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Quando Nossa Senhora apareceu para a jovem noviça Catherine Labouré na capela das Filhas da Caridade, na Rue du Bac, em Paris, a cidade estava em crise. A Revolução de Julho de 1830 tinha destituído o monarca francês e deixado à deriva os trabalhadores, que, desempregados e furiosos, organizaram mais de 4.000 barricadas pela capital.

As três aparições testemunhadas por Catherine originaram a devoção popular pela Medalha Milagrosa.

Na segunda dessas aparições, Maria se revelou sobre um globo com raios de luz que irradiavam de suas mãos. Em torno de Maria, em forma oval, apareciam as palavras “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós“. Na visão de Catherine, o verso dessa imagem mostrava a letra “M”, encimada por uma cruz, e, abaixo, dois corações. O Sagrado Coração de Jesus estava coroado por espinhos; o Imaculado Coração de Maria estava cercado por rosas e trespassado por uma espada.

Catherine relatou que Nossa Senhora a tinha instruído a mandar fazer uma medalha baseada nessa visão, prometendo abundantes graças para todos os que a usassem com confiança. Dois anos depois, uma avassaladora epidemia de cólera arrancou a vida de mais de 20.000 parisienses. As irmãs distribuíram a medalha milagrosa e logo começaram a ser relatados vários casos de cura, bem como de proteção contra a doença.

A medalha de Maria também desatou alguns eventos surpreendentes. Oito anos após a epidemia, a capela da Rue du Bac voltou a receber aparições. A Mãe de Deus apareceu desta vez para a irmã Justine Busqueyburu, confiando a ela o Escapulário Verde do seu Coração Imaculado para a conversão dos pecadores, em particular dos que não têm fé.

Dois anos depois, o banqueiro francês Alphonse Ratisbonne, ateu, membro de uma destacada família judaica, se converteu ao catolicismo. Ratisbonne tinha visitado Roma usando por brincadeira a medalha milagrosa. Ao visitar a famosa igreja barroca de Sant’Andrea delle Fratte, em 20 de janeiro de 1842, recebeu ele próprio uma aparição de Maria. Ratisbonne se converteu ali mesmo.

Ele não conseguia explicar como tinha passado do lado direito da igreja para o altar lateral oposto… Tudo o que ele sabia era que, de repente, estava de joelhos perto daquele altar. No começo, conseguiu ver claramente a Rainha do Céu em todo o esplendor da sua beleza imaculada, mas não pôde continuar olhando para o brilho daquela luz. Por três vezes tentou olhar novamente para a Mãe de Misericórdia; por três vezes foi incapaz de levantar os olhos para além das mãos abençoadas de Maria, da qual fluía, em raios luminosos, uma torrente de graças“.

Alphonse Ratisbonne se tornou sacerdote jesuíta e fundou mais tarde a congregação religiosa dos Padres e Irmãs de Sião em Jerusalém.

Catherine Labouré morreu mais de trinta anos depois, ainda como freira de clausura no convento de Paris. Seus restos mortais foram encontrados incorruptos em 1933. Ela foi canonizada em 1947 pelo papa Pio XII.

Aleteia Brasil

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Nossa Senhora no Carnaval

Sou muito devoto da Mãe de Jesus, Nossa Senhora, invocada com carinho sob muitos títulos. Desde criança, aprendi a rezar o terço, a cantar à “Mãezinha do Céu” e a me consagrar a ela todos os dias. Com o povo católico, alegro-me pela comemoração dos 300 anos do achado da imagem sagrada da Mãe Aparecida e escrevi, recentemente, uma carta pastoral à Arquidiocese de São Paulo, com o título “Viva a Mãe de Deus e nossa”, sobre o lugar de Maria no coração de Deus, de Jesus Cristo e da Igreja, não podendo estar ausente do coração dos cristãos. E fico triste cada vez que se desrespeita a Mãe de Jesus; é como se fosse destratada minha própria mãe.

Desejo, pois, desfazer dúvidas e temores a respeito da “homenagem a Nossa Senhora Aparecida” que a escola de samba “Unidos de Vila Maria” vai fazer no carnaval de 2017, em São Paulo. No dia 25 de março de 2015, fui procurado pelos representantes da citada escola de samba. Em vista do 3º centenário do encontro da imagem sagrada nas águas do rio Paraíba do Sul, achavam que seria a ocasião propícia para apresentar o tema de Aparecida num enredo do carnaval de 2017, como um tributo a Nossa Senhora Aparecida. Indaguei sobre o formato da proposta que apresentavam e, desde logo, procurei verificar se era algo sério, que não desrespeitasse minimamente a Mãe de Jesus, ou debochasse da fé do povo católico. Obtive todas a explicações que desejava e lhes informei que era necessário refletir e que a “autorização” pedida não dependia apenas do arcebispo de São Paulo. Eles, desde logo, se dispuseram a aceitar todas as orientações de nossa parte. Mais ainda: pediram uma supervisão, da parte da Igreja, para os preparativos da homenagem.

A questão foi levada ao conhecimento do Conselho Pro-Santuário Nacional de Aparecida, encarregado de acompanhar, em nome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a vida pastoral e administrativa do Santuário. Participam do Conselho, além do Arcebispo de Aparecida e do Presidente da CNBB, vários outros arcebispos do Brasil e também o Reitor da Basílica. O pedido da “Vila Maria” foi exposto na reunião de 27 de março de 2015. Levantaram-se várias questões e foram pedidos esclarecimentos, em vista de uma resposta à Escola Unidos de Vila Maria.

O Conselho, por unanimidade, deu parecer favorável à iniciativa, mas recomendou que fossem observados alguns critérios: 1. Respeito à imagem de Nossa Senhora Aparecida, à fé e à religiosidade do povo católico; 2. Fidelidade aos fatos históricos; 3. Apresentação da genuína piedade mariana católica, sem sincretismos; 4. Decoro no desfile da escola, sem exposição de nudez; 5. Supervisão dos preparativos pelo Santuário de Aparecida e pela Arquidiocese de São Paulo.

A agremiação aceitou sem reservas todos esses critérios. Os Diretores da “Unidos de Vila Maria” asseguraram que também eles são devotos de Nossa Senhora Aparecida e, longe de desrespeitarem a Mãe de Deus, eles lhe queriam tributar uma singela homenagem, em nome de todos os brasileiros. O Reitor do Santuário Nacional e representantes da Arquidiocese de São Paulo acompanharam a elaboração da proposta do desfile. Antes da confecção das alegorias, os projetos e a letra do samba-enredo foram mostrados e receberam sugestões. Por isso, até o presente, não há motivos para pensar que a imagem de Maria seja profanada, nem que seja desrespeitada a fé dos católicos. Na sede da “Unidos de Vila Maria” há um nicho com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, sempre com flores, e as pessoas rezam diante dela.

A apresentação consistirá numa série de alegorias, música e danças, narrando o encontro da imagem, o contexto histórico e social da época, as primeiras devoções e milagres, a relação da Princesa Isabel com Aparecida, oferecendo o manto e a coroa, a construção das duas basílicas, as romarias e o significado cultural da devoção a Nossa Senhora Aparecida. Trata-se de algo mais amplo do que uma homenagem religiosa.

Para alguns, a iniciativa pode parecer chocante, pois o carnaval e o sambódromo não seriam os locais mais adequados para homenagear Nossa Senhora. Até pode ser, pois tudo depende da intenção e da forma como as coisas são feitas. No caso em questão, a intenção é boa e a forma também. O lugar seria impróprio para honrar a puríssima Virgem Maria? Mas será que Maria não gostaria de chegar lá, onde mais se faz necessária a sua presença?

Pensemos bem: não rezamos a Santa Missa em praças, estádios e ginásios de esporte, onde tantas coisas pouco decorosas acontecem e são ditas? Não levamos nós o Santíssimo Sacramento para as praças e avenidas, onde acontecem injustiças e violência e prostituição? Para as cracolândias e outros locais, onde se profana a dignidade humana e o santo nome de Deus? Não foi para os pecadores que Jesus veio ao mundo? E sua Mãe Santíssima não iria com Ele a esses locais? E Jesus não entrou na casa de publicanos e pecadores, escandalizando fariseus e mestres da Lei? E não permitiu que uma mulher, conhecida de todos como pecadora, banhasse seus pés com as lágrimas, os beijasse e ungisse com perfume? E os católicos não poderiam honrar o nome de Deus, professar sua fé e prestar homenagem a Nossa Senhora também no sambódromo?

