ANSA823895_ArticoloNo final de uma longa viagem pela América Latina, em que se ouviram algumas de suas críticas anticapitalistas mais duras até o momento, o Papa Francisco reconheceu que as suas opiniões causam polêmicas nos Estados Unidos e prometeu refletir sobre essas reações com vistas à sua viagem a este país em setembro.

Ouvi que algumas críticas foram feitas nos Estados Unidos. Devo começar a estudar estas críticas, não?”, acrescentou. “Em seguida devemos dialogar sobre elas”.

Curiosamente para um pontífice que fez da justiça econômica um tema central em seu pontificado, Francisco declarou ser “alérgico” a questões financeiras. Sobre o assunto contabilidade, ele disse: “Eu não entendo muito bem”.

O pontífice reconheceu que os seus comentários sobre a economia tendem a se concentrar sobre os pobres e não na classe média, insistindo que os pobres estão no centro da mensagem cristã. No entanto, achou “um erro” esta disparidade e disse, reconsiderando, que é “uma coisa que eu preciso fazer”.

Francisco deixou de lado os elogios recebidos pelo papel desempenhado por ele na retomada das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Cuba em dezembro passado, dizendo que o crédito principal vai para os dois países. Ele também deu graças ao Senhor, dizendo que uma intervenção divina desempenhou um papel importante na resolução.

Falando sobre um assunto bem diverso deste, o papa negou ter mascado folhas de coca durante a sua viagem à América Latina, e confessou que toda vez que um jovem lhe pedia para tirar uma selfie, ele se sentia “como um bisavô”.

Estes comentários do papa foram feitos durante uma coletiva de 65 minutos com os jornalistas no domingo a bordo do avião papal a caminho do aeroporto de Asunción, no Paraguai, de volta a Roma.

Francisco também falou da atual situação política na Grécia, do crucifixo confeccionado ao estilo comunista dado a ele pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, e de uma disputa de fronteira entre a Bolívia e o Chile.

Durante a coletiva, Francisco foi perguntado sobre a percepção de alguns críticos nos Estados Unidos de que estes seus repetidos ataques contra um sistema “que impôs a lógica do lucro a todo o custo” constituem uma crítica direta do sistema e do modo de vida americanos.

O papa disse que este ponto de vista, sobre o qual falou na Bolívia, não é novidade; ele o expressou em sua exortação apostólica Evangelii Gaudium, em 2013, e em sua recente encíclica sobre o meio ambiente, Laudato Si’.

O pontífice disse saber que suas opiniões têm recebido críticas nos Estados Unidos, mas acrescentou que não podia responder a elas porque não havia tido tempo para lê-las.

“Toda crítica deve ser recebida e estudada, para, depois, se travar o diálogo”, disse ele.

Ele também disse que não havia começado a se preparar para as visitas a Cuba e aos Estados Unidos ainda, preparação que começará a ser feita agora que a sua primeira viagem à América Latina de língua espanhola acabou.

Sobre o caso envolvendo a restauração das relações diplomáticas entre EUA e Cuba, Francisco apresentou um cronograma de como a sua intervenção se deu em 2014.

“Tudo começou em janeiro do ano passado, e passei três meses simplesmente rezando sobre isso”, disse ele. “O que se pode fazer com esses dois [países], depois de mais de 50 anos que estão assim?”

Francisco disse que se perguntou o que fazer depois que foi abordado pelos dois lados, e então enviou um cardeal para fazer a intermediação.

“O Senhor me fez pensar em um cardeal. Ele foi lá, falou, e depois eu não soube de mais nada”, disse ele.

O papa disse que se passaram meses sem que ele ouvisse sobre qualquer avanço, até que um dia o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal italiano Pietro Parolin, disse-lhe que, no dia seguinte, haveria uma segunda reunião entre representantes dos dois países, os quais estavam intermediando retomada das relações diplomáticas.

“Eu lhe perguntei: ‘Mas como?’”, disse Francisco. “E ele me disse: ‘Sim, os dois grupos estão se conversando”.

Depois disso, o pontífice insistiu que o que aconteceu entre os Estados Unidos e Cuba não foi o resultado da mediação do Vaticano, e sim o resultado da boa vontade dos dois países.

“O mérito é deles, são eles que fizeram isso”, disse ele. “Nós não fizemos quase nada, apenas pequenas coisas”.

Em outro momento, Francisco falou que “foi o Senhor” quem “mediou” a reaproximação entre Cuba e os EUA, e que espera que ambas as nações ganhem alguma coisa e que abram mão de algo durante as negociações.

Em dezembro passado, quando o presidente Barak Obama e o líder cubano Raul Castro anunciaram a intenção de retomar as relações diplomáticas depois de mais de cinco décadas, os dois líderes agradeceram o Papa Francisco pela sua ajuda.

Francisco também foi perguntado se usará a sua parada em Cuba para pressionar Havana no sentido de o país caribenho melhorar o seu histórico em matéria de direitos humanos e liberdade religiosa. Francisco disse que, muito embora todos devam ter estes dois direitos garantidos, o país insular não é o único onde nem são sempre eles são respeitados.

“Temos que ter em mente que existem muitos países, incluindo alguns na Europa [como a França], onde não se pode ostentar símbolos religiosos”, disse ele.

Perguntaram a Francisco sobre a situação na Grécia antes ainda que tivesse sido anunciada a notícia de que Atenas havia alcançado um novo acordo de resgate com os membros da zona do euro, no final de uma maratona de negociações que durou todo o dia de domingo.

O pontífice admitiu ser “alérgico” a assuntos de economia desde que era criança. Disse que o seu pai, contador, trazia consigo os livros da fábrica onde trabalhava para casa nos finais de semana, e o futuro papa achava-os misteriosos.

“Eu não entendo muito bem [desse assunto]”, disse ele.

No entanto, Francisco arriscou-se a dizer que acredita que seria simples demais falar que a culpa é apenas de um lado, considerando que os governos gregos anteriores também falharam.

“Espero que se encontre uma maneira de resolver o problema grego e também uma forma de supervisionar a situação para que isso não aconteça a outros países”, afirmou.

Um órgão de supervisão, segundo Francisco, poderia ajudar melhorar a situação, porque “esse caminho do empréstimo e das dívidas, no fim, não termina nunca”.

Ao falar do crucifixo de inspiração marxista que recebeu do presidente da Bolívia, Evo Morales, o pontífice disse que ficou curioso com o objeto, já que não sabia que era uma réplica do trabalho feito pelo jesuíta Luis Espinal, sacerdote assassinado em 1980 pelo exército boliviano – a quem Francisco prestou homenagem em seu primeiro dia no país.

