Pro_vida_pro_familia_Brasilia2014

Em um artigo enviado à Redação de ACI Digital. o Prof. Hermes Rodrigues Nery, especialista em Bioética (pela PUC-RJ), coordenador da Comissão Diocesana em Defesa da Vida e Movimento Legislação e Vida, da Diocese de Taubaté, e Diretor da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, ressalta a importância da votação do próximo 6 de maio, na qual será deliberada da meta 3.13 do PNE (Plano Nacional de Educação), que, sendo aprovada retiraria do Plano as polêmicas cláusulas que incluem a chamada “desconstrução da heteronormatividade”, e a utilização da ideologia de gênero como ferramenta política para minar a família.

A seguir, o artigo do Professor Nery na íntegra:

O COMBATE A IDEOLOGIA DE GÊNERO NO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

A votação do Plano Nacional de Educação deve ser concluída no próximo dia 6 de maio, na Câmara dos Deputados. Na sessão do dia 22 de abril, a maioria dos deputados da Comissão Especial de Educação (15 x 11) rechaçaram a ideologia de gênero, que o relator, Dep. Angelo Vanhoni (PT) queria ver incluída no inciso III, do art. 2 do PNE.

Votaram a favor da ideologia de gênero os seguintes deputados: Angelo Vanhoni, Fátima Bezerra, Margarida Salomão, Artur Bruno, Iara Bernardi, Pedro Uczai, Ivan Valente, Stepan Nercessian, Chico Lopes e Paulo Rubem Santiago.

Os deputados que votaram contra a ideologia de gênero foram Lelo Coimbra, Nelson Marchezan Junior, Alex Canziani, Dr. Ubiali, Eduardo Barbosa, Efraim Filho, Jair Bolsonaro, Pastor Eurico, Paulo Freire, professor Sétimo, Professora Dorinha Seabra rezende, Stefano Aguiar, Alfredo Kaefer, Antonio Bulh&ot ilde;es, Gastão Vieira, Marcos Rogério, Pedro Chaves, Ronaldo Fonseca e Leopoldo Meyer. Falta ainda a deliberação de um outro ponto no Plano Nacional de Educação, que precisa excluir a ideologia de gênero. Trata-se da meta 3.13 do PNE.

A batalha pró-família, das sessões dos dias 22 e 23 de abril havia sido vencida, em parte. Resta ainda a deliberação da meta 3.13, para que a ideologia de gênero fosse erradicada do Plano Nacional de Educação. Decisão esta que ficou marcada para a sessão da próxima terça-feira, dia 6 de maio.

Apesar da forte pressão do governo brasileiro (de modo especial o Ministério da Educação), com a militância da UNE nas sessões, foi possível barrar a ideologia de gênero com a aprovação da primeira emenda (incíso III, art. 2). Falta agora o destaque da meta 3.13. Os deputados estarão decidindo sobre o texto do Senado (que já havia feito a exclusão da ideologia de gênero no PNE) e o da Câmara (que retomou o projeto original do relator Vanhoni).

Mesmo depois de votada a meta 3.13, e conseguindo rejeitar a ideologia de gênero, o Plano Nacional de Educação ainda será apreciado no Plenário da Câmara, e o governo poderá ainda tentar incluir mesmo assim a ideologia de gênero no PNE. Há também, além do Plano Nacional de Educação, mais dois projetos de lei tramitando no Congresso, que visam incluir a ideologia de gênero na educação do País. Tratam-se dos projetos de lei 6010/2013 e 7627/2010.
Tais projetos, camuflados em combate à violência contra a mulher e à discriminação contra homossexuais, tem como objetivo viabilizar a chamada “desconstrução da heteronormatividade”, e a utilização da ideologia de gênero como ferramenta política para minar a família.

 Por isso, precisamos estar vigilantes e atuantes, para evitar tais aprovações e deter o projeto do governo brasileiro de corroer a instituição familiar, instrumentalizando os educadores para fins tão perversos.

Dom-José-Ruy-G.-Lopes

Nota Pastoral do Bispo da Diocese de Jequié (Bahia) sobre a Ideologia de Gênero

Enquanto nestes dias as redes sociais, com estardalhaço, publicavam as mais variadas opiniões sobre uma mal fadada pesquisa do IPEA a respeito do estupro, em Brasília, deputados se mobilizavam para votar um projeto de lei que regulamenta no Plano Nacional de Educação “respeito pela questão de gênero”.

Ao mesmo tempo, na Capital da República, outra novela se desvela alheia aos olhos de milhões de cidadãos brasileiros que são as investigações a respeito de corrupção na outrora maior empresa de petróleo do mundo (orgulho de ser patrimônio nacional).

Dentro deste contexto, a Igreja Católica nesta porção do Povo de Deus na Diocese de Jequié, vem se manifestar peremptoriamente contrária a esta ideologia do partido que governa a nação que deseja “impor” pela maioria de sua base aliada um projeto que quer eliminar a ideia de que os seres humanos se dividem em dois sexos, afirmando que as diferenças entre homem e mulher não correspondem a uma natureza fixa, mas são produtos da cultura de um país, de uma época. Algo convencional, não natural, atribuído pela sociedade, de modo que cada um pode inventar-se a si mesmo e o seu sexo.

A consequência desse nefasto projeto é a mais completa dissolução do grande valor da dignidade do ser humano e da família. Imaginemos tantas crianças e adolescentes em escolas públicas ou particulares “aprendendo” que tudo é apenas uma questão de escolha.Tudo isso baseado na análise marxista da história como luta de classes, dos opressores contra os oprimidos, sendo o primeiro antagonismo aquele que existe entre o homem e a mulher no casamento monogâmico. Uma ideologia que procura desconstruir a família e o matrimônio como algo natural.

A voz que clama dentro de nós, é a da nossa consciência, reta, sincera e verídica a gritar: o ser humano possui dignidade. Devemos nos atribuir o real valor que possuímos,mesmo que seja isso politicamente incorreto e contrariando o modismo imposto pela mídia e pelo governo. Recordando as palavras de Santo Anastácio: “se o mundo for contra a verdade, eu serei contra o mundo”.

Dom José Ruy G. Lopes, OFMCap
Bispo Diocesano de Jequié
pergunta

Todo ordenamento jurídico está fundamentado na discriminação. Discrimina-se, por exemplo, quem trabalhou honestamente, e recebeu uma determinada quantia como salário, como sendo um “possuidor legítimo”, cuja propriedade deve ser protegida pelo Estado, daquele que, aproveitando-se da superioridade física ou mesmo da distração do legítimo possuidor, subtrai furtivamente esta mesma quantia – e que é tido como criminoso. Alguém que estudou e submeteu-se a concurso público, ou candidatou-se e foi eleito, é um legítimo servidor público e pode legitimamente exercer poder sobre a comunidade, enquanto aquele que, valendo-se da força das armas e do lucro do tráfico de drogas, domina uma comunidade é considerado um bandido e chefe de quadrilha – e deve ser preso e isolado do convívio social.

Existem, é claro, discrímens justos e injustos. Os justos são aqueles que decorrem das escolhas das pessoas, do uso bom ou mau da sua liberdade, do seu esforço e das suas forças pessoais. Os injustos são aqueles que decorrem de características pessoais inatas, como a cor, o sexo, a altura, a proveniência étnica, dentre outros que não se relacionam, nem direta nem indiretamente, com nenhum âmbito de escolha pessoal.

Assim, pode-se dizer que o ordenamento jurídico de um país deve preocupar-se tanto em promover as discriminações justas e adequadas (como aquela que separa os assalariados dos ladrões, ou os pais dos torturadores de criança) quanto em combater as discriminações injustas e insustentáveis, como aquelas que transformam em cidadãos de segunda categoria os provenientes de determinado grupo étnico. Posto isto, é absolutamente adequado dizer que discriminar injustamente é tão pernicioso quanto eliminar uma discriminação justa.

