São duas as principais causas da hostilidade desses governos: a ideologia comunista e o fundamentalismo islâmico

Se o Menino Jesus, Nossa Senhora e São José contaram com hostilidades que iam das portas na cara até a sanguinária perseguição perpetrada por Herodes, a situação dos cristãos hoje em dia em várias partes do nosso mundo não é muito mais favorável nem sequer em épocas natalinas.

Além da opressiva mercantilização e laicização forçada do Natal no mundo dito “livre” e “rico”, há países em que celebrar o nascimento de Jesus é oficialmente proibido – e pode levar a penas que incluem a morte.

Nesses países, há principalmente duas causas para essa hostilidade: a ideologia comunista, em alguns, e o fundamentalismo islâmico na maioria dos outros.

Entre os casos mais chamativos, estão os dos seguintes países:

1 – Brunei

Cinco anos de cadeia: esta é a pena que esse pequeno país muçulmano da ilha de Bornéu pode aplicar a quem cometer o “crime” de… celebrar o Natal!

O sultão da monarquia absolutista de Brunei, Hassanal Bolkiah (foto), estabeleceu esta pena para quem for descoberto aderindo de algum modo às festividades natalinas, ainda que seja apenas mediante o envio de augúrios de Natal a parentes e amigos. Os não muçulmanos até podem celebrar o Natal no país, desde que seja apenas dentro das próprias comunidades e com a devida permissão das autoridades.

O Ministro de Assuntos Religiosos declarou que as medidas “antinatalinas” pretendem evitar “celebrações excessivas e abertas, que poderiam prejudicar a aqidah (fé) da comunidade muçulmana”. Dos 420.000 habitantes do país, que é rico em petróleo, 65% são muçulmanos.

Em dezembro de 2015, um grupo de imãs (clérigos do islamismo) divulgou mensagem aos fiéis islâmicos de Brunei advertindo contra celebrações “não ligadas ao islã”. Para eles,

os muçulmanos que seguem os atos daquela religião (o cristianismo) ou usam os seus símbolos religiosos, como a cruz, velas acesas, árvore de Natal, cantos religiosos, augúrios natalinos, decorações e sons que equivalham a respeitar aquela religião, vão contra a fé islâmica (…) Alguns podem achar que a questão é frívola, mas, como muçulmanos, nós devemos evitar as celebrações de outras religiões para não influenciar a nossa fé islâmica”.

Apesar das medidas intolerantes, não faltaram residentes de Brunei que rejeitaram a proibição assim que ela foi imposta: eles divulgaram fotos natalinas em suas redes sociais usando a hashtag #MyTreedom (um trocadilho com “tree”, árvore, e “freedom”, liberdade, em inglês).

2 – Somália

Pouco após a proibição do Natal anunciada pelo sultão de Brunei, a Somália resolveu seguir o “exemplo” e decretar que tanto o Natal quanto as celebrações de ano novo “ameaçam a fé muçulmana“. Ambas as datas, portanto, têm a sua celebração proibida no país, um dos mais sofridos e devastados do planeta por décadas de caos institucional, guerra civil, terrorismo, fome e níveis de miséria que ultrapassam o imaginável.

O xeque Mohamed Khayrow, do Ministério de Assuntos Religiosos, declarou em dezembro de 2015 que “todos os eventos relacionados [com essas celebrações] são contrários à cultura islâmica“. Por sua vez, o xeque Nur Barud Gurhan, do Supremo Conselho Religioso da Somália, alertou para o risco de ataques terroristas por parte do grupo fanático Al-Shabab contra quem celebrasse o Natal no país. De fato, em 2014, essa organização terrorista que ocupa grande parte do território da Somália tinha atacado a sede da União Africana em Mogadíscio, a capital do esfacelado país, em pleno dia de Natal.

A Somália segue o calendário islâmico, de base lunar, no qual o ano não começa em 1º de janeiro. Devido à perseguição, praticamente não restam cristãos no país – aliás, mal resta país para os habitantes.

3 – Tadjiquistão

Em 2013, este país da Ásia Central proibiu os canais de televisão de transmitirem um filme natalino russo. Em 2015, chegou a vez de banir as árvores de Natal e as entregas de presentes nas escolas.

O Ministério da Educação, que adota princípios islâmicos como diretrizes, decretou ainda a proibição de fogos de artifício, refeições festivas, intercâmbio de presentes e arrecadação de dinheiro para celebrações de ano novo.

4 – Arábia Saudita

O país é regido por uma das mais estritas e severas interpretações da doutrina islâmica, a corrente wahhabita. Não surpreende, neste sentido, que o Natal seja vetado nesse país, historicamente tão fechado aos não-muçulmanos.

É verdade que os últimos anos têm trazido sinais de abertura por parte de alguns expoentes da monarquia saudita, mas esse mesmo processo se choca com amplas e arraigadas resistências de setores fundamentalistas.

No tocante ao Natal, um exemplo desse conflito entre tentativas de abertura e reações de intolerância vem de 2015, quando hospitais do governo autorizaram seus empregados não islâmicos a celebrarem o Natal em equipe, mas clérigos sauditas retrucaram enfaticamente que nenhum muçulmano pode saudar os não-muçulmanos em suas ocasiões religiosas. O xeque Mohammed Al-Oraifi declarou: “Se eles celebram o nascimento do filho de Deus e você os cumprimenta, então você está endossando a fé deles” – que, na interpretação dos wahhabitas, é herética porque o conceito da Trindade (Deus Pai, Filho e Espírito Santo) equivaleria, a seu ver, a uma espécie de “politeísmo”, veementemente rechaçado pelo monoteísmo islâmico.

Como a influência do fundamentalismo islâmico é muito forte no cotidiano dos sauditas, esse tipo de pressão exercida por expoentes religiosos piora a situação já precária dos poucos cristãos, quase todos estrangeiros, que vivem no país.

5 – Coreia do Norte

Desde a implantação forçada do comunismo nesse país na década de 1950, todo tipo de atividade cristã de culto é implacavelmente proibido. Grupos de defesa dos direitos humanos estimam entre 50 mil e 70 mil o número de cristãos confinados à prisão ou a campos de concentração na Coreia do Norte por simplesmente praticarem a sua fé.

Em 2016, o ditador Kim Jong-Un (foto) deu mais um passo na perseguição religiosa: não apenas reiterou a proibição de celebrar o Natal como ainda ordenou que, na noite de 24 de dezembro, o povo comemore o nascimento da sua avó, Kim Jong-Suk, uma guerrilheira comunista que combateu os japoneses e se tornou a esposa do primeiro ditador do país, Kim Il Sung. Ela teria nascido na véspera de Natal de 1919. Morta em 1949, passou a ser considerada (e venerada, um tanto à força) como a “Sagrada Mãe da Revolução”.

