A morte do vinil e o surgimento dos HDs pessoais multiplicaram a quantidade de informação gravada no mundo, mas tudo que já foi produzido pela humanidade ainda apanha feio de uma única célula humana.

Bem feio: há cerca de cem vezes mais informação codificada no DNA humano do que em todos os livros, CDs, computadores, negativos de fotos e todo tipo de lugar onde se armazenam dados, digitais ou analógicos.

A reportagem é de Giuliana Miranda, Ricardo Mioto e Luiz Gustavo Cristino e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 11-02-2011.

Isso não significa que não exista muita coisa arquivada por aí. Em números absolutos, podíamos armazenar, em 2007, ano analisado agora pelos cientistas, 295 exabytes. Isso equivale a cerca de 295 bilhões de gigabytes (um HD doméstico tem uns 300 gigabytes).

É o suficiente para encher 404 bilhões de CDs comuns que, empilhados, cobririam um pouco mais do que a distância da Terra à Lua.

Os números são de uma pesquisa americana, publicada na revista “Science”, que analisou os dados produzidos e armazenados pela humanidade entre 1986 e 2007. Ela mostra que os meios analógicos dominaram a lista até 2002, quando foram superados pelos digitais. Em 2007, essa já era a forma de armazenamento de 97% da informação.

Os dados guardados em papel, que, em 1986 já representavam apenas 0,33% do total, em 2007 passaram a representar 0,007% – qualquer vídeo de dez minutos no YouTubetem mais informação (“é mais pesado”, como se diz na internet) do que uma enciclopédia inteira.

“É o primeiro trabalho a quantificar como os seres humanos lidam com a informação”, dizMartin Hilbert, da Universidade da Carolina do Sul, que liderou o estudo.

EVOLUÇÃO

Em 1986, a quantidade de informação por pessoa poderia ser guardada em um CD-ROM de 730 MB, e ainda sobraria espaço. Em 1993, o número aumentou para 4 desses CDs. No ano 2000, eram 12 por pessoa.

A mudança mais perceptível foi em 2007, quando eram 61 desses discos por pessoa.

Os pesquisadores chegaram a esses números utilizando informações de várias origens. No que se refere aos dados armazenados digitalmente, usaram as informações industriais relativas à produção global histórica de dispositivos de memória.

Dados analógicos foram obtidos a partir de relatórios sobre a quantidade de livros, revistas e jornais existentes no mundo, utilizando pesquisas anteriores sobre o tema como referência.

Neste ritmo, a quantidade de informação armazenada pela humanidade só ultrapassará a que está “gravada” no DNA humano por volta do ano de 2039.

Os cientistas ainda debatem se toda a informação contida no DNA humano é fundamental para construir e manter o organismo.

“ZIPADO”

Para uniformizar a medição, os cientistas fizeram algo parecido com os softwares de compactação de arquivos – como os do tipo ZIP: diminuíram o tamanho dos arquivos retirando os trechos redundantes das mensagens.

Devido à grande quantidade de fontes, os pesquisadores não se preocuparam se as informações eram inéditas ou repetidas. O que foi considerado mais relevante era o tempo de armazenamento e e a finalidade com que os dados foram gravados.

Por isso, uma centena de cópias da ata de uma reunião distribuídas no evento não seriam consideradas, por exemplo. Sua finalidade não era armazenar a informação, apenas apresentá-la de forma passageira.

Uma formiga pode levantar até 100 vezes o seu peso. Como comparação, os atletas olímpicos podem, na melhor das situações, levantar o dobro do seu peso.

As formigas conseguem levantar tanto peso porque, sendo tão leves, as formigas usam apenas uma pequena parte dos seus músculos para controlarem os seus movimentos, deixando o resto da sua força para levantar pesos.

Portanto, à medida que os corpos na Terra vão ficando maiores, eles vão ficando proporcionalmente mais fracos.

A formiga carrega massas bem maiores que a sua, por conseguir eliminar grande parte da Força Gravitacional.

Motivo: Como sua quantidade de energia absoluta é menor que os grãos de areia sob suas patinhas, a energia da atmosfera, causadora da Força gravitacional que se dirige para a terra, se desvia em parte para a formiga, formando um campo que alivia o peso desta sobre a terra, assim como é feito pelo homem nos trens bala do Japão.

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<—– Parte da energia, força gravitacional, se dirige para a formiga.
Outra parte se dirige directamente para a terra.

O  peso que a formiga aguenta é variável de acordo com sua espécie. Destacando a Formiga Saúva que suporta até 15 vezes seu peso.

O bicho mais forte do mundo é o besouro-rinoceronte, suportando até 850 vezes seu peso, se comparássemos o ser humano, seria como um homem de 70kg conseguisse levantar 60 toneladas.


Para além da sua força impressionante, as formigas são (mais) uma maravilha do bio-design. O biólogo agnóstico Michael Denton tem isto a dizer sobre a tecnologia nas formigas:

Existem dezenas de exemplos onde avanços na tecnologia demonstraram o brilhantismo do design biológico. Um exemplo fascinante foi a construção da máquina soviética de exploração lunar que se move através de pernas articuladas: – a Lunakod.

Pernas, e não rodas, foram escolhidas devido a maior facilidade de movimentação que uma máquina articulada teria em atravessar o terreno irregular da Lua.

No seu todo, a Lunakod assemelha-se a uma formiga gigante, tanto assim que não era mais possível olhar para as pernas articuladas de um inseto sem um renovado sentimento de respeito e a realização de que o que era dantes um dado adquirido, e considerado uma adaptação simples, representava uma solução tecnológica muito sofisticada para o problema da mobilidade sobre terreno irregular.
(Michael Denton, “Evolution: A Theory in Crisis”, 1985, página 333)

Conclusão:

O design, a elegância e sofisticação presentes nas formas de vida são exatamente o que seria de esperar se elas fossem o resultado do Poder Criativo Sobrenatural de Deus. Que a vida tem design é feito óbvio pelas tentativas bem sucedidas em copiar o que Deus criou.

O homem que rejeita Deus encontra-se assim na posição irracional de negar o design que existe na biosfera, mas ao mesmo tempo tentar copiar esse mesmo “não-existente” design. A vida sem Deus é inconsistente, e isso é algo que os militantes ateus deveriam tentar resolver enquanto estão vivos, porque depois de mortos vai ser tarde demais.

Fonte: Diário da saúde

A correlação positiva entre a religiosidade e satisfação geral com a vida é bem conhecida dos pesquisadores há muito tempo.

Procurando conhecer mais a fundo esse fenômeno, cientistas agora afirmam que há um “ingrediente secreto” na religião que torna as pessoas mais felizes.

“Nosso estudo fornece indícios de que são os aspectos sociais da religião, em vez da teologia ou da espiritualidade, que conduz à satisfação com a vida,” afirma Chaeyoon Lim, sociólogo da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos.

“Em particular, nós descobrimos que as amizades construídas nas congregações religiosas são o ingrediente secreto da religião que faz as pessoas felizes,” propõe o pesquisador.

Felicidade na religião

Segundo o estudo, 33 por cento das pessoas que frequentam templos e igrejas semanalmente e que têm entre 3 e 5 amigos íntimos em sua igreja relatam ser “extremamente satisfeitos” com as suas vidas.

“Extremamente satisfeito” é definido como um 10 em uma escala que varia de 1 a 10.

Em comparação, apenas 19 por cento das pessoas que frequentam serviços religiosos semanalmente, mas que não têm amigos íntimos em sua igreja relatam estar extremamente satisfeitos com a vida.

Por outro lado, 23 por cento das pessoas que frequentam serviços religiosos apenas algumas vezes por ano, mas que têm entre 3 e 5 amigos íntimos em sua congregação são extremamente satisfeitos com suas vidas.

Finalmente, 19 por cento das pessoas que nunca frequentam serviços religiosos e, portanto, não têm amigos ligados à igreja, afirmam que estão extremamente satisfeitos com suas vidas.

“Para mim, as evidências confirmam que não é realmente ir à igreja e ouvir sermões ou rezar o que torna as pessoas mais felizes, mas fazer amigos com base na igreja e construir redes sociais íntimas lá”, disse Lopes.

Tradições

Lopes e seu colega Robert Putnam usaram dados de uma pesquisa nacional sobre religião realizada nos Estados Unidos em 2006 e 2007.

Os resultados do estudo são aplicáveis às três principais tradições cristãs – católicos, protestantes das igrejas reformadas e evangélicos.