É por isto que tomar por bandeira a “eliminação pura e simples das discriminações” é uma imbecilidade. Um Estado que não saiba promover as discriminações justas é tão maléfico quanto um que promova as injustas. Imaginemos um Estado que não consiga distinguir trabalhadores de ladrões, ou servidores públicos de chefes de quadrilha, ou mesmo esposos de estupradores. Um Estado cego às discriminações justas. Seria revoltante, tão ou mais do que um Estado que não reconhecesse a cidadania plena às mulheres, ou aqueloutro que reconhecesse o direito de escravizar ou eliminar membros de uma minoria étnica. Ambos são execráveis.

A virtude estatal, aqui, está no meio. Naquele meio, como lembra Aristóteles na Ética a Nicômaco, (Livro 2, capítulo 6, linha 1006b), que não é quantitativo, mas qualitativo, e que, portanto, exige a prudência para ser discernido. É por isso que, sob o aspecto da justiça, é tão imprudente o jovem que carrega cartazes de “abaixo a discriminação” (pura e simples) numa manifestação, e equipara implicitamente trabalhadores a bandidos, quanto o que pertence a grupelhos intolerantes de machistas ou “skinheads”, por exemplo. Os primeiros querem eliminar insensatamente as discriminações justas. Os outros promovem violentamente as discriminações injustas.

Isto posto, vale testar se a pretensão de inserir, no nosso ordenamento, a proibição pura e simples de vedar “qualquer discriminação em razão da orientação sexual”, através da inserção de norma neste sentido no Plano Nacional de Educação, se enquadra nesta noção de promover “discriminação justa” ou combater a “injusta”. Este ponto é particularmente grave, porque será inserida numa lei que diz respeito à raiz da reprodução e da construção da nossa própria sociedade futura: a educação dos nossos jovens.

Tomemos como paradigma, para testar a justiça desta norma, a doutrina científica de um pesquisador particularmente conhecido como um combatente antirreligioso, o inglês Richard Dawkins (autor, dentre outras obras, de um livro denominado “Deus, um Delírio”, e portanto insuspeito de religiosidade). Bom, toda a pesquisa científica deste professor está baseada no evolucionismo neodarwinista, que insiste que a explicação básica da existência humana está na transmissão da sua própria carga genética à geração seguinte, por meio da reprodução dos mais aptos. Ele expõe esta doutrina, com seus próprios fundamentos científicos, em livros como “ O gene Egoísta” e “O Relojoeiro Cego”, além de possuir um sítio na internet onde publica seus estudos sobre a irrelevância (e mesmo perniciosidade) das religiões e sobre o poder de explicação científico da sua visão a respeito da sobrevivência do mais apto e da transmissão do patrimônio genético à próxima geração como fins últimos, e portanto explicações fundamentais, da própria vida e comportamento humanos.

A convicção de Richard Dawkins quanto ao poder científico de sua tese é tamanha que ele publicou recentemente um artigo de outro cientista, o dr. William Kremer, chamado “O Quebra-Cabeças Evolucionário da Homossexualidade” (http://www.richarddawkins.net/news_articles/2014/2/18/the-evolutionary-puzzle-of-homosexuality#) no qual este último cientista relaciona qualquer eventual vantagem evolutiva do comportamento homossexual a três fatores: 1) à reprodução e cuidado de uma prole própria, mesmo sem ou contra as próprias inclinações afetivas, 2) Ao cuidado com a prole de um parente muito próximo, multiplicando a capacidade de que seu “pool de genes” passe, por meio da carga genética deste parente, à próxima geração ou 3) à hipótese de que os mesmos alelos que causem a homossexualidade masculina estejam num cromossomo que, quando presente nas mulheres da família, multiplicam sua fecundidade e seu cuidado com a prole, favorecendo a continuidade daquele “pool de genes” na próxima geração.

Está claro, portanto, que, por meios estritamente científicos, e mesmo antirreligiosos, professores seriíssimos chegam à conclusão de que há diferença de valor nas “orientações sexuais”, e que portanto se pode validamente discriminar, por critérios científicos, aquelas condutas que envolvem o cuidado responsável com uma prole própria, gerada mesmo contra eventuais inclinações sexuais pessoais, ou com uma prole de um parente muito próximo, como uma irmã, daquelas orientações sexuais que envolvam a infertilidade deliberada e a promiscuidade não potencialmente fértil, seja entre pessoas do mesmo sexo, seja entre pessoas de sexos diversos, ou a provocação sistemática do aborto em si ou nas parceiras, como condutas indesejáveis do ponto de vista do sucesso evolutivo e sob um prisma exclusivamente científico.

Se, no entanto, a norma educacional brasileira proibir qualquer discriminação quanto à orientação sexual no seu sistema educacional, parece que estará aberta a porta para que qualquer grupinho de minorias sexuais radicais possa validamente pedir a supressão do ensino dessas teorias neodarwinistas (que valoram as condutas sexuais tendentes à reprodução do pool de genes como superiores àquelas que impedem ou mesmo suprimem esta reprodução) como preconceituosas àquelas minorias cuja “orientação sexual” não envolva nem a responsabilidade com uma prole própria, nem com o cuidado da prole de parentes muito próximos. E estarão perfeitamente cobertas por esta norma cuja aprovação está sendo proposta com o aval imprudente de uma grande parte da própria comunidade científica. Esta mesma comunidade que será em seguida censurada por estas minorias a quem hoje imprudentemente se alia, e que imprudentemente desqualifica os adversários desta norma injusta como irracionalistas religiosos.

Bom, os religiosos às vezes podem ser mais racionais que os cientistas: enquanto a liberdade de falar mal, respeitosamente, da religião alheia parece bem razoável às pessoas religiosas (que admitem, portanto, a liceidade das especulações religiosas de Dawkins, embora discordem delas no mérito), alguns cientistas que apoiam a introdução da norma que veda a discriminação de condutas em razão da “ideologia do gênero” na educação estão, em seu ódio a Deus, cegos para o fato de que combater a liberdade religiosa neste particular é também combater a própria liberdade científica.

Por Paulo Vasconcelos Jacobina

familia1

A transmissão de conhecimentos, que realmente conduzem, para dentro e para fora das crianças, dos jovens e dos cidadãos, todas suas potencialidades e talentos, é uma educação válida. Pretende-se mesmo nos planos educacionais do Brasil educar o povo para construir uma nação? Há dúvidas a esse respeito em muitas cabeças lúcidas do país. A transmissão de idéias, de opiniões, de linhas de pensamento, que condicionam e manipulam a razão e os sentimentos humanos é, com certeza, uma ideologização. O país precisa de ideologias manipuladoras e impostas para ser um Brasil destacável no cenário internacional? Com certeza, não!!

Sabe-se que toda ideologia introduzida nos planos de educação para a infância e a juventude tem, sem sombra de dúvida, a pretensão de “conquistar inteligências”, a fim de utilizar as crianças e os jovens para objetivos de determinados grupos, com instruções duvidosas ou, inclusive, com objetivos bem declarados no nosso meio político cultural.

A ideologia do gênero é uma dessas pretensiosas tentativas de “arrebanhar” pessoas no período de formação intelectual e ética, onde são colocados os principais alicerces das verdades e dos valores fundamentais, para que sobre eles se edifiquem as restantes etapas de desenvolvimento humano e social.

A ideologia do gênero possui várias ferramentas para manipular a linguagem e para desinformar as pessoas, tanto as pessoas do corpo docente – professores – como as do corpo discente – alunos –; umas dessas ferramentas, e muito utilizada na cultura atual, é a palavra discriminação.

