Autor do artigo: Vanessa Vallejo

Recentemente, um amigo que trabalha com o governo dos Estados Unidos atendendo emergências de saúde mental, me disse que, dos casos que já tratou, um dos mais comuns é o de mulheres com mais de 40 anos com depressão, porque estão sozinhas e não têm família.

Essa conversa me lembrou os longos papos que tive com um psicólogo colombiano que me disse que chega um momento em que as mulheres começam a privilegiar uma vida familiar mais bem-sucedida do que o sucesso no trabalho, mas que, infelizmente, às vezes esse momento chega tarde demais, quando não há tempo para começar uma família.

Embora as intelectuais do feminismo insistam em dizer que não é necessário ter um homem ou uma família para serem felizes, e as mais radicais inclusive garantem que o ‘casamento e os filhos escravizem as mulheres, impedindo-as de serem livres e alcançar a felicidade, na vida real’, suas teorias não parecem funcionar.

Quanta razão tinha Ludwig von Mises quando falou sobre a importância do casamento e da família para uma mulher:

“Não se pode alterar por decreto as diferenças de caráter e destino de cada sexo, bem como as outras diferenças entre os seres humanos (…) O casamento não priva as mulheres de sua liberdade interior, mas essa característica de seu caráter significa que elas precisam entregar-se a um homem e que o amor pelo marido e pelos filhos consome o melhor de suas energias. (…) Com a supressão do casamento, as mulheres não são mais livres ou felizes, são simplesmente privadas do que é substancial em suas vidas, sem dar-lhes nada em troca.”

Historicamente, as mulheres sempre exerceram o papel de cuidadoras. Ainda hoje, quando uma mulher pode estudar o que quiser e se dedicar à profissão que deseja, continuam decidindo de acordo com sua natureza, preferindo ciências sociais e evitando números. Nada disso é gratuito, somos mais hábeis em comunicar e ouvir, temos mais empatia.

Também o tipo de trabalho que as mulheres decidem ter é fortemente determinado pela biologia e pelo instinto materno. Muitos optam por deixar o emprego por longos períodos, ocupar cargos de meio período ou trabalhar em atividades que possam desenvolver em suas casas, porque seu instinto materno as faz privilegiar estar com seus filhos antes de qualquer outra coisa. Porque elas sabem que ninguém vai cuidar deles melhor do que elas.

Não há mulher que não conheça os sacrifícios de ser mãe; no entanto, mesmo assim, todas as mães preferem deixar suas coisas em segundo lugar para dar vida e formar uma família.

A força biológica que faz as mulheres se comoverem cada vez que veem uma criança na rua, o instinto que as faz se preocuparem em ter certa idade porque ficam sem tempo para ter o bebê com o qual sonhavam desde que eram meninas brincando com bonecas, e que as empurram a deixar de lado suas carreiras, ocupações e outros sonhos, nada mais e nada menos que a força que, ao longo da história da humanidade, influenciou o comportamento das mulheres, é a que quer negar o feminismo.

Esses movimentos, com supostos intelectuais que pretendem libertar as mulheres, as convenceram sobre muitas coisas completamente não naturais. Eles dizem que uma criança não é a maior felicidade da vida, mas um estorvo que impede a autorrealização. Eles transformaram a figura do marido, o ser mais amado, a quem se dedica toda a confiança, que é refúgio e fortaleza, em um inimigo. E sem nenhuma vergonha, eles ousaram afirmar que o lar é o lugar mais perigoso para uma mulher.

Eles até convenceram muitas mulheres de que matar seus próprios filhos é bom, que um aborto é como arrancar um dente.

Hoje, existem muitas mulheres que veem sua vida como uma competição contínua com os homens. O cônjuge deixou de ser um parceiro para o qual são feitos sacrifícios mútuos a fim de alcançar objetivos comuns e tornou-se um ser com o qual se deve ter cuidado porque “todos os homens são potencialmente perigosos” e, no final, esses intelectuais acabam apenas roubando das mulheres seus melhores anos.

Hoje, muitas jovens têm em mente que uma criança é uma desgraça e, na melhor das hipóteses, acreditam que não podem ter uma família até que tenham feito um pós-doutorado e sejam milionárias.

Por que desperdiçar a vida fazendo sacrifícios por outra pessoa e adaptando meus planos aos de um homem? Por que cuidar de crianças quando você pode sair e conquistar o mundo? Por que se esforçar para construir relacionamentos longos, compreendendo o outro, perdoando e cedendo, se existe sexo casual? Essa é a ideia que eles venderam para as jovens hoje.

Só que, inevitavelmente, para a maioria chegará o momento em que necessitará do calor de um lar e da esperança que uma criança traz à vida. Algumas se dão conta a tempo, para outras, será tarde demais quando acordarem das fantasias da suposta libertação que os pós-modernistas lhes venderam.

Pode haver mulheres que conscientemente – por diferentes razões – não querem ter filhos ou formar um lar. Também está claro que existem mulheres que, devido às circunstâncias da vida, não podiam ter filhos ou constituir família, e ainda assim foram felizes. Mas o caso é diferente daquela que, acreditando em histórias feministas, ao longo de sua vida vê os homens como um perigo potencial e a maternidade como um obstáculo.

Essas jovens, envenenadas pelas novas teorias, terão evitado formar uma família, porque lhes disseram que não valia a pena fazer sacrifícios por outra pessoa, que “ceder” em um relacionamento era humilhar-se diante de um homem, acreditando que ser feliz era apenas uma questão de ter um bom trabalho, e um dia, quando a solidão explodir em seus rostos, elas perceberão que mentiram para elas e que passaram anos “se defendendo” de um suposto inimigo que não existia. Que passaram anos evitando a questão mais importante da vida: a família.

Elas nem sequer tentaram – diferente é a situação daquelas que, por razões de vida, falharam em formar uma família. Falamos de mulheres que veem o homem como um inimigo e que acreditaram nessas ideias absurdas de que a liberdade é não se comprometer e não ter filhos.

Intelectuais feministas que afirmam conhecer a fórmula para que as mulheres sejam felizes estão formando gerações de meninas que chegarão aos 40 anos, talvez com uma vida profissional bem-sucedida, mas acordando para a realidade da solidão e percebendo que, por terem acreditado em falsas teorias de libertação e empoderamento, negaram a si mesmas a oportunidade de viver facetas fundamentais na vida de uma mulher: ser esposa e mãe.

Esta matéria foi originalmente publicada em PanAm Post

Uma nova crítica ao filme “Dois Papas” foi feita, desta vez, pelo Bispo Auxiliar de Los Angeles, Dom Robert Barron, que assegura que há tanto “desequilíbrio” na representação dos protagonistas, que “prejudica fatalmente” o filme.

“The Two Popes” (Dois Papas), que estreou na Netflix em 2019, centra-se em encontros imaginários entre o Papa Bento XVI e o Cardeal Jorge Mario Bergoglio no período entre os conclaves de 2005 e 2013. No filme, Bento XVI é interpretado por Anthony Hopkins e o Cardeal Bergoglio, o futuro Papa Francisco, por Jonathan Pryce.

“O novo filme da Netflix, The Two Popes, deveria se chamar The One Pope (O único Papa), por direito, já que apresenta um retrato bastante matizado, texturizado e compreensivo de Jorge Mario Bergoglio (Papa Francisco) e uma caricatura completa de Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI). Esse desequilíbrio prejudica fatalmente o filme, cujo objetivo, ao que parece, é mostrar que o velho Bento, mal humorado e legalista, encontra seu rumo espiritual através do ministério de Francisco amigável e progressivo”, escreveu Dom Barron em uma coluna de opinião intitulada “The One Pope”, publicada em 2 de janeiro no site ‘Word on Fire’.

O Prelado explica que, na forma como o filme é narrado, “viola as duas figuras e converte o que poderia ter sido um estudo de caráter extremamente interessante em uma apologia previsível e tediosa do cineasta sobre o catolicismo”.

ALERTA DE SPOILERS

Dom Barron comenta em sua coluna que fica claro “que estamos lidando com uma caricatura de Ratzinger” quando “apresenta-se o Cardeal bávaro como um ambicioso que faz complô para assegurar a sua eleição como Papa em 2005”.

“Em pelo menos três ocasiões, o verdadeiro Cardeal Ratzinger implorou a João Paulo II que lhe permitisse se aposentar de seu cargo de Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e se dedicar a uma vida de estudo e oração. Ele só ficou porque João Paulo rejeitou categoricamente os seus pedidos. E em 2005, após a morte de João Paulo II, até os opositores ideológicos de Ratzinger admitiram que o Cardeal, então com 78 anos, não queria mais nada além de retornar à Baviera e escrever sua cristologia”, esclareceu o Bispo Auxiliar de Los Angeles.

