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O Senhor Jesus se encontrou com os grupos mais diversos de pessoas, dos mais simples e machucados da sociedade até as altas autoridades que circulavam durante sua vida pública, pelos caminhos da Judeia e da Galileia. Muitos acorriam a ele com suas misérias e inquietações, buscando a força da mensagem libertadora do Evangelho e a cura das enfermidades. Tantos emergiam do meio da multidão para se fazerem seus discípulos. Outras pessoas observavam de longe os acontecimentos. Alguns grupos se aproximavam com questionamentos, alguns deles formulados como verdadeiras armadilhas, a fim de envolvê-lo em contradição. A sabedoria do Senhor lhes devolvia muitas das perguntas, remetendo sempre ao confronto vital com a verdade.

 Muito expressivo é o encontro com fariseus e herodianos (Cf. Mt 22, 15-21) a respeito do imposto devido ao Imperador. Pode-se imaginar o contexto do comprometedor diálogo que se travou, num ambiente em que a população vivia oprimida, pagando tributos a uma potência estrangeira, dinheiro que chegava a uma autoridade que se revestia de pretensos poderes divinos. A resposta de Jesus é muito conhecida: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus” (Mt 22, 21). Tal afirmação já foi indevidamente usada para separar fé e vida, negócios e devoção, quando o cerne da questão é justamente dar a Deus o que é de Deus. E a Deus pertence o coração humano e seu destino de vida e salvação.

A narrativa encontrada nas primeiras páginas da Bíblia indica justamente a convicção das pessoas de fé: “Façamos o ser humano à nossa imagem e segundo nossa semelhança” (Gn 1, 26). Somos criaturas de Deus, pensadas desde toda a eternidade para sermos felizes em comunhão com ele. Pertencer a Deus e dar-lhe o devido e primeiro lugar em nossa vida é condição para a realização e a felicidade. O dever do amor e da adoração a Deus é o primeiro dos mandamentos, a primeira condição para o pleno desenvolvimento de todas as potencialidades humanas.

Em todas as épocas da história se fizeram sentir o indiferentismo, o relativismo e o ateísmo. Uma de suas formas ganha o nome de laicismo, diferente da laicidade. Se a justa laicidade do Estado não assume como oficial qualquer religião, a Igreja Católica propugna um mútuo respeito pela autonomia de cada uma das instâncias, a civil e a religiosa. Ao Estado cabe assegurar o livre exercício das atividades espirituais, culturais e caritativas das pessoas de fé. Numa sociedade pluralista, a laicidade é lugar de comunhão e relacionamento entre diversas tradições espirituais e a nação. Sociedade laica não quer dizer sociedade ateia! Infelizmente, ensina o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, permanecem, inclusive em sociedades democráticas, expressões de laicismo intolerante, que hostilizam qualquer forma de relevância política e cultural da fé, procurando desqualificar o empenho social e político dos cristãos, porque se reconhecem nas verdades ensinadas pela Igreja e obedecem ao dever moral de ser coerentes com a própria consciência; chega-se também e mais radicalmente a negar a própria ética natural. Esta negação, que prospecta uma condição de anarquia moral cuja consequência é a prepotência do mais forte sobre o mais fraco, não pode ser acolhida por nenhuma forma legítima de pluralismo, porque mina as próprias bases da convivência humana. Neste quadro, a marginalização do Cristianismo seria uma ameaça para os próprios fundamentos espirituais e culturais da civilização (Cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, números 571 a 574).

Este laicismo, ideologia que pretende se impor no mundo ocidental, e cada vez mais no Brasil, como única admissível, tem livre trânsito na grande imprensa e deseja relegar a fé à esfera do privado e opondo-se à sua expressão pública (Cf. São João Paulo II, no dia 24 de janeiro de 2005). Em nome de tal ideologia se levantam os defensores das contradições correntes, como a defesa dos direitos dos animais a qualquer custo pelos mesmos partidários do aborto ou de eutanásia e da absoluta falta de princípios em assuntos de moral sexual. Podemos ampliar o horizonte, para identificar uma verdadeira cruzada que se espalha pelo mundo pela eliminação de todos os sinais religiosos em escolas ou outros espaços.

O Concílio Vaticano II, na Constituição sobre a Igreja no mundo Contemporâneo, Gaudium et Spes (Cf. número 36) já constatava que muitos parecem temer que a íntima ligação entre a atividade humana e a religião constitua um obstáculo para a autonomia dos homens, das sociedades ou das ciências. Se por autonomia das realidades terrenas se entende que as coisas criadas e as próprias sociedades têm leis e valores próprios, que o homem irá gradualmente descobrindo, utilizando e organizando, é perfeitamente legítimo exigir tal autonomia. Se, porém, com as palavras autonomia das realidades temporais se entende que as criaturas não dependem de Deus e que o homem pode usar delas sem ordená-las ao Criador, ninguém que acredite em Deus deixa de ver a falsidade de tais afirmações. Pois, sem o Criador, a criatura não subsiste. De resto, todas as pessoas de fé, de qualquer religião, sempre souberam ouvir a sua voz e manifestação na linguagem das criaturas. Antes, se se esquece Deus, a própria criatura se obscurece.

Vivemos uma grande batalha, na qual não nos é possível escolher, como cristãos, a não ser a dependência livre e realizadora de Deus e da força de sua Palavra. Os direitos de Deus se expressam magistralmente na palavra do Apóstolo: “Ninguém pode colocar outro alicerce diferente do que já está colocado: Jesus Cristo. Se então alguém edificar sobre esse alicerce com ouro, prata, pedras preciosas ou com madeira, feno, palha, a obra de cada um acabará sendo conhecida: o Dia a manifestará, pois ele se revela pelo fogo, e o fogo mostrará a qualidade da obra de cada um. Aquele cuja construção resistir ganhará o prêmio; aquele cuja obra for destruída perderá o prêmio – mas ele mesmo será salvo, como que através do fogo. Acaso não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós. Vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus” (I Cor 3, 11-17).

Por Dom Alberto Taveira Corrêa

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“Será que o novo papa acredita na evolução?”, perguntou um artigo publicado logo após a eleição do papa Francisco pelo Colégio Cardinalício. A resposta, que pretendia causar surpresa, foi “sim”. E o autor ainda assegurou: “Os católicos, em grande parte, não enxergam o xis da questão”.

Por quê? Porque a Igreja reconhece a existência de um processo evolutivo (Santo Agostinho o sugeriu já no século V d.C.), mas também insiste em afirmar que “o envolvimento de Deus” nesse processo deve ser reconhecido. O darwinismo, por sua vez, afirma que a evolução acontece através da sobrevivência de variações genéticas aleatórias, sem a orientação de nenhum propósito ou desígnio superior. Os comentaristas populares concluem, portanto, que a Igreja Católica não enxerga o xis da questão no tocante à biologia moderna e que a evolução e a criação não podem ser compatíveis.

O ateu e o fundamentalista concordam no seguinte erro de interpretação: o cristão escolhe a crença em detrimento da biologia. É o que Nietzsche chamou de “julgamento realmente cristão da ciência”, ou seja, uma “posição secundária, nada definitiva”. Para o ateu, isto é motivo de repúdio ao cristianismo; para o fundamentalista, é motivo para repudiar a biologia moderna.

Mas é aqui que, em grande parte, os comentaristas populares, e não os católicos, não enxergam o xis da questão: a teologia católica nunca concordou com esse tal “julgamento cristão”!