Basta colocar esse termo num cabeçalho de artigo ou no seu conteúdo, para que cabeças se inclinem e joelhos de dobrem “adorando” os argumentos apresentados em seguida a ele.

A discriminação de pessoas homoafetivas tem seu “altar de adoração”, que é a homofobia; a discriminação de pessoas de etnia afro tem o seu “altar”, que é o racismo; a discriminação da mulher, possui um altar rosado, que é feminismo de terceira geração. Quem não inclinar, reverentemente, a cabeça, e quem não fizer uma genuflexão solene, com os dois joelhos, diante desses altares, é porque não foram “devidamente educados” na vida. Só a “educação ideologizada” permitirá esses gestos de idolatria ao gênero.

No Brasil está sendo votado, numa comissão especial da Câmara dos Deputados em Brasília, o Plano Nacional de Educação (PL 8035/2010), cujo relator, deputado federal do PT do Paraná, repeliu, sem justificativa nenhuma, o texto enviado pelo Senado, em cujas páginas não aparecia a ideologia de gênero.

Esse deputado, certamente laico, mas em exercício do “seu sacerdócio sagrado” e rendendo tributo à “religião” ensinada pelos ideólogos da cultura do gênero, quer impor, na educação da infância e da juventude brasileira, o culto aos deus da “construção culturalmente livre” do sexo das crianças e dos jovens do nosso país.

Essa ideologização da educação acaba oferecendo aos futuros construtores da civilização brasileira e da cultura do povo mais acolhedor do mundo, a oportunidade de “monopolizarem” os três alicerces fundamentais da sociedade: a sexualidade humana, a família e os valores éticos.

Quem pretende monopolizar e manipular esses três fundamentos da nossa Nação? São os controladores da população, são os ativistas dos direitos arbitrários, são os que só falam a língua do “politicamente correto”, são os desconstrutores da linguagem, enfim, são os “novos sacerdotes” do Estado laicista.

A ideologia do gênero é tão perniciosa, que não atrai nem convence as pessoas bem educadas, e por isso mesmo, só pode ser implantada de forma totalitária.

Trata-se, em definitiva, da ditadura do relativismo, tão de moda numa sociedade e numa cultura, que se auto-intitulam democráticas.

Querem impor no Brasil um novo modelo  antropológico (?), que seria a origem de uma nova cosmologia e que transformaria totalmente as pautas éticas da sociedade.

Como acontece com todas as ideologias enganosas, a ideologia do gênero não surgiu no horizonte cultural por geração espontânea. Várias correntes de pensamento contribuíram com diversos elementos e entre eles destacam-se a revolução sexual, a filosofia da desconstrução da cultura judaica-cristã, os existencialistas ateus, o feminismo radicalizado e depreciativo e as políticas anti-vida. Por isso mesmo essa ideologia não deveria ter um espaço tão amplo num plano nacional de educação.

A educação não deve – não pode – ser entregue nas mãos desses “pseudo- mestres” de “verdade geradas” na penumbra das idéias e das opiniões tão alheias à dignidade da inteligência e da liberdade humana.

O Papa Francisco tem, exercido com suas atitudes e ensinamentos, no cenário mundial uma missão pedagógica inquestionável e seu estilo otimista, positivo e aberto, tem sido uma exortação para todas as Nações no sentido de que cada povo seja o criador da sua própria cultura e protagonista da sua história única.

Daí que a educação autêntica de um povo reclama uma imparcialidade ideológica. Educação, sim! Ideologias, não! É um sonho, mas um sonho também realizável no nosso país, se as famílias e as religiões presentes no Brasil defenderem seus filhos e crentes.

Dom Antonio Augusto Dias Duarte

Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro

IdeologiadeGeneroSueciaIPCO1

A origem da ideologia de gênero é marxista. Para Marx, o motor da história é a luta de classes. E a primeira luta ocorre no seio da família. Em seu livro A origem da família, da propriedade privada e do Estado (1884), Engels escreveu:

Em um velho manuscrito não publicado, escrito por Marx e por mim em 1846, encontro as palavras: ‘A primeira divisão de trabalho é aquela entre homem e mulher para a propagação dos filhos’. E hoje posso acrescentar: A primeira oposição de classe que aparece na história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre homem e mulher unidos em matrimônio monogâmico, e a primeira opressão de classe coincide com a do sexo feminino pelo sexo masculino[1].

Dentro da família, há uma segunda opressão – a dos filhos pelos pais – que Marx e Engels, no Manifesto Comunista (1848), pretendem abolir: “Censurai-nos por querer abolir a exploração das crianças por seus próprios pais? Confessamos esse crime”[2].

Fiel à sua raiz marxista, a ideologia de gênero pretende que, em educação, os pais não tenham nenhum controle sobre os filhos. Nas escolas, as crianças aprenderão que não há uma identidade masculina nem uma feminina, que homem e mulher não são complementares, que não há uma vocação própria para cada um dos sexos e, finalmente, que tudo é permitido em termos de prática sexual.

Note-se que a doutrina marxista não se contenta com melhorias para a classe proletária. Ela considera injusta a simples existência de classes. Após a revolução proletária não haverá mais o “proletário” nem o “burguês”. A felicidade virá em uma sociedade sem classes – o comunismo – onde tudo será de todos.

De modo análogo, a feminista radical Shulamith Firestone (1945-2012), em seu livro A dialética do sexo (1970), não se contenta em acabar com os privilégios dos homens em relação às mulheres, mas com a própria distinção entre os sexos. O fato de haver “homens” e “mulheres” é, por si só, inadmissível.

Como a meta da revolução socialista foi não somente a eliminação do privilégio da classe econômica, mas a eliminação da própria classe econômica, assim a meta da revolução feminista deve ser não apenas a eliminação do privilégio masculino, mas a eliminação da própria distinção de sexo; as diferenças genitais entre seres humanos não importariam mais culturalmente[3].

Se os sexos estão destinados a desaparecer, deverão desaparecer também todas as proibições sexuais, como a do incesto e a da pedofilia. Diz Firestone:

O tabu do incesto é necessário agora apenas para preservar a família; então, se nós acabarmos com a família, na verdade acabaremos com as repressões que moldam a sexualidade em formas específicas[4].

Os tabus do sexo entre adulto/criança e do sexo homossexual desapareceriam, assim como as amizades não sexuais […] Todos os relacionamentos estreitos incluiriam o físico[5].

Por motivos estratégicos, por enquanto os ideólogos de gênero não falam em defender o incesto e a pedofilia, que Firestone defende com tanta crueza. Concentram-se em exaltar o homossexualismo.

Ora, não é preciso uma inteligência extraordinária para perceber que os atos de homossexualismo são antinaturais. Nas diversas espécies, o sexo se caracteriza por três notas: a dualidade, a complementaridade e a fecundidade.

Dualidade: há animais assexuados, como a ameba, que não têm sexo. Os animais sexuados, porém, têm necessariamente dois sexos. Não há uma espécie em que esteja presente apenas o sexo masculino ou apenas o feminino. 

Complementaridade: os dois sexos são complementares entre si. E isso não se refere apenas aos órgãos de acasalamento e às células germinativas (gametas) de cada sexo. A fisiologia e a psicologia masculinas encontram na fisiologia e psicologia femininas seu complemento natural e vice-versa. 

Fecundidade: a união de dois indivíduos de sexo oposto é apta a produzir um novo indivíduo da mesma espécie.

Percebe-se que nada disso está presente na conjunção carnal entre dois homens ou entre duas mulheres. Falta a dualidade, a complementaridade e a fecundidade próprias do verdadeiro ato sexual. 