Outra cena criticada pelo Prelado é a que representa uma reunião imaginária entre o Papa Bento e o Cardeal Bergoglio nos jardins de Castel Gandolfo.

Nesta reunião, “o velho papa se dirige ao seu colega argentino franzindo a testa, criticando amargamente a teologia do Cardeal”, disse Dom Barron.

“Mais uma vez, inclusive os difamadores de Joseph Ratzinger admitem que o ‘rottweiler de Deus’ é de fato invariavelmente amável, de voz suave e gentil em seus tratos com os demais. O ideólogo dos latidos é, novamente, uma caricatura conveniente, mas nem sequer próxima ao verdadeiro Ratzinger”, esclarece.

Segundo Dom Barron, a mais grave descaracterização ocorre no final do filme “quando um Bento desanimado, determinado a renunciar ao papado, admite que havia deixado de ouvir a voz de Deus e que havia começado a escutá-la novamente através de sua nova amizade com o Cardeal Bergoglio”.

O Prelado sustenta que seu comentário não significa “um falta de respeito” ao Papa Francisco, mas que lhe parece “absurdo”, considerando que Bento XVI é “um dos católicos mais inteligentes e espiritualmente alertas dos últimos cem anos”.

“Do começo ao fim de sua carreira, Ratzinger/Bento produziu algumas das teologias espiritualmente mais luminosas da grande tradição. Sim, é evidente que em 2012 estava cansado e fisicamente doente e que se sentia incapaz de governar o grande aparato da Igreja Católica; mas de nenhuma maneira estava espiritualmente perdido. Mais uma vez, poderia ser uma fantasia para alguns de esquerda que os ‘conservadores’ ocultem sua falência espiritual por trás de uma aparência de regras e autoritarismo, mas seria muito difícil aplicar essa hermenêutica a Joseph Ratzinger”, afirmou o Bispo Barron.

Por outro lado, reconhece que as melhores partes deste filme são as memórias das etapas passadas ​​na vida de Jorge Mario Bergoglio, que “lança uma luz considerável sobre o desenvolvimento psicológico e espiritual do futuro Papa”.

“A cena que representa seu poderoso encontro com um confessor que morre de câncer é particularmente comovente, e o tratamento intransigente de suas relações com dois sacerdotes jesuítas sob sua autoridade durante a ‘Guerra Suja’ na Argentina explica em grande parte seu compromisso com os pobres e uma forma de vida simples”, assegurou o Bispo Auxiliar de Los Angeles.

Em outro ponto, Dom Barron opina que o que teria melhorado “infinitamente” o filme “seria um tratamento semelhante em relação a Joseph Ratzinger”.

“Se pelo menos tivéssemos uma lembrança do menino de dezesseis anos de uma família ferozmente antinazista, pressionado pelo serviço militar nos últimos dias do Terceiro Reich, entenderíamos mais a fundo a profunda suspeita de Ratzinger das utopias seculares/totalitárias e cultos da personalidade. Se pelo menos tivéssemos uma lembrança do jovem sacerdote, Peritus (especialista em teologia) para o Cardeal Frings, diante da facção liberal no Vaticano II e ansioso por abandonar o conservadorismo pré-conciliar, teríamos entendido que não era um guardião ingênuo do status quo”, descreve.

Além disso, Dom Barron também acha que faltou pelo menos “um flashback com o professor de Tubingen, escandalizado por um extremismo pós-conciliar”, com o qual seria possível entender “sua reticência em relação aos programas que advogam a mudança apenas pela mudança”.

“Se ao menos tivéssemos uma memória do Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé que compôs um documento matizado, tanto crítico como profundamente agradecido pela Teologia da Libertação, poderíamos ter entendido que o Papa Bento não era indiferente à difícil situação dos pobres”, acrescentou.

Por fim, Dom Barron destaca que um tratamento como o explicado “teria feito um filme muito mais longo, mas quem se importa?”.

“Eu estive disposto a passar três horas e meia tediosas de The Irishman (Irlandês). Eu teria gostado de ver quatro horas de um filme que fosse tão honesto e perspicaz sobre Joseph Ratzinger como o foi sobre Jorge Mario Bergoglio. Teria sido não apenas para um fascinante estudo psicológico, mas também para um olhar esclarecedor sobre duas perspectivas eclesiais diferentes mas profundamente complementares. Em troca, tivemos mais de uma caricatura”, concluiu Dom Barron.

Em seu livro My Body Doesn’t Belong to You, Marianne Durano, professora de filosofia e mãe de dois filhos, denuncia a violência tecnológica e médica sofrida pelas mulheres de nossa época.

Ela discute tópicos importantes, como práticas ginecológicas abusivas, pílula contraceptiva, gravidez vista como uma doença, locais de trabalho inadequados, tecnologia reprodutiva assistida e barriga de aluguel.

Mas este livro não é apenas um inventário de todas as intervenções tecnológicas atuais que alienam uma mulher de seu corpo. Por meio de seu testemunho pessoal como mulher e mãe, Marianne Durano propõe maneiras de ajudar as mulheres a recuperar seus corpos, nos contextos pessoal, social e político. Essas propostas, fundamentadas em um pensamento filosófico sólido, são a verdadeira força do livro.

Como podemos valorizar o corpo feminino em uma sociedade que busca negar suas características específicas? A resposta de Marianne Durano é simples: deixando de ver uma mulher como um homem mais fraco. No último capítulo de seu livro, a autora explica como nossa sociedade foi influenciada por uma filosofia que, de Aristóteles a Simone de Beauvoir, mostra desprezo pelo corpo feminino ou simplesmente o ignora.

Em resposta a essa rejeição histórica, Durano propõe o corpo feminino, com todas as suas características particulares, como sujeito próprio da reflexão filosófica. Isso requer o reconhecimento de que o corpo de uma mulher é diferente do de um homem, porque pode acolher a vida. O potencial para a maternidade não é insignificante. O corpo feminino deve ser considerado um corpo materno, um lugar de onde brota a vida.

Para Durano, a maternidade é uma característica fundamental do corpo feminino. Ela denuncia a ideia hierárquica de que a masculinidade tem precedência e que as mulheres devem negar sua feminilidade para se parecerem mais com os homens, alcançando assim a igualdade utópica. Reconhecer e valorizar a incrível capacidade de uma mulher de acolher a vida é essencial para ajudar as mulheres a abraçar sua feminilidade.

Autoconhecimento e autoaceitação

Como podemos impedir que nosso corpo seja apropriado por laboratórios farmacêuticos e um sistema médico invasivo? Aprendendo a conhecer a nós mesmas e a ouvir nossos corpos sem sufocá-los com hormônios. Para conseguir isso, Marianne Durano pede melhores informações sobre métodos naturais de controle de natalidade, que dependem do conhecimento da mulher sobre seus ciclos.

Muitas vezes apresentados como ineficazes e obsoletos, esses métodos são de fato muito confiáveis ​​se forem bem compreendidos e praticados. Muitas organizações oferecem cursos sobre esses métodos, e vários aplicativos permitem que as mulheres acompanhem seus ciclos e anotem suas observações diárias. Aprender a conhecer e respeitar o seu corpo é uma ótima maneira de cuidar da sua fertilidade.

Estações

Compreender seu ciclo pode permitir que uma mulher reconheça como seu corpo experimenta as quatro estações do mês: inverno, fase da morte e renascimento, coincide com a menstruação; primavera, quando o corpo se prepara para a ovulação; verão, fase de plenitude que se segue à ovulação; e outono, pouco antes da próxima menstruação.

Uma mulher não segue a mesma trajetória linear que um homem em sua relação com o tempo. Seu corpo diverge naturalmente das demandas do local de trabalho atualmente definido para ser igualmente produtivo todos os dias do mês.

Para ajudar as mulheres a se orgulharem de sua feminilidade, a sociedade deve respeitar sua natureza. Segundo Marianne Durano, é necessário considerar a relação de uma mulher com o tempo como distinta da de um homem. Todo mês, ela vive uma morte e renascimento, sinais de sua fertilidade e potencial maternidade.

Gravidez

Marianne Durano também denuncia a maneira pela qual nossa sociedade vê a gravidez como uma patologia, o que pode deixar as mulheres grávidas assoladas por incertezas e angústias, às vezes até mesmo em isolamento. Como podemos evitar essa visão profundamente tendenciosa da gravidez?

