O Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, Cardeal Stanyslaw Rylko, na clausura do décimo foro internacional de jovens realizada recentemente em Roma, ressaltou que o “cristianismo não é a mortificação de nosso desejo de felicidade e sim um fascinante projeto de vida”
Em sua intervenção final, o Cardeal comentou que “o risco maior hoje é a solidão. Mas a comunidade cristã nos sustenta. Sozinhos somos fracos, juntos é mais fácil ter o apoio de outros”. “Esforcem-se –animou os jovens participantes– em suas comunidades, façam ‘redes’ porque isto será sua força”.
“Pelos meios de comunicação se difunde uma imagem distorcida do cristianismo, apresentado como um amontoado de proibições. O cristianismo não é a mortificação de nosso desejo de felicidade e sim um fascinante projeto de vida”.
O Cardeal relançou a imagem de uma Igreja viva, juvenil e universal, que procura na oração, a Palavra de Deus e a Eucaristia as respostas às perguntas mais urgentes. “O verdadeiro trabalho começa agora que voltam para casa. Este encontro mudou cada um de vocês: corresponde-lhes cultivar esta semente e compartilhá-la com outros”, exortou.
ACI
23 mar 2010
Um milionário britânico anunciou a doação de quase toda sua fortuna, estimada em 480 milhões de libras (cerca de R$ 1,3 bilhão), para pagar uma promessa feita quando era jovem e pobre.
Albert Gubay, de 82 anos, diz ter feito um “acordo com Deus” quando trabalhava como vendedor de rua na juventude, para torná-lo milionário.
Em troca, segundo declarações feitas há alguns anos a um programa de TV, ele prometeu dividir “meio a meio” sua fortuna, acumulada com a venda da cadeia de supermercados Kwik Saver, fundada por ele, e por investimentos em imóveis e em uma rede de academias de ginástica.
“Faça-me um milionário, e você poderá ter metade de meu dinheiro”, prometeu ele, segundo contou no programa.
Agora, porém, ele decidiu doar quase tudo, ficando com pouco menos de 10 milhões de libras (R$ 27 milhões) para si.
Doações
Gubay passou sua fortuna para o nome de uma fundação que ficará encarregada de distribuir suas doações para caridade. Metade do dinheiro irá para a Igreja Católica, para cumprir com seu acordo.
Mesmo após a doação de sua fortuna, o milionário deverá continuar à frente de suas empresas e disse esperar conseguir elevar o montante de suas doações para mais de 1 bilhão de libras até morrer.
Em 2009, Gubay havia sido listado pela revista Forbes como a 647ª pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna estimada então em US$ 1,1 bilhão, mas ficou fora da lista de bilionários da revista neste ano, por causa da desvalorização da libra, que derrubou o valor nominal de sua fortuna em dólares.
BBC
13 mar 2010
Gerson Abarca, Psicólogo.
Sempre recebo muitos pacientes que dizem ter me procurado por que sou Católico ou Cristão. Isto me deixa estremamente preocupado, pois a questão do profissional de saude na qual devemos buscar, não deve estar associado à sua escolha religiosa. O que vale na busca por um profissional, é a sua competência e exercício ético da profissão.
Nestes dias, recebi uma paciente que estava me procurando porque viu-me na TV Canção Nova, no Programa Trocando Idéias.
Ela acreditava que eu fosse dar-lhe orientações espirituais. Perguntei para ela se ao procurar o seu Ginecologista, ela perguntou se ele era Católico ou Cristão. “Lógico que não perguntei!”, disse ela com firmeza. -Mas por que você necessita que o psicólogo seja Católico? perguntei. “- porque o Psicólogo não sendo ele pode direcionar as minhas condutas conforme o que ele acredita “, respondeu-me.
Esta paciente estava sendo sujeita a um tratamento de controle de hormônio artificial, na forma de anticoncepcional, sem ao menos ter realizado uma curva hormonal para saber de suas reais necessidades. Ela disse-me que também era para evitar filho.
Veja o paradoxo da incoerência. O Psicólogo precisa ser Católico se não vai direcionar comportamentos que julga fora de suas escolhas religiosas, mas o Ginecologista faz tudo o que a Igreja não indica e a paciente se quer percebe.
Conheço poucos Médicos Católicos que procedem na clínica conforme as orientação da Igreja Católica, e é bem verdade que os católicos que seguem as orientação da Igreja nas áreas da sexualidade, sociedade e política, são bem poucos. É o fenômeno que o Papa Bento XVI observou na sua última vinda ao Brasil e que deu o nome de “Catolicismo brando”.
A necessidade de se procurar Psicólogo Católico ou Cristão está mais associado a idéia de que a Psicologia é uma profissão mais de escuta e orientação, e que interfere em valores morais. Tanto é verdade, que no Brasil são muitos os que se intitulam Psicanalistas ou Psicoterapeutas sem terem graduação em Psicologia ou serem registrado no CRP. Já com a Medicina, esta é uma realidade superada.
Lembram que na época do Presidente Collor havia um Ministro do Trabalho, o Magri, que iria acabar com o diploma de Psicologia e Jornalismo porque ele achava que são profissões em que muitos já nascem com o dom e poderiam exercer sem estudar ?
Outro fator que influencia nesta demanda da busca por Psicólogos Cristãos, é que no exercício dos Sacerdotes, há a escuta de orientação e aconselhamento, daí na religião muitos acreditarem que com a Psicologia deveria ser o mesmo.