Os argumentos favoráveis ao desígnio inteligente, populares em especial nos círculos protestantes, assumem que os argumentos teológicos só podem valer quando os biológicos falham, e que a aparência de que existe um propósito na natureza só pode ser explicada pela invocação de um Criador divino, não por um mecanismo científico.

Acontece que, da perspectiva católica, esta é uma falsa dicotomia. O problema não é que Darwin tenha se livrado do conceito de desígnio na natureza: o problema é que as pessoas começaram a acreditar que o desígnio vai ou racha com a ciência natural.

A suposição de que a evolução biológica não tem nenhum propósito ou desígnio não entra em conflito com a teologia, porque é uma resposta a uma questão científica, não teológica. Como Tomás de Aquino enfatizou, muito antes da Revolução Científica, a ciência natural e a teologia não são corpos de conhecimento concorrentes; são, antes, formas distintas e complementares de investigação.

“Por que existe a cadeira?”. Segundo Aristóteles, esta pergunta pode ser interpretada de quatro maneiras diferentes, equivalendo a “Quem fez a cadeira?”; “Para quê?”; “Qual é a natureza dela?” e “De que ela é feita?”.

Cada forma de fazer a pergunta corresponde a uma diferente causa. A palavra “causa”, em grego antigo (aitia), também significa “razão”: a razão pela qual. Confundi-las leva ao absurdo: quando alguém pergunta “Quem fez a cadeira?”, é inapropriado responder “Para sentar-se!”. Cada pergunta pede o seu próprio tipo de resposta. Uma explicação completa, pensava Aristóteles, envolve as quatro perguntas e as suas respectivas respostas.

Que as quatro causas originais possam ser mantidas no âmbito da ciência moderna é coisa controversa. O que Aristóteles chamou de “causa formal”, que corresponde à natureza metafísica de uma coisa, foi atacado no início do período moderno pelos escritos de filósofos como Locke e Hume. Eles achavam que a ciência moderna pode explicar de que uma coisa é feita e quais são as suas leis de governo sem precisar falar muito sobre naturezas metafísicas.

Tenham as causas formais sido banidas ou não da ciência, o que Aristóteles chamou de “causas finais” (“para quê?”) é uma questão muito mais duradoura, pelo menos no campo da biologia.

Galileu, Newton e outros cientistas tinham dispensado o “para quê?” nas questões da física. A ciência moderna parecia capaz de explicar o mundo físico em termos puramente “mecanicistas”, sem recorrer a noções não-científicas como “desígnio” ou “propósito”. Mas muitos resistiram à intrusão da ciência moderna em território biológico.

A razão é que as causas mecanicistas pareceram incapazes de explicar o propósito ou a finalidade (o desígnio) observável ​​na natureza biológica. Os “vitalistas” alegaram que isto se deveu ao fato de a vida ser algo metafisicamente único; mesmo Kant, que não defendia os argumentos tradicionais a respeito de Deus, sugeriu que a natureza biológica indica o desígnio de uma espécie de Criador.

Darwin provou que a ciência moderna pode explicar o desígnio mostrando que ele é ilusório: a complexidade que parece ser marca de um Criador é o resultado final de variações aleatórias durante um longo período de tempo. Assim, banidas da física, as “causas finais” que tinham se refugiado na biologia foram expulsas de lá também.

Mas banir as “causas finais” da ciência não é bani-las de toda forma de explicação. Elas podem continuar a prosperar no domínio metafísico, como de fato continuam.

Darwin só mostrou que a biologia, como oposta, por exemplo, à metafísica, à teologia ou à ética, deve dispensar as “causas finais” como a física fez nos tempos de Newton. Isto só libera os biólogos da necessidade de responder a perguntas sobre o finalismo, deixando-nos livres para ainda lidar com elas se assim quisermos.

O problema não é Darwin, mas a noção moderna de que a teologia só pode discutir o que a ciência não consegue explicar. Porque a ciência não conseguiu explicar a ordem biológica em certo período, as pessoas começaram a acreditar que a ordem biológica estava a salvo do avanço científico. Mas se você professa a sua religião a partir das lacunas do conhecimento científico, você inevitavelmente será esmagado quando essas lacunas se fecharem.

É melhor seguir Tomás de Aquino, que fez uma distinção de natureza entre questões teológicas e natural-científicas.

Tanto a teologia quanto a biologia moderna perguntam: “Por que há seres humanos?”. Mas elas entendem a questão de forma diferente. Para a biologia moderna, a pergunta significa: “Quais são as partes constituintes dos seres humanos?”, “Como e quando os seres humanos entraram em cena?”. E as respostas para essas perguntas (“células e genes” ou “variações genéticas aleatórias ao longo do tempo”) são o que Tomás de Aquino chamou de causas “secundárias”. São explicações mundanas de coisas na natureza, que podem invocar leis probabilísticas, seleção natural ou o que a teoria científica mais recente sugerir de melhor.

Mas a teologia pergunta por aquilo que Tomás de Aquino chama de causas “primárias”: “Qual é a fonte extramundana do ser?”, “Qual é o significado e o desígnio da criação?”. Nem os registros fósseis, nem a seleção natural respondem a tais questões. E não porque sejam ferramentas defeituosas, mas porque não são as ferramentas adequadas para esta tarefa. Confundir questões teológicas e científicas é cometer um erro de categoria.

O conceito teológico de criação não é um conceito científico. O Deus da teologia católica não é, como Agostinho enfatizou, a ignição da existência, mas a sua causa em sentido não-temporal e metafísico. Deus dá origem e sustenta a existência, inundando-a de sentido: tenha o homem vindo ou não do peixe, do macaco ou poeira das estrelas, e sejam ou não probabilísticas as leis que regem essa evolução.

São os ideólogos contemporâneos do cientificismo os que “não enxergam o xis da questão” no tocante à evolução. A evolução não refuta Deus, assim como o electromagnetismo não refuta a consciência moral. E o papa Francisco não é o primeiro a reconhecer isso.

Fonte: Aleteia

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Às vezes parece que Deus se torna mudo diante do nosso sofrimento; mas não é assim.

Alguém já disse que “Deus não fala, mas que tudo fala de Deus”. Isto é, Deus fala pela Revelação e pela vida, mas esta linguagem tem de ser decifrada. Seus silêncios parentes são sábios e nos obrigam a exercitar o ouvido da alma, e criar novas antenas e ouvidos interiores, para ouvir a sua voz.

Só podemos ouvir a voz de Deus se caminharmos na fé, sem desanimar, fazendo a Sua vontade diariamente e com fidelidade. “O justo vive da fé”, diz São Paulo (Rm 1, 17); “Quem perseverar até o fim, será salvo”, acrescenta o Senhor (Mt 10, 22).

Deus não é indiferente diante dos acontecimentos deste mundo. Até o salmista tem a tentação de agir como os maus… mas depois entende a sua triste sorte:

“Por pouco meus pés tropeçavam; um nada, e meus passos deslizavam. Porque invejei os arrogantes, vendo a prosperidade dos ímpios. Para eles não existem tormentos, sua aparência é sadia e robusta; a fadiga dos mortais não os atinge, não são molestados como os outros…Refleti para compreender, e que fadiga era esta aos meus olhos! Até que entrei nos santuários divinos: entendi o destino deles! De fato, tu os pões em ladeiras, tu os fazes cair em ruínas. Ei-los num instante reduzidos ao terror, deixam de existir, perecem por causa do pavor!… Sim, os que se afastam de Ti se perdem… Quanto a mim, estar junto de Deus é o meu bem!”. (Sl 72, 2-5. 16-19.27s)

A Bíblia nos mostra que é exatamente nos momentos de maior luta, conflito, desespero e perplexidade que Deus prepara as suas ações mais belas.

