romanos, (Rm 14, 1-23), Paulo oferece uma solução conciliadora para que os costumes alimentares dos gentios não “entristeçam” (Rm 14, 15) os cristãos vindos do judaísmo, pedindo-lhes que não escandalizem os “fracos na fé” (Rm 14, 1): “Acolhei o fraco na fé sem querer discutir suas opiniões. Um acha que pode comer de tudo, ao passo que o fraco só come verdura. (…) Se por causa de um alimento teu irmão fica contristado, já não procedes com amor. (…) Porque o Reino de Deus não consiste em comida e bebida, mas é justiça, paz e alegria no Espírito Santo”.

E já em uma carta pastoral como a de Timóteo, ainda que em um contexto contra as ideias dos gnósticos, podemos ler que “tudo o que Deus criou é bom, e nada é desprezível (os alimentos que Deus criou), se tomado com ação de graças, porque é santificado pela Palavra de Deus e pela oração” (1 Tm 4, 4-5).

As transfusões de sangue

Sobre as transfusões sanguíneas, que não existiam na época do Antigo e do Novo Testamentos, não se diz nada na Bíblia. No entanto, como o sangue era considerado como sede da vida e algo ligado à própria pessoa em sua cultura semítica, poderíamos pensar que a transfusão de sangue deveria ser negada por igual princípio: não seria permitido colocar sangue de uma pessoa em outra, não se poderia colocar o nefesh, a psykhé de uma pessoa em outra, é algo óbvio.

Pessoalmente, não concordo com considerar que, como a Bíblia não fala de transfusões, estas são permitidas por ela. E mais ainda, acabamos de dizer, que tivessem existido transfusões naquela época, também teriam sido negadas. Mas não é este o critério de leitura e interpretação bíblica, e sim a busca do sentido da proibição mosaica, que reside, como dissemos, na crença científica errônea – hoje sabemos disso – da residência do vital do ser humano ou do animal no sangue. Portanto, esta lei moral e alimentar está baseada em uma concepção científica errônea, que inclusive no século XVII vimos com um exemplo, era considerada pela própria ciência médica hematológica.

A leitura correta da Bíblia diante das transfusões é que é uma prática puramente médica diante da qual a Bíblia e a Igreja não têm nada a dizer, ao não ir contra a moral natural nem a lei positiva de Deus, sendo, em todo caso, uma prática adequada e necessária frente à qual a Igreja se pronunciou favoravelmente, uma vez que se estabeleceu cientificamente no século XX quais eram suas classes, com a descoberta dos tipos A, B, O e AB, e começou-se a compreender a ciência das transfusões.

Conclusão

Usar o sangue (como bebida ou de qualquer outra forma) está ligado absolutamente à alimentação das partes animais, criaturas de Deus e abençoadas por Deus em todas as suas partes, e não ao uso da vitalidade ou da alma (animal), ou à suposta aquisição de propriedades animais. Qualquer crença em sentido contrário se baseia em um conhecimento científico inadequado do tecido sanguíneo, que hoje em dia não podemos manter.

Devemos entender que alguns preceitos da antiguidade têm seu sentido somente no contexto de sua época e se baseiam em concepções pré-científicas. Se é este o caso, como mostramos, não podemos manter sua extensão à atualidade como fazendo parte da lei divina. Foram leis que tiveram sua vigência em certos momentos para o povo de Israel, mas que hoje não têm, dado que temos um conhecimento maior da realidade criada.

Por outro lado, a transfusão sanguínea é um método da ciência de extraordinária ajuda para a vida do receptor em inúmeras situações médicas orientadas sempre à vida e nunca contra o doador. É por isso que neste ponto citamos as palavras de Cristo em referência ao valor da vida frente a qualquer prescrição da Lei:

“Partindo dali, entrou na sinagoga deles. Ora, ali estava um homem com a mão atrofiada. Então perguntaram-lhe, a fim de acusá-lo: ‘É lícito curar aos sábados?’ Jesus respondeu: ‘Quem haverá dentre vós que, tendo uma só ovelha e caindo ela numa cova em dia de sábado, não vai apanhá-la e tirá-la dali? Ora, um homem vale muito mais do que uma ovelha! Logo, é lícito fazer o bem aos sábados’.” (Mt 12, 9-12).

É por tudo isso que a negativa da seita das Testemunhas de Jeová de usar o sangue, seja como comida, bebida ou de qualquer outra forma, ou negar-se a receber transfusões de sangue por ser um mandato divino pela vitalidade supostamente residir no sangue, a parte anímica do ser vivo, é um erro.