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A imagem está presente quase todos os dias – helicópteros e patrulhas da Guarda Costeira americana salvando exilados cubanos em balsas improvisadas que tentam desesperadamente alcançar a costa sul do país. No melhor dos cenários, as embarcações são recolhidas ainda navegando. No pior, desaparecem em algum ponto distante entre os 150 quilômetros infestados de tubarões que separam a terra dos Castros do sonho americano.

Apenas no ano passado, um total de 814 cubanos conseguiram chegar à costa sul dos Estados Unidos, o que representa um aumento de 90% em relação a 2012, de acordo com dados da United States Customs and Border Protection. Até quarta-feira passada, só no mês de outubro, os Estados Unidos já havia detectado a presença de 278 cubanos no mar em direção ao país. E os números não param de aumentar.

As estatísticas da guarda costeira americana mostram que, enquanto em 2008 quase 20% dos barcos utilizados pelos imigrantes eram caseiros – com restos de embarcações, pedaços de madeira e garrafas – no ano passado esse número chegou a impressionantes 87%. Nos Estados Unidos, o alarme foi ativado pelo medo de um novo êxodo de cubanos, ante a frustração com a realidade econômica da ilha. Desde a crise dos balseros na década de 90 – que contou com mais de 30 mil cubanos imigrando para os Estados Unidos de barco – não havia tantos imigrantes em embarcações rústicas como nesses últimos anos.

Na última quarta-feira, um helicóptero da guarda costeira encontrou 33 cubanos a uma distância de 11 km da costa americana a bordo de um bote de remo sobrecarregado. Mark Barney, suboficial da Guarda Costeira, relata que os passageiros saltaram no mar porque a embarcação estava naufragando. 

“Sabemos o número de pessoas que chegam e as que nós interceptamos quando estão vindo, mas não sabemos quantas morrem no mar”, reconheceu esta semana Gabe Somma, um porta-voz da guarda costeira.

Para José Azebel, do Institute for Cuban and Cuban-American Studies, a crise é de confiança:

“O que estamos vendo é uma desilusão total com as chamadas reformas econômicas do governo de Raul Castro. Já se passaram seis anos (desde que as reformas foram implementadas) e acho que as pessoas já perceberam que não há intenção ou desejo de grandes mudanças.”

Vale lembra que pisar em solo americano é fundamental para o sucesso da travessia, porque, de acordo com a Lei de Ajuste Cubano, vigente desde 1966, os cubanos que o fazem podem ser radicados. Imigrantes capturados no mar são mandados de volta para Cuba.

A maioria dos cubanos que chegam aos Estados Unidos utilizam a fronteira com o México – foram 16.247 imigrantes por esse caminho apenas nesse ano.

Happening support of professor Bogdan Chazan

A demissão de um dos melhores médicos da Polônia como diretor de um hospital em Varsóvia por negar-se a realizar um aborto gerou uma série de críticas no país.

“A instituição não encontrou nenhuma ruptura nos procedimentos ou normas do hospital” com a negação a praticar o aborto, assinalou ao Grupo ACI a representante de Vozes Católicas Polônia, Bogna Obidzinska, em 23 de julho.

“Sua decisão de não realizar um aborto estava perfeitamente dentro do marco da lei. Ele tinha esse direito de acordo à Lei de Liberdade de Consciência”.

“A única razão pela qual o encontraram culpado foi por não ter dirigido a mulher a outra clínica abortista, algo que na verdade não estava dentro das suas obrigações porque ele não era o médico principal desta mulher”.

Em 23 de julho o Dr. Bogdan Chazan foi demitido de seu cargo como diretor do Hospital da Sagrada Família de Varsóvia. Chazan foi despedido por negar-se a realizar o aborto de um bebê com má formação concebido em um procedimento de fecundação in vitro realizado em uma clínica de fertilidade.

Vozes Católicas, organização internacional dedicada a melhorar a representação católica nos meios de comunicação, apoiou numerosas petições a favor de Chazan, incluindo uma petição publicada no CitizenGo que obteve mais de 85 mil assinaturas.

A lei polonesa permite abortar bebês concebidos em estupros e aqueles com doenças mortais, mas considera a cláusula de consciência do país.

Entretanto, depois da negação de Chazan a realizar o aborto solicitado, o hospital foi multado com 23 mil dólares e o vice-prefeito de Varsóvia demitiu o médico com o argumento de que “não tinha utilizado a cláusula de consciência corretamente”.

“É muito difícil dizer por que está acontecendo tudo isso, já que, trata-se de um médico bem-sucedido que nem sequer era responsável por essa mulher, ela só teve uma consulta com ele”, lamentou Obidzinska, indicando que poderia existir “algum tipo de ciúmes entre as clínicas” devido ao sucesso de Chazan.

Segundo o relatório oficial realizado pelo comitê de Varsóvia, “o número de pacientes da instituição duplicou desde que Chazan foi nomeado diretor, faz 10 anos”.

“Nos últimos doze anos, foi realizado apenas um aborto neste lugar e o número de cesáreas se reduziu (pelo menos) na metade, o que significa que a qualidade do atendimento médico no hospital deve ser verdadeiramente extraordinária”.

“O bebê nasceu, a mulher está com boa saúde” e apesar do bebê ter falecido poucos dias depois do nascimento “o professor Chazan ofereceu um atendimento integral à mulher em uma unidade especial da clínica junto com atenção psicológica para ela e seu marido para que não se sentisse sozinha nessa situação”.

“As pessoas, as mulheres em Varsóvia sabem perfeitamente que se querem abortar não devem procurar o Dr. Chazan. É algo que todos sabem”, disse.

“Ele é famoso por fazer coisas extraordinárias com o fim de salvar vidas e também é conhecido por ter salvado vidas em situações onde outros médicos pensavam que as gravidezes terminariam naturalmente em uma tragédia”, observou Obidzinska.

“Chazan salvou muitíssimos bebês. Se alguém for procura-lo para pedir um aborto, isto vai parecer inclusive uma provocação. Não posso acreditar que a mulher não sabia que ele se negaria”.

ACI

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A Congregação para o Clero reconheceu juridicamente, em 13 de junho de 2014, a Associação Internacional de Exorcistas (AIE). A partir de agora, a organização de exorcistas tem um estatuto próprio reconhecido, como informou o L’Osservatore Romano.

Com base no cânon 322 § 1 do Codex iuris canonici, a Congregação para o Clero aprovou os estatutos, conferindo à AIE personalidade jurídica privada como “associação privada internacional de fiéis”, segundo o cânon 116 § 2, com todos os direitos e as obrigações estabelecidas pelo Código.

