Por Valmir Nascimento

Assisti ao filme Cisne Negro. Confesso que o longa não me encantou, apesar da atuação extraordinária de Natalie Portman (que inclusive levou o Oscar de melhor atriz de 2011). Mas, algumas reflexões me vieram à mente após o fim.

A trama gira em torno de Nina Sayers (Natalie Portman), uma bailarina que se vê diante da chance de interpretar o papel principal em uma montagem de “O Lago dos Cisnes”, de Piotr Ilitch Tchaikovsky. Nina é perfeita tecnicamente, o que a qualifica para interpretar o cisne branco, porém, não apresenta a espontaneidade necessária para vivenciar o cisne negro, que exige uma postura de sedução e desprendimento.

Diante desse desafio de superação, insegura e sem amigos, a bailarina ingressa numa espiral psicótica de busca pela perfeição e na tentativa de mostrar para seu coreógrafo que é capaz de expor seu lado mais selvagem, culminando então numa indefinição entre o sonho e a realidade e uma duplicidade de comportamento. Desse modo, seu lado negro passa a se sobrepor sem que ela possa controlá-lo.

A reflexão que faço sobre o filme é exatamente sobre a duplicidade de personalidade de Nina: o cisne branco e o negro que se enfrentam. De um lado, a perfeição, o controle e a pureza e do outro a sedução e a sensualidade.

Paulo falou de certa luta no âmago do nosso ser. Ele dizia:

“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está.Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim”. (Rm 7.18-20).

Essa é a batalha interior do cristão; entre o homem natural e o espiritual; entre o cisne branco e o cisne negro.

Naturalmente, essa luta por si só não poderia levar o cristão a uma dupla personalidade psicótica. Isso porque, conscientes de nossas falhas deveríamos viver pela graça de Cristo, aquele que perdoa nossas falhas e nos afasta do erro.

Entretanto, de forma inevitável muitos ingressam na mesma espiral lunática de Nina por uma razão mais ou menos simples: buscam a perfeição sozinhas tendo o legalismo como parâmetro. E quando percebem que são incapazes de agir unicamente como o cisne branco, por sua própria força, enveredam-se para o outro lado obscuro.

Mas, o que é pior: apresentam-se como cisnes brancos na igreja, porém, agindo como cisnes negros em outros lugares.

Isso me faz lembrar a existência de muitos cristãos em tratamento em manicômios. Pessoas que se enveredaram para a loucura, psicose, esquizofrenia etc. Sem desprezar os diversos fatores que podem levar a tal situação, penso que um dos elementos que pode provocar esse desvio mental é exatamente a postura de busca da perfeição por meio do legalismo. Afinal, quando a pessoa observa o elevado padrão moral do cristianismo e, desprezando a graça de Deus, percebe que não consegue atingi-lo, se vê num beco sem saída; quando então a mente entra em colapso.

Guardadas as devidas proporções, o coreografo da bailarina disse algo que merece consideração: “Perfeição não é só sobre controle; é também saber abandonar-se” . Para nós: Perfeição não é só sobre controle; é também saber abandonar-se nos braços e na graça de Deus”.

Religión Digital

A indústria do cinema concentrou de forma previsível seus principais prêmios em O Discurso do Rei, que recebeu o Oscar de melhor filme, Colin Firth o de melhor ator,Tom Hooper o de melhor diretor.

Este filme de corte clássico marcado pela força interpretativa dos atores britânicos e um roteirista inteligente, também premiado, que representa os valores da superação e da amizade nos mostra como, a partir da fraqueza, o ser humano pode transcender suas possibilidades e assumir os compromissos que parecem impossíveis. Como assinalou Lisa Respers France da CNN, as indicações, que não eram diretamente religiosas, tinham conotações profundamente espirituais.

Este elogio à amizade é, sem dúvida, uma boa notícia de um tipo de cinema que abre à esperança e oferece modelos de sentido. Mesmo que tivesse sido interessante o reconhecimento dos irmãos Coen na direção de Bravura Indômita, um filme cru sobre a natureza humana que enfrenta o lado obscuro do desejo de vingança desde uma perspectiva profunda que assume a culpa e se abre ao futuro em confiança. Com fortes referências bíblicas, próprias do judaísmo de seus diretores, abre-se desde a sua trilha sonora, que lembra Noite do Caçador, à presença de Deus que nos cuida e acompanha na mediação dos outros.

Provavelmente Cisne Negro representa em menor medida a transformação espiritual, como destaca Steven D. Greydanus para o National Catholic Register. A atriz Natalie Portman realiza uma meritória interpretação de Nina, uma bailarina que pouco a pouco entra em um processo de destruição que vem marcado por sua própria origem. Filme de tom psicológico onde Darren Aronofsky prossegue com sua tendência trágica da incapacidade do ser humano para alcançar os próprios desejos que o superam.

Mais otimista, mesmo que um tanto prometeica, era a proposta de Danny Boyle, de 127 Horas, que desta vez ficou sem prêmios. Baseado em uma história real de um escalador que ficou preso durante cinco dias em uma fenda e que consegue sair após um exemplo de resistência e sacrifício é narrada com tensão, ainda que com um roteiro um tanto efetivista que coloca a ação de graças a Deus sem muita elaboração no processo pessoal.

