Por Paul de Maeyer

“Ele deu um CD para um vizinho e vai sofrer cinco anos de cadeia”. Com estas poucas palavras, o pastor Mustapha Krim, presidente da Igreja Protestante da Argélia (EPA, na sigla em francês), resumiu para a Compass Direct News (30 de maio) a condenação do cristão evangélico Siaghi Krimo.

O tribunal do distrito ou cité de Djamel, em Oran, cidade portuária a 470 quilômetros a oeste da capital Argel, condenou o cristão a uma pena de cinco anos de cadeia e multa de 200.000 dinares (quase 2.760 dólares) por ter “ofendido” o Profeta. Krimo, casado e pai de uma menina de 9 meses, teve dez dias para apelar. A condenação foi sentenciada no último 25 de maio.

O homem foi preso com outro cristão, Sofiane, pelos serviços de segurança da Argélia, em 14 de abril. Solto depois de três dias, Krimo foi levado ao tribunal em 4 de maio. Quem acusou o cristão de proselitismo e blasfêmia contra o profeta Maomé foi seu vizinho muçulmano, a quem Krimo dera um CD e com quem discutira sobre a fé cristã.

Chama a atenção que todo o processo contra Krimo se desenrolou em ausência da única testemunha da suposta blasfêmia: o próprio vizinho muçulmano. Também faltou qualquer tipo de provas materiais. Este “detalhe” não impediu o juiz de ir além da pena exigida pelo representante da fiscalização. A pena preventiva proposta era de dois anos, com multa de 50.000 dinares, mas o juiz infligiu ao réu o castigo máximo previsto no Código Penal da Argélia pela violação do artigo 144.

Esse artigo, que poderia ser definido como a versão argelina da infame lei paquistanesa da blasfêmia, prevê condenações preventivas de até cinco anos de prisão para quem ofender o Profeta ou “os mensageiros de Deus”, e também para quem “denegrir os dogmas e preceitos do islã através de textos escritos, desenhos, declarações ou qualquer outro meio” (Compass).

A rigidez da condenação deixou a comunidade cristã da região boquiaberta. “Se eles começarem a aplicar a lei desse jeito, significa que não existe respeito pelo cristianismo”, declarou o diretor da EPA, Mustapha Krim, que teme o pior. “Muitos cristãos da Argélia vão parar na cadeia”, disse a Compass. “Se o simples fato de dar um CD para o vizinho vai custar cinco anos de cadeia, então é uma catástrofe”.

O advogado de Krimo, Mohamed Ben Belkacem, afirmou que a sentença foi inesperadamente dura, refletindo o preconceito do poder para com os cristãos. “Não esperávamos uma sentença dessas”, confessou a Compass. “O juiz castigou os cristãos, não só o acusado. Não havia provas, mas o tribunal não aceitou as circunstâncias atenuantes”, continuou o advogado, que lembrou que Krimo tinha “boas relações” com os vizinhos e que se proclamou inocente. “Meu cliente negou ter insultado o Profeta e não há nenhuma prova material que fundamente essa acusação”, destacou Ben Belkacem.

Existem especulações de que o tribunal tenha sido pressionado a condenar o cristão a uma pena exemplar. “O juiz teria eximido Krimo de todas as acusações, em circunstâncias normais, mas acho que recebeu ordens superiores para ser tão duro”, declarou um representante da EPA, citado pela organização International Christian Concern (28 de maio).

Para analistas, a sentença reflete uma nova postura do governo do presidente Abdelaziz Bouteflika (no poder desde 1999) contra as igrejas evangélicas. Simbólica para o clima instalado no país é a decisão do governador ou wali da província de Bejaia (ou Bugia), Ahmed Hammou Touhami, de ordenar o fechamento definitivo dos sete lugares de culto protestantes dessa província nordestina, dois dos quais na cidade de Cabilia.

Em declaração enviada à EPA em 22 de maio, o governador explicou sua decisão escrevendo que todas as igrejas da província eram ilegais por não estarem registradas pela autoridade, como obriga a lei nº 06-03 (ou 06-02 bis), conhecida como a Ordenança 06-03.

“Não somos contra o exercício de cultos diferentes do islã. Só convidamos as comunidades religiosas não muçulmanas a respeitar a lei”, defendeu-se o governador. “Pedimos que obedeçam à lei. Alguns fazem seus cultos em garagens” (Watan, 25 de maio).

Muito diferente é a versão proporcionada pela igreja protestante local. Segundo Mustapha Krim, “todas as medidas necessárias foram tomadas junto à Comissão Nacional dos Cultos e ao Ministério do Interior depois da promulgação da lei 06-03, para a regularização da nossa situação”. Ações que se mostraram inúteis, por causa de um “bloqueio” ministerial.

A norma, criada em 2006, é polêmica. Segundo estudiosos, ela gerou “uma zona cega em que o governo e a polícia têm margem para agir contra a igreja. Essa lei permite que o governo condene os crentes por sua fé ou por culto ilegal, mesmo com a constituição garantindo a liberdade religiosa” (Compass, 5 de outubro de 2010). Igualmente contundente é a opinião de Mustapha Krim, que confirma o uso instrumentalizado e até “inquisidor” da lei contra os cristãos (Watan, 25 de maio).

Para o advogado Ben Belkacem, “os cristãos vivem uma situação muito difícil na Argélia”. “São tolerados por motivos de política exterior, mas na realidade não têm nenhuma liberdade de culto, já que nenhuma associação é reconhecida, apesar dos muitos esforços”(Compass, 25 de maio).

Tampouco Watan tem dúvidas. “A intolerância oficial continua fazendo estragos” na Argélia, um país onde “ter o Evangelho ou bíblias converteu-se em crime com pena de cárcere”. O jornal acusa as autoridades de fazer o mesmo jogo dos integralistas e fundamentalistas, em particular da Frente Islâmica de Salvação (FIS).

Como recorda Compass, a Argélia conta hoje com mais de 99.000 cristãos, que representam menos de 0,3% da população, composta por 35,4 milhões de habitantes.

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A impressão que eu tenho é que- no fundo- eles não tem certeza de sua fé e tentam de todas as formas bloquear a evangelização.

Nossa comunidade possui uma casa missionária na Argélia onde fazemos um trabalho junto a estudantes estrangeiros.

Uma pessoa bem sucedida geralmente é alguém que vê uma oportunidade onde os outros vêem uma crise. Então, quem se atreveria a capitalizar com o iminente fim do mundo? Poderíamos chamá-los de “vendedores do Armagedon”. Existem dezenas de pregadores cristãos que vêem nas manchetes de hoje uma sinalização que o mundo se aproxima do seu último dia.

Alguns deles parecem passar o dia todo lendo reportagens em busca dos acontecimentos que, para eles,  se alinham com as profecias bíblicas. O desastre natural no Japão na semana passada é um bom exemplo disso. Outras catástrofes naturais, bem como agitação política dos países do Oriente Médio, a subida dos preços do petróleo e  as guerras civis, parecem ser seus assuntos prediletos. Nestes últimos meses parece que lugares como Egito, Líbia, Coreia do Norte e Arábia Saudita tem lhes oferecido material de sobra.