6 – China

Em grandes cidades chinesas, muitas lojas e ruas comerciais se vestem das cores natalinas em dezembro. Proliferam imagens do Papai Noel, árvores de Natal e canções típicas. Muitos chineses, não sendo cristãos, veem essas celebrações como apenas uma “temporada temática” para o comércio; outros, porém, enxergam nelas o “apelo cultural da modernidade”, associada com o Ocidente e, portanto, “inimiga dos valores patrióticos” impostos à China pela brutal revolução comunista do século XX.

Shanghai, China, 2016

Entre as entidades intelectuais mais próximas do poder central chinês, o fascínio de grande parte da população pelo Natal é observado com cautela, quando não com hostilidade. Em 2014, a Academia Chinesa de Ciências Sociais chegou a publicar um livro para detalhar os “mais sérios desafios” que estão surgindo no país e citou explicitamente quatro:

  • os ideais democráticos exportados pelas nações ocidentais
  • a hegemonia cultural ocidental
  • a disseminação da informação através da internet
  • a infiltração religiosa.

Pouco depois, um grupo de dez estudantes chineses de doutorado publicou um artigo em que analisam o fenômeno denunciado como “frenesi do Natal” e apelam ao povo chinês para rejeitá-lo. Segundo esses estudantes, a “febre do Natal” na China demonstra a “perda da primazia da alma cultural chinesa” e o colapso da “subjetividade cultural chinesa”. Eles convidam os seus compatriotas a terem grande cuidado com o que consideram “um novo avanço da ‘cristianização’” em seu país.

Aleteia

As 13 folhas escondidas debaixo da terra foram reencontradas e “limpas” graças às novas tecnologias. Marcel Nadjari, no campo de concentração, estava no Sonderkommando: era forçado a lidar com os deportados destinados às câmaras de gás.

“Como eu poderia temer a morte, depois de tudo o que eu vi aqui?” Nas suas cartas do inferno na terra, o campo de concentração de Auschwitz, Marcel Nadjari conta. Ele, um judeu grego, estava no campo de concentração como deportado, junto com seus pais e a irmã Nelli, que morreram logo depois do seu ingresso. Os seus textos, por mais de 70 anos, nunca foram lidos por ninguém.

Treze folhas arrancadas de um caderno, escritas na urgência de contar o horror que ele estava vivendo e do qual havia sido forçado a se tornar também parte ativa. Os nazistas o colocaram no Sonderkommando, aquele grupo de prisioneiros que geriam a “eliminação” dos deportados nas câmaras de gás. Uma tarefa terrível: acompanhá-los à morte, depois mover os corpos, cortar os cabelos, recolher os dentes de ouro e, por fim, queimar os restos.

A pior parte é a primeira, quando os prisioneiros destinados à solução final lhe perguntam aonde estão indo e o que acontece naqueles edifícios. “Para as pessoas cujo destino estava marcado, eu disse a verdade.”

Uma vez nus, os prisioneiros iam para a câmara de morte, com os chuveiros falsos de onde saía o gás. “Eles eram forçados a entrar às chicotadas, e depois as portas eram fechadas.”

Marcel torna-se, de perto, a testemunha da loucura nazista. Ele não tem medo de morrer, ao contrário, está convencido de que isso aconteceria em breve. E, por isso, decide confiar seus pensamentos a folhas de papel que, depois, esconde debaixo da terra. Uma recordação da sua presença e uma advertência para a humanidade que viria depois dele.

Um testemunho importante encontrado por acaso em 1980 por um estudante polonês que participava de uma escavação. O documento, que havia ficado nada menos do que 36 anos debaixo da terra, estava muito arruinado, quase ilegível.

Somente hoje, graças às novas tecnologias e ao avanço da informática, os escritos de Marcel foram finalmente traduzidos, contando uma das páginas mais atrozes do campo de extermínio.

“Todas as vezes que matam, eu me pergunto se Deus existe”, afirma ele em uma das folhas. Em outra, Marcel escreve que se arrepende de duas coisas: não ter conseguido se vingar e não ter podido dar aos outros prisioneiros uma morte mais digna e “humana”.

O historiador russo Pavel Polian, que trabalhou na tradução do documento, fez outra descoberta inesperada: Marcel sobreviveu graças ao caos provocado pela chegada do exército russo, que obrigou os responsáveis pelo campo de concentração a transferir os prisioneiros para outros campos.

Transferido para a Áustria, depois da vitória dos aliados, Nadjari foi libertado. Ele se refugiou nos Estados Unidos, onde se casou e trabalhou como alfaiate em Nova York. Morreu em 1971. Deixou uma filha, a quem foram entregues as folhas escritas pelo pai.

Agora, o precioso testemunho viajará pelas sinagogas – ele já foi lido na de Tessalônica, cidade natal da família Nadjari – para falar daquilo que Marcel queria transmitir: um pensamento de fraternidade e de solidariedade, sobretudo na dor.

La Repubblica

Foto de como foram encontrados os manuscritos.

Uma declaração conjunta de agências da Organização das Nações Unidas (ONU), classificou de “retrocesso” a provável aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 181, mais conhecida como “PEC da Vida”. Caso passe pelo plenário da Câmara dos Deputados, poderá barrar o aborto no país, agenda que vem sendo empurrada pela esquerda desde o primeiro governo Dilma Rousseff.

Dizer que o aborto já é legal no Brasil é um exagero, uma vez que não há lei específica sobre isso. O que existe é uma decisão da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que não viu crime a interrupção voluntária da gestação durante o primeiro trimestre. Para ter força de lei, a decisão precisaria ser tomada pelo plenário do STF como um todo, o que nunca aconteceu.

No comunicado, a ONU alega que a proibição do aborto colocaria em risco a saúde física e mental de mulheres e meninas, o que pode constituir “tortura, e/ou tratamento cruel, desumano ou degradante.”

O executivo vem mantendo silêncio sobre a discussão. Mas chama atenção que o tema tenha mobilizado organismos internacionais. A agenda abortista das Nações Unidas é antiga. A organização promove anualmente o Dia de Ação Global para o Acesso ao Aborto Seguro e Legal.

texto da PEC 181 aprovado na Comissão especial, pede uma mudança na Constituição para que a vida seja considerada inviolável desde a concepção e não mais como é hoje, somente após o nascimento. A proposta ainda precisa seguir para o Plenário. Para sua aprovação são necessários 308 votos, em dois turnos.