O prêmio para o melhor filme estrangeiro foi para o interessantíssimo Em um Mundo Melhor, de Susanne Bier [que deverá estrear no Brasil em março], de quem já destacamos Depois do Casamento. A cineasta dinamarquesa, que foi acusada de forma injusta de anti-islâmica pelo governo do Sudão, nos apresenta o drama humano geral dentro de um drama particular.

Um médico colaborador solidário na África enfrenta o dilema de ajudar o seu filho em seu próprio país renunciando à violência e avançando pelo caminho de uma dolorosa reconciliação. Filme com força espiritual que nos recorda até que ponto foi injusta a marginalização entre as indicações do filme francês Des Hommes et des Dieuses, de Xavier Beauvois. O recente César para o melhor filme destacou este filme que é uma das mais importantes estreias do cinema” espiritual.”

São também bem recebidos do ponto de vista espiritual os prêmios para Toy Story 3 para o melhor filme de animação e melhor canção original. Um filme cheio de interesse que enobrece a comunidade e a amizade assim como a escolha da consciência. Um presente do ponto de vista familiar e educativo.

Em resumo, o cinema em tempos convulsos aposta em valores espirituais abertos à esperança sem convulsões. A realidade refletida em A Rede Social necessita ser reinterpretada em chave mais aberta que a própria psicologia como em A Origem e sem deixar muitos resquícios à melancolia de Bravura Indômita. Uma aposta no otimismo que tememos seja muito superficial por suas motivações econômicas. Assim que cinema espiritual, mas menos do que nos dizem os próprios críticos que o detectam.

Veja essa notícia do Jornal vaticano

O jornal vaticano L’Osservatore Romano (LOR) assinala que os prêmios Oscar obtidos pela produção britânica “O Discurso do Rei”, como o de melhor filme, poderiam ser um sinal de um “novo rumo” para o cinema.

A produção britânica foi homenageada com os prêmios Oscar da Academia de melhor filme, melhor direção (Tom Hooper), melhor ator (Colin Firth) e melhor roteiro original (David Seidler).

O filme mostra a história do Jorge VI, Rei da Inglaterra, interpretado pelo ator Colin Firth, que se sobrepõe a seu acanhamento e gagueira graças à ajuda do pouco ortodoxo terapeuta Lionel Logue (Geoffrey Rush) e a ajuda de sua esposa Isabel (Helena Bonham Carter).

Assim consegue dirigir um brilhante discurso à nação através da rádio antes da guerra com a Alemanha nazista de Hitler. Está baseada na história real do rei Jorge VI.

Em um artigo titulado “as doze nominações celebram o retorno à melhor tradição do cinema inglês”, Emilio Ranzato do LOR assinala que “o trabalho assinado pelo inglês Tom Hooper é a demonstração de como é possível fazer um ótimo filme sem fazer cinema estritamente de autor, mas gerando um altíssimo nível em todos os ingredientes do cinema popular” combinando-os adequadamente.

Para Ranzato, embora as doze nominações tenham parecido um pouco exagerado, são comprensíveis “no contexto da crise criativa do cinema mais recente”.

“Não seria a primeira vez que a Academia e assim a indústria americana premia a um filme com a intenção de dar um sinal, de indicar um novo caminho a seguir”.

“Em tal caso, a vitória do filme de Hooper (…) deveria ser interpretada como uma volta a um cinema mais clássico, mais narrativo e menos ‘autorial’, resultado de um trabalho de uma equipe mais que de uma só pessoa”.

As qualidades da produção, assinala, “confirmam e renovam a melhor tradição do cinema inglês”.

O triunfo desta produção, assinala em um segundo artigo publicado logo depois da premiação, mostra como é possível obter não apenas “ótimos produtos comerciais, mas também filmes que sobre tudo na distância do tempo são apreciadas por seu equilíbrio, e aquela fascinação clássica que de vez em quando o cinema americano tenta recuperar”.

“O Discurso do rei”, que custou perto de 15 milhões de dólares, já ganhou outros prêmios como o BAFTA (britânico) e o do Festival Internacional de Cinema de Toronto.

A fim de ser exibido nos cinemas em 2012, o famoso diretor americano Joshua Sinclair revelou detalhes sobre o filme “a Vida de Edith Stein” que iniciará a gravação, entre maio e julho de 2011.

70 anos após a morte da grande filósofa judia que se tornou freira carmelita (morta no campo de concentração de Auschwitz por ser judia ), o projeto para levar o nome de “Edith” é uma co-produção entre a Áustria ea Alemanha. A escolha do elenco já começou.

De acordo com declarações do próprio Sinclair ao jornal Avvenire (cf. 2011/02/14),Universal Pictures vai distribuir o filme nos Estados Unidos.

De onde vem o interesse em que agora é conhecido como Santa Teresa Benedita da Cruz, co-padroeira da Europa? “Descobri há dois anos, por curiosidade”, diz Joshua Sinclair. Tendo ouvido falar tanto sobre ela começou a ler seus escritos, a partir da fenomenologia.

