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Entrevista com o diretor italiano de Ajuda à Igreja que Sofre

Por Luca Marcolivio

O Meeting de Rímini para a Amizade entre os Povos, realizado na Itália de 19 a 23 de outubro, terminou sob a luz da esperança na liberdade religiosa.

ZENIT conversou com um dos palestrantes, Massimo Ilardo, diretor, na Itália, da associação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). Ele ilustrou o passado, o presente e o futuro da associação que tem 65 anos de atividade.

Qual foi a contribuição da Ajuda à Igreja que Sofre, neste Meeting?

Máximo Ilardo: Nós tivemos a possibilidade de participar na conferência sobre a Síria, ilustrando todas as problemáticas que os sírios enfrentam hoje e contando o que a AIS está fazendo para ajudar. No ano passado falamos do Irã, em particular das minorias cristãs e do seu sofrimento naquele país e do que a AIS fez e continua fazendo por eles. Em 1987, o nosso fundador veio ao Meeting e contou sobre a atividade da AIS. Sete mil pessoas estiveram na conferência. Quando ele chegou, todo o público ficou de pé. O setor italiano da AIS (Aiuto alla Chiesa che Sofre) está desenvolvendo um trabalho de divulgação, para continuar sendo, como tem sido há 65 anos, a voz que fala do tema religioso para prestar uma ajuda concreta, graças à colaboração dos benfeitores, que são todos privados.

 Como a percepção da liberdade religiosa vem mudando? Que oportunidades este Meeting proporcionou de abordar o tema?

Máximo Ilardo: A liberdade religiosa, em comparação com 1998, quando publicamos o primeiro relatório sobre o tema, é cada vez mais entendida pelas pessoas, instituições, imprensa, e está chegando também ao entendimento da população em geral. No Meeting houve uma palestra extraordinária do cardeal Tauran, sobre o diálogo, que precisa de tempo: não há grandes novidades, mas o que se nota é a existência de um percurso que não pode ser interrompido. Há momentos críticos, como agora na Síria e no Egito, mas não podemos nos esquecer nunca de outros países em dificuldades, como a Nigéria.

A liberdade religiosa é um problema dos países asiáticos e africanos ou é um problema universal?

Máximo Ilardo: É um fato relacionado com a consciência. Este direito não tem que ser concedido pelos governos, é natural, como a vida. Começamos a ser mais conscientes deste direito quando ele começa a faltar.

No tocante à liberdade religiosa, nós, cristãos que moram na Itália, não nos damos conta da graça que recebemos, porque viver a nossa fé significa não ter que “alterar” particularmente a nossa vida. Mas ser cristão num país como o Egito, o Paquistão, o Iraque ou a Nigéria significa mudar de estilo de vida. Num país como o Paquistão, a mulher não pode decidir a educação dos filhos, não pode dirigir, tem que caminhar um passo atrás do marido, não pode falar com o marido sem que seja de um determinado modo tradicional, etc. Faz dois anos, nós publicamos um texto intitulado “Por que me persegues?”, e começamos a divulgar um resumo dele nas escolas, nos centros culturais, nas associações, nas paróquias. Divulgamos 4.500 cópias e estamos preparando uma nova edição para chegar a mais pessoas.

Há países, como a Rússia e outros da Europa ex-comunista, que reconquistaram a liberdade religiosa depois de décadas de perseguições. A AIS trabalhou nesses países?

Máximo Ilardo: Na Europa do Leste, o padre Werenfried, nosso fundador, trabalhou muito. Os resultados conseguidos na Rússia, e em outras nações que sofreram as mesmas opressões, começam a dar frutos no tocante às vocações. Acompanhamos sempre o que acontece nesses países, com uma atenção um pouco menor do que em outros lugares do mundo, mas estamos sempre atentos. Em particular na Bósnia e no resto da ex-Iugoslávia. São países em que dificilmente acontecem coisas espantosas hoje em dia, e, portanto, quase não se fala deles, mas há fiéis que fugiram daqueles lugares e que ainda têm que voltar. Também estamos trabalhando com eles. Existe um contínuo surgir de novas vocações, a Europa do Leste está dando grandes resultado. Além disso, nós temos uma seção dedicada à Igreja ortodoxa e isto é importante no diálogo ecumênico e inter-religioso. Uma Igreja irmã ajuda outra Igreja irmã, e eu acho que essa é uma das coisas mais bonitas. Foi uma das intuições do nosso fundador no início dos anos 1990.

Nada al-Ahdal é uma garota de 11 anos do Iêmen que ganhou fama nos últimos dias ao publicar um vídeo no YouTube em que explica porque decidiu fugir de casa: para escapar de um casamento forçado com um homem bem mais velho.

Sua história começou a circular pela web e, ao final do dia, já ganhava destaque nos principais portais de notícias do mundo. No vídeo, ela explica que preferiria morrer a trocar sua infância, educação e sonhos por um casamento arranjado com um desconhecido, e que sua única opção foi sumir por um tempo. “Eu não teria vida e nem oportunidade de estudar”, desespera-se.

Veja o relato, legendado em inglês:

Em países onde o cristianismo é minoria, não é difícil ver evangélicos e católicos se unindo, dividindo espaços e até congregando juntos. A missão Portas Abertas, e outras similares que lutam contra a perseguição de cristãos no mundo, já ajudou em campanhas pela libertação de católicos presos em nome de sua fé.

Fundada durante a Guerra Fria, a Portas Abertas tinha como principal objetivo contrabandear Bíblias. Aos poucos foi crescendo e hoje atua em quase todo o mundo, sendo conhecida por suas campanhas pelos direitos humanos daqueles homens e mulheres que sofrem perseguições e são presos e mortos por ousarem crer em Cristo.

Além de divulgar as histórias dessas pessoas, pedem orações em favor delas e coletam assinaturas de cristãos de todo o mundo, usando-as para pressionar as autoridades. São muitas as histórias de sucesso com essa estratégia.

Durante a Jornada Mundial da Juventude, finalizado neste final de semana, seus representantes no Brasil se uniram aos católicos, seu objetivo foi coletar assinaturas dos peregrinos para sua atual campanha que visa defender os cristãos perseguidos na Síria.

Integrantes do Underground, um ministério da PA voltado para os de jovens, carregavam cartazes e anunciam em alto-falante que precisavam de apoio para o abaixo-assinado que exige uma atuação mais enérgica do governo sírio na proteção aos cristãos.