A ideia de reunir os exorcistas numa associação – recorda o L’Osservatore – surgiu com o sacerdote paulino italiano Gabriele Amorth, nos anos 80. De fato, naquele período, estavam em plena expansão práticas de ocultismo, o que levava um crescente número de fiéis a buscar a ajuda de sacerdotes exorcistas. Desta forma, amadureceu a ideia de reunir os exorcistas para uma troca de experiências e reflexões, de modo a oferecer uma ajuda sempre mais concreta e eficaz a quem a eles se dirigisse. Nasce assim, em 4 de setembro de 1991, a Associação Italiana de Exorcistas.

Em 1993, Padre Amorth e outros exorcistas italianos participam de um simpósio organizado pelo exorcista francês René Chenessau e pelo teólogo René Laurentin. A experiência positiva foi repetida, sucessivamente em Ariccia, em 1994, onde se decidiu dar continuidade aos encontros internacionais, a cada dois anos. Foi eleito então o presidente e escrito um esboço de estatuto de uma associação internacional.

“A aprovação da AIE por parte da Santa Sé – declarou ao L’Osservatore Romano o Padre Francesco Bamonte, exorcista da Diocese de Roma – é motivo de alegria não somente para nós associados, mas para toda a Igreja”, na qual “Deus chama alguns sacerdotes para este precioso ministério do exorcismo e da libertação, com a missão de acompanhar com humildade, fé e caridade” estas pessoas necessitadas de uma específica atenção espiritual e pastoral, para apoiá-las encorajá-las no caminho da libertação e para reavivar nelas a esperança”.

Atualmente, a Associação conta com cerca 250 exorcistas de 30 países. (JE)

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Depender de Deus não significa suprimir a liberdade humana

Os cristãos não acreditam em destino no sentido de fatalidade, pois creem que Deus os criou livres e inteligentes, responsáveis por seus atos. Os cristãos creem em destino no sentido de vocação para o amor, à qual Deus os chama e os conduz com sua Providência. Seu destino é chegar livremente à perfeição última, que é participar do amor de Deus.

1. O pensamento cristão é contrário à crença em uma força cega que conduza o homem para um determinado fim. Deus criou o homem inteligente e livre, portanto, responsável pelos seus atos. Sendo assim, o cristão não deve acreditar em destino, que, no sentido de fatalidade, é um conceito mitológico pagão.

A mitologia grega chamava o Destino de ‘Moira’. Ela era a própria condição constitutiva dos diferentes deuses dessa mitologia. Ou seja, a Moira atribuía aos deuses seus campos de ação, suas honras e privilégios. Assim, a Moira exerceria sua ação sobre os seres diante da impossibilidade de cada ser ultrapassar seus limites. Nesse sentido, seus decretos eram imutáveis.

Essa representação é anterior ao cristianismo e difunde a ideia de que por trás dos acontecimentos da vida possa existir algo de inevitável, de fatal, que ultrapasse a liberdade do homem. Como se certos eventos e fatos já tivessem sido escritos previamente, sem nunca poderem ser mudados.

Mas o pensamento cristão nega que o mundo e os acontecimentos da vida sejam produto de uma força obscura – ora benéfica, ora maléfica – que se impõe sobre os seres humanos. Para os cristãos, Deus criou o mundo segundo sua bondade e sabedoria; e quis fazer as criaturas, de acordo com suas capacidades, participarem de seu ser e de sua bondade (CIC, n. 295).

2. Dotado de inteligência e liberdade, o homem deve se responsabilizar por suas escolhas e atitudes. Assim, ele não pode creditar na conta do destino as consequências de suas próprias ações.

Deus não apenas cria o mundo e dá aos homens e às mulheres o existir. Ele também lhes concede a capacidade de contribuir em sua obra, ou seja, de participar do aperfeiçoamento e da harmonização do mundo. Ele dá aos seres humanos, dotados de inteligência e vontade, a dignidade de agir por eles mesmos, com liberdade.

O pensamento cristão confere tal valor à liberdade do homem que afirma que ela é um “sinal eminente da imagem de Deus” (CIC, n. 1705). Portanto, se o ser humano é livre para agir segundo sua inteligência, como ele poderia estar preso a decretos preestabelecidos sobre acontecimentos inevitáveis em sua vida? Assim, o homem é sempre responsável por suas atitudes, ou seja, deve responder perante a comunidade humana e perante Deus por seus atos.

3. Ao invés de acreditar em destino, os cristãos creem na Providência Divina. O homem foi criado em estado de caminhada para uma perfeição última a ser ainda atingida, junto de Deus. Assim, a Providência Divina são as disposições pelas quais Deus conduz sua criação para esta perfeição.

A perfeição final à qual o ser humano está chamado, na vida eterna, consiste em participar da plenitude do amor que é Deus (CIC, 221). Essa comunhão com Deus supera a compreensão e a imaginação. A Bíblia fala desse estado em imagens: Paraíso, Jerusalém celeste, casa do Pai, felicidade, luz, vida, paz (CIC, 1027).

Mas aqui na vida terrena, os homens e as mulheres foram criados em estado de caminhada rumo a essa perfeição última. Nesse caminho, Deus não abandona o ser humano à sua própria sorte. Ele o sustenta, prestando seu auxílio na condução da vida.

Essa relação expressa a dependência do homem de seu Criador. Reconhecer essa dependência em nada significa colocar em cheque a liberdade humana ou falar em destino como fatalidade. Trata-se de um ato de humildade, fonte de sabedoria e liberdade, alegria e confiança (CIC 301).

Portanto, o modo de conduzir suas criaturas com sabedoria e amor – tendo em vista a meta da perfeição última junto de Deus – é o que se chama de Providência Divina.

Neste sentido, os cristãos acreditam que seu destino é acolher a este convite a viver a felicidade perfeita com Deus, respondendo todos os dias ao seu amor. Como indicava Santo Inácio de Loyola: rezar como se tudo dependesse de Deus, mas agir como se tudo dependesse de você. Em outras palavras, os cristãos são mais livres para agir quando se confiam à Providência Divina. Nela os cristãos acreditam e podem sempre confiar.

Referências:

Fonte:  Aleteia  e  CIC (Catecismo da Igreja Católica); o livro “Católicos Perguntam”, de D. Estêvão Bettencourt, OSB (Ed. O Mensageiro de Santo Antonio, São Paulo, 1997); o livro “Teogonia – A origem dos deuses”, de Hesíodo (Ed. Iluminuras, São Paulo, 1991, com estudo de Jaa Torrano).

