O Dr. Francis Collins, coordenador do maior projeto de biotecnologia, que decodificou o genoma humano, e também Diretor do Instituto Nacional Americano de Pesquisa do Genoma Humano, considera que os milagres são uma “possibilidade real” e descartou que a ciência seja usada para refutar a existência de Deus, porque está confinada a seu mundo “natural”.

Segundo informações do site Caminayven.com, o cientista explicou que em seu livro “A linguagem de Deus”, aponta que “uma das grandes tragédias de nosso tempo é esta impressão que foi criada de que a ciência e a religião têm de estar em guerra” e precisa que o descobrimento do genoma humano lhe permitiu “vislumbrar o trabalho de Deus”.

“Quando dá um grande passo adiante é um momento de regozijo científico porque você esteve nesta busca e parece que encontrou. Mas é também um momento onde, ao menos, sinto proximidade com o Criador no sentido de estar percebendo algo que nenhum humano sabia antes, mas que Deus sempre soube”, indica Collins e explica que as descobertas científicas levam o homem a aproximar-se do Senhor.

“Quando você tem pela primeira vez diante de si estes 3,1 trilhões de letras do ‘livro de instruções’ que transmite todo tipo de informação e todo tipo de mistérios sobre a humanidade, é incapaz de contemplar página após página sem se sentir sobressaltado. Não posso ajudar, mas sim admirar estas páginas e ter uma vaga sensação de que isso está me proporcionando uma visão da mente de Deus”, diz o Dr. Francis Collins.

Ele foi ateu até os 27 anos, quando como jovem médico lhe chamou a atenção a força de seus pacientes mais delicados. “Tinham terríveis doenças das quais com toda probabilidade não escapariam, e ainda, em vez de se queixarem a Deus, pareciam apoiar-se em sua fé como uma fonte de consolo. Foi interessante, estranho e inquietante”.

Em seguida ele leu “Mere Christianity” (Cristianismo Puro e Simples) de C. S. Lewis, que o ajudou a se converter. Dr. Collins explica que o argumento de Lewis, que Deus é uma possibilidade racional era algo “que não estava preparado para ouvir. Estava muito feliz com a ideia de que Deus não existia e de que não tinha interesse em mim. Mas mesmo assim, não podia me afastar”.

Este é mais um belo testemunho de um cientista de nossos dias, que vem comprovar que não existe antagonismo entre a Ciência e a fé, uma vez que ambas vem de Deus.

O Papa João Paulo II começou a Encíclica “Fé e razão” dizendo que: “A fé e a razão são as duas asas com as quais o espírito humano alça voo para contemplar a verdade”. Isto mostra a importância que ambas têm uma para a outra. O grande cientista francês Louis Pasteur, da Sorbonne, pai da microbiologia, dizia que “a pouca ciência afasta de Deus, mas a muita ciência aproxima de Deus”.

Muitos gigantes da ciência, em todos os tempos, se curvaram humildemente diante do Criador. Entre eles podemos citar homens profundamente religiosos como Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Johann Keppler, Isaac Newton, Louis Pasteur, Blaise Pascal, André Marie Ampère; Max Planck (1858-1947), prêmio Nobel de Física em 1918, pela descoberta do “quantum” de energia; Andrews Millikan (1868-1953), prêmio Nobel de Física, em 1923, pela descoberta da carga elétrica elementar; Antoine Henri Becquerel (1852-1908), Nobel de Física em 1903, descobridor da radioatividade; Erwin Schorödinger (1887-1961), prêmio Nobel de Física em 1933, pelo descobrimento de novas fórmulas da energia atômica.

A Constituição Pastoral Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II mostrou bem claro a harmonia entre a fé e a ciência:

“Se a pesquisa metódica, em todas as ciências, proceder de maneira verdadeiramente científica e segundo as leis morais, na realidade nunca será oposta à fé: tanto as realidades profanas quanto as da fé originam-se do mesmo Deus. Mais ainda: Aquele que tenta perscrutar com humildade e perseverança os segredos das coisas, ainda que disto não tome consciência, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todas as coisas, fazendo que elas sejam o que são” (GS,36).

S. Agostinho diz no Sermão, 126,3: “Eleva o olhar racional, usa os olhos como homem, contempla o céu e a terra, os ornamentos do céu, a fecundidade da terra, o voar das aves, o nadar dos peixes, a força das sementes, a sucessão das estações. Considera bem os seres criados e busca o seu Criador. Presta atenção no que vês e procura quem não vês. Crê naquele que não vês, por causa das realidades que vês. E não julgues que é pelo meu sermão que és assim exortado. Ouve o Apóstolo que diz: “As perfeições invisíveis de Deus tornaram-se visíveis, desde a criação do mundo, pelos seres por ele criados” (Rom 1,20).”

O Concilio Vaticano I (1870) afirmou o conhecimento natural de Deus, contra a agnosticismo, o fideismo e o tradicionalismo absoluto:

“A mesma santa Mãe Igreja sustenta e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana a partir das coisas criadas, “pois sua realidade invisível tornou-se inteligível desde a criação do mundo, através das criaturas”‘ (Rm 1,20).

Prof. Felipe Aquino

No dia 12 de fevereiro, completou-se 209 anos do nascimento de Charles Darwin, o reconhecido cientista que propôs a teoria da evolução através da seleção natural, um processo de transformação das espécies por meio de mudanças produzidas em gerações sucessivas.

O trabalho de Darwin, que foi divulgado em 1859, é aceito hoje por praticamente todos os cientistas. Entretanto, esta teoria é compatível com a fé católica?

Pe. Jorge Loring, em seu livro ‘Para Salvar-te’, afirmou sobre a teoria de Darwin que, embora “o corpo possa vir por evolução”, não ocorreria o mesmo com a alma de uma pessoa, porque esta “é espiritual”.

“Há muitos teólogos católicos que defendem esta teoria, que não é condenada pela Igreja. A partir da fé e da filosofia, não há inconveniente em admitir a teoria da evolução”, acrescentou.

Por sua parte, Pe. Mariano Artigas, doutor em filosofia, física e teologia, adverte em seu livro ‘As fronteiras do evolucionismo’ que o fato da evolução “é uma hipótese e não há algo cientificamente indiscutível. Afirma-se, mas não se prova”.

Em 1950, o Papa Pio XII afirmou na encíclica Humani Generis que o Magistério da Igreja não proíbe “que nas investigações e disputas entre homens doutos de ambos os campos se trate da doutrina do evolucionismo, que busca a origem do corpo humano em matéria viva preexistente”. Porém, enfatizou que “a fé nos obriga a reter que as almas são diretamente criadas por Deus”.

O próprio Darwin disse ao final de seu livro ‘A origem das espécies’ que “é grandioso o espetáculo das forças variadas da vida que Deus infundiu nos seres criados, fazendo-os se desenvolver em formas cada vez mais belas e admiráveis”.

Pew Research Center reuniu 6 fatos sobre o que as pessoas pensam em relação à evolução.

Segundo o estudo Religious Landscape Study, aproximadamente 6 de cada 10 adultos norte-americanos (62%) dizem que os seres humanos evoluíram com o tempo. Entretanto, 33% do total expressa a crença de que os seres humanos e outros seres vivos evoluíram exclusivamente devido aos processos naturais.

Um quarto dos adultos norte-americanos (25%) diz que a evolução foi guiada por um ser supremo.

A mesma pesquisa indicou que 34% dos norte-americanos rejeitam completamente a evolução.

2. A maioria dos cientistas acredita que os seres humanos evoluíram com o tempo

De acordo com uma pesquisa de 2014 sobre ciência e sociedade, enquanto 98% dos cientistas da ‘Associação Norte-americana para o Avanço da Ciência’ acreditam que os seres humanos evoluíram com o tempo, apenas dois terços (66%) dos norte-americanos, em geral, acreditam que os cientistas estejam de acordo sobre a evolução.

O público em geral que rechaça a evolução está dividido sobre se existe um consenso científico a respeito do tema: ‘47% diz que os cientistas estão de acordo com a evolução e 46% diz que não.

3. Decisões judiciais proíbem o ensinamento do Design Inteligente em escolas públicas

A teoria do Design Inteligente aponta a uma inteligência superior que deve ter criado a complexidade do sistema da criação.

Apesar dos esforços de muitos estados e cidades norte-americanas por proibir o ensino da evolução em escolas públicas e ensinar alternativas à evolução, os tribunais negaram nas últimas décadas os planos de estudo que se desviam da teoria evolutiva.

4. As igrejas protestantes são mais propensas a rechaçar a evolução nos EUA

Segundo o estudo Religious Landscape Study, uma sólida maioria (57%) de protestantes assegura que os seres humanos e outros seres vivos sempre existiram em sua forma atual.

Estas opiniões se refletem em grande medida nas posições das grandes igrejas protestantes, assim como, em muitos casos, na maioria de seus membros.

5. A maioria dos norte-americanos afirma que ciência e religião costumam estar em conflito

Segundo uma pesquisa de 2015, a maioria dos norte-americanos (59%) afirma que a ciência e a religião estão frequentemente em conflito. Entretanto, os que são mais praticantes de sua religião são menos propensos que outros a ver este “choque”.

Entre os que vão à igreja ao menos uma vez por semana, a metade (50%) considera que a religião e a ciência estão em conflito, em comparação aos que raramente ou nunca vão à igreja (73%).

Ao mesmo tempo, a maioria das pessoas (68%) diz que suas próprias crenças religiosas pessoais não chocam com a doutrina científica aceita.

6. Comparado aos Estados Unidos, em outros países a evolução é mais rejeitada

Na América Latina, aproximadamente 4 de cada 10 habitantes de vários países – incluindo Equador, Nicarágua e República Dominicana – dizem que os seres humanos e outros seres vivos sempre existiram em sua forma atual.

Isso ocorre mesmo quando os ensinamentos oficiais do catolicismo, que é a religião majoritária na região, não rejeitem a evolução.

