Fonte: Veritatis Splendor

Temos falado sobre como a Sola Scriptura tem colaborado para a divisão doutrinária no Protestantismo.

Em contrapartida os protestantes afirmam que a Sagrada Tradição não trouxe para o Catolicismo a unidade doutrinária. E utilizam esta afirmação como desculpa para continuarem professando a Sola Scriptura. Em suma a lógica protestante é esta: a Sagrada Tradição não trouxe unidade doutrinária ao catolicismo então não há motivo para abandonar a Sola Scriptura e/ou aceitar a Sagrada Tradição.

Vejamos se este argumento é válido.

Primeira análise: análise da corroboração histórica e bíblica

Para verificarmos se há verdade na Sola Scriptura devemos verificar se ela foi ensinada pelos Santos Apóstolos. Se examinarmos os escritos dos Pais da Igreja, não acharemos lá a Sola Scriptura. Acharemos sim, eles defendendo a Fé utilizando as Escrituras, mas isso não é Sola Scriptura como alguns sugerem. Da mesma forma os encontraremos defendendo a Fé utilizando o ensino oral dos Apóstolos, ou o que no catolicismo é chamado de Sagrada Tradição.

Nem na Bíblia encontramos a Sola Scriptura, encontraremos sim, versículos dizendo que Escritura é útil para ensinar, exortar na fé. E isso também não é Sola Scriptura. Da mesma forma encontraremos versículos testemunhando que tanto o ensino oral dos Apóstolos também é Palavra de Deus ao lado das Sagradas Escrituras.

Tanto o testemunho histórico quanto o bíblico nega a Sola Scriptura e por isto é suficiente para que esta doutrina humana seja abandonada do meio Cristão; o que não acontece com a Sagrada Tradição que é corroborada por ambos.

Segunda análise: análise da divisão doutrinária católica

Os protestantes normalmente chamam de divisão católica a opinião dos Bispos católicos sobre as questões de fé e moral. Devo informar que a opinião de qualquer clérigo, seja qual for (diácono, padre, Bispo ou Papa) não é doutrina católica. A doutrina católica não é formada pelo conjunto dos pensamentos dos ministros da Igreja, mas sim da Verdade Revelada por Cristo e pelos Apóstolos (Sagrada Tradição e Sagrada Escritura), pelo ensino dos Concílios Ecumênicos e Decretos Papais (Sagrado Magistério), que é claro tem a colaboração de seus clérigos. A síntese de tudo isto pode ser encontrado, por exemplo, no Catecismo da Igreja Católica ou nas Cartas Apostólicas dos Papas.

Desta forma, não pelo fato de existirem (infelizmente) Bispos de orientação TL (Teologia da Libertação) que faz a TL doutrina Católica. A Doutrina Católica possui um corpo bem definido, com fronteiras bem conhecidas pelas quais é possível afirmar se um Bispo lhe é fiel ou não, se está ou não respeitando-a quando ensina algo em nome da Igreja.

Outros protestantes apontam como divisão da doutrina católica a diferença doutrinária entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. O leitor não deve confundir diferença doutrinária com diferença disciplinar.

A doutrina é o conjunto dos ensinamentos sobre a Fé e a Moral e é imutável. A disciplina é o conjunto de normas que regulam as atividades e a vida religiosa da Igreja, e é mutável. Exemplificando, a fé na Trindade é dogma da Igreja, é faz parte da sua doutrina, e não pode ser mudado, a Igreja amanhã não pode dizer que Maria faz parte da Trindade (como alguns malucos andaram sugerindo…). O Celibato dos Padres é uma norma disciplinar, a Igreja amanhã poderá mudar isso e autorizar o casamento dos Padres.

A Igreja Católica é formada por todas as dioceses (1) em plena comunhão com o Bispo de Roma. A Igreja Católica devido à diferença de rito e/ou disciplina classifica-se em Igreja Latina (de rito e disciplina Romanos) e Igreja Oriental (de rito e disciplina Orientais, como a Igreja Católica Melquita, Igreja Católica Maronita, etc). As dioceses chefiadas por Bispos cismáticos (legítimos sucessores dos apóstolos mas que não estão com plena comunhão com o Bispo Romano) fazem parte da Igreja Católica, mas sim da Igreja Ortodoxa, por isso não podem ser chamados de católicos já que não fazem parte da comunhão católica, são tão somente Igrejas Particulares (2). Assim enganam-se aqueles que imaginam uma divisão doutrinária no Catolicismo.

Contextualizando isso, há sim, diferenças doutrinárias entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. Por exemplo, a grande maioria dos católicos ortodoxos não aceitam a Infabilidade do Bispo de Roma, outros não aceitam as duas naturezas de Cristo (monofisistas) e ainda há aqueles que dizem que o Espírito Santo procede somente do Pai e não também do Filho.

A diferença doutrinária entre Católicos e Ortodoxos é ínfima se comparada com a diferença doutrinária existente entre as milhares de denominações protestantes. A estrada que divide a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa é curta, o que torna a unidade doutrinária entre ambas possível. Há muitos esforços da Santa Sé neste sentido. Já no protestantismo o desejo do Senhor de que todos sejam um (cf. Jo 17,11. Jo 17,21-22) torna-se praticamente é impossível.

Depois do Cisma do Oriente, o desenvolvimento (não invenção) da doutrina que se dava em comunhão entre todos os Bispos, desde o Concílio de Jerusalém, acontecia de forma separada entre Igreja Católica e Ortodoxa. Daí que tem origem as divergências doutrinárias hoje existentes entre as duas Igrejas.

Este delta doutrinário poderia ser maior se não fosse pela Sagrada Tradição, que tem exercido a função de uma verdadeira liga, já que tanto a Igreja Católica como a Igreja Ortodoxa guardam (também) como Palavra de Deus a mesma Sagrada Tradição, e a utilizam como fundamento para o desenvolvimento de suas doutrinas (3).

Conclusão

A atual desculpa protestante para continuar no erro da Sola Scriptura não se sustenta pela análise da corroboração histórica e bíblica, já que esta doutrina não encontra amparo na memória cristã e nem na própria Sagrada Escritura.

Também não se sustenta pela análise da divisão doutrinária católica. Embora a Sagrada Tradição não tenha impedido a divisão doutrinária entre Católicos e Ortodoxos, pela própria natureza desta divisão (como anteriormente foi exposto), ela não corrobora com isto, ao contrário da Sola Scriptura ( já que embute em si própria a dourina do Livre Exame, que faz de cada cristão o seu próprio mestre e professor.). É exatamente a Sagrada Tradição que torna possível que cristãos católicos e ortodoxos se encontrem, caminhando a pé pela estrada que os separa.

Notas

(1) Uma diocese ( do latim diocesis) é uma organização com base territorial que abrange determinada população sujeita á autoridade e administração de um Bispo legítimo, isto é ordenado através da sucessão dos Apóstolos.

(2) “É católica toda a Igreja particular (isto é, a diocese e a eparquia), formada pela comunidade de fiéis cristãos que estão em comunhão de fé e de sacramentos seja com o seu Bispo, ordenado na sucessão apostólica, seja com a Igreja de Roma, que «preside à caridade» (S. Inácio de Antioquia).” (Catecismo da Igreja Católica Compêndio no. 167. ver também CIC 832-835).  A Igreja Particular perde sua catolicidade se não está integrada à Comunhão Católica.

(3) O desenvolvimento doutrinário tanto da Igreja Católica quanto da Igreja Ortodoxa também se apóia na Sagrada Escritura.

Seu talento os levou ao ponto mais alto da competição: disputar um Mundial.

Vivem o sonho que muitos gostariam de realizar e agradecem por isso a Deus. Os brasileiros Kaká e Lúcio, o meio-de-campo paraguaio Jonathan Santana, ou Vincent Enyeama, o goleiro nigeriano que amargou a estreia de Messi, falam de sua fé sem rodeios. Embora a Fifa não os deixe manifestar isso no campo de jogo, seu testemunho sai à luz.