A Páscoa cristã e a glória da Ressurreição de Jesus foram precedidas da cruel e dolorosa Paixão do Senhor, que deixou os Apóstolos atônitos e perdidos. Mas, na manhã do domingo, ficava claro que o “fracasso” do Mestre se transformara em inacreditável vitória sobre a morte.

Então, tudo se fez novo… Ele ressuscitou como o Kyrios, o Senhor da vida e da morte; a vida venceu a morte, as trevas foram dissipadas pela luz.

Deus já tinha prefigurado isto na história de Israel; quando da primeira Páscoa dos israelitas: estes se viram presos entre o Mar Vermelho e o exército do Faraó que os perseguia; não viam solução e muitos lamentaram e se desesperaram; mas Deus interveio de modo espetacular:

“O Senhor disse a Moisés: Por que clamas por mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E tu levanta a tua vara, estende a mão sobre o mar e divide-o para que os filhos de Israel caminhem em seco pelo meio do mar”. (Ex 14,9-16)

E o povo de Deus atravessou o mar a pé enxuto, enquanto os inimigos se afogaram. São os “paradoxos” da Providência Divina.

É no silêncio de Deus que o cristão aprende a crescer na fé e na confiança no Senhor. Não sejamos crianças na fé.

É preciso, então, não se deixar afundar na hora da tormenta, mas esperar com fé na Providência divina que não falha. No meio do fogo das tribulações, é preciso continuar a caminhar, ainda que gemendo e chorando, “como se visse o Invisível” (Hb 11, 27). [cpa_sofrendo_na_fe_5ed_]

Este “avançar na fé” pode ser comparado a um complicado jogo de “quebra-cabeça”; no seu início não temos a menor ideia do quadro a compor, parece que o quebra-cabeça não tem solução, a charada é desafiadora, mas, devagar, com paciência, vamos juntando as peças…começa a surgir alguma coisa. Ao se combinar as peças começa a aparecer o quadro, e então, vai ficando cada vez mais fácil, até o fim.

O plano de Deus para nós é assim; os fatos da vida, isolados, parecem não ter sentido, como as peças misturadas do quebra-cabeça, mas, quando os vamos juntando na fé e analisando-os na esperança, vemos a sua mensagem. Às vezes é preciso olhar peça por peça, sem saber qual é a próxima que virá. Mas é preciso ir em frente, caminhar com perseverança.

A grande Edith Stein disse uma bela verdade: “Não sei para onde Deus me leva, mas sei que é Ele que me conduz”. Isto basta. Não podemos esperar que a mensagem esteja decifrada para começar a caminhar; assim não começaríamos nunca a viagem. Nunca encontraremos um discurso de Deus para nós, pronto e claro, e nem um caminho nitidamente traçado; não, Deus nos conduz no “escuro da fé”, onde Ele vai nos falando durante o caminho, como fez com os discípulos de Emaús. E, se não caminharmos, não ouviremos a Sua voz.Por que Ele age assim? Na sua sabedoria infinita Ele tem motivos para agir assim conosco; logo, cabe a nós não nos calarmos diante Dele, mas responder na fé e na oração incessante. “O justo vive da fé”, diz São Paulo (Rm 1,17; Gl 3,11; Hb 10,38).Mais do que a nossa vitória, Deus espera a nossa luta determinada, com fé e perseverança. Quem tem fé sabe que não existe destino, acaso cego ou fatalidade, mas Providência divina, cuidado de Deus que tudo criou e que tudo providencia para o nosso bem. Mesmo dos piores sofrimentos Deus sabe tirar coisas boas, especialmente para a salvação da pessoa. Esta é a nossa fé!

Na terra, a vara de Moisés se transformava em uma horrível serpente, mas nas mãos de Moisés era milagrosa. Com ela Moisés feriu a rocha e dela brotou água no pleno deserto; com ela abriu o mar Vermelho.

Com a feiura de nossas tribulações, Deus pode fender a rocha dura do nosso coração e fazer brotar a água da graça.

Ninguém conhece os caminhos da Providência divina, por onde Ele passa, o que quer com este golpe, o que está fazendo com esta aflição, morte, fracasso, desemprego…

Muitas Ordens religiosas foram provadas terrivelmente até se firmarem. Mas, porque os seus fundadores não desanimaram e não desistiram, a Igreja se tornou rica e santa por causa delas.

Prof. Felipe Aquino

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Clem Pryke, Jamie Bock, Chao-Lin Kuo e John Kovac em conferência de imprensa, no Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, Massachussets.

Anunciada nos EUA uma descoberta que é um marco para a astrofísica

Liderados pelo astrônomo John M. Kovac, pesquisadores do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, da Universidade de Minnesota, do California Institute of Technology, da Universidade de Stanford e do Jet Propulsion Laboratory da NASA anunciaram a descoberta da “primeira evidência direta” daquilo que os cientistas chamam de “inflação cósmica”.

A expressão indica a teoria segundo a qual, no segundo imediato ao “Big Bang”, o universo expandiu-se a uma velocidade inimaginável. O “Big Bang” (ou “grande explosão”) é a teoria que prevalece na ciência a respeito da origem do mundo, embora com muitas variantes segundo os diversos postuladores.

O novo trabalho também forneceria a primeira demonstração da existência das ondas gravitacionais, ondulações do espaço-tempo, previstas por Albert Einstein, mas nunca detectadas.

Os pesquisadores trabalham no Observatório BICEP2 (Background Imaging of Cosmic Extragalactic Polarisation), um radiotelescópio instalado no Polo Sul.

A descoberta “nos fornece uma janela sobre o universo em seu comecinho”, explicou o físico teórico Lawrence Krauss, da Universidade Estadual de Arizona State University, que não está engajado no trabalho.

Para Krauss, os achados constituem o maior passo da astrofísica nos últimos 25 anos, pois constituiria um dos maiores avanços na compreensão da formação inicial do universo, comentou o Times of Israel.

Os pesquisadores expuseram sua descoberta em conferência de imprensa no Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics de Cambridge, Massachusetts, informou The Jerusalem Post.

“Este é o smoking gun da inflação cósmica” – comentou Marc Kamionkowski, físico teórico da Universidade Johns Hopkins.

A descoberta, entretanto, não teve repercussão só na ciência.

O professor Nathan Aviezer, da Universidade Bar Ilan, de Israel, e autor do livro In the Beginning (No começo), explicou que a descoberta vem em apoio do primeiro versículo do Gênesis, escreveu oThe Jerusalem Post.

Segundo o Prof. Aviezer, a teoria do Big Bang defende que o universo no primeiro instante teve a aparência de uma enorme bola de luz, resultado da Grande Explosão (o Big Bang).

Segundo o Prof. Aviezer, esta teoria cientifica, acrescida das novas descobertas, se encaixa perfeitamente com o Gênesis, que ensina: “Deus disse: ‘Faça-se a luz!’ E a luz foi feita” (Gen 1:3).