Eu já fiz análise com Psicólogos ateus, que não praticam religião alguma, e posso textemunhar que foi ótimo, pois trabalharam uma técnica e uma teoria. Foram profissionais e eram bons. Respeitaram minhas escolhas porque exercíam a ética profissional.
Com certeza conheço muitos Psicólogos que se intitulam Católicos ou Cristãos, que eu não teria coragem de indicar para ninguém, pois sei que confundirão e manipularão para suas escolhas.
Olha aí o número de clínicas no Brasil exercendo a Psicologia com elementos da religião, desde Católicos até espiritistas. Esta é uma prática condenável pelo sistema Conselho Federal de Psicologia. Pois Psicologia é Ciência e Profissão. Não se deve acreditar em um tratamento Psicológico, pois devemos acreditar em Deus. Na Psicologia devemos constatar que o procedimento é eficaz. Acreditar é diferente de constatar.
A questão é : O profissional precisa saber o que faz, ter domínio sobre as questões éticas de sua profissão que são regidas pelo código de ética no seu Conselho. E ponto.
Há 20 anos atuo como Psicólogop Clínico e sempre tive uma Clínica bem sucedida em quantidade e qualidade de resultados. Confirmo que 90% dos pacientes que me procuram por que sou Católico ou Cristão, estão em busca de um milagre ( da qual não posso fazer), e não ficam em tratamento, pois desejam pressa nos resultados.
***
Pessoalmente creio que um cristão que exerça a psicologia tenha melhores condições de ajudar um paciente cristão, não só pelo respeito ético da escolha religiosa do paciente, respeito esse que independe da condição religiosa, como também pela sua própria vivência de fé.
Infelizmente muitos não respeitam essa escolha e sutilmente tentam esvaziar a fé do paciente ou o “desmontam” sem conseguir ajudar a pessoa a se” reformatar ” novamente.
Também não creio que o simples fato do profissional ser cristão seja a garantia de um bom serviço.
O fundamental é que exista respeito,ética e a percepção da dimensão religiosa de cada pessoa.
Aliás,essa dimensão por si só é um grande apoio na vida dos cristãos necessitados de apoio psicologico.
Um bom psicólogo saberá colocar essa informação a favor do paciente e ajudá-lo a superar sua dificuldade, afinal, seu papel é esse.
11 mar 2010
Segundo pesquisa feita pela Comissão Episcopal de Ensinamento e Catequese da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), mais de 70% dos alunos de colégios e instituições de toda a Espanha optam por cursar aulas de religião e moral católica em suas escolas.
Nas escolas públicas, esse número é de 64% e nas escolas particulares, de 71%.
A análise estatística, que se refere ao período de 2009 e 2010, entrevistou mais de 4,5 milhões de alunos e aponta aumento de 99,5% na escolha do Catolicismo com relação ao biênio anterior.
De acordo com a CEE, os dados apurados são especialmente significativos diante das dificuldades enfrentadas pela Igreja para se ensinar religião católica nas instituições de ensino da Espanha.Isto porque, conforme a Conferência, a Lei Orgânica de Educação (LOE) do governo espanhol vem introduzindo travas para que os estudantes escolham em igualdade de condições pelo ensinamento da religião católica nos distintos setores de educação do país. Entre estes obstáculos, a CEE destaca a configuração da disciplina religiosa como se fosse uma matéria optativa.
Em fevereito de 2007 os bispos já haviam portestado, por meio da Declaração da Comissão Permanente (“A Lei Orgânica de Educação (LOE), os decretos reais que a fomentam e os direitos fundamentais de pais e escolas”), os bispos ressaltaram que a nova legislação “não regula o ensino da religião de modo que fiquem a salvo os direitos de todos”.
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O Governo Socialista tenta, mas Deus é MAIS!
26 fev 2010
Que época barulhenta a nossa!
Jovens gritam mais do que antes. Os próprios adultos, comportando-se de modo irracional e “macaquesco”, parecem não ter consciência de sua maturidade biológica, e agem como adolescentes. As diversões quase todas são barulhentas. E se antes ouvíamos som alto em casa ou no carro fechado – confesso, gosto de rock, blues, jazz e música campeira em volumes mais expressivos –, agora somos obrigados a ouvir pelas ruas, nos carros com porta-malas abertos e vidros baixos – e não o bom rock, o bom blues, o bom jazz e a boa música campeira, mas os terríveis axés, pagodes, forrós, tchês e pseudo-funks.
Os escritórios e gabinetes de trabalho são barulhentos. As pessoas ainda têm a mania de andar sempre com aparelhos de mp3 nos ouvidos, sempre desatentas ao mundo. Fora a mal-educada cultura de serviços de telemarketing em sempre interromper o justo sossego com ofertas imperdíveis. Aliás, já que tocamos em oferta, quem não se estressa com as propagandas de certas lojas na TV, em que até a fala é “gritada”, e parece que os anunciantes estão se “esganiçando”, como dizemos no sul?