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Vários Estados americanos e países no mundo estão discutindo se a maconha deve ou não deve ser descriminalizada. E eles alegam um bom motivo: a chamada “Guerra às Drogas” se revelou um fracasso tão custoso quanto a Lei Seca.

O número de norte-americanos presos por porte de drogas atinge a ultrajante marca de 1,1 milhão. Esta realidade tão feia não pode ser olhada só a partir de uma perspectiva monetária, mas vamos começar com os dólares para depois ir mais a fundo. Pense nos bilhões que custa manter esses presos em suas celas, sob a guarda de agentes penitenciários, longe das suas famílias, impedidos de criar seus próprios filhos.Pense no trabalho produtivo que eles poderiam estar fazendo fora da cadeia. Pense nos impostos que eles poderiam estar pagando. Pense nas crianças crescendo sem os pais. Pense em todas as liberdades civis que já tivemos que sacrificar para travar a Guerra às Drogas.

Todos esses custos cívicos e econômicos foram dissecados durante um simpósio sobre a Guerra às Drogas promovido pelo Intercollegiate Studies Institute (vou fazer a divulgação completa: durante dez anos, eu editei o guia deles sobre a educação nos EUA, “Como escolher a faculdade certa”). Doug Bandow, defensor do Estado mínimo, nos apresenta a jurisprudência em favor do tratado de paz na Guerra às Drogas, enquanto o colunista “bad-boy” Gavin MacInnes desenrola a sua longa história de amor e ódio com os narcóticos em uma coluna cujo título resume bem o conteúdo: “Legalizar a maconha é ruim para você”.

Um argumento mais preocupante é apresentado por Matthew Feeney, editor da Reason, que também apela para a questão das liberdades civis e fiscais em defesa da legalização, mas vai mais longe, em uma direção que podemos não querer seguir: ele evoca um princípio chamado “posse de si próprio”, que está no cerne do pensamento libertário radical. Escreve Feeney:
 
“Uma das características mais terríveis da ‘Guerra às Drogas’ não é o sofrimento humano que ela inflige ao mundo, por mais que isto nunca deva ser esquecido, mas sim o seu pressuposto moral: o Estado tem o direito de controlar o que você faz com o seu corpo. Mesmo que as drogas sejam tão viciantes e prejudiciais quanto os proibicionistas afirmam, ceder o direito da posse de nós próprios ao Estado é algo a que vale a pena resistirmos. Se concedermos ao Estado o direito de controlar o nosso corpo, não é difícil que o Estado justifique também o controle de outras propriedades”.
 
Outro colunista, um homem cujo trabalho eu respeito profundamente, ecoou este mesmo sentimento em uma entrevista comigo, publicada no ano passado. O grande Walter Williams, que fez mais do que qualquer outra pessoa para varrer as argumentações absurdas dos debates sobre raça e economia, chegou a defender a venda de órgãos humanos com base neste mesmo princípio:
 
“A verdadeira prova de que alguém é dono de alguma coisa é o fato de poder vendê-la. Se você acredita na liberdade, você acredita que as pessoas podem fazer o que quiserem com a sua propriedade, desde que não violem os direitos dos outros”.
 
Neste ponto eu acho que o Dr. Williams se engana, por confundir liberdade com libertarismo. Nenhum dos fundadores dos Estados Unidos entendia a liberdade num sentido tão radical, como Samuel Gregg documenta em seu cuidadoso estudo histórico “Tea Party Catholic”, que eu tive a honra de publicar. A “posse de si mesmo”, tal como entendida por anarco-capitalistas como Murray Rothbard, sem dúvida teria parecido a Thomas Jefferson, James Madison e até John Locke (sem falar de John Adams e dos outros fundadores conservadores) um princípio não de liberdade, mas de “licenciosidade”.

Uma sociedade baseada na licenciosidade, acreditavam eles, decairia rapidamente rumo ao caos e cederia prontamente à tirania. A história justifica as preocupações deles: nações em que o Estado desmorona completamente, como a Somália, não dão espaço para indivíduos racionais e respeitadores dos direitos uns dos outros, mas sim para disputas feudais pelo poder, para despotismos em pequena escala, para a guerra civil e, finalmente, se os habitantes tiverem sorte, para o surgimento de um Estado autocrático. Os pequenos tiranos que dominaram a Europa durante a Idade Média abusavam de tal forma dos direitos dos camponeses sob seu controle que o surgimento de reis e parlamentos foi um passo à frente rumo à liberdade, ainda que pequeno para uma estrada tão longa. O velho slogan americano, “liberdade ordenada”, é útil, mas redundante. Não pode existir liberdade sem ordem: a ordem é a sua condição necessária, embora não suficiente. Querer uma “liberdade ordenada” é tão pleonástico quanto pedir a um vendedor de carros “uma boa minivan, uma que tenha volante e freios”.

Vamos olhar um pouco mais de perto para a ideia da “posse de si mesmo”. Existe nela um importante núcleo de verdade que vale a pena ressaltar, especialmente depois de um século de ditaduras totalitárias. Os últimos cem anos de história certamente nos fazem simpatizar, logo de cara, com a premissa de que cada um de nós é dono de si próprio. Afinal, se não somos, quem seria? Os nossos vizinhos?  O governo, a ONU?
 
Uma boa dose de noção de posse de si mesmo em 1914 poderia ter impedido os governos da Europa de empurrar milhões de homens à força para uma guerra brutal provocada por motivos frívolos. Se o respeito à posse de si mesmo tivesse prevalecido na Rússia, milhões de camponeses não teriam sido privados da liberdade religiosa, expulsos das suas terras e deportados para gulags a milhares de quilômetros para morrer de fome ou fuzilados. Se os alemães tivessem respeitado o direito dos judeus à posse de si mesmos, eles não os teriam saqueado, privado dos direitos civis e exterminado em campos de concentração. Se o Japão tivesse respeitado o direito das pessoas à posse de si mesmas, não teria enviado seus soldados à China para participar de estupros em massa, pilhagens e abates, nem usado os prisioneiros chineses como cobaias humanas em seus testes de armas biológicas. O respeito ao direito de cada indivíduo à posse de si mesmo poderia ter evitado que 80 milhões de pessoas fossem mortas a bala ou de fome na China comunista de Mao Tsé-Tung. E assim por diante. Como R. J. Rummel documentou em seu clássico “Death By Government”, os governos foram responsáveis no século XX ​​por 133,1 milhões de mortes de civis, sem incluir as mortes não intencionais causadas durante os tempos de guerra. Cada uma dessas mortes foi um assassinato.
 