Francisco disse que ficou surpreso com a cruz, que chamou de “arte de protesto”, mas que não se ofendeu pelo presente porque ele o vê como parte do legado de Espinal, que seguia uma versão da Teologia da Libertação alinhada com o marxismo anos antes que o Vaticano advertisse contra tal teologia.

O pontífice também disse que está preocupado com o processo de paz na Colômbia, e que espera que as negociações prossigam, confirmando que o Vaticano está disposto a ajudar.

Questionado sobre uma possível intervenção por parte do Vaticano na longa disputa entre a Bolívia e o Chile sobre o acesso ao mar, uma disputa de fronteira, o pontífice respondeu que, como chefe de Estado, não podia dizer nada a respeito do assunto, pois poderia ser interpretado como se estivesse tentando interferir na soberania de outro país.

Francisco também foi questionado sobre por que, durante esta viagem, ele havia dado tantas mensagens fortes dirigidas aos pobres, e também mensagens fortes – e às vezes severas – aos ricos e poderosos, mas ao mesmo tempo teve muito pouco a dizer à classe média, “pessoas que trabalham, pagam seus impostos, as pessoas normais”.

Ele começou a sua resposta reconhecendo que era verdade, dizendo que esta foi “uma boa correção” dada pelo jornalista.

“É um erro meu não pensar sobre isso”, disse ele.

O papa disse que a sociedade está polarizada, com a classe média ficando cada vez menor, com o fosso entre os ricos e os pobres crescendo cada vez mais.

“Falo dos pobres porque eles estão no coração do Evangelho”, disse ele. “Eu sempre falo a partir do Evangelho”.

Mas as pessoas comuns, as pessoas simples, o trabalhador, esse é um grande valor, disse Francisco.

“Acho que você me diz uma coisa que eu preciso fazer. Preciso aprofundar mais o magistério sobre isso” disse ele, referindo-se à doutrina oficial da Igreja.

Em um momento mais descontraído, o papa, de 78 anos, foi questionado sobre a sua resistência física durante esta longa semana de viagem.

“Você quer saber a minha saúde?”, brincou ele, dizendo que o mate argentino, que tem altos níveis de mateína, semelhante à cafeína, o ajuda.

“O mate me ajuda, mas não provei a coca. Que isso fique claro, hein!”

Questionado sobre os jovens que se aproximam dele pedindo para tirar uma selfie, Francisco disse que se sente como um bisavô cada vez que isso acontece, considerando o fato “uma outra cultura”.

Francisco confidenciou que, quando saía de um dos eventos durante a viagem pela América Latina, um policial na casa dos 40 anos se aproximou dele pedindo para tirar uma selfie. Ele não pôde evitar a situação e brincou, disse ele, falando que “você não é um adolescente!”.

“É uma outra cultura (…). Eu a respeito”, disse o papa.

A reportagem é de Inés San Martín, publicada pelo sítio Crux,

 

 

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O Papa Francisco lamentou a instrumentalização de algumas das suas palavras pronunciadas em sua recente passagem pela América do Sul e durante o voo de regresso à Roma pediu respeito ao contexto e à hermenêutica dos seus discursos e que suas palavras não sejam “instrumentalizadas” pela mídia.

Desta forma, o Santo Padre esclareceu as diversas mal interpretações e as análises que várias pessoas e meios fizeram de acordo aos seus próprios interesses no mundo todo.

No avião de regresso de Asunción (Paraguai), o Pontífice declarou aos jornalistas: “É muito importante no trabalho de vocês a hermenêutica de um texto. Um texto não pode ser interpretado com uma frase. A hermenêutica tem que ser em todo o contexto.”

“Existem frases que são a chave da hermenêutica. Outras que são ditas por alto. É necessário analisar todo o contexto da situação, inclusive ver a história narrada neste momento. Ou, se estamos falando de um determinado momento, devemos interpretar um fato passado com a hermenêutica desse tempo”, indicou o Papa.

O Pontífice advertiu ainda: “Cada palavra, cada frase de um discurso pode ser instrumentalizada”, como por exemplo, no caso equatoriano, quando alguns diziam que eu era a favor do governo, outros contra o governo” “Por isso prefiro falar da hermenêutica total”, disse o Papa, porque seus discursos “são sempre instrumentalizados” e lamentou que “algumas vezes existam notícias nas quais pegam uma frase fora de contexto”, mas assegurou que “não tem medo” desta atitude da mídia.

“Simplesmente digo: olhem o contexto e se me equivoco, com um pouco de vergonha, pedirei perdão e seguirei em frente”, assegurou.

Ao chegar ao Equador, no dia 5 de abril, o Pontífice destacou que “o povo equatoriano se colocou de pé, com dignidade” o que levou a que, em meio aos problemas políticos, greves e manifestações neste país, sua mensagem fosse interpretada de forma conveniente por ambos lados do conflito.

Durante a coletiva de imprensa, no voo que o levou do Paraguai à Roma, o Santo Padre assinalou que “evidentemente, sei que havia problemas políticos e greves. Eu sabia”, embora “não conhecesse as intrigas na política do Equador. Seria néscio se desse uma opinião a respeito do tema”.

O Papa Francisco destacou que “me disseram que houve um parêntese (nos protestos) durante minha visita, e eu agradeço. É um gesto de um povo que está de pé respeitar a visita do Papa. Agradeço e valorizo isto”.

“Evidentemente agora continuam os problemas e as discussões políticas”, indicou.

O Santo Padre explicou também que quando se referiu a que “o povo equatoriano se colocou de pé, com dignidade”, em seu discurso ao chegar ao Equador, referiu-se “a uma maior consciência que o povo equatoriano foi tomando da sua dignidade”.

“O Equador, – indicou o Papa – passou por uma guerra de fronteiras com o Peru há alguns anos, depois da qual existe uma maior consciência da maior riqueza étnica”.

“Equador não é um país de descarte, ou seja, me refiro a todo o povo e a toda a dignidade desse povo, que depois da guerra de fronteiras, se colocou de pé e tomou cada vez mais consciência da sua dignidade”, disse.

O Papa Francisco lamentou que “essa frase tenha sido instrumentalizada para explicar ambas as situações: que o governo colocou de pé o Equador, ou que teriam colocado de pé os opositores do governo”, concluiu.

Fonte: ACI

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Talvez, escreve McGurn, nenhum pontífice tenha conseguido essa façanha antes. Por longos anos, destaca o jornalista, o New York Times travou uma guerra contra diversos papas sobre questões morais, como o casamento ou o valor da vida não nascida. Mas, quando se trata de mudanças climáticas, o próprio jornal nova-iorquino – que gosta de se considerar um jornal que se atém escrupulosamente aos fatos – é claro ao reconhecer como autorizada uma encíclica do papa.

Na verdade, afirma McGurn, o jornal, ao tecer o elogio, acrescenta o advérbio “inesperadamente”, como se quisesse mitigar o louvor.