Diferentes juristas vêm debatendo os efeitos da aprovação da PEC, já que essa mudança poderia redefinir as situações em que uma interrupção da gravidez seria permitida. Pelas atuais regras, o aborto não é punido em três casos: gravidez resultante de estupro; quando há risco de a mãe morrer se levar adiante a gravidez; ou quando o feto sofre de anencefalia.

Os especialistas acreditam ainda que a palavra final poderia ficar com o STF, pois devem ser impetradas ações que questionariam a constitucionalidade da emenda.

Fonte: Estadão e G1   Via G prime

O trabalho da Cáritas se reflete em resultados que, no mundo inteiro, falam por si. A entidade católica de caridade e assistência humanitária presta serviços que vão do atendimento médico e da distribuição gratuita de remédios até o resgate de vítimas de tráfico humano, passando por inúmeras iniciativas em áreas como educação, alimentação, acolhimento de órfãos, mães solteiras, refugiados…

Na Venezuela, porém, embora as ações da Cáritas sejam urgentíssimas em face da calamitosa falência e corrupção do Estado, o próprio governo de Nicolás Maduro, guiado por critérios exclusivamente ideológicos, não apenas não colabora com a entidade como ainda dedica esforços contínuos a prejudicar o seu trabalho.

Já noticiamos, há cerca de um ano, a denúncia de que o governo bolivariano teria chegado até mesmo a roubar remédios que a Cáritas distribuiria na Venezuela (confira aqui). Além desses casos extremos, a entidade católica sofre no país constantes sabotagens, que incluem desde bloqueio às suas conexões telefônicas e de internet até o autoritário confisco de seus computadores e outros instrumentos de trabalho cotidiano.

Apesar de tudo isso, a Cáritas é uma das poucas instituições que ainda conseguem apresentar números concretos em um país sem estatísticas confiáveis.

Não publicar estatísticas, de fato, é uma estratégia que o governo da Venezuela vem aplicando há anos. Manter ignorância ou dúvidas sobre o desastre social da nação é uma tentativa de silenciar a verdade que depõe contra o regime. Nesse contexto, os relatórios da Cáritas irritam os donos do poder no país e são um dos motivos que levaram Nicolás Maduro a arremeter contra a entidade em uma recente entrevista que concedeu ao programa Salvados, da rede espanhola La Sexta.

Quando o jornalista Jordi Evole perguntou sobre a fome dos venezuelanos e citou a confiabilidade da Cáritas, o sucessor de Hugo Chávez reagiu acusando a organização de “conspiração”. Textualmente, Nicolás Maduro afirmou:

“Pode ser que a Cáritas seja uma organização confiável na Espanha… Na Venezuela, tudo o que está vinculado à Igreja católica está contaminado, envenenado por uma visão contrarrevolucionária e de conspiração permanente”.

Para qualquer mortal no exterior, estas expressões podem surpreender. Para os venezuelanos, são o “pão nosso de cada dia” – até por falta de outro tipo de pão.

O assunto deixou o próprio Evole, de reputação nada conservadora, atônito e incrédulo. Ele retrucou:

“Mas é a Cáritas! Estamos falando de um organismo bastante confiável!”

O jornalista sabe, afinal de contas, que a Cáritas Espanha não somente conta com o respeito de milhões de espanhóis, inclusive ateus e seguidores de outras religiões, como também consegue enviar dinheiro para projetos humanitários em meio mundo.

Mas Maduro, sem qualquer argumento objetivo para desqualificar a entidade, se limitou à sua visão fanatizada do “nós contra eles”, própria dos regimes autoritários e paranoicos.

O presidente da Venezuela desacreditou igualmente a Transparência Internacional, que mede os índices de corrupção no país, e o Foro Penal Venezuelano, um grupo de competentes e jovens advogados e juristas que se dedicam, como voluntários, a defender os venezuelanos que, por se oporem ao governo muy democrático de Nicolás Maduro, se tornaram presos políticos.

Enquanto países em guerra agradecem à Cáritas pela sua ação humanitária inestimável, não se conhece nenhum governante que ataque dessa maneira, e sem qualquer embasamento real, a reputação e credibilidade da entidade católica. Só Nicolás Maduro.

Aleteia

Dando continuidade ao projeto do Partido Comunista da China, que apoia o regime da Coreia do Norte, três províncias chinesas expulsaram quase 1000 missionários e pastores. A grande maioria são cristãos sul-coreanos que ajudavam os desertores norte-coreanos.

O governo comunista do país continua com sua repressão contra atividades religiosas, de acordo com um relatório publicado nesta segunda-feira (6/11). Desde o final do ano passado, as províncias de Liaoning, Jilin e Heilongjiang no nordeste da China vêm identificando e deportando os pastores além de tentar fechar suas igrejas, de acordo com o jornal britânico Express.

Em Changchun, capital da província de Jilin, todas as igrejas lideradas por sul-coreanos foram fechadas de vez. Essa expulsão de líderes cristãos estrangeiros, sobretudo sul-coreanos faz parte do plano chinês de implementar novos regulamentos sobre assuntos religiosos. O objetivo declarado é “erradicar o extremismo” até 1 de fevereiro de 2018.

Estão previstas pesadas multas para quem organizar “atividades religiosas não aprovadas” (US $ 45.200) e para os que ofereceram um local para “eventos religiosos ilegais” (US $ 30.100).

Bob Fu, fundador e presidente da Missão China Aid, uma organização que combate a perseguição aos cristãos na China, disse ao Christian Post que “a cúpula do governo chinês está cada vez mais preocupada com o rápido crescimento da fé cristã, sua presença pública e sua influência social. Trata-se de um medo político do Partido Comunista, uma vez que o número de cristãos no país já superou em muito o de membros do Partido

Sob a liderança do presidente Xi Jinping, que está no poder desde 2013, multiplicaram-se as medidas contrárias aos cristãos. Desde a revolução comunista de 1949. Um número recorde de igrejas “subterrâneas” foram invadidas, centenas de pastores foram presos, templos foram derrubados e multiplicaram-se as denúncias de torturas e violências contra os cristãos em todo o país. Traduzido em números, calcula-se que a perseguição religiosa na China cresceu 700% na última década.

Segundo foi informado no mês passado, o Partido Comunista pretende manter Xi no poder até 2022, quando termina seu segundo mandato.

Fonte: Gospel Prime

Na Coreia do Norte, um país onde “não há crentes”, apesar de um artigo na Constituição garantir a liberdade religiosa, nosso correspondente especial* conseguiu ir à Igreja de Changchung em Pyongyang. A Igreja não tem padre, bispo nem batismo.

A Toyota 4×4 entra no pátio e surge a igreja, sóbria, branca e marrom escuro. A fachada tem uma pequena roseta e uma janela retangular com uma cruz em cima. Dois funcionários aguardam, em clássicos ternos escuros.