Uma maneira de combater essa mentalidade é incentivar associações que apoiam mulheres grávidas. Outra é apoiar os ginecologistas que capacitam as mulheres – que não consideram a gravidez uma doença.

É importante que toda mulher grávida seja bem apoiada, inclusive após o parto. Durano destaca a importância da “quarentena” pós-parto – um período de 40 dias após o parto, durante o qual a mãe se recupera do esforço da gravidez e do parto. A importância dessas poucas semanas não deve ser negligenciada. A família e os amigos devem cercar a nova mãe com amor para ajudá-la a cuidar de si mesma e do recém-nascido.

A mudança começa em cada um de nós

Para que essas mudanças se enraízem, elas devem ser adotadas pela sociedade. Marianne Durano defende uma reorganização da sociedade a partir do lar, não das finanças. De fato, o significado original da palavra grega “oikos”, da qual derivamos “economia”, é “lar comum”. Um retorno ao lar implicaria uma apreciação renovada pelas profissões de ajuda e pela educação. Essas profissões, frequentemente ocupadas por mulheres, são frequentemente desvalorizadas.

Temos que esperar por mudanças sociais e políticas para viver plenamente nossa feminilidade? Para Marianne Durano, que define o corpo feminino como um lugar de liberdade por excelência, a mudança começa em casa, na autogovernança.

Todo atividade doméstica, como cozinhar, cuidar da casa, cuidar dos filhos, deve ser vivida como meio de reforçar a verdadeira feminilidade. Nesse sentido, as mulheres têm um papel essencial a desempenhar na formação do futuro, especificamente na manutenção do respeito à vida e na transmissão de valores às gerações mais jovens. Devemos arregaçar as mangas e abraçar nosso gênio feminino!

Autor: Maëlys Delvolvé -Aleteia

– Um sacerdote que serviu no Pontifício Conselho para a Família, agora Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida no Vaticano, explicou o que considera o grande erro da ideologia de gênero.

“O grande erro da chamada ideologia de gênero é que se pretende que a identidade pessoal dependa apenas da autopercepção do sujeito (sua psicologia), dos condicionamentos da educação e da cultura ou da escolha do indivíduo emocional. Trata-se de separar radicalmente a identidade de gênero do sexo biológico”, explicou Pe. José Guillermo Gutiérrez Fernández, no dia 14 de agosto, por ocasião da conferência internacional “A ​​família, a vida e o acontecimento de Guadalupe”, que aconteceu na cidade de Piura, no norte do Peru, de 13 a 15 deste mês.

A abordagem de gênero ou ideologia de gênero é uma corrente que considera o sexo como uma construção sociocultural e que atenta contra a natureza humana. Isto foi criticado várias vezes pelo Papa Francisco e por outros membros da Igreja. Nesse sentido, o Vaticano publicou em junho o documento “Homem e mulher os criou. Para uma via de diálogo sobre a questão de gender na educação”.

Em sua conferência “A Sacralidade da Vida e a Ideologia de Gênero”, no Coliseu Dom Bosco, de Piura, diante de mais de cinco mil participantes, o sacerdote destacou que o erro da ideologia de gênero se torna “mais grave quando se pretende chegar a uma ‘neutralidade’, negando a heteronormatividade binária, dizendo que o gênero é algo fluido e não pode ser predeterminado”.

Segundo informa a Arquidiocese de Piura, Pe. Gutiérrez recordou que a Igreja não discrimina os homossexuais, porque “nosso Senhor chama todos os seus filhos para viver a vida cristã e alcançar a santidade. Todo mundo tem que fazer o seu próprio caminho a partir das circunstâncias nas quais se encontra”.

Além disso, o sacerdote afirmou que, “no mundo de hoje, há toda uma propaganda que nos vende a ideia errada de que não se pode ser feliz sem o exercício ativo da nossa genitalidade. Isso nos confunde e nos engana”.

“Parece que quando a Igreja convida os homossexuais ( e Heterossexuais)  a se absterem de ter relacionamentos íntimos ( fora do casamento), convida-os a viverem sem amor”, lamentou.

O sacerdote assinalou que “devemos levar em consideração que todos os seres humanos têm uma vocação ao amor e isso não se vive necessariamente através do exercício ativo da nossa genitalidade”.

“Existem outras maneiras de viver esse amor, como por exemplo: na entrega de si mesmo através do voluntariado, do serviço aos pobres, da amizade sincera e casta, da caridade, etc. É necessário recordar que as pessoas têm apenas uma identidade: a identidade de filhos de Deus, homem ou mulher”, explicou.

Pe. Gutiérrez também alertou para a possibilidade de que, “sob o pretexto de buscar a igualdade entre homens e mulheres, o Estado busque intervir de maneira dissimulada, tentando tirar dos pais a responsabilidade e o direito de serem os primeiros educadores de seus filhos”.

Os pais “são os responsáveis ​​pela educação da afetividade e sexualidade de seus filhos. Uma educação orientada ao amor que respeite a diferença sexual entre homens e mulheres, sua complementaridade e reciprocidade e que seja um chamado à comunhão de pessoas que nos faz imagem de Deus”.

Não ao aborto

O sacerdote também se referiu à importância de defender a vida humana, pois “o ser humano é a única criatura que Deus amou por si mesma, tem uma dignidade excelsa”.

Pe. Gutiérrez também lembrou que “a vida começa desde o momento da concepção” e deve terminar “de maneira natural, por isso a importância de proteger a vida de todo ser humano e ainda mais quando está neste estado precoce e inicial de sua existência”.

“Portanto, não podemos falar em nenhum caso de ‘interrupção da gravidez’, porque a vida não é algo que possamos interromper e depois reiniciar”.

“Todos os que estamos hoje aqui começamos esta maravilhosa aventura de nossa vida sendo um pequeno embrião e, a partir deste momento, fomos amados e protegidos. Por isso, somos chamados a estar sempre contra o aborto, porque se trata de matar um ser humano inocente”, destacou o sacerdote.

Fonte: ACI Digital

Pesquisadores identificaram um grupo de neurônios que são ativados pela ocitocina em uma área do cérebro feminino, mas que não estão presentes na mesma área do cérebro de um macho. A atividade alterada desses neurônios pode resultar em depressão pós-parto.

A ocitocina é amplamente referida como o hormônio do amor e desempenha um papel importante na regulação do comportamento social e materno. Nos últimos anos, o sistema de ocitocina no cérebro recebeu uma atenção tremenda como chave para novos tratamentos para muitos transtornos mentais, como ansiedade, transtornos do espectro autista e depressão pós-parto.

Novas pesquisas conduzidas por um biólogo e seus alunos da Louisiana State University (LSU) descobriram um grupo de células que são ativadas pela ocitocina em uma área de cérebros de camundongos fêmeas, mas que não estão presentes na mesma área em cérebros de camundongos machos

“Muitos pesquisadores tentaram investigar a diferença entre o sistema de ocitocina em mulheres em comparação com os homens, mas ninguém conseguiu encontrar evidências conclusivas até o momento. Nossa descoberta foi uma grande surpresa”, disse Ryoichi Teruyama, professor associado do Departamento de Ciências Biológicas da LSU, que liderou este estudo publicado no PLOS ONE.

As células receptoras de ocitocina estão presentes na área do cérebro que se acredita estar envolvida na regulação do comportamento materno. Além disso, a expressão de receptores de ocitocina nessas células só está presente quando o estrogênio também está presente.

Isto significa que estas células estão envolvidas na indução do comportamento materno. Além disso, confirma o que muitos estudos recentes em humanos mostraram: existe uma conexão entre a expressão alterada de receptores de ocitocina e a depressão pós-parto.

A depressão pós-parto contribui para a saúde materna precária e tem efeitos negativos no desenvolvimento da criança. Uma série de estudos descobriu que os filhos de mães deprimidas correm o risco de uma ampla gama de problemas cognitivos, emocionais, comportamentais e médicos.

Portanto, a depressão pós-parto é uma grande preocupação de saúde pública que tem efeitos adversos significativos na mãe e na criança. Cerca de 10 a 20% das mulheres sofrem de depressão pós-parto.

Esta nova descoberta que ocorreu na LSU abre portas para potenciais novos tratamentos e medicamentos para depressão pós-parto visando células receptoras de ocitocina. “Acho que nossa descoberta pode ser universal para todos os mamíferos que exibem comportamento materno, incluindo os humanos”, disse Teruyama.

O cardeal Baltazar Porras, administrador apostólico de Caracas e arcebispo de Mérida, na Venezuela, afirmou em reunião com a Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) que a Igreja Católica é perseguida pelo regime ditatorial de Nicolás Maduro porque mantém uma postura firme de defesa do povo venezuelano diante dos erros do governo, que geraram e pioram continuamente a crise social, econômica, política e moral que assola o país.