Tal fato não é produto do acaso. Vivemos em uma sociedade que tem por base ideológica o esquecimento do pensamento e o desprezo da própria consciência. “É proibido proibir”, diziam em 1968, e isso forjou toda uma geração. Desejando tolher aquela que mais proibiria – a consciência –, as pessoas passaram a refugiar-se no barulho. O grito é o modo mais eficaz de inibir a auto-reflexão, de impedir que a voz da consciência nos diga o que fazer o que não fazer. Gritando, submetendo-me ao barulho diuturno, vivendo em um ritmo frenético entre trabalho e lazer agitado e, quando estou em casa, com a novela ou o filme ou o jornal sempre ligados, calo a consciência. Impeço-a de me proibir, de me pautar, de me fornecer os dados necessários de uma moral objetiva para meu comportamento. Se a consciência e a moralidade tentam falar comigo, enclausuro-me no barulho para que não ouça sua voz. A suavidade da voz da consciência é nublada pela ensurdecedora algazarra moderna. Como C.S. Lewis, autor das Crônicas de Nárnia, fazia soar pela boca do diabo-tio ao diabo-sobrinho, em forma de “conselho”: quando alguém está perto de pensar em Deus, distrai-o com qualquer coisa… E o barulho faz isso!
É muito sintomático. Nossa sociedade, ao abandonar seus valores mais profundos de cristianismo e moral, está doente. E o remédio, que é o silêncio, é escondido justamente para que de nossos males não nos curemos. Um triste “dilema Tostines”: estamos eticamente doentes porque gritamos e não queremos a quietude, ou gritamos e não queremos a quietude porque estamos eticamente doentes?
O que me deixa assustado é perceber que mesmo aqueles locais em que se poderia encontrar uma esperança parecem aderir aos costumes do tempo. Quantas e quantas igrejas são abertas, em cada esquina, que, a pretexto de louvar a Deus, despejam toneladas de decibéis em nossos ouvidos, como se Cristo fosse surdo para ouvir os clamores dos que se lhe pretendem fiéis!
(..) Ensina D. Antônio Vitalino, Bispo português, que
“a atitude de escuta e o silêncio (…) fazem parte da oração autêntica” e que “vivemos num tempo de barulho, de palavreado, de demagogia, de processos infindáveis, em que os sofismas das palavras procuram escamotear e ocultar os fatos, criando realidades virtuais contra as vítimas reais”.
Sirva esta Quaresma para buscar o silêncio.
Fonte: Veritatis Splendor
13 fev 2010
Um grupo de 48 cristãos, nativos da província de Salavan, ao sul do Laos, estão detidos “até que renunciem à sua fé”, informou nesta sexta-feira a agência católica Ucanews.
O governador do distrito de Ta-Oyl ordenou sua detenção após um incidente ocorrido em 10 de janeiro, em que um grupo de cerca de cem oficiais armados irromperam durante uma celebração religiosa dominical, no vilarejo de Katin.O evento foi denunciado pelo Human Rights Watch for Lao Religious Freedom (HRWLRF) e pelo International Christian Concern (ICC).
Os oficiais, apontando armas para as cabeças de alguns dos fiéis, exigiram a interrupção do evento, expulsaram os participantes e detiveram 48 pessoas, forçando-os a se deslocarem para um campo improvisado nas proximidades, no qual ainda permanecem detidos.
O governo confiscou seus pertences e destruiu seis de suas casas. Estão impedidos de regressar ao vilarejo, dormindo ao relento e com pouca comida, segundo a ICC.
A organização destacou que os fiéis cristãos se negaram a obedecer às ordens de renunciar à sua fé.
Segundo a HRWLRF, a polícia local organizou barreiras para impedir que os cristãos expulsos pudessem regressar a Katin.
O líder local do povoado declarou, no ano passado, que o “culto aos espíritos” seria a única forma tolerada de culto na comunidade, segundo informou a HRWLFR.
Em 11 de julho de 2009, determinou o confisco do gado dos aldeões cristãos e convocou uma reunião como todos os moradores, na qual declarou que estava “proibida a fé cristã no povoado”.
O Laos, com quase 7 milhões de habitantes, tem população majoritariamente budista (65%). Os cristãos representam 1,5% da população, com cerca de 40.000 católicos. As autoridades comunistas acusam os cristãos de aderirem a “credos importados”, que representariam uma ameaça ao sistema político do país.
A Constituição do Laos, em seus artigos 6 e 30, garante claramente o direito de culto aos cristãos e demais minorias religiosas. A ação representa um retrocesso ao período de perseguições anti-cristãs dos anos 90.
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O comunismo não morreu, como se percebe cada vez mais.
Trata-se de um sistema politico ateu e que tem como inimigo a religião cristã,identificada em seus primórdios históricos como “ópio do povo” e incapaz por sua mensagem de perdão e amor colaborar com os “ideais revolucionários” a não ser que mudasse, como se tentou posteriormente na América latina.
Hoje a face deste sistema em países democráticos tem se “suavizado” para conseguir através de um outro tipo de revolução seus objetivos.
Essa suavização é estratégia e não negação de sua “utopia”.
Muito dos atuais desafios da Igreja em nossa cultura tem sua origem ideológica no marxismo que sempre defendeu a retirada da fé e de seus valores da vida do povo, que o digam os países da cortina de ferro que sairam do jugo dessa “desgraça” ( no sentido lato da palavra.. Sem a graça)
Sem perceberem – ou percebendo- muitos cristãos embarcam nessa barca furada sem permitirem que a história recente fale do fracasso que tentam esquecer.
Inocentes úteis? Alguns…Outros não!
07 fev 2010
Muçulmanos no Paquistão: pena de morte para quem difamar o Islã
Pesquisa mostra quais são os países em que as minorias religiosas sofrem mais intervenção do Estado e da sociedade
Aproximadamente 70% da população mundial vive em países onde a religião é altamente restringida pela ação do governo e da sociedade.
