Terra

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Geraldo Lyrio Rocha, disse nesta quinta-feira (21) que, independentemente das polêmicas, os bispos têm o direito e o dever de orientar os fiéis sobre determinados candidatos que concorrem nas eleições de 2010.

O religioso disse que há uma compreensão inexata do conceito de um Estado laico e opinou não haver problema em determinados padres pedirem que os católicos não votem em um candidato específico, por exemplo, que se manifeste em defesa do aborto.

Líder nas pesquisas de intenção de votos no primeiro turno, a petista Dilma Rousseff teve integrantes de sua campanha atribuindo a não vitória no primeiro turno a supostos boatos de que a presidenciável era favorável à descriminalização do aborto.

“A Igreja se escultura a partir das dioceses, uma determinada porção de fieis que estão ali agrupados em torno de um pastor, que é o bispo. Acima do bispo, no governo da igreja, só existe uma autoridade, o papa.

A CNBB não é um organismo para interferir nas dioceses ou se for o caso repreender. A CNBB não é uma instância colocada acima das dioceses. Na diocese, o bispo tem plena autonomia, ele tem o direito e até o dever de, de acordo com sua consciência, orientar seus fieis do modo que julga mais eficaz, mais eficiente”, disse o religioso, minimizando a distribuição de panfletos anti-Dilma pelo bispo de Guarulhos (SP), Luiz Gonzaga Bergonzini.

O presidente da CNBB observou ainda que os bispos podem difundir critérios para que o eleitor cristão exerça o voto, desde que não se dirija à nação brasileira, e sim aos fieis de sua diocese.

“Ele Bergonzini está no pleno exercício de seus direitos como bispo diocesano de Guarulhos. Tanto é que ele não se dirigiu à nação brasileira, se dirigiu a seus diocesanos. O procedimento está absolutamente dentro da normalidade, de como as coisas se encaminham.

Os bispos independentemente podem fazer suas escolhas. Falam em nome pessoal ou na qualidade de pastores de sua diocese’, disse, avaliando que não houve racha pelo fato de setores da Igreja terem encampado uma cruzada anti-aborto, pregando voto contra Dilma Rousseff, e outros terem se mantido alheios à essa polêmica.

“Acho que a Igreja não saiu rachada coisa nenhuma. Teria havido um racha se naquilo que é fundamental as posições estivessem distanciadas. E isso não houve, ninguém está defendendo aborto. Mas num País como o nosso, em uma conferência com 450 bispos, é perfeitamente compreensível que alguém coloque uma acentuação maior em determinado tema. Não é porque eu discordei de você que temos que interpretar que houve um racha”, observou.

“Mesmo que tenha havido uma acentuação maior aqui e ali, esses temas foram postos na pauta das eleições de 2010. O estranho seria se estivéssemos chegando ao final do segundo turno sem discutir assuntos dessa importância”, completou Dom Geraldo.

De acordo com o presidente da CNBB, impedir que discussões sobre o aborto, por exemplo, tenham espaço durante o processo eleitoral equivaleria a se estabelecer uma “ditadura laica”. “Estado laico não é Estado ateu ou anti-religioso ou arreligioso.

De fato o Estado brasileiro é laico, mas a sociedade brasileira é profundamente religiosa. Não estou dizendo católica. Esse argumento de que o Estado é laico às vezes é mal utilizado. As religiões devem ter seu direito de expressar seu ponto de vista. Por que a Igreja não pode expressar seu ponto de vista acerca dessas questões? Um Estado laico deve garantir o direito de a Igreja Católica e de outras religiões. Se não, não vamos cair em um Estado laico, vamos cair em uma ditadura laica”, disse.

A Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que engloba o Estado do Rio, divulgou ontem um nota em que recomenda o voto num candidato que defenda o “valor da vida” e que seja comprometido com a família em sua “constituição natural”.

A reportagem é de Rafael Galdo e publicada pelo jornal O Globo, 19-10-2010.

Assim, os bispos fluminenses reafirmaram o repúdio a temas como o aborto e o casamento gay, que são alvo de polêmicas na campanha.

A nota, porém, ratifica posições tomadas no primeiro turno, de que a Igreja Católica não tem partido nem candidatos. Mas que os bispos têm o direito e o dever de orientar seus diocesanos sobre assuntos que se referem à fé e à moral cristã.

“Por sua universalidade, a Igreja Católica não tem partido ou candidato próprios, mas incentiva, agora mais do que nunca, a dar o voto a quem respeita os princípios éticos e os critérios da moral católica, indicados na doutrina social da Igreja. Em particular, deve ser votado quem defendeu e defende o valor da vida desde a sua concepção até o seu término natural com a morte e, ao mesmo tempo, a família com a sua própria constituição natural”, diz a nota, assinada pelos bispos Dom Rafael Llano Cifuentes (presidente da Regional), Dom José Ubiratan Lopes e Dom Filippo Santoro.