Dom Baltazar denunciou, por exemplo:

  • as restrições impostas pelo regime aos centros educacionais católicos: “Parece que tentam colocar obstáculos para que a própria Igreja feche os seus colégios“;
  • os ataques do regime contra paróquias, mediante os “conselhos comunais e grupos pró-governo chamados ‘coletivos’“, que, nas áreas populares de Caracas, “ficam nas portas das paróquias para ouvir o que o padre diz na homilia: se não gostam, começam as ameaças“;
  • as contínuas pressões “sutis” para que não critique publicamente o governo;
  • as ameaças verbais e perseguição contra obras sociais como a Cáritas, que chegou a sofrer até confisco de medicamentos destinados a doação.
O cardeal destacou também a resistência e resiliência da Igreja perante a perseguição:

“A Igreja é a única instituição que permanece incólume, graças à proximidade com as pessoas e à nossa presença em todos os ambientes. Além disso, a Igreja teve a coragem de apontar os defeitos deste regime, que gerou um conflito social em crescimento”.

Sobre a fuga massiva de venezuelanos da própria terra, ele comenta:

“As pessoas vão embora por causa da situação econômica, dos seus ideais políticos, outros por causa da perseguição que existe no país. O aparato econômico está praticamente destruído. Há carência de emprego e de assistência à saúde. Os especialistas classificam tudo isso como economia de guerra”.

Sobre a situação da Venezuela se a Igreja Católica não estivesse presente no país, o cardeal afirmou:

“A situação seria pior e se agravaria para muitas pessoas. Nós, que ficamos, sentimos falta da companhia e sofremos também, porque muitos que foram embora não estão em boa situação. A Venezuela está se tornando um problema geopolítico que afeta outros países. Já há 4 milhões de venezuelanos fora do país; 1,5 milhão na Colômbia; 700 mil no Peru; 400 mil no Chile; 500 mil na Flórida, e dizem que a metade deles não tem documentação; e muitos outros em outros países da América e da Europa. É muito triste”.

Estima-se que 168.000 venezuelanos estejam refugiados no Brasil.

No relatório divulgado em junho, estimando em 4 milhões o total de refugiados venezuelanos no exterior, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) também informaram que se trata do segundo maior grupo populacional deslocado no planeta, atrás apenas dos refugiados sírios, que somam 5,6 milhões de pessoas. 

O amistoso em Viena seria a estreia internacional da recém-formada seleção feminina de futebol do Vaticano, mas se transformou num protesto contra a Igreja.

Surpreendidas pelas provocações das adversárias, as jogadoras do time feminino de futebol do Vaticano deixaram o campo em Viena antes do início do jogo com as austríacas do Mariahilf.

O amistoso seria a estreia internacional da recém-formada seleção feminina de futebol do Vaticano, mas se transformou num protesto contra a Igreja. Durante o hino do Vaticano, algumas meninas austríacas levantaram suas camisetas expondo frases a favor do aborto e proclamando mensagens pró-LGBT, em controvérsia com as posições da Igreja. Das arquibancadas surgiram também faixas polêmicas.

Time acaba de ser criado

O protesto surpreendeu as jogadoras do Vaticano e toda a equipe técnica, que estavam prontas para uma simples festa. Em conjunto com o diretor esportivo, tomaram a dolorosa decisão de não jogar a partida para não continuar a instrumentalização de um evento para o qual haviam se preparado com alegria.

O time de futebol feminino do Vaticano jogou no último dia 26 de maio seu primeiro jogo contra as meninas da ‘Primavera de Roma’: apesar de perderem de 10 a zero, o evento foi uma bela manifestação de amizade e esporte.

Vatican News

O Prefeito da Educação Católica apresenta o novo documento “Homem e mulher os criou”: “Há uma emergência educacional, devemos superar os slogans. Respeitamos e exigimos respeito”

“Sobre gênero, devemos encontrar vias de diálogo, sem cair em slogans e extremismos. Mas devemos fazê-lo a partir de nossa identidade e sabendo traduzir em argumentos da razão também a luz que vem da fé, porque a confusão é grande e nas escolas há o risco de se impor como científico um único pensamento. Nós respeitamos todos, mas pedimos para sermos respeitados”. São estas as palavras do cardeal Giuseppe Versaldi, prefeito da Congregação para a Educação Católica, que junto com o arcebispo Vincenzo Zani, secretário do Dicastério, assinou o documento “Homem e mulher os criou”.

Ele foi entrevistado pelo Vatican News.

Eminência, qual é o propósito do documento?

É importante nos deter no subtítulo: ‘Para um diálogo sobre a questão do gênero na educação’. O nosso não é um documento doutrinário, mas é bastante metodológico: como educar as jovens gerações para abordar essas questões numa época em que há tanta confusão sobre isso. Estamos testemunhando o risco de que seja imposto nas escolas como científico um pensamento único que não podemos aceitar. Ao mesmo tempo, devemos ser capazes de dialogar, de nos renovar e de valorizar o que de bom emergiu das pesquisas sobre gênero.

Como nasce esse novo texto?

A ocasião e o estímulo para prepará-la vieram das visitas ad limina dos bispos de todo o mundo, também das viagens que realizamos e especialmente das escolas e universidades. Uma ideologia de gênero está se difundindo e o ensino da Igreja é rotulado como retrógrado. Por isso era necessário tentar estabelecer um diálogo educacional sobre esse tema.

Em que bases vocês trabalharam?

Tentamos fazer isso no plano da razão, com argumentos racionais, e não com slogans ou de maneira fideísta. Para nós, a razão é iluminada pela fé e a fé não é contrária à razão. Sobre a questão do gênero, no entanto, é possível estabelecer um diálogo com base em argumentos que não requerem a adesão à fé católica, através de três atitudes: escutar, raciocinar e propor. Existem argumentos racionais que esclarecem a centralidade do corpo como subjetividade que comunica a identidade do ser. Sob tal luz, se entende o dado biológico da diferença sexual entre homem e mulher. A formação da identidade é baseada na alteridade e na família o confronto com a mãe e o pai facilita a criança na elaboração de sua própria identidade-diferença sexual. O gênero “neutro” ou “terceiro gênero”, por outro lado, aparece como uma construção fictícia.

Quais são os pontos de encontro?

Primeiro, devemos distinguir entre a ideologia de gênero que é apresentada como científica e que também se difunde nas escolas, das pesquisas sobre gênero. Embora não aceitemos a ideologia, reconhecemos pontos de encontro nas pesquisas sobre gênero para crescer na compreensão recíproca. Cito dois exemplos: a mesma dignidade entre homem e mulher, depois das formas de injusta subordinação que marcaram séculos da nossa história. Depois, há a educação das crianças e dos jovens para respeitar cada pessoa em sua condição peculiar e diferente – deficiência, raça, religião, tendências afetivas – combatendo toda forma de bullying e discriminação injusta. Outro ponto importante diz respeito aos valores da feminilidade evidenciados na reflexão sobre gênero: tem havido muito foco no aspecto físico da sexualidade, ofuscando aspectos culturais que aprofundam a natureza, porém sem se opor a ela. Esse aprofundamento do valor da feminilidade também está bem fundamentado nos documentos dos últimos Pontífices.

Vamos focar nos aspectos mais críticos. Quais são?

As teorias de gênero, especialmente as mais radicais, afastam-se do dado natural chegando a uma opção total para a decisão do sujeito emocional. Assim, a identidade sexual e, consequentemente, também a família se tornam “líquidas” e “fluidas”, fundadas no desejo do momento mais do que no dado natural e sobre a verdade do ser. Deseja-se apagar a diferença sexual, tornando-a irrelevante para o desenvolvimento da pessoa.

A quais resultados esperam chegar com este novo texto?

Ao propor a via do diálogo fundado nos argumentos da razão, respeitamos os posicionamentos distantes dos nossos e pedimos o respeito pelos nossos. Não somos nós que escolhemos os alunos das escolas e das universidades católicas, são as famílias e os estudantes que escolhem essas escolas e essas universidades, sabendo que são católicas. Não podemos desconsiderar a nossa identidade aderindo a um pensamento único que gostaria de abolir a diferença sexual reduzindo-a a um mero dado ligado às circunstâncias culturais e sociais. Devemos evitar os dois extremos: aquele do pensamento único e da ideologia que procede por slogan, e aquele segundo o qual nas nossas escolas somente deveriam vir aqueles que compartilham a fé católica e pensam como nós. Devemos buscar vias de diálogo e responder à emergência educacional sobre esses temas. O documento é uma contribuição nesse sentido.