O Brasil, porém, é considerado um dos mais liberais do mundo para o exercício da fé. Índia e China mantêm controles rígidos sobre cultos religiosos e a Europa iluminista avança sobre o credo islâmico.
Estas são algumas conclusões retiradas do estudo “Global Restrictions on Religion” (Restrições Globais à Religião), realizado pelo think tank americano Pew Forum on Religion & Public Life Divulgada no mês passado, a pesquisa realizada em 198 países traça um amplo panorama das limitações impostas à prática religiosa.
Países europeus fecham cerco ao Islamismo
Na média, os países europeus alcançam índices moderados de Restrições Governamentais (RG) e Hostilidades Sociais (HS). Alguns microestados, como Moldávia (4,6 em RG e 3,5 em HS) e Bielo-Rússia (6,1 em RG e 1,9 em HS), têm índices um pouco acima da média no continente.
A Europa, porém, entrou recentemente no radar da intolerância religiosa, após a França (3,4 em RG e 3,0 em HS) e a Suíça (1,0 em RG e 1,9 em HS) proporem legislação impedindo a exibição de símbolos muçulmanos.
Na França, um projeto de lei prevê a proibição do uso de niqab (vestimenta que cobre todo o corpo) por mulheres muçulmanas no país. Em novembro do ano passado, a Suíça proibiu a construção de novos minaretes – torres de templos muçulmanos usados para convocar às orações.
Para Silas Guerriero, da USP, a escalada contra o islamismo na Europa ultrapassa a guerra ao extremismo, e pode ser entendida como uma reação ao crescimento da religião fundada por Maomé. “O ataque de 11 de setembro é apenas um ponto dentro de um processo pelo qual passam muitos países europeus. O Islamismo cresce mais rapidamente, enquanto que o catolicismo decresce”, diz.
Em 32% dos países pesquisados ocorrem interferências no livre exercício da fé em grau “muito alto”. Dentre estes, estão algumas das nações mais populosas do mundo, como a China, a Índia e a Indonésia, o que contribui para elevar a soma final da população em territórios onde a fé é supervisionada. O resultado numérico, no entanto, não significa que 70% do mundo sofra perseguições por causa da religião. Geralmente, os casos estão relacionados às minorias religiosas presentes nesses países.
Pontos comuns
A maior dificuldade em traçar um paralelo religioso entre as nações é equilibrar as características de cada cultura e o rigor metodológico de uma pesquisa ampla. Para Silas Guerriero, coordenador da Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade de São Paulo (USP), “os diversos países possuem as mais diferentes relações entre o Estado e a religião. Há desde aqueles em que a liberdade de expressão religiosa é garantida pelo Estado até aqueles países que estão próximos de uma teocracia, em que a religião única se confunde com o próprio Estado. A religião faz parte da esfera social. Seria impossível separar essas esferas de maneira definitiva”.
A análise do Pew Forum, realizada entre 2006 e 2008, desdobrou-se em duas vertentes: Restrições Governamentais (RG), que abrangem as ações do Estado para controlar manifestações religiosas; e Hostilidades Sociais (HS), que comportam os atos de violência ou intimidação praticado por indivíduos ou grupos sociais.
Em cada uma dessas vertentes, os pesquisadores formularam quesitos para a formação dos respectivos índices. Um dos pontos que formam o índice de Restrições Governamentais, por exemplo, é a obrigatoriedade de algum tipo de educação religiosa em escolas públicas. No índice de Hostilidades Sociais, um dos fatores relevantes é se existem, no país pesquisado, conflitos armados motivados por diferenças religiosas.
Fonte: Gazeta do Povo
01 fev 2010
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Do livro: RATZINGER, Joseph. Dios y el mundo. Una conversasación con Peter Seewald. Buenos Aires. Editorial Sudamericana, 2005.
Peter Seewald: A Igreja e seus santos ressaltam que também se pode compreender, comprovar e demonstrar a fé cristã por meio da razão. Está certo?
Joseph Ratzinger: Sim, mas dentro de certos limites. É verdade que a fé não é uma arquitetura de imagens gratuitas que alguém possa inventar a seu talante. A fé se arremete à inteligência porque expõe a verdade – e porque a razão foi criada para a verdade -. Nesse sentido, uma fé irracional não é uma fé cristã. A fé desafia nossa compreensão. E nessa conversação também pretendemos averiguar que tudo isso – começando pela ideia da criação até a esperança cristã – é uma formulação inteligente que nos apresenta algo razoável. Nesse sentido, pode-se demonstrar que a fé também está conforme à razão.
28 jan 2010
Everth Quiroz Oliveira
” Concordo que o mal e o sofrimento propõem um sério desafio intelectual e moral para os cristãos. (É interessante que, no Hinduísmo e no Budismo, não existe esse problema. Os hindus acreditam que seu sofrimento nesta vida é a conseqüência dos seus atos em uma vida passada. O Budismo acredita que o sofrimento é o produto do desejo egocêntrico e pode ser superado por meio de uma dissolução do “eu” que nutre esses desejos.)
Quando coisas terríveis acontecem, parece que elas são mais facilmente explicadas pela ausência de Deus do que por sua presença.
Mas o que poucos perceberam é que o mal e o sofrimento também propõem um terrível desafio para os ateus. A razão é que o sofrimento não é simplesmente um problema intelectual e moral; é também um problema emocional.