Alyne Romeiro, coordenadora do Underground, explica: “Essa galera reunida quase toda é evangélica. Temos batistas, assembleianos, presbiterianos, congregacionais, mas também temos católicos envolvidos conosco na Portas Abertas”.

Diz ainda que se surpreendeu positivamente com a JMJ e com o “intercâmbio” desses grupos que no Brasil dificilmente andam juntos. “Os católicos estão se interessando muito pelo assunto, preenchem, assinam o documento e falam: quero apoiar os meus irmãos, também”, ressalta.

Fonte:  Último Segundo.



Pe. Ermanno Battisti, há 40 anos em Guiné-Bissau, fundou a paróquia de Jesus Redentor e o Centro Artístico Juvenil Nacional na capital Bissau, além do Hospital Infantil Católico de Bor, na periferia de Bissau.

Perguntamos a ele, com base na sua experiência na África, por que a bíblia e o evangelho desenvolvem o homem e os povos africanos. Eis o seu testemunho:

A primeira contribuição ao desenvolvimento do homem africano, que nós, missionários, trazemos à África, é a difusão do conhecimento dos dez mandamentos, que expressam a vontade de Deus para a vida de cada homem e que são o seu fundamento.

A religião tradicional africana, pelo menos na Guiné-Bissau, que eu conheço bem, não dá essa base moral, porque não tem uma moral. A moral é definida caso a caso pelos anciãos da aldeia, de acordo com o que foi feito no passado e é útil hoje para a aldeia. Eles julgam o bem e o mal de acordo com a tradição e com a conveniência do momento. Por exemplo, roubar é ruim, mas se o homem de uma tribo rouba os animais de outra etnia e consegue escapar, então eles dizem que ele é corajoso e esperto.

Outro exemplo: se uma criança nasce com alguma deformidade, é ruim deixá-la na aldeia, porque ela é um espírito maligno que depois vai fazer mal a todos. Então eles a abandonam na praia ou a levam para a selva, para deixá-la morrer.

Vou contar um fato. Uma menina nasceu prematura e a parteira declarou o seguinte, porque a menininha era muito pequena: “Esta aqui não é uma menina, é um espírito”. O pai foi falar com o feiticeiro para saber o que fazer. E o feiticeiro, depois de consultar uns pedaços de madeira, disse que era preciso devolver a menina ao mundo dos espíritos da água, de onde ela tinha escapado para vir à terra fazer mal à aldeia. O homem pegou a criança, enrolou-a num pano e a levou até uma espécie de encarregado oficial da aldeia para fazer esse tipo de ritos. Ele esperou a maré baixar e deixou a criança abandonada no ponto mais baixo da praia, para que a maré a levasse embora quando voltasse a subir.

Mas à noite, quando o pai voltou para casa, ele encontrou a menina em cima da cama, ao lado da mãe. O cachorro da família tinha ido procurar a criança e a levou de volta para a mãe, carregando-a pela boca, com pano e tudo. O homem ficou assustado e correu de novo até o feiticeiro, que olhou para os pedaços de lenha e respondeu que tinha acontecido um erro: a menina não era um espírito da água, mas um espírito da floresta, e que era na floresta que ele tinha que abandoná-la. A mãe chorou, porque queria salvar a filha, mas o homem a pegou de novo e a entregou ao intermediário, que desta vez a abandonou na selva. Mas os planos de Deus eram diferentes. Mais uma vez, o incrível aconteceu: o cachorro a encontrou novamente e a levou para casa.

Ao rever a filha, o homem se apavorou tanto com aquela suposta perseguição dos espíritos que largou tudo e fugiu de casa. Mas a mãe interpretou que era uma intervenção direta de Deus e ficou com a menina, que cresceu e ficou mais forte a cada dia, como todas as crianças normais.

Anos se passaram e não se soube mais nada do pai, até que um dia, com 20 anos de idade, a jovem encontra um idoso desconhecido. Ele conta tudo para ela e pede que ela cuide dele. Joana aceita com alegria e fica sempre perto do pai até o dia em que ele morre, nos seus braços, convencido de que ela não era um espírito, mas simplesmente a sua filha.

A Joana é uma senhora muito ativa numa paróquia em Bissau. É uma mulher maravilhosa, uma das grandes cristãs do país, não apenas como mãe, mas como cidadã instruída capaz de difundir o Evangelho.

Zenit

A liberdade de todos saiu fortalecida da última reunião de representantes da Assembleia Parlamentar da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação Europeia), depois da votação contrária à implantação dos princípios da Conferência de Yogyakarta por 24 votos contra 3

Para entender a transcendência desta votação, é preciso recordar a Conferência de Yogyakarta, Indonésia, ocorrida em 2006, na qual a ONU aceitou um documento com 29 princípios relacionados com a orientação sexual e com a identidade de gênero. A agenda do lobby gay pretendia que esses princípios fossem aplicados na legislação sobre direitos humanos.

O documento, ou “guia”, como foi chamado pelos seus autores, queria obrigar os países-membros da União Europeia a promover ativamente a homossexualidade, além de cercear direitos fundamentais como a liberdade religiosa e a liberdade de pensamento.

Estes princípios não são vinculantes até serem aceitos e negociados com os países- membros. A discussão a respeito do “guia” esteve na pauta da última votação da Assembleia Parlamentar da OSCE, cuja maioria de representantes votou contra o reconhecimento de “novos direitos humanos” que favoreceriam um grupo minoritário e limitariam os direitos humanos primordiais e universais.

Leonor Tamayo, responsável pela Área Internacional da associação Profesionales por la Ética, explica que “a implantação dos princípios de Yogyakarta não só limita âmbitos fundamentais para a liberdade, como é o caso da liberdade religiosa e de expressão, mas também cria uma ‘casta privilegiada’ e uma forma prioritária de concepção da sexualidade que seria beneficiada em detrimento de outras, através de políticas de fomento desse coletivo.

No caso da educação, é evidente que envolve um apoio fundamental a políticas educativas de temas sexuais e ético-morais, que priorizam e incentivam a ideologia de gênero e a homossexualidade, indo contra o direito fundamental dos pais de educar seus filhos de acordo com as suas próprias concepções.