A ideologia de gênero pretende, porém, obrigar as crianças a aceitar com naturalidade aquilo que é antinatural. Tal ideologia distingue o sexo, que é um dado biológico, do gênero, que é uma mera construção social. Gêneros, segundo essa doutrina, são papéis atribuídos pela sociedade a cada sexo. Se as meninas brincam de boneca, não é porque tenham vocação natural à maternidade, mas por simples convenção social. Embora só as mulheres possam ficar grávidas e amamentar as crianças e embora o choro do recém-nascido estimule a produção do leite materno, a ideologia de gênero insiste em dizer que a função de cuidar de bebês foi arbitrariamente atribuída às mulheres. E mais: se as mulheres só se casam com homens e os homens só se casam com mulheres, isso não se deve a uma lei da natureza, mas a uma imposição da sociedade (a “heteronormatividade”). O papel (gênero) de mãe e esposa que a sociedade impôs à mulher pode ser “desconstruído” quando ela decide, por exemplo, fazer um aborto ou “casar-se” com outra mulher.

Em 2010, o Ministério da Saúde publicou a cartilha Diversidades sexuais[6] com o objetivo único de inculcar nos adolescentes e jovens a ideologia de gênero. A eles é ensinado que o homossexualismo é não uma desorientação, mas uma “orientação sexual”. E mais: que tal “orientação” é natural e espontânea, e não depende da escolha da pessoa!

“Hoje já se sabe que ser gay ou lésbica não é uma opção, porque não implica uma escolha. O (a) homossexual não opta por ser homossexual, assim como o (a) heterossexual não escolhe ser heterossexual, o mesmo acontecendo com os (as) bissexuais. É uma característica natural e espontânea[7].”

Essa afirmação, apresentada como certeza (“hoje já se sabe…”) é duramente atacada pelo psicólogo holandês Gerard Aardweg, especialista em comportamento homossexual:

O infantilismo do complexo homossexual tem geralmente sua origem na adolescência, e em grau menor na primeira infância. […]. Não é, porém, durante a primeira infância que o destino do homossexual é selado, como muitas vezes defendem os homossexuais emancipistas, entre outros. Essa teoria ajuda a justificar uma doutrinação das crianças na educação sexual tal como: ‘Alguns de vocês são assim e devem viver de acordo com sua natureza’[8].

Ora, não há uma “natureza homossexual”. Para eles, somente os preconceituosos se opõem às práticas homossexuais. Tal “preconceito”, que eles desejam que se torne um crime a ser punido[9], recebe o nome pejorativo de “homofobia”.

O Projeto de Lei 8035/2010, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2011-2020, trazia termos próprios da ideologia de gênero: “igualdade de gênero e de orientação sexual”, “preconceito e discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero”. O Senado Federal, porém, em dezembro de 2013, aprovou um substitutivo (PLC 103/2012) que eliminou toda essa linguagem ideológica e ainda acrescentou como diretriz do Plano a “formação para o trabalho e a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade (art. 2º, V). De volta à Câmara, o projeto agora enfrenta a fúria dos deputados do PT e seus aliados, que pretendem retirar os “valores éticos e morais” e reintroduzir o “gênero” no PNE, a fim de dar uma base legal à ideologia que o governo já vem ensinando nas escolas.

Nem todos compreendem a importância e a extensão do problema. A vitória da ideologia de gênero significaria a permissão de toda perversão sexual (incluindo o incesto e a pedofilia), a criminalização de qualquer oposição ao homossexualismo (crime de “homofobia”), a perda do controle dos pais sobre a educação dos filhos, a extinção da família e a transformação da sociedade em uma massa informe, apta a ser dominada por regimes totalitários.

É a própria família brasileira que está em jogo.

QUE PODEMOS FAZER?

1) LIGUE GRATUITAMENTE PARA O DISQUE CÂMARA 0800 619 619. Tecle “9”

Desejaria enviar uma mensagem para todos os deputados membros da Comissão Especial destinada a votar o Plano Nacional de Educação (Projeto de Lei 8035/2010):

Solicito a Vossa Excelência que mantenha longe do Plano Nacional de Educação as expressões “gênero”, “igualdade de gênero” e “orientação sexual”. Tal linguagem  não é inócua, mas é própria da ideologia de gênero, que tem por fim destruir a família e massificar o ser humano, nivelando as diferenças naturais entre o homem e a mulher. As crianças e os pais agradecem.

2) ASSINE A PETIÇÃO CONTRA A IDEOLOGIA DE GÊNERO 

 http://www.citizengo.org/pt-pt/5312-ideologia-genero-na-educacao-nao-obrigado 

Anápolis, 11 de março de 2014.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

Presidente do Pró-Vida de Anápolis

[1] Friedrich ENGELS. The origin of the family, private property and the State. New York: International Publishers, 1942, p. 58.

[2] Karl MARX; Friedrich ENGELS. Manifesto do Partido Comunista, São Paulo: Martin Claret, 2002, Parte II, p. 63.

[3] Shulamith FIRESTONE. The dialect of sex. New York: Bartam Books, 1972, p. 10-11.

[4] Shulamith FIRESTONE. The dialect of sex, p. 59.

[5] Shulamith FIRESTONE. The dialect of sex, p. 240.

[6] Cf. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Diversidades sexuais. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2010. Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diversidades_sexuais.pdf

[7] BRASIL. Ministério da Saúde. Diversidades sexuais, p. 54.

[8] Gerard AARDWEG. A batalha pela normalidade sexual e homossexualismo. Aparecida: Santuário, 2000, p. 29.

[9] O PLC 122/2006, que criminaliza a “homofobia”, foi apensado ao PLS 236/2012 (projeto de reforma do Código Penal) em 17/12/2013.

(Fonte: http://www.providaanapolis.org.br/)

ideologia 1

Recentemente, precisei falar sobre os acontecimentos históricos de 1968, uma época de embriaguez ideológica nefasta para a fé, quando muitos pensavam que a ideologia marxista, a “revolução comunista” e as várias correntes do socialismo fossem “a única esperança para os pobres”; quando não poucos “intelectuais” e teólogos católicos escreviam que é errado falar de “Doutrina Social da Igreja”, porque a única autêntica e científica “análise da sociedade” seria a do marxismo. Nos últimos anos do seu pontificado (1963-1977), frequentemente contestado e ridicularizado, Paulo VI já evitava usar o termo “Doutrina Social da Igreja”. O uso foi retomado com força por João Paulo II em sua primeira grande viagem internacional, à cidade de Puebla, no México (janeiro de 1979), para a terceira assembleia do episcopado latino-americano (CELAM). Hoje o termo é usado por todos. Depois de ver onde foram terminar os cerca de trinta países governados pelo comunismo ou pelo “socialismo real”, é difícil, hoje, entender como é que nasceu, naquela época, uma associação chamada “Cristãos pelo Socialismo”.

No atual mundo globalizado, quase todos os povos adotam o livre mercado, o capitalismo que, dizem alguns, os povos democráticos poderiam trocar por mais “justiça social”. Mas, na prática, parece que em todos os lugares onde “os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres”, inclusive em países como o Vietnã e a China, governados pelo Partido Comunista, pratica-se inevitavelmente, para se chegar ao enriquecimento, um “capitalismo selvagem” do qual o Ocidente desenvolvido já quase perdeu as lembranças. O mesmo acontece na Índia, onde governa um “socialismo democrático”.

Na Evangelii Gaudium, o papa Francisco aborda o tema de maneira pragmática, como é do seu estilo. No capítulo II (Alguns desafios do mundo atual), ele confirma a condenação da Igreja aos aspectos que alicerçam a economia no mundo de hoje. E ele diz “não” para:

– a economia da exclusão (53-54);

– a nova idolatria do dinheiro (55-56);

– o dinheiro que governa em vez de servir (57-58);

– a desigualdade que gera violência (59-60).