Mas tamanha é a alegria de pensar que se tem um imprimatur papal sobre a noção de mudanças climáticas causadas pelo homem, a ponto de levar o planeta à catástrofe, que aqueles que chegaram a aplaudir também estão dispostos a não dar a devida atenção às críticas do papa contra um “ambientalismo” que protege as espécies em risco de extinção, mas não os filhos não nascidos.

A encíclica – escreve Lluís Bassets, no El País do dia 21 de junho passado, em um longo aprofundamento intitulado El papa como contrapoder – obteve efeitos políticos imediatos, e as suas repercussões foram muito além do universo católico, o que demonstra um prestigiado e uma autoridade crescentes. Há capítulos mais interessantes para os cristãos e outros que afetam mais aqueles que não se reconhecem em nenhuma fé, continua Bassets, salientando, porém, que a religiosidade do Papa Francisco está nos antípodas em relação às técnicas de autoajuda ou de equilíbrio interior tão em voga na nossa época, seja no mundo cristão, seja no islâmico.

A proteção da casa comum não tem futuro se os homens continuarem sendo tratados como mercadoria e se a brecha entre Norte e Sul do mundo não for reduzida, afirma-se no Le Monde do dia 23 de junho. “Essa mensagem poderia ser o primeiro ato de um apelo a uma nova civilização”, continua o colunista citando Edgar Morin no jornal La Croix. E essa encíclica terá o efeito de “ancorar o papado no século XXI”.

A reportagem é do jornal L’Osservatore Romano, 25-06-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

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Faz alguns meses que circula pela internet uma campanha chamada#Precisamos Falar Sobre Aborto. Artistas e personalidades da mídia literalmente vestem a camiseta com esta mensagem. A campanha fala muito sobre a gravidez indesejada, a responsabilidade(?) de gerar um filho, afirma que aborto é questão de saúde pública, que o corpo é da mulher, que há muito aborto clandestino, que há pais que não querem assumir o bebê… Fala, enfim, de muitos assuntos que, sem dúvida alguma, são graves, sérios, complexos e precisam mesmo de um debate profundo e abrangente.

Mas falar destes assuntos não é falar do aborto.

Vamos falar sobre aborto? Sobre aborto mesmo? Você quer falar sobre o envenenamento salino, a sucção ou a curetagem? Você prefere falar do aborto que queima o bebê, que o despedaça dentro do útero por sucção ou que o pica em pedacinhos?

Precisamos mesmo falar sobre aborto. E em detalhes!

Mais que isso: precisamos mostrar vídeos sobre aborto. Precisamos fazer excursões a clínicas de aborto. Precisamosvisitar o depósito dos cadáveres nas clínicas de aborto. Precisamos, mesmo, falar sobre aborto.

Comecemos com um documentário: “Blood Money – Aborto Legalizado”. Ele fala sobre aborto. E nós #Precisamos Falar Sobre Aborto.

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O Vaticano suspendeu nesta terça-feira (16) a credencial do jornalista Sandro Magister por ter divulgado o rascunho da encíclica do papa Francisco no jornal “L’Espresso”.

A divulgação de 191 páginas do documento “Laudato sii” (“Louvado Seja”) ocorreu há dois dias e, rapidamente, o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, afirmou que o texto não passava de um rascunho e não era a versão final.

Segundo a agência de notícias “Associated Press”, Lombardi enviou uma carta ao periódico dizendo que a publicação foi “incorreta” e causou problemas para os jornalistas que respeitaram o pedido de “embargo” do texto pelo Vaticano. O lançamento oficial do documento papal será realizado no dia 18 de junho.

Ainda em entrevista à “AP”, Magister – que cobre os assuntos do Vaticano há vários anos – afirmou que quem conseguiu a encíclica foi seu editor e que apenas escreveu a introdução às páginas.

ana-flavia-01-625x625Ana Flávia Bezerra é repórter e apresentadora do Sistema Jangadeiro de Comunicação.

Os plantões de fim de semana fazem parte da vida profissional de todo jornalista, seja ele assessor de  comunicação,  repórter de jornal impresso ou de televisão. E comigo, claro nunca foi diferente. Sempre que tinha eventos da Comunidade Católica Shalom, em Fortaleza, bem comuns nos finais de semana eu era escalada.

Por ser católica, então até achava bom. Já cobri Festival Halelluya, Festa da Misericórdia, Exponatal, Missa pelos enfermos  e muitos outros.Mas para mim, essas nunca foram pautas comuns. Daquelas que fazemos as entrevistas, e saímos com a sensação de dever cumprido. Nas matérias do Shalom sempre algo de diferente acontecia, na época eu não sabia identificar o que era. Mas a sensação era de paz, e de  uma alegria tão intensa de estar lá naquele momento e naquele lugar, de ver  uma multidão adorando e louvando a Deus. E sempre que concluía meu trabalho a vontade era de ficar. Mas tinha que seguir para a próxima pauta.

Até que em fevereiro de 2014 soube do Shalom Parquelândia  e surgiu dentro de mim uma vontade enorme de conhecê-lo. Meu marido, eu e meu filho de 11 anos passamos  a frequentar a missa dos domingos. Mas ainda era pouco, eu queria me sentir parte da comunidade. O tempo passou e mais uma vez minha profissão me aproximava do Shalom.

IMG-20150426-WA0014-1-625x468Ana Flávia e equipe de reportagem na cobertura do Festival Halleluya.

Fui escalada para fazer uma matéria na Casa São Francisco, albergue para moradores de rua mantido pelo Shalom no Centro de Fortaleza. Entrevistei o coordenador da Promoção Humana, que me convidou para fazer um Seminário de Vida no Espirito Santo. O que mais me tocou, foi que justamente naquele momento eu estava passando por uma séria crise no meu casamento. O entendimento que eu tive , foi que ele foi usado por Deus para me ajudar quando eu mais precisei. Como ele ia saber que eu estava triste e prestes a acabar com um casamento de 10 anos.

Claro que eu fiz o seminário e hoje sou do grupo de oração São Miguel Arcanjo do Projeto Mundo Novo, onde ganhei uma nova família. Minha vida hoje é outra, meu casamento foi restaurado, nos sentimos muito mais fortes para superar as  dificuldades da vida, e o principal, sei que não estou só. Eu tenho Deus como centro da minha vida.

O reflexo da minha mudança hoje é percebido pela minha família, pelos amigos do trabalho, e onde quer que eu vá busco evangelizar e levar o nome de Cristo e convido as pessoas a participarem da Comunidade Católica shalom.

 Sou Ana Flávia Bezerra, apresentadora e repórter do Sistema Jangadeiro de Comunicação.

Fonte: Blog Ancoradouro.