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo

Artigo publicado no Jornal “O São Paulo”, edição 3137 – De 08/02/2017 a 14/02/2017

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Em síntese: O presente artigo refere experiências recém-realizadas em torno da imagem da Virgem de Guadalupe, das quais resulta tratar-se de fenômeno inexplicável à luz das leis da natureza. Nenhum pintor teria efetuado tal imagem, por mais fina e esmerada que fosse a sua arte.

É de conhecimento geral, entre católicos e não católicos, a existência de famoso santuário consagrado a Nossa Senhora de Guadalupe no México. De resto, é o santuário da padroeira da América Latina, cuja festa é celebrada a 12 de dezembro. Ora há fatos inexplicáveis
recém-descobertos no tocante a tal santuário e à imagem que contém. Tais fatos se tornam indícios de real intervenção dos céus nas origens desse lugar de oração. A fim de melhor informar os nossos leitores, e em vista de sugestão trazida por amigos a PR, transcreveremos, a seguir, em tradução portuguesa o artigo de Torcuato Luca de Tena que expõe a seqüência dos acontecimentos notáveis concernentes ao santuário de Guadalupe.

Inexplicável

As assombrosas descobertas científicas que recentemente se fizeram, e ainda continuam a ser feitas, em torno da imagem mexicana da Virgem de Guadalupe deixam literalmente estupefatos a todos que as conhecem.

Breve Retrospecto

Para entender a importância de tais eventos, é preciso fazer breve retrospecto do que antiga e piedosa história narra acerca da milagrosa confecção da imagem, não pintada por mão de homem – segundo esta tradição -, mas, sim, milagrosamente impressa na túnica de um índio chamado Juan Diego em 1531. O relato que conta este sucesso, está escrito em náhualt (a língua dos aztecas) com caracteres latinos, e foi editado em seu idioma original e em espanhol em 1949, aproximadamente um século após sua primitiva redação, por iniciativa de um tal bacharel Luis Lasso de la Veja. Refere esta história que Juan Diego insistiu repetidas vezes com o primeiro Bispo do México, o franciscano Frei Juan de Zumárraga, para exprimir-lhe um desejo que lhe havia manifestado a Mãe de Deus em diversas aparições: Maria SS. pedia a edificação de uma ermida no lugar denominado Cerro de Tepeyac. Para desvencilhar-se do visionário sem o magoar, o afável Bispo pediu ao índio que lhe levasse uma prova convincente de que dizia a verdade. E que, em caso contrário, não o molestasse mais. Alguns dias mais tarde retornou Juan Diego levando como prova uma porção das chamadas “rosas de Castilla”, que não podiam florescer naquela estação do ano (mês de dezembro) e que ele afirmava lhe haviam sido entregues pela própria Virgem a fim de que as mostrasse ao Bispo. O jovem trazia as flores na túnica ou tilma milagrosamente estampada do índio Juan Diego. Este é o relato, sumarissimamente narrado, escrito em língua náhualt no tempo em que ainda vivia Hernán Cortés.

A explosão devota que desde os primeiros tempos da pacificação do México se produziu foi tão inusitada, e tão notáveis as peregrinações espontâneas de índios que acudiam de toda a parte para render culto à imagem, que o evento não pode deixar de ser mencionado por Bernal Diaz del Castillo em sua magna crônica da conquista de Nova Espanha.

E chegamos a nossos dias – ou melhor, a nosso século -, em que se constituiu uma Comissão de estudos para investigar não poucos fenômenos inexplicáveis da famosa tilma de Juan Diego.

Os exames cientifícos

1. Em primeiro lugar, chama a atenção dos peritos têxteis a singular conservação do rude tecido. Hoje em dia está protegido por cristais. Mas durante séculos esteve exposto, sem maiores cuidados, aos rigores do calor, da poeira e da umidade, e todavia sua tessitura não se desfibrou nem tampouco se lhe desvaneceu a admirável policromia.

A matéria física sobre a qual a imagem ficou estampada, é tecido confeccionado com fibra de ayate, da espécie mexicana “agave potule zacc”, que se decompõe por putrefação aos vinte anos aproximadamente, como se provou com várias reproduções feitas de propósito.
Em contraposição, a túnica do contemporâneo de Cortés já dura quatrocentos e cinquenta anos sem se rasgar nem decompor, e, por causas incompreensíveis para os mencionados peritos, é imune á umidade e à poeira.

Atribuiu-se esta virtude ao tipo de pintura que cobre a tela e que poderia muito bem atuar como poderosa matéria protetora; em conseqüência do que, enviou-se uma amostra para que fosse analisada pelo cientista alemão e prêmio Nobel de Química Richard Kuhn, cuja resposta deixou perplexos os consultantes. Os corantes da imagem guadalupana – respondeu o sábio alemão – não pertencem ao reino vegetal, nem ao mineral nem ao animal.

Pensou-se que talvez a tela estivesse tratada por um procedimento especial. As grandes pinturas da antiguidade puderam chegar até nós por estarem os tecidos que as recebiam (ou os paramentos dos “frescos”) previamente “preparados”, cobertos por uma cola ou estuque especiais. De que notável consistência seria esta preparação para que a pintura pudesse aderir e conservar-se incólume sobre matéria tão frágil e perecível, como é o ayate?

Confiou-se a dois estudiosos norte-americanos (o doutor Callagan, da equipe científica da NASA, e o professor Jody B. Smith, catedrático de Filosofia da Ciência na Pensacolla College) a tarefa de submeterem a imagem guadalupana à análise fotográfica com raios infravermelhos. As suas conclusões foram as seguintes:

Primeira: O ayate – tela rala de fio de magüey – não possui proporção alguma, o que torna inexplicável, à luz dos conhecimentos humanos, que os corantes impregnem fibra tão inadequada e nela se conservem.

Segunda: Não há esboços prévios, como os descobertos pelo mesmo processo nos quadros de Velázquez, Rubens, El Greco e Ticiano. A imagem foi pintada diretamente, tal qual a vemos, sem esboços nem retificações.

Terceira: No há pinceladas. A técnica empregada é desconhecida na história da pintura. É inusitada, incompreensível e irrepetível.

2. Paralelamente a isso, conhecido oculista de nome hispano-francês, Torija Lauvoignet, examinou com um oftalmoscópio de alta potência a pupila da imagem e observou, maravilhado, que na íris refletida uma mínima figura que parecia o busto de um homem. E este foi o antecedente imediato para promover a investigação que passo a explicar: a “digitalização” dos olhos da Virgem de Guadalupe.

Sabemos que na córnea do olho humano se reflete o que a pessoa está vendo no momento. O doutor Aste Tonsmann fez fotografar (sem que ele estivesse presente) os olhos de uma filha sua, e, utilizando o procedimento denominado “processo de digitalizar imagens”, pôde, sem mais, averiguar tudo quanto via sua filha no momento de ser fotografada. Este mesmo cientista, cuja profissão atual é a de captar as imagens da Terra transmitidas no espaço pelos satélites artificiais, “digitalizou” no ano passado (1980) a imagem guadalupana e os resultados começam agora a ser conhecidos. Consiste o procedimento em dividir a imagem em quadrículas microscópicas até o ponto de, numa superfície de um milímetro quadrado, caberem vinte e sete mil setecentos e setenta e oito ínfimos, mínimos quadradinhos. Uma vez feito isto, cada mini-quadrícula pode ser ampliada, multiplicando-se por dois mil, o que permite a observação de pormenores impossíveis de serem captados a olho nu. Ora os pormenores que se observaram na íris da imagem guadalupana são: um índio no ato de desdobrar sua tilma perante um franciscano: o próprio franciscano, em cujo rosto se vê escorrer uma lágrima, uma pessoa muito jovem, tendo a mão sobre a barba com ar de consternação; um índio com o torso desnudo em atitude quase orante; uma mulher de cabelo crespo, provavelmente uma negra, serviçal do Bispo; um varão, uma mulher e umas crianças com a cabeça meio-raspada e mais outros Religiosos vestidos com hábito franciscano, isto é… o mesmo episódio relatado em náhualt por um anônimo escritor indígena na primeira metade do século XVI e editado em náhualt e em espanhol por Lasso de la Veja em 1649, consoante já mencionei!

Atualmente estudos iconográficos estão sendo feitos a fim de comparar estas figuras com os retratos conhecidos do Arcebispo Zumárraga e de pessoas de seu tempo ou do lugar. O que é radicalmente impossível, é que num espaço tão pequeno como a córnea de um olho, situada numa imagem de tamanho aproximado ao natural, um miniaturista tenha podido pintar aquilo que foi necessário ampliar em duas mil vezes para que pudesse ser percebido.