Gostaria de saber sobre a experiência de uma mulher que reconheceu a grandeza de Jesus sem repudiar suas origens. Uma mulher que passou do judaísmo ao ateísmo e depois redescobrir a Deus através de Jesus Cristo.

Na entrevista Sinclair também expressou sua esperança e convicção de que uma iniciativa deste tipo tem o sucesso que merece e, em seguida, concluiu dizendo: “É necessário que nós, como diretores tenhamos mais respeito por estas coisas”, referindo-se a filmes como O Código Da Vinci, em vez caluniar e enganar o fato religioso, “Eu sei quem é Ron Howard, conversei com ele sobre isso. Eu disse: ” Você é novo, um grande cineasta, você não tem necessidade de um livro deste tipo para fazer um filme.”Nós devemos usar nossos filmes para trazer mais esperança e espiritualidade a o mundo. “

Fonte: Religião e Liberdade.


Texto publicado na coluna do Globo que causou indignação pela comparação injusta do filme “Aparecida” com o filme “Chico Xavier” com toda a máquina global a seu favor


“SANTA ATRAI POUCO’ Pelo visto, o público de cinema prefere Chico Xavier a Nossa Senhora. O filme católico “Aparecida – O milagre” atraiu 194,6 mil espectadores país afora desde a estréia, dia 17 de dezembro, bem menos que os recentes filmes espíritas.”


Abaixo resposta de um leitor da coluna.


***


Ao responsável pela coluna Ancelmo Góis do Jornal O Globo em 06/01/2011


Leitor deste jornal há mais de 50 anos, venho, como católico, demonstrar a minha indignação e repúdio com o artigo veiculado nesta coluna, sob o título “Santa atrai pouco”, em 06/01/2010 (texto acima). Chega às raias da covardia comparar o filme “Aparecida – O milagre” com a série de filmes espíritas recentemente lançados.

Senão, vejamos as matérias publicadas nesta coluna em 2010:


1) Em 24/01/2010 foi reservado um espaço valioso, sob o título “Um médium pode salvar o cinema nacional”, para se tecer comentários elogiosos sobre o lançamento de “Chico Xavier, o filme” e afirmar que “pesquisas mostram que um em cada dois católicos acreditam na reencarnação” ?   (faltou dizer a fonte da pesquisa);


2) Em 31/01/10, sob o título “Cine espírita”, mais propaganda sobre filmes espíritas, agora sobre um tal de frei Luiz;


3) Em 15/03/10, sob o título “Nosso lar” , mais propaganda, agora sobre o fato da Orquestra Sinfônica Brasileira ter sido contratada para a gravação da trilha sonora desse filme;


4) Em 05/04/10, agora em duas colunas distintas desse jornal (a outra foi, salvo engano, a Gente Boa), a informação que o filme Chico Xavier teve uma estréia espetacular: em apenas dois dias atraiu 442 mil espectadores, e que, sob o título “Efeito Chico Xavier”,

pelo menos outros três filmes de temática espírita iriam estrear em 2010;


5) Em 04/09/2010, sob o título “Aposta alta”, foi informado que o filme “Nosso lar” estreou em 435 salas de cinema e que “Chico Xavier” foi a melhor bilheteria de 2010.


Em 28/03/10, agora foi a vez do “Segundo Caderno” publicar, em página inteira, sob o título “O dono da bilheteria” um extenso artigo sobre Daniel Filho e a estréia de seu filme “Chico Xavier”.


O filme “Aparecida – O milagre” foi lançado com grande propaganda no dia 17/12/10, em 33 salas de exibição no Rio de Janeiro, com horários que iam das 12:30 às 22:25hs, e, ESTRANHAMENTE,  do nada, saiu dos principais horários dos cinemas do Rio de Janeiro

menos de duas semanas após o lançamento. Seus horários passaram das 10:50 às 18:20hs.

Por quê? Quem esteve por detrás dessa decisão?


No dia 29/12/10 fui com minha esposa ao Cinépolis Lagoon, recentemente inaugurado, para a sessão das 13:15hs e nada conseguimos ver pois “o DVD do filme estava com problemas”!!!!


No dia 01/01/11 fomos ao Cinemark Botafogo para a sessão das 11:10hs (DA MANHÃ!). Não conseguimos ver, agora pelo fato de todos os estabelecimentos estarem fechados. Entretanto, todos os outros filmes com horário a partir das 13 horas puderam ser vistos. Finalmente, no dia 03/01/11 consegui ver o filme, nesse miserável horário matinal, mas, felizmente, com diversos espectadores presentes na sala (eu havia pensado que seria a única pessoa a pagar ingresso).


Diante de tantos fatos eu pergunto: Como é possível um filme ter bilheteria nestas condições? A comparação mais justa que deveria ter sido feita seria entre os filmes “Tropa de Elite 2” e “Nosso Lar” junto com “Chico Xavier”: enquanto que mais de 10,8 milhões de pessoas


assistiram o primeiro, a soma dos espectadores dos dois outros chegaria a 7,5 milhões (dados de 20/12/10), ou seja a preferência do público é por filme de violência e não de pretensa paz dos filmes espíritas.


Eu acho que seria mais prático todo o pessoal desta coluna (e a própria) se transferirem para um jornal espírita, onde teriam um ambiente mais apropriado para dar vazão aos seus desejos ocultos. Ou será que o jornal O Globo está se transformando num veículo com tendências espíritas?