Sem dúvida, teria sido um golpe violento contra a luta em prol da liberdade, que os pais europeus têm travado contra o totalitarismo educativo e contra a imposição do ensino de valores controversos. Por isto, consideramos esta votação da OSCE uma vitória para a liberdade de todos os cidadãos europeus”.


Reflexão histórica sobre os direitos do nascituro.

Por Vitaliano Mattioli

Os direitos dos nascituros[1] podem ser divididos em duas categorias: Positivos: são os direitos feitos pelos homens. Naturais: são os direitos não feitos pelos juristas mas que são reconhecidos, preexistem aos direitos positivos. O fundamento deles é a mesma natureza humana.

Esses direitos naturais dos nascituros podem resumir-se em quatro:

1 – Direito de cada ser humano de ser concebido de maneira natural;
2 –  Direito de ser reconhecido existente desde a concepção e o direito de continuar a viver após a concepção;
3 – Direito de ser respeitado como ser humano.;
4 – Direito de viver numa familia composta (formada por pai e mãe) juntos no casamento.

Agora comentamos cada um desses direitos.

1 – Ser concebido de maneira natural.

Significa que cada criança deve chegar ao mundo numa relação sexual fisica, como consequência de um amor . O filho não pode ser o resultado de uma técnica ou de um projeto resultado de um produto. Sobre os produtos o fabricante tem o direito de posse mas no indivíduo humano não pode ser assim: este tem uma dignidade própria do ser humano.

Por isso, os pais são chamados pro-criadores, eles são somente os diáconos, os servidores da vida; não são eles que doam a vida mas oferecem à Natureza (para os crentes, à Deus criador) a possibilidade de criar uma nova vida.

A fertilidade do ato sexual não  pertence aos cônjuges; o resultado desse encontro sexual não depende da vontade deles, ou do desejo de ter um filho. Os pais esperam que desse encontro seja gerado um filho.  Nesse sentido  o filho não é um produto deles, e  sim de um Outro, o único que tem a possibilidade de doar uma vida. Dessa maneira o ato sexual adquire uma dignidade humana. O filho deve ser a consequência de um amor verdadeiramente humano, isto é, fisico e espiritual, desejado não como um resultado de um “fazer”, ou um objeto de um hipotético direito do casal mas como um presente.

2 – Direito de ser reconhecido existente desde a concepção e o direito de continuar a viver depois da concepção.

A verdadeira ciência (a embriologia) hoje nos diz que a vida inicia no momento mesmo da concepção.  Na fecundação acontece a fusão das duas membranas celulares e a fusão nuclear.  A nova célula, o zigoto, tem o patrimônio genético completo e próprio, diferente do pai e da mãe, chamado genoma.  Este constitui o código genético do novo indivíduo, a sua carteira de identidade genética.  O zigoto inicia  logo o seu próprio desenvolvimento  em fases sucessivas e interligatas, segundo a lei ontogenética.  Este desenvolvimento, se não intervém uma ação destrutora,  conduz o zigoto até o nascimento, à adolescência, à idade adulta e à velhice. Somente é preciso dar ao zigoto, embrião, feto, o tempo necessario para o desenvolvimento.  Mas ele já possui todas as carateristicas genéticas. Por isso, deve-se distinguir um ser humano em potência de um ser humano em potencialidade. Em potência significa que o zigoto antes não tem alguns elementos, mas os ganha depois.  Isto é impossível porque depois da união sexual não intervém uma outra ação externa para acrescentar algo que o zigoto não tinha. Potencialidade, pelo contrario, significa que o zigoto já desde o início tem o patrimônio genético completo.  Nada se acrescenta. Precisa somente do tempo para desenvolver-se.

Adriano Bompiani, o grande genetista italiano recentemente falecido,  dizia que desde o concebimento, o zigoto  tem a sua Carteira de Identidade Genética.

O direito Romano já admitia que: “Conceptus iam pro natu habetur” (O concebido deve ser considerado como um ser humano). Também o jurista Tertuliano, dizia que é já homem aquele que o será  (Apologetico, IX, 8).

[1] Nascituro: com este termo se designa um ser que já foi concebido mas que ainda não nasceu. Este termo compreende somente as fases do período da vida intra-uterina: zigoto-embrião-feto

3 – Direito de ser respeitado como ser humano.

Aceitar que no embrião humano está a vida humana e por isso faz parte da espécie humana, significa reconhecer que ele é uma pessoa e por isso deve ser respeitado como os adultos.

Na realidade esse direito não é sempre respeitado. Escreve R.G. Edwards “Em vários laboratórios os óvulos são retirados para a fecundação in vitro, sem a  intenção de transferir esses embriões ao útero; são utilizados somente para pesquisa, como os embriões dos animais… Um embrião não tem os mesmo direito de uma criança que vai à escola ou de um adulto que vai ao trabalho. O feto de três meses é diferente de um recém nascido… Os direitos dos embriões são menos comparados aos dos adultos … Eu acho que os embriões humanos devem ser respeitados mas os embriões que ficam na primeira etapa de crescimento não tem direito a esta proteção, assim nós podemos ultilizá-los para pesquisas e estudos e aprofudarmos os conhecimentos géneticos nos primeiros estados da vida”  (Modern Biological Experimentation, p. 192).

Com outro pensamento é o professor jurista Lombardi Vallauri: “Deve estender-se ao embrião os mesmos cuidados que com os adultos e crianças… Nunca pode ser usado como meio para outro fim. Deve ser proibida cada intervenção sobre os embriões que possa causar algum dano. Precisa-se voltar para o princípio de veneração e ter a capacidade de experimentar alguma maravilha com essa existência humana pequenina, misteriosa, invisível mas sempre grande e importante. Precisa-se reformular considerações ontológicas: o embrião é homem em ato porque o seu patrimonio genético já está completo. Somente a  proteção juridica não é suficiente porque o embrião ainda é invisível; por isso precisa-se do princípio da contemplação. É a contemplação que faz visível o invisível. Hoje precisamos de um direito que esteja enraizado na contemplação; nós juristas estamos chamados a construir uma sociedade capaz de contemplar”  (Terre, Vita e Pensiero, Milano 1990, p. 157).

A falta de respeito pelos embriões é a consequência do niilismo e utilitarismo.

Já Immanuel Kant escreveu que a pessoa nunca deve ser considerada como meio mas só como fim (Fudanção da metafísica dos costumes, Bompuanu, Milano, 2003, p. 143-155).