Aqueles de nós que defendem a necessidade de um Estado organizado depois de tudo isso precisam dar algumas explicações. Mas os defensores da licenciosidade também precisam. Vejamos, como exemplo: por um lado, o governo da China é de fato responsável por milhões de abortos forçados; por outro lado, a maioria das incontáveis dezenas de milhões ​​de crianças abortadas no mundo foram mortas com o consentimento de suas próprias mães, enquanto o Estado apoiava e assistia. Esse é o Holocausto libertário, provocado pelas implicações doentias que o conceito de “posse de si mesmo” pode gerar. É irônico que os esquerdistas ocidentais defendam esta aplicação pontual de um princípio que no geral eles desprezam, impondo alegremente as suas noções degradadas de Bem Comum e ao mesmo tempo desprezando os direitos dos indivíduos a trabalhar, comerciar, falar e rezar. A mulher é livre, nos Estados Unidos de Barack Obama, para abortar o seu feto de nove meses, mas não é livre para contratar um plano de saúde que não inclua assistência odontológica pediátrica.
 
Acabamos de ver tanto as implicações sombrias de se renunciar à posse de si mesmo quanto os resultados igualmente tétricos de se deixar esse princípio livre de qualquer limite sadio. Existe, então, algum meio termo na questão da posse de si mesmo, que esclareça como podemos ser nossos próprios donos e preservar ao mesmo tempo os direitos dos outros? Existe, mas exige mais seriedade de pensamento do que pareceria à primeira vista.
 
Alguns podem cair de paraquedas neste ponto da conversa e se dizer libertários pró-vida, que reconhecem o direito do nascituro à posse de si mesmo. Eu faço votos de que eles consigam convencer os seus correligionários disso, mas duvido muito. O fato biológico bruto da total dependência da criança em gestação, durante nove longos meses, da carne e do sangue de outro ser humano é algo que “golpeia” a maioria dos libertários como uma imposição escandalosa, contrária à liberdade da mãe, que teria todo o direito de expulsar aquele pequeno “intruso” do santuário do seu ventre. Mas por acaso não é verdade que uma mulher que voluntariamente mantém relações sexuais é bem ciente do risco da gravidez e, por isso, assume a responsabilidade de proteger qualquer criança que ela venha a conceber? As nossas leis ainda reconhecem a responsabilidade assumida por um homem que engravida uma mulher: dezoito longos anos de pensão. Do mesmo ponto de vista lógico, poderíamos impor um dever semelhante à mãe, exigindo dela, por ter engravidado, nove meses do seu santuário físico. Aliás, isto nos permitiria proibir qualquer aborto que não ameaçasse diretamente a vida da mãe nem fosse resultado de estupro. Essa lei eliminaria nada menos que 98% de todos os abortos praticados nos Estados Unidos.

Mas será que o aborto é o único caso em que a “posse de si mesmo” pode se revelar um vício tóxico? A mera ideia de “posse de si”, sozinha, exigiria que abolíssemos todas as leis de segurança no trabalho, todas as leis contra a discriminação racial e contra a prostituição e toda a regulamentação ambiental. Os médicos poderiam se recusar a cuidar de pacientes terminais que não pudessem provar que têm como pagar. Lutas de gladiadores até a morte seriam perfeitamente legais, bastando que cada um desses “ultimate fighters” assinasse um contrato dando seu pleno consentimento. Pessoas excêntricas poderiam vender-se como escravas sexuais e o Estado as devolveria aos seus donos legais se elas de repente mudassem de ideia, rompessem o contrato unilateralmente e fugissem. Será que tudo isso seria mesmo uma aplicação da ideia de liberdade pessoal? Seria mesmo uma vitória da “liberdade”?

John Zmirak 

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Três países árabes proibiram a exibição do filme de Hollywood “Noé” devido a questões religiosas, mesmo antes da estreia mundial, e vários outras nações devem fazer o mesmo, afirmou à Reuters neste sábado um representante da Paramount Pictures.

O Islã não simpatiza com a representação de pessoas sagradas na arte, e retratos do profeta Maomé na imprensa da Europa e da América do Norte causaram violentos protestos em países islâmicos nos últimos dez anos, alimentando as tensões culturais com o Ocidente.

“Censores do Catar, Bahrein e Emirados Árabes Unidos oficialmente confirmaram nesta semana que o filme não será exibido nesses países”, afirmou um representante da Paramount Pictures, que fez a produção ao custo de 125 milhões de dólares e contratou os atores vencedores do Oscar Russell Crowe e Anthony Hopkins.

“A explicação oficial que eles deram ao confirmar o veto é que ‘o filme contradiz os ensinamentos do Islã'”, afirmou o representante, acrescentando que o estúdio espera proibições similares no Egito, na Jordânia e no Kuwait. A estreia nos EUA está marcada para 28 de março.

Noé, que no livro bíblico de Gênesis constrói uma arca que salvou a sua família e muitos casais de animais do grande dilúvio, é reverenciado pelo judaísmo, cristianismo e islamismo.

Um capítulo inteiro do Corão é dedicado a ele. A universidade Al-Azhar, maior autoridade do islã sunita e centro do ensinamento do islamismo por mais de um milênio, emitiu na quinta-feira uma fatwa, ou uma determinação religiosa, contra o filme.

“A Al-Azhar renova sua objeção a qualquer ato que retrate os mensageiros e profetas de Deus e os colegas do Profeta (Maomé). Que a paz esteja com ele”, anunciou a universidade em comunicado.

Eles “provocam sentimentos nos crentes, são proibidos no Islã e uma clara violação da lei islâmica”, acrescentou a fatwa.

O filme de 2004 “A Paixão de Cristo”, estrelado por Mel Gibson e que retratou a crucificação de Jesus, foi muito assistido no mundo árabe, apesar de muitas objeções por parte dos clérigos muçulmanos.

Em 2012, a minissérie árabe “Omar”, que retratava a vida do governante muçulmano e companheiro de Maomé no século 7, também superou as objeções dos clérigos e foi exibida em uma emissora de televisão via satélite.

PROTESTOS

A publicação de caricaturas do profeta Maomé em um jornal dinamarquês, em 2006, causou grandes protestos no Oriente Médio, África e Ásia, nos quais morreram pelo menos 50 pessoas.

Em 2012, um vídeo amador produzido na Califórnia e publicado no Youtube, zombando de Maomé, foi o motivo de protestos em toda a região e pode ter contribuído para um ataque militante na Líbia, que matou o embaixador norte-americano no país e outros três cidadãos dos EUA.

“Noé”, que no trailer mostra Crowe empunhando seu machado e gêiseres feitos no computador inundando um exército de pecadores que queriam entrar em sua arca, também causou polêmica nos EUA.