No caso de Jonathan Santana, sua história vai além do triunfo esportivo. “Deus me salvou, fez um milagre”, assegura o meio-de-campo, que, em 2002, esteve em estado crítico após ser atingido por tiros na Argentina. Oito anos depois, faz parte do plantel paraguaio que participa da Copa doMundo da África do Sul.

Seu companheiro Cabañas passou por algo parecido. E, como o atacante, Santana continuou vivo para contá-lo, voltar a jogar futebol e estrear diante da Itália no Mundial. E tudo graças a uma intervenção divina, à ajuda de Deus. “Ele me salvou”, assegura, orgulhando-se de uma fé que impregna todas as facetas de sua vida.

Escapou da morte… graças a Deus

Nascido em Buenos Aires há 28 anos, Santana começou sua relação com a bola aos oito anos, bo clube General Paz do bairro portenho de Mataderos. Formou-se nas categorias inferiores do San Telmo, passou para o Almagro e, em 2001, aos 19 anos, estreou na Primera Divisão argentina.

A vida sorria para ele, embora tudo estivesse a ponto de ruir no dia 03 de fevereiro de 2002. Naquele dia, Santana se dirigia para Ezeiza, para um treinamento de sua equipe, na autopista 25 de Mayo em um Renault Megane que seu padrasto dirigia, quando, na altura de Villa Solati, um Twingo se colocou ao seu lado e dois desconhecidos atiraram três vezes com uma arma calibre 22. O jogador recebeu dois tiros, um no ombro e outro no pescoço, razão pela qual teve que ser internado em um hospital em estado crítico. Ali, foi submetido a uma traqueotomia de urgência e a uma intervenção cirúrgica que acabaram salvando sua vida.

Sua evolução foi satisfatória e, de forma incrível, seis meses depois, Santa voltou a vestir a camisa do San Lorenzo de Almagro. Posteriormente, passou para o River Plate e atualmente defende o Wolfsburg, uma carreira notável, que, depois de obter a nacionalidade paraguaia em 2007, permitiu-lhe alcançar a condição de mundialista.

O meio-de-campo lembra, porém, aquele episodio trágico que esteve a ponto de acabar com a sua vida e não duvida em reconhecer, devido à sua profunda religiosidade, que a intervenção divina foi fundamental para a sua salvação. “Eu já tinha aceito Cristo em meu coração muito antes daquele episódio, embora admito que me serviu para afirmar minhas crenças e poder superar esse mal momento. Sou muito crente. Entendo perfeitamente que, para aquele que não conhece Deus, essa frase é chocante, mas eu vivi muitas coisas nas quais ele me mostrou que é fiel. Eu sou cristão, mas é uma forma de vida, e sei que Deus teve muito a ver para que eu salvasse naquele dia. Depois daquele capítulo da minha vida, conheci Deus muito mais. Me dei conta de que não é só em ler a Bíblia, mas sim em tê-lo como amigo”, relata.

Sua fé é conhecida na América do Sul há muitos anos. Durante sua temporada no River Plate, Santana liderou junto com Radamel Falcao, atual atacante do Oporto, um grupo que alguns batizaram como “O grupo de Deus” e no qual vários jogadores se reuniam em uma igreja para orar, ler a Bíblia e relatar suas experiências pessoais. O paraguaio reconhece que, cada vez que vai jogar, pede a Deus que o proteja, mas admite saber “que ele não sente predileção por nenhuma camiseta de futebol, por isso eu aplico a oração mais em minha vida pessoal”.

Nove anos depois de ver a morte de perto, Santana continua tendo clareza de que foi a intervenção divina que permitiu que ele hoje estreie em um mundial. “É pelo seu amor que eu vivo e quero viver. E esse amor é para todo mundo, não há exceção. Por isso, é preciso tomar uma decisão na vida e às vezes humilhar-se diante de Deus. Ele sempre vai estar nos esperando com os braços abertos”.

Enyeama, a “mão de Deus”

O goleiro nigeriano Vincent Enyeama não pôde desfrutar plenamente o seu primeiro jogo do Mundial. Apesar de ter sido considerado o melhor jogador durante os 90 minutos, sua equipe perdeu para a poderosa seleção argentina. No entanto, se alguém evitou uma goleada foi Enyeama, que evitou o gol de Messi, Higuaín ou Tévez em várias ocasiões.

“Meu segredo é Deus”, afirmou o goleiro. “Acredito muito em Deus, e ele fez a diferença. Deus é meu segredo. Ele me tranquiliza”, afirmou. Enyeama evitou três chutes com destino certo ao gol de Messi e dois de Higuaín. Fez lançamentos que buscavam cantos distantes e também ganhou uma disputa no “mano a mano”.

O goleiro, que joga no Hapoel israelense desde 2007 e joga na seleção desde 2002, disse que defendeu muitos chutes de Messi porque viu “várias partidas da liga espanhola, mas principalmente pela graça de Deus”.

Franco, seleção do México

Como uma benção de Deus, assim qualificou o atacante da seleção mexicana Guillermo Franco, o fato de poder jogar na abertura da Copa do Mundo da África do Sul de 2010.

“É uma benção de Deus. Nem todo o mundo tem a possibilidade de abrir um Mundial. Somos conscientes dos milhões que presenciaram o jogo. Além dos grandes nomes e das personalidades, para nós é uma benção de Deus o fato de termos sido os escolhidos para poder abrir uma Copa do Mundo”, mencionou o atacante.

Essa é a segunda Copa Mundial da Fifa para o atacante do West Ham United, após sua participação com o Tricolor na Alemanha em 2006. Franco é reconhecido como um cristão comprometido. Durante a celebração do campeonato da seleção mexicana na Copa de Ouro de 2009, Guille Franco mostrava com convicção uma camiseta com a frase “I Love Jesus”, “Eu amo Jesus”.

“The Prize” em todo o mundo

O documentário “The Prize” é uma história de 30 minutos sobre seis jogadores de futebol que esperam disputar a Copa do Mundo com o desejo de ganhá-la. As histórias de Lúcio e Kaká encontram-se entre elas. O documentário narra como esses jogadores descobriram que o verdadeiro prêmio não se encontra em uma bola ou em um jogo, mas sim em uma vida nova que só pode ser obtida na relação com Jesus Cristo.

O documentário já está sendo exibido em vários países, além de ter sido distribuído em clubes, colégios e outras entidades esportivas. Os DVDs do documentário foram traduzidos para 49 idiomas.

Para Mário Novello, físico do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro, a cosmologia virou, com frequência, “uma coisa trivial, simplesmente saber qual porcentagem de matéria dessa categoria ou daquela tem no Universo”.

Tão preocupante quanto isso, diz, é o esnobismo dos cientistas com a filosofia e a metafísica, que os impede de refletir sobre o que fazem. São apenas “técnicos extremamente competentes”.

Novello está lançando o livro “Do Big Bang ao Universo Eterno” (Zahar), que resume sua defesa da ideia de que o Big Bang não foi o começo de tudo. Segundo ele, essa interpretação está conquistando cada vez mais físicos.

A entrevista é de Ricardo Mioto e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 30-05-2010.

Eis a entrevista.

A ideia de um universo eterno está conquistando os físicos?

Ninguém tem dúvidas de que o Universo esteve muito condensado no passado. O problema foi a identificação daquele momento, em que começa a expansão, como o começo de tudo. Sou contra definir o Big Bang como o marco zero. Isso é contra a atitude científica. Mas o cenário está mudando. Entre os cientistas há uma tendência a aceitar que chegou o momento de ir além do Big Bang como o começo.

Mas, quando jovem, o sr. não era partidário do Big Bang como o começo de tudo?

Eu não era. Era uma questão de princípio. A ciência é a tentativa de explicar racionalmente tudo que existe. Eu sabia muito bem que a ideia de singularidade [a concentração de toda a massa do Universo em um único ponto que teria dado origem a tudo que se conhece] significava abdicar de fazer ciência ao longo de toda a história do Universo, significava dizer que a ciência tinha limite. Eu não podia aceitar isso.