Por outro lado, os muçulmanos em muitas nações estão divididos. Entretanto, a maioria dos países, como Afeganistão, Indonésia e Iraque, rejeitam a evolução.

ACI

O físico teórico Michio Kaku afirmou que ele encontrou evidências de que Deus existe em 2016, e seu raciocínio causou uma agitação na comunidade científica.

Ao responder a uma pergunta sobre o significado da vida e de Deus, Kaku disse que a maioria dos físicos acredita em um deus por causa do design do universo. O nosso é um universo de ordem, beleza, elegância e simplicidade.

Ele explicou que o universo não tinha que ser assim – poderia ter sido feio e caótico. Em suma, a ordem que vemos no universo é evidência de um Criador.
“Eu concluí que estamos em um mundo feito por regras criadas por uma inteligência”, disse o físico, de acordo com a Science World Report . “Acredite, tudo o que chamamos de acaso hoje não mais faz sentido. Para mim, é claro que existimos em um plano que é governado por regras que foram criadas, moldadas por uma inteligência universal e não por acaso “.

Kaku, um dos criadores e desenvolvedores da revolucionária Teoria das Cordas, chegou às suas conclusões com o que ele chama de semi raio primitivo de táquions, que são partículas teóricas que têm a capacidade de “desencadear” a matéria ou o espaço de vácuo entre as partículas, deixando tudo no universo livre de qualquer influência do universo circundante.

O físico explicou que Deus é como um matemático, que é semelhante ao que Albert Einstein acreditava.

Essa idéia não é nova para o Kaku. Em um artigo para Big Think , ele escreveu que sua Teoria das Cordas se baseava na idéia de que estamos “lendo a mente de Deus”.

Essas idéias, sem dúvida, farão explodir as cabeças ateias, porque as pessoas mais inteligentes aceitam que há um Deus, mas os ateístas parecerão tolos.!

Fonte: https://conservativetribune.com/physicist-bombshell-god-like/

A. J. Clishem trabalha a cerca de 10 quilômetros de um santuário dedicado a Nossa Senhora de Guadalupe em Des Plaines, no Estado norte-americano de Illinois. Ele nos relata a seguinte e surpreendente constatação que fez ao visitar o santuário num gélido dia do inverno passado: 

(…) Cheguei às 12:45. A temperatura era de -3°C e o céu estava azulíssimo (…) O templo era iluminado pelo sol e o ar se aquecia. Os peregrinos entregavam buquês de flores coloridas para serem postos diante da réplica da tilma, o tipo de manto indígena sobre o qual tinha ficado estampada a imagem de Nossa Senhora em sua aparição no México.

No santuário reinava um grande silêncio. De repente, me lembrei do porquê da minha visita. Olhei para cima, em direção à réplica da tilma, e abri meu coração à Virgem Maria (…) Depois eu olhei em volta. Milhares de peregrinos faziam a mesma coisa, abrindo o coração para a mesma e única Mãe do Céu. Éramos todos filhos reunidos para estar com ela.

Olhei de novo para a tilma. O revestimento de vidro refletia o sol justamente sobre a cabeça de Maria. Em vez de ver o seu rosto suavemente inclinado para um lado, eu só via o brilho intenso do reflexo. Notei que o brilho da luz que irradiava do alto do sol refletido tinha a mesma inclinação que a cabeça de Nossa Senhora. Tirei uma foto, relembrando um elemento básico da astrofísica: o eixo da Terra tem uma inclinação de 23,5° em relação ao sol.

Voltando ao estacionamento, olhei para o sol e vi o mesmo brilho vertical inclinado em direção à Terra. Fiz outra foto, perguntando-me quantos graus se inclinaria a cabeça de Nossa Senhorana tilma guadalupana.

No dia seguinte, resolvi verificar. Usando uma imagem digital de Nossa Senhora de Guadalupe tal como vista na tilma original, tracei uma linha reta vertical que parte do topo da cabeça e outra que passa pelo ângulo da inclinação da cabeça. Coloquei um transferidor no ponto onde as duas linhas se cruzavam. 23,5°!

O meu desenho era rudimentar e os meus conhecimentos de astronomia são básicos, mas logo descobri que outra pessoa, o Dr. Juan Hernández Illescas, já tinha feito essa descoberta em 1981. E me perguntei o que isto significaria.

Já ouvi muitos comentários sobre a inclinação da cabeça de Mariacomo símbolo da sua humildade, o que é perfeitamente coerente, mas agora tenho uma nova ideia sobre a questão: da sua posição no céu e vestida de sol, Nossa Senhora de Guadalupe direciona o seu olhar de 23,5° a toda a humanidade “inclinada” para longe de Deus. Com todos os seus filhos à sua vista, ela chama cada um e nos convida a lhe abrirmos o coração!

Se Nossa Senhora de Guadalupe tem uma mensagem central, é a de que o mundo inteiro tem uma mãe e que o Filho que ela deu à luz vem a nós neste período como o Salvador do mundo inteiro. A Encarnação! Deus que se faz homem! O que pode ser mais esperançador do que isto?

De agora em diante, vou sempre me lembrar de Nossa Senhora de Guadalupe como os meus 23,5 graus de esperança!

Fides et ratio, de João Paulo II, é uma síntese do seu conteúdo central: a questão da verdade, que é a questão fundamental da vida e da história da humanidade. João Paulo II defendia a capacidade humana de conhecer a Verdade, e pedia que a fé e a filosofia tornassem a encontrar a sua unidade profunda. Independentemente das diferenças de cultura, raça ou religião, todo homem formula as mesmas perguntas sobre a sua própria identidade, origem, destino, a existência do mal, o que há depois da morte – isto é, procura uma verdade última que dê sentido à sua vida. De acordo com alguns setores da atualidade, entretanto, esta seria uma busca inútil, pois o homem seria incapaz de alcançar essa verdade.

Este é o ponto de partida que deu origem à décima terceira encíclica de João Paulo II, publicada em 15 de outubro de 1998. Ele desejava ir ao encontro dessa situação cultural, que tem modelado todo um modo de pensar segundo o qual tudo é questão de opinião: a verdade seria o resultado de um consenso. Esse clima de incerteza afeta todos os homens, mas as novas gerações são as mais atingidas, pois ou carecem de pontos de referência, ou lhes são oferecidas “propostas que elevam o efêmero ao nível de valor”. Por tudo isso, a Igreja “deseja reafirmar a necessidade da reflexão sobre a verdade”.

A ousadia de formular as perguntas radicais

Entre os muitos meios de que o homem dispõe para progredir no conhecimento da verdade destaca-se a filosofia. “A filosofia nasceu e começou a desenvolver-se quando o homem começou a interrogar-se sobre o por quê das coisas e a sua finalidade”. Nos últimos tempos, porém, a filosofia, “em vez de se apoiar sobre a capacidade que o homem tem de conhecer a verdade, preferiu sublinhar as suas limitações e condicionalismos”.

“Despontaram, não só em alguns filósofos, mas no homem contemporâneo em geral, atitudes de desconfiança generalizada quanto aos grandes recursos cognoscitivos do ser humano. Com falsa modéstia, contentam-se com verdades parciais e provisórias, deixando de formular as perguntas radicais sobre o sentido e o fundamento último da vida humana, pessoal e social”.

João Paulo II levantou um problema que desperta eco entre os homens de cultura: por que diversos movimentos filosóficos contemporâneos insistem em destacar a debilidade da razão, impedindo-a na prática de ser o que é e difundindo um ceticismo generalizado? Se, com a Veritatis splendor, tinha querido chamar a atenção para algumas verdades de ordem moral que haviam sido mal interpretadas, com a Fides et ratio quis referir-se à “própria verdade” e ao seu “fundamento” em relação à fé. A Igreja, afirma, “considera a filosofia uma ajuda indispensável para aprofundar a compreensão da fé e comunicar a verdade do Evangelho a quantos ainda não a conhecem”.

Cento e vinte anos depois da encíclica Aeterni Patris, de Leão XIII (1879), a Fides et ratio propôs novamente o tema da relação entre fé e razão, mostrando as conseqüências negativas da separação entre ambas. Nela, João Paulo II diz que, embora possa parecer paradoxal a alguns, a razão encontra o seu apoio mais precioso na fé, ao passo que a fé cristã, por sua vez, tem necessidade de uma razão que se fundamente na verdade para justificar a plena liberdade de seus atos.

A compreensão da fé

Como “a verdade que nos vem da Revelação tem de ser, simultaneamente, compreendida pela luz da razão”, o papel da filosofia é muito importante. O capítulo quarto da Encíclica apresenta uma síntese histórica, filosófica e teológica de como o cristianismo se apresenta em relação ao pensamento filosófico antigo. “Os primeiros cristãos, para se fazerem compreender pelos pagãos, não podiam citar apenas «Moisés e os profetas» nos seus discursos, mas tinham de servir-se também do conhecimento natural de Deus e da voz da consciência moral de cada homem”.

Esse capítulo menciona também o exemplo dos Padres da Igreja que, graças à contribuição da fé – da verdade revelada –, “conseguiram explicitar plenamente aquilo que ainda se encontrava de maneira implícita e preliminar no pensamento dos grandes filósofos antigos”. Na Idade Média – continua –, fez-se o esforço de encontrar as razões que permitissem a todos compreender o conteúdo da fé. De perene atualidade é a contribuição do pensamento de São Tomás de Aquino, que mostra como é possível uma completa harmonia entre a fé e a razão, harmonia baseada no princípio de que “o que é verdadeiro vem do Espírito Santo, independentemente de quem o tenha dito”. “A fé não teme a razão, mas a usa e confia nela”.

O papa vai mais longe ao sublinhar que “é ilusório pensar que a fé teria mais penetração se se defrontasse apenas com uma razão débil; pelo contrário, nesse caso cairia no grave perigo de se ver reduzida a um mito ou superstição. Da mesma maneira, uma razão que não se deparasse com uma fé adulta não seria estimulada a fixar o olhar sobre a novidade e a radicalidade do ser”.