Considerar o indivíduo como fim, significa considerá-lo como pessoa, reconhecer-lhe a dignidade. Se o indivíduo é pessoa significa que tem uma dignidade e que necessita de respeito. A verdadeira demogracia aceita e defende o conceito de pessoa e também Cícero aceitava no seu tempo este conceito filosófico e jurídico sobre a pessoa humana.  “Nenhuma dimensão da vida pode subtrair-se  à responsabilidade ética – Nulla enim vitae pars… vacare officio potest” (Os Deveres, I, 2, 4.)

Um verdadeiro cientista reconhece que a ciência tem limites, consequência do respeito pelo homem, que não podem ser ultrapassados. A ciência e a técnica são muito importantes para os homens; todavia não têm a capacidade de vivenciar o verdadeiro sentido da existência e do progresso humano.

A secular tentação do homem de chegar a ser Deus está se fortalecendo. O fisico Alberto Einstein escreveu: “A nossa época é orgulhosa pelo progresso que realizou. Mas devemos ser cuidadosos e não pensar que o nosso intelecto é um deus. Na verdade tem muita capacidade mas não tem personalidade. É o homem que deve ter o cuidado de controlar o seu  intelecto. Infelizmente já temos uma experiência dolorosa ao ver que o pensamento racional não é suficiente para resolver os problemas de nossa vida social; a pesquisa e o trabalho científico  trazem consequências trágicas para a humanidade; introduzindo uma grave insatisfação pela vida e fazendo a humanidade escrava do mundo tecnológico com a finalidade de criar os meios para a sua mesma destruição. Na verdade uma tragédia terrível”  (Pensieri degli anni difficili, Boringhieri, Torino 1986,  p. 148 e 220).

4 – Direito de viver numa família composta (formada por um pai e uma mãe) juntos no casamento.

No preâmbulo da Convenção internacional  dos direitos da infância (ONU, 20 de novembro de 1989) se lê: “Os estados, convencidos  de que a familia, unidade fundamental da sociedade, é lugar natural do crescimento dos seus membros, especialmente as crianças, declaram que a família deve receber a proteção e a assistência. Reconhecem que as crianças, para o desenvolvimento harmonioso e completo da personalidade, devem crescer no ambiente familiar”.

Em outras palavras, cada um tem o direito de nascer em uma familia formada por um pai (homem) e uma mãe (mulher). Este direito não é dado pelo legislador mas tem o seu fundamento no direito natural. Infelizmente hoje estão tentando destruir essa família chamada tradicional. Todavia, a verdadeira psicologia não aceita essa tendência porque agora todos conhecem as consequências negativas destas tentativas.

O mesmo Cícero afirmava que a família constitui a origem da cidade e que o bem estar do Estado depende da saúde da família  (Prima societas in ipso coniugio est… id autem est principium urbis et quasi seminarium rei publice – Os Deveres, 613, I, 17,54).

O jurista Modestino Erennio (III sec. D.C.) nos brindou com uma definição do matrimônio: as bodas são a união entre um homem e uma mulher, e implica a comunhão por toda vida regida pelo direito divino e humano (Nuptiae sunt coniunctio maris et feminae et consortium omnis vitae divini et humani iuris  communicatio – Digesto, 23, 2, 1).

As crianças têm o direito de ser concebidas, nascer e crescer nessa familia.


Vídeo onde o escritor Knud Romer fala sobre a morte de seu pai e a solidão dos idosos na Dinamarca , o país foi várias vezes eleito “o mais feliz do mundo”.


Cometário de Gilberto Luiz B. Edson que nos enviou o vídeo:

Meu amigo, filho de dinamarqueses, que legendou a entrevista linkada abaixo, diz que o dinamarquês é tão crédulo a tudo o que vem do Estado, que se um deles, depois de anos vivendo numa ilha deserta, encontrar uma placa de proibido caçar, preferirá passar fome a descumprir a advertência.

Certa vez, conversando com seu o irmão, este comentou, sem nenhum traço de indignação, que paga entre 50% a 53% de imposto de renda! Outro exemplo: o pai dele é engenheiro aposentado, mas como a aposentadoria é tributada (imaginem a tacada!), falta dinheiro para pagar o aluguel, o qual, no final das contas, é pago pelo… Estado! Ou seja, você é cercado por todos os lados e ao longo de toda a vida. O Estado assume assim, aos olhos do cidadão, a figura de “pai protetor”.

Se quisermos saber para onde caminha o mundo, é imprescindível olharmos para a Dinamarca, espécie de laboratório das políticas socialistas de engenharia comportamental. O Estado dinamarquês, como mostra a entrevista, é um dos exemplos mais sofisticados, perversos e assustadores de Leviatã dos tempos atuais. E na raiz dessa onipresença estatal avassaladora está o desmantelamento da família tradicional, pela usurpação do seu papel insubstituível de educadora e esteio de valores fundamentais.

Em suma, é o mundo que os socialistas/comunistas sempre sonharam: cidadãos completamente dependentes do Estado, e portanto escravizados, mas que se sentem os mais felizes do mundo! (vejam as pesquisas sobre o tema).

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Aviso: No vídeo, o autor solta um dispensável palavrão. Levando em conta o excepcional conteúdo avaliei que valia muito a pena -nesse caso-  ouvir sem escutar.


Leo Daniele

Parece incrível, mas depois de contrariar, através do aborto, o direito de nascer, os inimigos da vida humana pretendem agora também negar aos meninos o direito de fazer o barulho razoável para sua idade. Em algumas cidades, chega-se ao absurdo de adotar a lei do toque de recolher para menores de 16 anos!

A expressão “direito de” está se vulgarizando de tal modo que quase perdeu o sentido. Fala-se em direito dos animais, direito dos índios, direito dos quilombolas, direito de dizer bobagens, etc. Só não se fala suficientemente de direito à vida, porque significaria banir o aborto: os nascituros e os recém-nascidos são discriminados, e por vezes mortalmente discriminados.

Agora os inimigos da vida e de suas manifestações inventaram novo tipo de discriminação, pela qual uma criança não pode fazer barulho. Sem dúvida, exigir de um menino que não faça ruído, desde que seja o aceitável para sua idade e condições, não é de bom senso.