Na minha época, havia uma visão global do que era atividade humana. Havia cadeira de filosofia, de sociologia, tínhamos contato com o mundo. Existe uma falta de fundamentos, hoje, do que é fazer ciência. Você pode ser um técnico extremamente competente, mas fora da área técnica pode ser um ignorante completo, sem saber o que está por trás do que você está fazendo na sua área.

Mas aparentemente a maioria dos físicos ainda discorda do sr. sobre o Big Bang…

Se você entrevista cem físicos, 98 dizem que o Big Bang é verdade e dois malucos dizem que não. É razoável que a mídia fique em dúvida. Primeiro você precisa ver quem são essas pessoas. Eu criei a cosmologia no Brasil, tive mais de 50 alunos de doutorado, você precisa ver que não sou um bobo. Mudanças são lentas. E você sabe que os cientistas são extremamente reacionários.

Ser minoria não incomoda?

Quando você faz ciência, você precisa dialogar com a natureza, e não com os seus colegas. Se o seu objetivo é ganhar uma bolsa, ganhar fama, ganhar prêmio, isso não é ciência. Pode ser no mundo em que a gente vive. Estou pouco me importando com a opinião dos outros. Mas isso não significa isolacionismo, porque publico em revistas científicas.

Mas o senhor já tem uma carreira estabelecida. Um doutorando não deveria se preocupar com os pares?

Não deveria. Se ele começa a se preocupar lá, vai se preocupar a vida toda. Hoje em dia a cosmologia virou uma coisa trivial, ridícula, simplesmente saber qual porcentagem de matéria dessa categoria ou daquela tem no Universo. Isso não tem interesse nenhum. Quando começa a entrar nesse estágio, é o momento de mudar.

É possível fazer com que os cientistas se preocupem menos com os pares?

Ainda não conseguimos controlar a vaidade. É um sistema todo de premiação, bolsa disso, prêmio Nobel, tudo valoriza o indivíduo. E dá impressão de que, se você não valoriza o indivíduo, ele não vai fazer nada. E o prazer em fazer as coisas? O Garrincha dava de dez a zero em qualquer um desses caras aí de hoje em dia. E morreu com dez mil réis no bolso.

Você vai dizer que o exemplo que eu estou dando é de um maluco, uma pessoa totalmente pirada, uma mentalidade que nunca saiu dos 12 anos de idade. Tudo bem, é um exemplo extremo. Mas mostra que algo se perdeu.

Mas a vaidade sempre existiu, não?

Sim, claro, sempre existiu. Nem estou dizendo que o sistema, antigamente, era diferente. O que estou querendo dizer é que a razão pela qual Newton fazia aquilo não tinha nada ver com a razão pela qual um bolsista faz as coisas hoje em dia.

No caso do Big Bang, há expectativa de que alguma observação possa dar mais respostas sobre a sua legitimidade como marco zero?

Sim. Já foi lançado o satélite Planck. Ele, nos próximos anos, poderá ajudar a dizer, observacionalmente, se houve uma fase anterior ao colapso. Existe uma possibilidade de que o Universo esteja se acelerando. Ela surgiu de uns dez anos para cá. Isso não bate com as previsões do Big Bang como singularidade, como começo de tudo. Se o Universo estiver se acelerando, então aquilo que sustentou durante mais de 25 ou 30 anos o Big Bang acabou.


Cabo Andrew Koenig mostra bala taleban em seu casco

Em Mariaj, Afeganistão, o jornalista Michael M. Phillips do “The Wall Street Journalolhava pasmo o capacete do cabo Andrew Koenig perfurado por um tiro de um fanático islâmico. Mas, o cabo passava bem. Tim Coderre, detetive que trabalha para os Marines, interrogava-se: “ele está vivo por alguma razão, isto não acontece por azar”.

Perto dele, o cabo Christopher Ahrens contou ter sido alvejado por duas balas no capacete no Afeganistão e três no Iraque. Ele mostrou orifícios de entrada e saída dos projéteis.

Virando-o, mostrou o interior forrado com uma grande imagem de São Miguel Arcanjo esmagando a cabeça de Lúcifer. Com um sorriso, acrescentou: “eu não preciso de sorte”.

Valmir Nascimento

Os desafios do cristão no ambiente universitário

A notícia sobre a pesquisa que identificou que nos Estados Unidos aproximadamente apenas 40% dos jovens continuam na igreja depois da formatura, e que apenas 16% dos calouros da faculdade se sentem bem preparados pelos ministérios de jovens de suas igrejas para continuarem na igreja depois do período escolar, coloca em debate a velha polêmica entre fé cristã e vivência universitária.

Estudo idêntico realizado em 2006 por Steve Hernderson, presidente do Instituto Christian Consulting for Colleges and Ministries, também demonstrou que na época cerca de 58% dos jovens cristãos nos Estados Unidos se afastaram da igreja ao ingressar à universidade. A pesquisa foi também aplicada dentro das universidades brasileiras e o resultado foi o mesmo.

Todavia, nesta nova avaliação, realizada pelo Instituto Juventude Completa, um ponto geralmente desprezado foi agora enfocado. Conforme relata a matéria, “os jovens não estão abandonando a sua fé por causa de um ambiente universitário hostil – como professores universitários e seus colegas que confundem suas crenças”. Para o professor associado de Sociologia na Faculdade de New Jersey, Tim Clydesdale, “o que muitos estudantes universitários estão fazendo, no entanto, é armazenar as suas crenças e práticas religiosas em um cofre de identidade”.

Em outros termos, o problema do desvio (ou esfriamento espiritual) dos adolescentes e jovens cristãos foi deslocado da pressão exercida pela educação anti-teísta (motivo externo), para a ausência de identidade cristã (manifestação pública da sua crença) por parte do próprio jovem (motivo interno).

Universidade: ambiente de desafios

O ambiente universitário sempre foi desafiador ao cristão. Ocorre que a própria vida cristã é por si mesma um enorme desafio. A questão é que a universidade possui a agravante de expor educacionalmente os crentes aos ensinamentos de [alguns] pensadores e filósofos ateus, agnósticos ou céticos que formularam críticas ferrenhas contra Deus e a Igreja, como é o caso de Voltaire, Nietzche, Bertrand Russel, David Hume, Michel Foucault e outros.

Como observou Phillip E. Johnson no prefácio do livro “verdade absoluta, “cedo ou tarde o jovem descobrirá que os professores da faculdade (às vezes, até professores cristãos) agem conforme a suposição implícita de que as crenças religiosas são o tipo de coisa que se espera que a pessoa deixe de lado quando se dá conta de como o mundo de fato funciona; e que, em geral, é louvável ´crescer´ afastando-se gradualmente dessas crenças como parte do processo natural de amadurecimento”.

Além disso, o mundo acadêmico potencializa o risco do abandono da fé em virtude da nova percepção de vida que o jovem geralmente possui no período em que cursa o nível superior, que coincide com uma fase de busca de maior liberdade, independência e tentativa de rompimento com os paradigmas anteriormente vivenciados, principalmente a religião.

Não bastassem tais fatores, é possível mencionar ainda a influência negativa exercida pelas más companhias,resultado da amizade com pessoas destituídas de propósito e perspectiva de vida, os quais estão mais preocupados em “curtir” a vida por meio da sexualidade hedonista, consumo de álcool e drogas, ao invés de se dedicarem aos estudos.

A importância do estudo universitário

Apesar desses indicadores nocivos à vida cristã, [em parte] comprovados pelas pesquisas anteriormente mencionadas, a inserção do cristão nas universidades continua sendo algo vital. Utilizo a expressão “em parte” porque os estudos mencionados não traçam o paralelo para apontar o diferencial entre o abandono da fé cristã daqueles que ingressam no estudo de nível superior em relação àqueles que não ingressam.

Tal paralelo seria importante para quebrar alguns mitos, afinal o percentual de jovens que abandonam a fé cristã independentemente de cursarem uma faculdade também é muito alto.