Por sua vez, o escritor e colaborador do Jerusalem Post, Izzy Greenberg, comentou o fato incontroverso: “Quando nós perguntamos como é que o mundo foi criado, podemos concluir que houve um ‘Big Bang’ e, portanto, um ‘Big Banger’ [Deus], pois a ciência não pode dizer o que é que causou o início, por que aconteceu e quando aconteceu”.

A Bíblia não é um livro científico, da mesma maneira que os livros científicos não são textos bíblicos ou dogmáticos. Misturar uma coisa com outra é um desserviço. Mas compreender as concordâncias entre um campo e outro é um fator de progresso.

Segundo o Prof. Joseph Silk, da Universidade da Califórnia e autor de recente livro sobre cosmologia moderna, “o Big Bang é a versão moderna da Criação do universo”, escreveu The Times of Israel.

No livro In the Beginning, o Prof. Aviezer cita até o Prêmio Nobel Paul Dirac, da Universidade de Cambridge: “Dirac diz muito claramente que a teoria do Big Bang implica em que ‘é certo que o universo começou num momento definido por um ato de Criação’, e Dirac é um grande ateu”.

Agora não é preciso recorrer à Bíblia para defender a Criação por Deus, disse o Prof. Aviezer. “É um exemplo da divina ironia que levou os cientistas ateus como Dirac e todos os outros a considerarem a verdade do Pentateuco. No momento atual, nós podemos dizer que a Criação é um fato científico”.

O Prof. Aviezer reconhece entrementes que não é finalidade da ciência provar empiricamente a existência de Deus, mas que ele quer apontar como as descobertas científicas concordam com o texto bíblico.

Porém, os cientistas que gostam de chamar a Idade Média de “era da escuridão”, de “noite medieval” e de outras denominações pouco elogiosas, levaram mais uma surpresa.

O físico Tom McLeish e seus colegas da Universidade de Durham, no Reino Unido, desenvolveram equações a partir do tratado De Luce – Sobre a Luz – escrito pelo teólogo medieval e bispo de Lincoln, D. Roberto Grosseteste (1168 – 1253).

E chegaram à conclusão de que a teoria do Big Bang, uma das principais teorias cosmológicas da atualidade, foi elaborada primevamente por esse mestre medieval. E mais, ela está inspirando os cientistas atuais a melhorarem suas próprias teorias.

A publicação especializada The New Scientist dedicou artigos ao mestre medieval, entre os quaisMedieval multiverse heralded modern cosmic conundrums” , vertido ao português por “Inovação Tecnológica”.

O primeiro a retomar a teoria da expansão do universo no século XX foi o sacerdote, físico e astrônomo belgMons. Georges Lemaître, (1894–1966) professor de Física na Universidade católica de Louvain.

Quando os físicos da Universidade de Durham traduziram do latim o tratado do grande bispo de Lincoln do século XIII, e transformaram suas afirmações em equações matemáticas, descobriram que o teólogo previu a avançada ideia dos multiversos em 1225.

“Nós tentamos traduzir matematicamente o que ele disse em palavras em latim,” disse McLeish. “Então você tem um conjunto de equações que podem ser inseridas no computador e resolvidas. Estamos explorando matematicamente um novo tipo de universo, que é o que os teóricos das cordas fazem o tempo todo. Apenas estamos sendo teóricos das cordas medievais.”

D. Roberto foi apelidado de Grosseteste pela sua extraordinária capacidade intelectual (Grosse = grande + teste = cabeça). Foi doutor da Escolástica – a mesma escola de Santo Tomás de Aquino e dos grandes mestres medievais – e fundador da escola Franciscana de Oxford.

Ele estudou as obras de Aristóteles, que explicam o movimento das estrelas incorporando a Terra numa série de nove esferas celestes concêntricas.

As coincidências das conclusões de D. Roberto Grosseteste com a teoria cosmológica contemporânea são estarrecedoras, escreveu The New Scientist.

No tratado Sobre a Luz, Grosseteste propôs que o universo concêntrico começou com um flash de luz emitido a partir de um ponto minúsculo, formando uma grande esfera. Isto é o que os cientistas hoje estão tentando demostrar empiricamente.

E as similaridades continuam: Grosseteste propõe que a luz e a matéria são intimamente relacionadas – essencialmente acopladas.

Quando o pulso inicial de luz-matéria em expansão alcançou uma densidade mínima, o universo entrou no que ele chamou de um estado perfeito e parou de se expandir. Esta esfera perfeita emitiu então uma forma diferente de luz que ele chamou de lumen, a qual se propagou para dentro varrendo a matéria “imperfeita”, comprimindo-a como um floco de algodão.

A região menos densa de luz-matéria que restou pode então chegar ao seu estado perfeito e cristalizar-se em uma nova esfera embutida na primeira, que emitiria então seu próprio lumen. Este processo se repetiu até que restou apenas um núcleo de matéria imperfeita, que por sua vez deu origem à Terra.

O reconhecimento da grandiosidade da ideias do autor medieval pode ser uma forma de reatar os laços dos cientistas acadêmicos modernos com seus mestres, escreveu “Inovação Tecnológica”.

Traduzindo em números, a equipe de McLeish descobriu que o modelo resultante produz exatamente o tipo de universo que Grosseteste estava descrevendo: esferas concêntricas que se propagam para dentro.

Ainda há muito a se descobrir, corrigir e acrescentar. Porém, uma coisa parece certa: quanto mais a ciência se aprofunda, mais se aproxima de seus limites, após os quais aparece o Criador em todo seu poder e magnificência.

Bibliografia:

A Medieval Multiverse: Mathematical Modelling of the 13th Century Universe of Robert Grosseteste, Richard G. Bower, Tom C. B. McLeish, Brian K. Tanner, Hannah E. Smithson, Cecilia Panti, Neil Lewis, Proceedings of the Royal Society A, Vol.: 507, 161-163. DOI: 10.1038/507161a.

History: A medieval multiverse ; Tom C. B. McLeish, Richard G. Bower, Brian K. Tanner, Hannah E. Smithson, Cecilia Panti, Neil Lewis, Giles E. M. Gasper, Nature Vol.: 507, 161-163. DOI: 10.1038/507161a.

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Depender de Deus não significa suprimir a liberdade humana

Os cristãos não acreditam em destino no sentido de fatalidade, pois creem que Deus os criou livres e inteligentes, responsáveis por seus atos. Os cristãos creem em destino no sentido de vocação para o amor, à qual Deus os chama e os conduz com sua Providência. Seu destino é chegar livremente à perfeição última, que é participar do amor de Deus.

1. O pensamento cristão é contrário à crença em uma força cega que conduza o homem para um determinado fim. Deus criou o homem inteligente e livre, portanto, responsável pelos seus atos. Sendo assim, o cristão não deve acreditar em destino, que, no sentido de fatalidade, é um conceito mitológico pagão.

A mitologia grega chamava o Destino de ‘Moira’. Ela era a própria condição constitutiva dos diferentes deuses dessa mitologia. Ou seja, a Moira atribuía aos deuses seus campos de ação, suas honras e privilégios. Assim, a Moira exerceria sua ação sobre os seres diante da impossibilidade de cada ser ultrapassar seus limites. Nesse sentido, seus decretos eram imutáveis.

Essa representação é anterior ao cristianismo e difunde a ideia de que por trás dos acontecimentos da vida possa existir algo de inevitável, de fatal, que ultrapasse a liberdade do homem. Como se certos eventos e fatos já tivessem sido escritos previamente, sem nunca poderem ser mudados.