“Nós também encontramos padrões semelhantes entre os judeus e os mórmons, mesmo com um tamanho de amostra muito menor”, disse Lopes, ressaltando que não havia muçulmanos ou budistas suficientes no conjunto de dados para testar o modelo para esses grupos.

***

Minha experiência pessoal coloca a teologia e a espiritualidade no mesmo nível da satisfação social.

Temos claro que a Santa Missa nada mais é do que a atualização do Sacrifício de Cristo. Neste sacramento temos a oportunidade de estar mais próximos de Deus, desde o início da celebração. Diante disso, um questionamento deve ser feito: qual deve ser a nossa postura durante a celebração eucarística?

O Papa Bento XVI, na Exortação apostólica Sacramentum Caritatis, diz: “(…) Jesus é o verdadeiro Cordeiro pascal, que se ofereceu espontaneamente a si mesmo em sacrifício por nós, realizando assim a nova e eterna aliança. A Eucaristia contém nela essa novidade radical, que nos é oferecida em cada celebração. (…)” (n. 9 – negritei)

Se temos a graça de renovar em cada Eucaristia a nova e eterna aliança com Cristo, nossa postura deve sempre ser a de adoração ao Deus que se faz presente. Cito um trecho de um belo texto de Fernanda Caminati Azevedo acerca desse tema:

“(…) Ao aproximarmo-nos da Diviníssima Eucaristia, é essencial compreender bem a quem iremos receber, e por assim sabermos, fazermos todo o possível para recebê-lo dignamente. A Santa Missa e a Comunhão são os centros da nossa fé, nestas horas não cabem quaisquer irreverências, mas todo o respeito, solenidade e reverência que pode merecer um Deus. Quando se inicia a Santa Missa, o católico deve esquecer-se de tudo mais que exista para ver somente o Cristo e oferecer-se com Ele; deve colocar-se no Calvário ao lado da Santíssima Mãe do Redentor; deve morrer misticamente com Jesus, para ressuscitar com Ele para uma vida de mais perfeição cristã; por isso o católico deve sair de cada Santa Missa melhor do que chegou a ela. (…)”

(http://www.veritatis.com.br/doutrina/sacramentos/901-eucaristia-sacramento-e-sacrificio)

Devemos sempre estar atentos e nos aprofundar em cada momento do rito, desde a entrada do celebrante e da equipe litúrgica, até a saída de todos. Não podemos ser displicentes em nossos atos, nossas posturas, nossa intenção, pois é durante a celebração eucarística que vamos ter o maior e mais profundo encontro com Nosso Senhor Jesus Cristo, com aquele que nos amou a ponto de dar sua vida por nós. Não se trata de um encontro metafórico, mas sim um encontro real, vivo.

O Magistério da Santa Igreja, por meio da Exortação apostólica Sacramentum Caritatis, nos ensina que:

“(…) Ao considerarem o tema da participação activa (actuosa participatio) dos fiéis no rito sagrado, os padres sinodais ressaltaram também as condições pessoais que se requerem em cada um para uma frutuosa participação.  Uma delas é, sem dúvida, o espírito de constante conversão que deve caracterizar a vida de todos os fiéis: não podemos esperar uma participação activa na liturgia eucarística, se nos abeiramos dela superficialmente e sem antes nos interrogarmos sobre a própria vida. Favorecem tal disposição interior, por exemplo, o recolhimento e o silêncio durante alguns momentos pelo menos antes do início da liturgia, o jejum e — quando for preciso — a confissão sacramental; um coração reconciliado com Deus predispõe para a verdadeira participação. De modo particular é preciso alertar os fiéis que não se pode verificar uma participação activa nos santos mistérios, se ao mesmo tempo não se procura tomar parte activa na vida eclesial em toda a sua amplitude, incluindo o compromisso missionário de levar o amor de Cristo para o meio da sociedade.

Sem dúvida, para a plena participação na Eucaristia é preciso também aproximar-se pessoalmente do altar para receber a comunhão; contudo é preciso estar atento para que esta afirmação, justa em si mesma, não induza os fiéis a um certo automatismo levando-os a pensar que, pelo simples facto de se encontrar na igreja durante a liturgia, se tenha o direito ou mesmo — quem sabe — se sinta no dever de aproximar-se da mesa eucarística. Mesmo quando não for possível abeirar-se da comunhão sacramental, a participação na Santa Missa permanece necessária, válida, significativa e frutuosa; neste caso, é bom cultivar o desejo da plena união com Cristo, por exemplo, através da prática da comunhão espiritual, recordada por João Paulo II e recomendada por santos mestres de vida espiritual. (…)”

(n. 55 – http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/apost_exhortations/documents/hf_ben-xvi_exh_20070222_sacramentum-caritatis_po.html – destaquei)

Assim, devemos participar da Santa Missa com o coração direcionado ao Sagrado, buscando nos aprofundar sobre os mistérios de cada situação.

Que tal isso ocorrer já na próxima celebração eucarística?

André Luiz de Oliveira Brandalise

God IS 250x166 Mega igreja americana substitui anúncio ateu com mensagem cristãBem em tempo de Natal, o outdoor em Nova Jersey que declarava Natal é “mito” foi substituído esta semana por um cartaz cristão.

O novo outdoor apresenta “Deus é” e uma infinidade de palavras e frases incluindo “bom,” “vivo,” “Jesus,” “ciente de sua luta” e “aquele que te amou.”

O anúncio está localizado próximo ao Túnel Lincoln, um dos túneis mais viajados no mundo. Foi patrocinado pela Igreja Times Square o qual tinha os mesmos anúncios estampados em mais ou menos 1000 vagões de metrô da cidade de Nova York no início deste ano.

“Nós queremos encorajar as pessoas a buscarem a Deus e provar que de fato Ele é,” disse o Pastor Sênior Carter Conlon.

O anúncio, disse ele, descreve Deus “em apenas algumas das infinitas maneiras que Ele prova Sua presença para nós todos os dias.”

Este é a segunda campanha pró-Deus para atingir a área desde que os Ateus Americanos lançaram o seu cartaz anti-Natal. Por cerca de um mês, o grupo humanista tinha um anúncio que mostrava três reis magos visitando o bebê Jesus na manjedoura e as palavras “Você sabe que é mito. Esta temporada comemora razão.”

O outdoor ateu foi projetado para apelar aos ateus “enrustidos” durante a temporada de férias quando a maioria dos norte-americanos celebram o Natal. Ele chamou bastante atenção e provocou debates.

A Liga Católica respondeu patrocinando seu próprio outdoor perto da saída do Túnel Lincoln, em Nova York. O anúncio apresenta José, Maria e Jesus e a frase “Você sabe que é real. Nesta temporada, celebre Jesus.”

A Igreja de Times Square, que atrai mais de 8.000 pessoas por semana, é a última a se envolver no debate com o seu anúncio “Deus é.”

Fonte: The  Christian Post

Para não passar o Natal em branco, alguns ateus optam por celebrar o “Newtal” em alusão ao cientista Isaac Newton, que nasceu no dia 25 de dezembro segundo o calendário juliano.

É o caso de Daniel Sottomaior, presidente da Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos). Em sua árvore, por exemplo, os enfeites são bolinhas em forma de maçã, em referência à lenda que diz que a queda da fruta teria inspirado Newton no desenvolvimento da lei da gravitação universal.

Apesar da contraposição ao feriado religioso, Sottomaior afirma que o Natal não incomoda os ateus –cerca de 2% da população brasileira. Segundo ele, muitos o celebram como uma data comercial.

Os cerca de 2.000 membros da associação não fazem reuniões, mas atuam em grupo por causas comuns. Um exemplo foi o pedido de resposta da Atea ao programa “Brasil Urgente” (Band) após o apresentador José Luiz Datena afirmar que um crime, veiculado na edição do dia 27 de julho, demonstrava “falta de Deus no coração”.

No começo do mês, o Ministério Público Federal entrou com uma ação civil pública para que a emissora se retratasse publicamente pela declaração.

O grupo também ganhou recente destaque na imprensa por veicular campanhas  que questionavam a existência de Deus em ônibus de São Paulo, Salvador, Porto Alegre e Florianópolis.

Folha de São Paulo

Jornal Zero hora

Maurício Palazzuoli foi mórmon até perto dos 30 anos. Alfredo Spínola mastigava a hóstia das missas matinais, no colégio interno católico, para investigar a verdade. Daniel Sottomaior é descrente de nascença. Se acreditassem em alma, os três seriam a da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), entidade fundada por eles em 2008 e que alcançou 1,74 mil membros na semana passada.