Os primeiros meses de 2011 está marcando a alta do mercado para os especialistas em prever o final dos tempos.
RaptureReady.com [Pronto pro Arrebatamento] é um site que tenta prever quanto tempo nos resta até  a volta de Cristo.  O mês passado registrou um recorde no número de acessos.

A editora evangélica Tyndale House começou a preparar o relançamento de sua série de maior sucesso, a versão romanceada de Apocalipse: “Deixados para Trás”. Seus 16 volumes apresentam uma minuciosa descrição de como seria o fim do mundo. Traduzida para diversas línguas, já vendeu mais de 65 milhões de cópias e inspirou três longa-metragens e dois jogos de vídeo game.

David Endrody, vice-presidente de vendas da Tyndale, explica que em breve sairão edições com novas capas, que usarão as notícias recentes. “Nós mudamos a contracapa para traçar um paralelo com eventos atuais”, esclarece Cheryl Kerwin, gerente de marketing da editora.  ”Também atualizamos nosso livro ‘À Beira do Apocalipse. O começo do fim‘ para refletir melhor o que está acontecendo no mundo de hoje”.

Tim LaHaye, autor da vários livros sobre o assunto, inclusive da série Deixados para Trás, explica que: “A Bíblia diz em Mateus 24 que um dos sinais dos últimos dias – entre as dores de parto – é o aumento da frequência e da intensidade dos tremores de terra”. Ele acredita ainda que está ajudando a esclarecer seus leitores, oferecendo respostas às dúvidas mais comuns.

Parece estar havendo uma explosão nas vendas de títulos sobre o assunto. É isso que ocorre, por exemplo, com Joel Rosenberg, que tornou-se um autor de sucesso depois de publicar The Twelft Iman [O 12° Imã], que narra de forma romanceada o cumprimento das profecias sobre a destruição de Israel.

A conferência ”Epicentro”, idealizada por Joel e que será realizada em Jerusalém dentro de dois meses já está totalmente esgotada. Esse tipo de “fervor apocalíptico” não era visto entre os pastores americanos desde os ataques de 11 de setembro de 2001. Dez anos atrás, alguns deles sugeriram que o evento era um precursor do retorno de Jesus à terra, que marcaria o fim do mundo. É bom lembrar que na virada do milênio passado, muitos diziam que o fator determinante seria o caos da tecnologia por causa do chamado “bug do milênio”.  Surgiram então livros, vídeos e diversas conferências para tratar dessas profecias, que não se cumpriram.

A aparente onipresença da internet também tem contribuído para a disseminação de pregadores e profetas que tem como obsessão explicar quando e como o fim virá.  Daniel Wojcik, professor da Universidade do Oregon é um pesquisador do assunto. Ele escreveu  The End of the World As We Know It: Faith, Fatalism, and Apocalypse in America [O fim do mundo que conhecemos: fé, fatalismo e o Apocalipse na América] e explica que as crenças populares sobre o final dos tempos sempre habitaram o imaginário popular.

Ele destaca o discurso do “profeta” Harold Camping , que previu e tem anunciado em outdoors pelos Estados Unidos que em 21 de maio de 2011, os cristãos serão levados para o céu e o mundo será destruído cinco meses depois. Mas Camping parece que não pretende lucrar com suas previsões, pois todo o material disponível em seu site pode ser baixado gratuitamente.

O sucesso de tudo que se refere a profecias sobre o fim não é exatamente um novidade. Outros tipos de profetas também ficaram famosos com esse tipo de previsão, como Nostradamus. Seus escritos enigmáticos são vendidos até hoje e eventualmente citados em meio a grandes crises mundiais.

John Hagee, pastor da mega igreja Cornerstone em San Antonio, Texas, usa seus sites para promover suas idéias e passou recentemente a oferecer um DVD chamado “Armagedon financeiro” por US $ 12 e está vendendo ingressos  para um seminário profético por US $ 10. Em uma de suas newsletters mais recentes ele escreve: ”Preparem-se! O planeta Terra está prestes a tornar-se o parque de diversão do Anticristo e da sua Nova Ordem Mundial. A igreja será arrebatada antes do Anticristo aparecer. Acredito que ele poderá se levantar na Europa a qualquer momento. Igreja, ore e prepare-se para subir”.

Embora a maioria desses pregadores utiliza como base de seus argumentos livros da Bíblia como Apocalipse e os profetas Isaías e Daniel, um grande  segmento dos cristãos salienta que o próprio Jesus advertiu que ninguém poderia saber quando o fim do mundo vai acontecer.

Mas existem até índices  como o do site RaptureReady.com, cujo “Arrebatamentômetro” mede 45 itens proféticos em escalas de 1 a 5. Desde a presença de “falsos cristos”, até a incidência de enchentes e terremotos, passando por crises financeiras, cada elemento é medido. O último índice divulgado (14/03/11) é de 180, não muito longe do recorde histórico de 182 (em 24/09/01). Segundo o site, o arrebatamento chegar quando o total for igual a 225.

Todd Strandberg fundou o site 24 anos atrás, quando os computadores tinham telas verde e a velocidade dos modens chegava apenas a 1200 baud. Em sua análise mais recente, ele afirma: “Nunca vi uma época em que tantas manchetes parecem ter sido arrancadas das páginas da Bíblia.”

Para quem domina o inglês existem também canais do Youtube com atualizações regulares de pastores e profetas que analisam as notícias do jornal e as páginas da Bíblia. Os mais populares no momento sã o Paul Begley (500 vídeos) e  William Tapley (187 vídeos). Em português há sites como Tempo Final, que inclui um canal de vídeo e vários livros e DVDs sobre o assunto. As recentes mortes misteriosas de animais, a suposta aparição de um dos cavaleiros do Apocalipse, o vazamento nuclear do Japão, está tudo lá, na pauta do dia.

Ao que parece devem ser acessados enquanto é tempo!

Fonte: Agência Pavanews

Artigo escrito pelo espanhol Rafael Navarro-Valls, catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Complutense de Madri e secretário-geral da Real Academia de Jurisprudência e Legislação da Espanha.

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Em rápida sucessão, o Senado espanhol (18 de janeiro) e o Parlamento Europeu (20 de janeiro) acabam de aprovar duas resoluções condenando os ataques no Egito, Nigéria, Filipinas, Chipre, Irã e Iraque contra as minorias cristãs. Anteriormente, a França já o tinha feito.

Explícita ou implicitamente, nessas declarações é rejeitada a instrumentalização da religião no conflito político, enquanto se faz uma vigorosa defesa da liberdade religiosa.

O que os redatores repelem – em minha opinião – é esta visão ingênua do estado de saúde dos direitos humanos, em que muitas vezes se toma a parte pelo todo: acreditar que, uma vez que o Ocidente tem um reconhecimento aceitável de direitos humanos, isso acontece em todos os lugares. Isto é o que está sendo chamado de “Síndrome de Internet”: a confortável ilusão de um mundo agradavelmente globalizado, que ignora que mais de metade dos habitantes da Terra desconhece as novas tecnologias.