Vatican News

Desta terça (28) até quinta-feira (30), o Vaticano, centro espiritual e político da Igreja Católica, sedia um evento inusitado, se considerarmos seus princípios. Trata-se da Understanding Unbelief, apresentada como a maior conferência mundial sobre ateísmo. O programa, financiado pela Fundação John Templeton, é organizado por quatro instituições acadêmicas, todas do Reino Unido. Na coordenação está a Universidade de Kent. E colaboram as universidades Conventry, Queen’s e de Saint Mary. 

Este evento não se realizaria no Vaticano se não fosse por uma efeméride: trata-se do 50º aniversário de uma conferência semelhante realizada no Vaticano”, afirmou à BBC News Brasil o antropólogo Jonathan Lanman, diretor do Instituto de Cognição e Cultura e professor da Universidade Queen’s Belfast, um dos organizadores do evento, Ele contou que um dos pesquisadores entrou em contato com o Vaticano e então “eles concordaram em revisitar os temas da ‘incredulidade'”.

A conferência de 1969, a primeira do gênero sobre o tema, ocorreu como consequência da abertura provocada pelo Concílio Vaticano II, ocorrido de 1962 a 1965.  O papa Paulo 6º (1897-1978) era um entusiasta do diálogo com outros cristãos, judeus e adeptos de outras religiões. E também criou um secretariado próprio para ouvir a quem chamava de “descrentes” – segundo suas palavras, o ateísmo era “um dos assuntos mais sérios de nosso tempo”

O evento desta semana tem a chancela do Pontifício Conselho para a Cultura, dicastério criado em 1982 pelo papa João Paulo 2º (1920-2005)

Há 50 anos, a primeira conferência foi, segundo o sociólogo Rocco Caporale (1927-2008), que escreveu um livro sobre ela (‘The Culture of Unbelief: Studies and Proceedings From the First International Symposium on Belief Held at Rome’), uma primeira oportunidade para que a Igreja pudesse debater várias questões da “cultura da não-crença” e sobre como estudá-la. Caporale relata que uma das principais percepções dos participantes do simpósio de 1969 foi a de que “o crer e o não crer são uma completa terra incógnita”. Mas dessa vez, o pesquisadores poderão se debruçar sobre os dados de um estudo realizado pelas universidades britânicas de Kent, Conventry, Queen’s e Saint Mary. Trata-se de uma pesquisa conduzida em seis países sobre o que é ser ateu hoje. No total, foram entrevistadas 6,6 mil pessoas – seguindo criteriosa amostragem científica – do Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, China, Japão e Dinamarca. O relatório, que será publicado nesta terça (28), trouxe oito pontos-chave para entender o fenômeno da não-crença no mundo:

Ateus – aqueles que não acreditam em Deus – e agnósticos – os que não sabem se existe Deus ou não, mas não acreditam que haja uma maneira de descobrir – não são homogêneos. Eles aparecem em grupos diferentes nos países pesquisados. “Por conseguinte, há muitas maneiras de ser incrédulo”, pontua o documento. 

Em todos os seis países, a maioria dos que não acreditam em Deus se identifica como “sem religião”. Na hora de se autorrotularem, os incrédulos que preferem ser chamados de “ateu” ou “agnóstico” não são a maioria. Muitos classificam-se como “humanistas”, “pensadores livres”, “céticos” ou “seculares”.

Os ateus do Brasil e da China são os menos convencidos de que sua crença sobre a não-existência de Deus está correta. Não crer em Deus não significa necessariamente não acreditar em outros fenômenos sobrenaturais, ainda que os ateus sejam mais céticos em relação a estes do que as populações gerais. Entre os ateus, o percentual de pessoas que acham que o universo é “em última instância, sem sentido” é maior do que no restante da população. Mas, ainda assim, em número muito inferior ao de metade dos pertencentes ao grupo.

Quando confrontados com questões relacionadas a, segundo o relatório, “valores morais objetivos, dignidade humana e direitos correlatos, além do valor profundo da natureza”, as posições dos ateus são semelhantes ao do restante da população. Por fim, quando perguntados sobre quais são os valores mais importantes da vida, houve uma “concordância extraordinariamente alta entre incrédulos e populações gerais”.

Da mesma maneira que nem todos os que se descrevem como “sem religião” são ateus – muitos cultivam uma espiritualidade própria – a pesquisa mostrou que nem todos os ateus são “sem religião”. No caso do Brasil, por exemplo, 73% dos incrédulos se identificam como “sem religião”, enquanto 18% se dizem cristãos. Na Dinamarca, 63% dos ateus se dizem “sem religião” – 28% são cristãos. A explicação para isso pode ser por conta da tradição familiar. Com exceção dos chineses e dos japoneses, a maioria dos ateus entrevistados disseram que romperam uma religião de família – é o caso de 85% dos incrédulos brasileiros e 74% dos norte-americanos.. Em todos os países ouvidos, a grande maioria dos ateus veio de famílias cristãs (79% dos brasileiros, 63% dos norte-americanos, 60% dos dinamarqueses). A questão dos rótulos também traz variações – muitas vezes motivadas por receio de preconceitos. 

Para os chineses desse grupo, 20% se dizem ateus e 18% racionalistas. Japoneses, britânicos e dinamarqueses preferem ser classificados como “não-religiosos” (34% e 27% e 17%, respectivamente) e norte-americanos se definem como “agnósticos” (26%). Já no grupo dos que afirmam que “Deus não existe” – tecnicamente ateus – 30% dos brasileiros se autodenominam ateus, 14% sem religião. Situação semelhante aparece na pesquisa realizada com norte-americanos – 39% assumem-se ateus. E entre os chineses, há um equilíbrio entre os que preferem ser chamados de racionalistas, ateus e livres-pensadores (respectivamente com 22%, 21% e 19%). 

A crença na ciência como o melhor modelo para atingir o conhecimento apareceu como homogênea entre crentes e incrédulos em todos os países aferidos, exceto Brasil e Estados Unidos. No caso brasileiro, os métodos científicos são considerados o melhor caminho para 71% dos não-crentes – contra 43% da população em geral. Entre os norte-americanos, o número é de 70% entre os incrédulos e despenca para apenas 33% da população em geral. “Essas descobertas mostram de uma vez por todas que a imagem pública do ateu é, na melhor das hipóteses, uma simplificação. E, na pior das hipóteses, uma caricatura bruta”, ressalta Lois Lee, pesquisadora de estudos religiosos da Universidade de Kent , “Em vez de confiar em suposições sobre o que significa ser ateu, podemos agora trabalhar com uma compreensão real das diferentes visões de mundo que a população ateísta inclui. As implicações para a política pública e social são substanciais .” “Nossos dados vão de encontro a estereótipos comuns sobre os incrédulos”, afirma Lanman. “Uma visão comum é que os incrédulos não teriam um senso de moralidade e propósito objetivos, nutrindo um conjunto de valores muito diferente do restante da população. Nossa pesquisa mostra que nada disso é verdade.

Fonte Original UOL

O mundo universitário em grande parte dos países do Ocidente anda às voltas com várias iniciativas e programas de prevenção contra abusos sexuais. Entre debates acalorados, uma verdade não pode ser negada: as mulheres se sentem cada vez mais inseguras numa cultura que, sob o disfarce da “libertação”, as transformou, ainda mais explicitamente, em objetos de prazer sexual.

As mostras estão por toda parte.

Há a alguns anos atrás, dois clips de cantoras jovens e mundialmente populares exacerbaram a sensualidade das protagonistas: o de Nicki Minaj mostrava mulheres se contorcendo no meio do mato, enquanto o de Miley Cyrus mostrava a própria se contorcendo sozinha num canteiro de obras. O clip de Miley Cyrus bateu o recorde de visualizações no YouTube para um mesmo vídeo em 24 horas. Foi superado, pouco depois, pelo de Nicki Minaj. Passada a sensação do momento, as duas terão de buscar mais algum jeito de suscitar frenesi – durante mais algumas horas.

Em vez de denunciar a expectativa-padrão de que as mulheres precisam tirar a roupa para ser interessantes, as feministas abraçaram essa “causa”. Conquistou algumas horas de repercussão, na mesma época dos clipes citados acima, a premiação musical VMA em que a cantora Beyoncé e um grupo de dançarinas seminuas se contorceram diante de letras garrafais que diziam “FEMINIST”. Feministas do mundo todo comemoraram aquele momento no Twitter e na revista Time como se fosse uma “gloriosa vitória das mulheres”. Passados já vários meses, qual é hoje, para as mulheres, o resultado prático daquela “gloriosa vitória”? Mistério.