A necessidade da filosofia

No capítulo quinto, mencionam-se diversos pronunciamentos do Magistério sobre questões filosóficas. Parte-se da ideia de que “a Igreja não propõe uma filosofia própria nem canoniza determinadas correntes filosóficas em detrimento de outras”, mas sim “tem o dever de indicar aquilo que pode existir, num sistema filosófico, de incompatível com a fé”. Está claro, além disso, que “nenhuma forma histórica da filosofia pode, legitimamente, ter a pretensão de abraçar a totalidade da verdade ou de possuir a explicação cabal do ser humano, do mundo e da relação do homem com Deus”.

Encontram-se resumidas aqui as censuras do Magistério, a doutrinas como o fideísmo, o tradicionalismo radical e o racionalismo. “Mais do que teses filosóficas isoladas, as tomadas de posição do Magistério ocuparam-se da necessidade do conhecimento racional – e por conseguinte, em última análise, do conhecimento filosófico – para a compreensão da fé”. Apesar de a Igreja ter encorajado a filosofia a recuperar a sua missão, João Paulo II constata “com surpresa e mágoa” que, mesmo entre teólogos, há um desinteresse pelo estudo da filosofia. Por isso, quis propor alguns pontos de referência “para se poder instaurar uma relação harmoniosa e eficaz entre a teologia e a filosofia”.

Em busca de sentido

A Revelação como o “ponto de enlace e confronto” entre a filosofia e a fé é o tema do capítulo sétimo. A Sagrada Escritura contém uma série de elementos que permitem obter uma visão do homem e do mundo de grande valor filosófico. Dela se deduz, por exemplo, que “a realidade que experimentamos não é o absoluto”. A convicção fundamental desta “filosofia” contida na Bíblia é que “a vida humana e o mundo têm um sentido e caminham para a sua plenitude, que se verifica em Jesus Cristo”.

A “crise de sentido” é justamente um dos elementos mais importantes do pensamento atual. A fragmentação do saber torna difícil uma busca de sentido. “Neste emaranhado de dados e de fatos em que se vive e que parece constituir a própria trama da existência, muitos se interrogam se ainda tem sentido propor a questão do sentido”. A resposta do Papa não poderia ser mais clara: “Quero exprimir vigorosamente a convicção de que o homem é capaz de alcançar uma visão unitária e orgânica do saber. Esta é uma das tarefas que o pensamento cristão deverá assumir durante o próximo milênio da era cristã”.

Uma filosofia que não responda à questão sobre o sentido corre o perigo de rebaixar a razão a funções puramente instrumentais. “Para estar em consonância com a palavra de Deus é necessário, antes de mais, que a filosofia volte a encontrar a sua dimensão sapiencial de procura do sentido último e global da vida”.

Verdade e liberdade

Apoiando-se nesses princípios, a Encíclica faz uma breve análise dos limites de alguns sistemas filosóficos contemporâneos, que negam a instância metafísica de uma abertura perene à verdade. Ecletismo, historicismo, cientificismo, pragmatismo e niilismo são sistemas e formas de pensamento que, por não estarem abertos às exigências fundamentais da verdade, também não podem ser considerados filosofias aptas para explicar a fé. “Uma teologia privada do horizonte metafísico não conseguiria chegar além da análise da experiência religiosa”, e seria incapaz de “exprimir coerentemente o valor universal e transcendente da verdade revelada”.

Deve-se levar em conta, além disso – observa –, que “o esquecimento do ser implica inevitavelmente a perda de contato com a verdade objetiva e, conseqüentemente, com o fundamento sobre o qual se apóia a dignidade do homem”. “Verdade e liberdade, com efeito, ou caminham juntas, ou perecem juntas miseravelmente”. Crer na possibilidade de conhecer uma verdade universalmente válida “não é de forma alguma fonte de intolerância; pelo contrário, é condição necessária para um diálogo sincero e autêntico entre as pessoas”.

Na conclusão, João Paulo II retoma algumas das idéias desenvolvidas no texto e sublinha que “não existe, hoje, preparação mais urgente do que esta: levar os homens à descoberta da sua capacidade de conhecer a verdade”. Uma das maiores ameaças, neste final de século, é “a tentação do desespero”. E a origem dessa crise está em que perdemos a capacidade de pensar com horizontes grandes.

Fonte: Interprensa

“É aqui mesmo!”: Essa foi a exclamação de cientistas ao abrirem  o Santo Sepulcro de Jesus Cristo, que voltou a ver a luz após mais de cinco séculos.

Pela primeira vez em quase dois milênios, cientistas puderam entrar em contato com a pedra original sobre a qual foi depositado o Santíssimo Corpo de nosso Divino Salvador envolvido em panos mortuários, dos quais o mais famoso é o Santo Sudário de Turim.

Essa sagrada pedra se encontra na igreja do Santo Sepulcro, na parte velha de Jerusalém, e está coberta por uma lápide de mármore que data pelo menos do ano 1555, ou quiçá de séculos anteriores.

“O que achamos é surpreendente”, explicou o arqueólogo Fredrik Hiebert, da National Geographic Society”. “Passei um tempo na tumba do faraó egípcio Tutancâmon, mas isto é mais importante”, afirmou.

Até hoje não havia gravuras desse leito de rocha calcária, o qual, a fortiori, nunca foi fotografado ou objeto de quadro ou outra representação.

Não existia pessoa alguma que o tivesse visto. Tudo o que se possuía eram realizações artísticas mais ou menos imaginárias.

O Santo Sepulcro foi aberto aos cientistas durante 60 horas nos dias 26, 27 e 28 de outubro de 2016, e depois voltou a ser lacrado e devolvido a seu estado anterior.

Os especialistas abriram uma janela retangular em uma das paredes da edícula, através da qual os peregrinos podem observar a pedra da parede da tumba de Nosso Senhor Jesus Cristo.

De onde provém esse túmulo?

O túmulo já existia antes da crucificação de Jesus Cristo e pertencia a José de Arimateia, que o mandara cavar para si, mas que o cedeu para nele ser depositado o Santíssimo Redentor, de quem era secretamente discípulo.

Senador e membro do Sinédrio — o colégio dos mais altos magistrados religiosos do povo judeu —, Arimateia foi também um rico comerciante, dono de uma frota de navios cujos negócios iam até a atual Grã-Bretanha.

Ele obteve de Pilatos a libertação do corpo e cobriu as elevadas despesas de sua preparação, oferecendo até o linho, que é hoje venerado na cidade italiana de Turim: o Santo Sudário.

Em represália por essa generosidade, o Sinédrio mandou persegui-lo e expropriá-lo de suas posses. Abandonado por amigos e familiares, após passar 13 anos no cárcere, José de Arimateia foi libertado pelo novo governador romano Tibério Alexandre.

Assim, reconstituiu sua fortuna e passou a usá-la para a difusão da fé.

Falecido em plena atividade evangelizadora, ele foi o exemplo perfeito do homem abastado que utiliza seus bens para melhor servir o Redentor e sua obra, ao contrário do “moço rico” do Evangelho, que recusou o chamado de Cristo por amor às riquezas.

No Ocidente sua festa litúrgica é celebrada em 17 de março, e no Oriente em 31 de julho.

São Marcos escreveu que era um “ilustre membro do conselho, que também esperava o Reino de Deus; ele foi resoluto à presença de Pilatos e pediu o corpo de Jesus” (São Marcos, 15, 43). São Mateus, ao descrevê-lo, assinala ser um homem rico, discípulo de Jesus.

Peripécias históricas desconcertantes

Os evangelistas nos dão uma ideia do túmulo onde transcorreu a Ressurreição e indicam o local. Porém, o Santo Sepulcro, após a Paixão de Nosso Senhor, correu graves riscos de desaparecimento.

Por isso, podemos considerar sua preservação um milagre histórico.

Jerusalém foi destruída no ano 70 d.C., após feroz guerra, e seus habitantes se dispersaram.

Em 131, o Imperador romano Adriano mandou construir sobre suas ruínas uma cidade pagã de nome Élia Capitolina, para cuja edificação se empreenderam obras de terraplenagem imensas que soterraram a sepultura de Jesus.

Sobre ela teria sido erigido um templo dedicado a Vênus (Afrodite para os gregos), deusa da sensualidade. Enquanto isso, os cristãos padeciam as perseguições.

Em 313, o Imperador Constantino encerrou as perseguições aos cristãos. Treze anos depois, sua mãe, Santa Helena, visitou Jerusalém em busca das relíquias da Paixão, e identificou o local da crucificação (o Gólgota) e a cova chamada Anastasis (“ressurreição”, em grego).

O Imperador autorizou a construção de um santuário que substituiria o templo de Vênus, o qual ficou conhecido como basílica do Santo Sepulcro. Eusébio (265–339), bispo de Cesareia e pai da História da Igreja, registrou esses fatos.

Em 614, a igreja de Constantino foi gravemente danificada pelos persas sassânidas, pagãos que pilharam Jerusalém e arruinaram a basílica.

Ela foi reconstruída por Heráclio, Imperador de Constantinopla, que reconquistou a cidade. Mas estava longe de terminar a sucessão de invasões, restaurações, depredações e guerras.

Em 638, toda a Palestina foi ocupada pelos invasores muçulmanos. Três séculos depois, em 966, as portas e o telhado da igreja arderam durante distúrbios.

Em 1009, o califa fatímida Al-Hakim ordenou a destruição de todas as igrejas cristãs de Jerusalém, incluindo o Santo Sepulcro. Só restaram os pilares do templo da época de Constantino.

A notícia dessa destruição foi decisiva para inspirar o movimento das Cruzadas.

O califa Ali az-Zahir, sucessor de Al-Hakim, permitiu que o Imperador de Bizâncio, Constantino IX Monômaco, e Nicéforo, Patriarca de Jerusalém, reconstruíssem e redecorassem a igreja.