JORGE PASTUSIA

Pedro Ravazzano

Com spoilers!

The Voyage of the Dawn Treader, o quinto livro da saga de C.S Lewis e o terceiro filme da série, endossa com mais vigor a forte referência cristã que permeia toda a obra. Além da defesa clara das virtudes e dos valores humanos, o enredo e a construção das personagens aprofundam nas relações dos homens e na perspectiva de transcendência diante do sagrado.

A obra é muito bem construída e nela cabem tanto leituras alegóricas e morais como anagógicas. Para um espectador desavisado “As Crónicas de Nárnia” serão apenas filmes com memoráveis cenas de ação e uma temática que é digna da atenção de toda a família. Claro que essa percepção, ainda que superficial, é válida e frutífera. Não obstante, é na compreensão do sentido mais profundo que os escritos de C.S Lewis se fazem plenos. Esse supra-sentido, como diz Dante Alighieri, “ocorre quando se expõe espiritualmente um escrito, o qual, pelas coisas significadas, significa as sublimes coisas da glória eterna.” (Convívio, II, 1) .

No terceiro filme destaca-se três grandes momentos; toda a incursão dos homens na luta contra o Mal – e aqui se sobressai a maldade em sua essência mais bruta que relaciona-se diretamente com a ausência do amor, de Deus – a forte transformação e redenção de Eustáquio e, por fim, a apoteótica despedida de Aslam a Lúcia e Edmundo.

A obra se forma centrada na saga dos homens que iniciam uma empreitada pela salvação dos narnianos oprimidos e perseguidos pelo Mal. Vale frisar, primeiramente, que os viajantes são aconselhados por um virtuoso mago a enxergarem não apenas as trevas que assolam Nárnia mas principalmente a escuridão que habita neles. Isso se confirma diante das tentações e provações que pelas quais passam. Assim como eles poderiam escolher o mal optam, livremente, pelo caminho do bem. Ademais, essa temática se afasta com firmeza de qualquer princípio calvinista; ainda que sem Deus o homem nada possa, é na sua abertura à graça que o Senhor age.

Outra cena bem particular é a transformação de Eustáquio. O que era um garoto pobre em virtudes e valores, desprovido de qualquer percepção do Sagrado – vide a sua relutância em compreender a “fantasia” de Nárnia – redimi-se após a forte experiência da mutação em dragão. O momento do seu retorno à forma humana inicia-se com a tentativa de com as suas garras cortar o grosso coro draconiano – isso após uma atuação extraordinária contra a diabólica serpente marinha. Ou seja, já há o fundamental desejo e a essencial vontade de livrar-se da condição de miserabilidade. Não obstante, sem Deus, sem Aslam, não poderia fazer. Surge então o Leão que com as suas patas cortando a areia e o seu majestoso rugido rompe a carapaça que cobria o Eustáquio velho, dando-lhe um banho – o batismo. Assim nasce um novo homem redimido pela ação do Senhor. O próprio atesta em seguida; “A princípio ardeu muito, mas em seguida foi uma delícia”

Por fim a cena mais impactante dessa obra; a despedida final. Lúcia e Edmundo, assim como Susana e Pedro, foram avisados que não mais poderão retornar. Aslam, então transfigurado em Cordeiro – clara alusão ao Cordeiro de Deus, Jesus Cristo – os apresenta ao seu país, protegido por uma densa parede aquática e que só poderia ser desbravado pelos homens que não mais intentassem voltar; a ida será definitiva. A jovem Lúcia, comovida com a partida, questiona o Leão. Vejamos o trecho completo:

Continuaram e viram que era um cordeiro.
Venham almoçar – disse o Cordeiro na sua voz doce e meiga. [banquete do Cordeiro?]
Notaram que ardia sobre a relva uma fogueira, na qual se fritava peixe. Sentaram-secomeram, sentindo fome pela primeira vez desde muitos dias. E aquela comida era a melhor de todas as que haviam provado.
– Por favor, Cordeiro – disse Lúcia –, é este o caminho para o país de Aslam?
– Para vocês, não – respondeu o Cordeiro. – Para vocês, o caminho de Aslam está no seu próprio mundo.
– No nosso mundo também há uma entrada para o país de Aslam? – perguntou Edmundo.
– Em todos os mundos há um caminho para o meu país – falou o Cordeiro. E, enquanto ele falava, sua brancura de neve transformou-se em ouro quente, modificando-se também sua forma.
E ali estava o próprio Aslam, erguendo-se acima deles e irradiando luz de sua juba.
– Aslam! – exclamou Lúcia. – Ensine para nós como poderemos entrar no seu país partindo do nosso mundo.
– Irei ensinando pouco a pouco. Não direi se é longe ou perto. Só direi que fica do lado de lá de um rio. Mas nada temam, pois sou eu o grande Construtor da Ponte. [Cristo, Pontífice e Sumo Sacerdote da humanidade diante de Deus] Venham. Vou abrir uma porta no céu para enviá-los ao mundo de vocês.
– Por favor, Aslam – disse Lúcia –, antes de
partirmos, pode dizer-nos quando voltaremos a Nárnia? Por favor, gostaria que não demorasse…
– Minha querida – respondeu Aslam muito docemente –, você e seu irmão não voltarão mais a Nárnia.
– Aslam! – exclamaram ambos, entristecidos.
– Já são muito crescidos. Têm de chegar mais perto do próprio mundo em que vivem.