O papa Francesco reivindica, para os cristãos e para a Igreja, o direito de dar as suas opiniões sobre os problemas da sociedade, indo contra a “cultura do secularismo” que marginaliza a religião. Ele escreve (nº 183): “Ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião à intimidade pessoal, sem qualquer influência na vida social nacional, sem preocupação com a saúde das instituições da sociedade civil, sem se expressar sobre os acontecimentos que afetam os cidadãos. Uma fé autêntica, que nunca é cômoda nem individualista, implica sempre um profundo desejo de mudar o mundo, de transmitir valores, de legar algo melhor depois da nossa passagem pela terra”.

Francisco afirma ainda (186): “Todo cristão e toda a comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus para a libertação e para a promoção do progresso dos pobres”, colaborando (188) “para resolver as causas estruturais da pobreza e para promover o desenvolvimento integral dos pobres… bem como para criar uma nova mentalidade que pense em termos de comunidade, de prioridade da vida de todos em contraste com a apropriação dos bens por parte de alguns”. E cita Paulo VI (Octogesima adveniens, 189): “Os mais favorecidos devem renunciar a alguns dos seus direitos para colocar os seus bens com maior generosidade a serviço dos outros”.

A ação do cristão em favor dos pobres deve sempre se inspirar no Evangelho. E o papa Francisco relê as passagens do Novo Testamento que se relacionam com o grito dos pobres, com o amor especial de Deus pelos pobres, com o dever do seguidor de Cristo de ajudar os pobres e com a misericórdia de Deus para com aqueles que não são mesquinhos com as coisas que possuem e as compartilham com quem tem menos do que eles. Francisco fala seguidamente dos pobres, dos últimos, dos marginalizados, de ir até as periferias da humanidade, da opção preferencial pelos pobres, mas isto não deve ser entendido em sentido político-partidário, porque seria deturpar o que o papa diz e faz. Para ele, os pobres não são apenas os marginalizados da sociedade, mas também os doentes, os isolados, os presos e os que estão longe de Cristo e da Igreja. Na Evangelii Gaudium, ele condena a “nova idolatria do dinheiro” e escreve (58): “O papa ama a todos, ricos e pobres, mas tem a obrigação, em nome de Cristo, de lembrar que os ricos devem ajudar os pobres, respeitá-los e promover o seu progresso. Eu os exorto à solidariedade altruísta e a um retorno da economia e das finanças a uma ética em favor do homem”.

Quarenta anos depois, é interessante reler o que dizia Paulo VI sobre o socialismo e sobre a adesão dos cristãos a movimentos e partidos socialistas. Na carta apostólica “Octogesima adveniens” (14 de maio de 1971), acusada de “pouco corajosa” e de “pouco profética”, Paulo VI escreveu (26): “O cristão que quer viver a sua fé em uma ação política entendida como serviço não pode, sem se contradizer, aderir a sistemas ideológicos que se opõem radicalmente ou em pontos substanciais à sua fé… [Não pode aderir] à ideologia marxista, ao seu materialismo ateu, à sua dialética de violência, à sua maneira de absorver a liberdade individual na coletividade e negar qualquer transcendência ao homem e à sua história pessoal e coletiva”.

E prossegue (28): “O perigo seria o de aderir formalmente a uma ideologia que não se alicerça em uma doutrina verdadeira e orgânica, de se refugiar nela como em uma explicação definitiva e suficiente, construindo, assim, um novo ídolo, do qual se aceita, sem às vezes sequer notar, o caráter totalitário e coercitivo. Pensa-se em achar uma justificativa para a própria ação, mesmo violenta, um ajuste a um desejo até generoso de serviço. Este desejo permanece, mas se deixa absorver por uma ideologia que, embora proponha certos caminhos de libertação para o homem, acaba, no fim, por escravizá-lo”.

E complementa no número 31: “Há cristãos que se deixam atrair pelas correntes socialistas nas suas diversas evoluções. Eles tentam reconhecer nelas algumas das aspirações que trazem em si mesmos em nome da sua fé; sentem-se parte desse fluxo histórico e querem desempenhar nele um papel. Agora, de acordo com os continentes e culturas, esta corrente histórica assume formas diferentes sob o mesmo nome, inspirado por ideologias incompatíveis com a fé. Um discernimento cuidadoso é necessário. Muitas vezes, atraídos pelo socialismo, os cristãos tendem a idealizá-lo em termos muito genéricos: desejo de justiça, de solidariedade e de igualdade. Eles se recusam a reconhecer as limitações dos movimentos socialistas históricos, que permanecem condicionados pelas suas ideologias de origem”.

Este artigo foi publicado originalmente no blog Armagheddo, do pe. Piero Gheddo, missionário jornalista: http://www.gheddopiero.it/

Por Pe. Giuseppe Buono, PIME

papaFrancisco14032013a1

O Papa Francisco foi acusado recentemente, sobre tudo por alguns meios e indíviduos nos Estados Unidos, de ser “marxista”, logo após publicar sua exortação apostólica Evangelii Gaudium em 2013. Em sua última entrevista à imprensa o Santo Padre precisa que nunca compartilhou essa ideologia porque é falsa.

Em uma entrevista publicada hoje pelos jornais La Nación (Argentina) e Corrriere della Sera (Itália), o Santo Padre afirma que não o incomodou “para nada” que o tenham qualificado de marxista logo depois da publicação de sua exortação, na qual apresenta uma espécie de “plano geral” de Nova Evangelização.

“Nunca compartilhei a ideologia marxista, porque ela é falsa, mas conheci muitas pessoas boas que professavam o marxismo”, afirmou.

O Santo Padre explica logo por que lhe importa tanto chegar aos pobres e precisa que “o Evangelho condena o culto à riqueza. O pauperismo é uma das interpretações críticas. Na Idade Média, havia muitas correntes pauperistas. São Francisco teve a genialidade de colocar o tema da pobreza no caminho evangélico. Jesus diz que não se pode servir a dois amos, Deus e o dinheiro”.

“E quando formos julgados ao final dos tempos (Mateus, 25), nos perguntarão sobre nossa proximidade com a pobreza. A pobreza nos afasta da idolatria e abre as portas à Providência. Zaqueu entrega a metade de suas riquezas aos pobres. E a quem tem seus celeiros cheios de seu próprio egoísmo o Senhor, ao final, pedir-lhes-á contas. Acredito ter expressado bem meu pensamento sobre a pobreza no Evangelii Gaudium’”.

Sobre a globalização, o Santo Padre diz que é certo que “salvou da miséria muitas pessoas, mas condenou a muitas outras a morrer de fome, porque com este sistema econômico se torna seletivo”.

“A globalização sobre a qual a Igreja pensa não se parece com uma esfera em que cada ponto é equidistante do centro e na qual, portanto, perde-se a particularidade dos povos, e sim um poliedro, com suas diversas facetas, no que cada povo conserva sua própria cultura, língua, religião, identidade”.
 
O Papa disse ainda que “a atual globalização ‘esférica’ econômica, e sobre tudo financeira, produz um pensamento único, um pensamento débil. E em seu centro já não está a pessoa humana, só o dinheiro”.

Fonte: Zenit

homens-reverenciam-os-retratos-do-lider-fundador-kim-il-sung-esq-e-outro-de-seu-filho-kim-jong-il-em-pyongyang-1333992237185_956x500

Ser cristão na Coreia do Norte é arriscar a vida todos os dias. Mas isso não os impediu de comemorar o Natal como milhões de outras pessoas fizeram em todo o mundo. A diferença é que para isso precisaram se reunir em túneis subterrâneos, escondidos das autoridades.