Foi essa a igreja que os cruzados encontraram em 1099, ao entrarem em Jerusalém. Eles a ampliaram e reconsagraram em 1149.

No essencial, é a que existe atualmente.

Em 1187, o caudilho islâmico Saladino voltou a invadir a cidade, mas proibiu a destruição dos edifícios religiosos cristãos.

No século XIV, o local passou a ser administrado por monges católicos e cismáticos gregos, aos quais se somaram outras denominações religiosas.

Nos séculos seguintes foram feitas diversas restaurações, destacando-se a de 1810, por iniciativa britânica, após um grande incêndio, e as ocorridas entre 1863 e 1868.

Em 1927, mais um abalo sísmico causou importantes estragos à estrutura da igreja.

Dúvidas sobre a autenticidade do Sepulcro?

Durante a restauração de 1810 foi erigida sobre o Santo Sepulcro uma estrutura conhecida como edícula (do latim aedicule, ou “casinha”), a qual estava há tempos exigindo outra restauração.

Mas os responsáveis por ela não conseguiam chegar a algum acordo “ecumenicamente” porque vivem em perpétuo desentendimento.

Por fim, a Autoridade das Antiguidades de Israel impôs a reforma, sob pena de fechamento.

A empreitada foi entregue a uma equipe de cientistas da Universidade Técnica Nacional de Atenas, dirigida pela supervisora-chefe, Profa. Antonia Moropoulou. Essa equipe já havia restaurado a Acrópole de Atenas e a catedral de Santa Sofia, em Istambul.

Um trabalho metódico exigia a análise da base geológica sobre a qual a edícula se apoia. Mas essa base é a própria rocha em que foi aberta a câmara mortuária onde transcorreu a Ressurreição.

E o fato de milhões de peregrinos passarem ao longo dos séculos sobre o Santo Sepulcro poderia ter alterado a resistência da rocha.

Era prudente, necessário e útil fazer uma vistoria do local. Mas, se era para abrir o Sepulcro, dever-se-ia aplicar nele tudo aquilo que a tecnologia possui de melhor, a fim de colher a maior quantidade de dados científicos possível.  

“Nós estamos no momento crítico de restaurar a edícula”, explicou a Profa. Moropoulou. “A tecnologia que estamos usando para documentar este monumento único permitirá que o mundo inteiro estude nossos achados como se ele próprio tivesse entrado na tumba de Cristo”.

Acontece que, além da Tradição e de documentos muito antigos, a única fonte atestando que ali se localizava o Santo Sepulcro era o testemunho de Santa Helena, que recuperou o túmulo em 326, há quase 1.800 anos.

E não faltava o zum-zum dos incrédulos, sofismando que tudo não passava de uma superstição religiosa, e que lá embaixo não havia nada, ou apenas algum túmulo de outrem.

O que acharam?

Especialistas acreditavam que o túmulo pudesse ter sido destruído entre tantas ocorrências históricas. Porém, uma varredura inicial de radar mostrou que a cova, de 1,28 metros de profundidade, estava íntegra.

Complicava o juízo o fato de que as varreduras feitas em toda a igreja detectaram pelo menos mais seis covas funerárias.

Nada que causasse surpresa, pois no tempo da Paixão o local fora um cemitério, que os Evangelhos se referem com o nome de “Gólgota”, que significa “monte das caveiras”.

Porém, só uma das covas detectadas coincidia com o local apontado como sendo o Santo Sepulcro: debaixo da edícula.

Os especialistas removeram em primeiro lugar a grande peça de mármore onde os fiéis rezam, depositam flores e votos. Debaixo dela havia uma camada de entulho sobre a qual pousava a placa.

Após a remoção do entulho, foi identificada uma lápide rachada ao meio, com uma cruz entalhada. O último a ver essa placa de mármore viveu por volta de seis séculos atrás.

O arqueólogo Fredrik Hiebert explicou tratar-se de uma peça do século XII, da qual só se tinha notícia escrita.

Sua rachadura teria como finalidade, no caso de invasão muçulmana, mostrar aos saqueadores que a lápide não tinha valor comercial e com isso eles não continuassem a profaná-la.

Tudo concordava com o que se sabia sobre o Santo Sepulcro e os trabalhos prosseguiram. Debaixo da placa com a cruz havia ainda mais entulho, que foi cuidadosamente removido.

Por fim, a pedra sagrada original se revelou intacta ante os cientistas.

“Meus joelhos estão tremendo!”

“Estou absolutamente espantado. Meus joelhos estão tremendo, porque eu não imaginava ver isto”, disse o arqueólogo Hiebert.

“Esta é a Rocha Santa que vem sendo venerada há séculos, mas só agora pode realmente ser vista”, disse a Profa. Antonia Moropoulou, que liderou a restauração.

Os arqueólogos identificaram mais de mil túmulos semelhantes cortados na rocha ao redor de Jerusalém, explicou o arqueólogo Jodi Magness, da “National Geographic”.

Mas todos os detalhes do Santo Sepulcro são “perfeitamente consistentes com o que sabemos sobre como os judeus ricos sepultavam seus mortos no tempo de Jesus”, sublinhou Magness.

De acordo com o que Dan Bahat, ex-arqueólogo da cidade de Jerusalém, disse do local onde Jesus foi sepultado, “certamente não há outro lugar do qual se possa afirmar com tanta forca, portanto nós realmente não temos nenhuma razão para rejeitar sua autenticidade”.

Para o cético jornal “The New York Times”, a única prova de que aquele era o túmulo de Jesus consistia no fato de ele ter cativado durante séculos a imaginação de milhões de pessoas.

Mas, acrescenta, agora “nós vemos com nossos próprios olhos o local onde Jesus Cristo foi enterrado”.

O incrédulo jornalista desse diário americano foi um dos poucos convidados a “ver com seus olhos” a pedra sobre a qual repousou o Corpo Santíssimo de Jesus Cristo antes da Ressurreição.

Ele ficou impressionado pela sua pobreza: simples pedra calcária, lisa e sem adornos, com uma rachadura no meio. Tudo isso sob o bruxuleio das velas que iluminavam naquele momento o minúsculo vão.

Mistérios na abertura do Sepulcro de Cristo

Alguns arqueólogos que trabalharam na abertura do Santo Sepulcro disseram ter percebido fenômenos não habituais.

Relataram, por exemplo, que ao se aproximarem da pedra original sobre a qual repousou o corpo de Cristo ungido por sua Santa Mãe, perceberam um “aroma suave”.

Este seria comparável aos perfumes florais que também foram relatados em aparições de Nossa Senhora ou de santos.

Também os aparelhos eletrônicos ligados sobre o Santo Sepulcro começaram a funcionar mal ou pararam completamente, como se fossem afetados por forças eletromagnéticas não identificadas.

Marie-Armelle Beaulieu, chefe de redação da “Terre Sainte Magazine”, revista da Custódia Franciscana da Terra Santa, foi uma das poucas pessoas a terem licença para visitar o sagrado túmulo aberto.

Ela se mostrou cética quanto ao “odor suave”, dizendo que o mesmo pode ser resultado de uma autossugestão.

Porém, durante a abertura do sepulcro em 1809, que foi parcial e esteve a cargo do arquiteto Nikolaos Komnenos, o cronista da época também mencionou um “doce aroma”.

Marie-Armelle foi bem menos cética a respeito das perturbações eletromagnéticas no instrumental científico.

Os cientistas imaginavam que a pedra estivesse em um nível muito mais baixo.

As análises que induziram a esse erro teriam sofrido distorções, provocadas pelas perturbações eletromagnéticas do sepulcro de Cristo.

A diretora das obras, Profa. Antonia Moropoulou, afirmou taxativamente que é difícil um profissional relevante colocar sua própria reputação em risco procurando notoriedade com um “truque publicitário”. Esse profissional não deturparia fatos acontecidos durante uma atividade dessa relevância, tão sujeita à crítica de numerosos outros cientistas.

Milagre diante do qual todo joelho se dobra

Marie-Armelle se referiu aos imponderáveis sobrenaturais do local, dizendo: “Para mim, seria extraordinário se os peritos conseguissem demonstrar que esta pedra foi mesmo o local em que se colocou o corpo de Cristo, mas, mesmo que eles provassem o contrário, ela ainda continuaria sendo um sinal da Ressurreição”.

E explicou a razão de sua aparente contradição: “A igreja do Santo Sepulcro é um local desconcertante. No começo, eu não gostava muito dela. Esperava uma igreja linda e achei uma arquitetura estranha, que não lembra em nada as cenas bíblicas.

“Mas, com o tempo, fui desenvolvendo um apego durante as procissões. Não é um lugar para visitar, mas para orar. Eu pude entrar até a rocha que sustentou o corpo de Cristo, algo que nunca teria imaginado!

“Senti-me num estado estranho, como que sem gravidade, mas me lembro de todos os detalhes. Nunca mais irei ao Santo Sepulcro da mesma forma”.

E prossegue: “Eu tinha o costume de fazer uma genuflexão diante do túmulo de Cristo, mas depois refleti e achei que isso é absurdo, porque lá não há mais nenhuma Presença real!

“É diante da sagrada Eucaristia que devemos fazer a genuflexão! Mas, no Santo Sepulcro, diante desse túmulo, a gente sente uma ‘Ausência real’. Um túmulo vazio! Um milagre diante do qual todo joelho se dobra, no Céu, na Terra e nos infernos”comentou.

Hiebert disse que quando os arqueólogos descobriram a segunda laje com a Cruz gravada pelos Cruzados, tiveram uma surpresa:

“O santuário foi tantas vezes destruído por incêndios, terremotos e invasões ao longo dos séculos. Na verdade, nós nem tínhamos certeza se a basílica havia sido reconstruída exatamente no mesmo local cada vez. 