O texto — intitulado “Sobre o 2o. turno das eleições presidenciais” — critica o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), editado no governo Lula. Segundo a nota, mesmo retirada do plano a proposta de legalização do aborto, os bispos mantinham restrições ao documento. Segundo eles, por tratar de vida, família, religião e culto, como “uma antropologia reduzida”. A Regional ainda rejeita a violência, a exploração de menores, a eutanásia e a manipulação genética.

As recomendações foram confirmadas pelo arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, em carta divulgada ontem. No texto, ele diz que, assim como a Regional, a Arquidiocese do Rio não apoia candidatos ou partidos, mas incentiva a participação política dos fiéis, conclamados a votar no nome comprometido com o Evangelho e o respeito à vida.

“Por isso, recordar, no último final de semana, aos nossos párocos a necessidade de orientar o povo sem fazer campanha específica de candidatos dentro dos templos está em sintonia com o que pede a atual legislação eleitoral e a natureza das orientações da Igreja, que sempre procurou pautar assim suas decisões”, diz.

O arcebispo do Rio de Janeiro, d. Orani Tempesta, divulgou ontem à tarde artigo para reafirmar que a arquidiocese “não apoia candidatos e nem partidos”, seguindo a “posição oficial” da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e “em sintonia com a atual legislação eleitoral”.

Ele diz, no entanto, que a arquidiocese se “preocupa em oferecer critérios” ao fieis. Pede que estes votem “fora de qualquer pressão externa” em candidatos “que trabalhem em favor do povo, da valorização da vida, da coerência familiar e dos valores do Evangelho”.

O artigo de d. Orani, que assumiu o cargo em 2009, inclui entre os critérios de voto o respeito “à vida desde a concepção até seu termo natural”, incluindo a promoção da “dignidade no trabalho, saúde, habitação, lazer, comunicação”.

Mesmo com referências indiretas ao debate sobre descriminalização do aborto e legalização da união civil de homossexuais, o texto tem tom mais contido do que nota divulgada na manhã de ontem pela Regional Leste 1 da CNBB.

A nota “incentiva” os fieis, “agora mais do nunca”, a votar em quem respeita “o valor da vida desde sua concepção” e “a família com sua própria constituição natural”. Também cita –diferentemente de d. Orani– o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, enviado em maio ao Congresso:

“Renovamos nossa crítica ao PNDH-3, mesmo depois de ter sido retirada a proposta de legalização do aborto, porque foi falaciosamente indicada como ‘questão de saúde pública’. Não é aceitável a visão da pessoa fechada ao transcendente.”

Pressões de igrejas já haviam levado o governo Lula a suprimir do PNDH-3 frase que reivindicava a “autonomia da mulher para decidir sobre o próprio corpo”.

Numa semana em que os candidatos acenderam velas para todos os credos, foi entre os ateus que se teria se dado a mais intensa movimentação na intenção de voto da disputa presidencial.

O Datafolha do último sábado registra que a maior queda da candidata do PT, Dilma Rousseff, deu-se entre aqueles que se declaram sem religião. Desde a última rodada do Datafolha, o horário eleitoral gratuito exibiu mais frequentemente referências religiosas e ambos os candidatos assumiram compromissos contraditórios com seu histórico de gestores públicos comprometidos com o enfrentamento do aborto como questão de saúde pública.

A reportagem é de Maria Cristina Fernandes e publicada pelo jornal Valor.

Os seis pontos percentuais que a pesquisa aponta como possível perda de Dilma entre os ateus é uma indicação de que a flutuação das posições assumidas pela candidata ao longo da campanha em torno de temas polêmicos como o aborto ou de suas posições religiosas pode movimentar a opção de voto tanto quanto o arraigamento religioso dos eleitores.

Entre os ateus, que representam 7% do eleitorado, o tucano teria tido seu mais expressivo crescimento. Numa semana abundante em apelos ao fundamentalismo religioso, Serra teria ganho cinco pontos percentuais entre ateus, elevação equivalente à registrada entre os espíritas que tem como adeptos 1,3% dos brasileiros.

A queda de Dilma entre os ateus teria sido maior até do que entre os evangélicos não-pentecostais, segmento religioso em que a candidata do PT teria tido sua maior retração. Entre esses eleitores, a indefinição de voto também atingiu o maior patamar. No dia 8 de outubro, 5% dos não-pentecostais diziam não saber em quem votar. Uma semana depois os indefinidos já chegavam a 9%. Pelo IBGE, esta fatia engloba 5% da população. Já o pentecostalismo evangélico, que reúne as denominações que mais crescem no país, é a opção religiosa de 10%.