– Nosso mundo é Nárnia – soluçou Lúcia. – Como poderemos viver sem vê-lo?
– Você há de encontrar-me, querida – disse Aslam.
– Está também em nosso mundo? – perguntou Edmundo.
Estou. Mas tenho outro nome. Têm de aprender a conhecer-me por esse nome. Foi por isso que os levei a Nárnia, para que, conhecendo-me um pouco, venham a conhecer-me melhor.

Aslam, o Cordeiro de Deus e o Leão da Tribo de Judá, é Nosso Senhor Jesus Cristo!

Um dia o cinema ligou seus projetores e o homem mais importante da cultura ocidental deixou de ser exclusividade dos religiosos. Foi então que a figura do diretor de cinema o despregou do posto de ícone intocado, sagrado, e o colocou na vitrine como um personagem de carne e osso, sujeito a todos os problemas humanos. Cada vez mais afastado de seu significado transcendental, passou a ser retratado como palhaço, adolescente irritadiço, sofreu com dramas existenciais e se contrapôs a Deus , só para citar alguns roteiros. Não foi tranquila essa mudança, pelo contrário. Os cineastas conquistaram a duras penas a liberdade para retratar Jesus sem amarras.

O impacto da disputa entre o Jesus catequizado pela Igreja e o comercializado pelos estúdios vem sendo analisado pelo historiador André Chevitarese, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que confecciona um livro sobre o tema a ser lançado em 2011. “Aquela imagem chapada de Cristo, relatada por padres ou descrita pelos Evangelhos, ganhou movimento com o cinema. Foi assim que aprendemos com quem ele conversava, o tom de sua voz, a cor de sua barba, o que comia e onde morava”, diz Chevitarese. Com Jesus nas mãos de roteiristas, homens e mulheres, com crenças diversas e até ateus, não tardou para que grupos religiosos tentassem frear a exploração de sua imagem.

Entre 1915 e 1945, o parlamento inglês, sob pressão de fundamentalistas cristãos, proibiu as produções cinematográficas de exibir cenas frontais de Cristo. Nos Estados Unidos, Holly­wood também cedeu ao lobby da Igreja e assinou um acordo semelhante que durou de 1932 até o início dos anos 1960. Nele, ficou estabelecida a criação de uma comissão responsável por fazer uma espécie de censura prévia das películas. Em “Ben-Hur”, épico de 1959, por exemplo, há apenas uma cena de Jesus Cristo – e nela ele está de costas.

Durante pouco mais de três décadas, portanto, o filho de Deus foi obrigado a deixar o posto de popstar da indústria. Histórias romanceadas que gravitavam ao seu redor passaram a ser produzidas, principalmente nos anos 1930, 1940 e 1950. Ao retornar à cena principal em 1961, com o lançamento de “Rei dos Reis”, viu-se sujeito a todo tipo de interpretação de sua trajetória.

É o que afirma o historiador Luiz Vadico, que acaba de lançar o livro “Filmes de Cristo – Oito Aproximações” (editora a Lápis). “Desde o casamento com Maria Madalena e outras duas mulheres, e ser pai, até ser esquartejado vivo por Mel Gibson”, diz o professor, referindo-se aos filmes “A Última Tentação de Cristo” (1988), de Martin Scorsese, e “A Paixão de Cristo”, de 2004, dirigido pelo famoso ator americano.

Ligado ao grupo de pesquisa sobre religião e sagrado no cinema e no audiovisual do mestrado em comunicação da Universidade Anhembi-Morumbi, Vadico examinou a produção cinematográfica cristológica entre 1895 e 2004 para sua tese de doutorado, defendida na Universidade de Campinas, em 2005. Segundo ele, são 21 os principais filmes sobre a vida de Cristo. Essa espécie de teologia feita pelos diretores de cinema alterou sensivelmente o imaginário das pessoas. “Hoje, o público não possui uma imagem unívoca de quem seja Jesus”, afirma ele. No Brasil, “Maria, Mãe do Filho de Deus”, produzido pelo padre Marcelo Rossi, foi o que mais se aproximou de um filme de Cristo, apesar de não focar especificamente a vida dele. Nessa produção, o Nazareno retratado remete à imagem cultivada pelo brasileiro: a de um povo cordial. “Mostro Jesus dançando e se surpreendendo com suas manifestações divinas. É mais próximo ao homem”, conta o diretor Moa­cyr Góes. É mais uma das várias interpretações construí­das sobre a vida Cristo.