Frank Turek, que há pouco tempo debateu sobre esse tema nos Estados Unidos, conforme publicação do Christian Post, de igual forma concluiu que o abandono da fé também é gritante entre os que não vão para a faculdade. Turek ressalta que após o término do ensino médio é comum que jovens cristãos pretendam dar uma pausa para o seu relacionamento com a igreja. Ele afirma ainda que isso ocorre tanto em relação aos católicos quanto aos evangélicos, e que isso se deve em grande parte ao “cristianismo fácil e de entretenimento” tão pregado atualmente, o qual não incentiva as pessoas a desenvolverem uma vida cristã focada na verdade, mas sim na emoção.

De qualquer forma, reforço a afirmação de que a inserção do cristão no mundo acadêmico continua sendo algo vital, apesar das pesquisas. Isso porque, exatamente dos bancos das universidades estão saindo os líderes que irão influenciar culturas e ditar o(s) caminho(s) da política e da educação. Nesse sentido, se negligenciarmos o ensino de nível superior por causa do ataque à fé cristã, estaremos também negligenciando a necessidade de influenciar a cultura, a política e a educação por meio do evangelho de Cristo.

Parafraseando James Dobson, é possível dizer que: As crianças (e os jovens) são o prêmio aos vencedores da guerra social. Aqueles que controlam o que é ensinado aos jovens e o que eles vivenciam – o que vêem, ouvem, pensam e acreditam – determinarão os rumos do futuro da nação. Sob esta influência, o sistema de valores predominante de toda uma cultura pode ser redirecionado em uma geração, ou certamente em duas, por aqueles que têm acesso ilimitado aos jovens.

Preparando os jovens cristãos

Cientes desse cenário, ao invés de a igreja desestimular a ida dos cristãos para a universidade, precisa quebrar a velha e ultrapassada dicotomia entre fé e educação superior, preparando os cristãos a testificar sobre o Reino naquele ambiente. E felizmente isso tem sido cada vez mais frequente, com o surgimento de instituições que visam ajudar o cristão a viver a fé dentro do campus, como por exemplo a ABU – Aliança Bíblica Universitária e a Agência Pés-Formosos.

A preparação a que me refiro pode se dar em dois aspectos:

Primeiro, em relação ao ataque contra Deus e o cristianismo, o preparo precisa ser intelectual. Os jovens precisam receber educação cristã de qualidade, especialmente apologética, com vistas a rebater os argumentos que lhes são apresentados. Como bem escreveu Nancy Pearcey, “a apologética básica tornou-se habilidade crucial para a simples sobrevivência. (…) A tragédia é representada inúmeras vezes quando os adolescentes cristãos arrumam as malas, despedem-se dos pais e vão para universidades seculares, apenas para perder a fé antes de se formarem, tornando-se presas das mais recentes novidades intelectuais”

Segundo, no que se refere à identidade do cristão, a preparação é eminentemente espiritual. O testemunho do jovem cristão dentro da universidade decorre da sua comunhão com o Senhor, baseado em uma vida de entrega irrestrita. Nesse caso, a espiritualidade vivenciada apta a produzir frutos não se contenta com o simples nominalismo, antes, deve estar consubstanciada em um compromisso verdadeiro de uma vida de dependência ao Senhor, oração e leitura da Bíblia.

Nesse sentido, fazendo outra paráfrase, agora das palavras de Jesus, baseado em tudo o que já foi dito. Não peçamos para que Deus tire os jovens cristãos do campus (mundo), mas que os livre do mal (Jo. 17.15).

Valmir Nascimento

Dois estudos internacionais indicam que a religiosidade pode proteger da morte por problemas cardíacos e de doenças como hipertensão.

A reportagem é de Fernanda Bassette e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 29-04-2010.

Por 30 anos, médicos norte-americanos acompanharam a saúde cardiovascular de 6.500 adultos que não apresentavam fatores de risco (obesidade, tabagismo etc.). Constataram menor número de mortes por doenças do coração entre os que seguiam alguma religião.

Outro estudo americano, realizado pela Universidade de Duke com 3.963 pessoas, concluiu que a leitura de textos religiosos, a prática de oração ou a participação em cultos reduziu em 40% o risco de a pessoa desenvolver hipertensão. Com base nesses resultados, a Sociedade de Cardiologia de São Paulo vai discutir pela primeira vez a relação entre espiritualidade e saúde cardiovascular, em um congresso.

“Cada vez mais estudos apontam essa associação benéfica. Os resultados ainda não são definitivos, mas merecem ser discutidos”, diz o cardiologista Álvaro Avezum, diretor da divisão de pesquisa do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de São Paulo. Existem algumas teorias para explicar por que as pessoas religiosas têm menos doença cardiovascular. A principal delas, de acordo com Avezum, é o controle do estresse.

“O estresse aumenta os níveis de cortisol no sangue. Isso eleva a pressão arterial e pode provocar taquicardia – fatores de risco para problemas cardiovasculares. As pessoas espiritualizadas têm maior convivência social e enfrentam os problemas da vida de maneira mais fácil, gerenciam melhor o estresse”, diz.

O psicólogo José Roberto Leite, do departamento de Psicobiologia da Unifesp, concorda. “Pessoas que têm uma crença religiosa costumam alimentar expectativas positivas em relação ao futuro.”

Resultados controversos

O geriatra Giancarlo Lucchetti, do Departamento de Neurologia da Unifesp, diz que a dobradinha religiosidade e espiritualidade sempre esteve muito próxima da saúde, embora haja conclusões controversas. “Há estudos que mostram benefícios,outros não. Mas a religiosidade é benéfica não apenas para o coração, mas para a saúde como um todo.”

Lucchetti fez um levantamento com 110 pacientes idosos que estavam em reabilitação na Santa Casa de São Paulo. Aqueles que eram mais religiosos tiveram uma melhora mais rápida no tratamento e relataram ter mais qualidade de vida, segundo o médico. Ele alerta, porém, para o fato de que a religião pode atrapalhar o paciente, dependendo da abordagem: “Muitas pessoas acham que um problema de saúde acontece porque estão sendo punidas, porque Deus as abandonou. Isso provoca desfechos piores no tratamento e maior índice de depressão”.

Religiosidade, sozinha, não faz milagre, como lembra o cardiologista Marcos Knobel, do hospital Albert Einstein: “Quem só se dedica à religião e esquece de outros fatores não estará mais protegida do que alguém que cuida da saúde, mas não é tão religioso”.

O lado político de Bento XVI
Por padre John Flynn, L.C.

Estamos acostumados a considerar os Papas como guias espirituais e teológicos, mas um livro publicado recentemente ressalta a importância e a influência do pensamento social e político de Bento XVI.

Em The Social and Political Thought of Benedict XVI (O Pensamento Social e Político de Bento XVI), Thomas R. Rourke analisa a trajetória do Papa sobre esses temas, tanto antes como depois de sua eleição à cátedra de Pedro. Rourke é professor no departamento de Ciências Políticas da Universidade de Clarion, na Pensilvânia.

Embora seja mais conhecido como teólogo, Bento XVI é um pensador de política muito profundo, e seu pensamento social merece mais atenção do que até agora recebeu, defende Rourke.

Ele começa analisando o fundamento antropológico do pensamento do Papa. Em seu livro “No caminho de Jesus Cristo”, o então cardeal Ratzinger considerava o desenvolvimento do conceito de pessoa.

A contribuição da Bíblia e do pensamento cristão permitiram que o conceito original grego fosse consideravelmente enriquecido, sobretudo no sentido de ver a pessoa como um ser relacional. Isso conduz a uma espiritualidade de comunhão, que Rourke afirma que está na raiz da compreensão da doutrina social de Bento XVI.

Assim, na comunidade de pessoas divinas da Trindade, descobrimos as raízes espirituais da comunidade humana. Por isso, na antropologia do Papa, não somos indivíduos que num segundo momento entramos em relação com outras pessoas. Melhor, a relação está na própria base da natureza da pessoa.