O sofrimento não destrói mentes; ele destrói corações. Quando adoeço, não quero uma teoria para explicar o fato, quero algo que me deixará melhor. O ateísmo talvez tenha uma explicação melhor para o mal e o sofrimento, mas não oferece consolo. Entretanto, o teísmo (…) oferece uma forma melhor para se lidar com as conseqüências do mal e do sofrimento.”( Dinesh D`Sousa)
O mistério do sofrimento é, de certo modo, atraente para a exploração dos ateus, quando sobrevêm ao crente alguma dificuldade ou algum mal. Se Deus é verdadeiramente onipotente e bondoso, por que permite que seus filhos sofram? O ideal seria começar a olhar para o sentido do sofrimento.
À luz do pensamento cristão, somos convidados a olhar para o mal como uma fonte da qual podemos, com a graça de Deus, extrair bens valiosos. Mas, essa mesma proposta – de olhar para o sentido do sofrimento – parece impossível de ser respondida pelos ateus militantes a menos que queiram deixar a visão de mundo darwinista de lado.
De acordo com essa, por exemplo, a dor pela morte de alguém ou o sofrimento por causa de uma tragédia seriam vãos, uma vez que a morte de pessoas é simplesmente a tragédia da extinção de alguns animais, e qualquer tentativa de confortar ou consolar o abatido seria descartada. Enfim, o ateísmo critica o Deus cristão, mas se vê obrigado, à medida que constata que o mal, de fato, “destrói corações”, a aceitar que conforto espiritual e consolação são, nesse momento de dificuldade, necessários.
Mas, alegarão os ateus, é bem melhor mostrar ao homem a verdade do que crer em fábulas e contos de fadas. O fato é que essa tentativa de comparar o Deus cristão com contos e fábulas é bem idiota: nunca ouvi nenhuma história em que era necessária uma fada para a criação do Universo ou onde as explicações filosóficas para se crer na existência do unicórnio fossem fortes o bastante para que qualquer pessoa sensata nisso acreditasse. Além disso, quem pode provar que a realidade não é verdadeiramente essa proposta pelo cristianismo? A ciência é laica. Não tem religião. Isso significa que ela também não professa o ateísmo. Fé e razão não são extremos opostos inconciliáveis, como propõem certos darwinistas. Fé e razão são bens vindos do mesmo Deus e, portanto, perfeitamente conciliáveis.
Atenhamo-nos, entretanto, ao problema do mal. É, sem nenhuma dúvida, complexo. A novidade do cristianismo é que, ao dar uma finalidade ao sofrimento humano, mostra um Deus que se compadece da situação do homem: Ele vem sofrer conosco. O símbolo dessa realidade é a Cruz. Lá está Cristo, no alto do Calvário. O homem se vê impossibilitado de alcançar a própria salvação. Ele, por si mesmo, não tem méritos. É, como diz a Escritura, pó. E, diante da situação espiritual em que se vê, não há nenhuma esperança de vida.
Se o homem não pode caminhar até Deus, então Deus caminha até o homem. O Filho do Homem se faz carne. Diante do problema do mal, a Escritura não o mostra debatendo com os doutores da Lei ou tentando mostrar ao homem que, de fato, o sofrimento é uma porta que abrimos para a plena realização da vontade de Deus em nossa vida. Ele aceita ser crucificado. É humilhado, ao máximo. Sofre, ao extremo. Sofre para nos remir e também para nos motivar na cruz das nossas dificuldades. Que sentido há em tudo isso? Um Deus que se faz homem? Um Deus que sofre por causa dos pecados do homem? Eis a misteriosa e magnânima Misericórdia de Deus, que o povo de Israel canta solenemente: “Louvai o Senhor, porque ele é bom. Porque eterna é a sua misericórdia.” (Sl 106, 1).
Cantamos a Misericórdia eterna de Deus ao mesmo tempo em que vivenciamos as finitas realidades da dor, do sofrimento e da morte. “Onde está, ó morte, a tua vitória?” (1 Cor 15, 55). A vitória de Cristo se dá na ressurreição. Assim, se com Ele sofremos, também com Ele triunfaremos. Se com Ele morremos, também com Ele teremos ressurreição. Demos graças, por fim, ao Senhor, “vós, que na hora da angústia me reconfortastes” (Sl 4, 2). Peçamos à Virgem Santíssima que nos dê a graça de contemplar a Misericórdia e a bondade do Altíssimo. Não sejamos indiferentes à Redenção.
26 jan 2010
Dr. Frei Antônio Moser
São inúmeros os estudos, antigos e recentes, sobre a importância dos símbolos na vida e na cultura dos povos. De alguma forma eles são uma linguagem cifrada das aspirações e dos ideais humanos. Por isso mesmo existem desde tempos imemoráveis e continuarão existindo. São tão importantes para a vida e a cultura dos povos que hoje a semiótica ( semeion=sinal) – ciência que estuda os significados da linguagem e dos símbolos é muitíssimo conceituada.
Existem símbolos com significados profundos dentro de um determinado contexto histórico e cultural. Quando abraçados com ardor, manifestam e alimentam o respeito e o despertar de energias inesperadas.
É o caso da bandeira ou do hino nacional de um país. Por isso mesmo até as crianças, quando participam de uma cerimônia cívica, ao hastear da bandeira e ao canto do hino nacional levam inconscientemente a mão ao peito. Ter sobre seu caixão a bandeira é uma das maiores honras que podem ser concedidas a quem deu a vida pela pátria.
Outros símbolos apontam para um nível ainda mais profundo, tentando traduzir convicções e valores que se apresentam como indissociáveis para a sobrevivência de uma instituição ou cultura; expressam a identidade profunda.Assim, para todos os povos, túmulos e cemitérios foram e são lugares onde se “respira um clima” de sacralidade e se mergulha nos mistérios da vida após a morte. Violar um túmulo é algo inadmissível em qualquer civilização.