PELAS LENTES DOS DIRETORES
Algumas versões de Jesus Cristo no cinema

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AMERICANIZADO
O diretor de “Rei dos Reis”, Nicholas Ray, foi acusado por católicos de criar um Cristo americano. Lançado em 1961, após duas grandes guerras, o embate entre o bem e o mal é personificado por Jesus e Barrabás

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ADOLESCENTE
O Cristo retratado por Norman Jewison, em 1973, em “Jesus Cristo Superstar”, se enerva toda vez que alguém discorda dele. Além de egocêntrico, é contrário às vontades de Deus. É a antítese do que os Evangelhos ensinam sobre Jesus

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PALHAÇO
Jesus aparece caracterizado de palhaço em “Godspell”. O filme de David Greene, de 1973, varia entre o sério e o ridículo. Mas é inocente e parece ser direcionado ao público infantil

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PSICÓTICO
Covarde e indeciso, o Jesus de Martin Scorsese sempre necessita de alguém para ampará-lo. É com esse Cristo, fraco e neurótico, que Maria Madalena se casa em “A Última Tentação de Cristo”, de 1988

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CORDEIRO DE DEUS
A imagem do servo sofredor, daquele que suporta a dor e a humilhação para eliminar os pecados do mundo, é explorada em “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, de 2004, e “Gólgota”, assinado por Julien Duvivier, em 1935

Fonte: Isto É

Imagine o que aconteceria se o Coringa derrotasse o Batman, se Lex Luthor exterminasse o Super-Homem ou se o Duende Verde conseguisse acabar com o Homem-Aranha? É com esse espírito contraventor que a DreamWorks concebeu a ideia da animação “Megamente”, uma história clássica da luta do bem contra o mal onde o mal curiosamente triunfa.

Logo no início a plateia é apresentada aos protagonistas da história, dois alienígenas enviados pelos pais para a Terra pouco antes de seus planetas serem destruídos. E é logo nessa primeira viagem, ainda bebês, que tem início a rivalidade de ambos, que só vai alcançar o ápice anos mais tarde, quando um se torna o super-vilão mais brilhante do mundo e o outro, seu principal super-herói.

O grande problema é que dessa vez o vigoroso Metro Men, defensor dos fracos e oprimidos, não consegue sobreviver ao plano maligno de Megamente, o que faz com que o alienígena azul, junto com seu fiel companheiro, o peixe espacial chamado de Criado, assuma de vez o controle de Metro City e do mundo – tendo como única voz crítica a repórter Rosane Rocha, principal affair do finado herói.

Com esses ingredientes, os roteiristas de “Megamente” colocam no ar a necessidade do bem para a existência – ou satisfação – do mal. E o vilão do momento, certo de que sabe “o que é bom para o mal”, não poupa esforços para restabelecer o status quo do seu mundo – não sem antes divertir-se ao som de muito rock n’ roll.

Apesar da proposta inovadora e das piadas eficientes, a animação não consegue fugir dos clichês comuns as histórias de super-heróis, mesmo fazendo críticas aos mesmos.

Trata-se de um longa-metragem dirigido pela prestigiada diretora Tizuka Yamasaki, que retrata a vida de uma família nos dias de hoje e o envolvimento de suas vidas com a devoção a Nossa Senhora Aparecida.
É muito importante prestigiar o filme com a presença dos católicos nas diversas salas de cinema.
Este comparecimento será uma demonstração da grande devoção do povo brasileiro à Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil.
A divulgação é fundamental e, para isso, conto com seu decisivo apoio e colaboração.
Com meu fraterno agradecimento, cordialmente,

Dom Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida, SP

O filmeUma Carta ao Pai“, é baseado em fatos reais. O longa metragem ira ser distribuído no Brasil, pela Graça Filmes.

Sinopse: Dan Donahue (Thom Mathews), finalmente, encontrou a mulher de seus sonhos. Mas, na noite em que decide pedi-la em casamento, ele percebe que lembranças do passado as quais ainda o atormentam o impedem de seguir em frente e ser feliz. Dan, então, decide escrever uma carta a seu pai expondo seus sentimentos e revelando suas dores e frustrações causadas pelo abandono sofrido no passado.

Será que Mike (John Ashton, de Beverly Hills Cop), um homem contido em suas emoções, irá compreender e aceitar as declarações nunca antes reveladas por seu filho? Essa emocionante história baseada em fatos reais revela o quanto laços familiares sólidos são importantes para que o ser humano se desenvolva plenamente.

Dan Brown fez escola.

Sucesso mundial graças a “O Código Da Vinci”,(obra rejeitada pela Igreja) que virou filme dirigido por Ron Howard e estrelado por Tom Hanks, o autor popularizou de vez a ideia da existência de códigos secretos em obras de sucesso. Pois agora chegou a vez da Bíblia ser o foco central desta busca.

A série literária “Bible Code”, de autoria de Michael Drosnin, teve seus direitos de adaptação para o cinema adquiridos pela Relativity Media. A trama é focada em um código secreto de mais de três mil anos, encontrado na Bíblia, que prevê acontecimentos como os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, a eleição do presidente americano Barack Obama e o assassinato do primeiro ministro israelense Yitzhak Rabin.

A intenção da Relativity, que recentemente passou também a distribuir os filmes que produz, é que o primeiro longa seja lançado em 2012. Ainda não há informações sobre quem assumiria a direção ou integraria o elenco.

Até o momento, foram lançados três livros da série: “The Bible Code”, “Bible Code II: The Countdown” e “Bible Code III: Saving the World”.