No dia anterior, em resposta ao meu pedido, meu guia e acompanhante, Pal, havia ligado para seu assistente para organizar a visita à Igreja Católica de Changchung, na Coreia do Norte, localizada no coração de Pyongyang e construída em 1988.

Eu já tinha visitado dezenas de igrejas na China nos últimos anos, mas foi a primeira vez que vi uma Igreja Católica na Coreia do Norte. Pal confessou que também nunca tinha visitado uma Igreja Católica antes.

Após rápidas saudações, Kim Chol-Un, presidente da Associação dos Católicos na Coreia, apresentou-se, repetindo seu nome cristão: “Francisco, como o Papa.” O Vice-Presidente da Associação, Cha Julio, que é mais novo, abre a porta da igreja. “Por favor”, diz ele, convidando-nos.

Janelas amplas e sem pintura deixam a claridade entrar, iluminando a nave, os dois bancos de cerca de 12 lugares, o caminho da Cruz em ambos os lados e duas pinturas de Maria e José. O coro permanece na sombra, iluminado pela vela do Santíssimo Sacramento, perto do Tabernáculo.

Aqui, “150 a 200 pessoas vêm todo domingo pela manhã para rezar por 40 minutos”, diz Francisco.

“Temos uma cerimônia ritual aos domingos. Por outro lado, ninguém vem durante a semana. O senhor deveria vir no domingo, para conhecê-los”, acrescenta.

Kim Chol-Un explica que ele “preside” a oração. Mas quem são os fiéis?

“São os descendentes distantes dos católicos, e todos têm mais de 60 anos”, diz.

Eles se identificam como católicos?

“Sim, os nossos antepassados nos deixaram o conhecimento como legado”, responde Cha Julio, em inglês perfeito.

“Claro, somos católicos por nossos bisavós, e Pedro havia batizado nossos antepassados”, explica.

“Não há nenhum sacerdote aqui”, reconhece Francisco. “Nós somos autônomos e independentes. Mas os frequentadores foram batizados, caso contrário não poderiam vir”, diz ele.

Batizados por quem?

“Eles batizaram-se uns aos outros desde o início com Pedro”, diz Francisco.

Segundo ele, o Sacramento do batismo, portanto, foi transmitido naturalmente de geração em geração.

Mas como se explica a construção da única Igreja Católica do país, em 1988?

“Nosso líder, Kim Il-Sung, nos libertou do colonialismo japonês. Depois, em 1950, a guerra da Coreia destruiu todas as igrejas e os crentes espalharam-se praticamente por todo o lado”, explica Kim Chol-Un.

Ele não menciona que depois de tomar o poder em 1948, com apoio russo, o movimento de Kim Il-Sung foi de erradicar as religiões.

“Todas as igrejas foram destruídas. Cristãos, católicos e protestantes foram mortos ou enviados para campos”, diz um missionário ocidental que mora há décadas na Coreia do Sul e visitou muitas vezes a Igreja de Changchung.

“Na época, Pyongyang era chamada de Jerusalém do leste. Milhares de católicos moravam aqui. Porém, a cidade foi esvaziada de toda religiosidade. Os poucos missionários estrangeiros, os Maryknolls, foram expulsos e os católicos coreanos foram eliminados”, disse o missionário.

No início da guerra da Coreia, quando as tropas do Norte tomaram Seul em menos de dois dias, dezenas de padres, freiras e outros católicos foram feitos reféns e enviados para o norte, no que ficou conhecido como a “Marcha da Morte”.

“Havia também soldados estadunidenses no grupo, mas a maior parte deles morreu antes de chegar à fronteira com a China, onde foram libertados. Um padre das Missões de Paris sobreviveu, bem como uma freira carmelita francesa e uma irmã de São Paulo de Chartres”, diz o missionário.

Neste contexto histórico desprovido de misericórdia, não é fácil saber se os poucos “Católicos” que são hoje visíveis em Pyongyang foram escolhidos por sua filiação religiosa, mas é difícil acreditar nisso. O padre da Coreia do Sul considera-os “cidadãos escolhidos para realizar essa tarefa aos domingos e para mostrar ao mundo que existe liberdade de religião na Coreia do Norte. São funcionários públicos.”

Francisco, por sua vez, explica que foram eles que expressam o “desejo ardente” de ver uma igreja construída em 1988.

“Quando o governo foi notificado, o Presidente Kim Il-Sung doou terrenos, materiais e dinheiro para a construção”, afirmou.

Segundo Francisco, há 800 crentes em Pyongyang e 3.000 espalhados por toda a Coreia do Norte.

“Mesmo não tendo um padre, eles podem orar de forma independente, em pequenos grupos, em casa”, acrescenta.

Estas figuras circulam no exterior, sempre iguais, mas é impossível verificá-las.

Já as igrejas protestantes sul-coreanas, que são muito anticomunistas, defendem a ideia de uma presença cristã que é clandestina ou reprimida pelo regime.

“Talvez alguns foram batizados em Pequim”, diz o nosso missionário do Sul.

“Não sei. Eu mesmo pude celebrar [a missa] muitas vezes, mas nunca dei a comunhão. Não é possível se não for batizado. Além disso, eles se escondem de nós e não podemos falar com eles”, disse.

Ainda que não seja sacerdote nem diácono, Francisco, que é casado e tem dois filhos, nos garante que lidera os serviços de comunhão com Hóstias consagradas por bispos ou padres sul-coreanos que têm vindo em delegações oficiais com frequência nos últimos anos.

“Um padre estadunidense também vem celebrar a missa, às vezes”, comenta.

“Ele e os sul-coreanos deixam um pouco para nós às vezes, mas não temos mais”, explica.

Ao convidar-nos para entrar na sacristia, Kin Chol-Un orgulhosamente mostra uma foto do Papa João Paulo II recebendo um casal de norte-coreanos em Roma, na década de 80. Um pouco acima, há uma bela foto de um sorridente Papa Francisco, ao lado de uma imagem da Virgem Maria com os olhos puxados, doada por sacerdotes sul-coreanos.

Oficialmente, o Bispo da diocese de Pyongyang é o Arcebispo de Seul. Não há nenhum sacerdote em Pyongyang. Não há sinal ou testemunho de que uma “igreja subterrânea” possa ter sobrevivido às expulsões de 1948. Não há relações diplomáticas entre o Vaticano e a Coreia do Norte, nem qualquer diálogo como o que existe entre Roma e Pequim, onde a situação da Igreja também não é simples.