Duzentos e noventa desses sócios, o equivalente a 17% do total, foram amealhados em apenas seis dias, como consequência de uma polêmica que colocou a Atea em evidência nos jornais e na internet.

O motivo da controvérsia foi o veto, em São Paulo, Salvador (BA) e Porto Alegre, de uma campanha concebida pela entidade para combater o preconceito contra os ateus. O episódio deixou o trio ainda mais convencido de que a sociedade brasileira não aceita sequer conceder a palavra a quem não crê na existência de deuses.

– O preconceito é tão grande que não conseguimos sequer lançar uma simples campanha. No Brasil, o ateu é associado a tudo de horrível. É visto como criminoso, alguém que acredita em demônios, que quer a morte de todos. Mas o ateu é apenas alguém que não acredita em mitos – diz Palazzuoli, um biólogo de 40 anos que responde pela tesouraria da Atea.

O fato novo é que, no Brasil e em várias partes do mundo, os ateus não estão mais dispostos a ficar calados. Favorecidos pela internet, que os colocou em contato por meio de comunidades de discussão, os descrentes se articularam e começaram a lançar campanhas para enfrentar o preconceito e expor seu ponto de vista. Também saíram à rua para protestar, como durante a recente visita papal à Espanha. A onda ateísta contou ainda com uma série de best-sellers publicados por intelectuais importantes, como o evolucionista Richard Dawkins (Deus – Um Delírio) e o jornalista Christopher Hitches (Deus Não é Grande).

O Brasil seguiu na mesma onda, e a Atea é uma das manifestações do fenômeno. Sua campanha publicitária segue o modelo já adotado em países europeus e nos Estados Unidos. Na capital gaúcha, os anúncios deveriam estampar a traseira de 10 ônibus durante um mês. Na última hora, a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) barrou as peças, justificando que a legislação municipal proíbe manifestações religiosas (na verdade, são vetadas peças que estimulem a discriminação religiosa).

O presidente da entidade, o engenheiro civil Daniel Sottomaior, 39 anos, anunciou que vai acionar judicialmente a ATP.

Sottomaior é o rosto do ateísmo no Brasil há cerca de uma década. Curitibano radicado em São Paulo, ele se tornou conhecido por comparecer a programas de TV e rádio para defender o ponto de vista dos céticos. A militância rendeu-lhe ataques dos crentes na internet e ameaças de morte por e-mail e telefone. Ele conta que o pai e a mãe transitaram por diferentes credos, mas nunca o introduziram à religião.

– Tive a imensa sorte de não ser doutrinado quando criança.



Dinheiro é investido em ações e campanhas

Casado com uma agnóstica, Sottomaior tem uma filha de seis anos, a quem faz questão de manter afastada da religião. Ao procurar uma escola para ela, peregrinou por estabelecimentos que se diziam laicos, mas que punham as crianças a rezar na hora das refeições. Só na terceira tentativa encontrou uma instituição que não oferecia a ideia de que deuses existem.

Foi por meio de comunidades de ateus na internet que Sottomaior conheceu o biólogo Palazzuoli e o advogado Spínola, o que levou à criação da Atea.

A entidade mantém um site (www.atea.org.br) bem fornido, com notícias, argumentos para ser ateu e um espaço para incentivar os descrentes a sair do armário. O dinheiro da entidade (25% dos sócios são contribuintes) é investido nos procedimentos legais contra quem ataca os ateus e em campanhas de esclarecimento.

– É muito mais representativo quando uma ação vem da associação do que quando chega de ateus isolados. O ateu é uma minoria e precisa se unir – diz Palazzuolo.

Ele é o único que acreditou em divindades. Batizado como mórmon, não faltava às celebrações dominicais no templo até os 30 anos. A crença desmoronou ao ter contato com a ciência: ingressou na faculdade de Biologia em 1998, foi exposto à teoria da evolução e converteu-se ao ateísmo.

O veterano é o advogado Spínola, 61 anos e passagem por várias escolas católicas na infância. Em uma delas, na qual era interno, os padres diziam que a hóstia era o corpo de Jesus e não deveria ser mastigada, ou verteria sangue. Spínola passou a mordê-la todos os dias. Não saiu sangue nenhum.

– Percebi tantas mentiras que comecei a desconfiar de tudo – diz.

A incompatibilidade entre criação e evolução

1. Darwin deixou-nos o desenho da ‘árvore da vida’ que pressupõe que os processos evolutivos seguem uma direção vertical. Desenvolvimentos em genética mostram com conclusiva evidência que as transferências genéticas ocorrem não apenas verticalmente mas também horizontalmente, o que torna o processo evolutivo muito mais complexo do que o próprio Darwin supunha. Poderemos então afirmar ainda que há uma direcção na evolução que conduziu ao aparecimento da Humanidade? Não terá todo o processo evolutivo sido apenas uma sequência de acontecimentos aleatórios nos quais não há lugar para qualquer perspectiva teleológica e, por conseguinte, para a ideia de um Deus criador? Autores de renome quer na área da biologia, como Richard Dawkins e Stephen Jay Gould, quer de outras áreas como a Filosofia, representada por Daniel Dennett, não têm qualquer dúvida em afirmar que a teoria da evolução das espécies exclui a existência de um Deus criador. Criação e evolução excluem-se reciprocamente.

2. O que podemos responder a esta tese é que a evolução se dá por um processo de interacção entre o acaso e a necessidade imposta pelas leis naturais. O acaso verifica-se sobretudo ao nível molecular através da deriva genética aleatória. Também as mutações genéticas, fonte de novidade no processo de selecção natural, têm o mesmo caráter aleatório. Algumas destas mutações são benéficas para a sobrevivência do organismo, outras são nocivas, outras ainda neutras. Como afirma Denis Edwards, “sem estas mutações aleatórias não haveria evolução através de selecção natural, uma vez que não haveria variações susceptíveis de ser transmitidas à geração seguinte.” (El Dios de la Evolution, Salterrae, p. 58). Mas este processo não se verifica apenas de uma forma aleatória. A seleção natural tende a preservar as mutações que são benéficas para a sobrevivência do organismo na sua adaptação ao meio ambiente e a eliminar as que não nocivas. Além disso, os processos aleatórios tornam reais algumas das possibilidades já presentes nas leis da natureza. Esta hipótese torna possível conceber a existência de seres vivos em outros planetas que tenham sido o resultado de processos evolutivos que tenham atualizado outras potencialidades não actualizadas na Terra.

3. Os autores que negam a compatibilidade entre evolução e criação partem do pressuposto de que, segundo os crentes, o processo evolutivo que conduziu ao aparecimento das diversas espécies, sobretudo a espécie humana, deveria ser unidireccional e contínuo, sem desvios nem recuos nem becos sem saída, e claramente racional e identificável pela ciência. Mas por que razão uma racionalidade não linear, incluindo elementos aleatórios, é incompatível com a existência de um Deus criador inteligente e racional?

4. Deus poderia ter criado o mundo em seis dias, como afirmam os criacionistas, mas hoje sabemos sem margem para dúvidas que não o fez. Deus criou, ou melhor, continua a criar, quer o universo quer a vida por um processo evolutivo. Para que seja possível um tal processo, a interação entre acaso e necessidade parece ser uma boa escolha por parte de Deus. Como afirma D. Bartholomew, “a evolução é a condição imprescindível para a vida tal como a conhecemos. Se o ADN fosse completamente invariável, e todas as características se tivessem reproduzido sem defeito algum, nada se teria desenvolvido a partir das algas primitivas. Além disso, mesmo que alguma das espécies existentes tivesse sido criada de uma vez por todas – e, por conseguinte, sem qualquer mutação celular-, por um mago divino, não possuiria uma diversidade genética suficiente para que os seus membros pudessem adaptar-se a condições ambientes em mudança. Uma espécie assim, condenada a repetir-se a si mesma sempre do mesmo modo, e incapaz de se adaptar, sucumbiria à primeira mudança ambiental.” (God of Chance, SCM, pp. 97-98).