Jerry A. Johnson, presidente da entidade conservadora Emissoras Religiosas Nacionais (NRB), afirmou no mês passado que gostaria de “assegurar que todos que vejam esse filme impactante saibam que é uma interpretação imaginária das Escrituras, não literal”.

A Paramount respondeu concordando em emitir uma retratação. “Embora a licença artística tenha sido utilizada, acreditamos que o filme é verdadeiro em sua essência, valores e integridade de uma história que é uma pedra angular da fé de milhões de pessoas em todo o mundo”, disse o estúdio no comunicado.

Fonte: Yahoo

LIBERDADE-DE-EXPRESSÃOO blog “Profesionales por la Ética” (Espanha) publicou recentemente um texto sobre os neodireitos com relação à ideologia de gênero. Mas este conceito tem mais dimensões, apresentadas a seguir:
 
Com o neodireito de que a mulher disponha do seu próprio corpo (como se não dispusesse dele em cada uma das suas ações) sem “imprevistos” que lhe recordam suas diferenças com relação aos homens, viola-se o direito fundamental à vida de crianças que nunca poderão reclamar nem exigir que estes direitos, que amparam todos, as amparem também.
 
Com o neodireito aos novos modelos de família e sua equiparação ao casamento, dilui-se e degrada-se a célula base da sociedade, cuja origem e razão de ser não foram inventadas pelo homem sem sentido, mas constituem uma estratégia biológica para a sobrevivência e bem-estar dos filhos.
 
Com o neodireito dos homossexuais a adotar crianças, esquece-se o direito fundamental dos menores de ter um pai e uma mãe, bem como a um ambiente natural e benéfico para a sua formação.
 
Com o neodireito estatal de impor uma visão ética e moral controversa desde a infância, esquece-se o direito dos pais de educar seus filhos segundo suas convicções, bem como o direito das crianças de serem crianças.
 
Com os neodireitos de alguns grupos de impor a todos sua visão da vida, sem possibilidade de crítica, todos nós perdemos a liberdade de expressão e de pensamento (Relatório Lunaceck).
 
Acreditamos que a democracia deve permitir a liberdade de expressão e religiosa; queremos continuar sendo livres; queremos continuar educando nossos filhos segundo os nossos valores; acreditamos no casamento como base natural de uma sociedade; queremos que as crianças tenham direito a uma família que lhes permita seu desenvolvimento nas condições mais idôneas.
 
Acreditamos firmemente que a ideologia de gênero, com sua progressiva implantação social desde a infância, não nos leva a uma sociedade melhor, mas todo o contrário. Por todas estas razões, profissionais de diversos âmbitos se unem à mobilização europeia a favor do casamento natural e do direito das crianças de terem um pai e uma mãe.
 
Como juristas, defendemos que a lei proteja os menores e lhes proporcione um referencial masculino e feminino claro e estável.
 
Afirmamos igualmente que a família constituída por um homem e uma mulher é a base da sociedade e merece um reconhecimento jurídico, bem como um tratamento social e político preferenciais.
 
Como educadores, nós nos rebelamos frente às imposições ideológicas nas escolas que desnaturalizam a realidade e questionam a identidade sexual das crianças e jovens, chegando ao extremo (com o pretexto da igualdade de gênero) de não deixar os meninos jogarem futebol no pátio da escola.
 
Como profissionais da saúde, proclamamos que a educação sexual imposta pelos governos nos últimos anos foi um fracasso absoluto que só provocou infelicidade, gravidezes de menores e crescimento do número de abortos cirúrgicos e farmacológicos.
 
Como cidadãos, exigimos o restabelecimento da instituição matrimonial na legislação, com todos os benefícios que a sociedade lhes deve e com a exclusividade para a adoção de menores.
 
Combateremos a perversão dos direitos naturais, instrumentalizados por minorias antifamília, como o lobby homossexual, que pretendem impor-se ao conjunto da sociedade com a força dos antigos totalitarismos.
 
(Artigo de Alicia V. Rubio Calle, publicado originalmente por Profesionales por la Ética)

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Secretário Vaticano para as Relações com os Estados, Dom Dominique Mamberti, afirmou durante uma exposição na Universidade Urbaniana de Roma que o “conceito mesmo de direitos humanos” nasceu em um contexto cristão e deu o exemplo de Santo Tomás Moro que, pelo preço de sua própria vida demonstrou como os cristãos são os primeiros a rejeitar, em nome da liberdade de consciência qualquer projeto de atropelo.

Dom Mamberti falou sobre os laços entre a liberdade religiosa e o cristianismo, no âmbito da Conferência organizada pela Georgetown University de Washington sobre o tema “Cristianismo e liberdade: perspectivas históricas e contemporâneas”.

“O vínculo entre o cristianismo e a liberdade é, portanto, original e profundo, tem as suas raízes nas lições de Cristo, e encontra mais tarde em São Paulo a um dos seus promotores mais enérgicos e geniais. A liberdade é inerente ao cristianismo, já que, como diz Paulo, ‘Cristo nos libertou para que fôssemos livres’ e embora, o apóstolo fale da liberdade interior, essa repercute em âmbito social”, explicou o Prelado.

Este ano faz 1700 anos do Édito de Milão, que deu a liberdade religiosa aos cristãos que viviam no Império Romano. “Ao mesmo tempo, do ponto de vista da história e do patrimônio cultural, o Édito marca o começo de um caminho que caracterizou a história da Europa e de todo o mundo e que levou ao longo dos séculos à definição dos direitos humanos e à afirmação da liberdade religiosa como o primeiro deles”, assinalou.

Dom Mamberti disse que se Constantino se deu conta de que o desenvolvimento do império dependia da capacidade de cada um de professar livremente sua fé, “a história demonstra que existe um círculo virtuoso entre a abertura ao caráter transcendente do desenvolvimento humano e social”.

“Basta com contemplar o patrimônio artístico do mundo, e não só o de origem cristã, para compreender a bondade deste vínculo. Neste ponto, é necessário, entretanto dissipar um mal-entendido no qual é fácil cair, já que a palavra ‘liberdade’ se pode interpretar de muitas maneiras. Não pode reduzir-se ao mero livre-arbítrio, nem entender-se negativamente como a ausência de vínculos. O reto exercício da liberdade religiosa não pode separar-se da interação mútua entre a fé e a razão”, indicou.

Dom Mamberti disse que “isto constitui ao mesmo tempo, a barreira contra o relativismo e contra as formas de fundamentalismo religioso que consideram, da mesma forma que o relativismo, a liberdade religiosa como uma ameaça para sua afirmação ideológica”.