Francisco orgulhosamente exibe uma magnífica Bíblia (Antigo e Novo Testamento), “traduzida por pesquisadores da Universidade King Il-Sung”. Ele diz que há outra, traduzida pelos sul-coreanos, e outra em latim.

Como esses “crentes” ensinam o catecismo aos seus filhos?

“Não há nada para ensinar, e os jovens não gostam de vir no domingo, mas mantemos nossa igreja viva”, responde.

O fim do dia vem surgindo, lentamente. A visita chega ao fim, mas antes de sair, Francisco tira uma “caixa de coleta” para boas obras, na qual pode-se depositar alguns euros. Kim Chol-Un e Cha Julio fizeram seu trabalho.

Pal nem espera o carro arrancar e já começa a me bombardear com perguntas sobre o Papa, os cardeais, a Cúria Romana, os bispos, os sacerdotes, o batismo, a Bíblia, o catecismo, os sacramentos, os rituais, as regras e a legitimidade ou legalidade do funcionamento da Igreja de Pyongyang.

O jantar é uma longa discussão sobre a Igreja Católica universal, sua história milenar e como ela funciona. Nossas conversas continuam noite adentro…

A reportagem é de Dorian Malovic, publicada por La Croix International.

A província de Ontário (CAN) aprovou a Lei n.° 89, também conhecida como Lei de Apoio às Crianças, Jovens e Famílias de 2017, cuja aprovação teve a margem de 63 votos favoráveis à legislação e 23 contra.

“A nova lei estipula que o serviço social infantil e os juízes da família tomem em consideração a ‘raça, ascendência, local de origem, cor, origem étnica, cidadania, diversidade familiar, deficiência, credo, sexo, orientação sexual, identidade de gênero e expressão de gênero’ ao determinar se uma criança permanecerá ou não com seus pais ou famílias de acolhimento (grifo nosso)”, escreveu o The Blaze.

Michael Couteau, Ministro dos Serviços para Crianças e Família e autor do projeto que se transformou em lei, disse que ele iria considerar alienação parental o fato de porventura os pais questionarem os filhos que escolham um sexo diferente do biológico. E arrematou: “Uma forma de abuso quando uma criança se identifica de uma maneira e o seu responsável está dizendo: ‘Não, você precisa fazer isso de maneira diferente.’”

A lei ainda permite a mais drástica penalidade aos pais que recusarem a aceitar o gênero que o filho(a) possa escolher (uma forma de abuso, segundo o autor da lei): a retirada do filho(a) da tutela dos pais.

Couteau justificou tal medida: “se é abuso, e se estiver dentro da definição de abuso, uma criança pode ser removida desse ambiente e colocada em proteção onde o abuso é interrompido.”

O artigo que permitia os pais criarem seus filhos de acordo com sua religião foi retirado da redação final da lei.

Jack Fonseca, estrategista político sênior da Campanha da Coalizão pela Vida, observou que “com a passagem da Lei n.° 89, entramos em uma era de poder totalitário do Estado, como nunca antes testemunhado na história do Canadá e que a nova lei é uma ameaça para as pessoas de fé.”

Tudo começou com um livro didático. Um manual escolar assinado por Sophie Le Callennec, professora francesa de geografia e história, desencadeou um debate nacional ao ser o primeiro a adotar a chamada linguagem inclusiva, que busca evitar as fórmulas sexistas. O volume em questão, intitulado Questionar o Mundo, publicado em setembro e dirigido a alunos de Educação Moral e Cívica do 3º ano do primário, motivou uma onda de indignação e dividiu políticos e intelectuais a respeito da necessidade de integrar ou não essas regras de gênero no uso comum da língua.

A polêmica chegou na semana passada à Academia Francesa. Seus 40 imortais difundiram na última quinta-feira um comunicado onde se declaravam contrários ao uso de uma linguagem igualitária. “Diante desta aberração inclusiva, a língua francesa se encontra, a partir de agora, em perigo mortal. Nossa nação é responsável perante as gerações futuras”, afirmou o organismo, fundado em 1763.

Apesar de tudo, Le Callennec não fez mais do que seguir os conselhos formulados pelo Governo francês em 2015. O Conselho Superior para a Igualdade, subordinado ao Executivo, publicou na época um guia prático “para uma comunicação pública sem estereótipos de sexo”, que recomendava citar sempre os dois gêneros, ordenando alfabeticamente o resultado – escreve-se “agriculteurs et agricultrices” (agricultores e agricultoras), mas “femmes et hommes” (mulheres e homens) – e feminizar os substantivos que se refiram a ofícios ou cargos públicos, uma tarefa pendente para o idioma francês.

Além disso, o guia recomendava incorporar um sufixo feminino a todo substantivo masculino, separando-o tipograficamente dentro de cada palavra. Se esta gramática não sexista acabou não se firmando, isso pode ser por causa da complexidade dessa última proposta. Se num escrito em português é possível substituir a palavra alunos por alunos(as), alunxs ou alun@s, em francês é mais difícil, porque nem sempre basta alterar uma vogal, e porque o resultado é menos fácil de ler. Diante da falta de uma normativa compartilhada, geralmente são usados hifens, barras, parênteses, maiúsculas e até três tipos de pontuação. Assim, o resultado para se referir às cidadãs e cidadãos pode ser citoyen/ne/s, citoyen.ne.s, citoyen-NE-s, citoyenNEs, citoyen(ne)s ou, o mais habitual de todos, citoyen·ne·s.

Na verdade, a Associação Francesa de Normalização, encarregada de propor a padronização tipográfica, estuda introduzir esse ponto médio nos teclados do país em 2018. A intenção inicial era reconhecer seu uso em línguas como o catalão e o occitano, mas a adesão crescente a essa gramática alternativa não pode ser alheia a tal gesto. Utilizam-na, cada vez mais, autoridades públicas, o mundo das ONGs e certos meios de comunicação, como a revista lésbica Well Well Well.

Apesar de tudo, a resistência a adotá-la continua sendo férrea e, certamente, majoritária. Desde a aparição do livro da discórdia, a imprensa ‘conservadora’ vem insultando o método. O Figaro o qualificou de “blablablá”, e o semanário Le Point, que lhe dedica sua capa nesta semana, reescreveu em linguagem inclusiva trechos de Molière e de Proust, talvez para sublinhar o caráter ridículo do invento. Por sua vez, o filósofo Raphaël Enthoven tachou essa escrita como “agressão à sintaxe” e “novilíngua” orwelliana, expressando o sentimento de outros intelectuais franceses.