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Certa vez, um amigo chamado Franz Victor, psicólogo já falecido, disse-me que as novelas fazem uma pregação sistemática de antivalores. Embora isso já faça bastante tempo, eu nunca esqueci essa frase. Meu amigo me disse uma grande verdade.

Enquanto a evangelização procura incutir nas pessoas uma vida de acordo com os valores do Evangelho, muitas novelas estragam seus telespectadores, incutindo-lhes antivalores cristãos.

As novelas, em sua maioria, exploram as paixões humanas, muito bem espelhadas nos chamados pecados capitais – soberba, ganância, luxúria, gula, ira, inveja e preguiça–, e faz delas objeto dos seus enredos, estimulando o erro e o pecado, mas de maneira requintada.

Na maioria delas, vemos a exacerbação do sexo, explora-se descaradamente este ponto, desvirtuando o seu sentido e o seu uso. Em muitas cenas, podem ser vistos casais não casados vivendo a vida sexual, muitas vezes, de maneira explícita, acintosa e provocante. E isso no horário em que as crianças e os jovens estão na sala. Aquilo que um casal casado tem direito de viver na sua intimidade, é colocado a público de maneira despudorada, ferindo os bons costumes e os mandamentos de Deus.

Mas tudo isso é apresentado de uma maneira inteligente, com uma requintada técnica de imagens, som, música e um forte aparato de belas mulheres e rapazes que prendem a atenção dos telespectadores e os transforma em verdadeiros viciados. Em muitas famílias, já não se faz nada na hora da novela, nem mesmo se dá atenção aos que chegam, aos filhos ou aos pais.

Assim, os valores cristãos vão sendo derrubados um a um: a humildade, o desprendimento, a pureza, a continência, a mansidão, a bondade, o perdão, entre outros, vão sendo jogados por terra, mas de maneira homeopática; de forma que, aos poucos, lentamente, para não chocar, os valores morais vão sendo suprimidos. Faz-se apologia ao sexo a qualquer instante e sem compromisso familiar ou conjugal; aprova-se e estimula-se a prática homossexual como se fosse algo natural.

O roteiro e o enredo dos dramas das novelas são cuidadosamente escolhidos de modo a enfocar os assuntos mais ligados às pessoas e às famílias, mas, infelizmente, a solução dos problemas é apresentada de maneira nada cristã. O adultério é, muitas vezes, incentivado de maneira sofisticada e disfarçada, buscando-se quase sempre justificar?um triângulo amoroso ou uma traição.

O telespectador é quase sempre envolvido por uma trama em que um terceiro surge na vida de um homem ou de uma mulher casados, que já estão em conflito com seus cônjuges. A cena é formada de modo que o telespectador seja levado a desejar que o adultério se consuma por causa da maldade? do cônjuge traído.

Assim, a novela vai envolvendo e fazendo a cabeça? dos cristãos. A consequência disso é que elas passaram a ser a grande formadora dos valores e da mentalidade da maioria das pessoas, de modo que os comportamentos ? antes considerados absurdos, agora já não o são, porque as novelas tornaram o pecado palatável. O erro vai se transformando em algo comum e perdendo a sua conotação de pecado.

Por outro lado, percebe-se que a novela tira o povo da realidade de sua vida difícil, fazendo-o sonhar diante da telinha. Nela, ele é levado a realizar o sonho que na vida real jamais terá condições de realizar: grandes viagens aéreas para lugares paradisíacos, casas superluxuosas com todo requinte de comidas, bebidas, carros, jóias, vestidos, luxo de toda sorte; fazendas belíssimas onde mulheres e rapazes belíssimos têm disputas entre si.

E esses modelos de vida recheados de falsos valores são incutidos na cabeça das pessoas. A consequência trágica disso é que a imoralidade prevalece na sociedade; a família é destruída pelos divórcios, traições e adultérios; muitos filhos são abandonados pelos pais, carregando uma carência que pode desembocar na tristeza, na depressão, na bebida e até nas coisas piores. A banalização do sexo vai produzindo uma geração de mães e pais solteiros que mal assumem os filhos. É a destruição da família.

O melhor que se pode fazer é proibir os filhos de acompanhar essas novelas. Contudo, os pais precisam ser inteligentes e saber substituí-las por outras atividades atraentes. Não basta suprimir a novela, é preciso colocar algo melhor em seu lugar. Essa é uma missão urgente para os pais.

Autor: Felipe Aquino

AFP3482736_ArticoloO substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, Dom Angelo Becciu, em entrevista ao jornal italiano Avvenire, revela que o Papa sentiu-se surpreso e triste diante das repercussões de sua declaração sobre a paternidade responsável durante a coletiva de imprensa no voo de volta a Roma, após a visita às Filipinas.

O Arcebispo Becciu, um dos mais próximos colaboradores do Papa – e que estava presente no encontro com os jornalistas – disse que Francisco sentiu-se surpreso ao ler os jornais do dia seguinte nos quais “as suas palavras, voluntariamente expressas com a linguagem de todos os dias, não tivessem sido plenamente contextualizadas”, disse Becciu. Francisco teria ainda expresso sua tristeza “pela desorientação” causada especialmente às famílias numerosas.

“Ao ler as manchetes dos jornais, o Papa, com quem eu falei ontem, sorriu e ficou um pouco surpreso com o fato de que suas palavras – propositalmente simples – não tivessem sido completamente contextualizadas de acordo com um trecho claríssimo da Encíclica Humanae Vitae sobre a paternidade responsável”, afirmou Becciu diante da interpretação dos jornais para as palavras do Papa que dominou as manchetes: “para ser bons católicos não é necessário fazer filhos como coelhos”.

Pensamento claro

Uma vez que o raciocínio do Papa era claro, mas a leitura fornecida pelos jornais, isolando uma só frase, nem tão clara assim, Dom Becciu esclarece: “A frase do Papa deve ser interpretada no sentido de que o ato de procriação no homem não pode seguir a lógica do instinto animal, mas deve ser fruto de um ato responsável com raízes no amor e na doação recíproca de si mesmo. Infelizmente, com muita frequência, a cultura contemporânea tende a diminuir a autêntica beleza e o valor do amor conjugal, com todas as consequências negativas que disso derivam”.

Portanto, Dom Becciu oferece uma interpretação correta sobre a paternidade responsável à luz da Humanae Vitae: “aquela que nasce do ensinamento do Beato Paulo VI e da tradição milenar da Igreja reiterada na Casti Connubii (encíclica publicada por Pio XI, em 1930). Ou seja: que, sem jamais dividir o caráter unitivo e procriativo do ato sexual, este deve se inserir sempre na lógica do amor na medida que a pessoa como um todo (física, moral e espiritual) abre-se ao mistério da doação de si mesma no vínculo do matrimônio.