Conclusão

O advogado e professor Luís Fernández Hernández, antigo colaborador na Espanha da Editorial Católica, solicitou-se que lhe prefaciasse um livro escrito para celebrar a 450º aniversário dos misteriosos eventos da colina de Tepeyac, que tiveram como protagonistas o índioJuan Diego e o Bispo espanhol Frei Juan de Zumárraga. Os dados por mim aqui apresentados, tomei-os deste livro, de próxima aparição.

“Inexplicável”, exclamaram os membros da Comissão de Estudos quando conheceram o veredito do sábio germânico Richard Kuhn segundo o qual a policromia da imagem guadalupana não procedia de corantes minerais, vegetais ou animais. “inexplicável!”, declararam por escrito os estudiosos norte-americanos Smith e Callagan ao verem por meio dos raios infra-vermelhos que a “pintura” não apresentava pinceladas, e estava isento de toda preparação o miserável ayate da tilma de Juan Diego. E o doutor Aste Tonsmann, ao mencionar em numerosas conferências o achado de figuras humanas de tamanho infinitesimal na íris da Virgem, não se cansa de repetir: “Inexplicável! Radicalmente inexplicável!”

(Extraído do jornal ABC, edição internacional, nº 1657, de 6/10/1981).

Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb
Nº 262 – Ano 1982 – p. 208

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AS APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

Nossa Senhora apareceu resplandecente aos pastorinhos de Fátima pela primeira vez no dia 13 de maio de 1917.

As aparições continuaram nos sucessivos meses, sempre no dia 13, até o mês de outubro do mesmo ano.

Lúcia, Francisco e Jacinta eram os três pastorinhos que estavam brincando num lugar chamado Cova da Iria, em Portugal. De repente, observaram dois clarões como de relâmpagos e em seguida viram, sobre a copa de uma pequena árvore chamada azinheira, uma Senhora de beleza incomparável.

Era uma “Senhora vestida de branco, mais brilhante que o sol, irradiando luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente“.

Sua face, indescritivelmente bela, não era nem alegre e nem triste, mas séria, com ar de suave alerta. As mãos juntas, como rezando, apoiadas no peito, e voltadas para cima. Da sua mão direita pendia um rosário. As vestes pareciam feitas somente de luz. A túnica e o manto eram brancos com bordas douradas, que cobria a cabeça da Virgem Maria e lhe descia até os pés.

Lúcia jamais conseguiu descrever perfeitamente os traços dessa fisionomia tão brilhante. Com voz maternal e suave, Nossa Senhora tranquilizou as três crianças, dizendo:

“Não tenhais medo. Eu não vos farei mal. Vim para pedir que venhais aqui seis meses seguidos, sempre no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Em seguida, voltarei aqui ainda uma sétima vez”.

Ao pronunciar estas palavras, Nossa Senhora abriu as mãos, e delas saía uma intensa luz. Os pastorinhos sentiram um impulso que os fez cair de joelhos e rezaram em silêncio a oração que o Anjo havia lhes ensinado:

“Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-vos profundamente e ofereço-vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores”.

Passados uns momentos, Nossa Senhora acrescentou:

“Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra”.

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* * *

13 DE OUTUBRO: O MILAGRE DO SOL

Na aparição do dia 13 de setembro, Nossa Senhora anunciou aos três pastorinhos de Fátima:

“Em outubro farei o milagre, para que todos acreditem”.

Pois bem. Em 13 de outubro de 1917, 70 mil pessoas, incluindo jornalistas, testemunharam o milagre que tinha sido anunciado pelas três crianças a quem Nossa Senhora tinha aparecido.

Ao meio-dia, depois de uma forte chuva que parou de repente, as nuvens se abriram diante dos olhos de todos e o sol surgiu no céu como um disco luminoso opaco, que girava em espiral e emitia luzes coloridas. O fenômeno durou cerca de 10 minutos e está na lista oficial de milagres reconhecidos pelo Vaticano.

Os céticos tentam atribuir o evento ao fenômeno atmosférico do parélio, mas sem apresentar provas e sem explicar como foi que as crianças o “previram”.
O “Milagre do Sol”, como ficou conhecido esse impressionante evento sobrenatural testemunhado por 70.000 pessoas, transformou o que era uma mera “revelação privada” em um autêntico apelo de Cristo à Sua Igreja. Não só o conteúdo da mensagem de Fátima dizia respeito à Igreja do mundo inteiro como a sua própria comprovação se deu publicamente, de maneira extraordinária: no dia 13 de outubro de 1917, “o sol dançou” diante de mais de 70.000 homens e mulheres, pobres e abastados, sábios e ignorantes, crentes e descrentes.

Conforme o depoimento do Dr. José Maria de Almeida Garrett, eminente professor de ciências de Coimbra, o que aconteceu naquele dia foi que o sol “girou sobre si mesmo num rodopio louco (…) Houve também mudanças de cor na atmosfera (…) O sol, girando loucamente, parecia de repente soltar-se do firmamento e, vermelho como o sangue, avançar ameaçadamente sobre a terra como se fosse para nos esmagar com o seu peso enorme e abrasador (…) Tenho que declarar que nunca, antes ou depois de 13 de outubro, observei semelhante fenômeno solar ou atmosférico”.

* * *

O SIGNIFICADO

Para o povo mais simples, o milagre se resume em bem menos palavras. Simplesmente, “o sol dançou”. Mais do que descrever fisicamente o fenômeno, o que interessava à maioria das pessoas era o que não se podia ver, mas que ficara patente por aquela portentosa obra que eles tinham diante dos olhos: Nossa Senhora verdadeiramente apareceu a três humildes pastorinhos em Fátima.

A Lúcia, Jacinta e Francisco, de fato, foi dada uma visão bem mais abrangente da realidade: a Virgem Maria, “abrindo as mãos, fê-las refletir no sol. E enquanto que se elevava, continuava o reflexo da Sua própria luz a projetar-se no sol (…) Desaparecida Nossa Senhora, na imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do sol, São José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul”, declararam eles.

Na última aparição da Virgem de Fátima, portanto, brilha perante os videntes a imagem da Sagrada Família de Nazaré!

Esse fato pode indicar que “o confronto final entre o Senhor e o reino de Satanás dirá respeito diretamente à família e ao matrimônio”. Quando o caminho ordinário de santificação da humanidade, que é o casamento, se encontra obstruído pela produção desenfreada da pornografia e pela popularização dos “pecados da carne” (que, segundo resposta da própria Virgem Maria à pequena Jacinta, constituem a classe de pecados que mais ofende a Deus), o resultado só pode ser uma perda incalculável de almas (realidade a que a Mãe de Deus já tinha aludido, quando deu às mesmas crianças a visão do inferno).

Naquele 13 de outubro, a Virgem Santíssima tinha um pedido especial, que ficaria gravado no coração dos pastorinhos.

“Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido”.

Aos observadores mundanos, tal recado poderia parecer “arcaico” ou “irrealista”: um “espírito” que vem dos céus para falar de “pecado”? Em que século a autora dessas aparições acha que estamos? Pois bem, é justamente no século XX que Nossa Senhora aparece, e é a mesma mensagem de dois mil anos atrás que ela carrega consigo: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2, 5).

Acontece que os tempos mudaram, sim, mas o ser humano continua o mesmo. E os perigos que rondavam a humanidade na época de Cristo não mudaram. Para ser católico e seguir Jesus, nada mais elementar que o apelo de Fátima: “Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor”.

O Milagre do Sol não apenas confirmou as aparições de Maria em Fátima: ele também visa realizar um milagre muito maior e mais extraordinário que qualquer outro: a salvação das almas, a conversão dos pecadores; “para que todos acreditem” em Jesus e, acreditando, tenham a vida eterna.

___________________

A partir de extratos de:

“5 milagres que a ciência tentou, mas nunca conseguiu explicar” (Aleteia)

e “O Milagre do Sol, para que todos acreditem” (Christo Nihil Praeponere)

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Desde 1862, já são mais de 7.000 as curas inexplicáveis reconhecidas em Lourdes, mas apenas 69 delas foram declaradas milagrosas pela Igreja. Qual é o procedimento para que um milagre de cura seja reconhecido?