Particularmente profundos são os símbolos religiosos, por mais simples que possam parecer. E esses símbolos apresentam variáveis, mas sempre ultrapassam o nível do que se visualiza e apontam para uma dimensão transcendente.
No caso daquelas inúmeras nações e das incontáveis regiões que foram evangelizadas pelo cristianismo, um dos símbolos mais expressivos é o do Cristo crucificado. Por isso, mesmo onde a modernidade e o materialismo se impuseram com furor, ninguém ousa tocá-lo. É o que se percebe, por exemplo, em muitos dos países da Europa Central. Passam os regimes, passam as ideologias e as cruzes lá continuam, atravessando o tempo.
Porém, o exemplo mais surpreendente de respeito aos símbolos religiosos verificou-se na antiga União Soviética. A começar pelo coração do materialismo ateu, o Kremlin. Todo rodeado por imponentes muralhas, sobre as quais tremulavam bandeiras, naturalmente vermelhas, e revestidas da foice e do martelo, mesmo no auge do fervor marxista, ninguém ousou tocar nas três lindas igrejas situadas no coração do Kremlin: a do Arcanjo Miguel, a da Dormição e a da Anunciação.
Também no mesmo local ainda se conservam torres e salões batizados com nomes de santos: Torre São Salvador, Torre de São Nicolau, de São Constantino e Torre Santa Helena. E para não esquecer, preservou-se ainda um salão dedicado a São Vladimir. Aliás, não dá para esquecer a imponente Catedral de São Basílio, no Centro da Praça Vermelha.
Existem ainda muitas outras igrejas, que com seu estilo bizantino dão um toque todo especial a Moscou e a toda a Rússia. E aqui aparece a maior surpresa: mesmo se empenhando durante 70 anos para arrancar do coração do povo as convicções religiosas, consideradas como alienantes; mesmo prometendo um “paraíso terrestre” no lugar do “paraíso celeste”, os fervorosos marxistas acabaram se esquecendo de um detalhe: derrubar as igrejas e monumentos religiosos, deixando-os intactos, inclusive com as cruzes que continuam imponentes no alto de todas as inúmeras torres.
Ao lerem essas considerações, com certeza alguns irão se perguntar pela sua razão de ser. Existem ao menos duas.
Primeira: aqui e ali há quem comece a exigir a retirada de símbolos religiosos de locais públicos. O símbolo mais visado é naturalmente o do Cristo crucificado. É que Jesus, cometeu um erro imperdoável: em vez de prometer um paraíso terrestre, prometeu apenas um paraíso celeste.
Segunda resposta: se formos levar a sério certas propostas, devidamente avalizadas por altas autoridades, teremos que proceder como os americanos em Bagdá, derrubando tudo o que se contrapõe aos seus interesses. E sempre existem figuras que incomodam alguém.
Nesse contexto brasileiro de debates oriundos de decretos nos quais se entrevê uma espécie de pretensão de corrigir Moisés e Jesus Cristo, talvez seja conveniente lembrar um relato do que teria ocorrido com o Imperador Constantino. Quando, preparava-se para enfrentar o cruel e tirânico Maxêncio, na Ponte Mílvia, em Roma, em 312, em sonho ele teria sido encorajado por uma voz que parecia sair de uma grande cruz dizendo-lhe: “Com esse sinal vencerás”. Constantino não só venceu, como concedeu liberdade religiosa, e, com isso, pôs fim à perseguição dos cristãos.
Convém não esquecer que os símbolos se constituem numa manifestação das aspirações mais profundas de um povo.
Tentar remover símbolos religiosos, sobretudo no contexto do Brasil, é tentar arrancar sua alma e sua brasilidade.
Pois por mais que isto possa desagradar a uns poucos setores da sociedade, convém recordar que o Brasil nasceu aos pés da cruz, quando da primeira Missa celebrada por Frei Henrique de Coimbra.
A remoção de símbolos religiosos se constituiria afronta não só religiosa, mas também cultural ao nosso povo. O Brasil, que no início foi batizado com o expressivo nome de “Terra da Santa Cruz”, não se entenderia a si mesmo sem seus símbolos religiosos e as manifestações de fé de sua gente. Por isso mesmo, qualquer tentativa de atacar as convicções mais profundas do povo são sempre temerárias. Não faltam exemplos de pessoas arrogantes que se atribuíram direitos que não lhes cabiam e, por vezes mais cedo do que esperavam, acabaram encontrando uma “Ponte Milvia” em seu caminho. É só questão de tempo.
18 jan 2010
Um estudo realizado por peritos da Universidade de Glasgow comprovou que contrair matrimônio e ter filhos aumenta a felicidade e a satisfação de viver.
Os resultados do Dr. Luis Ángeles foram publicados no Journal of Happiness Studies.
Segundo o perito, quando os entrevistados foram questionados sobre as coisas mais importantes em suas vidas, a maioria pôs a seus filhos ao início da lista.
Para as pessoas casadas de todas as idades e as mulheres casadas em particular, as crianças são sua maior satisfação e esta sensação aumenta segundo o número de crianças no lar.
Em troca, as pessoas solteiras ou separadas de seus casais que devem criar sozinhos os seus filhos reportam experiências negativas. Os meninos são vistos nestes casos como uma limitação para a vida social, a quantidade e o uso do tempo livre.