5. Há no processo de evolução biológica das espécies algo de semelhante ao que acontece numa viagem que eu possa fazer de carro do Rio para São Paulo. Muitos dos acontecimentos que sucederão durante a viagem são aleatórios, imprevisíveis, e até mesmo contraditórios com a ideia de uma viagem planeada para chegar. A meio da viagem posso lembrar-me que uma pessoa amiga residente em Resende faz anos nesse dia, e que eu posso ir saudá-la através de um simples desvio de rota. Entretanto, eu poderia lembrar-me de que me esquecera de parar em Niterói para comprar algo que necessitava levar para São Paulo, e assim ao deixar Niteroi faria inversão de marcha, após o que retomaria a marcha na direção a SP. Qualquer observador que seguisse os meus movimentos seria incapaz de predizer que eu, desde o início da viagem, tencionava dirigir-me para SP. Com efeito, os movimentos atrás descritos pareceriam erráticos e aleatórios – e, em parte, eram – de tal modo que pela sua análise meramente empírica não se poderia encontrar neles qualquer intencionalidade. Somente quando a minha viagem terminasse em SP e alguém voltasse a analisar os meus movimentos poderia compreender que havia desde o início uma intenção mas que essa intenção se realizou através de uma lógica não linear, e de movimentos inesperados ou até mesmo incompreensíveis.

6. Conclusão: a biologia não tem que detectar a existência de qualquer teleologia na evolução da vida. As intenções de Deus, como as humanas, não são fatos biológicos.Acresce ainda que a intencionalidade de um processo ou movimento não está necessariamente nos pormenores mas sim no movimento global. O Deus criador não é um agente que está a agir continuamente em cada mutação genética. A ideia de que a criação implica que o criador guia de forma permanente e determinista todos e cada um dos fatos evolutivos não corresponde à ideia de criação dos cristãos. Além disso, o carácter teleológico da evolução, não sendo unidireccional nem excluindo o elemento aleatório, é compreensível num olhar que parta do presente para o passado, e não vice-versa.

7. Há ainda um outro modo de compreender de que forma se pode compatibilizar criação e evolução por selecção natural. Dadas as possibilidades de mutações e transferências genéticas se produzirem de forma aleatória conduzindo ao aparecimento de uma infinidade de seres vivos, poderemos pensar que a evolução se tenha desenvolvido em milhares de milhões de planetas em todo o universo, e que em cada um desses planetas o processo evolutivo tenha conduzido a formas de vida inteiramente diversas. S. Jay Gould afirmou que se a evolução se repetisse na Terra, iria dar origem a seres vivos diversos dos que hoje conhecemos. Segundo o autor, a evolução biológica é irrepetível. Nada há de estranho em admitir que há milhares de milhões de processos evolutivos nos quais os elementos aleatórios estão fortemente presentes, e que apenas alguns esses processos evolutivos conduzem ao aparecimento de seres conscientes e capazes de conduzir debates sobre a evolução como nós, seres humanos. Deus seria ainda a condição de possibilidade e de inteligibilidade de todos os processos produtivos que se actualizariam no espaço e no tempo.

Alfredo Dinis

O mesmo grupo de ateus responsável pelos controverso anúncios em ônibus exibidos no ano passado, que sugeriam que Deus “provavelmente não existe”, irão espalhar um novo conjunto de pôsteres em ônibus do Canadá. A campanha deste ano traz o slogan: “Afirmações extraordinárias requerem evidências extraordinárias” e lista: “Alá- Pé Grande – ÓVNIs – Homeopatia – Zeus – Videntes – Cristo”.

As peças publicitárias vão aparecer no transporte público de Toronto em janeiro. Falta apenas a aprovação final da Comissão de Trânsito de Toronto, disse Justin Trottier, diretor-executivo da organização ateia Centre for Inquiry [Central de Investigações]. Depois da estreia em Toronto, a organização planeja veicular os anúncios em ônibus das cidades de Calgary, Vancouver, Ottawa, Montreal e Saskatoon.

“Por que acreditar no Pé Grande é considerado delírio, mas a crença em Deus e em Cristo é respeitada e reverenciada? Todas essas afirmações são igualmente extraordinárias e exigem uma investigação crítica”, diz o site da campanha, www.extraordinary-claims.com.

Trottier insiste que os anúncios não foram projetados para ofender os canadenses religiosos.

“Adoraria saber que todos os que verão os anúncios entenderam que o objetivo da campanha não é desmentir automaticamente qualquer coisa ‘suspeita’. Estamos interessados em um debate verdadeiro, uma conversa sobre essas afirmações extraordinárias. Não estamos aqui para zombar das pessoas que acreditam nessas ideias “, disse ele.

Ele lembra que os cientistas fizeram declarações extraordináras para explicar a evolução, mas suas crenças são apoiadas por evidências. ”A homeopatia, os milagres e as reivindicações religiosas? São no mínimo igualmente extraordinárias, mas onde estão as provas? Apresente-nos as provas e vamos ficar felizes em nos unir a eles e endossar essas crenças”, disse ele.

Os anúncios anteriores, que começaram a ser divulgados em janeiro de 2009, diziam: “Deus provavelmente não existe. Agora, pare de se preocupar e aproveite a vida”. Eles foram vistos em Toronto, Ottawa, Calgary e Montreal, durante cerca de um mês em cada cidade.

Trottier disse que a Freethought Association [Associação do Pensamentos Livre] do Canadá arrecadou US$ 50.000 para pagar pelos anúncios de 2009. A campanha pretende levantar outros 50.000 dólares para cobrir as despesas de fazer as novas peças.

Os anúncios veiculados ano passado tiveram uma reação mista por parte de canadenses religiosos e ateus.

“Muita gente entendeu mal o objetivo de a campanha e confundiu o objetivo do tom que usamos. Alguns viram a campanha como algo muito confrontador ou como puro escárnio”, disse Trottier.

Outros críticos disseram que relaxar e aproveitar a vida era muito “hedonista” e sugerir que Deus “provavelmente” não existe irritou tanto ateus quanto teístas, mas por diferentes razões.

Por outro lado, a campanha levou-os a receber convites para participar de debates, mesas-redondas e até dar “sermões” em várias comunidades religiosas. Trottier observa que muitas organizações consideraram o interesse dos ateus pela religião como algo “intrigante”.

Ele espera que a nova campanha também possa iniciar novos debates.

A Igreja Unida do Canadá, maior denominação protestante do país, rebateu a campanha dos anúncios ateus feita nos ônibus ano passado com anúncios no jornal. ”Deus provavelmente existe. Agora, pare de se preocupar e aproveite a vida”, foi a frase escolhida.

O reverendo Bruce Gregersen, diretor do conselho-geral da igreja, classificou os anúncios feitos por eles como “uma resposta bem-humorada”. Ele disse que a nova onda de anúncios de Trottier irá questionar os canadenses sobre o que é mais importante: fatos ou sentido e propósito.

“A discussão é bem-vinda e convida todas as pessoas a pensar sobre o significado da fé. É uma pergunta justa, que atinge diretamente o que você considera como prova. Existem milhões de pessoas que têm uma percepção sobre o mistério… lá no fundo de seu espírito”, declarou Gregersen.

Ele espera que os canadenses religiosos não fiquem chateados ao ver Cristo e Deus na mesma lista que o Pé-Grande e os duendes.

“Entendemos que Cristo é capaz de passar por esse tipo de situação e não ser ridicularizado. Nossa crença em Jesus é muito maior do que qualquer coisa relacionada a Zeus, videntes ou homeopatia. Nesse sentido, eles estão banalizando a natureza da fé. Por outro lado, não é suficiente para que eu deseje criar problemas”, disse o reverendo.

Ihsaan Gardee, diretor-executivo do Conselho de Relações Americo-Islâmicas do Canadá, disse acreditar que muitos canadenses discordarão com “veemência” desses anúncios, mas o Centre for Inquiry tem o direito de expressar suas opiniões.

“O diálogo entre pessoas de todas as religiões é sempre bem-vindo, desde que a maneira escolhida para fazê-lo não seja conflitante com as leis do Canadá, não gere um discurso de ódio nem promova a violência contra qualquer grupo”, escreveu em um e-mail.

Cerca de um quarto dos canadenses disseram não acreditar em Deus algum em uma pesquisa sobre religião em 2008.

Fonte: Vancuver Sun

Durante debate na TV canadense, Tony Blair defendeu o papel da religião nas questões globais. Do lado oposto, destacando a influência maligna da religião, estava Christopher Hitchens. Mesmo lutando contra um câncer, ele aceitou participar da discussão.

O ex-primeiro ministro inglês Tony Blair (57) foi criado em uma família cristã. Afirma que tornou-se cristão praticante quando estudava na Universidade de Oxford. Sua conversão ao catolicismo ocorreu em 2007. Iniciou a Fundação de Fé Tony Blair em 2008.