“Mas [a laje dos Cruzados] se apresenta como a prova visível de que o local focado pelo culto dos fiéis hoje é verdadeiramente o mesmo túmulo que o Imperador romano Constantino localizou no século IV e que os Cruzados reverenciaram.

“É surpreendente. Quando nos demos conta daquilo que tínhamos encontrado, meus joelhos tremeram”, acrescentou.

Para coletar toda a informação possível, os cientistas usaram radares que perpassam o solo, como também scanners térmicos.

Atuaram nessa função 35 especialistas em conservação de antiguidades, que empregaram 60 horas de trabalho, documentando cada passo. Eles chegaram com certeza até a pedra que serviu de leito mortuário a Nosso Senhor.

Um túmulo vazio… “cheio da presença de Cristo”

Quando os instrumentos se desregularam ou pararam, o fato foi comunicado pela Profa. Moropoulou, chefe dos arqueólogos: “Lamentamos, mas nossos aparelhos foram atingidos. Eles não funcionam. Não posso dizer-lhes mais”.

Os aparelhos foram consertados, mas até hoje a falha permanece enigmática. “Há por vezes fatos que não se podem explicar. Mas aqui estamos num túmulo vivo, o túmulo de Cristo. Todo o mundo pode compreender que há fenômenos naturais que podem perturbar os campos eletromagnéticos”, disse ela.

“Mas é preciso simplesmente admitir que a força em que nós cremos e na qual pensamos também faz parte”, acrescentou.

A professora afastou qualquer ideia de algum exagero de fundo religioso em qualquer dos profissionais engajados no trabalho.

A inusual perturbação eletromagnética no Santo Sepulcro reforçou a hipótese científica de que no momento da Ressurreição o Corpo de Cristo teria emitido uma irradiação de tal intensidade, que os maiores equipamentos modernos não são capazes de reproduzir.

Após cinco anos de experiências em laboratório, uma equipe de cientistas da Agência Nacional da Itália para Novas Tecnologias, Energia e Desenvolvimento Econômico Sustentável (ENEA) calculou que para se obter a impressão da imagem do corpo de Cristo no Santo Sudário de Turim seria necessário um relâmpago luminoso de uma potência estimada em 34 trilhões de watts.

Numa comparação primária, isso equivale à energia gerada durante 20 minutos por Itaipu, disparada num só instante. Mas hoje não existe equipamento capaz disso.

E não havia energia elétrica em Jerusalém no tempo da Paixão.

A perturbadora irradiação constatada poderia ter sido um eco daquela formidável emanação acontecida há 2.000 anos na Ressurreição.

Marie-Armelle entrou no Santo Sepulcro quando os operários já tinham ido dormir. A energia elétrica estava desligada e ela iluminou o local com seu smartphone.

Mas primeiro quis certificar-se de que tudo estava perfeitamente vazio. A presença de alguma urna, vaso ou osso teria deposto contra a Ressurreição.

Tendo Cristo ressuscitado, nada ficou de seu sacrossanto Corpo, exceto os tecidos mortuários recolhidos pelos discípulos, como registram os Evangelhos.

EspiritualmenteMarie-Armelle levou um choque tremendo“Foi algo muito forte. Entrei e vi que não havia nada para ver. E nisso estava o extraordinário. Pedem-me que fale sobre o nada, porque não há nada para ver. E, entretanto, ali estava a presença de Jesus!”, concluiu.

Uma reflexão

É natural que uma emoção perpasse nossos corações de simples fiéis católicos ao ler esses fatos, os quais me remetem a oportunos comentários feitos durante uma conferência pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sobre o tema.

Apresento-os aqui, de modo sintético e com algumas adaptações, à consideração do leitor:

“A ideia associada ao Santo Sepulcro é a de que Nosso Senhor Jesus Cristo — a suma perfeição, a suma bondade e a suma santidade — foi morto e ficou deitado nesse jazigo porque foi cometida uma injustiça tremenda, uma maldade horrorosa.

Mas esse local ficou como que perfumado pela passagem sacrossanta do corpo d’Ele. O Santo Sepulcro ficou impregnado de respeitabilidades e sacralidades por um processo misterioso de contágio do sagrado.

Pelo fato de o santíssimo cadáver d’Ele ter tocado no lugar, este ficou impregnado de uma respeitabilidade participante da d’Ele.

O sepulcro estava vazio, mas Ele tinha estado lá dentro. Portanto, ficou venerável num grau inimaginável.

No Santo Sepulcro de Nosso Senhor coexistem a majestade e a grandeza que resplandecem na Santa Face do Santo Sudário, acrescidas de uma ternura inimaginável, proporcionada àquela majestade!

É belo imaginarmos a noite da Ressurreição.

O Santo Sepulcro vai se preenchendo de anjos que portam sua luz.

Nessa luz, de repente, o cadáver de Jesus Cristo começa a se mexer, mas não é um brusco levantar-se. Aquele cadáver lívido vai retomando cores e o inimaginável ocorre.

Aquele que não podia morrer ressuscita!… Um acontecimento fantástico!

A ideia do Santo Sepulcro pisado, entregue aos maometanos, profanado, conspurcado, ilumina com beleza sobrenatural a necessidade de lutar para fazer cessar essa abominação, pela ponta da espada, se preciso.

Nasce assim o ideal de Cruzada, como todos já conhecem. A nobreza estava sendo preparada nos altos fornos da História, quando a Providência derramou sobre ela um condimento especial, que foi a graça da Cruzada: a guerra santa para a libertação do Santo Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Advieram então graças de fé, de amor de Deus, de elevação de alma, que comunicaram uma espécie de carisma imponderável às casas reais e à nobreza europeia.

A generalidade dos cruzados recebeu como num flashuma graça de ordem mística ordinária, mas muito sensível para perceber o caráter sagrado do Santo Sepulcro.

E essa graça, que lhes foi transmitida pelo Bem-aventurado Urbano II, o Papa da Cruzada, os levou a exclamar “Dieu le veut; Dieu le veut!” (“Deus o quer, Deus o quer”!)

Sob o impulso dessa graça, se armaram para empreender a Cruzada e empurraram o perigo árabe para longe.

O Santo Sepulcro convoca e assume todos os homens com a força de atração de um cadáver que não se encontrava nele! Jesus Cristo foi morto e enterrado numa tumba guardada por guardas romanos para impedir que alguém entrasse.

Mas, séculos depois, legiões de cavaleiros atravessam o mar, atraídos por esse sepulcro vazio há séculos!

Assim também, entre as cinzas quase frias da civilização cristã há, ainda hoje, uma brasa. Esta brasa são os católicos que como um vaso de fidelidade salvam a honra da Igreja, mudam a fisionomia dos acontecimentos e são uma garantia para o futuro.

Fazer parte de uma Cruzada, caminhando pelos areais imundos de nosso século à busca do Reino de Maria Santíssima, constitui uma glória não menor que a de um cruzado andando pelas areias quentes da Á­frica do Norte ou da ­Ásia à reconquista do Santo Sepulcro.

Essa consideração forma o herói e o batalhador: o católico autêntico e sem jaça”.

(via Ciência confirma Igreja)

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Ricardo Castañón é conhecido no mundo inteiro por ser um cientista conceituado e, sobretudo, como aquele que teve contato direto com algumas manifestações eucarísticas que extrapolam o conhecimento humano. Para a , o semanário da Arquidiocese do México, ele contou alguns dos acontecimentos históricos de sua vida neste sentido.

Ele diz que, em 1999, quando era um não-crente, a pedido do então Arcebispo de Buenos Aires, Monsenhor Jorge Mario Bergoglio, “realizou a primeira análise científica de uma hóstia consagrada, da qual saía uma substância avermelhada. A análise foi concluída em 2006, comprovando que a substância era sangue humano e continha glóbulos brancos intactos e músculo de coração ‘vivo’ (de miocárdio de ventrículo esquerdo). Cabe ressaltar que o caso ainda não foi considerado milagre e que a hóstia permanece exposta no altar da Paróquia de Santa Maria de Buenos Aires”.

Porém, o neurofisiologista diz que há um “milagre” declarado pela autoridade diocesana. O fato aconteceu em Tixtla, Chilpancingo, quando, em 2013, começou a escorrer sangue de uma hóstia consagrada. “Neste caso, confirmamos que o tipo de sangue é AB, o mesmo encontrado no sudário de Turim, no Milagre Eucarístico de Lanciano. Nele, encontramos tecido vivo, assim como glóbulo branco ativo, como se estivesse reparando uma lesão, por exemplo, em um coração depois de sofrer um infarto”.

Desde 1999, Castañón aprofundou os estudos de 15 casos de “milagres eucarísticos”. “Cada série de meus estudos é repetida em três laboratórios de diferentes países, e as variáveis estudadas são muitas: sangue, DNA, glóbulos brancos, glóbulos vermelhos, tecido humano, hemoglobina e outras. Posso dizer que, do ponto de vista científico, meus relatórios finais são 100% confiáveis.”

Os fatos comprovados são verdadeiramente surpreendentes: “Como obter sangue sem osso e medula óssea? Como obter músculo de um coração vivo e glóbulos brancos de um pedacinho de pão? Como obter hemoglobina, uma substância sujeita a mecanismos bioquímicos complexos e a um programa genético inicial? Eu vi cientistas ateus ficarem pálidos ao comprovarem que há coisas que não se podem ser compreendidas sem uma perspectiva que vá além da razão natural”.

Atualmente, o cientista estuda um caso ocorrido no fim do ano passado, que parece ser sangue em vinho consagrado. Mas ele só vai divulgar quando tiver resultados conclusivos. “Só quero dizer que o fato de comprovar que as efusões destas estas hóstias consagradas se identificam com sangue fresco e tecido vivo me deixa muito impactado, fascinado e toca no mais íntimo do meu ser. Em cada Comunhão, vem à minha mente a frase de Jesus: ‘Este é o meu corpo’”.