A chamada “revolução sexual” está cheia de “vitórias” que tornaram cada vez mais fácil o “uso” de mulheres e homens como objetos. Se é que se pode considerar isso um “avanço”, a quantidade de mulheres que usam homens aumentou, mas continua longe de se igualar à de homens que usam mulheres – afinal, nunca foi tão fácil “usar” mulheres adotando o próprio discurso feminista de “emancipação sexual”.

Essa “revolução” vem acontecendo por etapas:

A década de 1960 popularizou a pílula, expandindo exponencialmente a independência entre o sexo e a vinda de bebês ao mundo. A atitude cultural no tocante ao sexo fora do casamento passou rapidamente das piscadelas da geração anterior à música rock e pop que louvava o sexo livre, de “Let’s Do It, Let’s Fall In Love” a “Why Don’t We Do It In the Road?”. Nem todo mundo estava fazendo sexo extraconjugal, mas, no final daquela década, quase todo mundo estava proclamando o “direito” de fazê-lo.

Os anos 1970 popularizaram o aborto e deram início a uma era de dramáticas ironias: o sexo era celebrado como diversão descomplicada, por um lado, mas, por outro, surgiu a “consequência” de “ter que” matar os próprios filhos gerados “sem querer” durante essa diversão. Os hippies faziam do sexo uma forma de “iluminação” e de “autorrealização”, enquanto os homens do tipo “machão”, de James Bond a Burt Reynolds, faziam dele uma forma de conquista.

A década de 1980 popularizou o preservativo. Com as epidemias de doenças venéreas e o drama da aids tornando o sexo mais perigoso do que nunca, o mantra passou a ser o do “sexo seguro”. As escolas orientaram os estudantes a “dizer não” às drogas, mas lhes deram camisinhas para dizerem sim ao sexo. Produziam-se vídeos musicais e filmes direcionados especialmente a um público de adolescentes cada vez mais obcecados por sexo.

Os anos 1990 popularizaram a lingerie sensual. A Victoria’s Secret fez sucesso com seus desfiles de moda íntima e até o presidente dos Estados Unidos foi atraído pela “moda íntima” da estagiária Monica Lewinski. A roupa de baixo ainda não tinha se transformado no traje oficial das artistas femininas em cima dos palcos, mas cantoras como as Spice Girls e Britney Spears já começavam a trilhar essa estrada.

A primeira década dos anos 2000 popularizou a pornografia. O governo federal dos Estados Unidos já tinha dobrado a quantidade de leis relacionadas com atos obscenos na década de 1990, porque a internet vinha surgindo com força e recheada de um vasto arsenal de pornografia que se multiplicou espantosamente nos anos seguintes. O pornô se tornou um gigantesco setor de negócios. Os homens começaram a gastar muito tempo on-line sozinhos e a portas fechadas. E as mulheres, cada vez mais, também.

O que as próximas décadas vâo popularizar? Já vimos a florescente indústria dos brinquedos sexuais e sabemos que os tribunais estão ocupados em redefinir o próprio conceito de casamento, dissolvendo-o numa simples afirmação de sentimentos “mais ou menos afetivos” e retirando do seu núcleo a crucial missão de criar e educar solidamente os filhos nascidos de uma relação de mútua entrega perpétua.

Em 1999, numa sala da redação do jornal católico norte-americano National Catholic Register, eu me lembro de alguém comentando que a amoralidade sexual da nossa cultura não poderia ficar pior do que estava. Um editor mais velho e mais sábio alertou: “Só espere”. A nossa cultura está hoje saturada de sexo: tudo é escancarado e nada é deixado para a imaginação.

Mary Eberstadt demonstrou, com as ciências sociais, que a revolução sexual trouxe consequências devastadoras para mulheres, homens, adolescentes e crianças.

Talvez a maior mudança cultural esteja precisamente na degradação das mulheres.

Os católicos sabem que a “pureza do coração” é a qualidade que nos permite ver o verdadeiro valor do outro. Há pessoas que descrevem a experiência de olhar nos olhos de São João Paulo II ou da beata Teresa de Calcutá dizendo que era como se você fosse a única pessoa que existia para eles naquele instante. Esta é, no fim das contas, a pureza de coração: ser tratado como o que se é, como uma pessoa única e de dignidade infinita.

A máxima tragédia da sexualização da nossa cultura pode ser exatamente a perda dessa pureza. Quando permitimos que os seres humanos se tornem meros objetos de prazer sexual, todos nós diminuímos aos olhos uns dos outros.

Num mundo em que as mulheres precisam estar mais constantemente em guarda do que nunca, os católicos têm uma mensagem importante a transmitir: o poder das mulheres não está na sua sexualidade, mas na sua humanidade. Assim como o dos homens.

Autor: Tom Hoopes

Introdução

Muito se fala sobre a situação da mulher na sociedade moderna. Acreditam não poucos que há um grande desnível – ou abismo mesmo – entre os direitos e deveres do homem e os da mulher, sendo que essa última tem sido historicamente prejudicada. E não faltam candidatos a carrasco do sexo feminino. A última moda agora é acusar as religiões de forma geral, e o Cristianismo, em especial.

Não há a menor dúvida de que existem religiões no mundo que cerceam os direitos da mulher. O Islamismo é um bom exemplo deste tipo. Tanto o seu livro sagrado como a sua literatura teológica discrimina e rebaixa gravemente a mulher a ponto de torná-la um objeto de propriedade, primeiramente do pai, e depois do marido. Contudo, neste texto quero provar que não há razão por que colocar o Cristianismo no mesmo cesto das religiões que pejoram a mulher. Mais do que isso, vou mostrar como o Cristianismo colocou a mulher em uma situação muito melhor do que qualquer outro sistema religioso ou filosófico que já existiu.

Um pouco de história

A vida da mulher não era fácil nas culturas antigas. Em geral, eram propriedade dos maridos. Não eram consideradas capazes ou competentes para agirem independentemente. Vejamos a Grécia antiga. Aristóteles disse que a mulher estava em algum lugar entre o homem livre e o escravo (considerando que a situação do escravo não era nenhum pouco auspiciosa, perceba a pobre situação feminina), e que era um “homem incompleto” (Política). Platão, por sua vez, entendia que se o homem vivesse covardemente, ele reencarnaria como mulher. E se essa se portasse de modo covarde, reencarnaria como pássaro (A República, Livro V).


Na China, até bem recentemente, o infanticídio era uma prática comum. Os bebês do sexo feminino eram entregues como alimento aos animais selvagens ou deixados para morrer nas torres dos bebês. Adam Smith escreveu sobre essa prática no seu famoso livro, A Riqueza das Nações, de 1776. Ele fala inclusive que o descarte de bebês indesejados era mesmo uma profissão reconhecida e que gerava renda para muitas pessoas.A sorte das mulheres não era muito melhor na Roma antiga. Poucas famílias tinham mais de uma filha. O casamento romano era uma forma de trazer mais material humano para formação do exército, e assim permitir à Roma a continuidade de sua expansão; por isso, o interesse estava em ter filhos homens. Daquelas, porém, que sobreviveram ao infanticídio, eram-lhes reservadas as tarefas do lar, mas não o exercício da cidadania e a participação política, coisa reservada apenas aos patrícios homens.

Na África, o problema era semelhante à prática do sati da Índia. Quando um líder tribal morria, as esposas e concubinas do chefe eram mortas juntamente com ele. Mesmo hoje, no Oriente Médio, o valor da mulher é mínimo.Vejamos outros casos. Na Índia, viúvas eram mortas juntamente com seus maridos – a prática chamada de sati (que significa, a boa mulher). Também havia tanto o infanticídio quanto o aborto feminino. Além disso, meninas eram criadas para serem prostitutas cultuais – as devadasis. Nessa prática religiosa, a menina era “casada com” e “dedicada a” um dos deuses hindus. Nos rituais de adoração a esses deuses havia dança, música e outros rituais artísticos. Conforme iam crescendo, as devadasis se tornavam servas sexuais, de homens e dos “deuses”. Ainda hoje, famílias pobres entregam suas filhas para estas deidades com o objetivo de alcançar delas algum favor, ou ainda obter algum meio de renda com os frutos da prostituição.

A mudança trazida pelo Cristianismo

Que diferença trouxe a vinda de Jesus Cristo entre nós? Muita, em vários pontos. Na verdade, foi uma revolução. Muito do que Jesus Cristo ensinou já era praticado pela sociedade judaica (que era muito diferente das nações à sua volta), e outros pontos tiveram seus termos desenvolvidos por Ele. Mas mesmo os judeus tinham um tratamento discriminatório em relação às mulheres; Jesus, entretanto, se relacionava de forma saudável com elas. De forma geral, o Cristianismo colocou a mulher em pé de igualdade com os homens. Como ele fez isso?