Alguém não acredita? Leia esta resenha de matérias extraídas da imprensa diária.

• Na ordenada Suíça, barulho é quase crime, mesmo que venha de crianças. O tema agora ganhou dimensão política ao ser debatido em toda a Europa, obrigando especialistas e associações de vizinhos a reabrir o debate sobre o papel da criança na sociedade¹.

• No ano passado, um tribunal da cidade suíça de Wädenswil ordenou que um campo de futebol fosse fechado nos fins de semana com cadeados para impedir que as crianças jogassem bola. Motivo: os vizinhos alegavam que o barulho acabava com a tranquilidade do bairro. A decisão se transformou em uma polêmica nacional e os cidadãos devem ir às urnas para se posicionarem sobre o transcendental assunto.

• De um lado, há os que se queixam do barulho feito em creches e parques. De outro, associações apelam para o “direito de fazer barulho” das crianças.

• Na Alemanha, o governo decidiu em 2011 modificar de forma dramática as leis nacionais. Até então, sinos de Igrejas, tratores para limpar a neve e sirenes estavam fora das regras contra a poluição sonora, mas o barulho de crianças levava até ao fechamento de creches, diante da quantidade de queixas registradas.

• Berlim, em 2010. Nas residências, crianças teriam de continuar a respeitar horários, além de evitar barulho aos domingos. Parece incrível não? Será que essa gente já teve infância?

• Cidades como Kehrsatz, Interlaken, Zurzach e Biel são algumas das localidades suíças que adotam a lei do toque de recolher para menores de 16 anos.

• “Parques estão sendo fechados, decisões judiciais estão fechando campos de futebol”, alertaram Philipp Kutter e Johannes Zollinger, do Parlamento de Zurique².

Os bebês vão perdendo o direito de se manifestar, realizando o que diz um provérbio: as lágrimas que correm são amargas, mas muito mais amargas são as lágrimas que não correm! Ou os autores dessa regulamentação não tiveram infância?

Uma casa sem crianças é um túmulo, diz o ditado, e é isso o que desejam os autores destes regulamentos? Como pondera uma antiga sentença chinesa: quem tem muito dinheiro sem ter crianças, não é rico; quem tem muitos filhos sem ter dinheiro, não é pobre.

Palavras de sabedoria! Pois diz um Salmo: os meninos são uma herança de Deus³.

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¹O Estado de S. Paulo, 21 de abril de 2013.
²Os dados aqui transcritos foram extraídos em parte de artigo de Jamil Chade, Europeus discutem ‘direito ao barulho’, publicado em O Estado de S. Paulo, em 21 de abril de 2013.
³Salmo 127, 3.

O movimento em defesa da vida obteve uma importante vitória sobre a cultura da morte nesta sexta-feira, 05/04.

Com um placar de 90 a 30, a Câmara dos Deputados do Kansas, estado norte americano, aprovou a lei que:

1. Define o estágio inicial da vida na fecundação;

2. Proíbe a associação Planned Parenthood – a maior rede de abortos do mundo – e outros grupos ligados à causa de promoverem aulas de educação sexual nas escolas;

3. Exclui as clínicas de abortos da isenção fiscal;

4. Bane abortos por seleção de sexo;

5. E obriga os médicos a darem maiores detalhes sobre o assunto às gestantes que queiram abortar.

Durante a tarde, o projeto já havia sido aprovado com facilidade pelo senado. Agora, para que a lei entre em vigor, resta a provável assinatura do governador Sam Brownback, reconhecido por sua forte oposição ao aborto.

Os Estados Unidos enfrentam uma grande tensão desde que o presidente Barack Obama iniciou o seu projeto de reforma da saúde pública. O programa, chamado de “Obamacare”, tem recebido fortes críticas de bispos e outros setores da sociedade devido a violações do direito à liberdade religiosa, objeção de consciência, aprovação do aborto e mudança de sexo. Pelo programa, os hospitais católicos serão obrigados a interromper a gravidez de pacientes que decidam pelo procedimento.

O aborto é garantido pela Constituição dos Estados Unidos desde que a Suprema Corte americana, no famoso caso “Roe vs. Wade”, o liberou até o nono mês da gravidez. Após 40 anos da decisão, estima-se que 55 milhões de abortos tenham sido realizados no país. Por outro lado, apesar do lobby das grandes indústrias e da militância abortista, a aprovação do aborto nos EUA têm caído ano após ano.

No final de janeiro de 2013, os americanos fizeram a maior marcha pela vida da história do país. Cerca de 650 mil pessoas, sobretudo jovens, participaram do evento.

Caso o governador Sam Brownback aprove o projeto de lei, o Kansas se tornará um dos primeiros estados pró-vida dos Estados Unidos. Recentemente, Dakota do Norte e Arkansas também aprovaram maiores restrições ao aborto, encaradas como uma verdadeira afronta ao julgamento “Roe vs. Wade”.

A lei do Kansas também é importante pela sua linguagem. Ao decretar que a vida começa na fecundação – ou seja, no momento em que o espermatozóide se une ao óvulo – o projeto elimina qualquer sombra de dúvida a respeito dos direitos do feto, pois não há possibilidade de desvios como ocorria quando o debate era sobre a “concepção”. Assim, o projeto é um primeiro passo para fortalecer a consciência de que o feto é um ser humano e merece tanta proteção do Estado quanto qualquer outro.

Outro aspecto positivo do projeto é a exclusão das aulas de educação sexual, promovidas pela Planned Parenthood, nas escolas.

Uma das táticas da cultura da morte para obter êxito nos seus trabalhos é a doutrinação direta das crianças, para inocular desde cedo um pensamento contrário à lei natural. Destruída a percepção sobre a dignidade da vida humana, abrem-se as portas para todo o tipo de barbaridades, principalmente na temática sexual.

Há anos que instituições como a Planned Parenthood e o SIECUS trabalham para destruir a moral sexual da população por campanhas contra a castidade.

O infame caso “Roe vs Wade” abriu as portas para o aborto nos Estados Unidos através de uma mentira.

Em 1995, Norma McCorvey, a “Jane Roe”, confessou ter inventado o caso de estupro utilizado em seu processo para a legalização do aborto. Após conviver com integrantes pró-vida, McCorvey abandonou a militância feminista e em 2012, apareceu em alguns vídeos contrários à reeleição de Barack Obama para presidência dos Estados Unidos.