“Todos os dias eu participo da Eucaristia e, quando comungo, meu pensamento é: “vou receber Cristo, o mesmo que esteve nos braços de Maria, aquele que caminhou com os Apóstolos, o filho vivo de Deus vivo, que morreu e ressuscitou e está à direita do Pai’”.

Gaudium press

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Ainda no embalo do 90.º aniversário de nascimento de Joseph Ratzinger, o papa emérito Bento XVI, comemorado no mês passado, o blog traz um artigo de um convidado: Mariusz Biliniewicz leciona Teologia na Universidade de Notre Dame, na Austrália, e é um estudioso do pensamento do papa emérito, sendo autor de The Liturgical Vision of Pope Benedict XVI. Ele escreveu, especialmente para o blog Tubo de Ensaio, um texto analisando a visão de Ratzinger sobre a relação entre ciência e fé.

Ciência e fé no pensamento de Bento XVI

Mariusz Biliniewicz

A relação entre fé e ciência, no pensamento de Joseph Ratzinger, o papa Bento XVI, é melhor compreendida dentro do contexto da forma como ele vê a relação entre fé e razão em geral. Essa relação, de acordo com Ratzinger, é fundada no conceito de λόγος (logos), encontrado tanto na filosofia grega pré-cristã como em uma de suas passagens favoritas do Novo Testamento: o início de seu Evangelho preferido, o de São João: “No princípio era o Verbo (logos), e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. Ratzinger explica que o termo logos significa tanto “palavra/Verbo” quanto “razão”, e isso indica que uma das características mais importantes da fé cristã é o fato de ela ser razoável, acessível à razão. Isso não significa que a razão humana é capaz de penetrar até o mais profundo da fé cristã; isso seria confundir as duas realidades. O que isso significa é que a fé cristã deve sempre estar aberta ao encontro com a razão humana em todas as suas dimensões. Ou seja: em primeiro lugar, um diálogo da fé com a filosofia, mas não limitado a ela. Hoje, mais que nunca, também um diálogo com a ciência.

Diálogo significa parceria, troca mútua, mas também crítica construtiva. Ciência e fé têm suas respectivas áreas de competência que são obviamente diferentes, mas que ao mesmo tempo apresentam uma convergência. Esse encontro construtivo significa que a Igreja não pode aceitar automaticamente, sem refletir, tudo que a “razão secular” tenha a dizer, assim como tudo o que a ciência contemporânea pode fazer. Pelo contrário: Ratzinger jamais se cansa de nos lembrar que, enquanto a ciência precisa gozar da liberdade de pesquisa e de uma necessária autonomia em seu trabalho, ela também precisa de um certo padrão universal pelo qual suas realizações podem ser medidas. Nem tudo que é cientificamente possível é moralmente aceitável, e nem toda rota tecnologicamente viável é digna de ser percorrida. A convicção crescente do caráter irrefreável do desenvolvimento científico deveria vir acompanhada da consciência crescente da necessidade de um princípio objetivo que ajudaria a distinguir o que é factível do que vale a pena fazer. Sem esse padrão, uma ciência completamente fora de controle, que só reconhece como limite a possibilidade técnica, pode se virar contra seu próprio agente, a pessoa humana. O desenvolvimento das armas nucleares de destruição em massa é, para Ratzinger, um exemplo eloquente de quão curta é a estrada entre o progresso sem amarras e a ameaça da aniquilação total da espécie humana.

Além disso, enquanto a ciência pode e deve nos ajudar a suprir as necessidades materiais mais importantes de nosso tempo, ela não pode “preencher totalmente todas as necessidades existenciais e espirituais do homem”. Essa realização, para a pessoa humana, só pode vir de fora; não podemos fazê-la nós mesmos, só podemos recebê-la. De acordo com Ratznger, a distinção importante entre o natural e o sobrenatural, o possível e o permissível, o ethos (fazer) e o logos (ser), exige um equilíbrio delicado entre a razão e a Revelação. Esse equilíbrio pode ser, e no passado o foi frequentemente, interrompido por exageros vindos de ambos os lados. Quando isso acontece, a humanidade é exposta ou a “patologias da religião” (fé cega, nada razoável, sem nenhum recurso à razão) ou a “patologias da razão” (uma urgência de progresso sem restrições e sem controles, independentemente do preço a pagar e sem interesse algum em considerações éticas).A compreensão de Ratzinger sobre a relação entre fé e razão ajuda a entender seu pensamento sobre o diálogo entre ciência e religião. (Foto: Rodolfo Buhrer/Arquivo Gazeta do Povo)

De acordo com Ratzinger, uma reflexão sobre a dignidade humana e o bem comum, movida pela razão, pode levar à descoberta de um necessário padrão universal de conduta para a atividade científica. Mas essa reflexão é especialmente eficiente e frutuosa se iluminada pela fé. Como a fé cristã é construída sobre o princípio do logos, e como a abertura à reflexão pela razão está imersa nesta natureza, a fé cristã é provavelmente o ambiente mais amigável à ciência que um pesquisador pode encontrar.

A contribuição de Ratzinger para o desenvolvimento do diálogo entre ciência e fé é reconhecida não apenas nos círculos católicos, mas também fora deles. Um dos sinais mais notáveis deste reconhecimento foi sua nomeação como member associe stranger da Academia de Ciências Morais e Políticas do Institut de France, em 1992, quando ele foi convidado a assumir a cadeira que ficou vaga com a morte do dissidente soviético Andrei Sakharov.

O papado de Bento XVI também foi marcado por esse princípio teológico. De muitas formas, Bento foi um pontífice muito pró-ciência e apoiou pesquisas científicas com entusiasmo, interesse pessoal e com a bênção apostólica do sucessor de Pedro. Em 2012, ele constituiu a Fundação Ciência e Fé (Stoq), para dar sequência ao trabalho da iniciativa Science, Theology and the Ontological Quest, criada por João Paulo II em 2003. Em muitas ocasiões ele pediu uma “interação frutuosa entre compreensão e crença”. Ele enfatizava que, como tanto a ciência quanto a fé estão chamadas a promover o bem universal, a fé deveria encorajar a ciência a se empenhar em pesquisas que ajudassem a preservar a vida, a combater doenças, a eliminar a pobreza ou simplesmente a entender melhor como nosso planeta funciona e o que isso significa para nós, humanos. A fé não apenas não entra em conflito com a ciência, mas “coopera com ela, oferecendo critérios fundamentais para garantir que ela promova o bem comum”. Ao mesmo tempo, a fé pede que “a ciência desista daquelas iniciativas que, em oposição ao plano original de Deus, possam produzir efeitos que se voltem contra o próprio homem”. Bento promoveu a ideia da “unidade interna” entre ciência e fé, e expressou sua convicção de que há uma “necessidade urgente de diálogo e cooperação contínuos” entre ambas.

Não apenas “não há conflito entre a providência divina e o engenho humano”, mas o desenvolvimento da ciência, em si mesmo, poderia ser considerado parte da providência divina. Ainda mais: Bento defendeu que a atividade científica também é um caminho de santidade. Na catequese da audiência geral de 24 de março de 2010, ele citou Santo Alberto Magno como exemplo de um “santo cientista” e afirmou que “os homens de ciência podem percorrer, através da sua vocação para o estudo da natureza, um autêntico e fascinante percurso de santidade”. Pela observação e pelo estudo da criação divina, os olhos do cientista se voltam ao Criador cujo gênio artístico e criativo se torna mais e mais evidente ao pesquisador. Dessa forma, “o estudo científico transforma-se, então, num hino de louvor” e pode servir não apenas para satisfazer as necessidades naturais dos homens, mas também se tornar um primeiro passo no caminho para satisfazer as necessidades sobrenaturais.

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Alexis Carrel, Prêmio Nobel de Medicina em 1912, chegou a se converter ao catolicismo graças aos milagres que presenciou na cidade mariana de Lourdes, na França, a partir de 1903, quando ainda era um jovem médico ateu.

Na época, um colega que acompanharia um grupo de peregrinos a Lourdes lhe pediu, por força maior, que o substituísse. Carrel aceitou pensando em comprovar pessoalmente a falsidade dos supostos milagres – mas o que lhe coube foi justamente assistir a um deles.

O médico visitou, observou e analisou todos os sintomas de uma mulher tuberculosa em leito de morte. Não havia dúvida alguma de que ela morreria em breve. No entanto, quando aquela mulher, diante dos seus olhos incrédulos, saiu das piscinas de Lourdes, tudo tinha desaparecido. O depoimento de Carrel ao revelar a sua conversão foi recebido com escândalo nos âmbitos naturalistas céticos que dominavam a França.

A propósito: é recomendável que os incrédulos, em vez de promulgarem os seus próprios dogmas de “intelectualidade superior” diante daquilo que não entendem, procurem conhecer o assunto com mais rigor científico e menos conclusões precipitadas (e anticientíficas). É o que propõe outro médico premiado com o Nobel de Medicina: o dr. Luc Montagnier, que, entre outras relevantes contribuições à ciência, ficou famoso pela descoberta do vírus HIV. Ele afirma:

“Muitos cientistas cometem o erro de rejeitar o que não entendem. Não gosto dessa atitude. Frequentemente cito a frase do astrofísico Carl Sagan: ‘A ausência de prova não é prova de ausência’ (…) Quanto aos milagres de Lourdes que eu estudei, creio que realmente se trata de algo inexplicável (…) Não consigo entender esses milagres, mas reconheço que há curas que não estão previstas no estado atual da ciência”.

De fato, são milhares os registros de “curas inexplicáveis” que acontecem todos os anos no santuário mariano de Lourdes, mas são pouquíssimas as curas consideradas efetivamente milagrosas por parte da Igreja, que adota critérios rigorosos em sua minuciosa avaliação científica de cada caso.

Na verdade, a Igreja não afirma a ocorrência de um milagre apenas porque queira ou possa: ela submete a análise de cada suposto milagre a uma sequência criteriosa de etapas científicas, que incluem, por exemplo, comissões médicas para estudar cada alegação de cura cientificamente inexplicável.