Jornalista e escritor, Christopher Hitchens (61) é um dos mais famosos defensores do “Novo Ateísmo”. Recusou-se a participar nas orações quando estudava em um colégio cristão. Afirma que seu estilo de vida ”boêmio e barulhento” pode ter causado o câncer do esôfago

O tema debatido foi  ”A religião é uma força positiva no mundo?”. Todos os 2.700 ingressos foram vendidos para a plateia que assistiu ao vivo no Roy Thomson Hall, de Toronto. O site Munk Debates transmitiu pela internet, no sistema pay-per-view, e vendeu todos os “ingressos”. O encontro será televisionado no início de dezembro. Uma cópia não autorizada já circula na internet e pode ser vista abaixo. ( em inglês)


Parte 2 Parte 3 Parte 4 Parte 5 Parte 6 Parte 7 Parte 8.

O jornal italiano La Repubblica transcreveu parte da discussão:

Hitchens – A religião oferece ao homem a salvação, com o pequeno preço de renunciar a todas as suas faculdades críticas. Podemos chamar de Deus quem explora a credulidade humana? Quem alimenta a fé por meio do nosso medo da morte? Quem nos condena à vergonha pelos atos sexuais? Quem aterroriza as crianças com as chamas do inferno? Quem considera as mulheres como uma espécie inferior? Quem quer nos fazer acreditar que o homem foi criado ao invés de ter evoluído? A religião leva pessoas inteligentes a fazer muitos tipos de estupidez.

Blair – Admito isto sem problemas: muito mal foi feito no mundo em nome da religião. Mas, em nome da religião, também foi feito o bem. Metade da ajuda que chega à África provém de organizações religiosas: cristãs, muçulmanas, judaicas. Hospitais, albergues, refeitórios para os pobres são administrados em todo o mundo por entidades religiosas. Por isso, digamos que a religião pode ser destrutiva, mas também estimula a atos de grande compaixão. E depois, qual é o conceito fundamental na base de toda religião, do cristianismo, judaísmo, islã, budismo e hinduísmo? É o amor pelo próximo, o altruísmo, a humildade.

Hitchens – O senhor é atualmente o mediador de paz no Oriente Médio. Pois bem, por que ainda não conseguiu fazer um acordo sobre o conceito que todos apontam como a solução do conflito israelense-palestino, dois Estados para dois povos? Cada uma das partes cita em seu próprio favor as promessas divinas e, com base nessas promessas, mata as crianças do outro lado. Será que essa também é uma força que age pelo bem no mundo?

Blair – Posso assegurar que, infelizmente, não só a religião é um obstáculo para a paz entre israelenses e palestinos. Tentemos imaginar um mundo sem religião: de acordo, todos os fanatismos religiosos desapareceriam. Mas vocês acreditam, talvez, que dessa forma o fanatismo desapareceria? As duas maiores tragédias do século XX, fascismo e comunismo, vieram de movimentos que negavam a religião.

Hitchens – Certamente, o fanatismo não desapareceria com a religião. Mas esperemos que algum fanático religioso coloque suas mãos em uma arma nuclear, como logo acontecerá no Irã, e depois veremos quais danos a união fanatismo-religião pode fazer.

Blair – Repito, sei muito bem que a religião pode ser usada para ações terríveis. Mas peço-lhe para que não julgue a religião com base em quem faz uso perverso dela, assim como não se deveria julgar a política por meio dos maus políticos, ou o jornalismo por meio dos maus jornalistas. O mundo seria espiritualmente vazio sem a religião.

Hitchens – Mas por quê? Quem disse? Sócrates e os filósofos gregos nos deram uma moral com a qual podemos preencher o nosso espírito, sem necessidade de recorrer à religião, que, além disso, copiou justamente dos filósofos gregos muitos de seus preceitos morais. É um insulto à inteligência sustentar que o homem não saberia distinguir entre bem e mal sem a religião.

Blair – Para você, o humanismo é uma base moral de retidão suficiente. Mas para certas pessoas não basta. Para a maior parte da humanidade, a religião é um impulso fundamental para agir em favor do bem.

Hitchens – Não me incomoda nem um pouco que os crentes sinceros ajam pelo bem. Estaria até disposto a aceitar a religião, se se limitassem a isso. O que não suporto é tudo aquilo que é construído ao redor: a existência de um ser sobrenatural, os milagres, o paraíso, o inferno. Enfim, estamos no século XXI, sabemos o que a ciência diz!

Blair – Mas nas religião há espaço para interpretações diversas. Não interessam o inferno e o paraíso às tradições que acompanham as manifestações e os ritos da fé. Importa a essência daquilo que dizem as sagradas escrituras. Importa a essência da mensagem de um homem chamado Jesus.

Hitchens – Não me desagrada nem a mensagem dos Médicos Sem Fronteiras.

Blair – No entanto, penso que um confronto como este é positivo, tanto para os crentes como para quem não crê.

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Jarbas Aragão, para a agência Pavanews.

Tradução do debate: Moisés Sbardelotto

Nos EUA, um número cada vez maior de pessoas aposta que sim. Elas integram um movimento que usa a fé para estimular os exercícios físicos. Há academias, igrejas e personal trainners que oferecem treinos nos quais a religião é a grande motivadora para definir músculos ou perder peso.

Neste mercado, há estrelas como a pioneira Donna Joyner. Ela lançou uma aula em DVD na qual aparecem alunos e um coro gospel. Todos fazem exercícios e louvações a Deus. Outro representante do movimento é Paul Eugene, do Gospel Dance Aerobics. “Uso a religião para inspirar as pessoas a continuar a prática”, disse à ISTO É.

A fé também é lembrada na hora de resistir às tentações. “Ensinamos aos indivíduos que se voltem para Deus quando sentirem desejo de comer por gula”, disse à ISTO É Gwen Shamblin, do Weigh Down Ministries, empresa que cria programas para serem usados em igrejas.

As aulas são parecidas com as de qualquer academia. De diferente estão as referências e os apelos pela ajuda divina e a presença de símbolos, como a cruz.

Fundada há um ano, a empresa ChurchFitness, aliás, especializou-se em construir academias dentro das igrejas, usando esses símbolos em meio a aparelhos de musculação e esteiras. Já foram 15 projetos até agora. “As igrejas estão cada vez mais envolvidas no fitness. Ele é um instrumento para manter as pessoas da comunidade conectadas”, disse à ISTO É Rob Killen, da Churchfitness.

Por enquanto, são poucos os estudos que avaliam a eficácia da estratégia. Um deles foi feito por Kenrik Duru, da Universidade da Califórnia. Durante oito semanas, ele acompanhou 62 mulheres religiosas (de religiões distintas). Elas haviam sido divididas em dois grupos. Ambos se exercitavam por 45 minutos. Mas o primeiro também ouvia trechos da “Bíblia” alusivos à força e ao poder divino. As outras escutavam temas não religiosos. Ao final, as que receberam as mensagens bíblicas deram cerca de 78% mais passos por semana. “Uma das razões é que elas passaram a andar em grupo, contando com suporte social de apoio”, explicou Duru à ISTOÉ.

Deus e os exercícios ChurchFitness: Fiéis utilizam a crença para ajudar na prática da atividade física

Fonte: Isto É

O Artigo analisa a liberdade sob o ponto de vista jurídico e atinge transversalmente o conceito religioso de liberdade.

O artigo é excelente!! destes pra gente ler e arquivar.

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A busca da liberdade (em sentido amplo) tem sido o âmago da questão dos movimentos históricos em prol da elevação do Ser Humano, sendo a autodeterminação o vértice dos movimentos sociais em prol dos chamados Direitos Humanos Fundamentais. A ânsia por se libertar da tirania e da opressão vicejou profundamente e com tal intensidade, que revoluções foram engendradas, países fundados, continentes conquistados e, infelizmente, milhões de vidas ceifadas. O estatuto das liberdades públicas, tal como hoje é concebido no âmbito das declarações de direitos humanos, foi solidificado com o sangue de milhões de mártires, vítimas da luta contra a dominação do corpo da alma e do espírito.