Essa fraternidade entre as pessoas tem fundamento na paternidade de Deus e, por isso, diferencia-se de modo fundamental do ponto de vista secular da fraternidade, tal como foi exposta na Revolução Francesa.

Junto a isso, está a dimensão de criação. Criada à imagem de Deus, a vida humana recebe uma dignidade inviolável, levando o Papa a condenar a interpretação utilitarista de nossa humanidade.

Política

Ainda que essa antropologia possa parecer muito abstrata, é o fundamento necessário para a filosofia política, explica Rourke. Nossa visão do que é uma vida compartilhada pelas pessoas fundamenta-se necessariamente no que entendemos por ser uma pessoa e uma comunidade.

Segundo Rourke, Bento XVI considera a política como um exercício da razão, mas de uma razão informada também pela fé. Como resultado, o cristianismo não define o aprendizado como uma mera aquisição de conhecimento, mas deve ser orientado por valores fundamentais, como a verdade, a beleza e a bondade.

Quando a razão separa-se de uma compreensão clara dos fins da vida humana, estabelecidos pela criação e afirmados nos Dez Mandamentos, então não há ponto de referência para fazer julgamentos morais. Se isso acontece, abre-se então caminho ao consequencialismo, que nega que algo seja bom ou ruim por si próprio.

Uma interessante linha de pensamento nos escritos do cardeal Ratzinger é a separação Igreja-Estado, comenta Rourke. A separação de Jesus, em Marcos 12:17, dos dois, “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, significa que o cristianismo destruiu a ideia de um estado divino.

Antes do cristianismo, a união da Igreja e do Estado era uma prática normal, e até mesmo no Antigo Testamento ambos foram fundidos. De fato, essa foi a causa da perseguição dos cristãos pelo Império Romano, ao se negarem e aceitar a religião do estado.

A separação dos dois por Jesus foi benéfica para o Estado, posto que não teve de viver com a expectativa da perfeição divina, afirmava o cardeal Ratzinger. Essa nova perspectiva cristã abriu a porta para uma política baseada na razão.

Mitologia

Além disso, ele afirmava que quando voltamos para a compreensão pré-cristã da política, terminamos por eliminar as limitações morais, como na Alemanha nazista e nos Estados comunistas.

No mundo atual, o então futuro pontífice advertia que a interpretação mitológica do progresso, da ciência e da liberdade representam um perigo. O elemento em comum que eles contêm é a tendência ao desenvolvimento de uma política irracional que busca o poder acima da verdade.

Como Papa, Ratzinger retomou esse tema, em sua segunda encíclica, sobre a esperança. Ele advertia que o que esperamos como cristãos não deveria se misturar com o que podemos conquistar com a atual política.

Voltando ao que o cardeal Ratzinger escreveu em seu livro Igreja, Ecumenismo e Política, Rourke afirma que a separação Igreja-Estado tornou-se confusa na época moderna, ao se interpretar como uma exclusão da Igreja de toda arena pública do Estado.

Se aceitarmos isso, a democracia se reduz a uma séria de procedimentos, não limitados por valores fundamentais. Ao invés disso, o futuro Papa afirmava da necessidade de um sistema de valores para retornar aos primeiros princípios, como a proibição da remoção de vidas inocentes, ou a base da família, fundada na união permanente de um homem e uma mulher.

Consciência

Entre os muitos outros temas que Rourke examina, está o da consciência. À primeira vista, isso pode parecer que tem pouco a ver com os temas sociais ou políticos. Contudo, ela desempenha um papel crítico.

É no foro íntimo de nossa consciência onde preservamos as normas fundamentais em que se baseia a ordem social. É também um limite do poder do Estado, posto que o Estado não tem autoridade legítima para transgredir essas normas. Por isso, a consciência está na raiz da limitação ao governo.

A destruição da consciência é o requisito prévio para um regime totalitário, explicava o então arcebispo Ratzinger em uma conferência feita em 1972. “Quando prevalece a consciência, há um limite do domínio das ordens humanas e das escolhas humanas, algo sagrado que se deve permanecer inviolável e que, na sua soberania definitiva, evita qualquer controle, seja próprio ou de outro qualquer”, afirmou.

Rourke explica que, ao dizer isso, o futuro Papa não estava por tirar a importância dos limites constitucionais e institucionais ao poder. Este ponto é, de certo modo, mais fundamental. Isso significa que nenhuma instituição ou estrutura pode preservar as pessoas da injustiça, quando os que têm autoridade abusam de seu poder. Nessa situação é o poder da consciência, levantado pelo povo, que pode proteger a sociedade.

Esta, por sua vez, conecta-se à fé, que é o “mestre” definitivo da consciência. A fé converte-se em uma força política no mesmo sentido que fez Jesus, ao se converter em testemunho da verdade da consciência. “O poder da consciência é encontrado no sofrimento; é o poder da Cruz”, explicava Rourke em seu resumo do que foi dito na conferência de 1972.

“O cristianismo começa não com um revolucionário, mas com um mártir”, dizia o arcebispo Ratzinger.

Continuidade

O estudo de Rourke inclui um apêndice que examina a última encíclica sobre temas sociais de Bento XVI, “Caridade na Verdade”. Embora o livro estava quase terminando quando a encíclica foi publicada, Rourke discutiu sobre o que o Papa escrevia, que estava em consonância com os temas de seus escritos anteriores.

A introdução mostra isso claramente, observava Rourke, por seu nexo da verdade com o amor, e a ideia que há uma verdade objetiva, contrária à tendência do relativismo.

Rourke comentava que a encíclica conclui com a afirmação constante do Papa de que o que é verdadeiramente humano é derivado de Cristo e que Cristo nos leva a descobrir a plenitude de nossa humanidade. Esse humanismo cristão é o que Bento XVI diz ser nossa maior contribuição para o desenvolvimento. Uma inspiradora meta pela qual se esforçar.

Esboço de uma aula dada em uma universidade.Embora não aprofunde aqui,acho que vale a pena mais esses dados na formação de nossa opinião sobre o tema.

***

Para muitos a fé cristã tem a ver somente com as coisas do outro mundo, e nada com o mundo presente, sua sociedade, desenvolvimento da ciência, tecnologia, economia estabilidade social e inovação política.

Contudo, numerosos fatos apontam para uma realidade contrária: a fé cristã está por detrás do surgimento e desenvolvimento da ciência, da economia, da política e do progresso histórico.

A razão é que a fé cristã percebe o mundo como sendo o mundo de Deus. “Não há um metro quadrado deste mundo do qual Cristo não possa dizer: é meu”.

Por Exemplo…

1. O Desenvolvimento Científico

a. De que maneira o pensamento científico moderno surgiu?
b. Damos crédito às civilizações antigas que fizeram grandes contribuições para a ciência – mas nenhuma delas pode lançar uma base espiritual que permitisse uma revolução científica.
c. Conforme Henry Frankfurter, em sua obra Before Philosophy, a relação do homem com a natureza era de adoração e veneração, e não de análise e de entendimento.
d. A fé cristã liberou o homem do temor da natureza: “No princípio criou Deus os céus e a terra”
e. O sol, a lua, as estrelas, as montanhas, os rios, o mar e os animais não eram deuses e nem tinha poderes místicos que neles habitavam. A natureza foi desacralizada, e conforme diz Max Weber, foi desvestida de seu poder.
f. Assim, o homem pode iniciar realmente o conhecimento e o domínio da natureza.

2. O Desenvolvimento Econômico

a. A influência da fé cristã reformada sobre o desenvolvimento econômico tem sido mais e mais debatida desde a obra seminal de Max Weber, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo em 1905.
b. Ele achava que o egoísmo e o impulso humano de adquirir as coisas para si jamais poderiam produzir um sistema econômico moderno.
c. Ele achou a chave na ética protestante, mais especialmente na doutrina calvinista da predestinação.
(1) A vocação é um chamado de Deus.
(2) O homem vive para a glória de Deus, inclusive em seu trabalho.
(3) Ele é apenas um mordomo ou gerente dos bens e talentos que Deus lhe confiou.
d. Este conceito de mordomia é o princípio espiritual por detrás do crescimento econômico de indivíduos e nações.
e. Historicamente, as nações que adotaram este princípio chegaram a prosperar economicamente.