Nota de esclarecimento

Nas últimas horas recebemos algumas mensagens com questionamentos sérios; mas ao mesmo tempo muitos ataques, ameaças e especulações. Diante da fértil imaginação e bobagens que alguns militantes estão nos escrevendo, esclarecemos os seguintes pontos:

– A Regional Sul 1 da CNBB solicitou a divulgação ampla do “Apelo a Todos os Brasileiros e Brasileiras” que vem sendo reproduzida por centenas de pessoas, padres, paróquias, bispos e, inclusive, evangélicos;

– A nota contém a seguinte orientação: “A Presidência e a Comissão Representativa dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, em sua Reunião ordinária, tendo já dado orientações e critérios claros para “VOTAR BEM”, acolhem e recomendam a ampla difusão do “APELO A TODOS OS BRASILEIROS E BRASILEIRAS” elaborado pela Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 que pode ser encontrado no seguinte endereço eletrônico www.cnbbsul1.org.br.”

– O documento é uma denúncia assinada, clara e pública. São manifestações claras e objetivas do pensamento e dos fatos que estão sendo escondidos do povo brasileiro; Contém informações oficiais que até o momento não foram respondidas pelo Presidente da República e pela sua candidata. Não se trata, portanto, de boato;

– O formato, que recomendamos para distribuição, contém reprodução do documento oficial assinado pela Presidência e Secretaria Geral da Comissão Representativa da Sul 1;

– Participam da divulgação do material dezenas de organizações da Igreja e movimentos de leigos, bem como seminários e ordens; O documento tem recebido crescente apoio de padres, bispos e religiosos de vários estados Brasileiros;

– Alguns membros católicos da Associação Theotokos aderiram aos trabalhos de divulgação do “Apelo a Todos os Brasileiros e Brasileiras” atendendo às solicitações do Conselho Representativo da CNBB – SUL1;

– Repudiamos fortemente o violento ataque à gráfica responsável pela impressão das cópias encomendadas pela Diocese de Guarulhos. O ato representa, ao mesmo tempo, uma agressão e tentativa de mordaça a um órgão de imprensa e ao posicionamento de lideres religiosos;

– O pronunciamento da Igreja na defesa de seus valores mais sagrados é obrigação. Não podemos nos calar e não se pode calar a Igreja;

– Não é de nosso conhecimento nenhuma filiação partidária ativa dos membros, mas existem, evidentemente, posições divergentes em temas políticos: em amplo espectro (desde que não firam os valores cristãos).

Estamos à disposição para esclarecimentos. Basta escrever em nosso formulário de contato que entraremos em contato tão logo seja possível.


POR FERNANDO MOLICA

Coordenador da Pastoral Católicos na Política no Estado, Dom Filippo Santoro, bispo de Petrópolis, afirma que a Igreja Católica não considerou suficiente a retirada, pelo governo, da proposta de legalização do aborto incluída no Plano Nacional de Direitos Humanos 3.

Nesta entrevista, concedida por e-mail, o bispo critica outros pontos do PNDH 3 que, segundo ele, tende “a alterar profundamente as bases da nossa sociedade”.
Dom Filippo acaba de voltar de Roma, onde participou de visita de bispos do Rio ao papa. Segundo ele, Bento XVI “manifestou plena confiança no processo democrático do nosso País”.
A seguir, os principais trechos da entrevista.

Não é comum que muitos setores da Igreja se posicionem de forma tão direta contra uma candidatura. O que gerou isto?

Identifico duas razões. A primeira é a participação intensa da Igreja Católica no processo que levou à aprovação da Lei 9.840 (que pune a compra de votos) e depois da Lei da Ficha Limpa, envolvendo fiéis normalmente estranhos às disputas políticas.

Significa que o povo não ficou indiferente diante de tantos escândalos que afetaram e continuam caracterizando negativamente a vida política do País; isto pesa de forma determinante.
O outro motivo foi a questão da defesa total da vida desde a concepção até o seu fim natural. É uma questão que diz respeito não só à questão do aborto, mas também à saúde, à família, ao direito de ir e vir livremente. Também afeta a liberdade de imprensa e de educação, incluindo a questão do ensino religioso confessional e plural, reconhecido pelo Acordo entre Brasil e Santa Sé.

Setores da Igreja, entre os quais a Pastoral Católicos na Política criticaram muito o PNDH 3. Por quê?

Não é aceitável a visão da pessoa fechada ao transcendente, sem referência a critérios objetivos e determinada substancialmente pelo poder dominante e pelo Estado. A dignidade da pessoa, aberta ao mistério, é o fundamento dos Direitos Humanos e da convivência social de uma sociedade justa. No PNDH 3, a maneira como são tratados temas como a vida, família, educação, liberdade de consciência, de religião e de culto, de propriedade em sua função social e de imprensa, revela esta antropologia reduzida.

O governo assumiu o compromisso de retirar a legalização do aborto do PNDH 3. Não é suficiente?

Não é suficiente um remendo pelo qual a questão do aborto foi retirada do PNDH 3 e falaciosamente considerada “questão de saúde pública”. É necessário levar em conta a orientação de vastos setores da sociedade entre os quais muitos não são católicos e que têm um profundo senso religioso que influencia positivamente a vida social.