Eles sabem que podem ser presos cada vez que fazem uma oração ou cantam um louvor em voz alta. “Os cristãos do resto do mundo não têm ideia de como são fervorosas as orações daqueles que vivem na Coreia do Norte”, disse Han Min, um norte-coreano que fugiu do regime ditatorial de Pyongyang.

Han hoje vive na Coreia do Sul e congrega na Igreja Durihana, em Seul, liderada pelo pastor Chun Ki-won. Desde 1999, esta comunidade tem o compromisso de ajudar aqueles que desejam sair da parte norte da península.

Segundo a igreja, eles já ajudaram cerca de 1.000 norte-coreanos a fugir. Geralmente pela fronteira com a China, menos protegida. Depois de atravessarem, iniciam sua viagem até a Coreia do Sul.

“Na Coreia do Norte, o culto é aos líderes políticos… Tudo está focado em Kim Il-sung, que tenta tomar o lugar de Deus na vida deles”, explica o pastor Chun. Ele lamenta ainda que o regime tem intensificado as restrições e matado muito mais cristãos do que fazia antes da troca de governo. Chun, que já foi preso e torturado em uma das viagens que fez para a Coreia do Norte para auxiliar a igreja perseguida, conta que antigamente eles atravessavam de 30 a 40 pessoas em um mês. Em dezembro, ele só consegui ajudar 3 a escaparem.

Em 3 de novembro, segundo o jornal sul-coreano JoongAng Ilbo, foram executados publicamente 80 norte-coreanos. Cerca de 10.000 pessoas foram até um estádio esportivo na cidade de Wonsan para assistir os condenados enfrentarem um pelotão de fuzilamento. A prática é uma maneira de a liderança ditatorial do país disseminar sua mensagem à população. Segundo a imprensa, os mortos “foram amarrados a estacas com sacos cobrindo suas cabeças. Seus corpos foram crivados por tiros de metralhadora enquanto eram acusados” de práticas consideradas traição ao regime, como assistir TV sul-coreana ou terem Bíblias em casa.

O irmão Simon, pseudônimo de um refugiado norte-coreano que não quer se identificar, afirma: “É claro, os cristãos da Coreia do Norte refletem sobre o nascimento de Jesus Cristo… Só que eles não podem simplesmente ir juntos a uma igreja para cantar ou ouvir um sermão. Ser cristão na Coreia do Norte é algo muito solitário”. Segundo ele, a maioria das vezes as celebrações são em pequenos grupos. Normalmente encontros de cristãos reúnem apenas duas pessoas.

Simon explica: “Por exemplo, um cristão vai e se senta em um banco no parque. Um outro cristão vem e senta-se ao lado dele. Às vezes é perigoso até mesmo falar uns com os outros, mas eles sabem que ambos são cristãos, e isso já é o suficiente. Se não houver ninguém por perto, podem compartilhar um versículo da Bíblia que eles sabem de cor e brevemente comentar algo sobre isso. Também contam seus motivos de oração um ao outro. Então eles se levantam e saem”.

O nascimento de Jesus também é comemorado desta maneira. Não há decoração nas casas nem cultos natalinos. “O Natal é principalmente comemorado no coração do cristão. Por medo de represálias é necessário manter a sua fé escondida dos vizinhos. Às vezes, é possível realizar uma reunião em áreas remotas com um grupo de 10 a 20 pessoas. Muito raramente é possível que um grupo vá discretamente para as montanhas e faça um culto em um local secreto”, explica Simon. 

Com informações Christian News Wire e Asia News.

Beato Martin Martinez Pascual, padre executado durante a Guerra Civil Espanhola aos 25 anos de idade. 

Ordenado em 15 de junho de 1935, ao eclodir a perseguição religiosa pelos comunistas, Martinez Pascual viveu escondido em casa de amigos e até em uma caverna. Ao saber que seu pai havia sido preso, apresentou-se voluntariamente aos algozes em agosto de 1936, com pouco mais de um ano de sacerdócio. Foi preso e, a caminho do cemitério em um caminhão, morto juntamente com 5 sacerdotes e 9 leigos. 

Enquanto todos foram mortos pelas costas, quando lhe perguntaram se gostaria de não olhar para os rifles durante a sua execução, respondeu que não. Tudo o que ele queria era abençoar aqueles que o matariam e rezar a Deus para que os perdoassem pela sua morte. Seu único crime era o de ser sacerdote do Altíssimo. Então, perguntaram-lhe se gostaria de dizer algo. Martín respondeu: “Quero somente dar-vos a minha benção para que Deus não leve em conta a loucura que cometereis”.

E então bradou: “Viva Cristo Rei!”

Instantes antes de ser morto, ele sorriu para o fotógrafo que tirou esta última foto. Em seus olhos, se pode ver a coragem e a alegria de um padre fiel.

Fonte: Fratres in Unum

beato

Marxismo Cultural.

O termo inglês “gender” apareceu há uns anos na literatura sobre as relações entre o homem e a mulher. Traduzido para o português como gênero, seria mais facilmente compreensível se se traduzisse como “sexo” masculino e “sexo” feminino, embora negue as diferenças biológicas.

O discurso sobre o gênero nega importância à diferença genital entre homem e mulher e recolhe a interpretação de Friedrich Engels do conceito de luta de classes.

Se tivéssemos que resumir a ideologia do gênero numa só frase, conviria recolher de novo a famosa frase de Simone de Beauvoir: “A mulher não nasce: faz-se.” [1].

Uma nova versão da luta de classes

Os textos dedicados ao gênero analisam os papeis e responsabilidades atribuídas ao homem e à mulher no contexto da nossa sociedade, como se fossem expectativas de certas características, aptidões e comportamentos prováveis de cada um deles (a feminidade e a masculinidade). Estes papeis e expectativas seriam distintos com o tempo e segundo as organizações econômicas e sociais.

A ideologia do gênero recolhe a interpretação de Friedrich Engels do conceito de luta de classes. No seu livro “A origem da família”, Engels relata a história da mulher: uma história que depende essencialmente da da técnica. A aparição da propriedade privada converte ao homem em proprietário da mulher. Na família patriarcal fundada sobre a propriedade privada, a mulher vê-se explorada e oprimida pelo homem. O proletariado e as mulheres convertem-se, assim, em duas classes oprimidas. A liberação da mulher passa, pois, pela destruição da família e a entrada de todas as mulheres no mundo do trabalho. Uma vez “liberada” do jugo marital e da carga da maternidade, a mulher poderá ocupar o seu lugar numa sociedade de produção. Simone de Beauvoir dá-nos uma visão disto:

“É fácil imaginar um mundo em que homens e mulheres sejam iguais, pois é exatamente o que prometeu a revolução Soviética Comunista : as mulheres, educadas e formadas exatamente como os homens, trabalhariam nas mesmas condições e com os mesmos salários; a liberdade erótica seria admitida pelos costumes, mas o ato sexual já não seria considerado como um “serviço” que se remunera; a mulher teria de assegurar outro modo de ganhar a vida; o casamento fundaria-se num livre compromisso ao qual os esposos poderiam pôr termo quando quisessem; a maternidade seria livre, isto é, autorizaria-se o controle da natalidade e o aborto, que por sua parte daria a todas as mães e aos seus filhos exatamente os mesmos direitos, estejam elas casadas ou não; as baixas por maternidade seriam pagas pela coletividade, que tomaria a seu cargo as crianças, o que não significa que elas seriam retiradas aos seus pais, mas que não seriam abandonadas”. [2]

Assim mesmo, inspirando-se no estruturalismo, a ideologia do gênero considera que cada cultura produz as suas próprias normas de conduta e modela um tipo de mulher distinto. Segundo as sociedades, certas tarefas serão tradicionalmente consideradas como “tarefas femininas” e outras como masculinas. Se se quer “liberar” a mulher da imagem de mãe de casa, educando aos seus filhos e ocupando-se do seu marido, há que dar-lhe os meios necessários: a contracepção e o aborto. Liberada das responsabilidades do lar e a família, a mulher poderá entregar-se ao seu papel de trabalhadora, em igualdade com o homem. É assim que afirmam que as diferenças de papel entre homem e mulher são de origem puramente histórico ou cultural: o produto de uma cultura em vias de extinção.