É o caso da Comissão Médica Internacional de Lourdes, cuja metodologia é a mesma usada na investigação científica. Aliás, seus membros costumam citar o princípio de Jean Bernard: “Quem não é científico não é ético“. Não se trata de cair no cientificismo ou no positivismo por si mesmos, e sim de buscar a verdade com a clara consciência daquilo que a encíclica Fides et Ratio veio a sintetizar magnificamente:

“A fé e a razão são como as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva à contemplação da verdade”.

OS 7 CRITÉRIOS DA CURA MILAGROSA

O cardeal Prospero Lambertini, que se tornaria mais tarde o papa Bento XIV (pontífice de 17 de agosto de 1740 até a morte em 3 de maio de 1758), detalhou as características do milagre do ponto de vista médico-científico na “De servorum beatificatione et beatorum canonizatione” (“A beatificação dos servos de Deus e a canonização dos beatos“), livro IV, capítulo VIII, 2-1734, definindo 7 critérios para o reconhecimento de uma cura extraordinária ou inexplicável:

  1. A doença deve ter características de gravidade, com prognóstico negativo.
  2. O diagnóstico real da doença deve ser certo e preciso.
  3. A doença deve ser apenas orgânica.
  4. Eventual tratamento não pode ter favorecido o processo de cura.
  5. A cura deve ser repentina, inesperada e instantânea.
  6. A retomada da normalidade deve ser completa (e sem convalescênça).
  7. A cura deve ser duradoura (sem recaída).

Os 7 critérios de Lambertini são válidos até hoje e esclarecem o perfil específico da cura inexplicável, garantindo que toda objeção ou contestação seja levada em ampla consideração antes de se atestar que uma determinada cura foi “não explicável cientificamente”.

DE 7.200 SUPOSTOS MILAGRES, SÓ 69 RECONHECIDOS

A seriedade das avaliações de supostos milagres pode ser percebida nos números relacionados ao santuário mariano de Lourdes, na França, o mais visitado do mundo por peregrinos em busca de cura física:  desde 1858, houve mais de 7.200 alegações de cura milagrosa, mas apenas 69 casos foram declarados efetivamente inexplicáveis do ponto de vista médico-científico até hoje.

O mais recente caso é o de Danila Castelli: ela foi curada em 1989, mas o reconhecimento formal da inexplicabilidade científica de sua cura só aconteceu em 2013; portanto, após 24 anos de estudos, disponíveis para a contestação da comunidade científica.

Já o primeiro caso reconhecido em Lourdes tinha sido a cura de Catherine Latapie, ocorrida poucos dias depois da primeira aparição de Nossa Senhora em Massabielle.

UM CASO DE IMPRESSIONAR

Um dos casos de cura mais impactantes que passaram pela Comissão Médica Internacional de Lourdes é o da religiosa Luigina Traverso, curada repentinamente de uma lombociática incapacitante de meningocele no dia 23 de julho de 1965, após anos de tratamento médico e várias cirurgias que não tinham dado resultado.

Em 20 de julho de 1965, a irmã viajou até Lourdes em estado grave – aliás, os médicos tinham recomendado que ela não fizesse a peregrinação porque a viagem representava alto risco de morte.

Em 23 de julho, na passagem do Santíssimo Sacramento durante a celebração eucarística, a irmã Luigina relata ter experimentado uma súbita sensação de forte calor e bem-estar, acompanhada pelo “desejo de ficar de pé” – o que era impossível para ela havia meses. De repente, ela recuperou o movimento dos pés e deixou de sentir dor.

Em 24 de julho, acompanhada pela madre superiora, a religiosa caminhou sem ajuda alguma até a gruta de Lourdes para agradecer a Nossa Senhora. No mesmo dia, participou da via-crúcis dos peregrinos e subiu rezando até a quarta estação – a subida é íngreme. Ao longo dos dias seguintes, a irmã Luigina já estava ajudando a cuidar dos doentes que peregrinavam ao santuário.

Demorou até 2012 para que o milagre fosse reconhecido, cumpridas todas as rígidas etapas de estudos médicos e científicos e, por último, de análise por parte da Igreja.

Aleteia

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“Não devemos ter medo se a ciência e a religião, por vezes, nos dão imagens diferentes do universo de Deus”.

A opinião é do irmão jesuíta Guy Consolmagno, astrônomo do Observatório do Vaticano.

“O que eu faço se a ciência me diz uma coisa, mas a religião me diz outra coisa? Em qual delas eu acredito?”

Há uma suposição falsa no centro dessa questão, porque nem a ciência nem a religião têm a ver com acreditar em “coisas”.

Nossa crença religiosa não é uma “coisa”, mas uma pessoa – na verdade, três pessoas. A nossa fé está no Pai, Filho e Espírito Santo, conforme descrito e identificado no Credo e na Igreja que nos leva a essas pessoas.

As palavras do Credo são importantes justamente porque elas identificam um Deus muito específico: o Pai, fora do tempo e do espaço (já presente no início) que deliberadamente escolheu criar tempo e espaço, e que ama este universo; Jesus, que encarnou neste universo pelo Espírito Santo, nascido de Maria, que viveu em um determinado momento, morreu de uma forma particular, foi ressuscitado em um determinado momento; e esse mesmo Espírito Santo agora enviado a nós como nosso advogado, presente neste universo e em nossa Igreja.

Quando o Credo foi escrito, havia uma abundância de outros deuses que algumas pessoas queriam acreditar. Mas nós, cristãos rejeitamos especificamente os deuses da natureza pagãos. Nós não acreditamos neles assim como não adoramos algum outro homem chamado Jesus, que viveu em um tempo e lugar diferentes, e tinha uma história diferente do Jesus que nós chamamos de Senhor.

É tentador voltar a nossa adoração do Criador para adorar um deus da natureza, que se articula com a forma de como as coisas funcionam no mundo natural, como uma força similar à eletricidade e à gravidade. É a mesma tentação de adorar uma versão de “Jesus” que era apenas um “cara legal” que acabou tendo um final infeliz, ou de uma versão de “Jesus” que era apenas uma divindade vestida com uma vestimenta de homem. Tanto o deus da natureza quanto o “Jesus” simplificado são fáceis de entender e compreender; mas são falsos. Eles não são o que os cristãos acreditam.

Assim como é complicado entender Jesus tanto como verdadeiro Deus quanto verdadeiro homem, é difícil de entender como o Criador relaciona-se com a criação. É aí que entra a ciência.

A ciência é a nossa melhor maneira de descrever como o universo se comporta. Você pode dizer que, onde a fé nos diz que Deus criou o universo, a ciência nos diz como ele fez isso.

A ciência é importante precisamente porque “a ciência pode purificar a religião do erro e da superstição”, citando o Papa João Paulo II. Mas a ciência nunca está finalizada; nunca é perfeita. É um entendimento humano da verdade. A descrição da verdade pela ciência é humanamente compreensível, mas é sempre uma descrição incompleta. Ciência é entender, buscar a verdade – constantemente se aproximando da verdade, sem nunca apreendê-la totalmente.

É aí que entra a religião. Para citar São João Paulo II mais uma vez, “a religião pode purificar a ciência da idolatria e dos falsos absolutos”. A religião nos dá verdades e absolutos que a ciência não tem poder para contradizer. Mas, enquanto a religião começa com verdades, devemos reconhecer que elas são sempre compreendidas imperfeitamente.

À medida que experimentamos Deus na oração, na vida, na teologia, constantemente, temos momentos em que podemos dizer: “Ahá! Agora eu vejo um pouco melhor o que isso significa”. A religião é a verdade em busca de entendimento.

Assim, não devemos ter medo se a ciência e a religião, por vezes, nos dão imagens diferentes do universo de Deus. Isso é de se esperar; ambas são ainda obras em andamento. A ciência nunca poderá refutar (ou provar) um ponto da religião mais do que nossa atual compreensão da nossa fé poderá negar (ou confirmar) uma teoria científica. Em última análise, “a verdade não contradiz a verdade”, para citar João Paulo II mais uma vez.

Além disso, a religião é onde a nossa compreensão do mundo físico está situado no universo mais amplo, que inclui não apenas os átomos e as forças, mas também os desejos humanos que nos fazem querer entender os átomos e as forças, para chegar mais perto do Criador, experimentando e valorizando a sua criação.

O fato é que a ciência tem o seu credo fundamental também. Um cientista tem que acreditar que o universo físico é real, não uma ilusão; que opera por leis maiores que o próprio universo, e não pelos caprichos dos deuses da natureza; e que a compreensão dessas leis é algo bom em si mesmo, não apenas como uma forma de controlar a natureza, mas como uma forma de estar em um relacionamento com a natureza, uma maneira de desfrutar, apreciar e amar a criação. Observe como esse credo está em completo acordo com o credo cristão, e de fato desenvolve-se a partir dele.

Claro que, se você optar por ser um materialista e ateu, Deus não vai impedi-lo. Se você quiser assumir que o universo físico não é nada mais do que átomos e forças, então você pode ter sucesso em olhar para o universo inteiro e não ver nada, apenas átomos e forças. Você pode até mesmo fazer algo que se pareça com a ciência com esse pressuposto.

Mas, assumindo que existem apenas átomos e forças, você vai perder coisas como a beleza, a verdade e o amor. Você vai perder as coisas que fazem você querer fazer ciência em primeiro lugar.

Fonte: OSV Newsweekly

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A Sociedade de Cientistas Católicos, uma organização criada nos Estados Unidos, celebrou seu primeiro Congresso em Chicago de 21 a 23 de abril, uma oportunidade para mais de 100 participantes de conhecer a outros fiéis no meio científico e compartilhar experiências e temas de interesse. Além de confirmar que não existe contradição entre a Fé e a ciência, o encontro permitiu dar visibilidade aos fiéis em um ambiente no qual podem se sentir isolados.