  • Dizendo que ambos foram criados por Deus, à sua imagem e semelhança (E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou – Gên 1:27). Para Deus, homens e mulheres têm o mesmo valor (Gl 3.28 );
  • Que ambos deveriam dominar e sujeitar a natureza (E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra – Gn 1.28). Não há nada que impeça a mulher, tanto quanto o homem, de explorar a criação em cumprimento ao mandato cultural;
  • A decisão de Deus criar a mulher a partir de Adão declara que ambos provêm da mesma essência (Gn 2.22 ), mostrando que a mulher em nada é inferior ao homem, nem tampouco lhe é superior. E a declaração de Adão mostra que sua mulher Eva é parte de si mesmo, tendo o mesmo valor que ele próprio (Gn 2.23 );
  • Que o casamento, como instituição divina, implica que o homem foi feito para a mulher, assim como a mulher foi feita para o homem, e dessa forma ambos andam como uma unidade em dois corpos (Gn 2.24 ), o que destrói a ideia de que a mulher é escrava do marido, ou vice-versa. São complementares;
  • O Cristianismo também evitou que a mulher fosse injustiçada, não permitindo a poligamia, que é inerentemente prejudicial a elas (1Co 7.2 );
  • O Cristianismo ensinou o cuidado com as viúvas. Elas, se não tivessem recursos, deveriam ser cuidadas e sustentadas pela igreja (1Tm 5 ). Se o marido morre, ela é livre para continuar viúva ou casar novamente, se quiser;
  • O Cristianismo condenou a prostituição ao declarar que o corpo não pertence a nós mesmos, mas a Deus, e que ele é templo do Espírito Santo (1Co 6.13,19 ). O corpo do homem pertence à mulher, e o da mulher ao homem (1Co 7.4 );
  • O Cristianismo aprova a instituição do casamento, que não só protege a mulher da exposição aos males sociais, como provê um ambiente seguro material, espiritual e sentimentalmente para o seu desenvolvimento integral (Ef 5.28-29 );
  • O Cristianismo protege a vida, que entende começar no momento da concepção. Dessa maneira, nenhuma criança deixa de nascer devido a características indesejáveis (pelos pais) que ela tenha ou seja. A vida é direito inviolável, outorgada por Deus, sendo que somente Ele tem direito de reavê-la (1Sm 2.6 Jó 1.21 );
  • O Cristianismo também proibe a pornografia, pois entende que ela é equivalente ao adultério. Com isto, a mulher deixa de ser vista como um objeto aos olhos do homem, e reserva o sexo e a nudez para aquele que tem direito a estas coisas, a saber, o marido (Mt 5.28 ).

Uma palavra sobre o movimento feminista

Se há algum direito, de qualquer pessoa que seja, que deva ser assegurado, eu sou completamente a favor da luta por ele. A sociedade falha em tratar as mulheres adequadamente porque ela não é uma sociedade moldada exclusivamente pela moral cristã. Muitos dos direitos pelos quais o movimento feminista luta são justos: direitos trabalhistas iguais aos do homem, proteção contra violência física e emocional, igualdade de direitos civis, entre outros. Porém, alguns pontos pelos quais ele luta não são bons, como, por exemplo, o aborto. Ora, o aborto sempre foi uma ferramenta usada pelo homem – e geralmente usado para evitar nascimento de mulheres! O aborto se refere a algo além do corpo da mulher; é outro ser vivo. Ocorre que ao lutar por este “direito”, a mulher trata um bebê ainda não nascido como algo menos que humano, tal como um objeto: ou seja, do mesmo modo que ela própria já foi tratada na história.

Outro problema que eu vejo é que algumas feministas mais exaltadas não querem simplesmente uma equiparação de direitos; desejam ocupar o lugar do homem que as explorava, transformando-se em exploradoras. Almejam uma inversão de papéis. Ao invés de uma sociedade patriarcal, sonham com uma matriarcal. E algumas feministas ainda descambam para a misandria – o ódio pelo sexo masculino.

Concluindo

O que o paganismo faz para proteger a mulher? Nunca fez nada, e nunca fará. E estas outras religiões não-cristãs? Normalmente colocam o sexo feminino em uma posição inferior a do homem. E o humanismo? Nada trouxe de bom para as mulheres. Na prática, uma vertente humanista (evolucionista) ensina que nada há de especial na humanidade; tudo que há é resultante de acaso. Somente o mais forte sobrevive (ou domina). Se for o sexo masculino, assim deve continuar a ser. É natural que seja assim. Não há justificativa moral (do ponto de vista evolucionista) para proibir a violência fisica, sexual, emocional à mulher, e nem mesmo porque condenar posicionamentos machistas. A máxima é “o que agora é, é o certo”.

Mas não é assim com o Cristianismo. Em todos os lugares onde ele chegou, as condições das mulheres melhoraram. Onde ele não alcançou, vê-se coisas terríveis, como a eugenia sexual, o infanticídio e a prostituição. Contudo, podemos ver que algumas sociedades, que já foram declaradamente cristãs, hoje estão decaindo moralmente com o avanço do antigo paganismo – legalizando o aborto e a prostituição. Seria interessante que algumas feministas, que falam ousadamente contra o Cristianismo, aprendessem um pouco mais da história da humanidade e assim apercebam-se de que, se não fosse por essa religião que elas tanto condenam, talvez elas sequer estivessem vivas hoje.

Fonte Original

“Existem pelo menos 6.500 diferenças genéticas entre homens e mulheres. Hormônios e cirurgia não podem mudar isso”. A afirmação foi feita pela pediatra Michelle Cretella, que recentemente publicou um artigo sobre os perigos da ideologia de gênero para crianças e como tal doutrinação tem enganado, até mesmo “especialistas” na sociedade atual.

Segundo a profissional, que é presidente da Faculdade Americana de Pediatria, os tratamentos de transição de gênero com uso de hormônios e bloqueadores de puberdade podem causar diversos problemas nas crianças e adolescentes, como problemas de memória, doenças cardíacas,acidentes vasculares cerebrais, diabetes, câncer e até mesmo os muitos problemas emocionais. Porém tudo isto tem sido ignorado por boa parte dos terapeutas atualmente.

“O sexo biológico não é atribuído, mas sim determinado na concepção pelo nosso DNA e está estampado em cada célula de nossos corpos. A sexualidade humana é binária. Você tem um cromossomo Y normal, que se desenvolve em um homem, ou não, e você se transformará em uma fêmea. Existem pelo menos 6.500 diferenças genéticas entre homens e mulheres. Hormônios e cirurgia não podem mudar isso“, destacou.

“Uma identidade não é biológica, é psicológica. Tem a ver com o pensamento e o sentimento. Pensamentos e sentimentos não são biologicamente definidos. Nosso pensamento e sentimento podem ser factualmente corretos ou factualmente incorretos”, acrescentou.

Michelle continuou seu artigo mostrando a incoerência entre as formas como o fator “transgênero” é tratado atualmente por muitos médicos.

“Se eu entrar no consultório do meu médico hoje e disser: ‘Oi, eu sou Margaret Thatcher’, meu médico vai dizer que eu estou delirando e me me passará uma receita de antipsicóticos. No entanto, se, em vez disso, eu entrasse e dissesse: ‘Eu sou um homem’, ele diria: ‘Parabéns, você é transgênero”, afirmou.

Citando outro exemplo, Michelle destacou a falta de critérios médicos para julgar de forma adequada o desejo de automutilação de uma pessoa que se diz “transgênero”.

“Se eu dissesse: ‘Doutor, eu sou suicida porque me sinto como um amputado preso em um corpo normal, corte minha perna’, eu seria diagnosticada com transtorno de integridade corporal. Mas se eu entrasse no consultório do médico e dissesse: ‘Eu sou um homem, quero agender um horário para uma mastectomia [remoção do seio] dupla’, meu médico prontamente me atenderia. Ora, veja bem, se você quer cortar uma perna ou um braço, está mentalmente doente, mas se você quer cortar os seios – no caso das mulheres – mesmo eles estando saudáveis ​​ou o pênis – no caso dos homens – você simplesmente é transgênero e ‘não há problema com isso”, destacou.

Estudo de caso

Apresentando o caso de um de seus pacientes, Michelle alertou sobre como a “identidade transgênero” tem sido diagnosticada precocemente nos dias de hoje.