Na verdade, o integrismo é uma sombra ameaçadora que se estende por grande parte do mundo, causando a erosão dos direitos humanos. Sua existência é tentacular, pois tem diversas versões. Há um integrismo supostamente religioso que, na verdade, é uma forma de fanatismo irreligioso. O fanático é irreligioso na medida em que recorre à violência, que uma visão razoável da religião rejeita e odeia. Por esta razão, as recentes condenações do Ocidente contra os ataques integristas aos cristãos do Oriente não podem ser interpretadas como formas de islamofobia, precisamente porque o que é rejeitado é a escura vertente política dos fanáticos, que costumam amparar-se em cortinas de fumaça supostamente religiosas.

Entende-se, assim, que 70 personalidades muçulmanas tenham publicado um manifesto com o expressivo título “Islã, ridicularizado pelos terroristas”. Refere-se explicitamente às “atrocidades cometidas em nome do Islã” contra os cristãos no Egito e no Iraque. Afirma que “estes assassinos não são do Islã e não representam em absoluto os muçulmanos”. Especificamente, rejeita o que eles veem como a invasão da própria identidade religiosa por parte de “falsários” que empunham a religião como uma arma destrutiva. O melhor teste para avaliar o grau de respeito aos direitos humanos é a liberdade religiosa. Daí que o alarme do Ocidente seja justo.

Mas, junto ao fundamentalismo supostamente religioso, existem outros mais subterrâneos, que costumam se expandir em áreas do Ocidente alegadamente respeitosas dos direitos humanos. Não me refiro tanto ao fundamentalismo de base freudiana, que dissolve a religião em ilusórias manifestações psíquicas, mas ao que Jorge Semprún chama de “fundamentalismo da purificação social”. Aquele que, mesmo no dia-a-dia tende a eliminar a disparidade, nas complexas relações entre consciência civil /consciência religiosa, decreta ditatorialmente que a segunda é apenas um resíduo em um horizonte agnóstico.

Uns e outros fanáticos – os do Oriente e os do Ocidente – são os mesmos que colocaram em circulação uma espécie de polícia mental, cujos agentes se dedicam a uma caça às bruxas, na qual a primeira vítima é sempre a liberdade. Como disse Holmes há muito tempo: “A mente do intolerante é como a pupila dos olhos: quanto mais luz recebe, mais se contrai”.

Corriere della Sera

Repensar de modo radical a separação entre Estado e Igreja para enfrentar o desafio com o Islã na modernidade. Os cristãos estão sob ataque. Tudo somado, o diálogo com os judeus funciona, mas com os muçulmanos as portas estão fechadas, as tensões prevalecem. Eis o motivo pelo qual deve ser posto em discussão o princípio da religião como assunto privado, defende  Daniel Marguerat. “Fiquemos atentos: somos vítimas da laicidade! Hoje, um político europeu frequentemente se envergonha a se proclamar cristão. Porém, o terreno neutro da política não existe”.

Entrevistamos Marguerat à sombra do crescente ataque contra os cristãos no Oriente Médio.

Professor de Novo Testamento da Universidade de Lausanne, pastor protestante, exegeta bíblico, autor de obras fundamentais sobre a Igreja das origens, aos 67 anos, ele é também um convicto defensor do diálogo inter-religioso. Mas de um diálogo, por assim dizer, “armado”, em que os cristãos não cheguem desarmados nos seus princípios identitários.

“Uma das poucas consequências positivas do crescimento do fundamentalismo entre os muçulmanos emigrados na Europa e das suas violências no Oriente Médio é que isso irá obrigar os herdeiros da tradição cristã a considerar com mais atenção suas próprias raízes religiosas. Devemos nos valorizar. Esquecemos, dentre muitas coisas, que, no seu nascimento, o cristianismo constituiu um ascensor de promoção social para o convertido: universalizava o conceito de cidadania grego, limitado só a poucos na cidade-Estado, revolucionava o privilégio exclusivista dos judeus, povo eleito, tornando-o acessível a qualquer um”.

Desse diálogo com os muçulmanos, porém, ele é o primeiro a se mostrar cético.

Marguerat é muitas vezes anfitrião das comunidades cristãs e dos governos no Oriente Médio. “Não fiquei admirado com os ataques contra os cristãos no Iraque. São inevitáveis e anunciados. Aqui, os grupos radicais agridem as igrejas na sua guerra contra a modernidade ocidental. Mas me tocou muito a bomba na Igreja no Egito. Eu havia estado presente ali recentemente para um ciclo de conferências”, diz.

A opinião é inapelável: trata-se de um atentado gravíssimo a um dos pilares de sustentação do Estado, parte integrante da identidade nacional egípcia. E uma tragédia que põe em dúvida a coexistência. A seu ver, nem na Europa é conhecida a força dos coptas. “O governo Mubarak busca a coexistência pacífica com o integralismo muçulmano, não quer tornar conhecido que os coptas representam entre 13% a 18% da população total. Deveriam ser muito mais presentes no governo e na política. Constituem a comunidade cristã mais importante do Oriente Médio. Todos motivos que deveriam alimentar o diálogo religioso. E, pelo contrário, são causas de atrito”.

A passagem da violência das ruas à incompreensão teológica é quase automática. Ele declara: “Do lado muçulmano, não vejo nenhuma abertura substancial. De fato, não estão dispostos a se colocar em discussão. Porque diálogo significa justamente isto: escutar o outro, expôr a própria identidade à crítica. Os dois únicos intelectuais que eu conheço que estão prontos a riscos desse tipo vivem em Paris: Ghaleb Bensheikh eMohammad Arkoun. A sua leitura exegética do Alcorão, incluindo a parte com as suras mais antigas, escrita em Meca, e a parte mais tardia da vida do Profeta emMedina, faz com que estejam empenhados em uma obra de historicização crítica. Defendem que o corpo de Meca é muito mais moderado do que o de Medina, em que os ataques contra judeus e cristãos são virulentos. Isso permite afirmar que, para buscar a harmonia com as outras religiões, é preciso valorizar algumas suras a despeito de outras”.

Uma operação que, destaca Marguerat, os expõe à possibilidade de serem agredidos pelos extremistas islâmicos, com o risco de perder a vida. “A verdade é que, no Islã, continua prevalecendo a leitura fundamentalista do Alcorão livro-revelação, indivisível, intocável, por ser palavra de Alá”. O resultado é que, embora a concepção muçulmana da divindade seja muito mais semelhante à judaica do que à cristã, desde o fim da Segunda Guerra Mundial e principalmente depois do Concílio Vaticano II, é o diálogo entre cristãos e judeus que decolou.

Os motivos? Dois em particular: o desejo de esclarecer as incompreensões depois das acusações contra a Igreja de ter favorecido o antissemitismo nazista e o fato de que, diferentemente da ênfase muçulmana no valor normativo do rito, judeus e cristãos são interessados pelo estudo dos textos formativos.

Os seus trabalhos mais recentes se inserem no debate sobre a identidade judaica de Cristo. Explica: “Jesus é um judeu que se dirige aos judeus. A sua pregação continua estando inteiramente no interior do Israel do seu tempo. Naqueles anos de fermento em toda a Palestina, havia outros pregadores e aspirantes a messias considerados pelos sacerdotes do Templo como bem mais heréticos do que ele. Jesus firma a sua condenação à morte por desejo dos fariseus quando insiste na questão da pureza, que, a seu ver, não é exterior, mas interior, alcançável por todos. Foi posto na cruz quando pregou a igualdade diante de Deus para todo o indivíduo do seu povo”.