A religião, falo especificamente da fé católica, não serve só para a outra vida, mas dá sentido, beleza e dignidade a esta vida.

O Estado é leigo, mas não ateu; deve respeitar a religiosidade das pessoas e das agregações sociais. O PNDH 3 tem também aspectos positivos, mas como está, tende a alterar profundamente as bases da nossa sociedade.

Que pontos são essenciais para que um candidato à Presidência tenha o apoio unânime da Igreja?

São os pontos apresentados na nota da CNBB nacional, a Declaração Sobre o Momento Político Nacional, e especificamente no caso do Regional Leste 1, dos bispos do Estado do Rio de Janeiro: as Orientações e Critérios para as Próximas Eleições.

Em primeiro lugar, a defesa da dignidade da pessoa humana e da vida em todas as suas manifestações, desde a sua concepção até o seu fim natural com a morte. Rejeitamos veementemente toda forma de violência, bem como qualquer tipo de aborto, de exploração e mercado de menores, de eutanásia e qualquer forma de manipulação genética.

Em seguida, os bispos apresentam os outros critérios da defesa da família segundo o plano de Deus (rejeitando o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a adoção de crianças por casais homoafetivos, a legalização da prostituição, das drogas, do tráfico de seres humanos), a liberdade de educação, o princípio de solidariedade (a opção preferencial pelos pobres), de subsidiariedade (o Estado deve apoiar e não abafar a ação de grupos, associações e famílias que trabalham em vista do bem comum), a construção de uma cultura da paz em todos os níveis, particularmente na defesa da infância e da adolescência contra qualquer forma de violência.

A posição que o senhor e muitos setores da Igreja defendem não são unânimes. Setores da própria direção da CNBB deixaram isto claro. O senhor não teme que as manifestações contra uma das candidaturas – no caso, a da ex-ministra Dilma Rousseff – criem uma divisão na Igreja?

Nós, Bispos do Regional Leste 1 da CNBB, tomamos uma posição no início do processo eleitoral e agora a confirmamos, em sintonia com a nota da CNBB de 8 de outubro 2010, não indicando partidos ou candidatos, exortando os fiéis católicos a terem presentes critérios éticos. A mesma nota da CNBB nacional afirmava que “é direito – e mesmo, dever – de cada Bispo, em sua Diocese, orientar seus próprios diocesanos, sobretudo em assuntos que dizem respeito à fé e à moral cristã”.

O senhor e outros bispos brasileiros acabam de voltar de Roma. Os senhores estiveram com o Papa? As eleições brasileiras foram discutidas com ele? Há alguma preocupação de Roma com os eventuais resultados da eleição?

O encontro dos bispos do Estado do Rio com o Papa foi algo extraordinário. Na minha conversa particular, ele manifestou plena confiança no processo democrático do nosso País, que tem o maior número de católicos no mundo. Em nós, bispos, depois do encontro com o Santo Padre, cresceu o desejo de confirmar na fé e no espírito missionário os nossos fiéis, para que possam fazer coerentemente suas escolhas também em campo político, e dar a toda a nossa sociedade um suplemento de esperança.


Texto do jornal da Arquidiocese do Rio, que circulou nas missas celebradas neste domingo, afirma que o governo federal faz “campanha pela legalização do aborto no país”, usando “números inadequados”. A arquidiocese reúne bispos da Igreja Católica.

Publicação semanal com tiragem de 10 mil exemplares, “O Testemunho de Fé” reservou duas de suas 16 páginas para o tema e destacou o assunto na capa, como “contraponto às campanhas divulgadas a favor do aborto”.

O tema da interrupção da gravidez invadiu a campanha eleitoral após a presidenciável Dilma Rousseff (PT) ser apontada como favorável à sua legalização.

Escrito por dois médicos e um advogado, presidente da união dos juristas católicos do Rio, o texto do jornal afirma que “os lobistas do aborto aumentam” os números de casos para alcançar a legalização.

O jornal cita que em 2005 o então ministro da Saúde, Humberto Costa, senador recém eleito pelo PT de Pernambuco, afirmou que a cada ano ocorre “1,4 milhão de abortos espontâneos e inseguros” no Brasil. À época, Costa citou como fonte a OMS (Organização Mundial de Saúde).

Segundo os autores do texto de “O Testemunho de Fé”, o número não tem respaldo da OMS. Eles dizem também que o governo “mistura abortos espontâneos com [os] provocados, realidades inteiramente distintas”.

Outro lado

O Ministério da Saúde negou que faça campanha pela legalização do aborto. Disse divulgar apenas números sobre atendimento a mulheres feito na rede do SUS (Sistema Único de Saúde). A reportagem não conseguiu localizar Costa hoje.

O texto abaixo foi escrito antes de ser publicada a carta da Dilma.

