A Igreja Católica na Nigéria esteve liderando a luta contra a discriminação das pessoas homossexuais, assegurou o Arcebispo de Jos, Dom Ignatius Kaigama (foto) , e assinalou que a cobertura da imprensa sobre a Igreja foi desequilibrada.
Em 8 de outubro, em uma das afirmações mais diretas sobre homossexualidade feitas durante o Sínodo da Família, o prelado nigeriano disse à imprensa que “a Igreja Católica respeita todos os seres humanos e acreditamos que todos são criados à imagem e semelhança de Deus”.
Dom Kaigama assinalou que as pessoas na África acreditam que o matrimônio é apenas entre um homem e uma mulher, o que encontra o seu fundamento na cultura, biologia e crença religiosa. Entretanto, o Arcebispo destacou que isso não se traduz em um respaldo à “criminalização das pessoas com orientações sexuais diferentes”.
“A Igreja Católica está na frente de defesa destas pessoas”, disse o Arcebispo, “e defenderíamos qualquer pessoa com uma orientação homossexual que venha a ser para ela motivo de perseguição, prisão ou castigo”.
O Arcebispo criticou os meios de comunicação por não considerarem a luta da Igreja contra a discriminação das pessoas homossexuais.
“Esquecem-se que somos sérios defensores dos direitos humanos. Temos o nosso departamento de justiça e paz, visitamos as prisões, ajudamos as pessoas que foram presas injustamente ou aquelas que têm os seus direitos negados”.
Os meios de comunicação deveriam ter um enfoque equilibrado, disse o prelado, em relação ao nosso “respeito pelos seres humanos”.
Inclusive quando a prática homossexual “não está em conformidade com a nossa cultura e religião”, continuou o Arcebispo, “não passamos por cima das pessoas. Nós as abraçamos no amor. Tentamos compartilhar os nossos pontos de vista. Não as castigamos”.
O cuidado pastoral das pessoas com atração para o mesmo sexo recebeu relativamente pouca atenção até o momento, apesar de estar na agenda do Sínodo da Família. Em 6 de outubro, na sessão de abertura do Sínodo, o Cardeal Peter Erdo assinalou “um amplo consenso de que as pessoas com orientação homossexual não devem ser discriminadas”.
Em 10 de outubro, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, disse à imprensa que os participantes notaram a necessidade de continuar o debate sobre o tema do matrimônio homossexual.
As perguntas difíceis e controversas “virão”, assinalou Dom Kaigama. “Pela graça de Deus, vamos lidar com elas da melhor maneira possível para o bem da Igreja e a salvação das almas”.
ACI
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Aqueles sacerdotes que apoiam o matrimônio gay atrapalham quem realmente busca ajudá-los, afirma perito
O Pe. Paul Check, diretor executivo do Courage, uma das pastorais católicas mais importantes do mundo para as pessoas com atração ao mesmo sexo, assinalou que o apoio ao mal chamado “matrimônio” gay que expressaram três sacerdotes no Chile é fruto de uma “compaixão fora de lugar”.
A imprensa chilena difundiu recentemente a informação errada de que o Arcebispo de Santiago, Cardeal Ricardo Ezzati, apresentou uma denúncia ante a Santa Sé contra os sacerdotes Felipe Berríos, José Aldunate e Mariano Puga Concha, devido a suas declarações contrárias à doutrina moral da Igreja sobre as uniões homossexuais e o aborto.
Fontes do Vaticano próximas ao Grupo ACI, e depois o próprio Arcebispado de Santiago, desmentiram a informação da imprensa chilena. Porém, os três sacerdotes realizaram sim uma série de declarações polêmicas.
Em declarações ao Grupo ACI, o Pe. Paul Check assegurou que considerar que se pode ampliar a concepção da sexualidade ao aceitar a homossexualidade, como propõe o Pe. Felipe Berríos, é “uma visão muito confusa da natureza humana”.
“A história da nossa identidade, nossa origem, nossa história, nos é contada no livro do Gênesis, onde o autor sagrado transmite o desenho sábio de Deus –‘não é bom que o homem esteja sozinho’– e Eva é o complemento de Adão”.
Para o Pe. Check “essa antropologia –que se converte em antropologia cristã com a vinda do nosso Senhor– é confirmada pelas pessoas que recebem o atendimento do Courage”.
O diretor executivo do Courage assinalou também que “uma das coisas que escuto dos nossos membros, que viveram de uma forma, e agora, com a graça de Deus e a perseverança, estão vivendo uma vida nova, uma vida casta, é que quando estavam vivendo o estilo de vida homossexual antes, sempre sabiam que alguma coisa não estava bem”.