A ruptura entre Igreja e Sinagoga chega, ao contrário, muito mais tarde, no final do século II, bem depois da pregação paulina. É então que os Padres da Igreja teorizam sobre a substituição da nova aliança à velha. Tudo isso para indicar como a reflexão teológica com o Islã continua em níveis primitivos. Nada a ver com as sutilezas do diálogo judaico-cristão.

Marguerat é muito claro: as rigidezes doutrinais e dogmáticas da parte muçulmana impedem a aproximação. “Um dos lugares comuns na relação entre as duas fés é que não havia necessidade de muitos aprofundamentos, já que Maomé aceitou o Antigo Testamento e os Evangelhos como parte integrante do processo de preparação ao advento do Islã. Abraão, Jacó, Moisés, até Jesus, nessa leitura, seriam todos profetas com a mesma dignidade. Na verdade, no Alcorão, o cristianismo é, sim, aceito, integrado, mas também distorcido, adoçado, privado das características principais. Jesus não seria filho de Deus e não lhe é reconhecido nem o fato de ter morrido na cruz”

A “Dove World Outreach Center” (Centro da Pomba de Ajuda ao Mundo, numa tradução livre), a igreja que prevê queimar 200 exemplares do Alcorão no sábado em Gainesville, Flórida, é um pequeno grupo integrista cristão composto por 50 membros.

A organização se apresenta em seu site (http://www.doveworld.org/) “como uma Igreja do Novo Testamento, baseada na Bíblia, a Palavra de Deus.

O site explica que a comunidade foi fundada em 1986 por um certo pastor Don na sala de sua casa em Gainesville, uma cidade do norte da Flórida com aproximadamente 115.000 habitantes.

As primeiras reuniões dos membros da comunidade foram realizadas na casa desse pastor e depois no hotel Holiday Inn e em um teatro dos arredores, sempre segundo o site. Os membros fundadores reuniram em seguida a soma de 150.000 dólares para comprar o terreno no qual foi edificado o templo no final dos anos 1980.

O pastor Don dirigiu a comunidade até sua morte, em 1996. Foi sucedido pelo pastor Terry Jones, que lidera o plano de queima do livro sagrado dos muçulmanos.

Jones havia fundado na Alemanha a “Comunidade Cristã de Colônia” nos anos 1980, e dirigiu ambas as comunidades até 2008, data em que se afastou do movimento alemão por “divergênsias”.

Sob a direção de Jones, o movimento se manteve em sua linha integrista, denunciando tanto o aborto quanto a homossexualidade e acusando o Islã de querer dominar o mundo.

O grupo prega em seu site que “os cristãos devem voltar à verdade e deixar de se esconder”. “Devemos nos levantar contra o pecado e chamar as pessoas ao arrependimento. O aborto é um homicídio. A homossexualidade é um pecado. Devemos chamar essas coisas do que são e anunciar ao mundo a verdadeira mensagem: Jesus é o caminho, a verdade e a vida”.

“Toda religião que recomende algo diferente desta verdade é diabólica. É por isso que nos levantamos contra o Islã, que afirma que Jesus não é o filho de Deus, negando a Ele o papel de Salvador e levando as pessoas direto para o inferno”, acrescenta.

O site promove um livro assinado pelo pastor Jones intitulado “O Islã é diabólico”, colocado a venda por 12,99 dólares.

Gustavo Solimeo

A propósito da construção da mesquita no Ground Zero, em Nova York

A construção de um centro islâmico, incluindo uma gigantesca mesquita, a alguns passos do chamado Ground Zero − local onde se erguiam as Torres Gêmeas do World Trade Center, destruídas no ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 − dividiu a opinião pública norte-americana.

Com efeito, muitos consideram a destruição das Torres Gêmeas como um novo Pearl Harbor e por isso vêem a construção da mega-mesquita no preciso local onde elas se erguiam como um desafio e uma provocação.

E assim o debate se acalora, com os indivíduos e os grupos tomando partido, nem sempre pelas mesmas motivações ou invocando os mesmos argumentos.

O acalorado debate local tornou-se regional, nacional, e agora está reverberando para além das fronteiras norte-americanas, sendo seguido em todo o mundo.

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Gary Isbell

Se em 7 de dezembro de 1944 – três anos após o ataque japonês a Pearl Arbor, data infame para nós – funcionários do governo do Havaí tivessem permitido que um grupo de japoneses erguesse um santuário xintoísta em Pearl Harbor, como teriam reagido os americanos de todo o país? Ora, não estamos vendo uma situação análoga em Manhattan, com o governo aprovando a construção de uma mega-mesquita de 100 milhões de dólares no local sagrado do Ground Zero?

De certa forma, a destruição das Torres Gêmeas no dia 11 setembro de 2001 foi um novo Pearl Harbor, e a naçãoamericana se viu confrontada com uma escolha: ou travar vigorosamente uma guerra defensiva e punitiva contra o novo inimigo da nação (o terrorismo islâmico), ou a perder a honra e a liberdade.

Ninguém nega que os terroristas que usaram dois aviões Jumbo e os seus passageiros como bombas para destruir os edifícios mais altos de Manhattan se consideravam muçulmanos envolvidos na jihad [“guerra santa”] contra os EUA.

No entanto, alega-se que esses 19 terroristas não eram representativos do Islã, mas tão-só “bandidos dementes” que agiram por conta própria. Como aponta Charles Krauthammer, colunista do “Washington Post”, isto é uma deliberada estupidez.

[1] Esses 19 assassinos representaram o golpe de lança islâmico no coração da América, e enquanto muitos dos muçulmanos, do total de um bilhão no mundo todo, não aplaudiram a ação, cerca de 7% deles o fizeram descontroladamente. O que dá aos terroristas 80 milhões de torcedores, um número não tão insignificante.

Esses são números que muitos bons americanos podem não conhecer. No entanto, eles sentem a dimensão, a capacidade e o ódio deste novo e cruel inimigo. Sua consciência instintiva do perigo não é fruto de preconceito ou intolerância. Pelo contrário, é uma expressão de amor à pátria, à fé e à família, bem como ao natural direito de auto-preservação. Essa consciência do perigo não atrapalha a percepção, antes a aguça.

Do Maine ao Havaí os americanos estão dando mostras desse conhecimento intuitivo na sua preocupação quanto aos planos de construção da mega-mesquita no Ground Zero. Seus instintos dizem-lhes que aqueles que favorecem a construção desta mesquita – mesmo os que o fazem com a melhor das intenções – estão equivocados.