“Eu tinha um paciente – que vamos chamar de Andy – e entre as idades de 3 e 5 anos, ele passou a brincar cada vez mais com meninas e brinquedos de meninas. Depois disso, ele passou a dizer que era uma menina. Eu encaminhei os pais e Andy para um terapeuta. Às vezes, a doença mental de um dos pais ou o abuso que a criança sofreu são fatores, mas, mais comumente, a criança perdeu a percepção da dinâmica familiar e internalizou uma falsa crença”, disse.

“No meio de uma sessão, Andy deixou o carrinho de brinquedo, segurou uma Barbie nas mãos e disse: ‘Mamãe e papai, vocês não me amam quando sou um menino”, relatou a pediatra.

Buscando descobrir o contexto em que o garoto vivia, Michelle descobriu que uma certa dificuldade na família levou o pequeno Andy a achar que ele “teria que se tornar uma menina” para ser amado por seus pais, mas um tratamento eficiente resolveou a questão..

“Quando Andy tinha 3 anos, sua irmã com necessidades especiais nasceu e isto exigiu significativamente mais atenção dos pais. Andy percebeu isso como se seus pais preferissem uma filha e passou a pensar algo como: ‘Se eu quiser que eles me amem, eu tenho que ser uma menina”. Com a terapia familiar, Andy superou isso”, explicou Michelle.

“A questão é que se fosse nos dias de hoje, os pais de Andy receberiam a seguinte orientação: ‘Isso é o que Andy realmente é. Vocês devem garantir que todo mundo o trate como uma menina ou então ele vai se suicidar”, lembrou a pediatra. “À medida que Andy chegasse à puberdade, os ‘especialistas’ o colocariam em um tratamento com bloqueadores de puberdade para que ele continuasse a se passar por uma menina”.

Michelle alertou que estes bloqueadores de puberdade estão sendo recomendados para crianças e adolescentes antes mesmo de serem testados com segurança, o que é muito perigoso.

“[Para estes ‘especialistas’] não importa que nunca tenhamos testado bloqueadores de puberdade em crianças biologicamente normais. Não importa que, quando os bloqueadores são usados ​​para tratar o câncer de próstata nos homens e problemas ginecológicos nas mulheres, eles causam problemas de memória. É como se dissessem: ‘Não precisamos de testes. Precisamos inibir o desenvolvimento físico da criança agora, ou ela vai se matar”, afirmou.

“Mas isso não é verdade. Em vez disso, quando suportados em seu sexo biológico através da puberdade natural, a grande maioria das crianças com disforia de gênero melhoram. No entanto, crianças que estão confusas com relação ao seu gênero são ​​quimicamente castradas com bloqueadores da puberdade. Em seguida, muitas delas são permanentemente esterilizadas, adicionando hormônios cruzados, que também as colocam em risco de doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, diabetes, câncer e até mesmo os muitos problemas emocionais que os especialistas em gênero estão se desdobrando para tratar”, acrescentou.

Michelle finalizou seu artigo, alertando sobre o abuso psicológico que configura a ideologia de gênero sobre as crianças e adolescentes.

“Iludir todas as crianças da pré-escola para a frente com a mentira de que elas poderiam estar presas no corpo errado destrói o alicerce, a noção de realidade de uma criança. Se elas não podem confiar na realidade de seus corpos físicos, em quem ou no quê eles podem confiar? A ideologia de gênero nas escolas é o abuso psicológico que muitas vezes leva a castração química, esterilização e mutilação cirúrgica”, disse.

Fonte original

Uma noite, eu tive um sonho: um sonho que efetivamente expôs os cantos anteriormente ocultos da minha imaginação católica totalmente estereotipada. Mas não era o típico sonho cheio de esperanças e desejos. Foi um pesadelo pessoal. Nesse sonho eu era mãe solteira. E me senti tão completamente real.

O enredo do sonho aconteceu em uma jangada na água, flutuando na grande companhia de amigos e familiares. Todos a bordo pareciam estar cientes da situação, menos eu. De repente, uma garota, com aproximadamente 10 anos, me disse que eu não significava nada para ela. Ela tinha cabelos ruivos, e ela era minha filha.

Felizmente e infelizmente, foi apenas um sonho. Mas além do fato de que me fez perceber meus medos estranhos e o tique-taque do meu relógio biológico, isso me permitiu, pela primeira vez, me colocar no papel de mais velha e sábia na dupla mãe-filha.

Eu deixei a fantasia, ou melhor, as memórias, me levarem. Lembrei-me de quando fui ao cabeleireiro com minha mãe na 5ª série e pedi um corte “igual o da minha mãe”. Lembrei-me do meu primeiro café fora, que minha mãe me convidou em um domingo durante os meus anos de ensino médio. Ela sempre tomava café depois da igreja. Eu preferia ler livros, ou praticava algum instrumento (para a escola de música), mas desde aquele dia, eu sempre fiz isso enquanto desfrutava de uma pequena xícara de café preto. Eu me lembro da série de TV The Gilmore Girls, que teve um impacto em mim.

E então comecei a me sentir triste por não ser mãe solteira. Depois disso, pensei que queria muito transmitir à minha filha algumas coisas que me ensinavam a gostar de ser mulher, mesmo que parecessem totalmente independentes da fé.

  1. Não ler livros mal escritos

Claro, todo mundo tem suas próprias preferências. Mas, para além da lista dos deveres espirituais, você não deve ser guiado pelo conjunto de valores apresentados por qualquer autor. Uma indicação muito melhor de um livro digno é a qualidade – da linguagem, da sintaxe e da trama. Afinal, ler um bom livro  não interfere na leitura das Escrituras. Portanto, se minha filha vier me pedir sugestões, vou sugerir a ela Zadie Smith e Virgina Woolf, porque se você irá ler, você deve ler apenas o melhor dos melhores.

  1. Ser feminina é grandioso

Quando adolescente, passei vários anos lendo revistas políticas. Em vez de títulos como  Vogue Allure, aos 15 anos comprei o Wprost, um semanário político-social polaco, e também um popular semanário católico. Inacreditável.

Não me interpretem mal; eu não tenho nenhum problema com qualquer uma destas mulheres da moda e publicações de estilo de vida. Eu respeito seu trabalho. Mas eu ficaria orgulhosa se minha filha olhasse através da Vogue sabendo que não é menos ambiciosa do que ler textos políticos. “Você poderia ser como eu”, eu diria para minha filha. “Porque feminino significa grandioso. E feminino também significa seu”.

  1. Não se concentrar na modéstia

Sei que para pessoas mais religiosas isso não soará tão bem, mas tenho medo da palavra modéstia. Eu a ouvi no contexto errado muitas vezes. É, ainda, muitas vezes distorcida. Gostaria que minha filha respeitasse outras pessoas e soubesse que ela é tão – nem mais e nem menos – valiosa como qualquer outra pessoa porque somos todos iguais.

Mas eu não quero que ela descubra que ela não deve dizer algo, ou não deve tentar mais do que alguém, porque isso não é modesto e não há humildade suficiente em tal comportamento.

Eu preferiria que ela ouvisse: “Lembre-se de que cada meta é alcançável. Tudo o que você precisa é trabalhar duro, ser consistente, e às vezes ser teimosa e autossuficiente. Não fale muito de si mesma e use o fato de que você prefere estar na sombra. Deixe os tesouros para pessoas realmente importantes. Seja paciente e fale alto sobre o que é importante para você”.

  1. Não seja confundida sobre a definição de feminismo

Li recentemente um artigo sobre a metamorfose de Alicia Keys. Começa com uma citação: “Qualquer garota que não é feminista é apenas louca”. Alguns dias depois, Molly Daley, que promove métodos naturais de planejamento familiar, falou com For Her (essa conversa está disponível aqui). Talvez eu esteja confusa, mas tanto quanto estou preocupada, ambos falam sobre a mesma coisa: amor-próprio, autoestima, e sobre desfrutar de quem e o que você é.

Chame isso do que quiser, mas é isso que o feminismo significa para mim. Independência interna, responsabilidade pessoal pelos riscos que você toma, e uma escolha consciente do seu caminho. Para os cristãos, Jesus será a fonte de tudo; para os ateus, é a crença em si mesmos que os guiará. Cada um quebra moldes diferentes.

Espero que minha filha, que “algum dia” eu terei, um dia seja forte o suficiente para ser ela mesma, por conta própria, não se elevando e não precisando de elogios excessivos; que ela fará o que a faz feliz, guiada pelo que é mais importante. E eu espero que ela sonhe.

Afinal, você nunca sabe onde um único sonho surpreendente irá levá-lo.

Jola Szymanska