A mulher “desmaternizada”

No seu livro dedicado ao amor materno, Elisabeth Badinter defende que o instinto maternal é um mito. Quanto ao amor materno, em sua opinião, não se pode dar por certo [3]. Nalgumas das suas páginas, a maternidade apresenta-se como alienação e escravidão feminina. É tempo, pois, de “desmaternizar” a mulher, de abolir as diferenças de papel entre homem e mulher, para chegar a uma “cultura unisexo”. A diferença e a complementaridade substituem-se pela semelhança entre os sexos. Aparece a androgenia e promove-se a valorização de uma suposta bissexualidade original de todas as pessoas.

Nesta nova cultura, os papeis ou funções do homem e da mulher seriam perfeitamente intercambiáveis [4]. A partir de então, a família heterossexual e monogâmica, consequência natural do comportamento heterossexual do homem e a mulher, aparece como um caso de prática sexual como muitos outros que se situariam em plano de igualdade com este: a homossexualidade, o lesbianismo, a bissexualidade, o travestismo, as “famílias” recompostas, as “famílias” monoparentais masculinas o femininas, e só faltariam as uniões pedófilas ou até incestuosas.

Como todas as uniões devem pôr-se em pé de igualdade, a lei deveria dar a todas elas as mesmas prerrogativas jurídicas que se reconhecem à família tradicional.

A cultura anti-família do gênero

A família tradicional, heterossexual e monogâmica, reduz-se a um modelo entre tantas outras uniões de carácter puramente contratual.

A família tradicional compreende a instituição matrimonial: compromisso no tempo, deveres de fidelidade, convivência, ajuda e assistência livremente consentidos. Do matrimônio surge naturalmente a filiação. O estado de filiação não se inventa; instituiu-se socialmente como a origem ou proveniência de toda a pessoa, do qual não se pode dispor: nem o sujeito tem poder para decidir que deixa de ser filho ou filha dos seus pais, nem estes são donos do vínculo que, no entanto, procede de seu ato procriador. A instituição familiar tradicional é pois o lugar onde as pessoas se comprometem a construir juntos uma nova comunidade, estável e aberta à vida. A família é lugar de solidariedade, interdependência consentida e fidelidade.

A cultura anti-família do gênero chama “família” e equipara diferentes formas de união que se fundam em contratos acordados entre indivíduos. Os vínculos que alguém contrai com outro indivíduo seriam então rescindíveis em qualquer momento, se os termos deixam de lhe convir, no momento em que a suposta bissexualidade original evolua num ou noutro sentido. Quanto aos filhos, se os há, perderam essa família –precária desde a origem— quando as partes contratantes tiverem interesse em pôr fim a esse contrato

A. M. Libert, in Mujer Nueva / Le Feu

[1].”Le deuxième sexe II. L’expérience vécue”, NRF, Ed. Gallimard 1949, pág.13

[2]. Idem, pág.569

[3]. Simone de Beauvoir já tinha escrito: “(…) o amor materno não tem nada de natural” (idem, pág. 339). Ver “L’amour em plus. Histoire de l’amour maternel (XVIIe-Xxe siècle), Elisabeth Badinter, Ed. Flammarion, Paris, 1980.

[4]. Ver Safe Motherhood Initiatives: Critical issues, editado por Marge Berer e TK Sundari Ravindran, colecção Reproductive Health Matters, Blackwell Science Ltd., Oxford 1999.

 

25310

A OMS (Organização Mundial de Saúde), juntamente com o governo alemão, elaborou uma cartilha de educação sexual infantil que já se encontra espalhada pela Europa. “Coisa leve”: com indicações para crianças… RECÉM-NASCIDAS!!! em diante, até os quinze anos.

Para os que acham que exagero, vejam a página 53 da Standarts for Sexuality Education in Europe e leiam algumas das informações a serem transmitidas para a faixa etária de zero a quatro anos:

“el goce y el placer cuando tocamos nuestro propio cuerpo: la masturbación de la primera infancia; el descubrimiento del propio cuerpo y de los genitales; el hecho de que el placer físico es una experiencia propia (cercana) y normal de vida; la ternura y la cercanía física (contacto) como una expresión del amor y el afecto.”

Captura de tela de 2013-10-01 12-06-01

Não é de admirar que somente agora, três anos após a elaboração e chancela da União Européia, o povo do Velho Continente esteja percebendo o que está acontecendo, afinal as ideologias revolucionárias, que possuem o domínio do linguajar politicamente correto e estabeleceram o monopólio da virtude, há décadas transformaram a Europa em seu parque de diversões. Assim, não por acaso, os europeus, e talvez somente alguns poucos deles, deram-se conta, um pouco tarde demais, sobre o fato de as organizações internacionais (OMS, ONU, UNESCO…) quererem, literalmente, ‘ferrar’ com as crianças.

Atualmente, uma das iniciativas adotadas pelas famílias europeias que não aceitam as “sugestões” da OMS em prol do “desenvolvimento sexual” de suas crianças é uma petição virtual que solicita o recolhimento de tal material e a não intervenção governamental nestes assuntos.

Não se enganem: o lixo europeu em breve chegará por aqui (a cartilha recomenda sua disseminação mundial). E não serão poucos os que aceitarão tais discursos e práticas, dando vazão, sob a asquerosa aparência de benefício à saúde, de abordagem “positiva e holística” da questão, às mais sombrias e devastadoras violências contra as crianças.

Cliquem aqui, vejam e assinem a petição. Na mesma página vocês encontrarão um link, ao final, para download da cartilha, aos que tiverem estômago forte.

Camila Hochmüller Abadie é mãe, esposa e mestre em filosofia. Edita o blog Encontrando Alegria.

!1acommmyuKarl Marx era marxista

Alguns marxistas declarados ou simpatizantes sentem-se ofendidos quando as atrocidades históricas cometidas em nome dessa ideologia lhe são apresentadas. A violência gratuita, o imenso rio de sangue, a perseguição religiosa, principalmente contra o cristianismo, o ataque à família tradicional são apenas alguns dos frutos podres do marxismo. Quando falamos na perversidade inerente às teorias de Marx, os seus defensores alegam que essas ações nada tiveram a ver com o ideólogo alemão, que foram meros desvios. Usa-se frequentemente o clichê “Marx não era marxista”.

Nada mais enganoso. O fato dele pessoalmente não estar envolvido com essas ações perversas não significa que não as tenha inspirado. Se a pena é mais poderosa do que a espada, então quem inspira as ações é mais culpado do que quem as executa. E não há dúvida de que foi Karl Marx.

Basta lermos o Manifesto do Partido Comunista, celebrado panfleto de todo marxista convicto. Não é preciso nem ler as demais obras de Marx, Engels, Lenin e toda uma miríade de teóricos, crias do Manifesto, que contribuíram com a construção desse nebuloso edifício. O livreto já contém em germe as características da planta carnívora. Nele está a essência do pensamento que estimulou e justificou o assassinato, a tiranização e o sofrimento de milhares de seres humanos. Negar que as ações perversas desses estados totalitários surgidos sob a bandeira do comunismo sejam fruto direto das ideias Marx é querer jogar os escombros das torres gêmeas WTC para baixo do tapete.