***

Reinaldo Azevedo

Não sei quem vai ganhar as eleições. Sei o que é rebaixamento da qualidade do debate. O PT se meteu numa grande enrascada porque é autoritário. Não aceita crítica. O partido sempre foi muito hábil em pespegar no adversário a pecha de reacionário, inimigo do povo ou sei lá o quê.

Ao perceber que várias confissões cristãs — católicos, evangélicos, protestantes tradicionais — demonstravam inconformismo na rede com as opiniões da candidata e do partido sobre aborto e outros temas ligados a costumes, como a união civil entre homossexuais, resolveu acionar o botão de emergência de sempre.

Mobilizou movimentos sociais, auto-intitulados intelectuais e alguns porta-vozes na imprensa e denunciou um grande complô contra Dilma Rousseff. Não ocorreu aos petistas que fatias da sociedade simplesmente exerciam o sagrado direito de opinar. Atribuíram ao fator religioso o risco de não vencer a disputa no primeiro turno, como se fosse esse o único passivo da candidata e do partido.Qual era a aposta? Forma-se um grande movimento cívico contra os “reacionários”, e está tudo resolvido. Mas, como já escrevi aqui, o tiro saiu pela culatra. Deu tudo errado. As entrevistas de Dilma defendendo a descriminação do aborto vieram a público.  O tema ganhou corpo. Ela tem o direito de defender o que acha certo. O problema é que passou a enrolar. O mesmo se diga em relação à sua estranha maneira de acreditar nos, como posso chamar?, “deuses” (???) do cristianismo… Na prática, acha que cada um tem o seu. Também tem lá suas dúvidas se Ele existe ou não. Em vez do “movimento cívico e laico”, o que se viu no país foi uma certa onda de indignação com a tentativa de usar a religião como escada.Dilma se reuniu  com líderes evangélicos ligados à sua candidatura.

A petista é hoje, na prática, uma candidata amordaçada, que teria dificuldades de dizer o que pensa sobre temas que, antes, eram tranqüilos no PT: o partido sempre foi favorável à descriminação do aborto e militante entusiasmado do chamado casamento gay. Já lamentei aqui a sua covardia. Que faça o debate com a sociedade, com os eleitores! Mas não! Tenta dizer uma coisa e seu contrário ao mesmo tempo.Um tanto curiosamente, quem se pronunciou sobre um dos temas espinhosos, em termos que parecem bastante aceitáveis, foi o tucano José Serra, que não tem por que correr. Ele disse não ver nada demais na união civil entre homossexuais e afirmou que casamento é outra coisa. E lembrou uma obviedade: a própria Justiça tem reconhecido a união de pessoas do mesmo sexo na concessão de direitos. Pronto! Ninguém tem de se meter no que duas pessoas adultas decidem fazer entre quatro paredes. Dilma parece impedida de dizer até isso.

Sua campanha comete o erro de ir para uma reunião que poderia resultar num documento que poria uma espécie de mácula numa parcela da população brasileira. Será que assiná-lo seria bom para o PT e para a campanha? Somou um desgaste ao outro: o de fazer a reunião e o de, agora, resistir a assinar o  texto. O que isso denota? O vale-tudo eleitoral, que, à diferença do que acusam os petistas, está é sendo jogado pelo partido, não pelos adversários.

Em 2008, na disputa pela Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy resolveu meter os pés pelas mãos no debate de costumes e deu no que deu.Os que achávamos que Dilma Rousseff não teria uma eleição assim tão fácil éramos ridicularizados pelos “especialistas”, que agora vêem Serra ou em empate técnico ou rumo a ele. Reitero: não sei o que vai acontecer, mas sempre me pareceu claro que as restrições a Dilma não se limitavam ao terreno religioso. No que concerne ao aborto, aliás, não é preciso ser cristão, como demonstrou Olavo de Carvalho em texto notável, para rechaçá-lo: a questão tem a ver com uma escolha que é de natureza moral. Conheço agnósticos que o repudiam igualmente.

Estivesse o PT menos confiante, teria sido mais prudente; por prudente, não teria buscado de modo desesperado “a” razão para não ter conseguido eleger a sua candidata no primeiro turno — razão que considerava “culpa” da oposição. A arrogância conduziu ao erro. E ainda não parou de errar neste segundo turno. A eleição, que parecia um passeio, já lhes provoca arrepios.

Folha de São Paulo

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, se negou a dizer que irá vetar projetos referentes ao aborto na “mensagem” assinada hoje pra tentar acalmar o “mundo evangélico”. No meio da semana, Dilma foi cobrada por 51 representantes de igrejas evangélicas a assumir o compromisso de vetar qualquer projeto aprovado no Congresso “contra a vida e valores da família”.

Segundo líderes evangélicos que discutiram o texto com a candidata, a petista assumiu o compromisso de colocar a promessa no manifesto.