O fato é apenas um exemplo em meio a tantos outros de como a estratégia abortista vale-se de meios imorais e ardilosos para conseguir o que quer.

Por isso, é mister romper a hegemonia ideológica do movimento pró-aborto e trazer à tona a farsa que está na base de toda a sua ação. Somente assim, iniciativas como as de Kansas, no Estados Unidos, poderão se espalhar por outros locais e finalmente pôr fim à cultura da morte.

Stefano Gennarini, J.D.
A minúscula nação ilha de Malta, ao sul da Itália, foi selecionada como uma abusadora de direitos humanos pelos especialistas legais da Europa em preparação para sua próxima revisão por parte do Conselho de Direitos Humanos em Genebra. O “crime imperdoável” de Malta é proteger a vida no útero.

A Comissão Internacional de Juristas (CIJ), uma organização de direitos humanos composta de advogados e juristas, apresentou um relatório no Conselho de Direitos Humanos acusando Malta de desnecessariamente colocar em risco de vida das mulheres com leis que protegem a vida humana. A base legal para essas afirmações é muito contestada.

relatório lida principalmente com dificuldades de imigração de Malta pelo fato de ser o país europeu mais próximo de vários portos africanos. Mas a CIJ toma a oportunidade de criticar Malta por negar o aborto “por razões terapêuticas” afirmando que viola o direito à saúde, e é uma forma de tortura.

Os especialistas legais citam recomendações de órgãos de tratados da ONU, encarregados de monitorar a obediência aos tratados de direitos humanos que Malta se juntou. Nenhuma dessas recomendações é legalmente obrigatória. Nem são elas interpretações oficiais de tratados da ONU. Aliás, nenhum tratado da ONU contém menção de um direito ao aborto, ou qualquer linguagem que sugeriria que tal direito existe.

A base científica para as afirmações é também contestada. Tanto os especialistas da CIJ quanto os órgãos de tratados da ONU afirmam que a saúde das mulheres é colocada em perigo onde o aborto é ilegal porque as mulheres recorrerão a abortos ilegais inseguros. Mas não há nenhuma evidência científica de que as leis de Malta que protegem a vida colocam em perigo as mulheres.

As estatísticas de 2010 da Organização Mundial de Saúde para mortes maternas atribuídas ao aborto em Malta estão dentro da média mundial, perto de 13%. Essas mortes de acordo com a OMS diminuíram em índices do mesmo jeito que nos países vizinhos da UE como Itália, Espanha e Grécia, que não protegem plenamente os bebês em gestação. Os dados sobre Malta do Peso Global de Doença 2010 além disso mostram que um declínio profundo em mortes totais atribuídas ao aborto durante os vinte anos passados imitou sua melhoria democrática na saúde materna total (veja o gráfico). As mortes totais atribuídas ao aborto (0.03%) são menos do que na Espanha e Grécia.

Malta é apenas a mais recente nação católica que proíbe o aborto e tem excelentes registros de saúde materna a se tornar o assunto de pressão e falsas acusações de grupos que querem que o aborto seja um direito humano. As leis de Malta protegem os bebês em gestação sob todas as circunstâncias e em todas as fases de desenvolvimento, sem exceção.

Como outras organizações de direitos humanos criadas na Europa pós-guerra com a ameaça iminente dos abusos soviéticos de direitos humanos, a CIJ reformulou seu foco depois da extinção da União Soviética, e começou a promover o aborto como um direito humano.

Na última década, a CIJ também esteve na vanguarda da promoção de uma ampla variedade de novos direitos especiais para homossexuais, publicando os Princípios de Yogyakarta em 2007.

O relatório da CIJ sobre Malta acusa a ilha nação de negar à transgênera “Joanne Cassar, que é legalmente reconhecida como mulher (mas foi registrada como homem no nascimento)” o direito de se casar com outro homem. O Supremo Tribunal de Malta não encontrou tal direito, e o caso está agora pendente diante do Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

O registro de direitos humanos de Malta será analisado em outubro pelo Conselho de Direitos Humanos com base em Genebra.

ACI


Hebe Bonafini, (foto) uma das fundadoras das ‘Madres de Plaza de Mayo’, escreveu nesta quinta-feira uma carta ao Papa, a quem se dirige como ‘dom Francisco’, onde reconheceu seu trabalho pastoral e pede um reconhecimento para todos os membros da Igreja dizimados pelas ditaduras.


Na carta, a dirigente disse que ‘descobre recém agora’ este ‘dom Francisco’, pois desconhecia o seu trabalho pastoral e revelou que se surpreendeu ao escutar de muitos de seus companheiros relatos sobre a ‘entrega’ de Jorge Bergoglio e de seu trabalho nas zonas mais pobres de Buenos Aires.

“Eu sabia somente que o máximo dirigente da Igreja argentina morava na Catedral, esta Catedral que quando marchávamos e passávamos na frente, cantávamos: ‘Vocês se calaram quando os levaram’”, disse Bonafini, em alusão às marchas das Mães da Praça de Maio, protestando contra os desaparecidos.

A dirigente disse na mensagem, alegrar-se ‘infinitamente’ ao saber do trabalho realizado até alguns dias atrás pelo Arcebispo de Buenos Aires e Cardeal Primaz da Argentina Jorge Bergoglio, acrescentando sentir ‘esperança de uma mudança no Vaticano’. Ela auspiciou ainda que o Papa beatifique o sacerdote Carlos de Dios Murías, assassinado em julho de 1976 pela ditadura argentina.

“Por este motivo me atrevo a enviar-lhe a lista de sacerdotes e bispos do Terceiro Mundo desaparecidos e assassinados, para solicitar-lhe que, como a Associação das Mães da Praça de Maio pede por todos, também você, como um ato de solidariedade, os recorde a todos pela sua entrega na luta pela pátria”, assinalou Bonafíni.

Ela pediu ao Papa, ‘do mais profundo do seu coração’, para ‘não lutar por uma Igreja para os pobres’, mas para que se una ‘a todos os que neste mundo injusto, lutamos para que termine a pobreza’.

“Obrigado, dom Francisco, e quando te encontrares com o Papa no Vaticano, fale a ele do meu pedido, que é o pedido de milhares de Mães”, disse Bonafini, que concluiu sua carta com um ‘abraço afetuoso’ para o Sumo Pontífice. (JE)


Fonte: Rádio Vaticano

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos publicou ontem as decisões em quatro casos relativos à liberdade de consciência e de religião que afetam empregados no Reino Unido.