Vejamos alguns trechos do Manifesto, publicado pela primeira vez em 21 de fevereiro de 1848, com grifos meus:

Esboçando em linhas gerais as fases do desenvolvimento proletário, descrevemos a história da guerra civil, mais ou menos oculta, que lavra na sociedade atual, até a hora em que essa guerra explode numa revolução aberta e o proletariado estabelece sua dominação pela derrubada violenta da burguesia. [1]

Abolição da família! Mesmo os mais radicais se enchem de indignação ao ouvirem proposta tão infame dos comunistas. [2]

Mas o comunismo quer abolir [as chamadas] verdades eternas, quer abolir a religião e a, moral, em lugar de lhes. dar uma nova forma… (Não resisti. Tive de grifar tudo). [3]

O proletariado utilizará sua supremacia política para arrancar pouco a pouco todo capital à burguesia, para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado… [4]

Todavia, nos países mais adiantados, as seguintes medidas poderão geralmente ser postas:Expropriação da propriedade latifundiária e emprego da renda da terra em proveito do Estado; Imposto fortemente progressivo; Abolição do direito de herança;Confiscação da propriedade de todos os emigrados e dos contrarrevolucionários.(Isto é, quem não concordasse com as ideias de Marx); Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital do Estado e com o monopólio exclusivo;Centralizarão, nas mãos do Estado, de todos os meios de comunicação e transporte. Adequação do sistema educativo ao processo de produção material(isto é, doutrinação comunista e anti-tudo o que não for marxista), etc. [5]

Resumindo, Marx e Engels idealizaram uma tomada violenta do poder, com a implantação de um governo onde o Estado se apoderaria à força da economia, dos meios de comunicação, da educação, destruindo “as verdades eternas, a religião e a moral”. E ai dos contrarrevolucionários (chamados de rebeldes em algumas traduções)! Esse foi o plano exposto no Manifesto.

Como pode alguém alegar a inocência de Marx diante das atrocidades comunistas? Já não estava tudo descrito no seu texto? Não foi exatamente assim que aconteceu, acontece ainda e vai acontecendo gradativamente no socialismo moderno? Se a pena de Karl Marx foi manchada de sangue, foi manchada pelas espadas que ele mesmo incitou.

Querem mais do Manifesto? Nele já estava expressa a inflexibilidade de Karl Marx, que expôs seu pensamento não como quem expõe meras reflexões, mas como alguém que proclama um evangelho infalível. Nada e nem ninguém era digno de criticar seu comunismo.

As acusações feitas ao comunismo, a partir de pontos de vista religiosos, filosóficos ou ideológicos não merecem exame aprofundado. [6]

Não! O mundo inteiro é tolo diante do monstro de Trevéris! Suas afirmações não são teorias, são uma religião em nome da qual todo opositor deve ser calado! E de fato foram. Dezenas de milhões calados para sempre!

Ele disse que o comunismo iria abolir a religião e concebeu o Estado como o mais poderoso Leviatã, mas ainda assim alguns nos querem fazer crer que tudo o que foi feito pelo comunismo na história não foi responsabilidade de Marx. Ou isso é ingenuidade ou é pura falsificação.

Pelos seus frutos os conhecereis! Longe de ser um desvio, o marxismo histórico é o fruto simples, puro e direto do marxismo teórico. A semente produziu o seu devido fruto, o monstro gerou o monstro, o que foi produzido foi justamente o que foi concebido.

Não se pode negar o óbvio. Karl Marx era sim um marxista.

1. MARX, K. eENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Global Editora, 1986, p. 28.

2. IDEM p. 32

3. IDEM p. 35

4. IDEM p. 35

5. MARX, K. eENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996, p. 45

6. MARX, K. eENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Global Editora, 1986, p. 34.

Autor: Eguinaldo Hélio de Souza

imagesDoutrinação e demonização

O marxismo e suas variações constituem as principais ferramentas conceituais que os alunos brasileiros aprendem nas escolas de todo o país. O domínio cultural é tão expressivo que mesmo os professores não identificados com essa corrente ideológica –e até aqueles que lhe são contrários– acabam, sem perceber, utilizando interpretações tributárias dela.

Quando o ferramental marxista não dá conta de uma questão, quando dados questionam ou refutam a tese geral, a questão e os dados simplesmente desaparecem. E é por isso que muitos autores são desconhecidos no Brasil.

Nada pode romper a harmoniosa narrativa maniqueísta. Assim, a velha luta do bem contra o mal ganha novas roupagens: o país explorador e o explorado, o patrão e o trabalhador, o rico e o pobre, o agronegócio e a agricultura familiar.

Nessa narrativa, o produtor rural é apresentado fundamentalmente como um latifundiário que explora os trabalhadores –em alguns casos em regime de escravidão– e que produz alimentos para exportação deixando o povo passar fome.

O pequeno agricultor, chamado de campesino quando visto com bons olhos, é apenas uma vítima em potencial, dizem, pois logo venderá sua propriedade para o cultivo da monocultura.
Com a causa ambiental absorvida pelo marxismo cultural, o inimigo do presente também inviabiliza o futuro. O agricultor é a versão rural da elite urbana.

Essa imagem não aparece de modo claro, direto, mas emerge do emaranhado de afirmações, insinuações e lacunas que devem ser preenchidas pelos alunos.

Se o estudante procurar “MST” no Brasil Escola, um dos mais famosos sites de conteúdo educacional, ele encontrará o seguinte trecho em um artigo: “E o que dizer da bancada ruralista no Congresso, lutando com unhas e dentes para defender seus afilhados? Por acaso este não é um comportamento antiético e imoral, vindo de que vem?”.

O site Brasil Escola figura entre os 300 mais acessados no Brasil, de acordo com a Alexa (serviço de medição de acessos).

A absurda frase do Brasil Escola não é exceção. Na coleção de livros didáticos “Nova História Crítica”, a mais vendida do país –só o MEC comprou mais de 10 milhões de livros–, o autor Mario Schmidt escreveu o seguinte: “Desde a colonização, quase todas as terras estão nas mãos de uma minoria de latifundiários, latifúndio-monocultor e escravista… Os latifundiários reagem com brutalidade às invasões. Contratam capangas que em várias ocasiões já perderam o controle e mandaram bala nos sem-terra”.

O geógrafo e professor José William Vesentini escreveu que “a produtividade agrícola só aumenta nas culturas de exportação, ocasionando fome”. Tal frase contraria fatos e dados elementares, mas é a síntese do autor de “Brasil Sociedade e Espaço”, o renomado livro didático de geografia.

Vesentini argumenta que a modernização da agricultura só ocorre em setores exportadores, o que, a seu ver, diminui a produção dos principais itens que compõem a alimentação dos brasileiros como feijão, arroz, milho, batata e mandioca. O autor entende que disso surgiria o seguinte paradoxo: o Brasil vive abundância produtiva e fome quase generalizada. Consequência, segundo o autor, da concentração fundiária.

Infelizmente Vesentini e Schmidt retratam, com precisão, um conjunto de ideias dominante que aparece, inclusive, no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que avalia e direciona os alunas.

Em uma questão do Enem, por exemplo, o estudante deveria interpretar a “fala” de um “ruralista” imaginado pelo proponente: “A minha propriedade foi conseguida com muito sacrifício pelos meus antepassados. Não admito invasão. Essa gente não sabe de nada. Estão sendo manipulados pelos comunistas. Minha resposta será à bala”. Mais claro impossível.

Eis a mentalidade que está sendo gestada no país, inculcando preconceito e ignorância nos nossos jovens. E tudo com dinheiro público, dos contribuintes. É essa a educação que queremos?

Autor: Kátia Abreu, colunista da Folha de São Paulo