Uso infernal

A escritora Catherine Millet também não acredita que sua adoção seja necessária. “Tentei pronunciar algumas palavras e é infernal. Não é uma língua oral, e a oralidade vem antes da escrita” afirmou ao Le Monde. A autora franco-iraniana Abnousse Shalmani também acha que seu uso não favorece nenhum tipo de equidade. “Línguas como o farsi e o turco não têm masculino e feminino e isso não faz com que essas sociedades sejam mais igualitárias”, afirmou.

O ministro francês da Educação, Jean-Michel Blanquer, argumentou que a escrita inclusiva do francês “fragmenta as palavras” e “fere a língua”, apesar de se considerar “um homem feminista”. Por sua vez, a ministra da Cultura, Françoise Nyssen, se disse favorável a uma feminização sistemática dos substantivos, mas não à utilização da ortografia inclusiva. “Como será compressível às crianças com dificuldades de aprendizagem, como os disléxicos?”, disse ao Le Point. O tiro de misericórdia foi disparado pelos acadêmicos, que consideram que o francês está jogando pedras contra seu próprio telhado. A dificuldade adicional que significaria aprendê-lo e entendê-lo, se a tendência inclusiva se transformar em regra, jogaria “a favor de outras línguas que aproveitarão a ocasião para prevalecer no planeta”. Em outras palavras, a arqui-inimiga chamada inglês.

A discussão na Espanha

A Real Academia Espanhola aprovou um estudo em 2012 sobre as diretrizes para se avançar na linguagem inclusiva e não sexista. A opinião manifestada à época não mudou. O diretor da RAE, Darío Villanueva, a resume assim: “Somos favoráveis à sensibilização dos falantes no que se refere à linguagem sexista, mas sobre a estrutura gramatical mantemos o que dissemos em 2012”. Ou seja, condenam o uso machista de alguns termos, mas não defendem a duplicidade de gênero para que homens e mulheres sejam representados no discurso.

“Isso é um falso debate”, diz a doutora em Filologia Românica Eulalia Lledó. “Porque as diretrizes não são regras, somente propostas de usos. E não sei por que alguns acadêmicos ficam tão irritados com o uso da forma dupla para visibilizar as mulheres porque existe até no Antigo Testamento e em Mío Cid. É só retirar de um filão. Fico feliz ao ver cada vez mais formas genéricas na imprensa”.

El País


Noticia de 2016, sempre atualizada.

Fonte: Guy Franco

Professor de uma universidade do Canadá vem sendo perseguido pelos estudantes por se recusar a – veja só – usar pronomes de gênero neutro.

Para manter o padrão, procuro oferecer aos leitores o melhor da polêmica mundial. Uma delas vem da BBC e parece retirada de algum romance distópico de George Orwell: um professor de uma universidade do Canadá vem sendo perseguido pelos estudantes por se recusar a – veja só – usar pronomes de gênero neutro.

A julgar pela reação dos universitários, parece que Jordan Peterson, professor de psicologia da Universidade de Toronto, é suspeito de cometer alguma ofensa terrível, e estaria pronto para arruinar a vida dos estudantes universitários. Mas depois descobrimos que o maior crime dele foi este: dizer em vídeo que se recusava a usar os pronomes “ze” e “zir” no lugar de “she” e “he”. Já disse antes, as melhores peças humorísticas da atualidade são escritas por acadêmicos.

Mas voltemos ao caso: alguns alunos trans e não-binários exigem de Jordan Peterson o uso de pronomes novos criados pelo movimento de correção política. Ne, ve, ze, zie, zir, xe – os pronomes abundam. A polêmica também.

Diz Peterson: “Se a pessoa trans quer ser chamada de “ele” ou “ela”, meu bom senso é o de abordá-la de acordo com o gênero que a pessoa se apresenta.” Diz ainda: “Eu estudei o autoritarismo por um bom tempo – por 40 anos – e ele começa nessa tentativa de as pessoas controlarem a ideologia e a língua dos outros. De maneira alguma vou usar palavras inventadas por pessoas que estão tentando fazer o mesmo – sem chance.”

O objetivo agora é outro: não basta chamar a mulher trans de “ela” e o homem trans de “ele”, como o professor Peterson sempre fez. Segundo a mais nova moda, há uma infinidade de outros gêneros não catalogados. E cada um exige o uso de um pronome diferente. O que implica, claro, não ofender os alunos com doses de inglês arcaico e reacionário; este que encontramos nos livros de Agatha Christie.

Se a coisa ficasse pelos corredores da universidade, seria apenas uma boa ideia de sketch humorístico. O problema é que o caso já chegou ao Departamento de Psicologia da Universidade de Toronto, que emitiu uma advertência ao professor. Também estudantes e docentes já disseram que a atitude de Jordan Peterson é considerada inaceitável, emocionalmente perturbadora e dolorosa. E até o escritório dele sofreu atos de vandalismo.

Na tentativa de impedir qualquer ofensa a minorias desfavorecidas, muitas vezes os movimentos de correção política acabam convertendo-se na mais repugnante forma de autoritarismo.

Uma ideologia global alimentada por uma liberdade “insana” e “literalmente louca” agora está tentando destruir a “última barreira” que preserva a humanidade de perder o significado de ser “humano”, a saber, a “natureza sexual da pessoa humana na sua dualidade de homem e mulher”, escreveu o cardeal Carlo Caffarra, em um manuscrito publicado no LifeSiteNews.

Caffarra escreveu o manuscrito como um prefácio ao livro da socióloga Gabriele Kuby intitulado A Revolução Sexual Global: A Destruição da Liberdade em nome da Liberdade [no original: The Global Sexual Revolution: Destruction of Freedom in the Name of Freedom]. ( ainda sem tradução para o português)

* * *

Texto completo do prefácio não publicado do cardeal Carlo Caffarra para o livro de Gabriele Kuby “A Revolução Sexual Global – A Destruição da Liberdade em Nome da Liberdade”.
Traduzido para o inglês por Diane Montagna.

O estudo de Gabriele Kuby sobre o panorama cultural no presente livro é um clamor de trombeta para despertar-nos do torpor da razão que nos está arrastando para a perda de liberdade consequentemente de nós mesmos. E Jesus já nos advertira que isso, a perda de nós mesmos, seria a mais trágica perda de todas, ainda que ganhássemos todo o mundo.

A cada página que lia, ouvia dentro de mim mesmo as palavras do enganador do mundo todo: “Você será como Deus, conhecendo o bem e o mal” (Gn 3:5).

A pessoa humana elevou-se a si mesmo a uma posição de autoridade moral soberana na qual “Eu” sozinho determino o que é bom e o que é mal. Essa é uma liberdade que é literalmente louca: é uma liberdade sem logos (isto é, razão ou princípio ordenador).