O representante vaticano recordou que quando o Concílio Vaticano II afirmou o princípio da liberdade religiosa “não propôs uma nova doutrina. Ao contrário, reiterou uma experiência humana comum, ou seja, que ‘todos … , como pessoas, dotadas de razão e de vontade livre e por isso mesmo com responsabilidade pessoal, são levados pela própria natureza e também moralmente a procurar a verdade’ … E é na verdade, não como um absoluto que já possuímos, mas como um objeto possível de conhecimento racional e relacional, onde encontramos a possibilidade de um são exercício da liberdade. Nesse elo encontramos a verdadeira dignidade da pessoa humana”.

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Diariamente, deparamo-nos com discursos acerca da velhice e do comportamento dos idosos que nos fazem refletir sobre a mentalidade da sociedade ocidental.

Geralmente, os meios de comunicação, que muitas vezes, ditam as novas formas de se viver, ridicularizam o papel do idoso na família, colocando-o como alguém ultrapassado, fazendo com que haja um inversão de valores. Piadas como: “quem gosta de velho é fundo de rede” e “quem vive de passado é museu” são manifestações simbólicas de repúdio à velhice. A representação da velhice como um processo contínuo de perdas, usualmente, é percebida no fato de que os idosos se tornam relegados a uma situação de abandono, de rejeição, de ausência de papéis sociais, etc. Assim, muitas pessoas não se sentem mais livres, por viverem sua condição de idosos, sentem-se incapazes.

Algumas pessoas, ao chegarem à terceira idade, sofrem mudanças radicais em sua rotina, no âmbito familiar, social, trabalhista, entre outras áreas. Após o idoso refletir sobre sua nova rotina, principalmente depois da aposentadoria, muitas vezes, não encontra sentido para a sua existência, pois vive em uma sociedade marcada pelo pragmatismo.

Porém, pode superar esse vazio e esse estigma social por meio de suas atitudes e ações que possibilitem um valor vivencial libertador, uma experiência auto-distanciadora. De acordo com a antropologia proposta por Viktor Frankl, pai da Logoterapia (abordagem da Psicologia centrada na busca do sentido da vida), o ser humano preenche o seu sentido da vida ao ajudar, cuidar, sentir amor e ser amado. Assim, as suas vivências e experiências colaboram para alcançar a liberdade. Liberdade esta que não é só o direito de “fazer o que quiser”, mas de ser responsável pelas próprias escolhas, senão pode tornar-se mera arbitrariedade.

A noção de pessoa compreende o pleno uso da reflexão, a maturidade e o poder de escolha. Então, se dizemos que o idoso não tem liberdade e escolhemos por ele, estamos destituindo-lhe da condição de ser humano. Deste modo, a existência só pode ser plenamente vivenciada quando há escolhas e responsabilidades.

Assim, Frankl afirma a capacidade do homem de resistir ao pan-determinismo, quando diz: “O ser humano não é completamente condicionado e determinado; ele mesmo determina se cede aos condicionantes ou se lhes resiste”. A Logoterapia entende que todos têm liberdade, mas podem desistir voluntariamente por não terem consciência dessa liberdade.

Portanto, a pessoa idosa também vive essa dimensão de liberdade e precisamos conhecê-las melhor, pois o que os idosos já fizeram em toda sua plenitude de vida passada, ninguém pode roubar. Os idosos contemplam melhor o que o tempo eterniza.

Por Elainy Sales

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Entrevista ao autor do livro “Obedecer antes a Deus que aos homens”, Vanderlei de Lima

Por Thácio Lincon Soares de Siqueira, Zenit

 Poucos são aqueles que sabem o que é a “objeção de consciência”, declarou Dom Pedro Carlos Cipolini, bispo de Amparo, no prefácio da mais nova obra do escritor Vanderlei de Lima, “Obedecer antes a Deus que aos homens: a Ética Cristã do lado dos que defendem a Objeção de Consciência como um Direito Humano fundamental”, 2013, 96 páginas, Amparo (SP). 

Vanderlei demonstra nessa obra que a objeção de consciência “pode ser entendida como um tipo de resistência à autoridade pública por motivos íntimos”, porém não de forma arbitrária, mas à luz da Lei Moral Natural. Portanto, a moral católica não é, como tantos dizem, “freio, mas direção ao ser humano”.

Acompanhe a entrevista na íntegra:

 O que o motivou a publicar o livro “Obedecer antes a Deus que aos homens” tratando da “objeção de consciência”?

Vanderlei de Lima: Acredito que a maior razão para essa publicação se encontra justificada na Apresentação que Dom Pedro Carlos Cipolini, Bispo de Amparo (SP), fez da obra.

Com efeito, escreve ele: “Ao ser solicitado para apresentar esta reflexão sobre o tema da “objeção de consciência”, reparei o quanto este tema é ainda inexplorado em nosso meio. Na realidade, a objeção de consciência ainda não é suficientemente conhecida, nem sequer na comunidade eclesial em toda a sua profundidade ético-teológica”.

Ora, esse desconhecimento do tema por parte de muitos, conforme constata, acertadamente, o Bispo, é que me levou a pesquisar, redigir e publicar o livro.

Quais as principais questões abordadas no livro?

Vanderlei de Lima: As principais questões tratadas no livro visam definir e fundamentar a prática da objeção de consciência. Ela pode ser entendida como um tipo de resistência à autoridade pública por motivos íntimos, ou seja, quando o cidadão julga, de modo bem fundamentado, que as determinações da autoridade são injustas e, por isso, não merecem a obediência, mas, sim, a oposição (cap. 1).

A partir daí o livro trata dos fundamentos doutrinários dessa prática à luz da moral católica, além de trazer um pequeno apêndice esclarecendo a questão na Constituição Brasileira (cap. 2); Vem a seguir uma exposição da Lei Natural Moral, uma das grandes bases da objeção de consciência, e da harmonia (ou desarmonia) dessa Lei com as leis humanas (cap. 3); Dado, porém, que a prática da objeção de consciência cresce no mundo, a “ditadura do relativismo”, muito denunciada pelo Papa Bento XVI, quer aboli-la a fim de obrigar a todos os homens e mulheres a praticarem aquilo que, no mais íntimo do seu ser, rejeitam com veemência (cap. 4); por fim, o livro trata da participação dos católicos na vida pública de seu país, da diferença entre o Estado laico e o laicista (cap. 5) e do pecado, a grande desgraça a ser evitada, no caso por meio da prática da objeção de consciência (cap. 6).

Quem lê com atenção o livro tem, portanto, farto material de reflexão, além de encontrar mais de quarenta fontes de aprofundamento indicadas nas referências bibliográficas.