Número ideal

Dom Becciu ressalta ainda que não existe um número “ideal” de filhos por casal, negando que o Papa teria expresso um conceito taxativo de “três filhos por casal”.  “O número três refere-se unicamente à quantidade mínima indicada pela sociologia e demografia para assegurar a estabilidade da população. De nenhuma maneira o Papa quis indicar que representasse o número ‘justo’ de filhos para cada matrimônio. Cada casal cristão, à luz da graça, é chamado a discernir de acordo com uma série de parâmetros humanos e divinos aquele que seria o número de filhos que deve ter”, arrematou o arcebispo.

Desorientação

Diante da desorientação provocada nas famílias numerosas à frente das versões fornecidas pelos jornais, Dom Becciu disse que o Papa ficou “realmente triste” com a inexatidão. “Francisco não queria absolutamente renegar a beleza e o valor das famílias numerosas”, declarou o substituto da Secretaria de Estado, lembrando que na Audiência Geral após o retorno da Viagem Apostólica, Francisco disse que “a vida é sempre um bem e que ter tantos filhos é um dom de Deus para o qual devemos agradecer”. (RB)

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Está aberta a temporada de caça aos coelhos! Tretas malignas surgiram após a última entrevista do Papa Francisco à imprensa, no voo de retorno da viagem às Filipinas. E como não poderia deixar de ser, na edição dessa terça-feira (19/01) do Jornal Nacional, a vaticanista Ilze Scamparani relatou que o Papa pediu que os católicos não se reproduzissem como coelhos, e que a família ideal deveria ter no máximo três filhos. Só que, pra variar, não foi nada disso que ele falou!!

Antes de comentarmos sobre a entrevista, é preciso que tenhamos clareza a respeito do que o Papa Francisco vem afirmando ao longo de seu pontificado: ele apoia e valoriza as famílias numerosas!

Em junho do ano passado, o Papa Francisco ironizou os casais que são “papai e mamães de gatos e cachorros”, que em nome do “bem-estar” preferem ter animais de estimação a ter filhos.

“Estes matrimônios que não querem os filhos, que querem permanecer sem fecundidade. Esta cultura do bem-estar de dez anos atrás convenceu-nos: ‘É melhor não ter filhos! É melhor! Assim tu podes ir conhecer o mundo, de férias, podes ter uma casa no campo, tu estás tranquilo’…

“Mas é melhor talvez – mais cômodo – ter um cãozinho, dois gatos, e amor vai para o cão e os dois gatos. E verdade isto, ou não? Já viram isto, não é? E no final este matrimônio chega à velhice em solidão, com a amargura da triste solidão. Não é fecundo, não faz aquilo que Jesus faz com a sua Igreja: fá-la fecunda.”

– Homilia da Residência de Santa Marta. 02/06/2014. Fonte: Rádio Vaticana

Há menos de um mês, o Papa Francisco colocou a família numerosa acima de todas as demais.

“Sois únicos, mas não sozinhos! E o fato de terdes irmãos e irmãs vos faz bem: os filhos e as filhas de uma família numerosa são mais capazes de comunhão fraterna desde a primeira infância. Num mundo muitas vezes marcado pelo egoísmo, a família numerosa é uma escola de solidariedade e de partilha; e destas atitudes beneficia toda a sociedade. (…)

“A presença das famílias numerosas é uma esperança para a sociedade. (…)

“Cada família é célula da sociedade, mas a família numerosa é uma célula mais rica, mais vital, e o Estado tem todo o interesse em investir nela!”

Discurso à Associação Nacional das Famílias Numerosas. 28/12/2014. Fonte: Site do Vaticano

Essa contextualização é fundamental para que todos saibam que NÃO estamos diante de um Papa que considera o lar de uma família numerosa como uma toca de “coelhos” irresponsáveis. Muito pelo contrário! Famílias numerosas, o Papa Francisco está com vocês!

O QUE O PAPA NÃO DISSE, OU ‘DESTRETIZANDO’ A DECLARAÇÃO DO PAPA:

Vamos saber agora o que o Papa não disse durante o voo Filipinas/Roma. Usaremos como referência o texto completo da entrevista publicado no site do Vaticano, em italiano (veja aqui).

TRETA 1: O Papa Francisco NÃO DISSE que famílias devem ter no máximo três filhos.

Não! Ele estava respondendo à sugestão do jornalista que sugeriu que as mulheres das Filipinas têm filhos demais, e que muitos pensam que isso seria uma das causas da pobreza no país. O Papa então argumentou que essa é a média necessária para que a população cresça, evitando a quebra da Previdência e da economia do país. ATENÇÃO, FOI APENAS UM COMENTÁRIO SOBRE UM DADO TÉCNICO, não uma sugestão de um número ideal de filhos para que cada casal católico!

TRETA 2: O Papa Francisco NÃO DISSE que os os casais podem usar métodos anticoncepcionais.

Não! O Papa citou que há muitas “soluções lícitas”, e assim certamente ele se refere aos métodos naturais para espaçar a vinda dos filhos em caso de grave necessidade, como o Método Billings (para saber mais sobre esse método, acesse a páginaFertilidade Inteligente).

TRETA 3: O Papa Francisco NÃO DISSE que os católicos não devem ter muitos filhos.

Não! O que o Papa disse é que para ser um bom católico não é preciso, necessariamente, ter muitos filhos. E também é preciso exercer uma “paternidade responsável”.

Pronto. Desarmadas as tretas, vamos à próxima fase

Vejamos o que o Papa Francisco disse durante o voo Filipinas/Roma.

O Papa lembrou que se um casal se recusa a estar aberto à possibilidade de ter filhos, seu casamento é simplesmente NULO.

O Papa afirmou que os casais precisam buscar a ajuda de seu pastor (ou seja, de um sacerdote católico) para compreenderem qual a melhor forma de exercerem a paternidade responsável.

A ideologia do neo-Malthusianismo, segundo a qual a principal causa da pobreza é o fato de os pobres terem muitos filhos, foi duramente condenada pelo Papa. Ele falou da Providência Divina: “…para a maioria das pessoas pobres, um filho é um tesouro. É verdade, também devemos ser prudentes aqui, mas para eles um filho é um tesouro. Deus sabe como ajudá-los”.

Há dois pontos da fala do Papa que podem gerar grande confusão. Trataremos deles agora.

O Papa citou o caso de uma mulher que já havia tido sete filhos via cesariana, e estava grávida do oitavo. Segundo ele, aquilo era uma “irresponsabilidade”. O Papa deve estar bem informado sobre a situação de saúde da tal mulher, e então tem propriedade para falar. Porém, é preciso esclarecer que o número de cesarianas feitas com segurança varia de mulher para mulher. Há mulheres que ficam impedidas de ter mais filhos após a quarta cesariana, outras passam por oito cesarianas tranquilamente, com o apoio de seus médicos. Infelizmente, esse exemplo dado pelo Papa poderá ter um reflexo ruim, aumentando o peso da cruz das mães que passaram por várias cesarianas; elas são, em geral, alvo de julgamentos duros de parentes e amigos.