Mas se esse é o contexto teórico (se posso colocar desta forma) do livro inteiro, a obra examina especificamente a destruição da última realidade que permanece de pé no seu caminho. Como irei explicar, o livro também aponta como a liberdade que enlouquece gradualmente engendra as mais devastadoras tiranias.

David Hume escreveu que fatos são coisas teimosas: eles teimosamente desafiam qualquer ideologia. A autora demonstra, e eu considero que acertadamente, que a última barreira a qual essa liberdade insana deve demolir é a natureza sexual da pessoa humana na sua dualidade de homem e mulher, e na sua instituição racional estabilizada pelo casamento monogâmico e pela família. Atualmente essa causa insana está destruindo a sexualidade natural humana e por conseguinte também o casamento e a família. Estas páginas, dedicadas a examinar essa destruição, contêm uma rara profundidade de percepção.

Mas há um outro tema que corre através das páginas deste livro: a obra dessa insana liberdade tem uma estratégia precisa, pois está sendo dirigida, guiada e governada em nível global. Qual é essa estratégia? É aquela d’O Grande Inquisidor, de Dostoyevsky, que diz a Cristo: “Você dá a eles liberdade eu dou-lhes pão. Eles me seguirão.” A estratégia é clara: dominar o homem formando um pacto com um de seus instintos básicos. O novo Grande Inquisidor não mudou a estratégia. Ele diz a Cristo: “Você promete regozijo no prudente, íntegro e casto exercício da sexualidade; eu prometo o gozo desregrado. Você verá que eles me seguirão.” O novo Inquisidor escraviza através da ilusão do prazer sexual completamente livre de regras.

Se, como acredito, a análise de Gabriele Kuby é algo que é compartilhado, há apenas uma conclusão. O que Platão previu acontecerá: liberdade extrema conduzirá à mais grave e feroz tirania. Não é coincidência que a autora fez dessa reflexão platônica a epígrafe do primeiro capítulo: um tipo de chave interpretativa de todo o livro.

Eu espero que este grande livro seja lido por aqueles que têm responsabilidades públicas, por aqueles que têm responsabilidades educacionais, e pelos jovens, as primeiras vítimas do novo Grande Inquisidor.

Cardeal Carlo Caffarra, Arcebispo Emérito de Bolonha.

(1) Em inglês, intensifying verb. Essa expressão foi um problema tanto para o tradutor como para o editor (Heitor). Esta solução é do editor.

http://www.heitordepaola.com

A partir de janeiro de 2018, os moradores da Califórnia, a posteriori, poderão decidir não ser, e não terem sido no nascimento, nem homem, nem mulher.

Qualquer residente do estado do Oeste poderá, a partir daquele momento, pedir que o registro do Estado mude a sua certidão de nascimento, indicando que não pertence a nenhum dos dois sexos.

Uma nova lei, aprovada pela assembleia local e promulgada pelo governador democrata Jerry Brown, permite a identificação como pessoa “não binária”, ou “neutra”, simplesmente a quem fizer o pedido, sem a necessidade de passagens legais posteriores ou de certificados médicos.

A lei não atribui aos pais o direito de escolher, à sua discrição, o sexo do recém-nascido, mas permite também que os menores requeiram a identificação na certidão de nascimento como pertencente a um “sexo neutro”, com o consentimento prévio dos pais.

A Califórnia, assim, torna-se o primeiro Estado dos Estados Unidos a autorizar a modificação de um documento de nascimento de forma voluntária. Até agora, somente o Oregon e o Distrito de Colúmbia, que inclui apenas a capital, Washington, haviam aprovado a inserção de um “N” em um documento de identidade, especificamente na carteira de motorista, mas sem que a certidão de nascimento pudesse ser modificada.

A mudança é significativa, porque é o sexo indicado nos documentos oficiais emitidos no nascimento que valerá nas escolas, nas universidades e nos postos de trabalho para resolver disputas, como o uso de banheiros públicos ou o pertencimento a equipes esportivas.

A nova certidão de nascimento fará desaparecer qualquer vestígio da original. Mas resta saber se será reconhecida em nível federal.

A associação pela defesa da família Family Council se opôs à aprovação da medida, afirmando que ela se baseia na mentira “de que ser homem ou mulher ou não pertencer a nenhum dos dois sexo é uma escolha que cada pessoa tem o direito de fazer”, como disse o presidente do ramo californiano do grupo, Jonathan Keller.

Outra lei promulgada recentemente por Brown, a SB 219, também obriga que os trabalhadores de hospitais, clínicas e lares de idosos usem pronomes neutros ou o pronome escolhido pelo paciente, se este último assim solicitar. Uma imposição que, de acordo com muitos constitucionalistas, viola o direito à liberdade de expressão dos empregados da saúde.

O projeto de lei sobre a modificação da certidão de nascimento, o “Gender Recognition Act”, havia sido proposto no início do ano por dois legisladores democratas que haviam recolhido o abaixo-assinado de algumas pessoas transexuais. Entre eles, A. T. Furuya, de San Diego, que tinha conseguido obter a designação como “neutro” na sua certidão de nascimento ao término de uma longa batalha legal.

A iniciativa da Califórnia levou outras assembleias locais a considerarem a possibilidade de tomar o mesmo caminho.

O Estado de Washington está realizando uma série de encontros públicos para explorar uma modificação do seu ordenamento nesse sentido. Outros países introduziram o conceito de “sexo neutro” ou “terceiro sexo” nos documentos de identidade, incluindo a Austrália, Canadá, Alemanha, Índia, Nova Zelândia, Paquistão, Tailândia e Grã-Bretanha.

Fonte: Avvenire

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Em 2014 O Supremo Tribunal da Austrália aceitou a possibilidade do registro oficial de um terceiro gênero, dando ao cidadão a possibilidade de optar por um gênero neutro. Hoje, o registro estatal permite somente a escolha entre masculino e feminino.

A decisão surgiu a partir de uma demanda provocada pela ativista transexual Norrie, que havia entrado com uma ação no Tribunal de Nova Gales do Sul, em 2010. Na justificativa, o Supremo declarou que “uma pessoa pode não ser nem do sexo masculino nem do sexo feminino e é autorizado o registro como sendo de um gênero não especificado”.

Em 1989, Norrie se submeteu a uma cirurgia de adequação genital e a sua batalha pelo reconhecimento de sua identidade de gênero (feminina) começou em 2010, quando Norrie entrou com ação para se registrar no feminino, o que lhe foi negado e considerado ilegal. À época, a ativista declarou que a negativa da Justiça lhe “assassinava socialmente”. Frente a isso, Norrie levou o caso ao Tribunal de Nova Gales do Sul, em 2013, que também rejeitou a ação da ativista, porém, a decisão foi contestada e acabou no Supremo, que reverteu a decisão negativa.