Para esses americanos, as noções de patriotismo, sacrifício, heroísmo e sacralidade são violados com a tentativa de construção de uma mesquita de 13 andares perto do local em que 2.967 inocentes compatriotas foram mortos no ataque terrorista. Além disso, esses americanos tornam-se inquietos quando lêem que a construção dessa mesquita é apoiada pelo notório grupo terrorista Hamas.[2]

Aumenta-lhes o desconforto ouvir em reportagem da ABC News que Oz Sultan, porta-voz da mesquita do Ground Zero, recusou-se a excluir financiamentos por parte do Irã ou da Arábia Saudita para construir a estrutura de 100 milhões de dólares.[3]

Suas dúvidas crescem ainda mais quando lêem como a proposta de conciliação do governador de Nova York, David Paterson, e do Arcebispo Timothy Dolan, tentando convencer a Cordoba Initiative a construir a mesquita em algum outro lugar, foi rejeitada.[4]

Ficam perplexos ao ver que outros políticos parecem não poupar esforços para levar adiante o projeto, enquanto aqueles que desejam reconstruir a igreja Ortodoxa Grega de São Nicolau, destruída durante o ataque de 11 de Setembro, estão ainda atolados em burocracia, nove anos após a sua demolição.[5]

Por outro lado, eles se alegram e batem palmas ao ouvir a notícia de que os trabalhadores na construção de New York prometeram não construir a mega-mesquita do Ground Zero caso ela seja aprovada.[6]

No entanto, esses americanos são intimidados pelos patrocinadores da mesquita: “Vocês devem pôr de lado suas percepções, dúvidas e sentimentos. A Primeira Emenda [à Constituição Federal] garante aos muçulmanos da Cordoba Initiative o direito de construir essa mega-mesquita no Ground Zero”.

− “Será verdade?” − perguntam os norte-americanos preocupados. “É a Primeira Emenda assim tão absoluta que passa por cima de qualquer outra consideração?”

“Sim!” − dizem os primeiros. “Devagar!” − dizem os outros. E, assim, um acalorado debate local tornou-se regional, nacional, e agora está reverberando para além de nossas fronteiras, sendo seguido em todo o mundo. Em uma recente pesquisa da CNN, cerca de 70 por cento dos americanos se opõem à construção de uma mesquita no Ground Zero, mesmo à luz dos direitos da Primeira Emenda.

Adicionando um toque curioso ao debate, a ACLU [American Civil Liberties Union − Sindicato das Liberdades Civis Americanas] aplaudiu a decisão dos funcionários do governo de aprovar a construção da mesquita.[7] No entanto, a ACLU é conhecida por expulsar os presépios para fora das praças públicas.[8]

E assim o debate se acalora, com os indivíduos e os grupos tomando partido, nem sempre pelas mesmas motivações ou invocando os mesmos argumentos.

Por que este debate galvanizou tanto a nação?

É porque Ground Zero é um símbolo gravado a fogo na alma dos Estados Unidos. Um símbolo que ajuda os americanos a compreender melhor a essência do que aconteceu no dia 11 de setembro, assim como a nova realidade com que a nação se defronta. Um símbolo que evoca um grito do fundo da nossa alma: “Jamais esqueceremos!” Um símbolo que robustece a decisão da nação de derrotar a ameaça islâmica ao mundo livre.

E porque o Ground Zero é um símbolo da nação pela qual eles vivem e morrem, os americanos preocupados sabem que é um erro dos muçulmanos construir uma mesquita ali.

Eles sentem que seria profanar o nosso símbolo nacional. Eles sentem que os “Bin Ladens”, os “Zawahiris” e os “Ahmadinejads” do mundo − com os muitos milhões de islamitas radicais que os aplaudem em seu ódio da América − vão considerar uma mesquita muçulmana no Ground Zero como seu símbolo sobre o nosso, um símbolo da sua conquista e da nossa derrota. Eles sentem que a mega-mesquita será um triunfo de Al-Qaeda em sua guerra psicológica contra os EUA.

Os americanos preocupados sentem esse choque de símbolos na contenda e é por isso que eles estão determinados a fazer tudo o que puderem, legalmente e de forma pacífica, para evitar a construção da mesquita no local sagrado do Ground Zero.

Notas
1. Charles Krauthammer, “Myopia at Ground Zero” The Washington Post, Aug. 20, 2010, at http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/
article/2010/08/19/AR2010081904769.html?nav=hcmoduletmv [back]

2. Cf. S.A. Miller in Washington and Tom Topousis in New York, Hamas nod for Ground Zero mosque Terror group’s leader: ‘Have to build it’, Last Updated: 12:03 PM, August 16, 2010, Posted: 1:49 AM, August 16, 2010, http://www.nypost.com/p/news/local/manhattan
/hamas_nod_for_gz_mosque_cSohH9eha8sNZMTDz0VVPI#ixzz0xBdwkDPX. [back]

3. Cf. http://abcnews.go.com/print?id=11429998. [back]
4. Cf. Javier C. Hernandez, Archbishop Offers Mediation for Islamic Center, Published: August 18, 2010, http://www.nytimes.com/2010/08/19/nyregion/19dolan.html?ref=nyregion [back]

5. FoxNews.com, Decision Not to Rebuild Church Destroyed on 9/11 Surprises Greek Orthodox Leaders, Published August 18, 2010, at http://www.foxnews.com/politics/2010/08/18/leaders-disappointed-
government-declares-deal-rebuild-ground-zero-church-dead/ [back]

6. Samuel Goldsmith, “They won’t build it! Hardhats vow not to work on controversial mosque near Ground Zero” Aug. 20, 2010, at http://www.nydailynews.com/ny_local/2010/08/20/2010-08-20
_we_wont_build_it_hardhats_say_no_way_they_will_work_on_wtc_mosque.html [back]

7. “NYCLU And ACLU Applaud Approval Of NYC Islamic Cultural Center For Upholding Values Of Freedom And Tolerance” Aug. 3, 2010, at http://www.aclu.org/religion-belief/nyclu-and-aclu-applaud-approval-nyc-islamic-cultural-center-upholding-values-freedom [back]

8. http://www.timesleader.com/news/
ACLU_axes_nativity__menorah_12-17-2009.html?showAll=Y [back]

Everth Queiroz Oliveira

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“Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, muitas vezes é classificado como fundamentalismo”. A frase é do cardeal Joseph Ratzinger, em Missa pro Eligendo Romano Pontifice, no dia 18 de abril de 2005.

É assim que são classificados aqueles que desejam renunciar às suas vaidades para tomar a Cruz sob suas costas: fundamentalistas.

Essa palavra, em seu sentido original, faz alusão a uma forma errônea de leitura da Sagrada Escritura. O mesmo cardeal Ratzinger, antes de ser eleito papa, em entrevista concedida a Peter Seewald, explicou de maneira clara o significado dessa palavra: “A interpretação histórico-crítica da Bíblia, que tinha se desenvolvido depois do Iluminismo, retirou à Bíblia a evidência que tinha tido e tinha sido a condição do princípio protestante Só a Escritura. O princípio Só a Escritura, de repente, já não oferecia bases claras. Como faltava um magistério, significava uma ameaça mortal para essa comunidade na fé. Acrescentou-se a isso a teoria da evolução, que não punha apenas o relato da criação e a fé na criação em questão, mas que tornava Deus supérfluo. O ‘fundamento’ tinha desaparecido. A essa concepção opôs-se o princípio estrito da interpretação literal da Bíblia, segundo o qual o sentido literal era considerado imutável.” (O Sal da Terra, pp. 110-111; Imago, 2005).

Fundamentalismo bíblico nada tem a ver com catolicismo.

É certo que (para alguns) a leitura pessoal da Bíblia acabou conduzindo as pessoas a certo literalismo, mas definitivamente não é assim que a Igreja interpreta as Sagradas Escrituras. Não é de maneira fundamentalista – no sentido real do termo – que um católico deve se comportar.

Hoje, no entanto, a palavra fundamentalismo tomou um significado diferente.