Fonte:Diário Gospel

Por Franco Baccarini*

Nos últimos anos assiste-se a uma multiplicação de filmes sobre o tema do aborto; um fenômeno paralelo à também crescente atenção dada ao assunto nos âmbitos político e social, de forma que não se trata de uma mera coincidência. Dado o pouco espaço à disposição, tratarei de apenas dois filmes.

O primeiro título que submeto à atenção do leitor é “L’amore imperfetto” (“O amor imperfeito”), Itália-Espanha, 2000, dirigido por Giovanni Davide Maderna, com Enrico Lo Verso e Marta Belaustegui.

A palavra “imperfeito” do título remete à questão que está na base do ótimo filme de Maderna, que passou quase despercebido pelo público. A questão é a seguinte: seria imperfeito o amor que estabelece por uma criança destinada à morte antes mesmo de nascer?

A questão suscita imediatamente outra: seria imperfeito o amor por uma vida que nasce, apenas pelo fato desta ser imperfeita? E podemos encontrar uma terceira questão, chave para o filme de Maderna: quão longe podem ir a fé e a esperança se o filho que Angela – a protagonista – porta em seu ventre está destinado a não viver?

Também neste caso, é oportuno apresentar uma breve sinopse para melhor compreender o assunto de que tratamos. Sergio e Angela são dois jovens recém-casados que esperam pelo primeiro filho, tão desejado; já sabem que a criança nascerá com uma gravíssima má formação cerebral que deve condená-lo à morte, mas esperam por um milagre. Quando a gravidez chega ao fim, o menino nasce com a doença diagnosticada; os dois jovens ficam de tal forma abalados pelo drama que qualquer diálogo se torna impossível, e a vida do casal é destruída.

Na verdade, e este detalhe é de fundamental importância, a posição da mulher é claramente distinta daquela do homem: ela tem fé, enquanto ele em nada crê. Angela, a esposa espanhola de Sergio, sofre profundamente, como é compreensível, e após o nascimento da criança, apóia-se em uma profunda fé em Deus, que irá ampará-la também na quase imediata separação da criança, à diferença de seu marido, que, desprovido de fé, se entregará ao mais absoluto desespero. A jovem mãe, tão corajosa e tão duramente provada pela dor, deverá então enfrentar também o distanciamento afetivo e espiritual do próprio marido.

O filme, segundo admite o próprio diretor, é inspirado numa história real, e se move entre fé, esperança e incomunicabilidade, despertando intensas e profundas reflexões, também à luz de experiências verídicas vividas por associações como “La Quercia Millenaria ONLUS”, dedicada precisamente ao acompanhamento de casais que enfrentam o drama de uma gravidez problemática.

Gostaria de tratar ainda de outro filme: “Bella” (México, 2006), dirigido por Alejandro Monteverde e interpretado por Eduardo Verástegui, Tammy Blanchard, Ali Landry e Manual Pérez.

Cabe ressaltar que o filme, transcorridos cinco anos desde sua estréia, ainda luta para encontrar distribuidores dispostos a exibi-lo nas telas dos cinco continentes, muito embora seu valor tenha sido confirmado com a vitória do People’s Choice Award 2006 no Festival de Cinema de Toronto.

O arcebispo da Filadélfia, cardeal Justin Rigali, pediu a todos os que tiverem a oportunidade que assistam ao filme – o protagonista é um modelo de católico.

“Este filme está destinado a exercer um impacto extraordinário na vida das pessoas”, disse o presidente do comitê da Conferência Episcopal norte-americana.

“Bella” conta a história de uma jovem grávida que perde o emprego, e de um homem que não consegue superar o trauma causado por um incidente no passado. A amizade muda a vida dos dois e abre caminho para novas esperanças.

O protagonista, Verástegui, é considerado um católico exemplar, após ter vivido uma vida bem diferente. A conversão o transformou num decidido defensor do direito à vida. O produtor executivo do filme é Steve McEveety, o mesmo de “A Paixão de Cristo”.

“Romântico, por vezes dramático, introspectivo, para muitos é o filme cristão do ano e um hino à vida de rara eficácia (…) Nina é uma garçonete que acaba de descobrir que está grávida, e por essa razão é demitida. Pensa em abortar (…). Nina, com a ajuda de um rapaz, José, compreende o valor da criança que está em seu ventre (…).

O ator principal, Eduardo Verástegui, nas fases iniciais de preparação do filme, visitou um clínica de aborto a fim de melhor entender os sentimentos das pessoas que estão para realizar um gesto tão fatal. Lá, fez amizade com um jovem casal mexicano; meses mais tarde, recebeu um telefonema do casal pedindo-lhe a permissão de chamar seu filho de Eduardo [1]”.

Já em 2002, escrevi num artigo para a revista “Silarus” [2] em que digo que, além de serem expectadores conscientes, é necessário que os católicos estejam empenhados em promover autores, produtores e artistas, a fim fazer frente às produções com temáticas contrárias à vida, que banalizam questões como o aborto, a eutanásia, a sexualidade e promovem modos de vida egoístas e consumistas.

A esta necessidade respondeu perfeitamente a Metanoia Films, a partir de uma intuição de Verástegui, com a ajuda do produtor Steve McEveety e a direção competente de Monteverde.