Trata-se em dois casos da possibilidade de usar uma pequena cruz no pescoço no local de trabalho, e nos outros dois casos do direito a fazer objeção de consciência diante da celebração de uma união civil entre pessoas do mesmo sexo e aconselhamento matrimonial para casais homossexuais .

Num só caso a Corte decidiu em favor do requerente. A este propósito, Dom Dominique Mamberti, Secretário para as Relações da Santa Sé com os Estados, concedeu uma entrevista à Rádio Vaticano…

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Esses casos mostram que as questões relativas à liberdade de consciência e de religião são complexos, particularmente numa sociedade europeia, caracterizada pelo aumento da diversidade religiosa e relativa agudização do secularismo. É real o risco de que o relativismo moral que se impõe como uma nova norma social possa minar os fundamentos da liberdade individual de consciência e de religião.

A Igreja pretende defender a liberdade individual de consciência e de religião em todas as circunstâncias, mesmo diante da “ditadura do relativismo”. Por isso, é necessário ilustrar a racionalidade da consciência humana em geral, e da ação moral dos cristãos em particular.

Quando se trata de questões moralmente controversas, como o aborto ou a homossexualidade, deve ser respeitada a liberdade de consciência. Em vez de ser um obstáculo para o estabelecimento de uma sociedade tolerante no seu pluralismo, o respeito pela liberdade de consciência e de religião, é uma sua condição.

Falando na semana passada, ao Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé, Bento XVI sublinha que: para salvaguardar eficazmente o exercício da liberdade religiosa, é essencial respeitar o direito à objecção de consciência. Essa “fronteira” da liberdade toca princípios de grande importância, de caráter ético e religioso, enraizados na própria dignidade da pessoa humana. São como as “paredes estruturais” de qualquer sociedade que se queira realmente definir como livre e democrática. Consequentemente, proibir a objeção de consciência individual e institucional, em nome da liberdade e do pluralismo, abriria pelo contrário – paradoxalmente – as portas à intolerância portas e a um nivelamento forçado.

A erosão da liberdade de consciência testemunha também uma forma de pessimismo em relação à capacidade da consciência humana de reconhecer o que é bom e verdadeiro, para o benefício apenas da lei positiva, que tende a monopolizar a determinação da moralidade.

É também papel da Igreja lembrar que cada homem, qualquer que seja o seu credo, é dotado pela sua consciência da faculdade natural de distinguir o bem do mal e de agir, depois, consequentemente. É nisto que reside a fonte da sua verdadeira liberdade.

D. – Recentemente, a missão da Santa Sé junto do Conselho da Europa publicou uma nota sobre a liberdade e a autonomia institucional da Igreja. Quer ilustrar-nos o seu contexto o seu contexto?

Atualmente, a questão da liberdade da Igreja nas suas relações com as autoridades civis está em exame no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, em dois casos que envolvem a Igreja Ortodoxa da Romênia e a Igreja Católica.

Trata-se dos casos Sidicatul ‘Pastorul cel Bun’ contra a Roménia e Fernandez Martinez contra a Espanha. Nesta ocasião, a Representação permanente da Santa Sé junto do Conselho da Europa redigiu uma nota sintética na qual expôs o magistério sobre a liberdade e autonomia institucional da Igreja Católica …

D. – Qual é o problema nestas duas causas?

Nestas duas causas, o Tribunal europeu deve estabelecer se a autoridade civil respeitou a Convenção Europeia dos Direitos Humanos, tendo recusado de reconhecer um sindicato profissional de sacerdotes (para o caso da Roménia), e recusado de contratar um professor de religião que publicamente professava posições contrárias à doutrina da Igreja (na questão espanhola). Em ambos os casos, os direitos à liberdade de associação e à liberdade de expressão foram invocados para forçar comunidades religiosas a agir contra o próprio estatuto canônico e contra o magistério.

Além disso, estes casos põem em causa a liberdade da Igreja para operar de acordo com as suas regras, para não se submeter a outras normas civis que não sejam aquelas necessárias para o respeito do bem comum e da justa ordem pública.

A Igreja sempre teve de defender-se para tutelar a sua autonomia diante do poder civil e das ideologias. Hoje, nos Países ocidentais, torna-se importante saber como a cultura dominante, fortemente caracterizada pelo individualismo materialista e pelo relativismo, pode compreender e respeitar a natureza específica da Igreja, que é uma comunidade fundada na fé e razão.

D. – Como a Igreja vive esta situação?

A igreja está consciente da dificuldade, em determinar, numa sociedade pluralista as relações entre as autoridades civis e as diversas comunidades religiosas, relativamente às exigências da coesão social e do bem comum. Nesse contexto, a Santa Sé chama atenção sobre a necessidade de conservar a liberdade religiosa na sua dimensão coletiva e social. Essa dimensão corresponde à natureza essencialmente social, tanto da pessoa, quanto do fenômeno religioso, de um modo geral.

A Igreja não pede que as comunidades religiosas sejam zonas de não-direito, pelo contrário quer que sejam reconhecidas como espaço de liberdade em virtude do direito à liberdade religiosa, no respeito da justa ordem pública. Esta doutrina não é reservada à Igreja católica, os critérios que dali derivam são fundados na justiça e são, portanto, de aplicação geral. Além disso o princípio jurídico de autonomia institucional das comunidades religiosas é largamente reconhecido por aqueles Estados que respeitam a liberdade religiosa, assim como pelo direito internacional. A mesma Corte europeia dos direitos do homem enunciou-o em diversos casos importantes. Outras instituições afirmaram também esse princípio. É o caso da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) ou ainda do Comité dos direitos do homem da Nações Unidas respectivamente no documento final de 19 de Janeiro de 1989 da Conferencia de Viena e na Observação geral, N° 22 sobre o direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião, de 30 de Julho de 1993. É útil recordar e defender esse princípio de autonomia da Igreja e do poder civil.