“Eles podiam ignorar a sua consciência ou tentar sufoca-la de diversas formas, mas por trás de tudo isso havia algo que lhes dizia ‘o que estou fazendo pode ser satisfatório, pode ser prazeroso, mas fundamentalmente não é uma coisa boa para mim’”.
O Pe. Check assegurou que uma pessoa com atração ao mesmo sexo “poderia levar anos antes de enfrentar essa realidade e chegar a ter essa mudança de mente e coração, mas é muito bom que reconheçamos essa voz que lhes diz que não é bom, que é uma expressão de sua humanidade, e essa natureza humana é algo que todos compartilhamos”.
Se as pessoas com atração ao mesmo sexo que participam do Courage soubessem das declarações dos sacerdotes chilenos, indicou, “estariam muito desconcertadas, e diriam ‘nossa experiência é realmente muito diferente’”.
Sobre as discrepâncias entre o que os padres chilenos difundem e a doutrina da Igreja, o Pe. Check expressou a sua tristeza “por meus irmãos sacerdotes. Deve haver alguma divisão interior aí, porque já não parecem confiar no que a Igreja lhes confiou em sua ordenação”.
O diretor do Courage recordou que “todos os sacerdotes em sua ordenação, depois de uma reflexão profunda, formação e oração, fazem a declaração solene, o compromisso, a promessa de que acreditam que o que a Igreja diz é verdade, e que com o melhor de suas habilidades, com a graça de Deus, pregarão e ensinarão o que a Igreja nos dá em termos da nossa história, da nossa humanidade, e, é obvio, em termos da revelação divina”.
O Pe. Check considera que com este tipo de declarações os sacerdotes chilenos estariam cedendo “a um tipo de sentimentalismo ou compaixão fora de lugar que não leva em consideração a dignidade da pessoa, ou o poder, a eficácia da graça de Deus”.
Recordando o encontro de Jesus com a mulher adúltera, no capítulo 8 do Evangelho de São João, o diretor do Courage indicou que “depois que todos os hipócritas foram saindo por causa da admoestação de Nosso Senhor, e Ele disse à mulher ‘eu também não te condeno’, diz também ‘vai e de agora em diante não peques mais. Este é um chamado à verdadeira compaixão do Deus-homem que conhece a debilidade à qual estamos propensos, é um chamado à conversão”.
“Ele está dizendo ‘reconheço em você a sua dignidade, está aí, agora você precisa reconhecê-la e a minha graça vai fazer possível que as suas ações sejam satisfatórias, porque estará vivendo essa dignidade, e estará vivendo-a de forma apropriada e completa’”.
Se Jesus tivesse dito somente “eu também não te condeno” e mais nada, disse o sacerdote, “estaríamos perdendo algo muito importante, e estaríamos testemunhando provavelmente algo chamado sentimentalismo, que é muito diferente da compaixão”.
“Enganamos as pessoas, privamos as pessoas do seu pleno entendimento do dom que têm como filhos de Deus, redimidos pelo sangue precioso de Cristo no dom da graça, se não seguimos o chamado de Jesus à conversão de nossos corações, que todos necessitamos, é obvio, em uma ou outra medida”.
O Pe. Check destacou também que buscar na frase do Papa Francisco “Quem sou eu para julgar?” um aval para o estilo de vida gay “é para mim um problema, pelo menos na justiça natural. Não há nada no nosso Santo Padre Francisco que sugira isso”.
Apesar da pressa na sociedade civil para aprovar as uniões civis homossexuais, o sacerdote destacou que “a Igreja não olha para a sociedade civil para que ela nos ensine quem somos, ela olha para a figura de Jesus”.
Por outro lado, frente a quem assegura que Jesus não condenou a homossexualidade, o Pe. Check assinalou que “pode ser que não tenha usado a palavra, mas nos ensinou claramente que a intimidade humana está reservada para a aliança matrimonial”.
Assim, explicou, Jesus no seu ensinamento “excluiu muitas coisas que seriam contrárias” à aliança matrimonial.
“O comportamento homossexual seria uma delas, mas também teríamos que dizer coisas como a convivência, a fornicação, a anticoncepção, a masturbação, a pornografia, todas as quais estão necessariamente excluídas e Jesus mesmo eleva o nível em relação à pureza de coração e a castidade, no Sermão da Montanha”, disse.
“Assim não há razão para que acreditemos que há outra coisa além da doutrina da Igreja na mente de Cristo quando cuidadosamente lemos o Catecismo sobre o sexto mandamento”, concluiu.