O primeiro passo é o parecer do “Bureau des Constatations Médicales“, a comissão de médicos que examina o caso do suposto milagre. Trata-se de uma equipe de especialistas que opera desde 1883, quando o Dr. George-Fernand Dunot de St. Maclou, a convite do primeiro reitor do Santuário de Notre-Dame de Lourdes, fundou o Bureau. Em 1905, os procedimentos do Bureau para estudar os casos recuperações aparentemente milagrosas foram confirmados pela Santa Sé, através do papa Pio X. O caso mais recente de cura inexplicável reconhecida pelo Bureau é de 2013: o da italiana Danila Castelli, curada de uma hipertensão muito grave.

PRIMEIRO PASSO: A VISITA DO MÉDICO PERMANENTE

“A pessoa que se apresenta ou que escreve para o Bureau é recebida ou visitada pelo médico permanente”, explica Alessandro de Franciscis, o próprio médico permanente e presidente do Bureau de Lourdes. “Então eu avalio, leio, escuto, examino, analisando se estou ou não diante de uma cura verossimilmente inexplicável. Isto acontece, em média, de trinta a quarenta vezes por ano. Após esse primeiro encontro, começa um processo de construção de um registro médico”.

SEGUNDO PASSO: O EXAME DO BUREAU

No dia da convocação do Bureau, começam as discussões médicas. Depois de uma primeira, segunda, terceira discussão, pode-se concluir se o caso de cura era verdadeiro, completo, duradouro e inexplicável segundo os conhecimentos médicos disponíveis.

TERCEIRO PASSO: A COMISSÃO MÉDICA

O caso, que a essa altura já pode ter até vinte e cinco anos desde que aconteceu, é apresentado pelo médico permanente à Comissão Médica Internacional de Lourdes. Se a comissão também o confirma, depois de uma série de exames e análises, então o caso de cura é julgado e confirmado como inexplicável do ponto de vista científico.

QUARTA ETAPA: A COMISSÃO ECLESIÁSTICA

Finalmente, a questão passa para as mãos do arcebispo da diocese à qual pertence a pessoa supostamente agraciada com o milagre. É instituída então uma comissão eclesiástica, para discutir se a recuperação foi obra ou não da intercessão divina.

Autor: Gelsomino del Guercio

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Em sua “Autobiografia”, Eric Clapton escreve sobre um momento de muito sofrimento pelo qual passou enquanto se recuperava das drogas, em 1987:

“Eu estava em desespero total. Na intimidade do meu quarto, pedi ajuda. Não fazia ideia de com quem estava falando; eu só sabia que havia chegado ao limite das minhas forças… Ajoelhando-me, me rendi. Pouco tempo depois, percebi isso: eu havia encontrado um lugar, um lugar que sempre soube que estava ali, mas de que nunca realmente achei que precisaria, nem acreditava nele. A partir desse dia, até hoje, nunca deixei de rezar pela manhã, de joelhos, de pedir ajuda; e à noite, para expressar gratidão pela minha vida e, sobretudo, por estar sóbrio.”

Mãe Divina

Mãe divina, onde estás?
Esta noite me sinto quebrado em dois.
Eu vi estrelas caírem do céu.
Mãe divina, não consigo não chorar.

Oh, eu preciso de sua ajuda desta vez,
Ajuda-me a passar por esta noite solitária.
Dize-me por favor para que lado ir
Para me encontrar de novo.

Mãe divina, escuta minha oração,
De algum modo eu sei que tu ainda estás aí.
Manda-me, por favor, um pouco de paz de espírito;
Leva embora esta dor.

Eu não consigo, eu não consigo, eu não consigo mais esperar
Eu não consigo, eu não consigo, eu não consigo esperar por ti

Mãe divina, escuta meu pedido,
Eu amaldiçoei teu nome umas mil vezes.
Eu senti a raiva em minha alma;
Tudo que preciso é uma mão para segurar.

Oh, eu sinto que o fim chegou,
Não mais minhas pernas vão correr.
Tu sabes que eu preferiria estar
Em teus braços esta noite.

Quando minhas mãos não mais tocarem,
Minha voz parar, eu sumir,
Mãe divina, então estarei
Deitado, salvo em teus braços.

Fonte: Aleteia

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João Paulo II socorrido por colaboradores após ser atingido na Praça São Pedro – ANSA

Há 35 anos, na tarde de 13 de maio de 1981, Festa de Nossa Senhora de Fátima, João Paulo II era atingido na Praça São Pedro por dois tiros disparados por Ali Ağca. Para Wojtyla, foi a mão de Maria que o protegeu. A bala que perfurou seu tórax e que deveria matá-lo está agora na coroa da Virgem de Fátima.

Como de costume, por ocasião das Audiência Gerais, João Paulo II estava em pé no papamóvel, saudando e abençoando os peregrinos. Logo a seguir, deveria anunciar a criação do Pontifício Conselho para a Família. Às 17h17 dois estampidos ensurdecedores ecoaram na Praça São Pedro. O Santo Padre cai, sendo amparado pelo seu Secretário, Padre Stanislao Dziwisz. Os fiéis ficam aterrorizados, choram, se ajoelham, rezam o terço. Uma comoção que o locutor da Rádio Vaticano, Benedetto Nardacci, que transmitia a Audiência, não conseguiu esconder: “A multidão está toda em pé….A multidão está toda em pé; não comenta a cena trágica que assistiram. Estão quase todos em silêncio, aguardam notícias (…) O Santo Padre foi evidentemente, certamente atingido. Foi certamente atingido, o vimos deitado no carro descoberto que entrou em alta velocidade dentro do Vaticano. Pela primeira vez se fala de terrorismo também no Vaticano. Se fala de terrorismo em uma cidade da qual sempre partiram mensagens de amor, mensagens de concórdia, mensagens de pacificação”.São momento agitados, confusos. Na Praça silenciosa se propagam notícias contrastantes sobre a identidade do atentador, sobre o número de disparos e sobretudo sobre a gravidade dos ferimentos. Ouve-se o barulho de uma sirene, uma ambulância. Poucos minutos depois o então Diretor da Rádio Vaticano, Padre Roberto Tucci, se junta a Nardacci na Praça São Pedro:

“Padre Tucci, dos microfones da Rádio Vaticano, na Praça São Pedro. Não se sabe ainda a gravidade da ferida. Às 17h29 vi uma ambulância sair da entrada da Porta Sant’Anna em alta velocidade. Me foi informado – mas não posso assegurar que a notícia corresponda à verdade – que a ambulância que levava o Santo Padre, se dirigiu ao Hospital Gemelli”.

Uma viagem, do Vaticano ao Gemelli, que durou 15 minutos, 15 intermináveis minutos. O médico pessoal do Papa, Renato Buzzonetti, recorda que Wojtyla “rezou ininterruptamente em língua polonesa: ‘Meu Jesus. Minha Mãe’”. A cirurgia é longa, complicada. Karol Wojtyla perdeu muito sangue, os tiros atingiram diversos órgãos, sobretudo os intestinos. Os médicos que operam o Papa, percebem que a bala seguiu por uma trajetória anômala. Um desvio de poucos milímetros e João Paulo II não teria tido nenhuma chance. Durante a cirurgia no terceiro andar do Hospital Gemelli, o tempo parece ter parado. Jornalistas de todo o mundo aguardam com apreensão o resultado da operação:

“A operação do Papa foi concluída após quatro horas e 20 minutos”, anuncia ao vivo o canal estadunidense ABC, que acrescenta: “A Rádio Vaticano informou que as condições do Papa não são graves”.

Milhões de fiéis que em todo o mundo, em especial na Polônia, estavam em oração, podem dar um suspiro de alívio. Ao mesmo tempo, a polícia italiana interroga o atentador, o jovem extremista turco Ali Ağca, a quem o Papa se dirige no primeiro Regina Coeli depois do atentado. É 17 de maio de 1981, o Papa fala de seu leito no Policlínico Gemelli:

“Agradeço a vocês comovido pelas orações e abençoo a todos (…) Rezo pelo irmão que atirou em mim, o qual perdoo com sinceridade (…) A ti Maria repito: “Totus tuus ego sum””.

A entrega a Maria e o perdão: duas dimensões já fortemente presentes na vida e no Magistério de João Paulo II, e que a partir daquele momento tornam-se uma unidade com a figura e o testemunho de Karol Wojtyla. Aquele perdão que pronunciou com voz debilitada pouco depois do atentado, João Paulo II o leva pessoalmente no Natal de 1983 ao “irmão que o atingiu”, na Prisão romana de Rebibbia. Já em 13 de maio de 1982, exatamente um ano após o atentado, o Papa visita o Santuário de Fátima para agradecer a Nossa Senhora, que o salvou. João Paulo II não tem dúvidas: foi a mão de Maria que “guiou a trajetória da bala e o Papa agonizante parou exatamente no limiar da morte”.