Mas o pensamento cristão nega que o mundo e os acontecimentos da vida sejam produto de uma força obscura – ora benéfica, ora maléfica – que se impõe sobre os seres humanos. Para os cristãos, Deus criou o mundo segundo sua bondade e sabedoria; e quis fazer as criaturas, de acordo com suas capacidades, participarem de seu ser e de sua bondade (CIC, n. 295).

2. Dotado de inteligência e liberdade, o homem deve se responsabilizar por suas escolhas e atitudes. Assim, ele não pode creditar na conta do destino as consequências de suas próprias ações.

Deus não apenas cria o mundo e dá aos homens e às mulheres o existir. Ele também lhes concede a capacidade de contribuir em sua obra, ou seja, de participar do aperfeiçoamento e da harmonização do mundo. Ele dá aos seres humanos, dotados de inteligência e vontade, a dignidade de agir por eles mesmos, com liberdade.

O pensamento cristão confere tal valor à liberdade do homem que afirma que ela é um “sinal eminente da imagem de Deus” (CIC, n. 1705). Portanto, se o ser humano é livre para agir segundo sua inteligência, como ele poderia estar preso a decretos preestabelecidos sobre acontecimentos inevitáveis em sua vida? Assim, o homem é sempre responsável por suas atitudes, ou seja, deve responder perante a comunidade humana e perante Deus por seus atos.

3. Ao invés de acreditar em destino, os cristãos creem na Providência Divina. O homem foi criado em estado de caminhada para uma perfeição última a ser ainda atingida, junto de Deus. Assim, a Providência Divina são as disposições pelas quais Deus conduz sua criação para esta perfeição.

A perfeição final à qual o ser humano está chamado, na vida eterna, consiste em participar da plenitude do amor que é Deus (CIC, 221). Essa comunhão com Deus supera a compreensão e a imaginação. A Bíblia fala desse estado em imagens: Paraíso, Jerusalém celeste, casa do Pai, felicidade, luz, vida, paz (CIC, 1027).

Mas aqui na vida terrena, os homens e as mulheres foram criados em estado de caminhada rumo a essa perfeição última. Nesse caminho, Deus não abandona o ser humano à sua própria sorte. Ele o sustenta, prestando seu auxílio na condução da vida.

Essa relação expressa a dependência do homem de seu Criador. Reconhecer essa dependência em nada significa colocar em cheque a liberdade humana ou falar em destino como fatalidade. Trata-se de um ato de humildade, fonte de sabedoria e liberdade, alegria e confiança (CIC 301).

Portanto, o modo de conduzir suas criaturas com sabedoria e amor – tendo em vista a meta da perfeição última junto de Deus – é o que se chama de Providência Divina.

Neste sentido, os cristãos acreditam que seu destino é acolher a este convite a viver a felicidade perfeita com Deus, respondendo todos os dias ao seu amor. Como indicava Santo Inácio de Loyola: rezar como se tudo dependesse de Deus, mas agir como se tudo dependesse de você. Em outras palavras, os cristãos são mais livres para agir quando se confiam à Providência Divina. Nela os cristãos acreditam e podem sempre confiar.

Referências:

Fonte:  Aleteia  e  CIC (Catecismo da Igreja Católica); o livro “Católicos Perguntam”, de D. Estêvão Bettencourt, OSB (Ed. O Mensageiro de Santo Antonio, São Paulo, 1997); o livro “Teogonia – A origem dos deuses”, de Hesíodo (Ed. Iluminuras, São Paulo, 1991, com estudo de Jaa Torrano).

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A moral ideal convive com a razão e a lei inscrita no coração

Com certa força, reivindica-se hoje a aprovação de certas leis cuja índole a Igreja desaprova, o que constitui cada vez mais um desafio. Na verdade, o pós-modernismo tem tendência a desprezar as raízes da sua própria civilização, recusar qualquer hierarquia e suas representações e distanciar-se do Absoluto. Com reflexos no âmbito moral, este posicionamento fez com alguns pensadores pugnem por uma ética que não obrigue o legislador a ser influenciado por uma moral que se apoia na lei natural, a fim de unir os homens e fazê-los viver como se Deus não existisse.[1]

Entretanto, Sergio Belardinelli repara que “o esforço moderno de construir uma sociedade justa, feita de homens capazes de reconhecerem-se reciprocamente como se Deus não existisse, tem-se revelado um desastre”.[2] E adverte que pensar um mundo sem Deus, poderá significar em descaracterização e comprometimento do próprio homem. Flavia Monceri vai mais longe e pensa mesmo chamar ao diálogo aqueles que, sendo contrários à Igreja, possuem a responsabilidade histórica por tomarem certas posições filosóficas que resultaram no secularismo e no relativismo e consequente deriva niquilista da sociedade ocidental.[3]

Não é qualquer moral que é ” amiga da pessoa humana”, conforme ensina Bento XVI na Caritas in Veritate (n. 45). É necessária uma moral descomprometida com ideologias e divergências, que não se submeta a tendências relativistas e transitórias de tempo e de lugar, mas que possa invariavelmente considerar o homem como imagem de Deus (Gn 1, 27). Esta moral não prescinde da razão, mas convive continuamente com Ela, tonificando-se por um lado e purificando-a por outro, a fim de que não se sobreponham interesses pessoais, mas subsista “a dignidade inviolável da pessoa humana e também o valor transcendente das normas morais naturais” (Caritas in Veritate, n. 45).

Em nossos dias, partindo da Revelação, a Igreja continua a provocar aquelas opções humanas redutoras do ser a utilitarismos hedonistas, egoístas e materialistas. Ela observa, julga e interage, colabora e intervém, para garantir que as perenes referências éticas não desrespeitem os mais básicos direitos humanos. Cria espaços para denunciar sempre que são feridos os princípios mais elementares da liberdade e da legítima autonomia institucional, ou mesmo quando certas decisões, apoiadas por massas equivocadas, optam por posições contrárias à dignidade e existência do ser, ou corrompem a reta razão e aquela ordem cujas referências nos foram deixadas pela Sabedoria Eterna e Encarnada.

Por Padre José Victorino de Andrade, EP

[1] Cf. LECALDANO, Eugenio (2008). Un’etica senza Dio. Roma: Laterza. Também HOTTOIS, Gilbert (2005). De la Renaissance à la Postmodernité: Une histoire de la philosophie moderne et contemporaine. 3. ed. Bruxelles: De Boeck Supérieur.
[2] D’AGOSTINO, Francesco et all. Cinisello Balsamo (It): San Paolo Edizioni. p. 146
[3] Idem.
Fonte: Gauduim Press

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A Igreja não é contra a teoria da evolução, desde que seja entendido que esta evolução foi querida por Deus, programada e executada por Ele. A Igreja também não abre mão de que a alma humana, imortal e racional, é criada diretamente por Deus e colocada na pessoa no instante da sua concepção, quando o óvulo feminino é fecundado pelo sêmen masculino.

Dentro dessa ótica, a Igreja aceita a teoria do início do mundo a partir do Big Bang, a grande explosão que teria dado inicio ao universo hoje conhecido. Mas o que é o Big Bang?

No início do século os astrônomos começaram a mapear o Universo, e descobriram que as galáxias pareciam estar se afastando da Terra com velocidades cada vez maiores, de modo que quanto mais longe estivessem tanto maior era a sua “velocidade de fuga”. Era como se os grupos de galáxias fossem partes de uma explosão acontecida a bilhões de anos. Daí nasceu a teoria do Big-Bang (grande explosão), segundo a qual o Universo começou a partir dos fragmentos desta gigantesca explosão.