O termo LIBERDADE sendo um vocábulo análogo, pode significar a manifestação apenas de uma forma de liberdade, como a liberdade de locomoção, por exemplo, ou pode significar o conjunto das liberdades tuteladas pelos diversos estatutos de direitos humanos. De ordinário, esta última significação se faz presente quando o vocábulo é utilizado no plural: LIBERDADES. Podemos estabelecer então que em um sentido estrito a palavra LIBERDADE significa a expressão jurídica de alguma das formas de liberdade, e em sentido lato LIBERDADE significa um complexo instituto jurídico que possui como fundamentação a própria natureza humana.

Quanto à questão cognitivo-sociológica do ser humano, concordamos que as influências externas sobre o indivíduo modelam o seu material sensório e, com isto, podem ditar-lhe a conduta. Ser livre, neste contexto, significa apenas manobrar dentro do curto espaço das escolhas (e das possibilidades) limitadas. Mais isto não é pouco. É exatamente sobre o mundo das “escolhas”, das idéias e dos valores que nos restam que projetamos a nossa identidade cultural. É este o espaço que precisa estar a salvo da ação do Estado e da sua interferência.

É certo que não cabe ao Estado laico promover os valores da religião. Tal idéia libertária, oriunda da revolução francesa, procurou definir os espaços próprios da ação de cada poder: o poder político e o poder religioso. Tal contribuição propiciou o fortalecimento da liberdade religiosa, com a proliferação de religiões e seitas em um ambiente livre da perseguição e da prevalência de uma religião oficial.

Paralelamente, livre das guias da igreja e com o advento da evolução cientifica, industrial e tecnológica, um novo homo-saber anti-religioso forjou-se no seio da sociedade. Também a revolução dos costumes, na década de 60, e bem assim, os humores da globalização, informam este ser humano do novo milênio, desprovido dos valores religiosos que por séculos espelharam o mundo ocidental.

Não obstante, e talvez seja adequado dizer que agora no papel de “contracorrente”, os movimentos e grupos religiosos continuam a crescer. Os choques entre as duas cosmovisões são inevitáveis. São embates ideológicos, cabendo a cada grupo exercitar as suas liberdades de crença, convicção e expressão. A falta de uma visão equilibrada desta pluralidade ideológica, notadamente nos Estados com governos intitulados “progressistas”, tem sido fonte de problemas.

Alguns destes Estados constitucionais, inclusive a Espanha e o Brasil, têm incorporado em suas políticas públicas determinados valores ideológicos visceralmente contrários aos valores religiosos Nestes casos é comum a alegação de que se está implantando o “laicismo” na sociedade”. Ora, isto é uma mera falácia. Nunca a idéia de um Estado laico significou o combate à religião alguma. Estado laico é apenas o Estado separado da Igreja no plano político.

Estes são tópicos que precisamos detalhar, pois para muitos operadores do direito as respostas ainda não estão claras, e o exame envolve responder a algumas perguntas, por exemplo: pode ser classificado como intolerante quem defende e afirma publicamente as suas convicções políticas, ideológicas ou religiosas? Ou intolerante é quem não aceita que as suas convicções sejam publicamente contrariadas? Deve o Estado se imiscuir nestas questões? Existe um limite constitucional para estas ações?


1- LIBERDADES PÚBLICAS

Contrariamente ao que apregoa boa parte da doutrina, todas as liberdades podem ser consideradas como publicas tendo em vista que a intervenção do aparato estatal é sempre necessária, inclusive desde o ponto de vista legislativo, para a plena efetivação das liberdades.

As liberdades públicas operam, no âmbito jurídico, dentro de uma estrutura normativa legal. Trata-se de uma espécie de poder que o Estado confere aos indivíduos: poder de autodeterminação. A liberdade é um poder/dever que cada ser humano exerce sobre si mesmo, e trata-se de uma obrigação negativa, ao contrário da maioria dos outros direitos, ou seja, em seara da liberdade, o meu dever é apenas respeitar, pela abstenção, a liberdade dos outros.

Muitas questões ainda podem ser suscitadas nestes aspectos. É muito conhecida a noção de liberdade negativa e liberdade positiva, o que alguma confusão pode fazer.

ISAIAH BERLIN, afirma que a liberdade negativa significa não ser impedido pelos outros de fazer o que se deseja fazer “yo soy libre em la medida em que ningún hombre ni ningún grupo de hombres interfieren en mi actividade (…) yo no soy libre en la medida en que otros me impiden hacer lo que yo podría hacer si no me lo impedieran” 1

Quanto à liberdade positiva preleciona: “el sentido ‘positivo’ de la palabra ‘libertad’ se deriva del deseo por parte del individuo de ser su próprio dueño (…) quiero ser el instrumento de mí mismo y no de los actos de voluntad de otros hombres”. 2


2 – LIBERDADES DA PESSOA INTELECTUAL E MORAL

Sabemos que pelos usuais critérios de classificação, são constituídas pelas chamadas liberdades de pensamento, também denominadas pelos progressistas como liberdades éticas, e abrangem os aspectos subjetivos da personalidade e da consciência humana que viabilizam a liberdade de eleição. Dentre elas podemos destacar: liberdade de opinião; liberdade de consciência liberdade religiosa; liberdade de crença; liberdade de culto; liberdade de expressão.


3 – A POSIÇÃO CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES.

De maneira geral, em todos os Estados Constitucionais e Democráticos de Direito as liberdades, atualmente, possuem um status constitucional de princípios fundamentais. Não é de outra maneira na Constituição de 1978 na Espanha e também na Constituição de 1988 no Brasil. Ambas refletem o teor da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, da Organização das Nações Unidas, sendo desnecessário aqui, nesta breve reflexão, maiores delongas sobre esta citada condição já amplamente solidificada nas melhores doutrinas sobre o tema.

3.1 – A LIBERDADE RELIGIOSA NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

O lento maturar dos chamados direitos humanos perpassa toda a história da humanidade. Nestes cenários áridos da construção permanente da cultura das sociedades, a liberdade religiosa ocupa papel de reconhecida importância no atual Estado Democrático de Direito. A imanência da liberdade de pensamento permitiu aos indivíduos de diferentes culturas que se desenvolvessem no caminho da contemplação e/ou revelação religiosa. E cada coletividade definiu suas práticas, ritos, cortejos, ídolos e invocações. Por fim, servos, senhores, ricos, pobres, letrados e leigos se encontraram todos nos umbrais da elevação místico-religiosa.

3.2 – A DIMENSÃO ONTOLÓGICA DO DIREITO À LIBERDADE RELIGIOSA.

A liberdade religiosa esta fincada entre as liberdades de pensamento. Enquanto direito fundamental, é a mais complexa das liberdades públicas, pois se volta para verdades imateriais de cunho transcendental, sendo intrinsecamente multi-facetária. Bem assim, carrega ontologicamente consigo as demais espécies ou formas de liberdade: a liberdade de manifestação do pensamento, a liberdade de crença, a liberdade ideológica, a liberdade de opinião, a liberdade de expressão, a liberdade de reunião, dentre outras.

Assim, é correto afirmar que a liberdade religiosa, como pressuposto lógico e fundamental do seu exercício e da sua efetivação no Estado democrático de direito, abriga diversas outras liberdades, sem as quais seria mera simulação normativa. Neste sentido, não se pode conceber liberdade religiosa sem liberdade de manifestação do pensamento, ou liberdade religiosa sem liberdade de expressão. Tampouco liberdade religiosa sem liberdade de reunião. Como dissociar liberdade religiosa de liberdade de consciência? Como dissociar liberdade religiosa de liberdade ideológica? A obviedade de tais associações inviabiliza qualquer tentativa de cindi-las.

3.3 A LIBERDADE DE EXPRESSÃO RELIGIOSA

Como afirmamos, a liberdade religiosa, como liberdade de pensamento que é, está umbilicalmente ligada à liberdade de expressão. Não parece ter fundamento a considerável confusão quanto a este ponto. Sem embargo de não existir um critério rígido de classificação das liberdades, é crível que as liberdades de pensamento, ou liberdades éticas, não encontram sua efetivação no momento em que surgem na tela sensorial da mente, pois este é um mero ato reflexo, mas sim no exato instante da sua exteriorização.

A Liberdade religiosa não indica apenas a simples possibilidade da existência de um pensamento encapsulado na mente do indivíduo, e afastado o imponderável evento de uma religião cuja máxima seja “só pensar por pensar”, o natural é que a exercício autêntico da religião, como o exercício de tantas outras coisas na vida, contenha e abranja discursos e ações.