Antes de começarmos a explicar o sentido dessa palavra hoje, partamos a um trecho do Evangelho de S. Lucas, no qual Nosso Senhor dá regras básicas de como segui-Lo. Suas palavras são fortes:

“Se alguém quiser vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me. Porque, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem sacrificar a sua vida por amor de mim, salvá-la-á.”

– Evangelho de São Lucas, 9, 23-24

Desse trecho retiramos muitíssimas conclusões. O próprio São Luís de Montfort escreveu um documento sobre esse trecho da Escritura. No entanto, o que interessa para a nossa reflexão nesse momento são os trechos destacados: “renegue-se a si mesmo” e “quem quiser sacrificar a sua vida por amor de mim, salvá-la-á”. Está mais do que claro que o Cristianismo é a religião do compromisso e da renúncia.

Compromisso porque o ato de “tomar cada dia sua cruz” exige um comprometimento total com a obra de Nosso Senhor; renúncia porque o homem que quer seguir a Cristo renega-se a si, i. é, renuncia a muitíssimos aspectos de seu comportamento. São Tiago, em sua carta, fala sobre esse mesmo assunto. Suas palavras também são duras: “Todo aquele que quer ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4, 4).

Então, exige-se do cristão uma tomada definitiva de decisão.

Não é isso, porém, o que se vê em nosso meio. Vivemos em um mundo de catolicismo self-service. Alguns valores pregados por Jesus, como, p. ex., o amor, são geralmente aceitos. Outros, no entanto, que envolvem renúncias, são totalmente deixados de lado. Em suma, o “renegue-se a si mesmo” não está sendo cumprido por aqueles que se dizem seguidores de Jesus Cristo.

Mas, muitos fazem mais que não seguir. Não se contentam em viver um “Cristianismo sem renúncias” – como se isso fosse realmente possível – e querem impor esse modo de vida aos cristãos que desejam tomar a Cruz de cada dia e seguir a Nosso Senhor.

Por isso, chamam os que querem ter uma fé clara, “segundo o Credo da Igreja”, de fundamentalistas.

Na verdade, esses cristãos que seguem os preceitos bíblicos, renunciam às suas vontades para dar lugar aos ensinamentos da Santa Igreja, não estão fazendo nada mais que sua obrigação. Como pessoas que se compromissaram a guardar a fé no Sacramento do Batismo, devem realmente vivenciar muitas renúncias. Devem ser, portanto, fiéis ao que diz o Cristo. Mas como o “normal” é acomodar-se, quem não se acomoda é classificado como fundamentalista, simplesmente porque faz o necessário.

Eis o significado que a palavra fundamentalismo tomou nos dias de hoje. Ela se tornou flecha que busca atingir os que seguem o Crucificado. Se tornou lema dos mornos, dos quais fala o Apocalipse: “Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te” (Ap 3, 15-16).

“Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, muitas vezes é classificado como fundamentalismo”. Aqueles que seguem

Não se pode generalizar de forma alguma essa notícia nem ela expressa  a realidade daquilo que os protestantes sinceros pregam de maneira geral.

Agora impressiona a falta de discernimento e a falta de simples bom senso. Do “pastor” e todos os envolvidos.

***
O “anúncio” de que o Espírito Santo precisaria de cinco mulheres para dar a luz a seus filhos foi o que motivou o pastor José Pedro Santos, de 60 anos, a abusar sexualmente de pelo menos cinco garotas na cidade de Pinheiro, no Maranhão. Das cinco vítimas do pastor, que são todas menores de idade, duas estão grávidas. A menina de 14 anos estaria no quarto mês de gestação, enquanto a de 15 anos estaria no oitavo.

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No entanto, em depoimento à polícia após ser preso, o pastor negou que tenha abusado das meninas. Segundo ele, as duas garotas que estão grávidas receberam um verdadeiro “milagre”.

Em entrevista à Rádio Mirante AM, a delegada da regional de Pinheiro, Laura Amélia Barbosa, explicou como funcionava este “milagre”. Segundo a delegada, o pastor dizia que, certo dia, um anjo apareceu diante de seus olhos e o comunicou que o Espírito Santo estava em busca de mulheres para conceber os “salvadores do mundo”.

E a história do pastor vai mais além. Após crescerem, estas cinco crianças se uniriam para destruir o “mundo dos pecadores” e construir um “novo mundo”. Tanto que, durante seu depoimento à polícia, José Pedro Santos garantiu que as meninas continuam virgens apesar de estarem grávidas.

– Ele disse que foi um anjo que apareceu para ele e anunciou que cinco meninas iriam engravidar. E esse anjo mostrou uma coroa de fogo com o rosto das meninas dizendo que elas iriam engravidar do Espírito Santo. E então ele atribuiu isso a um milagre. Ele diz que as meninas são virgens e que tudo é um milagre de Deus. E essas crianças quando nascerem vão destruir o mundo dos pecadores e construir um novo – disse a delegada.

A delegada Laura Amélia Barbosa revelou, ainda, que já começou a ouvir as duas meninas que estão grávidas.

Segundo ela, as garotas dizem que os filhos que esperam são frutos do Espírito Santo. Mas confirmam que mantiveram relação sexual com o pastor.

O pastor José Pedro Santos está na Delegacia Regional de Pinheiro. A delegada pediu prisão preventiva de 30 dias para ele.

G Notícias.

Entrevista com Dom Henri Teissier, arcebispo emérito de Argel

Há países em que a amizade entre cristãos e muçulmanos pode nascer já nas carteiras das escolas. Este é o caso da Argélia, narrado por Dom Henri Teissier, que exerceu o cargo de arcebispo de Argel de 1998 a 2008.

Apóstolo da amizade em terras muçulmanas, Dom Teissier é testemunha por excelência da história deste Estado do Magreb. Ordenado pela diocese de Argel em 1955, o prelado, originário de Lion, na França, viveu na própria pele o capítulo obscuro da Guerra de Independência Argelina bem como os de seus primeiros anos de república, transpassada por intrigas político-militares que levaram muitos a abraçar a causa fundamentalista, precipitando o jovem país em uma brutal guerra civil.

Presente no encontro anual do comitê científico da Fundação Oasis – criada em 2004 pelo Patriarca de Veneza, cardeal Angelo Scola -, que se desenvolveu nos dias 21 e 22 de junho, em Jounieh, próximo à capital libanesa, o prelado concedeu uma breve entrevista na qual dedicou algumas reflexões sobre o tema dos trabalhos desenvolvidos nestes dois dias: “A Educação entre fé e cultura. Experiências cristãs e muçulmanas em diálogo”.

Quais as reflexões suscitadas pelo tema deste encontro?

Dom Henri Teissier: Tivemos a oportunidade de visitar a escola mantida pelas irmãs de Baalbek, que conta com mil alunos, dos quais 100 são cristãos e 900, muçulmanos. Contam ainda com 70 professores, 5 deles cristãos e os demais muçulmanos. Este é um claro exemplo do nosso comprometimento, no âmbito educacional, na colaboração que envolve diferenças de fé e de cultura, pois há, entre estes estudantes, crianças cristãs, sunitas e xiitas. Cada um destes grupos tem suas próprias referências religiosas e tradições.

Qual é a situação das escolas católicas na Argélia?