A partir das velocidades relativas, observadas nas galáxias mais distantes, a época da explosão foi calculada em aproximadamente 15 bilhões de anos. Uma matéria ultra-comprimida teria explodido numa nuvem de energia e partículas elementares, aquecidas a uma temperatura inimaginável de bilhões de graus Celcius. Dentro desta esfera havia apenas fótons e nêutrons comprimidos de modo tal que um litro dessa matéria pesaria bilhões de toneladas e tinha a temperatura de 1015 (= 1 seguido de 15 zeros) graus C. Essa esfera teria explodido, jogando no vazio a matéria com a velocidade da luz.

Apenas um centésimo de segundo após essa grande explosão, a temperatura descera a 300 bilhões de graus C; os fótons e os nêutrons se condensaram em elétrons e núcleos, dando origem a uma massa de hidrogênio incandescente, que aos poucos foi se condensando em galáxias de estrelas. No interior das estrelas, a cerca de 20 milhões de graus, esse hidrogênio foi se transformando em hélio, num processo de combustão que liberava enormes quantidades de energia. Em seguida, num complexo processo de evolução química, esse hélio se converteu em outros elementos (oxigênio, carbono, nitrogênio, ferro…), que se encontram nas estrelas.

Alguns bilhões de anos após a explosão inicial, originaram-se as estrelas, os planetas, os asteróides e os satélites que constituem o nosso sistema solar e o universo inteiro. Sabe-se hoje que o espaço é perpassado por um campo de radiações, que têm a temperatura de 2,7 graus absolutos (270 graus centígrados abaixo de zero). Essas radiações são o resíduo da radiação muito mais intensa e quente que devia perpassar o universo nas suas fases iniciais de existência. Por efeito do processo de expansão devido ao big-bang inicial, a radiação eletro-magnética originária teve que diminuir a sua temperatura até chegar hoje, 15 bilhões de anos depois, a uma temperatura próxima do zero absoluto.

A presença dessa radiação, que perpassa o universo e que é prevista pela teoria do big-bang, poderia ser a prova mais convincente desta teoria, que ainda não é aceita por todos os astrônomos e físicos. Um pequeno grupo acredita que o Universo é eterno, isto é, não teve começo e nem terá fim. É a teoria do estado constante. A fé não aceita esta teoria, pois a eternidade do Universo faria dele um Absoluto, um Deus. Só Deus é eterno; só Deus não teve começo e não terá fim. O eterno é perfeito; não evolui, como o Universo evolui, teve início e terá fim.

Para os físicos modernos, a melhor explicação da origem do universo está na teoria do Big Bang, que tem sido estudada exaustivamente; e a Igreja não a desaprova, desde que se considere o que foi dito acima.

Prof. Felipe Aquino

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De acordo com uma pesquisa realizada em 65 países, envolvendo 66.806 pessoas, a religião continua sendo importante para a maioria das pessoas. Também é considerada “positiva” para a maior parte dos entrevistados.

O material divulgado pela WIN Internacional mostra que 59% dos entrevistados disseram que a religião é positiva, enquanto 22% consideram negativa e 14% acreditam que é “neutra”, ou seja, não faz nenhuma diferença.

O estudo foi feito em 2013, mas só foi divulgado esta semana. Ele revela diferenças marcantes entre regiões do mundo e até mesmo entre países da mesma região e com as tradições culturais semelhantes. De modo geral os entrevistados cristãos são mais otimistas, com 72% afirmando ser positiva a influência. Os hindus sãos os mais pessimistas, com apenas 55% dizendo crer nisso.

Os maiores contrastes foram na África (76% positivo X 11% negativo), no Oriente Médio e Norte da África (71% X 21%) e nas Américas (68% X 14%). A diferença diminuiu na Ásia (60% X 23%) e Leste Europeu (54% X 21%). A Europa Ocidental aparece por último, sendo a região onde a religião recebe críticas mais duras (36% positivo, 32% negativo e 26% neutra).

Na América Latina, a religião é bem vista pela grande maioria das pessoas, com o Brasil no topo do ranking, com quase 80% de aprovação. Os uruguaios são os que mais criticam.

Em muitos lugares que tem uma longa tradição religiosa, os números de pessoas com visão negativa impressiona. Por exemplo, na Dinamarca 59% dos entrevistados disseram que ela tem um papel negativo.

Há alguns contrastes interessantes. Na Itália (80% de católicos), 52% dos entrevistados acreditam que a religião é positiva e 25% negativa, enquanto em Espanha (60% católicos) as percentagens são invertidas: 50% negativa e apenas 28% positiva. 

 CBN e Christian Today.

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A dupla de compositores Robert Lopez e Kristen Anderson-Lopez é responsável por uma série de composições de sucesso. Eles são casados e juntos escreveram uma das músicas mais populares para o cinema nos últimos anos, parte da trilha sonora da animação “Frozen: Uma Aventura Congelante”.

A mais recente produção da Disney teve enorme sucesso no mundo todo. Trata-se da animação com a maior arrecadação na história do cinema, cujo faturamento passou de 1 bilhão de dólares. A música “Let It Go” ganhou o Oscar e ajudou a trilha de “Frozen” a chegar ao topo das paradas dos EUA.

Os compositores, que são cristãos, deram uma entrevista para a rede NPR recentemente e afirmaram que o grupo Disney não só evita temas religiosos em seus filmes, mas a própria palavra “Deus” é proibida.

“É engraçado”, disse Kristen. “Um das únicas coisas que você tem que evitar na Disney são temas religiosos, a palavra Deus.” Robert e Kristen afirmaram que empresa não proíbe as pessoas de serem religiosas. “Você pode falar sobre Deus dentro da empresa, mas não pode colocar [a palavra] nos filmes.” Mesmo em filmes do estúdio que se passam no Natal, não existem referências a Jesus ou seu nascimento.

Uma das únicas exceções é a trilha sonora do filme o Corcunda de Notre Dame (1996), que incluiu a balada “God Help The Outcasts” [Deus ajude os excluídos]. O que não é de se estranhar já que Notre Dame é uma igreja. Segundo a maioria das biografia sobre Walt Disney, o desenhista foi criando em uma família evangélica, membro da Igreja Congregacional, mas ele não era um cristão ativo.

Mesmo assim, em uma matéria da revista Guideposts de 1949, Walt Disney declarou: “Acredito firmemente na eficácia da religião e sua forte influência sobre toda a vida de uma pessoa. Tudo que eu peço de mim mesmo é ‘viva uma boa vida cristã’”.  Com informações The Blaze e Christianity Today

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O mundo da Astronomia e da astrofísica foi abalado no mês passado (março de 2014) com o fantástico anúncio de que cientistas americanos (John kovac e sua equipe) detectaram a  confirmação da expansão violenta do Universo (chamada de Big Bang). Esta expansão ou “inflação cósmica” foi um processo que aconteceu no primeiro trilionésimo de trilionésimo de trilionésimo de segundo (1: 1.10-36) após o nascimento do cosmos.

Os astrônomos detectaram marcas deixas pelas “ondas gravitacionais” na “radiação cósmica de fundo” (um campo eletromagnético) – ambas geradas pela inflação cósmica – , o que comprova o Big Bang, previsto a primeira vez pelo Padre católico e astrofísico, jesuíta, belga, George Lamaitre.