Na carta que será distribuída em templos e igrejas, Dilma repete declarações feitas ao longo da campanha, como ser “pessoalmente contra o aborto”, não encaminhar nenhuma legislação referente ao tema ao Congresso e defender a “manutenção da legislação atual sobre o assunto”, que só permite a prática em casos de estupro e risco de morte para a mãe.

Coordenador evangélico da campanha dilmista, o bispo da Assembleia de Deus e deputado Manoel Ferreira (PR-RJ) reconheceu o recuo, mas minimizou a falta do compromisso no documento.

“Ela assumiu solenemente o compromisso [de veto] apesar de não estar na carta. O mais importante é esse compromisso de que esses temas serão tratados pelo Congresso e nunca pelo Executivo. Acho que esta muito bem colocado e esse é o compromisso dela conosco ela não vai voltar atrás. A maior importância é a convicção do candidato”, disse.

Antes de ser candidata, Dilma defendia abertamente a descriminalização da prática –o fez, por exemplo, em sabatina na Folha em 2007 e em entrevista em 2009 à revista “Marie Claire”.

Depois, ao longo da campanha, disse que pessoalmente era contra a proposta. Hoje, diz que repassará a discussão ao Congresso.

FATURA

A fatura evangélica apresentada à candidata na quarta-feira exigia dela uma posição contrária sobre casamento homossexual, adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo e regulamentação da função de profissionais do sexo, além da defesa da liberdade religiosa.

O documento não cita diretamente a polêmica em torno da união civil entre homossexuais e opta por compromissos genéricos em relação a outros temas-tabus sustentando que, se eleita, não pretende promover “nenhuma iniciativa que afronte à família”.

Na carta, Dilma afirma que se o projeto que criminaliza a homofobia, o chamado PLC 122, for aprovado no Senado, o “texto será sancionado nos artigos que não violem liberdade de crença, culto e expressão”. O temor dos cristãos é que o projeto impeça sermões e pregações contra homossexuais.

Sobre o PNDH 3 (3º Plano Nacional de Direitos Humanos), que causou polêmica por tratar do aborto, legalização da prostituição e defender que hospitais conveniados ao SUS façam operação de mudança de sexo, entre outros pontos, Dilma diz que o programa é uma “ampla carta de intenções” e que está sendo revisto. Dilma diz ainda que a família será o foco de seu eventual governo e que defende a liberdade religiosa.

Após forte reação, o governo tirou do programa, em maio, pontos como a revisão da lei que pune quem se submete ao aborto.

Ontem, dezenas de líderes católicos e evangélicos divulgaram um manifesto em apoio a Dilma.

“Não aceitamos que se use da fé para condenar alguma candidatura. Por isso, fazemos esta declaração como cristãos, ligando nossa fé à vida concreta, a partir de uma análise social e política da realidade e não apenas por motivos religiosos ou doutrinais”, diz a mensagem.

“No momento atual, Dilma Rousseff representa este projeto que, mesmo com obstáculos, foi iniciado nos oito anos de mandato do presidente Lula. É isto que está em jogo neste segundo turno das eleições de 2010”, completa a mensagem.


Reprodução
carta


Voto nulo: o grande perigo

No final de agosto, os petistas já esperavam a vitória de Dilma Rousseff em primeiro turno. As pesquisas eleitorais noticiavam que ela crescia cada vez mais nas intenções de voto.

Foi então que vários heróis anônimos dobraram os joelhos e invocaram o nome do Senhor. Vigílias, jejuns, sacrifícios, recitação do terço da Misericórdia às três horas da tarde, recitação de um Rosário completo a cada dia… E Deus se compadeceu de nós.

Em 26 de agosto de 2010, os Bispos do Regional Sul 1 da CNBB aprovaram e recomendaram a ampla difusão do “Apelo a todos os brasileiros e brasileiras”, elaborado pela Comissão de Defesa da Vida do mesmo Regional. O documento relata vários fatos que comprovam a relação entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e sua candidata com a causa pró-aborto e recomenda que os cidadãos “deem seu voto somente a candidatos ou candidatas e partidos contrários à descriminalização do aborto[1].

A denúncia dos Bispos difundiu-se por diversas dioceses do país, incluindo a de Anápolis (GO), onde o Bispo Dom João Wilk fez divulgação. Vários Bispos publicaram na Internet vídeos em que liam ou comentavam o “Apelo” e advertiam os eleitores cristãos sobre o PT:Dom Benedito Beni dos Santos, Bispo de Lorena (SP) e vice-presidente do Regional Sul 1[2], Dom José Benedito Simão, Bispo de Assis (SP) e presidente da Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1[3], Dom Emílio Pignoli, Bispo Emérito de Campo Limpo, São Paulo, SP[4], Dom Aldo Pagotto..