D. – Como é que se apresenta essa Nota?

A liberdade da Igreja será mais respeitada quanto melhor for compreendida pelas autoridades civis, sem preconceitos. Será, portanto, necessário explicar como é que é concebida a liberdade da Igreja. A representação permanente da Santa Sé, junto do Conselho da Europa redigiu, a propósito, uma nota sintética que explica a posição da Igreja à volta de quatro princípios: a distinção entre Igreja e comunidade política; a liberdade no que concerne ao Estado; a liberdade no sentido da Igreja e o respeito pela justa ordem pública. Depois de ter ilustrado estes princípios, a Nota cita, para além disso, extractos importantes da Declaração sobre a liberdade religiosa “Dignitatis Humanae” e da Constituição pastoral “Gaudium et Spes” do Concilio Vaticano II.

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Na nota da Representação permanente da Santa Sé junto do Conselho da Europa sublinha-se, antes de mais que “a Igreja reconhece a distinção entre a Igreja e a comunidade política, tendo, cada uma delas, objetivos diferentes; a Igreja não deve ser confundida, de modo nenhum, com a comunidade politica e não está ligada a nenhum sistema político. A comunidade política deve velar pelo bem comum e garantir que, no mundo, as pessoas possam viver uma vida tranquila e pacifica”.

A distinção entre Igreja e comunidade política – explica a nota – baseia-se na palavra de Cristo: “Dar portanto a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,21). “Nos seus respectivos campos, a comunidade política e a Igreja são independentes uma da outra e autónomas”. Todavia, “ não se podem ignorar mutuamente” porque “de muitos modos, servem os mesmos homens”. Portanto, desempenharão esse serviço de modo ainda mais eficaz para o bem de todos quando “ procurarem ulteriormente uma sã cooperação entre eles”, em conformidade com as palavras do Concílio Vaticano II (cfr Gaudium et Spes, N° 76).

Em segundo lugar, prossegue a nota, “a Igreja não reivindica privilégios, mas sim o pleno respeito e a tutela da liberdade de exercer a sua missão numa sociedade pluralista. Essa missão e essa liberdade, a igreja recebeu-as de Cristo e não do Estado. O poder civil deve sempre respeitar e proteger a liberdade e a independência da Igreja.

Para além disso “a Igreja está consciente do facto de que algumas religiões e ideologias podem oprimir a liberdade dos seus fieis”. A esse propósito, “a Igreja reconhece o valor fundamental da liberdade humana” e “reconhece em cada homem, uma criatura dotada de inteligência e de livre vontade. A Igreja vê-se a si mesma como espaço de liberdade e prescreve normas para garantir o respeito dessa liberdade. Portanto, todos os actos religiosos para ser válidos exigem a liberdade de quem os actua”. Cada pessoa – prossegue a nota – tem o direito de contestar o Magistério ou as prescrições e as normas da Igreja. Em caso de desacordo, toda e qualquer pessoa pode exercer o recurso previsto pelo direito canónico e também interromper as relações com a Igreja. As relações dentro da Igreja, todavia, são essencialmente espirituais, não é de competência do Estado entrar nessa esfera e resolver tais controvérsias”.

Finalmente, para a Igreja, as comunidades religiosas não são áreas de “não-direito”, “em que as leis do Estado já não são aplicadas. A Igreja reconhece a legitima competência da autoridade e das jurisdições civis para assegurar a manutenção da ordem pública”.

ACI

A organização abortista Anistia Internacional (AI) enfrenta um dos momentos mais críticos em sua história, ao sofrer paralisações e protestos dos seus trabalhadores em todo o mundo. Eles questionam a capacidade da organização para defender os direitos humanos já que é incapaz de velar pelos direitos dos seus próprios empregados.

Conforme informa o jornal britânico The Independent, depois de um processo de reorganização estrutural, que inclui dezenas de demissões, AI enfrenta protestos dos seus funcionários nas suas sedes de todo o mundo, de forma particular nos escritórios de Senegal, Paris (França), Uganda, Beirute (Líbano), Nova Iorque (Estados Unidos), Hong Kong (China) e Johannesburgo (África do Sul)

Entretanto, refere o jornal britânico, o problema poderia ser tão profundo como uma “luta pela alma” da organização.

Anistia Internacional foi fundada em Londres (Reino Unido) em 1961, pelo advogado católico Peter Benenson, como uma instituição defensora dos direitos humanos, particularmente dos prisioneiros por objeção de consciência e dos que foram presos a causa da fé, sob regimes autoritários.

Por seu trabalho neste campo, a organização recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1977.

Depois dos ataques do Al Qaeda às torres gêmeas em Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001, AI decidiu modificar seu enfoque a direitos econômicos, sociais e culturais.

Poucos anos depois, em 2007, Anistia Internacional decidiu apoiar a legalização do aborto como um direito em todo o mundo, o que levou a que a Igreja Católica deixasse de contribuir com seu trabalho.

Nessa ocasião, o então Presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, Cardeal Renato Martino, assegurou que “a Igreja Católica deixará de financiar a Anistia Internacional (AI), devido à mudança de posição decidida”.

Depois deste anúncio, muitas organizações católicas do mundo inteiro deixaram de colaborar com o organismo abortista.

Anistia Internacional também acrescentou a sua lista de direitos humanos protegidos, a promoção do “matrimônio” homossexual.

Alan Scott, um trabalhador sindicalizado da AI citado pelo The Independent, descreveu a organização abortista como “um dos empregadores mais mentirosos” que conheceu.

Scott advertiu que “Anistia Internacional não pode ser uma organização defensora dos direitos humanos confiável se não respeitar os direitos dos seus trabalhadores”.

The Independent assinalou que em meio da confusão interna que se vive na Anistia Internacional, alguns estão denunciando que a organização busca “construir a marca Anistia” para recrutar mais membros e conseguir mais dinheiro.

Um informante do jornal britânico, que está desde dentro da Anistia, advertiu que a organização “poderia interessar-se mais em ajudar às pessoas que em usá-las como emblemas de problemas que precisam ser abordados, e pedir-lhes que assinem um documento para que possamos publicar sua história para conseguir recursos”.

“Atualmente estamos mais preocupados em ter um escritório na Índia, e conseguir recursos locais lá, que em fazer um trabalho pelos direitos humanos básicos”, denunciou.

A fonte interna do jornal britânico criticou que AI lançou uma campanha em defesa do grupo Pussy Riot, que protestou na catedral cristã ortodoxa de Moscou contra o presidente da Rússia, “porque está de moda, caçando a energia, saltando de um tema a outro”.