Em entrevista à imprensa local, Norrie se declarou “eufórica” e disse esperar que as “pessoas entendam que não existem apenas duas opções quando se fala em identidade de gênero”. A decisão australiana, apesar de positiva, coloca algumas restrições similares às de outros países: para a pessoa adquirir o registro de “gênero neutro” terá de juntar documentação médica que justifique a mudança.

Ativistas do movimento LGBT comemoraram a decisão e acreditam que ela abre espaço para se lutar pelo legalização do casamento igualitário, que na Austrália não é permitido. “É essencial que o sistema legislativo reflita sobre a realidade da diversidade sexual na sociedade australiana”, declarou Anna Brown, jurista do Centro para os Direitos Humanos.

A decisão da Corte australiana abre margem para um debate que se arrasta desde o começo do século XXI, que é a questão dos sujeitos que nascem com os ambos os órgãos, os chamados intersex.

Na Alemanha, a justiça permite que se registre como “gênero neutro” e na maturidade a pessoa decide em qual gênero será registrada

No dia 23 de outubro ouvimos com atenção a Werner Reich um dos sobreviventes do holocausto, ficou conhecido como o “Mágico de Auschwitz”, no auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra. Atualmente com 92 anos de idade, Werner, era uma criança quando foi levado ao campo de concentração Auschwitz-Birkenau em 1944.

Certamente o dia de hoje ficará marcado na memória daqueles que estiveram presentes no auditório da Universidade de Coimbra e puderam ouvir o relato do homem que sobreviveu ao extermínio sistematizado e burocraticamente organizado de todos os considerados impuros, não alemães.

Em um auditório com mais 500 pessoas, Werner foi recebido com ansiedade por muitos dos jovens estudantes que ali estavam presentes, muitas assistiram o evento do lado de fora. Segundo o organizador do evento, ele aceitou falar com a condição que seu relato chegasse aos jovens. Atualmente avô e vivendo nos Estados Unidos, Wernerrelatou que passou a ser conferencista como maneira de garantir que aquela tragédia jamais fosse esquecida.

Nascido em 1928 foi enviado aos 16 anos ao campo de concentração em Auschwitz Birkenau local onde 6 mil judeus foram executados. Como judeu fez parte de um grupo denominado Birkenau Boys, que formavam os 96 escolhidos a esmo por Dr. Josef Mengele, que era médico e passou a ser conhecido como o “anjo da morte” ou “anjo branco” e escolheu Werner para executar trabalho escravo e foi assim que conseguir escapar da execução, foi libertado na Áustria pelas tropas americanas em 1945. Quando escapou Werner se considerou “livre” chegou na Iugoslávia dominada por Marechal Tito, mesmo apoiando o comunismo, Werner era um judeu, logo, foi sempre visto e discriminado como um “outsider”.

Werner nos fez enxergar o quão primitivo ainda somos! Esta nossa capacidade de pensar o mundo, de atribuir sentido à realidade e transmitir aos outros encontra-se desencontrada. Somos capazes de culpar uns aos outros por aquilo para o qual não temos uma resposta imediata. Culpabilizar os judeus para as crises econômicas na Alemanha foi a justificava mais anistórica que já vivemos sob a premissa de destruir e dizimar todos aqueles considerados racialmente inferiores.

A história ainda vive sua infância, aqueles que hoje ouviram estarrecidos os relatos de um sobrevivente dos campos de concentração certamente voltarão às suas casas incomodados. Não é possível ouvir e ver aquelas cenas de forma despercebida. O darwinismo social ainda tem muita força e acaba como justificativa para as arbitrariedades que ocorrem em todo o mundo, muitas das ações contra os imigrantes, os oriundos de países mais pobres, nos faz lembrar que a crença na superioridade racial ainda subsiste dentro da sociedade. 

Werner, o “Mágico de Auschwitz”, que aprendeu a fazer magia como mecanismo de escapar da completa desumanização, bem como fez o também sobrevivente Primo Levi que se suicidou, todavia, deixou seus escritos como uma forma de contar aos outros o que viveu, como ele mesmo disse não era uma maneira de expor e ressaltar novas denuncias, ao contrário, queria demonstrar as almas infectadas, que, coordenadas ou não, permanecem entranhadas na origem de uma pensamento violento, dentro de um sistema que estimula a competição e o individualismo.

Enquanto isto existir nunca estaremos livres de fato, Werner finalizou sua fala dizendo que podemos voltar a viver um novo Holocausto em maior ou menor violência, porém enfatizou que façamos nos sempre gritar sem passividade, para que a aparente surdez comece a ouvir.

Elaine Santos, Coimbra, Portugal.

Che Guevara tinha 29 anos quando, de passagem por Roma, em 27 de agosto de 1959, da cidade sagrada só quis visitar a Capela Sistina. “Quando chegou, ele se deitou no chão para ver melhor os afrescos de Michelangelo”, me contou, em sua casa em Roma, o romancista asturiano Luis Amado Blanco, que foi o lendário embaixador de Cuba junto à Santa Sé e chegou a ser o decano dos embaixadores.

Estava de passagem, a caminho do Sudão em uma turnê pela Ásia e o norte da África. Tinha apenas uma manhã em Roma antes de seguir viagem. Quando lhe perguntaram na embaixada cubana o que queria visitar em Roma, esperando que respondesse o Coliseu, as Termas de Caracalla ou o Circo Máximo, surpreendeu a todos dizendo que só queria ver a Capela Sistina no Vaticano.

Não foi uma visita relâmpago, como a da maioria dos milhares de turistas que desfilam diariamente pela cidade. O revolucionário cubano dedicou toda a manhã à Capela Sistina. Ele a esquadrinhou – me contou o embaixador Amado Blanco – em todos os seus ângulos. Ficou horas ali, imóvel, às vezes deitado no chão, enquanto os turistas passavam. 

Nove anos depois, faz agora meio século, o guerrilheiro em conflito com Fidel Castro e que sonhava com uma América Latina comunista, seria fuzilado na Bolívia aos 39 anos.

O Ditador Fidel sempre quis manter boas relações com os papas e teve a sagacidade revolucionária de deixar seu embaixador na Santa Sé durante quase 15 anos sem substituí-lo. Assim, Amado Blanco tornou-se o decano dos embaixadores no Vaticano, encarregado de fazer, uma vez por ano, um importante discurso diante do Papa e de todo o Corpo Diplomático credenciado junto à Santa Sé. Assim, durante anos, era o embaixador da Cuba comunista que pronunciava seu discurso ao Papa e aos embaixadores de todo o mundo.

Fonte: El País