No que o conteúdo desse livro pode interessar aos leitores de Zenit?

Vanderlei de Lima: O conteúdo do livro pode interessar aos leitores de Zenit na medida em que oferece base sólida (está alicerçado na Moral católica, que não é freio, mas direção ao ser humano) para reflexões e, consequentes, ações no dia a dia.

Se os verdadeiros seguidores de Cristo, Nosso Senhor, souberem sê-lo de verdade, se valerão, com fundamento no material oferecido pelo livro, da “objeção de consciência” em seus meios e com isso salvarão muitas vidas, especialmente inocentes e indefesas ameaçadas pelo aborto, e impedirão ou ao menos retardarão o andamento da “cultura da morte” (João Paulo II), da “ditadura do relativismo” (Bento XVI) e da “cultura do descartável” (Francisco) que visam destruir os valores básicos da civilização cristã.

Afinal, quem hoje não quer saber o que fazer não só diante do aborto, mas também da venda da “pílula do dia seguinte”, da manipulação de embriões humanos, da união civil de pessoas do mesmo sexo, da veiculação de conteúdos contrários à vida e à família nas escolas etc.?

Para maiores informações e pedidos, pode escrever para: toppaz1@gmail.com

Dois-Caminhos-Livres-de-todo-Mal

 
Docente da Universidade Rey Juan Carlos, de Madri, Marta Albert denuncia que a liberdade de consciência não é respeitada atualmente pelos governos em questões como o aborto ou o” casamento” gay, apesar de ser um “direito constitucional essencial”.
 
Aos que argumentam que o relativismo ético favorece o livre pensamento, porque cada um determina o que é ou não bom e mau, ela pergunta, levando o tema até o final: “Como podemos afirmar que a própria liberdade de consciência em si é boa?”. Esta e outras questões são abordadas sem complexos em “Liberdade de consciência”, livro publicado por Digital Reasons.
 
O que entendemos por liberdade de consciência?
 
Acho que a resposta a esta pergunta depende, em boa medida, do que entendemos por “consciência”. A consciência é um fenômeno de natureza dual, no sentido de que, por um lado, ela fala a mim, da maneira mais pessoal que possamos imaginar, mas não é “minha” voz, no sentido de que parece me transcender.
 
Experimentamos a consciência como o alto-falante de uma instância de alguma maneira objetiva que, apesar disso, se manifesta em nosso interior. Quando falamos de liberdade de consciência, devemos levar sempre em consideração esta dualidade.
 
Infelizmente, esquecemos muitas vezes que agir conscientemente não é agir arbitrariamente. Dessa forma, o direito a uma pretendida “autodeterminação” vai crescendo em importância no âmbito jurídico, enquanto o direito à objeção (que a pessoa reivindica como o direito a se comportar de acordo com parâmetros que reconhece como sendo bons, e a não fazer aquilo que reconhece como ruim) se torna um direito cada vez menos respeitado.
 
A pessoa é a única proprietária da liberdade de consciência? Em caso afirmativo, como conciliar isso com as leis do Estado? 
 
A pessoa é a única que tem a capacidade de experimentar em seu interior a “voz da consciência”, ou seja, emitir juízos morais, formá-los adequadamente e ter o direito de viver em conformidade com eles.
 
As leis do Estado não podem atropelar as consciências dos cidadãos e, além disso, deve protegê-las, especialmente quando, em determinadas circunstâncias, o agir conscientemente é exigido como um dever jurídico.
 
No seu livro, você afirma que a liberdade de consciência é um elemento essencial nas democracias atuais. De que maneira?
 
Não podemos falar de democracia onde falta liberdade. A palavra “democracia” é usada com tanta superficialidade hoje em dia, que corremos o risco de esquecer seu significado. A democracia não é somente o princípio da maioria, já que seu limite é o respeito aos direitos humanos. Como podemos pensar em uma sociedade de homens livres, se falta a capacidade de julgar moralmente as ações? Não é por acaso que todos os projetos totalitários comecem destruindo as consciências dos seus cidadãos.
 
Você comenta também que o relativismo ético impede de argumentar solidamente sobre suas bases objetivas. O que isso quer dizer?
 
O relativismo ético impede de argumentar solidamente sobre quase qualquer coisa, porque afirma que o bom e o mau não existem como tais, que dependem da pessoa (ou da sociedade, da cultura etc.). Deste ponto de vista, pode parecer que o relativismo ético é um terreno propício para a liberdade de consciência: se nada é bom ou mau em si, que cada um julgue como quiser.
 
No entanto, acontece justamente o contrário: para começar, se nada é intrinsecamente bom, como podemos afirmar que a própria liberdade de consciência, em si, seja boa? Ela só será boa se o governante em turno achar que for, ou segundo o critério individual, como afirmou Protágoras.
 
É possível falar, hoje em dia, de discriminação por motivos de consciência?
 
O problema radica em que, ultimamente, o direito à objeção de consciência se apresenta em conflito com outro direito fundamental: o direito à intimidade, entendida como autodeterminação (da mulher que quer abortar, do doente que quer morrer). Acho que este conflito é falso e está privado de todo fundamento objetivo, e de qualquer conexão com uma verdade moral.
 
O problema é que o exercício desses direitos envolve deveres alheios: o dever de praticar o aborto ou a eutanásia. Então, fala-se de conflito entre direitos, e se afirma que, na ponderação entre eles, o direito à objeção deve ceder.
 
Afirmam que, por acreditar na objetividade da moral, o objetor não respeita as decisões alheias vitais, quando, no final, é o próprio objetor quem acaba sendo discriminado. É a luta entre duas maneiras de entender a consciência humana: uma baseada no relativismo e outra, no objetivismo ético.
 
Quando o governo dificulta o exercício deste direito, o que fazer?
 
Em nome da correção política, estamos assistindo a uma progressiva discriminação “por motivos de consciência”. O pensamento dominante hoje em dia é de que a objetividade da moral supõe um risco para as liberdades, discriminando quem quer impor suas convicções. Paradoxalmente, para evitar a discriminação de todos, discrimina-se essa pessoa, em nome da não discriminação.
 
Acho que o mais importante que podemos fazer é uma boa pedagogia da consciência, no âmbito social: dar visibilidade a este tipo de conflitos, fazer ver quão transcendente é, para o ser humano, seguir sua consciência, trazer à luz qualquer discriminação neste contexto, sem medo do juízo “politicamente correto”.
 
A Igreja, como comunidade coletiva, poderia reivindicar a liberdade de consciência para seus fiéis, ou são eles os únicos proprietários de tal direito?
 