3. O Desenvolvimento Político

a. No mundo antigo, apenas a Grécia conseguiu desenvolver um sistema que chegasse perto da democracia. No geral, o sistema era de monarquia em que os reis exerciam o direito divino.
b. Na obra Secular City, Harvey Cox menciona que a sociedade hebraica comandada por Moisés, quando do êxodo, foi o protótipo real da democaria.
(1) Era baseada no pacto ou aliança entre Deus e os homens.
(2) Que por sua vez era baseada na convicção que Deus fez o homem à sua imagem e semelhança e que o mesmo tinha direitos inalienáveis à vida, liberdade e à busca da felicidade.
c. Este conceito de aliança pavimentou o caminho para as teorias do contrato social, como nas obras de Rousseau, Hobbes e Locke, e se tornaram a espinha dorsal das políticas modernas de democracia.

4. Progresso Histórico

a. Na visão cristã a história tem início meio e fim. Não é um ciclo de eventos, como um círculo.
b. esta visão permite o conceito de progresso histórico (impossível num círculo).
c. Até os conceitos hegelianos e marxista de história têm sido derivados deste conceito cristão.

Conclusão

Qual é nosso desafio:
1. Não nos fecharmos para a possibilidade do transcendente – nenhuma área do conhecimento exclui necessariamente a fé como pressuposto e ponto de partida.
2. Conhecermos mais o Cristianismo e sua contribuição para a academia e o mundo.

Augustus Nicodemus Gomes Lopes

Durante o congresso UNIV 2010 de Roma

O Papa Bento XVI convidou os universitários hoje a refletirem sobre a formação de uma “mentalidade católica universal”, ao saudar, em italiano, um nutrido grupo de estudantes e professores, durante a audiência geral na Praça de São Pedro.

Os universitários – um grupo de aproximadamente 4 mil pessoas procedentes de diversos países – participam nestes dias do 43º Congresso Internacional, realizado anualmente em Roma pela prelazia pessoal do Opus Dei.

O título do congresso UNIV deste ano é: “O cristianismo pode inspirar uma cultura global?”.

O Papa especificou que esta mentalidade católica universal é a que Josemaria Escrivá descrevia como “amplitude de horizontes e aprofundamento vigoroso do que está permanentemente vivo na ortodoxia católica”.

Após cumprimentá-los particularmente em espanhol, inglês e português, o Pontífice se dirigiu a eles em italiano para exortá-los a que “cresça em cada um o desejo de encontrar Jesus Cristo pessoalmente, para dar testemunho d’Ele com alegria em cada ambiente”.

Após a audiência, uma delegação dos universitários entregou ao Papa uma carta de agradecimento e solidariedade, assinada pelo presidente do Fórum UNIV 2010, o austríaco Robert Weber.

Na carta, ele agradece ao Papa por ter convocado o Ano Sacerdotal e mostra seu apoio diante dos últimos escândalos referentes a membros do clero.

“Vemos que muitos aproveitam a ocasião de fatos dolorosos para a Igreja e para o Papa para semear dúvidas e suspeitas. A estes semeadores de desconfiança queremos dizer com clareza que não aceitamos sua ideologia. Nós os respeitamos, mas exigimos deles o respeito pela nossa fé e pelo direito que temos de viver como cristãos em uma sociedade pluralista.”

A carta acrescenta: “Cada um de nós, também quem não tem o dom da fé, conhece diretamente inúmeros sacerdotes, capelães universitários, párocos, diretores espirituais e confessores. Nós os conhecemos pessoalmente, não por meio dos jornais, e estamos agradecidos por sua presença disponível, eficaz, sacrificada, aberta a todos”.

O texto termina agradecendo ao Papa pelo seu convite a seguir Cristo “com uma doação total, sem nos deixarmos intimidar pelo palavreado das opiniões dominantes”.

Os encontros UNIV nasceram em 1968, sob a inspiração e incentivo de São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei. Desde então, todos os anos, seus participantes foram recebidos pelos papas, começando por Paulo VI. O texto das suas alocuções está disponível em www.univforum.org.

Os participantes, estudantes procedentes de 30 universidades italianas e de outras 200 espalhadas pelo mundo, trabalham durante uma semana sobre o tema proposto e participam de diversas atividades culturais em Roma.

Zenit

Deveria haver uma petição de perdão coletiva dos homens às mulheres

Com a cruz, Cristo inverteu a lógica da violência, derrotando-a. No entanto, esta continua predominando nas relações humanas, dos poderosos contra os fracos e, infelizmente, entre o homem e a mulher.Assim afirmou o pregador da Casa Pontifícia, Raniero Cantalamessa, durante  pregação dirigida hoje à Cúria Romana, na presença do Papa.

Cantalamessa insistiu na gravidade da violência contra a mulher e afirmou que “esta é uma ocasião apropriada para levar as pessoas e instituições que lutam contra essa violência à compreensão de que Cristo é seu melhor aliado”.

Em Cristo, “já não é o homem que oferece sacrifícios a Deus, mas é Deus quem se ‘sacrifica’ pelo homem”, explicou. “O sacrifício não mais se destina a ‘aplacar’ a divindade, mas a aplacar o homem, fazendo-o renunciar a sua hostilidade nas relações com Deus e com o próximo.”

“O sacrifício de Cristo contém uma mensagem formidável para o mundo de hoje. Grita para o mundo que a violência é um resíduo arcaico, uma regressão a estágios primitivos e superados da história humana e, em se tratando de crentes, um retardamento censurável e escandaloso frente à tomada de consciência do salto qualitativo operado por Cristo.”

O pregador afirmou que, em quase todos os mitos antigos, a vítima é o vencido e o verdugo é o vencedor. “Jesus alterou o sentido da vitória. Inaugurou um novo gênero de vitória, que não consiste em fazer vítimas, mas sim em fazer-se vítima.”

“O valor moderno da defesa das vítimas, dos fracos e da vida ameaçada tem origem no campo do cristianismo, sendo um fruto tardio da revolução operada por Cristo.”

Por isso, quando se abandona a visão cristã, “perde-se esta conquista e volta-se a exaltar o forte, o poderoso”.

“Lamentavelmente, porém, a mesma cultura moderna que condena a violência a favorece e exalta, paralelamente. Rasgamos as vestes diante de alguns acontecimentos sanguinários, mas não nos damos conta de que se prepara o terreno para que estes ocorram justamente com aquilo que é anunciado nas páginas dos jornais ou nos programas de televisão.”

Junto à violência juvenil e contra as crianças, Cantalamessa indicou a violência contra a mulher, “que se torna ainda mais grave quando cometida no abrigo e na intimidade do lar, frequentemente justificada com base em preconceitos pseudo-religiosos e culturais”.

“A violência contra a mulher torna-se ainda mais odiosa ao refugiar-se justamente no ambiente onde deveria reinar o respeito recíproco e o amor: na relação marido e mulher.”

O pregador propôs, a exemplo de João Paulo II, uma petição de “perdão por erros coletivos”, o “perdão que uma metade da humanidade deveria pedir à outra metade, os homens às mulheres”.

“Esse pedido não deve permanecer genérico ou abstrato. Deve levar a gestos concretos de conversão, a palavras de desculpas e de reconciliação no seio da família e da sociedade”, afirmou.

“Também na relação com a mulher que erra, que contraste há entre o agir de Cristo e aquele que ainda verificamos em certos ambientes!”, acrescentou, citando a passagem evangélica da mulher adúltera. “O adultério é um pecado que se comete sempre a dois, mas para o qual apenas um tem sido sempre (em algumas partes do mundo, ainda hoje) punido.”