Dom Henri Teissier: Tivemos escolas que desempenharam um papel importante nas relações entre cristãos e muçulmanos, especialmente as escolas dos Padres Brancos e das Irmãs Brancas. A partir da independência do país, em 1962, todas as nossas escolas foram nacionalizadas. Ao final dos anos 70, contávamos com 45 mil alunos, e muitos pais ainda se lembram com emoção do que ocorreu com nossas instituições de ensino; estas foram, de fato, nacionalizadas, mas hoje temos outros tipos de colaborações no âmbito educacional.

Há hoje na Argélia uma divisão entre muçulmanos abertos ao diálogo e aqueles que o rejeitam?

Dom Henri Teissier: Naturalmente, há diferentes correntes, mas, no que se refere à educação, darei um exemplo: temos um revista, dedicada ao público feminino, já com 22 anos de existência, criada em conjunto por mulheres cristãs e muçulmanas que trabalham juntas na redação, distribuída pela Cruz Vermelha da Argélia. Um fato como este demonstra que, nesta terra, há confiança suficiente para que seja possível articular ações de formação de meninas e mulheres em nível nacional.

Quais são suas reflexões a respeito do Instrumentum laboris para o próximo Sínodo especial para o Oriente Médio?

Dom Henri Teissier: No norte da África, acolhemos com grande alegria a notícia de que o Santo Padre havia decidido nos reunir. Já havíamos participado do Sínodo africano, em outubro passado. Tratava-se do segundo Sínodo para a África, e conhecíamos todos os temas comuns com as Igrejas da África Subsaariana. Pareceu-me apropriado que a Igreja buscasse também avaliar os problemas específicos vividos pelos cristãos no mundo árabe, a começar pelo Oriente Médio. E também nós, cristãos do Magreb, fomos convidados a participar.

Um radical religioso que há muitos anos destrói as imagens católicas nas igrejas de Teresina voltou a atacar na madrugada de ontem. Ele arrombou o teto da Igreja de São José Operário, na zona Norte de Teresina e só saiu depois que destruiu a imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Ontem, dia de novena na igreja quando os fiéis chegaram tiveram o maior choque ao ver o quadro com a imagem, destruídos.

A revolta era ainda maior porque a imagem, que foi trazida de Roma em 1959, ano de fundação da igreja, era a principal peça de veneração dos católicos e havia passado por uma minuciosa reforma no ano passado quando foi comemorado os 50 anos do novenário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

“Isto é um radicalismo religioso, uma intolerância para com os símbolos do catolicismo, um ato brutal e o acusado deve ser preso para pagar pelo que fez”, disse o padre Eridiam Gonçalves, da paróquia da Vila Operária, um dos bairros mais tradicionais onde a igreja fica situada.

Durante todo o dia quando ocorreram mais de 10 novenas e algumas missas, os fiéis que chegaram e viam a situação da imagem, lamentaram muito o ocorrido e alguns chegaram a chorar. Às terças-feiras, mais de mil pessoas comparecem às novenas.
Por volta das 9 horas o padre Alano Noel Glyin, o responsável direto pela igreja, esteve na Delegacia do 2º Distrito Policial(Primavera) onde registrou uma queixa. Uma equipe de peritos foi até o local e o caso deverá ser apurado através de inquérito policial.

O acusado se aproveitou da chuva da madrugada e como se fosse um ladrão, adentrou o templo pelo teto. Ele subiu na caixa de um ar condicionado e conseguiu chegar ao telhado da parte mais baixa da igreja. Em seguida ele destelhou o imóvel até ver o forro que foi quebrado para que pudesse descer e atacar a imagem que estava próxima ao altar.

A imagem destruída apresentava as mesmas características das outras já danificadas em outras igrejas da Capital. Ou seja, o radical religioso parece sentir um prazer infinito ao destruir os rostos dos santos católicos. Por causa destes ataques, algumas igrejas já estão providenciando grades e cadeados para protegerem os seus santos.

***

Parece-me um caso isolado, mas preocupante. A liberdade religiosa é um preceito constitucional e deve ser respeitado por todos, inclusive por nós católicos que somos a maioria no Brasil.

A agressão em nada ajuda e o efeito é contrário do que supostamente se quer atingir. Se for aquela velha ladainha de que nós católicos somos” idólatras” é realmente muita falta do que fazer além de ignorância religiosa do mais alto grau.

Autor de caricatura de Maomé atacado por fundamentalista

Mais do que apenas a liberdade de expressão, choca-se visões do mundo absolutamente antagônicas..

***

Desenhador Kurt Westergaard, um dos 12 cartonistas perseguidos desde 2006, escapou por pouco a tentativa de homicídio.

Kurt Westergaard, um dos autores dos polémicos cartoons sobre Maomé que causaram uma crise política em 2006, foi ontem alvo de uma tentativa de assassínio, na sua residência, perto de Aarhus, na Dinamarca. Westergaard, de 74 anos, tem sido alvo de ameaças e modificou a casa, criando uma sala de segurança que, neste caso, lhe salvou a vida.

O intruso foi um somali de 28 anos, que está hospitalizado, após ser ferido por um agente da polícia. Segundo os serviços de informação dinamarqueses, este homem tem ligações ao al-Shabab, organização fundamentalista que controla parte substancial da Somália e que, por sua vez, está ligada à Al-Qaeda na África Oriental.

O atentado ocorreu ao final da noite de sexta-feira para ontem e na casa estavam o desenhador e a sua neta de cinco anos. O agressor entrou na residência armado de um machado e uma faca, a gritar “sangue” e “vingança” num dinamarquês deficiente. Westergaard refugiou-se na casa de banho adaptada, onde mantém um botão com ligação à polícia.

O agressor tentou destruir a porta, mas os agentes chegaram em dois minutos. Durante a tentativa de prisão, o homem atacou um polícia e foi ferido com dois tiros (joelho e mão). Entretanto operado, o agressor está livre de perigo. “Foi horrível”, explicou o cartonista na edição online do seu jornal, o Jyllands-Posten. “O importante é que tive o reflexo de pensar e de me colocar em segurança. Mas escapei por pouco, verdadeiramente por pouco”, disse.

O suspeito vivia legalmente na Dinamarca, mas encontrava-se sob vigilância dos serviços secretos. Não se sabe se agiu sozinho. As autoridades vão acusá-lo de tentativa de homicídio de Kurt Westergaard e de um agente da polícia.

Segundo o chefe dos serviços secretos dinamarqueses, Jakob Scharf, o caso está a ser levado “muito a sério”, pois demonstra que a “ameaça do terror” está também dirigida à Dinamarca. Em Outubro, a polícia americana prendeu em Chicago dois homens suspeitos de preparar um atentado contra o Jyllands-Posten, que publicou os desenhos, incluindo o de Westergaard, em 2005. Em 2008, foram presos dois tunisinos acusados de pretenderem matar o desenhador.

Diário de Noticias, Lisboa

Entenda o caso lendo a cronologia abaixo..

Confira a cronologia da crise deflagrada pela publicação, há mais de quatro anos, das caricaturas do profeta Maomé:

O inicio de tudo foram as charges publicadas no dia -30 de setembro,2005:

O jornal conservador Jyllands-Posten, o de maior tiragem da imprensa dinamarquesa, publica 12 caricaturas com o título de “As faces de Maomé”. Os representantes da comunidade muçulmana na Dinamarca exigem a retirada das charges e um pedido de desculpas oficial.