Acho que a Igreja pode e deve reivindicar a liberdade de consciência para os seus fiéis, e não só para eles, mas para todos os seres humanos, porque a liberdade de consciência é um direito natural. E ela já vem fazendo isso (na “Veritatis Splendor”, na “Gaudium et Spes”).
 
Outra coisa é que, do ponto de vista jurídico, a titularidade dos direitos fundamentais corresponda a cada pessoa em particular. Isso não exclui a necessidade de que a Igreja se faça ouvir na sociedade civil, porque, quando o que está em jogo são os direitos naturais, não se trata de uma “questão de fé”, mas de um assunto que pode ser esclarecido de acordo com a razão natural, comum a todas as pessoas.

deus-ainda-falaFé e Consciência

Recentemente, o Papa Francisco abordou questões sobre fé e consciência em uma carta dirigida a um editorialista do jornal italiano “La Repubblica”.

Foi perguntado ao Papa se o Deus dos cristãos perdoa os que não acreditam nele e não buscam a fé. O Papa explicou que Deus é misericordioso e leva em conta uma resposta sincera da consciência, porque “o pecado, inclusive para aqueles que não têm fé, é ir contra sua própria consciência”. Escutar e obedecer à consciência – afirmou o Sumo Pontífice – “significa decidir diante do que se percebe como bem ou como mal. E sobre essa decisão está a bondade ou a maldade das nossas ações”.

Como entender este raciocínio do Papa?

A Igreja ensina que o pecado requer pleno conhecimento e pleno consentimento. Pressupõe o conhecimento do caráter pecaminoso do ato. Certa vez, o memorável Papa João Paulo II explicou que “se o ser humano perceber pela própria consciência uma chamada, mesmo errônea, que no entanto lhe pareça inquestionável, deve sempre e em todo caso atendê-la. O que não lhe é permitido é aderir culposamente ao erro, sem procurar chegar à verdade”. João Paulo II também recordou a conhecida posição de Santo Tomás de Aquino, que considerava ilícito o ato de fé em Cristo feito por quem, por absurdo, estivesse convencido em consciência de agir mal ao fazê-lo.

O Concílio Vaticano II pôde afirmar que “aqueles, portanto, que sem culpa ignoram o Evangelho de Cristo e sua Igreja, mas buscam a Deus com coração sincero e tentam, sob o influxo da graça, cumprir por obras a sua vontade conhecida por meio do ditame da consciência podem conseguir a salvação eterna” (Constituição Lumen gentium n° 16).

O magistério da Igreja explica que “enquanto rejeita ou recusa a existência de Deus, o ateísmo é um pecado contra o primeiro mandamento” (Catecismo da Igreja Católica n° 2.140). Jesus Cristo explicitou o primeiro e o máximo mandamento da lei de Deus com estas palavras: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento” (Mateus 22,37). A Igreja considera que Deus pode, por caminhos dele conhecidos, levar à fé todos os homens que sem culpa própria ignoram o Evangelho. Pois “sem a fé é impossível agradar-lhe” (Hebreus 11,6). Mesmo assim, cabe à Igreja o dever e também o direito sagrado de evangelizar todos os homens.

Sabemos que a consciência, como juízo de um ato, não está isenta da possibilidade de erro. A Igreja ensina que “a consciência não é uma fonte autônoma e exclusiva para decidir o que é bom e o que é mau; pelo contrário, nela está inscrito profundamente um princípio de obediência relacionado com a norma objetiva, que fundamenta e condiciona a conformidade das suas decisões com os mandamentos e as proibições que estão na base do comportamento humano” (Papa João Paulo II: encíclica Veritatis splendor nº 60).

Dentro de um clima de diálogo sincero e considerando as afirmações de Jesus Cristo sobre a necessidade da fé para a salvação (Marcos 16,16; João 3,36), a Igreja convida cortesmente os ateus a considerar com espírito aberto o Evangelho de Cristo.

Autor: LUÍS EUGÊNIO SANÁBIO E SOUZA. Escritor

passaros
Não é possível defender o aborto como simples questão de escolha sem colocar em xeque as bases da própria existência da sociedade de direito. É como o macaco que serra o galho em que está sentado, ou o pedreiro que marreta a laje sob a qual se sustenta.Só há liberdade de escolha para quem foi garantido o direito de existir. Quem não tem direito de nascer, tampouco tem direito de escolher. O grito do aborto como direito da mulher é um grito louco dos contraditórios: se 50% das pessoas que nascem são mulheres – e o aborto impede que muitas mulheres venham ao mundo – como o aborto protegerá o direito a liberdade da mulher que está sendo impedida de viver, de ser dona da própria existência? É óbvio que o aborto trata apenas do direito do mais velho, do mais forte, do mais independente sob negação do mais novo, mais fraco e vulneravelmente dependente. É opressão pura travestida de autonomia. A liberdade é filha do direito e se desenvolve do respeito ao próximo.

Não se trata de religião, laicismo, sanitarismo, filosofia; se trata de simples justiça e pacto social. Você não me mata e me deixa nascer e eu prometo em troca não sangrar quem virá depois de mim. Todos que nascem, já nascem devedores disso. Quem quer fazer parte do mundo dos viventes é moralmente obrigado a conservar a vida alheia, e não deve ser considerado herói por isso: de graça recebeu a existência, de graça deve garantir a dos demais. Não há sociedade possível sem que todos seus integrantes – de novos a idosos – tenham o mesmo valor. Os países que permitem o aborto e possuem taxas de natalidade abaixo da mera reposição, com população em pleno declínio e insolúveis crises providenciarias bem o sabem. Ou a liberdade individual se expande até onde começam os direitos do próximo e para aí, neste a quem chamamos “tu”, ou caímos na barbárie pura e simples, num caminho quase sem volta onde os fracos só têm vez quando a sorte resolve ficar do seu lado. Não é por acaso que todo país que chega na eutanásia dos idosos, inválidos e ditos “inúteis”, o faz depois de normatizado a arbitrariedade da cultura abortista, que atrela o direito à vida alheia ao subjetivismo dos mais fortes, saudáveis, úteis. A vida precisa de mais garantias. Precisamos abolir essa nova espécie de escravidão de uma vez por todas: ninguém é propriedade de ninguém para ser tratado como objeto negociável, ninguém tem o direito de decidir pela vida e pela morte de quem quer que seja. Dramas não justificam o injustificável. Aborto é miséria, é injustiça, é opressão, e talvez mais do que tudo, aborto é desprezo e ingratidão para com toda a comunidade humana. Não precisamos postular isso. Karen Fernandes é enfermeira e especialista em Pedagogia.