“Há famílias nas quais o homem se julga autorizado a levantar a voz e as mãos para a dona de casa. Esposa e filhos vivem sob a constante ameaça da ‘ira do papai’.”

“A estes homens talvez valesse dizer: Caros colegas homens, criando-vos varões, Deus não vos concedeu o direito de bater os punhos contra a mesa por qualquer motivo. A palavra dirigida a Eva após sua culpa – ‘Ele (homem) te dominará – era uma amarga previsão, não uma autorização.”

Jesus Cristo é, sem dúvida, o personagem mais glorioso da História humana e nisto concordam todos os cristãos

Todavia, há quem diga que Jesus não é mais do que uma referência necessária à humanidade, dado que apela a sentimentos nobres, à moral e mesmo à fraternidade entre os povos. E há quem pense que a Sua existência se limita à Bíblia e à tradição religiosa, estando ausente da literatura não cristã.

Mas se quisermos ser imparciais e analisar com cuidado e perseverança os manuscritos antigos, de pressa chegaremos à conclusão de que as referências à pessoa de Jesus são abundantes e rigorosamente honestas, mesmo quando O contestam, ou por isso mesmo.

1- Jesus e a Pax Romana.

Jesus Cristo veio ao mundo durante o período conhecido como “Pax Romana”, um histórico período de paz, em que o mundo inteiro era controlado por um único e inexorável poder: Roma.

Polibo, na sua História, que abrange este período, faz o seguinte comentário: “Os romanos, em menos de cinquenta e três anos, conseguiram submeter a quase totalidade do mundo à sua autoridade, coisa nunca antes igualada.” Quando Jesus nasceu, a nação de Israel era dominada e governada pelo Império romano.

O evangelho segundo S. Lucas dá pormenores acerca dessa época, explicitando as razões políticas que levaram os Seus pais a Belém:

“Aconteceu, naqueles dias, que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse … E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. E subiu também José da Galileia, da cidade de Nazaré, na Judeia, à cidade de David, chamada Belém (porque era da casa e família de David), a fim de alistar-se com Maria, sua mulher, que estava grávida” (S. Lucas 2:1-4).

Para os romanos, Israel era apenas uma “província do império”, isto é, uma nação colonizada, e os cristãos não passavam de mais uma seita, como tantas outras que, naquela época, existiam em Israel, tal como os fariseus, os publicanos, os herodianos e os hesseniamos.

O único ponto de realce é que a situação geográfica de Israel o tornava de algum modo um país estratégico. Por isso, os historiadores romanos de então não dedicam muita atenção a Jesus e aos Seus seguidores, tanto mais que o Seu discurso não era político e nas Suas palavras não havia qualquer incitação à sublevação.

Uma outra razão que pode explicar esse silêncio é que o período de vida pública de Jesus se limitou a pouco mais de três anos.

É também sabido que grande parte da literatura contemporânea relativa ao Império Romano desapareceu, devido a incêndios ou a comportamentos vandalistas, ou ainda pela erosão do tempo. Por essa razão é extraordinário o facto de ainda encontrarmos documentos que são autênticos tesouros e que fazem referencia específica a Jesus de Nazaré.

2- Jesus nos escritos romanos não cristãos.

Plnínio, governador da Bitínia, numa carta dirigida ao imperador Trajano, dizia que “os cristãos adoram a Cristo como Deus e vivem uma moral estrita” Epitolas, X, 96. não é este um testemunho extraordinário da fé e vivência cristã desses primeiros crentes?

Tácito, cônsul no ano 97 d.C., diz que Cristo foi crucificado à ordem de Pôncio Pilatos e faz ainda referência à expansão do Cristianismo, bem como à perseguição que lhes era movida com o intuito de os destruir e para desmotivar outros a juntarem-se-lhes. Annales, XV, 44.

Suetónio, na sua célebre biografia do imperador Cláudio , faz também uma breve referência a Cristo e aos cristãos. Vita Caude, C. 23.

Celso, que viveu no século II, sob o reinado de Marco Aurélio, escreveu muito sobre o cristianismo e sobre a pessoa de Cristo. Os seus escritos são de grande valor pelo facto do seu objectivo ser denegrir e refutar o cristianismo, para o que diz possuir documentos que mais ninguém tem (Origne, c. II, 13). É um historiador que assume claramente a sua posição de inimigo, mas, por isso mesmo, ao fazer referência ao cristianismo e a Cristo, apresenta uma prova irrefutável da existência histórica de Jesus.

Flégon, nos seus escritos, menciona um eclipse do sol durante a morte de Jesus (Oriegene, Contra Celsum, II, 13, 33, 59). Ora, nós sabemos que as Escrituras dizem explicitamente que no momento em que Jesus morreu, “o sol se escureceu” (S. Lucas 23:45). É importante saber que todas estas fontes, com referências directas e abundantes a Jesus, são dignas de crédito.

3- Jesus nos escritos judaicos, não cristãos.

Se, durante o ministério de Jesus, os judeus O trataram dura e severamente, depois da Sua ressurreição e ascensão não deixaram de multiplicar lendas a Seu respeito, com o objectivo de O ridicularizar como Messias, isto é, como Ungido de Deus.

Uma boa parte dessas histórias encontram-se no Talmude, livro dos ensinamentos rabínicos posteriores a Jesus. Do século IV d. C., em diante, as lendas, orais e escritas, tem manifestamente o objectivo de criar uma imagem negativa do Salvador. Muitas delas encontram-se compiladas num livro intitulado: Vida de Jesus (Samuel Krauss, Das Leben Jesu Judischen Quelle, Berlim, 1902, 22.)

Flávio Josefo, patriota judeu e autor das famosas obras tais como; Antiguidades Judaicas e Guerra dos Judeus, escritas entre os anos 93 e 94 da nossa era, diz o seguinte: “Nesse tempo viveu Jesus, homem sábio, se é que se lhe pode chamar homem. Porque ele foi autor de coisas impressionantes, mestre daqueles que recebe a verdade com alegria. Ele conduziu muitos judeus e outros vindos do helenismo. Ele era o Cristo. E quando Pilatos ordenou a sua crucifixão, por denúncia dos principais do nosso povo, aqueles que o amavam não o abandonaram. De facto, ao terceiro dia, ele apareceu-lhes como lhes tinha prometido. Até hoje ainda subsiste o grupo chamado pelo seu nome, os cristãos.” (Flabio Josepho , Antiquitates XVIII, 3.3,3d. B. Niese IV. Berolini, Weidmann 1890, 151 ss).

Devemos precisar que esta obra também não foi escrita em favor do cristianismo, mas como celebração da glória do povo de Israel. Todas as seitas judaicas, bem como todos os movimentos de libertação e feitos históricos que ocorreram entre os reina do imperador Augusto e a destruição de Jerusalém, no ano 70 d. C., estão aí mencionados. Mas, para os cristãos, a maneira como Jesus é referido nesta obra tem grande importância histórica.

Na verdade, só a incredulidade pode constatar a existência de Jesus, porque, de fato, a Sua vida, morte e ressurreição, embora historicamente provados, são, aos olhos humanos, “inacreditáveis”. Esta foi a atitude de um dos próprios discípulos de Jesus, de nome Tomé. Ele teve dificuldade em acreditar que Jesus ressuscitara e estava vivo, vivo para sempre, e declarou aos seus companheiros: “Se eu não vir o sinal dos cravos nas Suas mãos, e não meter o dedo no lugar dos cravos, e não meter a minha mão no Seu lado, de maneira nenhuma o crerei.” Então, oito dias depois, o Divino Ressuscitado apareceu outra vez aos Seus discípulos e disse a Tomé: “ Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu e Deus meu” (João 20:27,28).

Também eu, em certo período da minha vida, disse: “Não acredito que Jesus tenha existido e seja real.” Mas um dia Ele iluminou esta parte da minha alma que estava obscurecida e isso permitiu-me alcançar dimensões de paz e equilíbrio interior que antes não tinha.