– 12 de outubro de 2005: O redator-chefe do Jyllands-Posten afirma ter recebido ameaças de morte.

– 14 de outubro de 2005: Milhares de pessoas gritam “Alá é grande e Maomé é o seu profeta” em uma manifestação em Copenhague.

– 20 de outubro de 2005: Onze embaixadores de países muçulmanos na Dinamarca protestam contra a publicação das caricaturas. O primeiro-ministro, Anders Fogh Rasmussen, se nega a recebê-los.

– 29 de dezembro de 2005: Os ministros árabes das Relações Exteriores reunidos na sede da Liga Árabe, no Cairo, “rejeitam e condenam este ataque contra a santidade das religiões, dos profetas e dos nobres valores do Islã”.

– 5 de janeiro de 2006: Dinamarca e Liga Árabe decidem distribuir nos países árabes uma carta do primeiro-ministro dinamarquês que, embora defenda a liberdade de expressão, condena “toda ação ou declaração que trate de demonizar determinados grupos devido à sua religião ou etnia”.

– 10 de janeiro de 2006: A revista cristã norueguesa Magazinet publica as caricaturas em nome da “liberdade de expressão”, com a autorização do Jyllands-Posten.

– 21 de janeiro de 2006: A União Internacional de Ulemás Muçulmanos ameaça no Cairo incitar “milhões de muçulmanos do mundo a boicotar os produtos e as atividades dinamarquesas e norueguesas”.

– 26 de janeiro de 2006: Arábia Saudita decide pelo retorno de seu embaixador em Copenhague para consultas. A empresa de lacticínios sueco-dinamarquesa Arla Foods começa a sofrer os efeitos do boicote na Arábia Saudita, que rapidamente se estende para Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Jordânia e para a região do Magreb.

– 30 de janeiro de 2006: Os países escandinavos anunciam medidas para proteger seus cidadãos residentes no Oriente Médio. O Jyllands-Posten pede desculpas aos muçulmanos ofendidos pelas caricaturas, em uma carta à agência jordaniana Petra.

– 31 de janeiro de 2006: A Magazinet pede desculpas para aqueles que ficaram ofendidos com a sua iniciativa. Os ministros do Interior dos países árabes, reunidos em Túnis, pedem ao governo dinamarquês que “puna com firmeza” os autores das caricaturas.

– 1º de fevereiro de 2006: Vários jornais europeus publicam as caricaturas em nome da liberdade de imprensa.

– 4 de fevereiro de 2006: As embaixadas da Dinamarca e da Noruega em Damasco são incendiadas.

– 5 de fevereiro de 2006: Os protestos violentos contra as caricaturas se estendem pelo mundo árabe.

– 6 de fevereiro de 2006: Três manifestantes afegãos são mortos a tiros durante as manifestações de protesto em Mihtarlam (Afeganistão) e Cabul contra as caricaturas. Na Somália, morre outro manifestante e várias pessoas são feridas em Bossaso (nordeste do país) durante um confronto com as forças de segurança. Centenas de iranianos atacam as embaixadas da Dinamarca e da Áustria em Teerã, ao mesmo tempo em que a República Islâmica decide suspender seus intercâmbios comerciais com os dinamarqueses.

Os chefes de redação dos dois jornais jordanianos detidos em 4 de fevereiro por terem publicado as caricaturas, e posteriormente libertados, voltam a ser presos em Amã.

– 7 de fevereiro de 2006: Quatro manifestantes afegãos morrem durante o ataque a um campo da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) no Afeganistão administrado pelo exército norueguês em Maimana, no norte do país.

Um turco de 16 anos é detido pelo assassinato, no dia 5, de um padre católico italiano em Trabzon, nordeste da Turquia. O canal NTV assegura que o jovem confessou ter matado o padre por causa das caricaturas.

– 8 de fevereiro de 2006: Quatro afegãos são mortos no sul do país em conflitos com a polícia.

A secretária de Estado americana Condoleezza Rice acusa a Síria e o Irã de terem “feito tudo para incitar a opinião”.

O presidente francês Jacques Chirac condena “as provocações manifestas” depois da publicação das caricaturas pela revista satírica Charlie Hebdo.

– 9 de fevereiro de 2006: O Jyllands Posten apresenta “desculpas” “pelo grande mal entendido gerado pela publicação das caricaturas”. O responsável pelas páginas culturais ganha férias por tempo indeterminado.

Centenas de sites dinamarqueses são alvo de ataques informáticos.

– 10 de fevereiro de 2006: O Magazinet pede desculpas novamente, o Conselho Islâmico Norueguês diz estar satisfeito.

Coquetéis molotov são lançados contra a embaixada da França em Teerã.

– 10/11 de fevereiro de 2006: A Dinamarca fecha suas embaixadas na Síria, no Irã e na Indonésia.

– 11 de fevereiro de 2006: Dezenas de milhares de muçulmanos se manifestam na Europa.

– 14 de fevereiro de 2006: Dois manifestantes são mortos no Paquistão ao tentar incendiar um banco. Vários restaurantes de franquia americana são incendiados.

– 15 de fevereiro de 2006: Três manifestantes são mortos no Paquistão, entre eles uma criança de 8 anos, em manifestações antiamericanas.

– 21 de julho de 2006: A Grande Mesquita de Paris processa Philippe Val, diretor de publicação do Charlie Hebdo, por injúria pública contra um grupo de pessoas por causa de sua religião.

– 8 de outubro de 2007: Jornalistas argelinos da TV pública processados pela divulgação das caricaturas são libertados.

– 12 de fevereiro de 2008: A polícia dinamarquesa anuncia a detenção de várias pessoas suspeitas de planejar um atentado contra um dos 12 cartunistas do Jyllands-Posten.

– 13 de fevereiro de 2008: Em nome da liberdade de expressão, 17 jornalistas dinamarqueses publicam uma caricatura de Maomé desenhada pelo cartunista alvo do atentado da véspera.

– 20 de março de 2008: Osama bin Laden adverte a Europa que ela deverá “prestar contas” pelas caricaturas de Maomé.

– 27 de março de 2008: Geert Wilders, deputado holandês de extrema-direita, divulga na internet um filme que mescla terrorismo e Islã para mostrar a “natureza fascista” do Corão.

– 6 de abril de 2008: Dezenas de milhares de pessoas protestam em Karachi (sul do Paquistão) para protestar contra o filme de Wilders e as caricaturas de Maomé.

– 2 de junho de 2008: Pelo menos oito pessoas morrem em um atentado suicida contra a embaixada da Dinamarca no Paquistão.

– 1 de janeiro de 2010: Kurt Westengaard, um dos autores das caricaturas de Maomé, é atacado por um somali de 28 anos armado com um machado e uma faca em sua casa de Viby, ao sul de Aarhus (oeste da Dinamarca). Ele consegue se trancar no banheiro e chamar a polícia, que atira duas vezes no agressor.

– 2 de janeiro de 2010: O agressor é indiciado formalmente pela justiça dinamarquesa por dupla tentativa de homicídio, sobre o cartunista e um policial que tentava detê-lo.