Especial sucesso fez o vídeo “Mãe do Brasil[5], que expõe de forma sucinta e clara documentos que comprovam o envolvimento do Partido dos Trabalhadores, do presidente Lula e da candidata Dilma Rousseff com a promoção do aborto no Brasil.

No dia 3 de outubro de 2010, primeiro turno das eleições, houve 111.193.747 votos para presidente, dos quais 3.479.340 brancos e 6.124.254 nulos. Excluindo brancos e nulos, houve 101.590.153 votos válidos. Destes, Dilma (PT) obteve 47.651.434 votos (46,91%) contra 33.132.283 votos (32,61%) de José Serra (PSDB) e 19.636.359 votos (19,33%) de Marina Silva (PV). Como nenhum candidato obteve maioria absoluta, os dois mais votados, Dilma e José Serra devem disputar o segundo turno em 31 de outubro.


Segundo turno.

Votar em Dilma é algo absolutamente descartado para um cristão. Mesmo que ela não se houvesse posicionado publicamente em favor da legalização do aborto[6], nem houvesse assinado, juntamente com o presidente Lula, o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, que defende a descriminalização do aborto[7], o simples fato de ela pertencer ao Partido dos Trabalhadores torna-a comprometida com a causa abortista. Com efeito, todo candidato do PT é comprometido com o aborto. E isso se demonstra com os seguintes fatos:

1. Todo candidato do PT é obrigado a assinar o Compromisso do Candidato Petista, que “indicará que o candidato está previamente de acordo com as normas e resoluções do Partido, em relação tanto à campanha como ao exercício do mandato” (Estatuto do PT, art. 128, §1º[8]).

2. Entre as resoluções que todo candidato se compromete a acatar está uma denominada “Por um Brasil de mulheres e homens livres e iguais” aprovada no 3º Congresso do PT (agosto/setembro 2007), que inclui a “defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público[9].

3. Em 17 de setembro de 2009, dois deputados foram punidos pelo Diretório Nacional. O motivo alegado é que eles “infringiram a ética-partidária ao ‘militarem’ contra resolução do 3º Congresso Nacional do PT a respeito da descriminalização do aborto”. [10]

O partido de José Serra (PSDB) não é abortista, como o PT, mas o candidato assinou, em novembro de 1998, quando era Ministro da Saúde, uma Norma Técnica que instituiu a prática do aborto no Sistema Único de Saúde em nível federal, para crianças de até cinco meses supostamente concebidas em um estupro[11]. A introdução oficial do financiamento do aborto pelo SUS é uma mancha no histórico de Serra que escandaliza muitos eleitores.

Sem negar a culpa nem a gravidade de seu ato, Serra conta com os seguintes atenuantes:

1) Serra não foi o autor da Norma Técnica por ele assinada. Ele já a encontrou em sua mesa, elaborada por militantes pró-aborto, quando assumiu o Ministério da Saúde;

2) Por não ser jurista, Serra deixou-se enganar pela falácia de que no Brasil o aborto é “legal” quando a gravidez resulta de estupro, confundindo assim a não aplicação da pena (“não se pune…”) com a licitude da conduta (art. 128, II, CP). Segundo essa interpretação (falsa), haveria da parte das gestantes um “direito” ao aborto e da parte do Estado o “dever” de financiá-lo em caso de violência sexual[12].

3) Em sua carreira política, antes ou depois da assinatura da terrível Norma Técnica, Serra nunca se destacou como um militante abortista. Nunca se comportou como o atual Ministro da Saúde José Gomes Temporão, que faz da promoção do aborto sua idéia obsessiva.

Dom Manoel Pestana Filho, Bispo emérito de Anápolis, considera Serra um “incêndio limitado”, que deve ser preferido à “catástrofe incontrolável” representada por Dilma. Ele crê que as raízes cristãs de Serra “não o deixarão ir tão longe e tão fundo”.


A tentação do voto nulo

Para o eleitor cristão, não é tarefa fácil nem agradável escolher entre dois candidatos maus. A repugnância pelo aborto leva-nos à tentação – à qual devemos resistir – de anular o próprio voto, num gesto de desdém.

Essa atitude, apesar de trazer alguma satisfação psicológica, acaba por contribuir para o aumento do mal que se quereria evitar. Os votos nulos, assim como os brancos, não são computados (art. 77, §2º, CF). Mas eles acabam contribuindo para eleger o candidato mais popular.

Para exemplificar: se dentre 1000 pessoas, nenhuma tiver votado branco ou nulo, todos os votos serão válidos e ganhará o candidato que receber mais de 50% dos votos, ou seja, 501 votos. Mas se dentre essas 1000 pessoas, 50 tiverem votado branco ou nulo, significa que teremos apenas 950 votos válidos. Portanto, o mesmo candidato será eleito se alcançar 476 votos. [13]

Esta é uma hora crítica, em que precisamos imitar a conduta de Deus, que tantas vezes tolera um mal a fim de evitar um mal maior.