Totus Tuus Maria”, “Todo teu, Maria”. O lema no brasão episcopal. Uma confiança total que Wojtyla repetirá até os últimos instantes da sua vida terrena: “Em ti confio e te declaro novamente: Totus tuus, Maria! Totus tuus! Amém!”.

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Fez bastante barulho, em abril de 2013, a conversão ao catolicismo do pastor pentecostal portorriquenho Fernando Casanova. Desde então, ele se tornou um valioso defensor da Igreja com seu assombroso domínio da bíblia e seu estilo de oratória apaixonado e de coração aberto.

Fernando mesmo relata o lento e doloroso processo da sua conversão ao catolicismo: foram cinco anos, depois de muitos outros de prestigioso serviço dentro da sua igreja protestante.

O processo de conversão começou com a pesquisa bíblica da Igreja única e unida fundada por Jesus Cristo, já que Fernando se desconcertava com a proliferação contínua de grupos e igrejas protestantes. Mas seu afã nesta pesquisa tinha uma restrição clara: a meta de “não ser católico”.

Só que o momento-chave da sua busca interior se deveu precisamente à Eucaristia católica.

Ao tomar a decisão de se converter ao catolicismo e comunicá-la à sua esposa, ela, protestante convencida, preferiu a separação. Homem de família e fiel ao matrimônio, Fernando teve de passar meses sem conviver com a esposa e os três filhos, martirizado pelo mistério do porquê de Deus ao permitir tamanha dor quando ele estava, afinal, seguido o caminho certo.

Em suas pregações, ele narra, com muito sentimento, que, ao entrar em uma capela para buscar a força de Deus no meio da sua situação dolorosa, viu sobre um dos bancos da igreja um rosário. Entendeu que Deus lhe pedia que o rezasse. Para ele, mesmo convertido firmemente, ainda era muito difícil, por causa das suas origens evangélicas, rezar o terço. Mas Fernando olhou para Nossa Senhora e lhe disse que estava disposto a rezar o rosário com dois pedidos:

“Que minha esposa e eu nos reconciliemos”

“Que minha esposa, meus filhos e eu entremos em comunhão plena com a Igreja do teu Filho”

Conta ele: “Rezei o terço torpemente e sem fé, pedindo perdão a Deus a cada dez ave-marias caso isso não lhe agradasse”.

No mesmo dia, Fernando Casanova se reencontrou com a família e se reconciliou com a esposa.

Mera coincidência? Pois bem. O processo de conversão da família foi continuando. Finalmente, na catedral da capital de Porto Rico, o ex-pastor evangélico, sua esposa e seus filhos foram recebidos formalmente na Igreja católica. E em que dia aconteceu isso? Por mais uma “coincidência”, foi exatamente um ano depois daquele “rosário mal rezado”.

O próprio Fernando lamenta não ter conservado aquele terço que, um ano antes, tinha encontrado abandonado sobre um banco da igreja. Ele não apenas gostaria de guardá-lo: Fernando gostaria que, depois de morto neste mundo, fosse enterrado com aquele rosário envolto em suas mãos agradecidas.

Javier Ordovás

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É interessante constatar como cada vez mais pessoas rezam o terço, e não somente as católicas: também membros de outras confissões religiosas estão descobrindo a riqueza desta oração. E muitos devem sua conversão ao santo rosário.
 
No entanto, também existem os que não o rezam porque têm objeções. Então, aproveitando o mês de outubro, que é o mês dorosário, vale a pena responder a algumas dessas objeções:
 
1. O terço não está na Bíblia
 
Claro que está! Certamente, não como o conhecemos hoje, mas todas as orações do terço e os mistérios que meditamos têm sua origem na Bíblia. Não foi por acaso que o Papa João Paulo II chamou o terço de “compêndio do Evangelho”.
 
2. Onde a Bíblia diz que devemos rezar o terço?
 
A esta pergunta podemos responder com outra: onde a Bíblia diz que devemos fazer só o que a Bíblia diz? Desde sua origem, a comunidade cristã se guiou pela Sagrada Escritura, mas também pelos ensinamentos dos apóstolos (como pede a Bíblia).
 
E se você quer cumprir o que a Bíblia diz, lembre-se de que a Bíblia pede para meditar sobre a Palavra de Deus, orar e interceder uns pelos outros. E o terço é isso!
 
Não nos esqueçamos de que Maria disse que todas as gerações a chamariam de bem-aventurada. Como cumpre esta promessa de Maria quem não reza a Ela?
 
3. Maria foi uma mulher como todas, morreu e não ouve nossas orações
 
Consideremos estas 4 afirmações (irrefutáveis, dado que são bíblicas):
 
– Maria foi escolhida por Deus para ser a Mãe do seu Filho. Isso a torna superior a todas as mulheres.
 
– No Antigo Testamento, vemos a grande importância dada à mãe de um rei e seu poder de interceder por alguém diante de seu filho.
 
– O Senhor, que nos mandou honrar nossa mãe, sem dúvida honrou a sua. Como? Libertando-a da corrupção do pecado e da morte.
 
– Jesus disse que Deus não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque todos vivem para Ele.
 
Estas afirmações permitem concluir que Maria, como Mãe do Filho de Deus, Mãe do Rei, está no céu, junto a Jesus, e Ele atende sua intercessão por nós.
 
4. O terço dá mais importância a Maria que a Jesus
 
Tudo no terço nos faz olhar para Jesus. Rezamos o Pai-Nosso, que Jesus nos ensinou. Nas Ave-Marias, nós o proclamamos “Bentito” e pedimos à sua Mãe que rogue por nós. Além disso, todos os mistérios estão relacionados à sua vida.
 
5. O terço é uma oração repetitiva, como as que Jesus condena
 
Jesus não condenou a repetitividade, mas o vazio das preces. Ele mesmo justificou um publicano que pedia perdão repetitivamente. Repetir as orações no terço equivale a repetir a alguém que você o ama, e não se cansa de dizer nem ouvir isso. A sequência de Ave-Marias acalma a alma e permite contemplar cada mistério.
 
6. É complicado rezar o terço
 
É fácil rezar o terço e é fácil aprender a rezá-lo. Há uma verdadeira abundância de folhetos explicativos e pessoas que boa vontade que podem lhe ensinar.
 
7. Rezar o terço é chato
 
Chato é rezar mecanicamente, pensando em outra coisa e esperando acabar logo. Se você aproveitar cada mistério para contemplar a cena e sobretudo para relacioná-la com o que você está vivendo, conversando sobre isso com Maria, então rezar oterço será fascinante, sempre atual, e você gostará mais dele, porque o renova constantemente.
 
Artigo publicado originalmente por Desde la Fe

orac3a7c3a3o-de-gratidc3a3o-a-maria-de-guadalupeQuando o papa Francisco visitar a Cidade do México, a partir deste fim de semana, sua agenda estará repleta de missas e encontros com vários grupos naquela que é uma das mais populosas e densamente povoadas megalópoles do planeta.

No entanto, entre tantos compromissos e tantos milhões de pessoas, Francisco está solicitando um pouco de tempo a sós com a imagem milagrosa de Nossa Senhora de Guadalupe.

“Às vezes, quando alguns problemas ou algo desagradável acontece e eu não sei como reagir, eu rezo a ela”, disse o papa em uma entrevista destes dias, concedida por vídeo à agência de notícias Notimex. “Eu gosto de repetir para mim mesmo: ‘Não tenha medo. Não estou eu aqui, que sou sua mãe?‘. São palavras dela: ‘Não tenha medo‘”.

Francisco iniciará a viagem apostólica em 12 de fevereiro. Além da capital, ele vai visitar Ecatepec, Tuxtla Gutiérrez, San Cristóbal de las Casas, Morelia e Ciudad Juárez, retornando a Roma em 17 de fevereiro.