Jesus ainda tem todo o poder que manifestou quando apareceu aos discípulos e em particular a Tomé. Ele continua a ir ao encontro de muitas pessoas incrédulas, mas que no fundo da alma sentem um vazio e são sinceras. Esta – confesso – foi a minha experiência e creio que pode ser a sua também.

José Carlos Costa

Duas grandes festas cristãs ganharam uma dimensão profana, mesmo sem perder o seu fundo religioso, ocupando um lugar de destaque na hierarquia dos eventos que a humanidade celebra, muitas vezes sem reflectir sobre a sua genealogia.

Tratam-se do Natal e da Páscoa, solenidades que se revestem de suma importância e de um significado invejável para os homens que professam a religião cristã. Porém, é de reconhecer que os mesmos eventos, com as suas raízes cristãs, têm sido celebrados também nos países que aderiram às ideologias que não são compatíveis com a religião.

É o caso dos marxistas, que não reconhecem o valor daquilo que transcende o homem, nem a figura de Jesus Cristo, mas concedem feriados nas datas que estas festas são celebradas.

Este é um dos sinais indiscutíveis da força que o cristianismo tem na sociedade, “competindo” com todo o tipo de regimes políticos. Ali onde os Estados se declaram laicos, os cidadãos vivem as festas cristãs num ambiente religioso, faltando apenas uma reflexão séria sobre as razões destas comemorações.

No Natal, por exemplo, a humanidade celebra o nascimento de Jesus Cristo,  cuja identidade e vida são retratadas na sagrada escritura, particularmente nos quatro evangelhos escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João. Embora sem aquele “rigor positivo” exigido pelas ciências históricas – porque os evangelhos não são “compêndios” de História – , a verdade é que a sagrada escritura surge como o livro por excelência onde se podem encontrar “dados certos” sobre a vida de Jesus Cristo, desde que as regras da hermenêutica sejam bem aplicadas.

Se o nascimento do fundador do Cristianismo não tem colocado muitas dúvidas, é a sua ressurreição que tem suscitado mais discussões acaloradas, cuja “sentença” pode ser justificada não só na base da fé, mas também na da razão natural, que ilumina os dados de algumas ciências.

No campo da História, por exemplo, a arqueologia tem sido muito útil para confirmar a existência de Jesus, mormente a sua passagem por vários lugares que se tornaram históricos. Os “turistas” que visitam (ou já visitaram) a “Terra Santa” estão bem dentro do assunto.

Todavia, a grande pergunta permanece no ar: a Ressurreição de Jesus foi um facto histórico ou uma mera ficção dos cristãos? Se os cristãos, hoje, já não colocam qualquer dúvida a respeito desta questão que constitui o núcleo, a raiz, o centro da sua fé e da sua vida, o mesmo não acontece com outros que aderem a várias correntes que refutam, categoricamente, a Ressurreição de Jesus como facto histórico, remetendo-a na linha dos “mitos”.

Os defensores desta posição desvalorizam os famosos relatos sobre o “túmulo vazio” dos evangelistas. Por exemplo, Mateus relata: “Terminado o sábado, ao romper do primeiro dia da semana, Maria de Magdala e a outra Maria foram visitar o sepulcro […] Mas o anjo tomou a palavra e disse-lhes: ‘Não tenhais medo. Sei que buscais Jesus, o crucificado; não está aqui, pois ressuscitou, como tinha dito. Vinde, vede o lugar onde jazia e ide depressa dizer aos seus discípulos: Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia’” (Mt 28, 1-7). Mas muitos consideram este relato como uma mera ficção, que não reporta a realidade.

Mesmo na base da sagrada escritura, os que negam a ressurreição de Jesus, entre vários argumentos, recorrem, unilateral e subjectivamente, a estas passagens do evangelho de João: “No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda escuro, e viu retirada a pedra que o tapava. Correndo, foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, o que Jesus amava, e disse-lhes: ‘O Senhor foi levado do túmulo e não sabemos onde o puseram’” (Jo 20, 1-2).

A má interpretação destes trechos levam os defensores desta corrente a defender que o corpo de Jesus foi roubado e os discípulos espalharam boatos, dizendo que o seu mestre tinha ressuscitado.

Na verdade, estas considerações permanecem longe de ser aceites, pois, dados há que confirmam a “positividade” deste facto que, todavia, não pode ser visto numa perspectiva meramente positivista, porque a ressurreição de Jesus é antes de mais um acontecimento de fé. Pode suscitar, nos primeiros momentos, algumas ou muitas dúvidas, mas elas devem ser superadas com argumentos convincentes, partindo da revelação e de outros subsídios que a arqueologia, por exemplo, vai colocando à disposição de todos.

Neste sentido, a dúvida não deixa de ser algo positivo, pois os próprios discípulos de Jesus tiveram, no início, algumas dificuldades para compreenderem e acreditarem neste facto, antes de prosseguirem com a “aventura” de testemunhar que Jesus tinha ressuscitado verdadeiramente.

O episódio protagonizado pelo apóstolo Tomé é exemplo claro das reticências que “abalaram” muitos, antes de amadurecer a sua fé e avançar, seguros, no anúncio deste grande acontecimento histórico. João, no seu Evangelho, fazendo referência à figura de Tomé, remata: “Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito […] Depois, Jesus disse a Tomé: ‘Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel’. Tomé respondeu-lhe: ‘Meu Senhor e meu Deus’” (Jo 20, 25-28).

São, pois, estes elementos que servem, embora em diagonal, para reafirmar a ressurreição de Jesus como um facto histórico, que aconteceu há quase dois mil anos. Este acontecimento exige uma fé humilde e generosa para ser aceite, mesmo nos nossos dias, sabendo que se trata de uma matéria que tem a ver não só com a cultura religiosa, mas também com a cultura geral.

Fonte: Jornal de Angola

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Na tarde do último sábado, 27, cerca de 20 mil jovens católicos se reuniram em frente à Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro para darem testemunho da sua fé pelas ruas do centro da cidade, em procissão rumo ao Largo da Carioca. O evento, que marcou o início da Semana Santa e o começo dos trabalhos do Setor Juventude da arquidiocese, celebrou o 25º Dia Mundial da Juventude (DMJ) e anunciou o desejo da Cidade de sediar a Jornada Mundial (JMJ) de 2014.

Roupas coloridas, pinturas no rosto, faixas nas cabeças e muita, muita alegria. Foi assim que os jovens das várias caravanas, vindas de todas as comunidades da arquidiocese, chegaram à Catedral de São Sebastião. Entoando cânticos animados, portando bandeiras de suas comunidades e movimentos, rapazes e moças de todas as idades, mostraram o entusiasmo que a fé em Cristo pode proporcionar aos que a abraçam.

No local da concentração, área externa da Catedral, o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, abençoou os ramos para o início da procissão e, em seguida, chamou nominalmente a cada um dos representantes que compõem o Setor Juventude, para receberem o ramo bento, a cruz e o ícone de Nossa Senhora, Estrela da Evangelização.

Em seguida, teve início a procissão pelas ruas do Centro do Rio. De forma bastante envolvente, um trio elétrico conduziu a grande multidão até o Largo da Carioca. Aos que estavam pelos locais por onde a procissão passou pareceu impossível não se sentir tocado pelo testemunho de fé da juventude.

No Largo da Carioca, dom Orani presidiu a missa, que foi concelebrada pelos bispos auxiliares do Rio, dom Antonio Augusto e dom Wilson Tadeu e por vários sacerdotes da arquidiocese. Durante a homilia, o arcebispo lembrou a dificuldade que os jovens encontram para dar testemunho de Jesus em meio a um mundo que tem outros valores. E destacou a entrega de Cristo como exemplo de que não se deve ter medo de testemunhar com a própria vida, mesmo em meio a perseguições, para levar a termo a missão de ser construtor de um mundo novo.

“Professar a fé, testemunhar Jesus Cristo, no mundo de hoje, supõe que nós tenhamos força e coragem nas provações. Nós confiamos em vocês, jovens, e nos colocamos juntos, nessa caminhada”, disse o arcebispo.

Site da CNBB