“Existe a tentação de acreditar que as crianças podem fazer-nos melhores pessoas só nas ‘condições adequadas’, um tempo na vida em que as pessoas sintam que estão preparados para a paternidade, ou ao menos deseja está-lo. Este momento pode chegar em etapas muito distintas para as pessoas, mas um sinal adequado deste enfoque pode ser o ato do matrimônio”.
ACI
Hélio Schwartsman ,articulista da Folha de São Paulo,não perdeu a oportunidade de pregar seu ateísmo utilizando como pano de fundo a tragédia no Haiti. Ele sugere que, pelo fato de o terremoto ter ceifado vidas inocentes, incluindo a de crentes, Deus está ausente.
No texto “Deus e a terra”, ele afirma que “é justamente para combater a ideia de que o acaso (e com ele a ausência de propósito) está no comando que, suspeito, criamos a noção de Deus”.
O fato é que tragédias existem desde que o pecado entrou no mundo. Na verdade, o pecado é a verdadeira tragédia – o resto é consequência.
É verdade que inocentes morreram no Haiti, assim como morrem inocentes todos os dias, desde que nossos primeiros pais saíram pelos portões do Éden. É verdade que a boa doutora Zilda Arns morreu numa igreja, mas significa isso que Deus abandonou Sua filha em pleno serviço em prol dos desvalidos?
O apóstolo Paulo foi um dos gigantes da fé. Operou milagres e levou a mensagem de esperança a lugares distantes, sofrendo perseguição, espancamento e prisão em nome de Jesus. Depois de anos de trabalho e dedicação, Deus o enviou para Roma, a fim de que pregasse o evangelho na capital do Império. E foi lá que Paulo morreu decapitado. Deus não poderia tê-lo poupado da morte? Por que o enviou justamente para a cidade em que sua vida seria ceifada? O fato é que Deus não vê a morte como o ser humano a vê – ou melhor, como o ser humano sem Deus a vê.
Por isso Jó pôde declarar: “Embora Ele me mate, ainda assim esperarei nEle” (Jó 13:15, NVI). É esse o tipo de confiança que têm aqueles que convivem com o Criador e sabem que Ele existe, não porque os livra de todos os males terrestres, mas porque Se revela claramente para eles, fala com eles; é tão real quanto o amor que se sente, mas não pode ser visto nem tocado.
Segundo meu amigo de Portugal Felipe Reis, “se, segundo esse tipo de raciocínio [do Schwartsman], as tragédias demonstram que não existe Deus, o fato de milhares de pessoas desinteressadas se disponibilizarem para ajudar ao seu próximo com amor não deveria demonstrar que Ele existe?” E outro amigo, o Marco Antonio Dourado, de Curitiba, enviou um e-mail para o Schwartsman. Você pode lê-lo aqui:
“Bom dia, caro Hélio. Como de hábito, li sua coluna na Pensata de ontem, ‘Deus e a terra’, e me ocorreram algumas considerações que gostaria de compartilhar contigo.
“No tristemente célebre debate entre Rousseau e Voltaire acerca da existência de Deus, decorrente do problema religioso resultado do grande terremoto de Lisboa em 1755, devo adiantar que não lhe reconheço a validade. Rousseau, o castelão suiço cujo amor à humanidade e temor a Deus era demonstrado na contumácia com que abandonava em orfanatos os bastardos que trazia ao mundo, representa tão bem o teísmo quanto Hugo Chavez representa a democracia. Já Voltaire, coitado, conseguiu traduzir à perfeição o Iluminismo, do qual foi prócer: morreu suplicando por luz; eis aí o retrato mais bem acabado do chamado ‘Século das Luzes’.
“Essa dupla de fósseis insepultos costuma ser trazida à baila, geralmente por ateus, em épocas de grande comoção mundial em face de catástrofes naturais. É do jogo. Conforta-me que nessa hora os cristãos, pelo menos os cristãos de verdade, abandonam tais diatribes e partem em auxílio aos desgraçados (o que, aliás, muitos ateus, com a graça de Deus, também fazem). É por essas que neste momento nem me vem à mente o bestialógico otimista ‘Carta a respeito da Providência’,* de Jean-Jacques. Penso apenas em pessoas como Zilda Arns. O Amor, matéria-prima de Deus, não é uma emoção ou mesmo um sentimento; é um modo de ser. Dona Zilda, em sua vida e em sua morte, é prova inconteste dessa proposição. Sua estatura espiritual e moral recolhe os arrazoados oportunistas e estéreis à sua verdadeira dimensão: a irrelevância.
“Mas será que a discussão em si pertine? Certo que sim, mas não agora. Melhor em outra ocasião. Hoje, diante do horror em Haiti, devemos mais é externar por meio de atos aquilo de que, de fato, somos feitos. Alhures, de volta à normalidade possível, poderemos reencetar a questão filosófica. Nesse caso, devo adiantar que se nos for dado voz, que ao menos possamos escalar o nosso time – coisa que os ateus, tão prestimosos, tão desapegados, adoram fazer por nós. Como Rousseau não merece sequer ser gandula da partida, eu poderia evocar Heinrich Heine e seu comovente ato de fé renegando o virulento ateísmo que até então promovera. Melhor, no entanto, é apelar a Antony Flew, um dos mais cultuados e atuantes filósofos ateus do século 20. Compreendo que seu livro Um Ateu Garante: Deus Existe tenha feito com que os ateus militantes deixassem de lhe reconhecer a existência física, intelectual e moral. Isso não nos surpreende a nós, cristãos: ‘Mas a sabedoria é justificada por TODOS os seus filhos’ (Lucas 7:35).