Será a terceira viagem de Francisco ao México, mas a primeira como papa. Ele explicou, na entrevista, que já esteve no país em 1970 para uma reunião da sua ordem religiosa, a Companhia de Jesus, e retornou em 1999, quando o papa João Paulo II assinou a exortação pós-sinodal “Ecclesia in America”. Nas duas ocasiões, ele visitou Nossa Senhora de Guadalupe, cuja imagem surgiu milagrosamente sobre a “tilma”, ou capa, do índio Juan Diego em 12 de dezembro de 1531 como sinal para convencer o bispo local de que a Virgem Maria tinha pedido a construção de uma igreja em sua honra. A tilma, feita de fibras naturais, deveria ter se desintegrado em poucos anos, mas tem durado há quase 500. Além disso, os estudos microscópicos dos olhos da imagem da Virgem Santíssima mostram o reflexo do bispo e de outras pessoas, atônitas, presentes no recinto quando a imagem apareceu sobre o manto de Juan Diego. E há mais milagres: a imagem não está “impressa” no manto, mas “flutua” ligeiramente acima dele. Das várias análises científicas feitas no México e nos Estados Unidos por diferentes equipes de cientistas, nenhuma conseguiu explicar a série de fenômenos milagrosos que envolvem a imagem da Mãe de Guadalupe.

O papa João Paulo II canonizou Juan Diego em 2002 – mas ele já era considerado santo pelos mexicanos fazia séculos. Nossa Senhora de Guadalupe, por sua vez, foi proclamada “Padroeira de toda a América“.

Sobre ela, o papa Francisco disse ainda na entrevista:

“Eu sinto que ela é nossa Mãe, que ela cuida, protege e conduz um povo, uma família, que ela traz calor humano a um lar, que ela nos acaricia com ternura e que ela expulsa o medo. É uma imagem eloquente, de uma Mãe como um manto que cobre e cuida, no meio do seu povo. É isto o que eu sinto diante dela”.

Aleteia

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É inegável que a devoção à Virgem Maria esteja estendida pelo mundo inteiro. Assim o revelam suas inumeráveis invocações e também os abundantes testemunhos sobre sua mediação a favor daqueles que a invocam com grande fervor. É tal o impacto que por séculos tem gerado a Mãe de Deus na Fé dos crentes, que inclusive recentemente a revista norte-americana National Geographic destacou a figura da Santíssima Virgem Maria como “a mulher mais poderosa do Mundo”.

Dentro deste fenômeno mariano, o que mais chama a atenção são suas aparições: mais de 2 mil registradas em todo o mundo, segundo o website ‘The Miracle Hunter’ (www.miraclehunter.com), que reúne os relatos, histórias, testemunhos e frequência de milagres, entre eles as aparições marianas, que se registraram ao longo dos séculos, tudo baseado nas investigações de Michael O’Neill.

De acordo com o website, a primeira aparição da Virgem da qual se tem dados, é a de Nossa Senhora do Pilar de Zaragoza, na Espanha, que apareceu ao Apóstolo Santiago o Maior às margens do rio Ebro no ano 40 depois de Cristo. De acordo com a tradição, esta aparição tem um selo particular diante das demais, já que a Mãe de Deus se apresentou em “carne mortal” ao apóstolo padroeiro da Espanha.

O certo é que diante destes acontecimentos a Igreja Católica sempre foi muito prudente e de todas as aparições marianas, o Vaticano somente reconheceu 16 e 28 contam com a aprovação dos Bispos locais.

Prudência que está muito bem explicada no Catecismo da Igreja Católica, onde se expõem: “Ao longo dos séculos houve revelações chamadas ‘privadas’, algumas das quais foram reconhecidas pela autoridade da Igreja. Estas, no entanto, não pertencem ao depósito da Fé. Sua função não é a de ‘melhorar’ ou ‘completar’ a Revelação definitiva de Cristo, mas a de ajudar a vivê-la mais plenamente em uma certa época da história. Guiado pelo Magistério da Igreja, o sentir dos fiéis (sensus fidelium) sabe discernir e acolher o que nestas revelações constitui uma chamada autêntica de Cristo ou de seus Santos à Igreja”.

Tal como se expõem no website ‘The Miracle Hunter’, durante o Concílio de Trento (1545-1563) se estabeleceu que o Bispo local é a primeira e principal autoridade para julgar a autenticidade de uma aparição mariana; quer dizer, se reconhece que sua mensagem não é contrária à Fé já a moral, e a Virgem Maria pode ser venerada de uma maneira especial. Aqui a aprovação do Vaticano não é necessária para assinalar que a aparição é autêntica, mas, depois de uma aprovação episcopal, este pode realizar uma declaração oficial, ou, após um tempo, efetuar uma visita papal coroando a imagem ou presenteando com uma rosa de ouro.

Entre as aparições marianas que contam com reconhecimento da Santa Sé, se encontram a da Virgem de Guadalupe, no México (fato ocorrido em 1531); a de Nossa Senhora de Siluva, na Lituânia (1608); a Virgem da Medalha Milagrosa na França (1830); Nossa Senhora de Sión em Roma, Itália (1842); a Virgem de La Salette (1846) e Lourdes (1858) na França; Nossa Senhora de Gietzwald na Polônia (1877); a Virgem de Fátima, Portugal (1917), e a Mãe do Mundo de Kibeho, Rwanda (1981), para mencionar algumas.

Sobre Medjugorje, na Bosnia e Herzegovina, a Igreja se mantêm prudente seguindo o parecer dos Bispos da Iugoslávia (país que se dividiu após as guerras), que em 1991 assinalaram que “não é possível estabelecer que houve aparições ou revelações sobrenaturais”. Para este sucesso em 2010 foi constituída a partir do Vaticano uma comissão internacional, sob a autoridade da Congregação da Doutrina da Fé, que tem a cargo determinar a sobrenaturalidade ou não do fenômeno.

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Um dos maiores milagres de Nossa Senhora de Guadalupe é a sua própria imagem, projetada sobre um tecido feito de cacto que não costuma durar mais de 20 anos. No entanto, o manto com a imagem milagrosa da Mãe de Deus existe há quase cinco séculos sem que os peritos em pintura e química tenham encontrado nele qualquer sinal de corrupção! Além de ter passado intacto por um período de 16 anos em que permaneceu sem proteção nenhuma, o tecido foi “vítima” de um grave acidente em 1971: alguns peritos deixaram cair ácido nítrico sobre toda a imagem. Nem sequer a força desse ácido altamente corrosivo, porém, conseguiu danificá-la.

A vasta quantidade de estudos científicos realizados com a imagem aponta que a Virgem de Guadalupe não foi pintada sobre o pobre tecido: ela está, de algum modo, estampada “acima” do tecido, como que “flutuando” ligeiramente sobre ele, sem tocá-lo!

Quanto à imagem propriamente dita de Maria, que é representadagrávida, há nela toda uma miríade de elementos inexplicáveis. Vamos destacar aqui apenas seus olhos.

Os olhos milagrosos da Virgem de Guadalupe

  • Assim como a figura das pessoas com as quais falamos se reflete em nossos olhos, estão refletidos nos olhos de Nossa Senhora as figuras do índio Juan Diego, do bispo da Cidade do México e do intérprete entre eles. Cientistas dos Estados Unidos estudaram as imagens refletidas e concluíram que as figuras não são pintadas, mas gravadas nos olhos de uma pessoa viva.
  • O diminuto tamanho das córneas na imagem, de cerca de 7mm a 8mm, descartam a possibilidade de pintura. Além disso, o rudimentar tecido de fibras do cactomaguey apresenta poros e falhas na costura que são maiores que as próprias córneas da imagem. Nem mesmo a tecnologia de hoje permite reproduzir tamanha riqueza de detalhes sobre um tecido tão inadequado.

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  • Os estudos dos olhos da Virgem de Guadalupe levaram à descoberta de 13 pequenas imagens. Mas as surpresas vão além. 1 milímetro da imagem foi ampliado 2.500 vezes e descobriu-se que, num dos seus pontinhos microscópicos, pode-se ver a pupila do bispo dom Zumárraga, que aparece por inteiro na pupila de Nossa Senhora. Acontece que, também na pupila do bispo, está refletida a imagem de Juan Diego mostrando o poncho com a imagem da Virgem de Guadalupe.

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  • A imagem de Juan Diego, portanto, aparece duas vezes: uma nos olhos da Virgem e outra nos olhos do bispo, que, por sua vez, está refletido nos olhos da Virgem.
  • O papa Bento XIV, em 1754, declarou sobre a imagem:“Tudo nela é milagroso: uma imagem que provém de flores colhidas num terreno totalmente estéril, no qual só podem crescer espinheiros… Uma imagem estampada numa tela tão rala que, através dela, podem-se ver o povo e a nave da Igreja… Deus não agiu assim com nenhuma outra nação”.