A inflação cósmica gerou duas perturbações: as ondas gravitacionais e as ondas de densidade que criaram áreas com temperaturas diferentes na radiação de fundo.

O que existia antes do Big Bang? Um ponto com energia e massa infinitas que os astrônomos chamam de “singularidade”. Para eles, as leis da natureza, incluindo a do tempo, ainda não haviam sido criadas. Esta inflação cósmica, abrupta, se deu a partir de um ponto com raio de um bilionésimo (1:10-9) de um próton. Até 3 minutos, os prótons e neutros se fundiram e criaram os primeiros núcleos atômicos. Neste período foram definidas as Leis Naturais, que vão comandar todo o processo até o fim dos tempos. Esses núcleos atômicos atraíram os elétrons livres e assim foram criados os átomos.  A radiação cósmica de fundo  e os fótons passaram a emitir luz. É o que o livro do Gênesis narra: “Deus disse: faça-se a luz (“fiat lux”). E a luz foi feita”.

Em seguida a gravidade condensou nuvens de poeira e gás, criando as estrelas. Tudo isso se deu a 13,8 bilhões de anos. Há 4,6 bilhões de anos surgiu o nosso Sistema Solar. Há 27 000 anos a terra já existia mas estava coberta de gelo; pois passava por um período glacial severo.  Quem fez tudo isso?

É claro que só Deus poderia ter gerado tudo isso.

  • Agora (09/04/2014), três físicos da Academia Chinesa de Ciências, Dongshan He, Dongfeng Gao e Qing-yu Cai, num artigo recém-publicado na rigorosa revista científica “Physical Review D”, disseram que o cosmos inteiro, tudo que existe, “teria nascido do nada”. Eles afirmaram: “Neste trabalho, nós apresentamos esta prova, baseados nas soluções analíticas da equação de Wheeler-DeWitt”. O título do trabalho é “Criação espontânea do Universo a partir do nada”. “http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2014/04/09/universo-veio-do-nada-dizem-fisicos/

Esse “espontânea”, certamente foi colocado com o objetivo de retirar a ação Deus na obra da criação do universo. Mas a Igreja sempre afirmou que para tirar algo do nada é preciso “um poder infinito” que só Deus onipotente, tem. Então, mesmo sem querer, os físicos chineses estão comprovando o que a Igreja afirma no Catecismo, quando diz que:

            “Cremos que Deus não precisa de nada preexistente nem de nenhuma ajuda para criar. A criação também não é uma emanação necessária da substância divina. Deus cria livremente “do nada” (§296).

            São Teófilo de Antioquia já perguntava:

“Que haveria de extraordinário se Deus tivesse tirado o mundo de uma matéria preexistente? Um artífice humano, quando se lhe dá um material, faz dele tudo o que quiser. Ao passo que o poder de Deus se mostra precisamente quando parte do nada para fazer tudo o que quer”. (Ad Autolicum II, 4: PG 6, 1052s).

A mãe dos sete filhos macabeus, martirizados por Antíoco Epífanes,  ao encorajá-los  ao martírio, lhes diz: “Foi o Criador do mundo que formou o homem em seu nascimento e deu origem a todas as coisas… Eu te suplico, meu filho, contempla o céu e a terra e observa tudo o que neles existe. Reconhece que não foi de coisas existentes que Deus os fez, e que também o gênero humano surgiu da mesma forma (2Mc 7,22-23.28).

            A Carta aos hebreus diz que: “Foi pela fé que compreendemos que os mundos foram formados por uma palavra de Deus. Por isso é que o mundo visível não tem sua origem em coisas manifestas” (Hb 11,3).

“No princípio, Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1).

O verbo “criar” – em hebraico, ”bara” sempre tem como sujeito Deus, e se refere a “tirar algo do nada”.

            O Novo Testamento revela que Deus criou tudo por meio do Verbo Eterno, seu Filho bem-amado. Nele “foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra… tudo foi criado por Ele e para Ele é antes de tudo e tudo nele subsiste” (Cl 1,16-17). “No princípio era o Verbo… e o Verbo era Deus… Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito” (Jo 1,1-3).

“O mundo foi criado para a glória de Deus” (§293). “Tudo o que criastes proclama o vosso louvor”, “o céu e a terra proclamam a vossa glória”, reza a Liturgia. São Tomás de Aquino diz que: “Aberta a mão pela chave do amor, as criaturas surgiram”. (§293)

A Igreja ensina que a meta de toda a criação é o homem: Fazer de nós “filhos adotivos por Jesus Cristo: conforme o beneplácito de sua vontade para louvor à glória da sua graça” (Ef 1,5-6): “Pois a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus”, dizia Santo Irineu de Lião. A criação está dirigida ao homem, imagem de Deus” (§299).

            A Igreja ensina que “O mundo não é o produto de uma necessidade qualquer, de um destino cego ou do acaso. Cremos que o mundo procede da vontade livre de Deus, que quis fazer as criaturas participarem de seu ser, de sua sabedoria e de sua bondade (§295).

 “Pois tu criaste todas as coisas; por tua vontade é que elas existiam e foram criadas” (Ap 4,11). “Quão numerosas são as tuas obras, Senhor, e todas fizeste com sabedoria!” (Sl 104,24). “O Senhor é bom para todos, compassivo com todas as suas obras” (Sl 145,9).

Que beleza e que alegria! Mais uma vez a ciência vem mostrar que “Deus criou tudo do nada”, com amor, sabedoria, poder e bondade: “Tu dispuseste tudo com medida, número e peso” (Sb 11,20).

***

Autor: Prof. Dr. Felipe Aquino 

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Quantas vezes estabelecemos como metas da nossa vida coisas que, na verdade, são expectativas que os outros têm com relação a nós: pais, cônjuge, filhos, amigos, vizinhos…! Mas será que precisamos mesmo ser complacentes com a imagem que os outros têm de nós?
 
As correntes podem ser muito pesadas em nossa vida – ainda que sejam correntes invisíveis.
 
Certa vez, um amigo me contou que estava abandonando tudo o que, até aquele momento, constituía sua forma de viver. E fez isso porque percebeu que, até então, ele só tinha procurado estar à altura das exigências dos outros. E assim, havia escolhido um estado de vida determinado e havia se comportado segundo o que se esperava dele.
 
Por uma circunstância particular, “a ficha caiu” em sua vida e ele decidiu vivê-la “sozinho”, ou seja, de acordo com o que sua consciência lhe ditava. Por isso, surpreendeu-me o que ele estava me contando. Hoje, eu o vejo muito feliz com essa sua determinação vital.
 
Quantas pessoas ainda vivem da maneira como ele vivia? A pressão social os condiciona e preferem agradar o outro ao invés de angustiar-se com respostas vivenciais que sejam contrárias às que eles escolheriam.
 
Note-se que não estou falando de escolher o mal: refiro-me a escolher entre duas coisas que são igualmente boas e honestas.
 
Esta é a sede mais importante do nosso mundo atual. No entanto, em nome da autenticidade, são feitos muitos absurdos. Porque a autenticidade não é fazer o que me vem à mente em determinado momento, mas todo o contrário.
 
A autenticidade é a fidelidade ao próprio ser, não à percepção que tenho de mim. Por isso, a verdadeira autenticidade nasce de encontrar as raízes próprias de quem sou eu. E isso tem uma fonte precisa: Deus e seu plano de amor. Que me criou, redimiu e santificou.
 