Chegou a hora de nos debruçarmos sobre a declaração do Papa que mais está fervilhando na mídia e nos meios católicos:

“Alguns acreditam que – desculpem a palavra – para ser bons católicos devemos ser como coelhos. Não. Paternidade responsável.”

O Papa quis criticar as famílias com muitos filhos? Óbvio que não, como já demonstramos em suas declarações anteriores sobre esse tema. Mas esse foi seu já conhecido jeitão informal de se expressar. O que o Papa disse é correto, porque a Igreja permite que, em casos de grave necessidade, o casal use métodos naturais para espaçar a vinda de mais filhos.

O problema é que certamente 99% do planeta concluiu, desta frase, que os católicos com muitos filhos são irresponsáveis como os coelhos. A maioria, mesmo entre os católicos, não se esforça muito para ir atrás de fontes confiáveis para entender o que o Papa realmente quis dizer. E assim fica valendo o que a grande mídia diz.

Os pais e mães católicos que, por amor e obediência a Deus, possuem muitos filhos, já são criticados até por estranhos na rua; pra piorar, agora esses fiscais do útero alheio usarão a frase do Papa sobre os “coelhos” como munição para espezinhar esses casais.

Mas deixa essa gente pra lá! A melhor resposta para quem ataca as famílias numerosas é seguir adiante, com alegria e fidelidade a Cristo, ao Papa e à Sua Igreja.

UPDATE:

Povo Católico, o Vaticano divulgou há poucas horas as palavras da Audiência do Papa, proferidas hoje. Nosso pontífice certamente se deu conta da confusão gerada com a frase dos “coelhos” e, como um bom pastor, colocou os pingos nos “is”. Assim, evidenciou o que dissemos aqui: ele apoia e valoriza muito as famílias numerosas! Vejas o que ele disse:

Dá consolação e esperança ver tantas famílias numerosasque acolhem os filhos como um verdadeiro dom de Deus. Eles sabem que cada filho é uma bênção. Ouvi dizer que as famílias com muitos filhos e o nascimento de tantas crianças estão entre as causas da pobreza. Parece-me uma opinião simplista. Posso dizer que a causa principal da pobreza é um sistema econômico que tirou a pessoa do centro e aí colocou o deus dinheiro; um sistema econômico que exclui e que cria a cultura do descartável em que vivemos.”

Fonte: News.Va (mídia oficial do Vaticano)

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O Papa Francisco emitiu nessa quinta-feira  seu ponto de vista sobre os limites da liberdade de expressão em sua visita a Asia.

 À rede americana CNN, o porta-voz Thomas Rosica afirmou que a fala do pontífice “de forma alguma deve ser interpretada” como algo que justifique os ataques da última semana em Paris. “O papa Francisco não defendeu a violência com suas palavras”, disse Rosica.

Em entrevista coletiva concedida durante a viagem do Sri Lanka para as Filipinas, Francisco foi questionado sobre o atentado de Paris, que terminou com doze mortos. Sem mencionar especificamente o ataque ou o nome da publicação, o papa disse que tanto a liberdade de expressão como a liberdade religiosa “são direitos humanos fundamentais”. “Temos a obrigação de falar abertamente, de ter esta liberdade, mas sem ofender”, acrescentou.

” É verdade que não se pode reagir violentamente, mas se Gasbarri [Alberto Gasbarri, responsável pelas viagens internacionais do papa], grande amigo, diz uma palavra feia sobre minha mãe, pode esperar um murro. É normal!”, completou.

O porta-voz ressaltou que as palavras mencionando Gasbarri foram ditas “coloquialmente e de forma amigável”. “Sua resposta foi semelhante a algo que cada um de nós já sentiu quando aqueles que nos são mais queridos são insultados ou prejudicados”.

Para Rosica, as declarações seguem o “estilo livre de discurso” adotado por Francisco, sua forma franca que atraiu admiradores. Ele lembrou que o papa já se posicionou claramente contra o terrorismo em Paris e em outras partes do mundo e salientou que as palavras do pontífice devem ser entendidas como são ditas “e não distorcidas ou manipuladas”.

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O jogador de futebol americano Benjamin Watson falava ao vivo em um programa da CNN quando o vídeo foi cortado. Coincidentemente ou não, o link saiu do ar quando o atleta falava de Jesus Cristo causando uma série de discussões a respeito de uma censura da emissora.

A desconfiança de uma suposta sabotagem da emissora para cortar a fala religiosa faz sentido diante de ma América cada vez mais distante das religiões. Ou será que realmente houve uma falha técnica?

Watson teve sua fala cortada quando dizia que o Evangelho de Jesus Cristo é a salvação para o “pecado” que está por trás do racismo e dos protestos que estavam acontecendo em Ferguson, no Estado de Missouri.

“A única forma de realmente curar o que está no interior é entender que Jesus Cristo morreu pelos nossos pecados”, disse o atleta antes de o sinal ser cortado. A apresentadora Brooke Baldwin se mostra confusa com a queda do sinal e diz aos telespectadores que “do nada perdemos o contato com ele”.

Sites e blogs criticaram a CNN e defendem a tese de que não houve falha, mas sim uma tentativa de censurar a fala religiosa do jogador.  Em uma postagem no Facebook, Watson comentou sobre o caso de um jovem negro que foi morto por um policial branco em Ferguson, dizendo que é pecado se rebelar contra a autoridade e é pecado abusar da autoridade.

“O pecado é a razão pela qual nos rebelamos contra a autoridade. O pecado é a razão pela qual abusamos da nossa autoridade. É a pela qual somos racistas, preconceituosos e mentimos para nos esconder. O pecado é a razão pela qual nos amotinamos, saqueamos e queimamos. Estou animado porque Deus deu uma solução para o pecado através de seu filho Jesus. O Evangelho dá esperança à humanidade”, escreveu.

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Algumas correções à “mitologia sobre o papa Francisco”

Janeiro: Um papa Rolling Stone?

A reportagem de capa sobre o papa Francisco na edição de janeiro da revista “Rolling Stone” foi um espetáculo de mau jornalismo.  O comentarista Damon Linker, da revista “The Week”, listou nada menos que nove afirmações ridículas que tinham aparecido na reportagem da “Rolling Stone” como se fossem coisas sérias.

Fevereiro: A comunhão e o cardeal Kasper

No consistório de cardeais realizado em fevereiro, o cardeal Walter Kasper propôs alguns argumentos sobre a possibilidade de que os católicos divorciados e recasados (sem a anulação do matrimônio anterior) pudessem comungar. O mito de que Francisco fosse defensor dessa ideia foi crescendo ao longo do ano, culminando no sínodo de outubro, sobre a família.