Fonte: Aleteia

Alphonse-Marie Ratisbonne 04, y su hermano Teodoro

“Nessa maravilhosa conversão manifesta-se o dedo de Deus; aí se admira a ação de Maria Santíssima, pois não havia nada, absolutamente nada que dispusesse Afonso Ratisbonne (acima, sentado. Ao lado, seu irmão) para receber tão assinalado favor.

Nasceu Afonso em Strasburgo, no meio de uma rica família israelita. Eram ao todo dez irmãos. Teodoro, doze anos mais velho que Afonso, chega à fé cristã após longas e penosas pesquisas, na calma da reflexão e na plena madureza de espírito.

Teodoro, recebeu o batismo aos 25 anos, após haver concluído seu curso de Direito. Abraçou o estado eclesiástico e foi sagrado sacerdote cinco anos depois do seu batismo.

Seu irmão Afonso, desde a primeira mocidade jactava-se de não ter nenhuma religião. “Eu era judeu de nome, diz ele; eis tudo, porque eu não acreditava nem sequer em Deus. Nunca abri um livro de religião e, na casa do meu tio, bem como entre meus irmãos e irmãs, não se praticava a menor prescrição do judaísmo”.

Um ano e quatro meses antes da sua conversão, enfermara gravemente um dos seus sobrinhos, filho do seu irmão mais velho. O Padre Teodoro, que então exercia os seus ministérios sacerdotais em Paris, desejava pelo menos abrir as portas do céu a seu sobrinho, conferindo-lhe o santo batismo.

Teria talvez alcançado o assentimento do pai, se não fosse a intervenção do seu irmão Afonso que, cheio de indignação e de furor, enxotou violentamente para longe do pequenino moribundo o ministro de Deus. Este, que já havia sofrido tanto da parte da sua família e de toda a colônia israelita, retirou-se com calma, disposto a sofrer ainda mais pelo nome de Jesus Cristo e pela salvação dos seus.

No Santuário de Nossa Senhora das Vitórias, onde trabalhava, fazia o piedoso sacerdote ferventes preces pela conversão do seu irmão Afonso que o não podia tolerar. Como explicar tamanho ódio contra seu bondoso irmão Teodoro, se Afonso era judeu religiosamente falando só de nome? É que ele se filiara a maçonaria e então era implacável inimigo dos cristãos.

Havia Afonso concluído seu curso de Direito e estava para completar 27 anos, quando os desejos da sua família, corroborados por simpatia recíproca, o induziram a casar-se com a sua sobrinha, filha do seu irmão mais velho. “Pensei, então, narra Afonso, que a minha felicidade fosse completa. Via minha família no auge da alegria, pois devo dizê-lo, há poucas famílias cujos membros se unem tanto como a minha… Só um dos seus membros me parecia odioso: era meu irmão Teodoro. Entretanto ele também nos amava, mas seu hábito me causava repulsa, seu pensamento me turbava, sua palavra grave e séria excitava a minha cólera”.

“E, continua Afonso, “por causa da conversão de Teodoro eu nutria acerbíssimo ódio contra os padres, as igrejas, os conventos, e sobretudo contra os jesuítas, cujo nome só bastava para provocar o meu furor”.

A noiva de Afonso contava 16 anos apenas, pelo que julgaram seus pais conveniente diferir por algum tempo o casamento.

Neste meio tempo Afonso empreenderia uma viagem ao estrangeiro com o duplo fim de distrair-se e de revigorar a sua saúde.

Afonso deixou Strasburgo a 17 de novembro de 1841, decidido a visitar Nápoles, a passar o inverno em Malta e a voltar pelo Oriente. Outros, porém, eram os desígnios da Providência. Demorou alguns dias em Marselha e partiu para Nápoles.

Durante a viagem fundeou o navio em Civitavecchia: era o dia 8 de dezembro e a artilharia disparava algumas salvas. Maravilhado, perguntou Afonso qual era o motivo daqueles rumores de guerra nas terras pacíficas do Papa. Responderam-lhe que era a festa da Imaculada Conceição. Sacudiu os ombros com desdém e não quis desembarcar. Não tinha nenhum desejo de visitar Roma, embora dois amigos seus o estimulassem vivamente a dar esse passo. Deus, porém, o guiava para o Cidade Eterna. Ao deixar Nápoles, em vez de comprar passagem para Palermo. por engano achou-se numa diligência que se dirigia para Roma e lá chegou a 6 de Janeiro.

Era o ano de 1842. Afonso Ratisbonne achava-se em Roma, a cidade eterna, da qual cada pedra é uma lembrança sagrada e tem uma voz para celebrar as grandezas da fé cristã. Ali Ratisbonne encontrou seu companheiro de infância Gustavo Bussíère, irmão do barão Teodoro de Busssière.

Teodoro de Bussière era íntimo amigo do Padre Teodoro Ratisbonne. O Barão abandonara o protestantismo para fazer-se católico e por esta razão inspirava a Afonso Ratisbonne uma profunda antipatia. Gustavo Bussière mantinha-se protestante e, em companhia de Afonso Ratisbonne, metia freqüentemente a rídiculo a Igreja Católica.

A 15 de Janeiro, nove dias apenas depois de sua chegada, resolveu Afonso deixar Roma e se viu na dura contingência de ir apresentar suas despedidas ao indesejável barão Teodoro de Bussière. O distinto e piedoso barão suportou pacientemente, durante uma hora, uma saraivada de sarcasmos proferidos pelo jovem Afonso contra o catolicismo, procurando evidentemente atingir os dois Teodoros convertidos: o seu irmão Ratisbonne convertido do judaísmo; e o irmão de Gustavo Bussière, convertido do protestantismo.

“Então, – refere o barão – apresentou-se à minha mente uma ideia maravilhosa, uma ideia celeste, que os sábios do mundo teriam julgado rematada loucura: “Já que sois um espírito tão forte e seguro de vós mesmo, lhe disse, não recusareis trazer o que estou para dar-vos”.

– De que se trata? perguntou secamente Afonso. – “Respondi-lhe mansamente – disse Bussière, trata-se simplesmente desta medalha”. Era a medalha milagrosa de Nossa Senhora das Graças. Recusou-a Afonso com um misto de indignação e de espanto.

“Mas – acrescentou o barão Bussière friamente – segundo o vosso modo de ver, isto vos deve ser absolutamente indiferente, ao passo que para mim trará um grandíssimo prazer”. – “Oh! – exclamou Afonso rindo a bom rir, a bandeiras despregadas – “então a trarei por mera complacência para mostrar-vos que é sem razão que acusam os judeus de obstinação e de invencível teimosia. Além disso me fornecereis um belíssimo capítulo para as minhas notas e impressões de viagem”.

“E, prossegue o barão, “Ratisbonne continuava com motejos que me ralavam o coração… Entretanto, passei-lhe ao pescoço uma fita à qual minhas netinhas tinham pregado uma medalha. Mas restava-me ainda uma coisa mais difícil de obter: queria que ele recitasse a piedosa invocação de São Bernardo: “Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria…” Revoltou-se ao ouvir este segundo pedido. “Mas uma força interior impelia-me, prossegue B. de Bussuère, a lutar contra as suas reiteradas recusas com uma espécie de obstinação. Apresentei-lhe a oração suplicando-lhe que a trouxesse consigo e que tivesse a bondade de copiá-la porque eu não dispunha de outro exemplar”. Então, com um movimento de impaciência e ironia, para se ver livre das minhas importunações, disse ele: “Bem! eu escreverei; dar-vos-ei a minha cópia e conservarei a vossa”. E retirou-se visivelmente contrariado.

Afonso cumpriu a palavra; copiou a oração, leu-a e releu-a tantas vezes que já a sabia de cor. As palavras de “Memorare” não lhe saíam da memória.

No dia 20 de Janeiro, festa de São Sebastião, Afonso ainda se achava em Roma, onde o retinha uma força misteriosa. Ao meio dia conversou num café com dois amigos. “Se neste momento – diz ele – um terceiro interlocutor se tivesse aproximado de mim e me tivesse dito: “Afonso, dentro de um quarto de hora adorarás Jesus Cristo, teu Deus e teu Salvador… e renunciarás ao mundo, a suas pompas, a seus prazeres, a tua fortuna, a tuas esperanças, a teu futuro, e se for necessário renunciarás ainda a tua noiva, à afeição da tua família… Digo que se algum profeta me tivesse feito semelhante predição, só a um homem eu julgaria mais insensato que ele, e seria aquele que tivesse dado crédito à possibilidade de tal loucura”.