“Não sei quem os ateus elegeriam para contestá-lo. Richard Dawkins, aquele gigolô da dissonância cognitiva alheia? Não, meus irmãos ateus! Por tudo o que é sagrado, não! Não me façam sentir por vocês a vergonha que são incapazes de sentir por si mesmos.
“Por falar em dissonância cognitiva, uma excelente recomendação de leitura: A Prova Evidente, de Gershon Robinson e Mordechai Steinman. Leitura rápida, simples e deliciosa, que analisa esse fenômeno. Resumindo:
“Dissonância cognitiva é um artifício psíquico subliminar destinado a proteger o indivíduo de informações que lhe tragam desconforto mental. Ela costuma ocorrer com qualquer um de nós, e pode nos levar a ignorar teses e teorias complicadas, que nos façam sentir ‘burrinhos’. Procura também evitar a ruína daqueles nossos imensos e arraigados investimentos intelectuais, ruína que depauperaria nosso vasto patrimônio de certezas acalentadas. Os mecanismos da dissonância cognitiva podem guindar a informação indesejada à áreas da memória pouco acessadas, uma espécie de aterro sanitário da nossa mente. Podem também provocar uma reação física visivelmente manifesta: impaciência, irritação, cinismo, fleuma afetada, antipatia pela fonte da informação e até, em casos extremos, levar à distimia crônica.
“Penso que antes de qualquer debate, especialmente os de natureza ‘Deus existe?’, cada pessoa, ateia ou teísta, deveria dar uma boa lida na obra desses dois autores judeus e submeter-se a um exame de consciência. Seria como um purgante mental para nos livrar de preconceitos até então inegociáveis. Só assim o diálogo prosperaria em direção à luz que faltou a François-Marie Arouet em sua última hora.”
(*) Sobre o tal otimismo aventado por Rousseau, nunca, jamais deixarei de citar o escritor católico George Bernanos, que formulou um aforismo feito sob medida para, entre muitos, o autor de O Contrato Social: “O otimismo é uma falsa esperança para uso dos frouxos e imbecis. A verdadeira esperança é uma qualidade, uma determinação heróica da alma. E a mais elevada forma de esperança é o desespero superado.”
Michelson Borges
Eu estava no saguão do aeroporto quando um rapaz se aproximou. Suas palavras foram poucas. “Só os limitados intelectualmente acreditam em Deus!” Disse e saiu.
Eu fiquei engasgado com sua afronta. Num primeiro momento o meu desejo era dizer-lhe uns desaforos, mas não tive tempo.
Sua frase me perseguiu ao longo de todo o dia, mas aos poucos ela foi perdendo o seu poder de agressão.
A frase do rapaz me fez lembrar a regra de ouro da Hermenêutica, a ciência da interpretação. “Todo texto pede um contexto.” Eu não tive tempo para compreender o contexto da frase. Não sei qual foi a experiência religiosa que fomentou aquela compreensão. É bem provável que o rapaz tenha sido vítima de um discurso religioso opressor, pouco sensato. Esse discurso sempre fez parte das culturas humanas. Ensina uma crença que passa longe do bom senso. Interpreta o livro santo ao pé da letra, fundamenta em textos descontextualizados, e justifica com parcas teologias as absurdas caricaturas divinas que foram elevadas aos altares.
O insulto do rapaz me fez pensar na forma como creio em Deus.
Fez-me recordar meu tempo de magistério, quando em sala de aula eu vivia o desafio de propor que a religião só é possível quando os joelhos no chão sustentam uma cabeça que não tem medo de pensar. A fé em Deus não é afronta à inteligência. Não é preciso abrir mão da capacidade intelectiva para admitir a transcendência. E sobre isso gostaria de ter falado ao jovem moço.
Crer em Deus é mais trabalhoso do que não crer. Como tão bem sugeria o escritor mineiro, Guimarães Rosa, a fé é o discurso da terceira margem. Requer abstrações muito elaboradas. É através delas que interpretamos o mundo. Deus não nos aliena, mas nos contextualiza. É simples. Eu acredito na proteção divina, mas olho para os dois lados da rua antes de atravessá-la. É uma questão de bom senso. Não posso crer que Deus venha fazer por mim aquilo que só a mim compete. Não sei quem foi que disse, mas há uma frase bastante sugestiva que gosto muito “Nós só temos o direito de esperar pelo impossível depois de termos feito tudo o que nos foi possível.”
É verdade. Crer em Deus dessa forma é razoável. Não é nenhuma afronta à inteligência humana admitir essa crença. A maturidade espiritual nos sugere que a ação humana legitima no tempo a ação de Deus. Só assim podemos compreender o cuidado divino. O bem que Deus quer para o mundo passa o tempo todo pelas escolhas que fazemos. Se eu me descuido das questões do meu tempo é bem provável que Deus perca a oportunidade de agir no espaço onde estou situado. O ser humano é local teológico privilegiado da ação divina.
É por isso que a fé encarnada, vivida e experimentada sem alienações só pode fazer bem à sociedade. O mundo seria bem melhor se os religiosos do nosso tempo pregassem um pouco mais essa parceria: humano-divina. Deus nos concedendo os dons necessários, e nós realizando a tarefa nossa de cada dia. Talvez assim a gente conseguisse diminuir as tragédias no mundo.