A autenticidade não passa por estar à altura das expectativas dos que me rodeiam. Nem aos meus interesses pessoais. A verdadeira autenticidade exige a fidelidade à vontade de Deus.
                                                                                                                            

Autor: Padre Fabian

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Milhares de livros de autoajuda são publicados todos os anos, prometendo as chaves da felicidade, da transformação e da vida significativa. Mas um livro de memórias de 1946, cujo pano de fundo é um dos capítulos mais cruéis e mais terríveis da história da humanidade, afirma que a chave da felicidade está precisamente em parar de correr atrás da felicidade.
 
“Em busca de sentido”, do psiquiatra austríaco ViktorFrankl, é um poderoso livro de memórias psicológicas e de reflexões sobre a experiência do autor em Auschwitz. A obra argumenta que o significado, e não o sucesso ou a felicidade, é que deve ser buscado na vida humana. O livro apresenta a teoria da logoterapia deFrankl, que sustenta que o impulso fundamental do homem é encontrar “o significado potencial da vida em quaisquer condições”. Frankl escreveu: “A vida nunca se torna insuportável por causa das circunstâncias, mas somente por falta de significado e de propósito”.
 
Frankl teorizou que foi graças a esse senso de propósito que os sobreviventes do Holocausto conseguiram superar aquela provação extrema. Mesmo nas piores circunstâncias imagináveis​​, Frankl mantém firme a crença de que o espírito do homem pode se elevar acima de tudo aquilo que o circunda. “Quando não conseguimos mais mudar uma situação, temos o desafio de mudar a nós mesmos”, escreveu ele.
 
De modo aparentemente paradoxal, foi num período de tragédia e sofrimento sem sentido que Frankl pôde darsentido à experiência humana, além de documentar e explorar a busca universal de sentido de uma forma que nunca tinha sido articulada antes. Em 1959, o psicólogo americano Carl Rogers declarou que o trabalho deFrankl é “uma das contribuições mais relevantes para o pensamento psicológico nos últimos 50 anos”.
 
As palavras elogiosas de Roger são, no mínimo, uma subvalorização. Até 1997, o ano da morte de Frankl, o seu livro tinha vendido mais de 10 milhões de cópias, já era usado como livro-texto em cursos e faculdades e tinha sido reimpresso 73 vezes, além de traduzido para 24 idiomas, de acordo com o obituário de Frankl no New York Times.
 
Frankl reitera ao longo do livro que, mesmo quando todo o resto lhe for arrancado, o homem ainda tem a sua última liberdade: a de “escolher que atitude tomar em um determinado conjunto de circunstâncias”. Essa ideia de que o homem pode superar suas circunstâncias através da atitude remonta aos antigos filósofos estoicos e ainda permeia grande parte do nosso atual conceito de resiliência. Frankl fornece evidências práticas e teóricas da sua poderosa verdade.
 
“Quem tem um ‘porquê’ de viver pode suportar quase qualquer ‘como’”, escreve Frankl, citando Nietzsche.Frankl não estava apenas falando da boca para fora ao defender o poder do otimismo e do senso de propósito: ele próprio tinha passado pelo pior ‘como’ possível, sendo prisioneiro em Auschwitz e perdendo pai, mãe, irmão e esposa grávida nos campos de concentração; toda a família, exceto a irmã.
 
Como foi então que Frankl, confrontado com a própria morte e com a execução brutal das outras pessoas, ainda pôde pensar que a vida valia a pena? Franklafirma que é “a vontade de sentido” do homem o que lhe permite resistir ao sofrimento e à dor sem sentido: a vida é sofrimento e, para termos qualquer esperança de sobreviver ou prosperar, precisamos encontrar sentidoneste sofrimento. Tomamos a decisão de seguir em frente, de continuar acordando e vivendo dia após dia porque acreditamos que existe um propósito maior e um senso de responsabilidade na nossa vida; que o nosso sofrimento não é em vão.
 
“De certa forma,o sofrimento deixa de ser sofrimento quando encontra um significado, como o significado de um sacrifício”, escreveu Frankl.
 
Para Frankl, os entes queridos, a religião, o senso de humor, podem trazer significado ao indivíduo em épocas de grande sofrimento.
 
O significado pode vir de várias fontes diferentes, mas nenhuma é mais poderosa e mais transformadora do que o amor. Frankl escreve que, nas trincheiras de Auschwitz, ele experimentou a verdade do velho clichê que diz que “a única coisa de que você precisa é o amor”. Esta epifania foi inspirada por pensamentos da sua esposa durante a marcha diária dos prisioneiros, de manhã cedo, até o local de trabalho:
 
“Pela primeira vez na minha vida, eu vi a verdade tal como ela é cantada por tantos poetas e proclamada como a máxima sabedoria por tantos pensadores. A verdade – que o Amor é o objetivo final e mais alto a que o homem pode aspirar. Eu então percebi o significado do maior segredo que a poesia humana, o pensamento humano e a crença humana podem revelar: a salvação do homem vem através do amor e no amor.”
 
Pensar em sua amada, escreve ele, permitiu que um homem conhecesse a felicidade durante um instante, mesmo quando todo o resto tinha sido arrancado dele.
 
Se há uma conclusão a ser tirada de “Em busca de sentido”, é que o amor é o nosso maior objetivo possível. É uma conclusão apoiada não só por inúmeros testemunhos individuais, mas também pelo Harvard Grant Study, que acompanhou a vida de 268 estudantes de Harvard, todos homens, coletando dados em intervalos regulares ao longo de décadas. O diretor do estudo, George Vaillant, disse que esse trabalho revelou dois pilares básicos da felicidade: “Uma é o amor. A outra é encontrar uma forma de lidar com a vida que não deixe o amor de fora”.
 
Frankl acredita que optar pelo riso e pelo senso de humor nos ajudar a “elevar-nos em qualquer situação”. E Frankl queria mesmo dizer “qualquer” situação. Ele conta, por exemplo, que os prisioneiros de Auschwitz encontravam pequenos momentos de descontração nos quais contavam piadas e riam juntos.
 
“O esforço por desenvolver o senso de humor e ver as coisas em uma perspectiva bem-humorada é um truque que se aprende enquanto se aprende a arte de viver”, escreve Frankl. “E é possível praticar a arte de viver mesmo num campo de concentração, onde o sofrimento é onipresente.”
 
Frankl lamentou que a sociedade moderna tenda a se orientar para o “resultado”, que desvaloriza quem não é necessariamente tão “bem sucedido e feliz” quanto os outros. Seu conselho para viver uma vida feliz (e bem sucedida) é não perseguir o sucesso, mas dedicar-se a algo maior que si mesmo e deixar que o sucesso venha como consequência inevitável dessa dedicação.
 
Em seu prefácio à edição de 1992, Frankl implorou que o leitor seguisse a sua consciência acima de tudo:
 
“Não almeje o sucesso. Quanto mais você o almejar e fizer dele um alvo, mais você se afastará dele. O sucesso, assim como a felicidade, não pode ser perseguido; ele deve acontecer, e só acontece como efeito colateral da sua dedicação pessoal a uma causa maior do que você mesmo ou como subproduto da sua entrega a uma pessoa que não é você mesmo. A felicidade deve acontecer, e o mesmo vale para o sucesso: você deve deixá-la acontecer em vez de se preocupar com ela.”

sources: The Huffington Post

http://www.youtube.com/watch?v=OE6wT_Bq9Ac#t=247