Era 20 de Janeiro de 1842. Ratisbonne acha-se ainda em Roma. Saindo de um Café onde acabara de conversar com dois amigos, encontra uma carruagem: é do Barão de Bussière que o convida para dar um passeio. Afonso, sem muito entusiasmo, mais para não fazer uma descortesia àquele do qual pouco antes tinha sido hóspede, aceita o convite. Acharam-se logo diante da igreja de Santo André delle Fratte. O piedoso conde de Laferronays devia receber as honras fúnebres e o Barão de Bussière fora encarregado de reservar uma tribuna para a família do defunto.

“Será coisa de dois minutos, diz ele a Afonso que, durante este tempo resolve visitar a igreja. Esperava-o nesta igreja a misericórdia de Maria Santíssima. Soara a hora da graça que desde a conversa no café, já trabalhava suavemente em sua alma. A Mãe de Deus se deixara comover pelas orações do barão de Bussière , do conde de Laferronays que morrera repentinamente depois de ter dito à sua esposa: “Repeti hoje mais de cem vezes o Lembrai-vos”, e sobretudo pelas orações e lágrimas ardentes que em seu Santuário derramava seu diletíssimo servo o Padre Teodoro, irmão de Afonso Ratisbonne.

Tenta Afonso descrever o que então se passou em sua alma: “Esta igreja é pobre e deserta; creio que nela me achei mais ou menos só… Nenhum objeto de arte atraiu a minha atenção… Subitamente nada mais vejo… ou antes, ó meu Deus, vejo uma só coisa! Como seria possível falar do que vi? Oh! não, a palavra humana não deve tentar exprimir o que se não pode exprimir; toda descrição, por sublime que seja, não seria mais que uma profanação da inefável realidade…”

Tornando à igreja, Barão de Bussière não encontra Afonso onde o havia deixado, mas ajoelhado diante da capela de São Miguel Arcanjo e de São Rafael, submergido em profundo recolhimento.

“A esta vista, pressentindo um milagre, depõe o barão, apoderou-se de mim um frêmito religioso. Dirijo-me a ele, agito-o várias vezes sem que ele dê conta da minha presença. Afinal, voltando para mim seu rosto banhado de lágrimas, junta as mãos e me diz: “Oh! como este senhor rezou por mim!”

Compreendi logo que se tratava do falecido Conde de Laferronays. Amparado, quase levado por mim, sobe à carruagem. Onde quereis ir? pergunto-lhe eu.

_ “Levai-me para onde quiserdes. Depois do que vi, obedeço”.

Declara-me em seguida que só falará com o consentimento de um padre, porque o que eu vi – acrescenta ele – só o posso dizer de joelhos”.

Conduzido à igreja do Jesú, dos padres jesuítas, ao lado do padre Villefort que o convida a explicar-se, tira Afonso a medalha, abraça-a, mostra-a e exclama: “Eu a vi! Eu a vi!… Havia uns instantes que eu estava na igreja, quando repentinamente me senti dominado por uma turbação inexprimível. Ergui os olhos; todo o edifício desparecera à minha vista; só uma capela tinha, por assim dizer, concentrado toda a luz; e, no meio desta irradiação, apareceu, em pé sobre o altar, grande, brilhante, cheia de majestade de doçura a Virgem Maria, tal qual está em minha medalha; uma força irresistível atraiu-me para ela. A Virgem com a mão me fez sinal para que me ajoelhasse. Pareceu dizer-me: “Está bem! Não me falou nada, mas eu compreendi tudo”.

Mais tarde dirigiu-se Afonso à Basílica de Santa Maria Maior a fim de agradecer a sua celeste benfeitora o grande benefício recebido.

Ao entrar na capela de Nossa Senhora, exclamou: “Oh! como estou bem aqui! Gostaria de ficar aqui para sempre: parece-me que já não estou na terra!”

Ao fazer a visita ao Santíssimo Sacramento, por pouco não desfaleceu. Apavorado, exclamou: “que coisa horrível estar na presença do Deus vivo sem ser batizado!”

Afirma o Padre Roothan, geral da Companhia de Jesus, que “depois da sua conversão o senso da fé nele se manifestava de modo tão intenso que lhe fazia sentir, penetrar e reter tudo o que lhe era proposto, tanto que em pouco tempo o julgaram suficientemente instruído para receber o santo Batismo”.

Ratisbonne recebeu sem dúvida uma assistência toda especial de Deus e da Santíssima Virgem.

A 31 de Janeiro, 11 dias após a aparição, Afonso Ratisbonne abjura solenemente a maçonaria e recebe o batismo na igreja do Gesú das mãos do cardeal Patrizzi. O vasto e suntuoso templo estava repleto. Ali se encontrava o escol da sociedade romana e estrangeira. Acompanhado pelo Padre Villefort e por seu padrinho, o barão de Bussière, Afonso foi levado à porta da igreja. Vestido de uma longa túnica de damasco branco, trazia o Terço e a medalha de Nossa Senhora nas mãos.

– Que pedes à Igreja de Deus? pergunta-lhe o oficiante.
– A fé!

Ah! diz uma testemunha ocular dessa cena majestosa, já tinha a fé católica aquele a quem a estrela da manhã iluminara com os seus raios.

Afonso beija a terra e fica prostrado até ao fim dos exorcismos.

Levanta-se e, guiado pelo pontífice, encaminha-se para o altar entre as bênçãos de uma imensa multidão que respeitosamente se abre à sua passagem.

Perguntam-lhe qual é o seu nome.

– Maria! responde num arrebatamento de amor e de gratidão.
– Que desejas?
– O batismo.
– Crês em Jesus Cristo?
– Creio!
– Queres ser batizado?
– Quero!

Com um sorriso de celeste beatitude levantou sua cabeça ainda umedecida da água batismal. Acabava de transpor um abismo: era cristão.
Afonso, cheio de Deus, radicalmente transformado pela graça, deixa o mundo e entra na Companhia de Jesus. Nela viveu dez anos vida exemplar e só a deixou, desfeito em lágrimas, para fazer a vontade de Deus que o queria ao lado do seu irmão, o Padre Teodoro, para com ele trabalhar numa obra tão grata ao mesmo Deus e de tanta relevância, qual é a da conversão dos judeus.

O piedoso Padre Maria Afonso Ratisbonne nunca se esqueceu de sua Mãe amantíssima que o arrancou das trevas da incredulidade para os esplendores da verdadeira fé.

Inclinava-se profundamente sempre que ouvia no canto das ladainhas a invocação: “Refúgio dos pecadores, rogai por nós!”

Os que o ouviam falar da sua Mãe Celeste adivinhavam o que se passava no seu coração; seu olhar fulgurante parecia que ainda contemplava a mais bela e a mais pura das virgens.

A medalha milagrosa, que exercera papel preponderante em sua conversão, era o seu mais caro tesouro. Julgou um dia que a havia perdido; sua aflição foi extrema; parecia-lhe que fora abandonado pela Virgem misericordiosíssima. Suas lágrimas não cessaram de correr até que a encontrou.

Maria Santíssima foi a sua consolação em todas as penas e seu grande motivo de esperança em todas as provações. Dizia que Maria Santíssima não é outra coisa que uma mão de Deus, não a mão que castiga, mas a mão das misericórdias.

Dizem os historiadores que quando o Padre Ratisbonne pregava sobre Nossa Senhora, todos os ouvintes se comoviam, muitos pecadores se convertiam. Leiam por gentileza o próximo post deste blog e verão a conversão mais importante que o Padre Maria Afonso obteve por intercessão de Maria Santíssima.

Caríssimos leitores, possa esse episódio tão comovente, que acabais de ler, reavivar em vossos corações a chama da devoção a Santíssima Virgem Maria.

Se quisermos assegurar o único bem desejável que é a eterna salvação de nossa alma, vivamos, como bons filhos, no Coração maternal de Maria Santíssima.

Os que a ela recorrem não deixam de ser ouvidos; os que choram em seu regaço materno não deixam de ser consolados e os que nela depositam inteira confiança e evitam tudo o que possa magoar-lhe o coração, nada têm que temer nem na vida nem na morte.

A devoção sincera a Maria Santíssima é penhor seguro de salvação. Deus quis que por ela tivéssemos Jesus. E Jesus é a nossa salvação. Por isso o pedido que nos faz a Nossa Mãezinha do Céu é este: “Não ofendam mais o meu Filho!”

As coisas aqui narradas foram quase integralmente extraídas do livro: “O caminho que leva para Deus” do Pe. Arlindo Vieira, S. J.

Por Padre Élcio Murucci |