Em vez de arrancar o joio (por causa do perigo de arrancar com ele também o trigo), o Senhor manda deixar que joio e trigo cresçam até a hora da colheita (Mt 13,29). Em seu desejo de salvar tudo o que pode ser salvo, Ele não quebra a cana já rachada nem apaga a mecha que ainda fumega (Mt 12,20).

No dia 31 de outubro, antes de entrar na cabine eleitoral, talvez seja conveniente rezar “não nos deixeis cair em tentação (de anular o voto)”.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

Presidente do Pró-Vida de Anápolis



[1] Cf. http://www.cnbbsul1.org.br/index.php?link=news/read.php&id=5742

[2] Cf. http://www.youtube.com/watch?v=Bkxxm1ALPLY

[3] Cf. http://www.youtube.com/watch?v=47btXT4ses0

[4] Cf. http://www.youtube.com/watch?v=6ReNtpTykKI

[5] Cf. http://www.youtube.com/watch?v=4cJZZzWysN4

[6] Cf. Dilma Rousseff defende legalização do aborto. 28 mar. 2009, Diário do Nordeste, in: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=626312.

[7] http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D7037.htm.

[8] Estatuto do Partido dos Trabalhadores, Versão II, aprovada pelo Diretório Nacional em 5 out. 2007, in:http://www.pt.org.br/portalpt/dados/bancoimg/c091003181315estatutopt.pdf

[9] Resoluções do 3º Congresso do PT, p. 80. in: http://old.pt.org.br/portalpt/images/stories/arquivos/livro%20de%20resolucoes%20final.pdf

[10] DN suspende direitos partidários de Luiz Bassuma e Henrique Afonso. Notícias. 17 set. 2009, in:http://www.pt.org.br/portalpt/documentos/dn-suspende-direitos-partidarios-de-luiz-bassuma-e-henrique-afonso-254.html

[11] Ministério da Saúde. Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes: normas técnicas. Elaboração: Ana Paula Portela e outros. Brasília, DF: [s.n], 1999.

[12] Um estudo detalhado sobre a falácia dessa argumentação encontra-se no livro “Aborto na rede hospitalar pública: o Estado financiando o crime”, de Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz, Anápolis: Múltipla Gráfica, 2007.

[13] Cf. Votos brancos ou nulos interferem no resultado da eleição? Canção Nova Notícias, 28 set. 2010, inhttp://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=278070




A 14ª Parada do Orgulho Gay reuniu milhares de pessoas na Praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, em 2009

A 14ª Parada do Orgulho Gay reuniu milhares de pessoas na Praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, em 2009

Do “ex-Blog” do ex-deputado e três vezes ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia, de hoje:

“AGORA DILMA TRANSFERE A PARADA GAY PARA NOVEMBRO!

A Parada Gay sempre foi em setembro, no Rio. [O governador do Rio, Sérgio] Cabral — seu entusiasta, participando sempre do beijaço –, com temor ao desgaste juntos aos evangélicos e católicos, a transferiu para outubro.

Mas não pensava que haveria segundo turno para presidente.

Agora, a pedidos da campanha de Dilma, Cabral pediu e conseguiu transferir a Parada Gay para novembro, dia 14.

Temor total ao voto conservador, tão importante o foi no primeiro turno.

Fonte: coluna Ricardo Setti

Henrique Gomes Batista

Nenhum segundo turno de eleição presidencial, desde 1989, começou tão disputado como o atual: seis pontos de vantagem de Dilma sobre Serra, segundo o Ibope.

O segundo turno de 1989, para o instituto, começou com Collor com 12 pontos de vantagem sobre Lula (50% a 38%). Mas a diferença caiu ao longo do tempo e a última pesquisa apontava Collor apenas um ponto à frente do petista, vantagem dentro da margem de erro. Collor venceu.

Em 1994 e 1998, Fernando Henrique ganhou no primeiro turno.

Já em 2002, a vantagem de Lula sobre Serra na primeira pesquisa Ibope do segundo turno era de 29 pontos (60 a 31) e foi para 22 pontos no último levantamento (58 a 36).

Em 2006, a diferença em favor de Lula sobre o tucano Geraldo Alckmin passou de 12 pontos (52 a 40), na primeira pesquisa, para 22 pontos (58 a 46), na última.

O Datafolha também indica o início do segundo turno mais disputado: sete pontos de vantagem para Dilma, mesmo patamar da primeira pesquisa de 2006.

Pelo instituto, em 1989 a vantagem de Collor sobre Lula começou em nove pontos (48 a 39) e terminou com três pontos (47 a 44 na última pesquisa).

Em 2002, a vantagem de Lula era de 26 pontos (58 a 32 sobre Serra), percentual que se manteve no último levantamento.

Já em 2006, a diferença era de sete pontos do petista sobre Alckmin, mas se alargou para 21 pontos na última pesquisa antes das eleições.