Era um mito desnecessário, que o próprio papa desmanchou mais de uma vez. Em agosto, por exemplo, ele declarou: “Quanto à comunhão para as pessoas que estão no segundo casamento, não existe nenhum problema. Se eles estão num segundo casamento, eles não podem comungar”.

Muito importante foi também o documento de preparação da Igreja para o sínodo, que reiterou a doutrina sobre os divorciados que se casaram novamente sem terem obtido a anulação matrimonial: o texto deixa claro que a Igreja não pretende mudar a regra, e sim encontrar maneiras mais acolhedoras de reforçar o cumprimento da regra.

Março: o encontro com Obama

O papa Francisco e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se encontraram pela primeira vez e os católicos norte-americanos ficaram desapontados ao ouvirem dizer que o papa não falaria sobre a liberdade religiosa nem sobre o direito a vida, e sim sobre temas em que as duas partes estavam de acordo. As questões polêmicas, portanto, “não seriam tratadas na conversa”. Ao menos foi isso o que a mídia divulgou.

No entanto, o Vaticano tinha uma visão muito diferente sobre a reunião: o direito à vida e à liberdade religiosa foi, sim, uma parte muito importante da conversa entre os dois líderes.

Junho: Um papa sincretista?

Um e-mail viral, que já foi reconhecido como falso, espalhou pela internet o boato de que o papa Francisco é sincretista, ou seja, que ele consideraria todas as religiões como igualmente verdadeiras. Quando ele propôs uma oração multi-religiosa pela paz na Terra Santa, a ser feita em pleno Vaticano na data de 8 de junho, os críticos se deram o direito de interpretar que aquele viral estava sendo confirmado como verdadeiro.

Mas, como esclareceu o pe. Dwight Longenecker, o que o Vaticano tinha organizado era um encontro de oração conjunta pela paz entre delegações de Israel e da Palestina. A delegação israelense trazia tanto judeus quanto muçulmanos, e a delegação palestina trazia tanto muçulmanos quanto cristãos. Cada fé religiosa fez a sua prece, em momentos separados, cada uma segundo a própria tradição. E nada disso aconteceu dentro da Basílica de São Pedro, e sim nos Jardins do Vaticano.

A acusação de “sincretismo” reapareceria em novembro, quando o papa Francisco orou na Mesquita Azul, em Istambul. A assessoria de imprensa do Vaticano tranquilizou os críticos mais preocupados: Francisco rezou a mesma prece que Bento XVI tinha rezado no mesmo lugar e da mesma forma.

Começo de outubro: a tempestade do sínodo da família

A mídia fez um imenso alarde quando o sínodo extraordinário sobre a família divulgou um relatório preliminar. A frase fatídica foi uma pergunta relacionada às pessoas que sentem atração pelo mesmo sexo: “Será que as nossas comunidades são capazes de aceitar e valorizar a orientação sexual delas [das pessoas homossexuais, ndr] sem comprometer a doutrina católica sobre a família e o matrimônio?”.

“Valorizar a orientação sexual delas” foi a frase que ocasionou o barulho. A Igreja nos ensina há muito tempo a valorizar as pessoas homossexuais. Mas valorizar a orientação homossexual como tal? Isso não é incoerente com os outros ensinamentos do catecismo sobre a homossexualidade?

Não demorou muito para que o problema fosse explicado: o documento recomendava “avaliar” a orientação homossexual, em vez de “valorizar”, como tinha sido mal traduzido em vários idiomas.

O papa Francisco, um mês depois, orou por “todos os que procuram apoiar e fortalecer a união do homem e da mulher no casamento como um bem original, natural, fundamental e belo para as pessoas, para as comunidades e para as sociedades inteiras”.

Final de outubro: Um papa darwinista?

Em 27 de outubro, o papa Francisco fez um discurso para a Academia de Ciências e disse que “a evolução na natureza não se opõe à noção da criação”; e acrescentou, com seu estilo típico, que Deus não é um “mágico” que cria com uma “varinha de condão”, mas que Ele “criou os seres e os deixou desenvolver-se de acordo com as leis internas que tinha dado a cada um para que atingissem a sua plenitude”.

A mídia fez mais um dos seus alardes e deu a entender que o papa tinha finalmente admitido a teoria da evolução, quando, na realidade, o papa Pio XII já tinha dito a mesma coisa, meio século antes, na “Humani Generis” (cf. nº 36). O catecismo também diz o mesmo em seu número 283.

Novembro: O “rebaixamento” do cardeal Burke

O anúncio tão esperado chegou em 8 de novembro: o cardeal norte-americano Raymond Burke deixaria o seu posto no Vaticano como prefeito da Assinatura Apostólica, a “Suprema Corte” da Santa Sé, para assumir o cargo de patrono da Ordem de Malta. “O papa Francisco rebaixa o conservador cardeal norte-americano”, publicou a agência Reuters.

A notícia preocupou parte dos católicos que apreciam a clareza com que o cardeal Burke se pronuncia diante das questões polêmicas: eles acharam que o papa Francisco estava dando uma espécie de “demonstração de mão de ferro”.

Mas ninguém precisa se preocupar. Na verdade, Burke foi o cardeal que durante mais tempo ocupou o cargo de prefeito da Assinatura Apostólica nos últimos 37 anos. E, como vários observadores do Vaticano destacaram, se o papa Francisco estivesse mesmo querendo se livrar das pessoas de opinião firme, por que não afastava também o cardeal George Pell? E, se ele quisesse silenciar o cardeal Burke, por que o colocava numa posição que lhe dava ainda mais liberdade para se pronunciar com a sua habitual franqueza?

Numa entrevista recente, o próprio papa Francisco esclareceu ainda melhor o mal-entendido: ele disse que tomou a decisão de colocar Burke à frente da Ordem de Malta com a aprovação do próprio cardeal e desde bem antes do sínodo, mas o manteve em seu cargo anterior durante mais tempo para que ele pudesse se envolver no sínodo da família.

Dezembro: os cachorros vão para o céu!

A notícia foi primeira página do “New York Times”: o papa Francisco teria mudado a teologia conservadora que negava aos bichos um lugar no paraíso! “Papa Francisco diz que os cães podem ir para o céu”, declarava um artigo do popular jornal norte-americano “USA Today”, compartilhado por milhares de pessoas no Facebook.

O caso é que os sites, jornais, revistas e emissoras de rádio e TV tinham apenas deturpado uma frase dita em 1978 pelo papa Paulo VI…

A mídia, em resumo, tem projetado no papa Francisco os seus próprios desejos, entendendo errado quase tudo o que ele diz de fato.