“Durante meus estudos, encontrei muita rejeição à minha Fé”, comentou a professora Darlene Douglas, Doutora em Genética que se dedicou à docência ao não encontrar laboratórios nos quais pudesse trabalhar sem violentar as normas morais da Igreja sobre o respeito à vida humana desde a sua concepção. Para ela, o prejuízo de que a Fé seria incompatível com as descobertas científicas significou pressões por parte de seus professores.

Este tipo de experiências poderiam reduzir-se, segundo o presidente da Sociedade, Stephen Barr, se os cientistas católicos soubessem quantos de seus colegas compartilham sua Fé. “Muitos católicos em ciências, especialmente estudantes e jovens cientistas, se sentem isolados”, expôs. “Isto é porque a maior parte dos cientistas religiosos são discretos sobre sua Fé. Este sentido de solidão pode ser desmoralizante”.

O Congresso dedicou seus temas às origens do universo e da pessoa humana, com palestrantes como o Diretor do Observatório Vaticano, Irmão Guy Consolmagno, e os Professores John D. Barrow, Kenneth R. Miller, Karin Öberg e Robert J. Scherrer.

Apesar dos temas de discussão serem profundos e atrativos para os acadêmicos, o principal objetivo era fomentar o sentido de companheirismo entre os cientistas católicos e dar “testemunho da harmonia entre a vocação do cientista e a vida de Fé”, segundo indicou a organização. (EPC)

Fonte: gaudiumpress.org

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O intelectual não pode viver em uma torre de marfim. E, se for católico, tem que “decifrar o sentido do presente” e “combater o cinismo em todas as suas formas.” São dois dos deveres imprescindíveis do intelectual católico do nosso tempo que o filósofo da Universidade Ramon Llull, Francesc Torralba , compartilhou no II Congresso da revista Questions de Vida Cristiana e da Fundació Joan Maragall, que aconteceu no mosteiro beneditino catalão de Montserrat.

Veja outros deveres do intelectual católico, segundo o filósofo:

  1. Decifrar o significado do presente, articular uma cartografia do agora, explorando os vetores que movem a cultura e as tendências da época. Este dever requer a habilidade de detectar o que é de boa fé, puro, verdadeiro e bom e, por outro lado, exige a capacidade de entender a obscuridade do presente.
  2. Recriar linguisticamente a herança recebida, articulá-la mediante um jogo de linguagem que seja significativo, claro e inteligível para o homem e a mulher de hoje. Evitar cair no tradicionalismo pétreo e, da mesma forma, na “novolatria” (idolatria do que é novo).
  3. Manter um compromisso ativo com a racionalidade, identificando seus potenciais e limitações, evitando cair no sentimentalismo, mas também não atendo somente ao racionalismo. Espera-se que um intelectual católico lute contra a credulidade e o fideísmo.
  4. Construir pontes com as tradições espirituais e religiosas da humanidade, e, quando possível, com novas formas de espiritualidade laica que emergem às margens das instituições formalmente articuladas.
  5. Articular uma chamada profética a favor dos mais vulneráveis, dos excluídos e dos que estão à margem de nossa sociedade – e atuar em defesa da dignidade inerente à toda pessoa humana.
  6. Não renunciar o criticismo moderno e desenvolvê-lo tanto ad intra (dentro da instituição eclesial), quanto ad extra (o mundo). Viver o sentido de pertinência sem complexos e não se esquivar da dor de ser membro da Igreja em certas ocasiões.
  7. Apostar na visibilidade midiática. Existir no ágora digital, ter a audácia de estar presente neste espaço e propor a própria cosmovisão. Recusar a hipervisibilidade e, por outro lado, a tendência à marginalidade e ao refúgio no calor do rebanho. Colocar-se para fora, ter a audácia de estar na praça pública e, se convier, de ser ferido.
  8. Comprometer-se com as causas nobres da sociedade. Lutar contra o puritanismo moral e o perfeccionismo, a moral da elite e a tendência de jogar o papel do espectador neutro. Não há neutralidade para o intelectual católico. É necessário ser ator; não espectador passivo do mundo. É preciso lutar para melhorar o mundo, participando de organizações que transformam a sociedade.
  9. Reconhecer as grandes produções artísticas, culturais e filosóficas da cultura laica. Também reconhecer as manifestações do ateísmo dos séculos XIX e XX e do humanismo ateu em todas as suas formas. Não se sentir provocado pelo laicismo de voo galináceo.
  10. Articular um discurso de esperança, capaz de combater racionalmente a tendência ao niilismo histórico e, especialmente, não se deixar vencer pelo desânimo diante dos acontecimentos. O intelectual católico deve combater o cinismo em todas as suas formas – inclusive aquele que pode nascer em seu interior.

Autor: Miriam Diez Bosch

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São milhares os registros de “curas inexplicáveis” que acontecem todos os anos no santuário mariano de Lourdes, na França – um dos mais conhecidos e concorridos do mundo. No entanto, são pouquíssimas as curas consideradas efetivamente milagrosas por parte da Igreja, que adota critérios rigorosos em sua minuciosa avaliação científica de cada caso.

Apesar do rigor desses estudos, perdura há muitas décadas o desprezo de descrentes que sequer se dão ao trabalho de saber como a Igreja avalia e descarta os milhares de casos de “aparentes milagres”. Para muita gente desinformada ou mal informada, todo e qualquer milagre é mera charlatanice desprovida de fundamentos. Essa postura de ignorância disfarçada de intelectualidade contrasta com a postura de respeito e consideração adotada por profissionais de reconhecido prestígio, como o médico francês Luc Montagnier, Prêmio Nobel de Medicina, que, entre outras relevantes contribuições à ciência, ficou famoso pela descoberta do vírus HIV.

Ex-diretor do Instituto Pasteur, esse importante cientista de renome mundial expôs a sua opinião sobre os milagres de Lourdes no livro Le Nobel et le Moine, em que dialoga com o monge cisterciense Michel Niassaut. A esse respeito, Luc Montagnier afirma:

“Não há por que negar nada”.

Em dado momento, as conversas abordaram as curas sem explicação ocorridas em Lourdes e se perguntou o que opinaria um não-crente premiado com o Nobel. Luc Montagnier respondeu:

“Quando um fenômeno é inexplicável, se ele realmente existe não há necessidade de negar nada”.

Afinal, se o fenômeno existe, qual é o sentido de negá-lo? O que vem ao caso é estudá-lo, não fingir que não existe. E, por isso, o Nobel de Medicina, afirmando que “nos milagres de Lourdes há algo inexplicável”, repreende a postura de alguns colegas observando que “muitos cientistas cometem o erro de rejeitar o que não entendem. Não gosto dessa atitude. Frequentemente cito a frase do astrofísico Carl Sagan: ‘A ausência de prova não é prova de ausência’”.

Montagnier prossegue: “Quanto aos milagres de Lourdes que eu estudei, creio que realmente se trata de algo inexplicável (…) Não consigo entender esses milagres, mas reconheço que há curas que não estão previstas no estado atual da ciência”.

Luc Montagnier teve imensa relevância na história recente pela sua descoberta do vírus HIV. A este propósito, indo contra o mundo anticatólico e seus preconceitos e acusações infundadas, ele reconhece a importância da Igreja diante do drama dos enfermos.

Meu colega dos Estados Unidos da América, Robert Gallo, teve uma audiência com o Papa (João Paulo II) para tentar entender como aumentar a nossa colaboração com as equipes das missões católicas na África. Lá são tratadas pessoas com aids e se faz prevenção contra a propagação do vírus (…) As ordens religiosas cristãs têm um papel muito positivo no cuidado dos doentes. Reconheço que, no âmbito da atenção hospitalar, a Igreja foi pioneira. Pude ter contato, ao longo desses muitos anos de pesquisa sobre a aids, em especial no início, com pacientes condenados a uma morte inevitável. Com frequência, a fé e a proximidade da Igreja nos ajudaram a enfrentar a doença e a fazer com que os doentes não se sentissem abandonados. Foi por esta experiência que eu sempre reconheci a contribuição pioneira e inestimável da Igreja na atenção hospitalar”.

Embora agnóstico, Montagnier revela pela Igreja uma grande estima. Ele, que se ofereceu para ajudar a combater o mal de Parkinson de que sofria o Papa São João Paulo II, considera que o planeta ganharia muito se os valores cristãos prevalecessem no mundo. “Existem 2 bilhões de cristãos, dos quais 1,1 bilhão é católico. Seus bons sentimentos se fazem presentes”, mas não governam a humanidade: e seria ótimo se o amor ao próximo guiasse o mundo, diz o médico.

LOURDES E OS PRÊMIOS NOBEL

Montagnier não é o único ganhador de um Prêmio Nobel a manter uma relação com Lourdes.

Alexis Carrel, Nobel de Medicina em 1912, chegou a se converter ao catolicismo graças aos milagres que presenciou naquela cidade mariana desde 1903, quando ainda era um jovem médico ateu.

Na época, um colega que acompanharia um grupo de peregrinos a Lourdes lhe pediu, por força maior, que o substituísse. Carrel aceitou pensando em comprovar pessoalmente a falsidade dos supostos milagres – mas o que lhe coube foi justamente assistir a um deles.

O médico visitou, observou e analisou todos os sintomas de uma mulher tuberculosa em leito de morte. Não havia dúvida alguma de que ela morreria em breve. No entanto, quando aquela mulher, diante dos seus olhos incrédulos, saiu das piscinas de Lourdes, tudo tinha desaparecido. O depoimento de Carrel no livro em que conta a sua conversão foi recebido com escândalo nos âmbitos naturalistas céticos que dominavam a França.

Parece que o “escândalo” dos milagres não pretende acabar tão cedo. Seria recomendável, portanto, que os incrédulos, em vez de promulgarem os seus próprios dogmas de “intelectualidade superior” diante daquilo que não entendem, procurassem conhecer o assunto com mais rigor científico e menos conclusões precipitadas (e anticientíficas).

Com informações de religionenlibertad.com