Se os longas costumam ser trabalhosos e custosos (“Bella” foi rodado em três semanas e com poucos recursos), exigindo uma máquina de produção e distribuição de grande escala, seria desejável que ao menos se apoiasse o desenvolvimento de grupos dedicados à produção de curtas-metragens, com o duplo objetivo de formar novos autores, atores e técnicos e de responder ao monopólio niilista que domina as grandes telas.

* Franco Baccarini é especialista em bioética e crítico de cinema.

[1] Bricchi Lee L., Bella. Dagli Usa il film cristiano del 2007, in “Avvenire”, 11 novembre 2007, p. 7.

[2] Baccarini F., L’evangelizzazione e i media, in “Silarus”, n. 220/2002; e “Cinema e spiritualità (Il sacro nella civiltà delle immagini)”, su “Silarus”, n. 223/2002.

O pôster do filme / Uma cena do trailer

“Miss Tacuarembó” é o nome de um controvertido filme uruguaio que longe de ser um filme para crianças–como o apresentam seus produtores– ofende os fiéis com mensagens anti-católicas e a representação de um Cristo que termina dançando de tanga, seduzido pela protagonista.

O filme, que já chegou à Argentina e logo será estreado na Espanha, é protagonizado pela atriz Natalia Oreiro e foi dirigida por Martín Sastre.

Graças a uma intensa campanha de marketing que o promoveu como um filme para toda a familia, a produção obteve uma bilheteria importante, porém, mais de um espectador abandonou a sala durante sua exibição desconcertado pela agressão à fé cristã.

Conforme informa o jornal ‘Pregón de La Plata’ “não é um filme apto para crianças e tem conteúdos fortemente anti-católicos e anti-clericais introduzidos com mensagens de ressentimento mediante a utilização de grotescos” diretamente ofensivos ao público católico.

“Miss Tacuarembó” conta a história de uma mulher de 30 anos que trabalha em um parque temático dedicado a Jesus e vive frustrada porque não alcançou seu sonho de ser cantora. Ao mostrar as lembranças de sua infância em Tacuarembó, um povoado ao norte do Uruguai, o filme apresenta sua estranha relação com um Cristo crucificado a quem ameaça à viva voz por não conseguir o que pede e o ódio à sua malvada catequista para quem ela deseja a morte.

“O filme continua com esta temática até que no final aparece Natalia Oreiro dançando com Jesus usando tanga, em uma burla frontal e sem limites, em uma ofensa a Jesus Cristo”, acrescenta o jornal.

Para outros meios como o jornal La República do Uruguai, o filme é “um musical absurdo e sem um rumo fixo” que é vendido como “comédia pop” mas “ensaia absurdos religiosos bizarros, intercala uma sorte de musical juvenil e se lança a uma espécie de absurdo onde tudo fica pelo meio do caminho sem que nenhuma proposta consiga arredondar uma mínima solidez cinematográfica”.


O jornal vaticano L’Osservatore Romano elogiou a nova produção de Disney-Pixar Toy Story 3, por oferecer aos espectadores uma profunda reflexão sobre temas humanos transcendentais e dar uma lição sobre a amizade verdadeira, através da experiência dos brinquedos protagonistas.

Nesta terceira entrega, os íntimos Woody o vaqueiro e Buzz Lightyear junto com seus amigos devem enfrentar seu destino. Andy, seu dono, deixou de brincar com eles, já tem 17 anos, irá à universidade e deve decidir entre enviá-los como doação a uma creche ou desprezá-los.

No artigo titulado “Como se faz um belo filme”, o autor Gaetano Vallini considera que Toy Story 3 é “um filme com F maiúscula” e lamenta as críticas de certas feministas americanas que “teriam visto em alguns personagens tendências sexistas e homofóbicas”.

“Provavelmente se esqueceram que quando eram meninas os brinquedos eram apenas objetos através dos quais alguém podia divertir-se e sonhar, duas coisas que esta produção também propõe e se é que não chegar a ser considerada uma obra mestra, pois pouco lhe falta”, acrescenta Vallini.

O autor elogia a técnica e a qualidade da produção que superou “o severo juízo das crianças e agrada inclusive os adultos”, colocando-se ao nível de outros filmes da Pixar que nos últimos anos ressaltaram os valores humanos como “Wall-E”, que promove a defesa da vida, e “Up”, que em seus primeiros minutos mostra o valor do Matimônio.

Segundo Vallini, Toy Story 3 revela que “a amizade é o verdadeiro vínculo deste improvável mas afiançado grupo de brinquedos” e permite que o espectador reflita sobre “temas importantes, como o valor da amizade e a solidariedade, o medo a sentir-se só ou rechaçado, o iniludível de fazer-se grande e a força que surge ao sentir-se parte de uma familia..

Trata-se, acrescenta de “outro belíssimo filme: uma aventura de grande intensidade emotiva, em que as vivências dos brinquedos, graças à sua capacidade de atuar e pensar como humanos ao puro estilo Disney, convertem-se em uma metáfora útil para falar de sentimentos verdadeiros” sob a famosa frase “Há um amigo em mim”, da canção que acompanha Toy Story desde seu primeiro episódio.