O melhor crítico desses “mal-entendidos papais”, no fim, é o próprio papa Francisco. “Eu não gosto das interpretações ideológicas, de certa ‘mitologia sobre o papa Francisco’”, declarou ele numa entrevista concedida um ano após o início do seu pontificado. “Representar o papa como uma espécie de super-homem, um tipo de astro, me parece uma coisa ofensiva. O papa é um homem que ri, que chora, que dorme serenamente e que tem amigos, como todos. É uma pessoa normal”.

De fato, ele é.

Fonte: http://www.aleteia.org/pt/sociedade/artigo/2014-como-a-midia-mal-interpretou-o-papa-francisco-ao-longo-do-ano-5849512279015424?page=2

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    Um conhecido escritor católico, no jornal italiano Corriere della Sera, se pergunta sobre as aparentes contradições do pontificado de Bergoglio

    No dia 24 de dezembro, foi publicado no Corriere della Sera um artigo de Vittorio Messori com o título “As dúvidas sobre a virada do Papa Francisco”

    Neste artigo, o conhecido escritor católico propõe uma “reflexão pessoal”, na verdade, “uma espécie de confissão”, sobre a “imprevisibilidade” do Papa Francisco, destinada a perturbar “a tranquilidade do católico médio” com uma série de escolhas que poderiam parecer também contraditórias.

    Messori enumera alguns aspectos do Pontificado de Bergoglio que, em sua opinião, poderiam causar confusão, para depois concluir, com a humildade própria do crente, que “chefe único e verdadeiro da Igreja é aquele Cristo onipotente e onisciente, que sabe melhor do que nós qual seja a melhor escolha para seu temporário representante terreno”: e isso explica porque, na perspectiva milenária da história, “todo Papa desempenhou o seu papel apropriado e, no final, se demonstrou necessário”.

    O artigo publicado pelo jornal Milanês é uma oportunidade para entender melhor o pontificado do Papa Francisco.

    O primeiro elemento de reflexão é sobre o papel histórico do papa Francisco. No mundo em que nós costumamos chamar de “avançado”, os cenários de escravidão, guerra, mercantilização, exploração descontrolada e negação da dignidade humana estão mais presentes do que nunca. E diante de tudo isso, o que fazem os grandes da terra? De tempo em tempo se reúnem e produzem um documento morno, em nome da realpolitik, que termina normalmente com um nada feito.

    Só um homem, da varanda da praça de São Pedro e nas principais instâncias internacionais, se atreve a gritar para despertar as consciências, se atreve a falar de “globalização da indiferença” acusando os perversos mecanismos do poder. Aquele homem é o Papa Francisco. Totalmente compatível com o ensinamento de Jesus nos Evangelhos.

    O Papa Francisco, em sua entrevista para Eugenio Scalfari explicou: “Eu acredito em Deus. Não em um Deus católico, não existe um Deus católico, existe Deus. E acredito em Jesus Cristo, na sua encarnação”.

    Este conceito representa, talvez, uma negação da Igreja como “corpo místico de Cristo”? Absolutamente não. A Igreja mantém o seu caráter de universalidade, mas o Papa Francisco é, ao mesmo tempo, consciente de que as grandes religiões do mundo têm uma base comum. Basta pensar que o cristianismo, o judaísmo e o islamismo são chamados de “religiões abraâmicas” porque vêem em Abraão um pai comum da fé.

    Podemos recordar o caso em que, no “Sermão da Montanha”, Jesus não quebra a continuidade com Abraão, mas diz: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; Não vim para abolir, mas para cumprir” (Mt 5, 17).

    Esclarecedora, a tal respeito, a leitura do último livro do padre Antonio Spadaro, Oltre il muro. Dialogo tra un musulmano, un rabbino e um Cristiano, Rizzoli, 2014, (Além do muro. Diálogo entre um muçulmano, um cristão e um rabino), que traz na capa uma frase simbólica do Papa Francisco: “Precisa-se da coragem do diálogo. Construir a paz é difícil, mas viver sem a paz é um tormento”.

    Messori argumenta que há uma contradição entre o Papa Francisco que rejeita o proselitismo como uma ferramenta para difundir a fé católica e a situação da América Latina, onde há uma perda de católicos para o protestantismo pentecostal.

    Mais uma vez, porém, o Pontífice argentino explicou que: “A Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração de testemunhas”. O significado é claro: a fé não é um “produto” que é vendido com as técnicas de marketing. E o Papa não é uma “contabilidade”, que leva em conta o número de fiéis.

    Como podemos esquecer a cena maravilhosa narrada no Evangelho, quando Jesus, pressionado pela multidão, pergunta: “Quem tocou na minha roupa?”. Jesus não se preocupa com o clamor que o circunda, mas daquela alma individual que se dirige a ele em busca de ajuda.

    Dito isso, deve-se notar que a personalidade e o estilo pontifical do papa Francisco estão exercendo uma atração tal que, em todo o mundo, tem havido uma recuperação significativa de consenso com relação à fé católica.

    É o “populismo” isto?, se pergunta Messori. Da nossa parte nos limitamos a observar que, na linguagem leiga, haverá sempre uma palavra, um termo, uma definição, para tentar ler com corrosiva ironia as coisas mais belas. Também isso é um sintoma da “dor de viver” contemporânea, contra a qual Francisco lançou seu desafio.

    Messori centra-se no compromisso comunicativo da Igreja, definindo “terrível” a responsabilidade de quem hoje deva “anunciar o Evangelho”, mostrando que “o Cristo não é um fantasma desaparecido e remoto, mas o rosto humano do Deus criador”.

    Neste sentido, lembramos de um congresso realizado em Roma na Comunidade de Santo Egídio, por ocasião do Dia Mundial das Comunicações Sociais, 2014. Recordamos em particular, as palavras da jornalista Elisabetta Piqué, que há anos conhece Bergoglio: “O Papa Francisco não tem uma estratégia de mídia, nele não há nada estudado, mas, em um mundo desprovido de líderes autênticos, as pessoas gostam dele justamente por isso”.

    Acreditamos que estas palavras constituam também uma resposta eficaz às “contradições” aparentes de Bergoglio: um sacerdote sério, humilde, rigoroso e, ao mesmo tempo, animado pelo Evangelho do sorriso, da paixão de estar com as pessoas. Um Pontífice da Igreja Universal, que não perdeu a vocação do “sacerdote da rua”.

    “Precisa-se sair para fora – afirmava o arcebispo Bergoglio no ano 2000 – e falar com as pessoas reunidas nas varandas.  Temos que sair das nossas conchas e dizer que Jesus vive, e afirma-lo com alegria, mesmo que às vezes pareça um pouco louco”. É o programa que hoje está levando como Pontífice, com o nome de Francisco.