4 – UM CONFLITO MERAMENTE APARENTE

O conflito aparente entre as duas formas de liberdade – Liberdade Religiosa e Liberdade de Expressão – se manifesta, aos olhos menos atentos, quando existe um conflito de opiniões entre duas doutrinas com visões antagônicas. Ao usar o seu direito à liberdade ideológico-religiosa, combinado com o seu direito a propalar a sinceridade dos seus pensamentos, consistente na liberdade de expressão (parte integrante da liberdade religiosa), algumas pessoas e grupos podem ser hostilizados com base na falsa premissa de que são intolerantes.

A título de exemplo, podemos imaginar o fiel de uma religião hipotética com as seguintes características doutrinárias:

a)Monoteísta: acredita somente na existência de um único Deus;

b)Transcendente: acredita que Deus está fora do plano material;

c)Salvadora: todos estão perdidos e precisam de salvação;

d) Universal: as verdades do que crêem são para todos os seres humanos;

A questão aqui é saber se, em essência, tal religião e seus seguidores são intolerantes quando defendem as suas convicções: a resposta claramente é negativa. Obviamente ao afirmar as verdades, que integram sua estrutura de consciência e de valores, o fiel desta religião hipotética estará negando as outras possibilidades. Isso, contudo, não autoriza ninguém a pensar que aqueles que são politeístas, ateus, etc., estariam sendo vítimas de intolerância ou discurso ódio de qualquer espécie tão só porque confrontados publicamente com as convicções do fiel desta religião hipotética. E aqui não se aplica a regra da vontade da maioria, nem da conservação de direitos de minorias, pois o que prepondera, neste caso, é o direito fundamental da liberdade de expressão religiosa e ideológica.

Assim, não se pode alegar que o fiel de uma fé religiosa, seja ela qual for, é intolerante porque sua doutrina religiosa não inclui a opção de aceitar como verdade a teoria oposta. Tal situação tocaria o absurdo e seria um equívoco cometido contra a lógica e contra o fato mesmo da irredutibilidade de opiniões.


5- LIBERDADE RELIGIOSA COMO TOLERÂNCIA À OPINIÃO DIVERSA

Tolerância pode ser definida como a aptidão para a convivência de crenças e opiniões diversas. A idéia de tolerância tem seu campo de ação mais importante no campo religioso e, automaticamente, da liberdade de consciência. Podemos nos referir a dois tipos básicos de tolerância: tolerância frente a crenças e opiniões religiosas e políticas diversas; e a tolerância frente às minorias étnicas, raciais, físicas, homossexuais etc.

Isto nos situa frente às livres e legítimas manifestações do pensamento dentro de um Estado Constitucional de Direito. Tais divergências derivam da liberdade de pensamento, exteriorizadas na convicção de possuir a verdade, seja ela política, ideológica ou religiosa.

O que importa aqui é fixar como podem ser compatíveis, teórica e praticamente, duas “verdades”, ou convicções, opostas. A resposta é que, sob pena de se cair no vazio inaceitável de se tentar impor limitações ao livre exercício do pensamento e na tirania de combater o direito de livre manifestação do mesmo, só resta aceitar com tranqüilidade o fato de cada ser humano tem o direito de pensar, crer e se expressar livremente, conforme a sua convicção e consciência.

A liberdade religiosa pressupõe então o direito de crer e o direito de afirmar publicamente aquilo que se crê, mesmo que esta cosmovisão contrarie a opinião, a ideologia ou até mesmo a religião alheia. Em outras palavras, o direito à liberdade religiosa, e ideológica, garante a possibilidade de se crer no que quer que seja, e de afirmar publicamente aquilo que em que se crê.

A liberdade religiosa só existe de fato quando se assegura este seu aspecto externo e público. Porque a religião num contexto internalizado, em forma de pura reflexão, não necessita de qualquer tipo de garantia do Estado. Em mero pensamento sempre há liberdade. Por este motivo, o que a garantia de liberdade religiosa pretende assegurar é a possibilidade de o fiel viver e dizer, com liberdade, de acordo com o que acredita.

Acrescente-se que, por ser direito fundamental, a liberdade religiosa não deve ceder a princípios menores. Aqui não tem aplicação um princípio de “boa vizinhança ideológica”. Nem é aceitável qualquer imposição para que o indivíduo deixe pensar o que pensa, com o fito de tornar sua crença mais “aceitável” ou diminuir eventuais contrastes de opiniões, pois isto equivaleria a negar a sua liberdade e empobrecer o debate ideológico.

5.1 – A LIBERDADE FRENTE À CONFRONTAÇÃO E A PROVOCAÇÃO IDEOLÓGICA

Alguns autores entendem que em um Estado democrático é possível contestar, frontal e severamente, qualquer ideologia, inclusive a religiosa, tudo perfeitamente embarcado pela liberdade de expressão. Tal posição é legítima, porém precisa ser mais bem discutida para não se descambe para a mera afronta e violência gratuita. Geralmente seus defensores se dizem representantes de algum tipo de progressismo, secularismo, ou laicismo:

“(…) pues bien, las ideologías, los sistemas de convicciones y de creencias, religiosos o no religiosos, no merecen el más mínimo respeto. desde las conquistas de la libertad de conciencia, de pensamiento, de expresión, el destino más digno de cualquier sistema de ideas y creencias es ser sometido a todas las operaciones de pensamiento que seamos capaces de realizar con él, desde su exaltación a la más completa burla, al escarnio y a la irreverencia…” 3

Ou em outra reveladora versão:

“(…) pessoas merecem respeito. idéias não. (…) como o leitor já deve ter concluído, faço objeções fortes a teses religiosas, mas elas não se confundem com ataques a pessoas religiosas. (…) façam suas escolhas. só o que não vale é tentar calar o adversário.” 4

Entendemos aceitáveis estes “ataques”. Enquanto os mesmos permanecerem no plano da contestação ideológica de uma determinada convicção política ou crença religiosa, é viável concordar que tal postura estará ancorada pelo direito à liberdade de expressão. Sem embargo, quando o discurso atacar a integridade moral ou pessoal de qualquer indivíduo (ou instituição), desqualificando-o pelo fato da sua ideologia, estaremos incorrendo em uma postura discriminatória e odiosa, a merecer rechaço.

Acredito que o melhor exemplo sobre o assunto seja o constante “patrulhamento pejorativo” que os “crentes” recebem neste atual ambiente mundano secularizado, e que se diz “evoluído”. Ora, evoluir é perceber a inexorável amplitude da condição humana e encarar como normal as divergentes opções e identidades culturais (pacíficas) eleitas para si por cada indivíduo livre, e não o seu contrário. Julgar o seguidor de determinada doutrina como inferior (intelectual ou moralmente) é incidir na infamante e antijurídica prepotência de acreditar-se signatário das melhores escolhas e de maiores direitos, o que por si só é abjeto.

Neste ambiente, é necessário também que se esclareça disparatado querer emparedar a liberdade religiosa proibindo a divulgação de suas idéias ou a prática de seus cultos. O raciocínio é o mesmo quanto à idéia de querer obrigar a adesão a um culto ou ideologia qualquer. Dizendo de outra forma, a liberdade religiosa não existe só para assegurar a prática religiosa, mas também para respaldar a possibilidade de o sujeito não ter religião. Ela afiança a possibilidade de um ateu dizer, publicamente, que não acredita na existência de Deus, ou duvidar que Ele seja bom, etc, sem que por isso seja considerado intolerante.

Se for verdade que a liberdade de expressão religiosa ou ideológica não constituem um direito absoluto, também é verdade que estas só devem encontrar limites em casos muitos específicos (como as questões que envolvem, por exemplo, segredos militares).

Por outro lado, devemos concordar que a garantia da liberdade de expressão apesar de criar um direito a “dizer o que pensa”, não abriga um “direito a ser ouvido” nem a uma “obrigação de ouvir”. Uma postura que pretenda instituir a “obrigação de ouvir”, não seria compatível com um Estado de direito. Uma normatização deste quilate só poderia ser bosquejada em Estados totalitários (talvez o exemplo mais inconfundível seja o do eterno comandante Fidel Castro, em Cuba), mas, fora isso, ninguém pode ser obrigado, nem pelo Estado nem por particulares, a ‘ouvir’ ou deixar de ouvir, seguir ou deixar de seguir doutrina alguma.


6- LIBERDADE DE EXPRESSÃO E A IGUALDADE

Há quem argumente que certas manifestações da liberdade de expressão podem ferir o princípio da igualdade. Entendem que a divulgação de algumas opiniões específicas podem vulnerar grupos menos privilegiados e contribuir para o aumento da desigualdade. Esta corrente fomenta a idéia de que algumas pessoas não devem ser livres para expressar as suas opiniões e preferências.

Equivocadamente, se toma como parâmetro para esta “censura” algumas normas a respeito de assédio sexual e discriminação no ambiente de estudo ou de trabalho. Mas é fácil ver que não trata da mesma coisa. O assédio sexual e a discriminação negativa são condutas que efetivamente merecem reprovação. Mas este pensamento legítimo nunca pode estribar a falsa idéia de que necessário desinfetar o mundo para criar um espaço asséptico para abrigar “grupos minoritários que se julgam alvo de manifestações e expressões que ‘reputam’ ofensivas”.

Tal situação seria um retorno a um tempo das “trevas” da ignorância jurídico-política. Na prática, pressupõe a criação de uma espécie de “POLÍCIA IDEOLÓGICA” e, quem sabe, de uma “CENSURA PRÉVIA” em textos e falas. Neste diapasão, seria necessário e conveniente, quem sabe, estabelecer também “TRIBUNAIS CULTURAIS” para julgar as demandas apresentadas pelos “FISCAIS CULTURAIS”, o que, verdadeiramente, é um insondável absurdo.

“O Estado poderia então proibir a expressão vívida, visceral ou emotiva de qualquer opinião ou convicção que tivesse uma possibilidade razoável de ofender um grupo menos privilegiado. poderia por na ilegalidade a apresentação da peça o mercador de veneza, os filmes sobre mulheres que trabalham fora e não cuidam direito dos filhos e as caricaturas ou paródias de homossexuais nos shows de comediantes. os tribunais teriam de pesar o valor dessas formas de expressão, enquanto contribuições culturais ou políticas, contra os danos que poderiam causar ao status ou à sensibilidade dos grupos atingidos.” 5

É preciso sempre muita atenção para não caiamos no erro de acreditar que os institutos da liberdade e da igualdade estão em lados opostos. Na verdade, ambos se complementam na luta pela efetivação dos direitos fundamentais da humanidade. Não existe o tal propalado conflito entre a liberdade e a igualdade, e mesmo se existisse teríamos que fazer a opção pela liberdade, pois o entendimento contrário nos levaria a justificar a existência de um Estado controlador, o que seria uma grave agressão à própria noção de direitos fundamentais, que são exatamente aqueles direitos que os particulares exercem contra o Estado e contra terceiros, e que pertencem à órbita de ação do indivíduo, dentro da eficácia vertical e horizontal dos mesmos.

O ambiente social e político de uma sociedade é plural. E exatamente esta riqueza, ou “mercado de idéias”, que faz prosperar as diferenças, e não seu contrário. O direito à diferença e o direito á manifestação está intimamente ligada à própria noção de igualdade, cidadania e representação.

Fonte: Belcorígenes de Souza Sampaio JúniorAdvogado

Mestre em Direito pela UFPE; Mestre em Direitos Fundamentais pela Universidade Pública de Burgos – Espanha; Doutorando (em fase final) em Direitos Fundamentais: Liberdade Religiosa, pela Universidade Pública de Burgos – Espanha; Professor de Direito Constitucional, Teoria do Direito e Hermenêutica Jurídica; Ex membro da Comisssão de Direitos Humanos da OAB/Ba; Palestrante Internacional.

Religión Digital

Stephen Hawking, um dos mais prestigiosos cientistas do mundo, nega a existência de um Deus criador (um dos principais dogmas do cristianismo)

O  Padre jesuíta Javier Leach Albert, especialista na matéria, o qual, para rebater a tese de Hawking de que Deus não criou o universo, recorre a Santo Agostinho: “O transcendente não pode deduzir-se do imanente”.

O que responderia à tese de Hawking de que “Deus não criou o Universo”?

A fé no Criador se baseou historicamente na busca filosófica e na fé compartilhada por muitas religiões. Supõe uma visão compartilhada do mundo baseada numa percepção ou experiência de tipo filosófico ou religioso. Não pode deduzir-se do conhecimento empírico. Citando Santo Agostinho, podemos dizer que “o transcendente não pode deduzir-se do imanente” (“Si comprehendis non est Deus”).

Com efeito, o silencio da linguagem científica sobre a criação pode ajuda a purificar a fé religiosa, permitindo que o crente encontre a harmonia existente entre as leis da natureza e a presença do Criador.

Sem dúvida houve vozes na história que afirmaram que a ciência e a fé no Criador têm que opor-se, porque suas percepções e sua linguagem estão em conflito mortal. Num livro que aparecerá publicado em inglês neste mesmo mês de setembro pela Editorial Templeton, intitulado ‘Mathematics and Religion’, procurei mostrar que as muralhas entre ambos os campos beligerantes não são tão firmes como acreditaram a ciência ou a religião em outras épocas. O mundo e seus sistemas naturais estão abertos, ao mesmo tempo em que a consciência de nosso pensamento aponta com necessidade lógica à existência transcendente.

Na busca de conhecimento acerca das últimas causas do mundo, nós nos voltamos para a metafísica e sua linguagem específica, a qual excede a linguagem empírico-matemática e que se nos torna compreensível no contexto de uma tradição e uma comunidade. O fato de que esta busca continue, mostra a existência, na mente humana, de certa consistência sublime, desinteressada e universal.

Pode-se demonstrar que Deus não existe?

Qualquer demonstração se baseia no ato de deduzir uma conclusão de certas premissas. Se eu quiser convencer alguém de algo, baseio-me em certas premissas que considero válidas e que meu interlocutor também tem por válidas, e deduzo a partir delas o que quero demonstrar.

Historicamente se escreveram demonstrações da existência e da não existência de Deus. As demonstrações da existência de Deus utilizam uma linguagem e certas premissas de tipo filosófico. O problema de sua validez não se estriba em que a argumentação não esteja bem construída. O problema está em aceitar a validez das premissas.

Algo semelhante ocorre com as demonstrações da não existência de Deus. Nas premissas já há afirmações de tipo agnóstico ou ateu acerca da existência dos seres da realidade. Uma destas afirmações poderia ser, por exemplo, que somente admito o conhecimento que eu possa expressar mediante uma linguagem física numa teoria física.

A criação espontânea descarta o criador?

Depende do que entendamos por espontânea. Provavelmente ‘espontânea’ significa sem causa. A que tipo de causa nos estamos referindo?

Se mediante o termo ‘criação espontânea’ negamos que exista uma causa da origem do universo que possamos expressar mediante uma teoria física, então a criação espontânea descartaria o criador somente se ao mesmo tempo afirmarmos que só podemos expressar uma causa da origem do universo mediante uma teoria física (e esta afirmação é de tipo filosófico e excede a física).

Novamente, em nossa argumentação, voltamos a discutir as premissas. Uma premissa crente nos leva a conclusões crentes. Uma premissa não crente nos leva a conclusões não crentes.

Pode-se manter cientificamente a idéia de um Deus criador?

O uso da linguagem matemática por parte da Física moderna, a partir do século XVII e com figuras como Galileu, Newton e Leibniz para explicar observações feitas, tem o efeito de unificar a linguagem com a qual nos referimos aos diversos tipos de causas. A capacidade de descrever matematicamente as relações causa-efeito está precisamente no coração da ciência moderna.

A ciência é competente no conhecimento dos componentes empíricos do universo e a religião na busca de valores éticos e do significado espiritual de nossas vidas. Sem embargo, para alcançar a sabedoria de uma vida plena faz falta muita atenção a ambos os domínios. Um grande livro( a Biblia ) nos diz que a verdade pode tornar-nos livres e que viveremos em harmonia com nossos próximos quando aprendermos a atuar com justiça, a amar com misericórdia e a caminhar humildemente… A ciência abrange o universo empírico: aqueles elementos que constituem a realidade (fatos) e as razões por que as coisas funcionam da maneira em que o fazem (teorias). A religião abrange as questões de significado moral e os valores.

Segundo esta proposta, a ciência e a religião não podem separar-se. Sua relação é complementar, porém não é uma relação simétrica. Podemos dizer que, segundo esta relação, o conhecimento religioso necessita da ciência, enquanto a ciência pode ser feita sem religião. Esta assimetria é um ‘plus’, um mais ou um além para a ciência, já que nela se considera que a ciência é autônoma, mas também é um ‘plus’ para a religião, porque atribui à religião uma visão mais integral do mundo e da vida.